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Cite uma aplicabilidade termodinâmica fundamental no desenvolvimento de energias

renováveis e justifique sua resposta.

Os sistemas que contêm energia armazenada e a podem transferir para outros sistemas
designam-se por “fontes de energia”. As fontes de energia são subdivididas em Energias
Renováveis (inesgotáveis) como o sol, o vento, os cursos de água, o mar, os produtos
florestais, os resíduos agrícolas e urbanos e Energias Não-Renováveis, os combustíveis fósseis
como o carvão, o petróleo ou o gás natural, e os combustíveis nucleares, como o urânio e o
plutónio.

Dependendo da fonte de energia, é habitual atribuir diferentes designações à Energia tais


como a Energia solar (ou Radiante, energia proveniente do sol que se propaga através das
ondas eletromagnéticas), a Energia Sonora (movimento ondulatório das partículas/corpúsculos
constituintes da matéria), a Energia Eólica (movimento do ar), a Energia Hídrica (movimento da
água de superfície ou subterrânea), a Energia das marés e das ondas, a Energia da Biomassa
(produzida a partir de produtos florestais, agrícolas ou de resíduos urbanos), a Energia
Geotérmica (calor proveniente do interior da Terra), a Energia Eléctrica (movimento de
electrões), a Energia Elástica (associada a um corpo elástico, como uma mola), a Energia
Magnética (energia armazenada num material que produz um campo magnético), a Energia
Química (armazenada nas ligações químicas), a Energia térmica (que se transmite por
diferença de temperaturas, conhecida popularmente por “calor”), ou a Energia Nuclear
(armazenada nas ligações nucleares).

Todas as energias se resumem a duas formas de energia básicas: a Energia Cinética Interna,
associada ao movimento vibracional, rotacional, translacional, eletrônico das partículas que
constituem o sistema (moléculas e respectivos constituintes), e a Energia Potencial Interna
(armazenada no sistema e que resulta das interações entre essas partículas). Esta última pode
ser libertada ou convertida em outras formas de energia, incluindo a cinética. A Energia
Interna engloba estas duas formas de energia, e quando se adiciona "calor" ao sistema, esta
energia fica armazenada como energia cinética e potencial internas.

Num sistema isolado (que não permite trocas de energia e matéria com o exterior) a energia
não pode ser destruída nem criada mas as diferentes formas de energia podem ser convertidas
umas nas outras. Este é o Princípio da conservação da energia (uma das leis fundamentais da
Física, séc. XIX) que é um corolário do 1º princípio da termodinâmica. Embora a energia total
de um sistema não varie no tempo, o seu valor pode depender de um referencial. Por
exemplo, um passageiro num comboio pode possuir energia cinética nula se o referencial for o
próprio comboio, mas não nula relativamente a um referencial localizado na estação.

Em Termodinâmica os fenômenos também podem ser interpretados a partir de uma


abordagem microscópica da estrutura da matéria. A soma de todas as formas microscópicas de
energia de um sistema é designada por Energia Interna. Esta está relacionada com a estrutura
molecular e com a atividade molecular. Tendo em conta as duas formas de energia básicas, a
energia interna pode ser vista como a soma das energias cinética e potencial das partículas
constituintes da matéria (moléculas e respectivos constituintes). Mesmo assim, é ainda
habitual distinguir-se diferentes formas de energia como constituintes da energia interna:
energia sensível, energia latente, energia química e energia nuclear.
A energia sensível (ESEN) está associada à energia cinética dos átomos e moléculas e dos seus
componentes traduzida pelo nível de translações, rotações e vibrações como ilustra a figura 6.
Quanto maior for a temperatura, maior será o número destes movimentos (Fig.7), maior será a
energia sensível e consequentemente a energia interna.

A energia latente (ELAT) está associada ao estado físico do sistema, ou seja, às forças de ligação
intermoleculares e elas serão maiores nos sólidos do que nos líquidos e maior nestes do que
nos gases. O fornecimento ou a remoção de energia térmica resulta na alteração da coesão
molecular e poderá provocar uma mudança de estado como esquematizado na figura 8. Por
exemplo, para quebrar as ligações intermoleculares existentes num líquido e obter um estado
gasoso é preciso fornecer energia correspondente ao calor latente de vaporização, também
designado por entalpia de vaporização.

A energia química (EQUI) está associada às ligações entre átomos numa molécula. Durante uma
reação química, a energia de um sistema pode aumentar ou diminuir (geralmente transferindo
ou recebendo calor para as ou das vizinhanças).

A energia nuclear (ENUC) está associada às interações no interior do núcleo dos átomos,
constituído por protões e neutrões, os quais, por sua vez, são compostos por partículas ainda
mais elementares: os quarks.

A energia interna de um corpo (U) pode sofrer alteração por variação da energia sensível,
latente, química ou nuclear.

A soma da energia sensível com a energia latente é vulgarmente designada por energia
térmica (ou mais vulgarmente calor) sendo assim designada por corresponder à fração da
energia interna de um corpo que pode ser transferida devido a uma diferença de temperatura.
A existência de uma diferença de temperatura entre duas zonas no espaço provoca
transferência de calor, isto é, a passagem de energia térmica de uma zona para outra. Diz-se,
assim, que a diferença de temperaturas é a driving-force (a causa, ou a força motriz) para este
processo de transferência criando, assim, um fluxo de calor.

A termodinâmica estuda a energia térmica de sistemas, também chamada de energia interna,


cujo conceito central é a temperatura. A variação de temperatura de um objeto se deve à
transferência de energia térmica do sistema e ao ambiente do sistema. A energia transferida é
denominada calor.

A conservação de energia é a base para a Primeira Lei da Termodinâmica, que pode ser
enunciada como: A variação na energia interna do sistema é igual ao calor transferido para o
sistema mais o trabalho realizado sobre ele. Então, de acordo com a Primeira Lei da
Termodinâmica, a energia sempre se conserva; no entanto, existem processos que são
irreversíveis.

Segunda Lei da Termodinâmica, assim anunciada por Kelvin: É impossível que um sistema
remova energia térmica de um único reservatório e converta essa energia completamente em
trabalho sem que haja mudanças adicionais no sistema ou em suas vizinhanças.

A conversão da energia cinética dos ventos em energia mecânica é conhecida há bastante


tempo, ocorrendo relatos seguros da utilização de moinhos de vento no século X. Mas foi após
a Revolução Industrial e, posteriormente, durante a crise do petróleo, na década de 70 do
século XX, que se tiveram grandes avanços e a consolidação do aproveitamento dessa energia
cresceu. Grandes turbinas, também denominadas de aerogeradores, são responsáveis por
captar a energia cinética dos ventos, e, através de um gerador, o movimento dessas turbinas
transforma-se em energia elétrica. A quantidade de eletricidade que pode ser gerada pelo
sistema depende de quatro fatores: - quantidade de vento; - diâmetro da hélice; - potência do
gerador; e, - rendimento de todo o sistema.

A conversão da energia solar em energia térmica ocorre através da absorção de radiação numa
superfície escura ou seletiva e, posteriormente, através da transferência dessa energia, sob a
forma de calor, para o elemento que irá receber a energia útil. Esse tipo de sistema é bastante
utilizado em residências e estabelecimentos comerciais, como hotéis, restaurantes e hospitais,
para o aquecimento de água. A quantidade de radiação solar absorvida na superfície
absorvedora é determinante para a quantidade de energia útil obtida e varia de acordo com as
características da superfície e da quantidade de radiação que a atinge. Essas características são
fundamentais para uma boa eficiência do Sistema.

A energia hidráulica é obtida a partir da energia potencial de uma massa de água, como rios e
lagos, e pode ser aproveitada por meio de um desnível artificial ou de uma queda d’água
natural. Primeiramente é convertida em energia mecânica através de turbinas que, por sua
vez, são utilizadas no acionamento de um gerador elétrico (Figura 5.1).

Esforços para reduzir o esgotamento de recursos e movimentos em direção a padrões de uso


mais sustentáveis tem se intensificado devido ao campo de estudo chamado Ecologia
Industrial (EI). Ela contempla a prevenção da poluição reduzindo o consumo de matérias-
primas, água, energia e a devolução de resíduos para o ambiente. Ela enfatiza processos
integrados da produção, onde os resíduos gerados em um processo sirvam de matéria-prima
em outro, ou mesmo, sejam utilizados como subprodutos em outra indústria ou processo.

Termodinâmica pode ser utilizada para analisar estes sistemas desde que os focos principais
sejam os materiais e as transformações de energia.

A temperatura, uma grandeza do SI (Sistema Internacional), é medida com o auxílio de um


termômetro e está relacionada com as energias cinética e potencial, associadas com os
movimentos dos átomos e moléculas de um corpo, causando a sensação do que vem a ser um
corpo frio ou quente. Assim, quando dois objetos são colocados em contato, ao final de algum
tempo eles alcançam o equilíbrio térmico, ou seja, atingem a mesma temperatura. Esse fato se
resume na lei zero da termodinâmica: Se dois corpos estão em equilíbrio térmico com um
terceiro, então eles estão em equilíbrio térmico entre si.

A matéria pode existir em três estados comuns: no estado sólido, no qual as moléculas de uma
amostra estão presas em uma estrutura razoavelmente rígida pela sua atração mútua; no
estado líquido, em que as moléculas possuem mais energia e não possuem estrutura rígida,
podendo escoar ou se ajustar à forma de um recipiente; no estado gasoso ou de vapor, onde
as moléculas possuem ainda mais energia, estão livres uma das outras e podem encher todo o
volume de um recipiente (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2002).

Quando se fornece ou se retira calor de uma substância, a temperatura não será


necessariamente alterada, desde que nesse momento esteja ocorrendo uma mudança de fase.
A fusão é a mudança do estado sólido para o estado líquido e se caracteriza pela necessidade
do fornecimento de calor para romper a estrutura molecular. O processo inverso da fusão é a
solidificação, que ocorre devido à retirada de calor de um líquido, o que provoca a redução da
agitação molecular e, consequentemente, cria uma estrutura molecular rígida. A vaporização é
a mudança do estado líquido para o estado gasoso, e, da mesma forma que a fusão, é
necessário fornecer calor para desagrupar a estrutura molecular, ao passo que a condensação
exige a remoção de calor para transformar o estado gasoso em líquido. Ainda pode-se citar,
como exemplo de mudança de fase, a sublimação, mudança do sólido diretamente para vapor,
como ocorre com o dióxido de carbono (gelo seco). A quantidade de energia necessária por
unidade de massa para mudar a fase de um material, sem alterar a temperatura, é o seu calor
de transformação.

Como foi visto, a temperatura pode ser alterada fornecendo ou retirando calor de um sistema,
porém isso também pode ocorrer realizando trabalho sobre o sistema.

Os sistemas industriais são responsáveis por grande parte do consumo e subsequente


depleção de recursos materiais e energéticos. Utilizar uma métrica capaz de prever os
impactos ambientais do uso dos recursos em tais sistemas pode levar a sociedade a
desenvolver padrões de produção e consumo mais sustentáveis e assim evitar crises
ambientais futuras.

O físico define consumo como o processo que aumenta a entropia da substância, baseada nos
princípios de termodinâmica de energia consumida. Recurso envolve qualquer forma de
matéria ou energia.

A relação entre o consumo e o esgotamento (depleção) de recursos. As leis de conservação da


massa e da energia garantem que nada da massa ou da energia de um recurso foi ou será
perdido no sentido termodinâmico. Mas, para desenvolver a interpretação termodinâmica de
depleção de um recurso, que pode estar diretamente relacionado com um processo de
consumo energético é necessário olhar além de tais leis, pois, o termo depleção será utilizado
aqui para descrever um fenômeno da Segunda Lei da Termodinâmica resultante das perdas
irreversíveis de energia. O consumo nunca contribui para o esgotamento total de um recurso
renovável tal como vento, nem para o esgotamento total de um recurso de estoque renovável
tal como biomassa. Pois, tais recursos são continuamente abastecidos pela transferência da
energia da radiação solar. A energia solar não se esgotará em uma escala de tempo relevante.
Como o consumo sempre causa perdas energéticas, somente o consumo de recursos de
estoque de energia não renováveis, tais como, combustíveis fósseis, contribui para o
esgotamento dos mesmos.

Para relacionar a termodinâmica com as energias renováveis é necessário entender o que é a


sustentabilidade no contexto da utilização dos recursos naturais, humanos e manufaturados.

O estado de sustentabilidade é caracterizado pela capacidade do sistema e do ambiente de


restaurarem seus respectivos estados originais quando modificados por uma interação.

Em Termodinâmica, um estado pode ser alterado causando ou não efeitos sobre o ambiente.
O processo associado é reversível se o sistema e o ambiente voltarem para seus respectivos
estados iniciais. A irreversibilidade do processo (o quanto o sistema considerado se desvia do
seu estado inicial e do estado inicial do meio ambiente).

na Termodinâmica sabe-se que determinando a geração de entropia ou a uma entidade


derivada (como destruição da energia) através dos balanços de massa, energia e entropia pode
conduzir à métrica que pode estar relacionada com a eficiência do uso dos recursos.
Ayres et al. (1998) sugeriram que a energia contida em um resíduo pode ser interpretada
como o potencial para causar danos através das reações descontroladas com o meio ambiente,
porque compostos de alta energia, por definição, estão longe do equilíbrio com o ambiente
vizinho e por esta razão tem um grande potencial para conduzir processos que irão alterar as
características físicas e as funções dos recursos no ambiente.

Perdas de energia acompanham todos os processos reais de transformação de recursos. Como


a biosfera da Terra é composta por recursos materiais que estão sujeitas à segunda lei, a perda
de energia especialmente de recursos não renováveis deve, portanto, alterar a forma e o
caráter de nosso meio ambiente. Em outras palavras, destruição de energia causa mudanças
ambientais. Estas mudanças podem ser imediatas e obvias como no caso do desflorestamento
ou pode ser lenta e em longo prazo como no caso da destruição da camada de ozônio e
aquecimento global.

Prevenir a destruição da energia é evitar futuras crises ambientais causadas pelo esgotamento
de recursos nos atuais ecossistemas industriais imaturos.

A motivação para o desenvolvimento de sistemas industriais termodinamicamente maduros


não decorre de uma preocupação ambiental isolada, mas de uma lógica mais sistêmica para a
conservação de recursos com base em uma constatação de que as perdas exergéticas levam a
mudanças ambientais de consequência imprevisível a curto e longo prazo. A partir desta
perspectiva, problemas ambientais específicos são vistos menos como crises isoladas em torno
da qual devemos organizar respostas isoladas e mais como um indicativo dos padrões de uso
dos recursos atuais (CONNELLY; KOSHLAND, 2001).

REFERÊNCIAS

http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?
option=com_content&task=view&id=205&Itemid=370

http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/718/Energias
%20RenovaveisPB_25set2009.pdf?sequence=4&isAllowed=y

https://revistas.ufpr.br/rber/article/view/33810

https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39003

Em relação à descrição mais detalhada da termodinâmica que ocorre no sistema de


aerogeradores na produção de energia, pode-se dizer que é um processo regido pela Primeira
Lei da Termodinâmica, mesmo que sua eficiência seja menor que 100%, já que o movimento
das turbinas ou aerogeradores deve-se à energia cinética macroscópica, responsável por fazer
o aerogerador girar, já que descreve um movimento ordenado das moléculas em uma mesma
direção.

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