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CURA
Para um entendimento mais completo acerca do tópico em questão, traremos
a contribuição uma fonte renomada, que tecerá explanações sobre esse conceito.
Ribeiro (2007, p. 56) afirma que fatores de cura
Isso posto, podemos perceber e descobrir que, à medida que a pessoa vai se
relacionando intrapessoalmente consigo mesma, consegue desfrutar de maior
conhecimento acerca do modo como faz contato, e, portanto, está em condições de
ter consciência mais ampliada, acerca do nível de encontro e separação com os
quais se faz próxima/presentificada ou não das coisas, pessoas e situações. Noutras
palavras, consegue decifrar-se e compreender-se em contato ou bloqueio o contato.
É nesse ponto que o processo psicoterapêutico ganha intensa
expressividade. Pois, traz à tona os mecanismos e processos inerentes ao
crescimento. como veremos, crescimento é uma função que se desdobra a partir do
contato.
“Não se podendo pensar contato sem que, implicitamente, se pense em
crescimento. Para que isto ocorra, é preciso deixar-se levar pelo fluxo do encontro
com o outro, [...], e acreditar no contato como gerador de mudanças e de
possibilidades novas” (RIBEIRO, 2007, p. 49). Com isso, o contato leva a pessoa ao
encontro de si mesma, de sua esfera íntima, até reconhecer-se possível e viável
dentro das novas possibilidades de contato.
Assim estamos diante de um processo gerador de mudanças, pois, o mesmo,
parte dos meandros e interstícios da intrapessoalidade. Como pontua sabiamente
Ribeiro (2007, p. 49) “contato é um ato de autoconsciência totalizante, envolvendo
um processo no qual funções sensoriais, motoras e cognitivas se unem, em
complexa interdependência dinâmica, para produzir mudanças na pessoa e na sua
relação com o mundo”. E esse processo detectado por nós, prescinde de dois
fatores pessoais: a intencionalidade e a responsabilidade.
O que explica o processo da mudança mobilizada, está assentado no
seguinte fato: nosso estilo de contato atual, é fruto das matrizes de contatos
realizadas, que se converteram em introjetos no mundo inconscientemente. E isso
se torna molde para as ações (na verdade de estilos de contato manifestos) que
O Ciclo do Contato, visto por nós como ciclo dos fatores de cura e bloqueios
do contato, nos dá uma visão das diversas formas que o contato assume
em um processo pleno, com começo, meio e fim. Mostrando a dinâmica da
polaridade saúde e seus bloqueios. Cada momento do ciclo é visto como
passos de saúde, ou na direção da saúde definida por nós como a mais
completa e plena forma de contato. Esses passos ou processos são
chamados, indistintamente na literatura, de fatores de cura, mecanismos de
cura ou fatores psicoterapêuticos.
O próprio Ribeiro (2007) comenta que esses fatores de cura ou fatores
psicoterapêuticos, assim que oportunizados no processo de psicoterapia, ganham
potencial sui generis para engendrarem mudanças, modificar comportamentos,
inclusive afetar a natureza da personalidade. Entendemos também que cada passo
do ciclo de contato, permite à pessoa, se rever como um ser no mundo e também
como ser do mundo para uma posição plena de ser para o mundo.
Continuando nossa exposição, falaremos de um ponto central para o manejo
relativo aos fatores de cura em psicoterapia dos bloqueios de contato. Estamos
falando de três elementos básicos: 1. Operacionalização do universo cognitivo: trata-
se de se descrever para si a próprio a realidade vivenciada. “A pessoa precisa
localizar-se na sua relação com o sintoma, sobretudo por que a mudança ocorre
como resultado de uma procura interessada, constante e inteligente, pois, quando
não se procura, não se encontra” (RIBEIRO, 2007, p. 57), 2. Presença de
consciência emocionada. “Não basta só o pensar. O pensar com emoção ajuda o
descobrir e, juntos, pensamento, emoção e ação possuem a força da mudança”
(RIBEIRO, 2007, p. 57), 3. Percepção da totalidade/globalidade dinamicamente
transformadora. “A totalidade precede sempre à consciência plena. Uma vez
alcançada a totalidade, esta leva à consciência, que por sua vez, provoca a
intencionalidade que predispõe para a mudança” (RIBEIRO, 2007, p. 58).
Para elucidar detalhadamente como se dá esse processo na clínica
psicológica, faremos abaixo a transcrição pormenorizada do quadro
“Operacionalização dos bloqueios de contato e fatores de cura”, presente em Ribeiro
(2007, p. 63-66).
Gestalt pode ser definida como uma Terapia do Contato em ação, no sentido de que
terapeuta e cliente estão atentos aos modos pelos quais o cliente procura satisfazer
suas necessidades, em dado campo. Somos os contatos que fizemos e continuamos
a fazer. O processo terapêutico recapitula, mostra o modo como o cliente faz
contatos no mundo
Cap 2
A psicoterapia não tem necessariamente a ver com a cura, mas sim com a
mudança, a qual pode levar à cura. Mudar significa ressignificar coisas,
pessoas, e, sobretudo, a própria existência. Não é um ato da vontade
apenas, é um ato integrado, envolvendo a pessoa na sua relação com o
mundo como uma totalidade consciente.
Este processo de mudança dentro da perspectiva gestáltica aqui postulada,
se vale do Ciclo Integrado Dos Sistemas, Níveis E Funções Do Contato (ver figura 1
na seção 3.10.3 Self e Teoria do Ciclo de Contato). Pois este ciclo, nos auxilia a ter
a seguinte percepção acerca do self relacional: 1. o possível bloqueio de contato
presente (fixação, dessensibilizarão, deflexão, introjeção, projeção, proflexão,
retroflexão, egotismo, confluência) com seu respectivo fator de cura (fluidez,
sensação, consciência, mobilização, ação, interação, contato final, satisfação,
retirada), 2. os três sistemas básicos da personalidade (cognitivo, sensório-afetivo,
motor) e 3. as funções do self envolvidas (id, ego, personalidade). E é baseado na
dinâmica operativa e operacional desses constituintes assinalados, que o
mecanismo de mudança floresce no self. Pois todos eles, são expressões do self na
sua instancia relacional, ou seja, no seu processo de contato.
A partir do que foi veiculado, podemos inextricavelmente afirmar que, a
mudança embrionariamente, no processo psicoterapêutico gestáltico, se dá e ocorre
nos três níveis seguintes: sensório, motor e cognitivo. Pois, como defende Ribeiro
(2007, p. 35) “a interdependência deles gera emoções e afetos que são
determinantes poderosos no surgimento e na compreensão do comportamento”.
Enquanto gera gestos e sinais, o contato é figura e pode ser visto, descrito.
Como fundo, é expressão de nossas introjeções acumuladas ao longo dos
anos e simbolizadas pelo nosso modo de estar no mundo. O contato é,
portanto, um jeito de ser e um jeito de se expressar.