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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE


CURSO DE FARMÁCIA

AINEs

TETE
2021
BEATRIZ PEDRO JOAQUIM

AINEs

Trabalho de pesquisa apresentado a Universidade


Zambeze, como requisito avaliativo na cadeira de
Química Farmacêutica.
Docente: Dr. Nelson Domingos

TETE
2021
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Índice
Introdução......................................................................................................................................3
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES (AINES).........................................................4
Inflamação.................................................................................................................................4
Anti-inflamatórios Não Esteróides: farmacocinética................................................................5
Mecanismo de Acção dos AINES.................................................................................................5
Acção analgésica.......................................................................................................................6
Acção anti-inflamatória.............................................................................................................6
Acção antipirética e inibição da agregação plaquetária............................................................7
Efeitos Terapêuticos dos AINES...................................................................................................7
Efeitos Adversos........................................................................................................................7
Classificação dos AINES..............................................................................................................7
Inibidores não selectivos da COX.............................................................................................8
Inibidores selectivos da COX-2: Celecoxibe, Meloxicam, Etoricoxibe...................................9
Bioquímica dos AINEs..................................................................................................................9
Conclusão....................................................................................................................................10
Referencias Bibliográficas..........................................................................................................11

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Introdução
Os anti-inflamatórios não esteróides, também conhecidos como AINEs, são aplicados no
tratamento de dores crónicas e agudas advindas de processo inflamatório. Essa classe de drogas
tem sido tradicionalmente utilizada no tratamento da dor crónica, principalmente a dor de
origem ortopédica, inibindo a formação de prostaglandinas, o presente trabalho aborda o tema
AINEs com mais detalhes.

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ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES (AINES)
Anti-inflamatórios Não Esteróides (AINEs) são medicamentos analgésicos simples, que, junto
com o paracetamol, compõem o 1º degrau da escada de dor da Organização Mundial da Saúde
(OMS). A escada de dor da OMS é uma abordagem de analgesia baseada em degraus,
começando no 1º degrau, com analgésicos simples, e subindo até opióides fracos no 2º, e
opióides fortes no 3º degrau. A farmacologia dos antiinflamatórios não esteroidais, ou AINEs, é
ampla e diversificada, mas sua função pode ser resumida de forma bastante precisa.

Os Anti-inflamatórios Não Esteróides (AINES) constituem uma das classes de fármacos mais
difundidas em todo mundo, utilizados no tratamento da dor aguda e crónica decorrente de
processo inflamatório. O processo inflamatório é uma resposta normal do organismo secundária
a uma lesão tecidual, constituindo-se um fenómeno complexo, dinâmico e multimediado, que
pode ter como desencadeante qualquer agente lesivo, como físico (queimadura, radiação,
trauma), biológico (reacções imunológicas, infecções) ou químico (substância cáustica).

Essa reacção é uma tentativa de inactivar ou destruir os invasores do tecido e prepará-lo para o
reparo. Observa-se durante o processo inflamatório uma cascata de reacções e eventos
bioquímicos, vasculares e celulares, que serão explicados a seguir.

Os AINES têm três efeitos principais:

 Analgésico;

 antipiréticos, e

 anti-inflamatórios.

Por esse motivo, os AINEs são usados em condições como cefaleia e enxaqueca, condições
artríticas inflamatórias (espondilite anquilosante, artrite psoriática), dor pós-operatória, dor nas
costas e gota - entre muitos outros. Mas antes para entender melhor os medicamentos anti-
inflamatórios, será interessante fazer uma breve revisão do que vem a ser o processo
inflamatório.

Inflamação

A reacção inflamatória está presente em quase todas as lesões produzidas no organismo


humano. As manifestações clínicas ou os sinais do processo inflamatório são:
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 Calor;
 Rubor (eritema/ avermelhamento);
 Edema (inchaço);
 Dor;
 Perda da função (limitação funcional).

Anti-inflamatórios Não Esteróides: farmacocinética


A maioria dos Anti-inflamatórios Não Esteróides é administrada oralmente, com as excepções
do cetorolaco e do parecoxibe (administração intravenosa), e do diclofenaco (administração
oral, intravenosa e rectal). Os Anti-inflamatórios Não Esteroidais compõem um grupo
heterogéneo de compostos, que consiste de um ou mais anéis aromáticos ligados a um
grupamento ácido funcional. São ácidos orgânicos fracos que atuam principalmente nos tecidos
inflamados e se ligam, significativamente, à albumina plasmática. Pacientes com
hipoalbuminemia (devido, por exemplo, a cirrose ou artrite reumatóide activa) têm maiores
concentrações da forma livre da droga, que corresponde a sua forma activa.
Sua absorção é rápida (entre 1 a 4 horas) e completa no sistema gastrointestinal, depois da
administração oral. Não atravessam imediatamente a barreira hematoencefálica e são
metabolizados principalmente pelo fígado. Os AINEs têm alta biodisponibilidade devido a um
limitado metabolismo hepático de primeira passagem. A biotransformação é, em grande parte,
hepática, com metabólitos excretados na urina.
Essencialmente, todos AINEs são convertidos em metabólitos inativos pelo fígado e são,
predominantemente, excretados pela urina, embora o sulindaco também possa ser metabolizado
no rim. Alguns AINEs e seus metabólitos têm excreção biliar. As meias-vidas dos AINEs
variam, mas em geral podem ser divididas em acção curta (menos de seis horas, incluindo
ibuprofeno, diclofenaco, cetoprofeno e indometacina ) e acção prolongada” (mais de seis horas,
incluindo naproxeno , celecoxibe , meloxicam , nabumetona e piroxicam). Os AINEs mais
lipossolúveis como, cetoprofeno, naproxeno e ibuprofeno, penetram no sistema nervoso central
mais facilmente e estão associados com leves alterações no humor e na função cognitiva.

Mecanismo de Acção dos AINES

Os AINEs - ou drogas anti-inflamatórias não-esteroidais - compartilham um modo de acção


comum, que envolve a inibição das enzimas ciclooxigenases (enzima COX, daqui em diante).

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Diferentes AINEs inibem as isoenzimas COX - COX-1 e COX-2 - em diferentes extensões, e
esse modo de acção diferencial entre os AINEs explica os diferentes efeitos adversos.

A inibição da COX é vital, são as enzimas COX responsáveis pela geração de prostanoides -
substâncias que consistem em três componentes principais:
 Prostaglandinas - responsáveis por reacções inflamatórias;
 Prostaciclinas - activam na fase de resolução da inflamação;
 Tromboxanos - mediadores da vasoconstrição.

É importante lembrar que o efeito terapêutico dos AINEs não depende apenas do AINE
escolhido, mas também da dose em que o AINE é administrado. Tanto os efeitos terapêuticos
quanto os efeitos adversos dos AINES são mediados pela inibição da produção de
prostaglandinas, conseguida por meio da inibição da COX.

Acção analgésica
Muitos AINEs produzem analgesia por acção ao nível do Sistema Nervoso Periférico e Central.
A nível periférico, inibem a síntese de prostaglandinas por sua acção inibidora dose-dependente
sobre a COX. Com a redução das prostaglandinas, no foco doloroso, diminui-se a irritação
inflamatória e dolorosa das terminações nervosas envolvidas.
Os mecanismos de acção dos AINEs sobre o SNC não estão totalmente estabelecidos, embora
sejam observados interacções com os sistemas serotoninérgico e gabaminérgico (através de
receptores do ácido gama amino-butírico), e com o glutamato. Assim como o aumento na
liberação de glicocorticóides através dos mecanismos endógenos. As prostaglandinas atuam nas
sinapses neuronais, podendo dessa forma, influir por mecanismos desconhecidos, no
desenvolvimento do SNC, na aprendizagem e na memória, assim muitos estudos sugerem uma
acção analgésica central dos AINEs, como ocorre com sua actividade antipirética.
Sabe-se que os AINEs têm maior efeito sobre a dor somática do que sobre a dor visceral;
porém, só serão eficazes nas dores potencializadas pela presença de prostaglandinas,
principalmente, aquelas associadas e envolvidas nos processos originados pela reacção
inflamatória.

Acção anti-inflamatória
Atuam inibindo as ciclooxigenases, responsáveis pela síntese de prostaglandinas.

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Os AINEs diminuem a inflamação por bloquearem a enzima responsável pela transformação do
ácido araquidónico em uma série de substâncias que desencadeiam o processo inflamatório,
como as prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas.

Acção antipirética e inibição da agregação plaquetária


A acção antipirética e a diminuição da agregação plaquetária são produzidas, pela inibição de
ciclooxigenases. A COX-1 é bastante sensível sobre os metabólitos liberados por AINEs como
o metil-amino-antipirina (MAA), observando-se, em humanos, um resultado antiagregante com
doses únicas de 500 mg, efeito esse que se mantém durante 24 horas

Efeitos Terapêuticos dos AINES


1. Efeito Anti-inflamatório: diminuição da produção de prostaglandinas derivadas da COX-
2, levando a diminuição da vasodilatação, edema e dor;
2. Efeito Analgésico: diminuição da dor (principalmente a inflamatória), diminuição de
prostaglandinas que sensibilizam nociceptores da DOR (PGE2 e PGI2);
3. Efeito antipirético: reduz a temperatura corporal patologicamente elevada, e tem como
mecanismo de acção a inibição da produção das prostaglandinas PGE2, produzida a partir
de IL-1, no hipotálamo.

Efeitos Adversos

A Classe dos AINEs é tão diversificada que leva a uma gama variada de potenciais efeitos
adversos. Esses efeitos adversos variam do leve e moderado ao grave e absolutamente perigoso.
1. Irritação gástrica: Mediada pela inibição da COX-1, que inibe a síntese de prostaglandinas
que atuam na produção de muco, actuando como protetores gastricos;
2. Fluxo renal comprometido: Por inibir a PGE2 e PGI2 e por consequência diminuir a
vasodilatação. Efeito adverso importante para pacientes susceptíveis a insuficiência renal.
3. Tendência a prolongar o sangramento: Por inibição da função plaquetária mediada por
inibição da COX Plaquetária.

Classificação dos AINES

Os AINES, dividem-se em não-selectivos (inibem as 2 isoformas da COX, ou seja, COX-1 e


COX2) e selectivos para COX-2.

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Inibidores não selectivos da COX

Geralmente bloqueiam as duas isoformas da COX em diferentes graus e reversivelmente. São


eles:
1. Salicilatos
Acido acetilsalicílico (AAS), ao contrário dos outros AINES promove a inibição irreversível
das COX, sendo necessário fabricar novas enzimas. Por esse motivo (inibição da COX1,
constitutiva e que promove agregação plaquetária pelo TXA2) é muito utilizado como
antitrombogênico para profilaxia de problemas coronarianos vascular encefálico. Essa inibição
irreversível da COX1 das plaquetas se prolonga por aproximadamente 10 dias, até que novas
enzimas sejam fabricadas (esse longo período se deve as plaquetas não terem núcleo).

Os efeitos adversos são os dos AINES em geral, e um que tem importância clínica bastante
relevante é a bronca constrição em pacientes asmáticos (que pode ocorrer com outros AINES
também e que é abordada na aula de sistema respiratório). O AAS não é indicado para o
tratamento de crianças de pouca idade (em infecções com febre), pois há uma hipótese de que
cause a Síndrome de Reye (marcada por encefalopatia e esteatose hepática).

Além disso o AAS tem outras contraindicações, vide tabela abaixo.

Contra-indicação Efeitos adversos


Úlcera Sangramento interno, possivelmente
hemorrágico
Asma Crise asmática semelhante a uma reacção
alérgica
Diabetes Doses baixas aumentam e altas doses
diminuem os níveis de uratos no plasma.
Estados de hipocoagulação Sangramento excessivo

2. Derivados do ácido Propiónico: ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, flurbiprofeno.

O naproxeno é 20 vezes mais potente que o AAS e causa menos efeitos adversos
gastrointestinais.
3. Derivados do ácido acético: indometacina, sulindaco e etodolaco (indolacéticos);
diclofenaco e cetocoralaco (fenilacéticos).

Muito utilizados em distúrbios musculoesqueléticos e artrites. O cetocoralaco tem propriedades


analgésicas fortes.
4. Derivados do oxicam: piroxicam.
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É tão eficaz quanto AAS, naproxeno e outros, mas é mais bem tolerado, além de ter acção
longa podendo ser utilizado uma vez ao dia.
5. Derivados das sulfonanilidas: nimesulida.

Causa pouca inibição sobre a COX1.


6. Paracetamol (acetaminofeno):

Tecnicamente não é um AINE. Tem efeitos analgésicos e antipiréticos, mas efeito


insignificante como anti-inflamatório. Produz um metabólito tóxico quando metabolizado pelas
enzimas do citocromo P450 no fígado que normalmente é neutralizado pela glutationa, ou seja,
é potencialmente hepatotóxico.

Intoxicações por paracetamol podem ser tratadas com N-acetilsisteína.

Inibidores selectivos da COX-2: Celecoxibe, Meloxicam, Etoricoxibe.

Inibem aproximadamente 100 vezes mais a COX2 do que a COX1. Possuem as mesmas
propriedades anti-inflamatórias dos AINE, porém sem o efeito de inibição plaquetária.

Esse detalhe tem-se mostrado cada dia mais perigoso e pesquisas recentes têm descoberto que
os coxibes podem causar trombose, hipertensão e problemas cardíacos severos quando em
utilização prolongada. A princípio teriam sido criados porque não causariam tantos problemas a
mucosa gástrica como os AINE, mas isso também está em estudo e discussão e alguns como o
rofecoxibe e o valdecoxibe já foram retirados do mercado.

Bioquímica dos AINEs


Embora as drogas AINEs tenham sido variavelmente definidas, o termo é usado para descrever
compostos que não sejam esteróides e que deprimam a inflamação. Geralmente, a classificação
dos AINEs fica restrita àquelas drogas que inibem uma ou mais etapas do metabolismo do
ácido araquidónico, sendo que essas drogas variam na sua capacidade de influenciar a
inflamação. A aspirina, um dos componentes mais antigos da fitoterapia, é o AINE progenitor,
e termos como semelhante à aspirina e aspirina e drogas relacionadas são comummente usados
para referir-se a esse grupo de drogas.

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Conclusão
Durante a realização do presente trabalho pode-se concluir, os anti-inflamatórios não
esteroidais (AINEs) são as drogas de maior prescrição em todo o mundo, tanto para humanos
como para animais. Combatem a inflamação, a dor, a hipertermia, podendo também inibir a
agregação plaquetária. Atuam inibindo a produção do ácido araquidónico e ciclooxigenases
(COXs) diminuindo assim, a produção de prostaglandinas. Dividem-se em inibidores não
selectivos para COX-1 e 2, sendo esses os mais tradicionais; e em inibidores selectivos para
COX-2, considerados drogas mais modernas. AINEs não selectivos diminuem a produção de
todas as PGs, constitutivas ou não. Já os selectivos inibem apenas as PGs deletérias, que atuam
na reacção inflamatória, preservando PGs que mantém, por exemplo, a protecção ao estômago
e a perfusão renal.

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Referencias Bibliográficas

DA SILVA, Aline Alves, avaliação clínica de rattus norvegicus após terapia anti-
inflamatória com inibidor selectivo ou não para cox-2 por extrapolação alométrica, Brasil,
2004.
MONTEIRO, Elaine Cristina Almeida, TRINDADE, Juliana Maria de Freitas, et al,
Os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs), temas de reumatologia clínica, vol. 9, Maio de
2008.
J. M. Silva, et al, anti-inflamatórios não-esteróides e suas propriedades gerais, Revista
Científica do ITPAC, Araguaína, v.7, n.4, Pub.5, Outubro 2014.

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