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REVISTA
31
de ECONOMIA POLÍTICA
e HISTÓRIA ECONÔMICA
Ano 09 – Número 31 – Janeiro de 2014
Índice
05
A Unificação Monetária Europeia – a Formação da Área do Euro de
1990 a 2002
Maria de Fátima Silva do Carmo Previdelli
43
Uma Interpretação da Revolução Burguesa no Brasil na Visão de
Florestan Fernandes
Glinzer Santa Cruz da Silva Costa
63
Desregulamentação, Desindustrialização e Reconcentração de Renda
na Crise dos EUA
Robério Paulino
89
Apontamentos para uma História Econômica da Cidade de Diamantina
Alessandro Borsagli
Fernanda Guerra Lima Medeiros Borsagli
107
A Soberania Econômica Nacional e a Economia Institucional Europeia
Gustavo Granado
146
Abordagem Acerca do Aporte Listiano para a Formação do
Pensamento de Raúl Prebisch
Otávio Erbereli Junior
183
As Minas de Mato Grosso: Apogeu, Crise e Declínio da Mineração
Romyr Conde Garcia
199
Economia Política e Política Econômica no Brasil Recente: O
Neodesenvolvimentismo “Restringido” do Governo do Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva
Glaudionor Gomes Barbosa
Ana Paula Sobreira Bezerra
230
Resenhas:
Expediente
REVISTA DE ECONOMIA POLÍTICA E HISTÓRIA ECONÔMICA
Número 31, Ano 09, Janeiro de 2014.
Uma publicação semestral do GEEPHE – Grupo de Estudos de Economia Política e História
Econômica.
http://rephe01.googlepages.com
e-mail: rephe01@hotmail.com
Conselho Editorial:
Fernando Almeida
Glaudionor Barbosa
Haruf Salmen Espíndola
Jean Luiz Neves Abreu
Júlio Gomes da Silva Neto
Lincoln Secco
Luiz Eduardo Simões de Souza
Marcos Cordeiro Pires
Marina Gusmão de Mendonça,
Osvaldo Luis Angel Coggiola,
Paulo Queiroz Marques,
Pedro Cezar Dutra Fonseca,
Romyr Conde Garcia,
Rubens Toledo Arakaki,
Vera Lucia do Amaral Ferlini,
Wilson do Nascimento Barbosa
Wilson Gomes de Almeida.
Edição:
Maria de Fátima Silva do Carmo Previdelli
Autor Corporativo:
GEEPHE – Grupo de Estudos em Economia Política e História Econômica.
A REPHE – Revista de Economia Política e História Econômica – constitui mais um periódico acadêmico
que visa promover a exposição, o debate e a circulação de ideias referentes às áreas de história
econômica e economia política. A periodicidade da REPHE é semestral.
3 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Editorial
A Editora
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
4
Ficha Catalográfica
Revista de Economia Política e História Econômica /
Maceió, Grupo de Estudos em Economia Política e
História Econômica - Número 31, Ano 09, Janeiro de
2014 – Maceió, GEEPHE, 2007.
Semestral
RESUMO
ABSTRACT
3 Idem.
4 Alemanha Ocidental, Bélgica, França, Itália, Países Baixos e Luxemburgo.
5 Primeiro Ministro e Ministro das Finanças de Luxemburgo.
6 Arquivo oficial de Legislações da União Europeia disponível no endereço http://europa.eu/ legislation
8 Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Irlanda, Luxemburgo, Países Baixos e Reino Unido.
9 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
12 Idem.
11 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
13 Em 1990, a Alemanha unificada possuía 79.433.831 habitantes, já os demais países do bloco possuíam um
total de 263.611.268 habitantes. O segundo país mais populoso era a França com 56.708.820 habitantes
segundo dados disponíveis em http://stats.oecd.org/OECDStat_Metadata /ShowMetadata.ashx?Dataset=POP_
FIVE _HIST & Show OnWeb=true&Lang=en acesso realizado em 12-06-2013.
14 Conforme informações disponíveis no endereço http://www.princeton.edu/~achaney/tmve/wiki100k/
15 As datas de pedido de adesão dos países foram: Bélgica 1972 para Dinamarca, Irlanda e Reino Unido; 1981
para Grécia; 1985 para Portugal e Espanha; 1995 para Áustria, Finlândia, e Suécia; 2004 para Chipre,
Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, e República Checa; e 2007 para
Bulgária e Romênia.
16 Arquivo oficial de Legislações da União Europeia disponível no endereço http://europa.eu/
19 Idem.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
18
20 Conforme MARSH, David. The battle fot the new global currency. London:Yale University Press, 2009.
p.12.
21 Conforme documento divulgado pelo Official Journal C 191, de 29 de julho de 1992, disponível em
22 Council Decision 90/141/EEC of 12 March 1990 on the attainment of progressive convergence of economic
policies and performance during stage one of economic and monetary union [Official Journal L 78 of 24.03.1990]
disponível no endereço http://europa.eu/legislation_summaries economic_and_monetary_affairs/introducing_
euro_practical _aspects/l25006_en.htm acesso em 15-08-2013.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
20
25 Idem.
26 Nomeadamente: o potencial de crescimento; as condições conjunturais; a execução das políticas que visem
incentivar a pesquisa e inovação; a evolução do orçamento no médio prazo, com os esforços de equilíbrio
orçamental; e dados relativos a mudanças no sentido de diminuir as políticas assistenciais de aposentadorias e
pensões.
27 Conhecido como Regulamento (CE) n.º 1467/97 do Conselho, de 7 de Julho de 1997, relativo à aceleração e
28 Idem.
29 Conforme informações disponíveis no endereço http://europa.eu/legislation_summaries /economic_and
_monetary_ affairs/introducing_euro_practical_aspects/l25007_pt.htm acessso em 07 de julho de 2013.
30 O Tratado de Roma de 1957 foi sendo modificado ao longo dos anos a cada novo tratado e acordo assinado,
deste modo, ao original foram adicionadas as decisões posteriores e o documento resultante recebe esta
denominação e representa a versão consolidada das decisões dos países membros relativas à norma da União
Europeia, suas instituições e órgão componentes.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
24
2013.
25 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
33 Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, e
Portugal. Em 2000, a Grécia foi aprovada e se tornou o décimo segundo país a entrar na Área do Euro.
34 De acordo com informações disponíveis no endereço http://ec.europa.eu/economy_finance/euro/adoption/
Tabela 2: Taxa média anual de variação Porcentual do PIB, por país, por
fase de implantação da UEM
38 Idem..
31 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
(*) Luxemburgo não apresenta dados referentes a este indicador nas bases
de dados da OCDE e EuroStat.
39 Idem.
40 Idem.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
32
Políticas Fiscais
Tabela 7: Contas do Governo, média anual em porcentagem do PIB, por país, por
fase de implantação da UEM (1990 a 2002).
Tabela 8: Taxas como percentual do PIB, valores médios anuais, por país, por fase
de implantação da UEM (1990 a 2002)
Comércio Internacional
Um dos objetivos principais da integração econômica
consiste no aumento das transações comerciais entre os países
membros do grupo. Assim, uma análise do comércio externo dos
países pertencentes à Área do Euro na sua fase de implantação da
moeda única (1990-2002) pode ser observada na Tabela 10.
45 As quatro maiores economias do grupo incluem Alemanha. França, Itália e Espanha e o critério para sua
escolha recai sobre a participação no total do grupo, em termos de PIB. A média no período (1990-2002) da
participação do país no PIB do grupo que formaria a Área do Euro ficou da seguinte forma: 1º.Alemanha
(29,4%), 2º França (20%), 3º Itália (19,7%), 4º Espanha (10,8%), 5º Países Baixos (5,7%), 6º Bélgica (3,7%), 7º
Áustria (2,8%), 8º Grécia (2,6%), 9º Portugal (2,3%), 10º Finlândia (1,6%), 11º. Irlanda (1,2%) e 12º Luxemburgo
(0,3%) segundo dados da OECD disponíveis no endereço http://stats.oecd.org/, acesso em 05-12-2012.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
36
Importações Exportações
País Parceiro 1990- 1994- 1999- 1990- 1994- 1999-
1993 1998 2002 1993 1998 2002
EUA 6,49% 7,20% 8,00% 6,64% 7,96% 10,19%
Alemanh União Europeia 53,18% 54,49% 59,75% 56,36% 56,00% 62,82%
a Área do Euro (12) 39,68% 37,58% 40,54% 41,76% 37,30% 42,66%
Resto do Mundo (*) 40,34% 38,31% 32,25% 37,00% 36,03% 26,98%
EUA 8,73% 8,41% 8,63% 6,54% 6,59% 8,37%
União Europeia 55,84% 56,94% 63,33% 58,63% 58,10% 65,86%
França
Área do Euro (12) 44,96% 44,76% 50,71% 46,39% 43,82% 50,08%
Resto do Mundo (*) 35,43% 34,65% 28,03% 34,83% 35,31% 25,77%
EUA 5,31% 4,88% 4,91% 7,30% 7,78% 9,65%
União Europeia 58,50% 59,81% 62,36% 60,54% 58,49% 61,38%
Itália
Área do Euro (12) 48,71% 47,39% 50,09% 49,54% 44,86% 46,28%
Resto do Mundo (*) 36,19% 35,31% 32,73% 32,16% 33,73% 28,96%
EUA 7,76% 6,38% 4,85% 5,09% 4,35% 4,49%
União Europeia 60,26% 63,56% 66,42% 69,80% 69,90% 73,51%
Espanha
Área do Euro (12) 50,19% 52,26% 55,44% 59,24% 58,09% 60,04%
Resto do Mundo (*) 31,98% 30,06% 28,73% 25,11% 25,75% 22,00%
EUA 7,91% 8,66% 10,34% 3,62% 3,47% 4,82%
Países União Europeia 52,83% 50,58% 52,03% 62,18% 60,65% 72,68%
Baixos Área do Euro (12) 40,29% 35,80% 37,37% 49,29% 46,54% 55,66%
Resto do Mundo (*) 39,27% 40,76% 37,64% 34,20% 35,88% 22,50%
EUA 3,82% 3,60% 4,13% 4,92% 4,30% 5,51%
União Europeia 64,15% 66,27% 61,50% 71,26% 64,82% 60,33%
Grécia
Área do Euro (12) 53,56% 53,36% 49,71% 54,87% 45,09% 35,84%
Resto do Mundo (*) 32,03% 30,13% 34,37% 23,82% 30,88% 34,16%
EUA 6,14% 6,94% 7,16% 4,34% 4,49% 6,10%
União Europeia 73,42% 73,56% 71,94% 78,50% 78,65% 77,14%
Bélgica
Área do Euro (12) 60,68% 60,10% 58,90% 66,94% 65,43% 62,48%
Resto do Mundo (*) 20,45% 19,50% 20,90% 17,16% 16,87% 16,76%
EUA 3,38% 3,21% 2,87% 4,13% 4,74% 5,54%
União Europeia 70,81% 72,78% 77,97% 77,84% 77,48% 82,10%
Portugal
Área do Euro (12) 61,06% 63,48% 68,94% 60,63% 61,11% 67,09%
Resto do Mundo (*) 25,81% 24,01% 19,15% 18,03% 17,78% 12,35%
EUA 4,16% 5,34% 3,34% 4,98%
União Europeia 78,03% 77,65% 73,99% 75,04%
Áustria
Área do Euro (12) 64,91% 62,43% 55,70% 54,92%
Resto do Mundo (*) 17,80% 17,01% 22,67% 19,98%
EUA 6,74% 7,51% 7,08% 6,35% 7,13% 8,33%
União Europeia 58,30% 58,17% 59,18% 62,53% 58,52% 60,35%
Finlândia
Área do Euro (12) 32,93% 31,61% 32,93% 33,36% 28,81% 32,64%
Resto do Mundo (*) 34,97% 34,32% 33,74% 31,11% 34,35% 31,32%
EUA 15,12% 16,51% 15,95% 8,53% 10,17% 16,79%
União Europeia 66,65% 55,67% 57,76% 71,73% 65,95% 64,23%
Irlanda
Área do Euro (12) 21,22% 18,04% 20,53% 37,23% 36,97% 37,92%
Resto do Mundo (*) 18,22% 27,82% 26,29% 19,74% 23,87% 18,98%
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados de OCDE46.
3 Algumas Considerações
Referências Bibliográficas
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Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
42
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43 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
RESUMO
A revolução burguesa no Brasil ocorreu entre o último quartel do século XIX
e o primeiro quartel do século XX, seus agentes mais destacados foram o
fazendeiro cafeicultor e o imigrante estrangeiro, seu locus foi nas regiões
brasileiras do Vale do Paraíba e Sudeste, o focus foram os novos
comportamentos políticos, culturais e econômicos que surgiram dentro da
nova estrutura econômica colonialista periférica e dependente do Brasil.
A forma interpretativa do sociólogo Florestan Fernandes sobre a revolução
burguesa no Brasil colonial é integrativa e totalizadora entre os agentes,
objetos e processos na ordem econômica, política, cultural e sociológica;
todavia, este texto ressalta alguns conteúdos econômicos de forma
evolutiva, sem desconsiderar seus agentes nos processos mais integradores.
ABSTRACT
The bourgeois revolution in Brazil took place between the last quarter of the
century XIX and the first quarter of the century XX, his most outstanding
agents were the farmer coffee-grower and the foreign immigrant, his locus
was in the Valley of Paraiba and in the South-east Brazilians, the focus it was
the new political, cultural and economical behaviors that appeared inside
the new economical colonialist periphery and dependent structure of
colonial Brazil.
The interpretative form of the sociologist Florestan Fernandes on the
bourgeois revolution in colonial Brazil is integrative and tantalization
between the agents, objects and processes in the economical, political,
cultural and sociological order; however this text emphasizes some
economical contents of evaluative form, and his agents do not disregard in
more integrative processes.
1. INTRODUÇÃO
1 FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro,
Zahar Editores, 1976, (2a ed.), (Biblioteca de Ciências Sociais). Esta primeira parte analisa apenas o “Capítulo
3: O desencadeamento histórico da revolução burguesa” (p. 86-145). Na segunda parte será feita a análise do
“Capítulo 4: Esboço de um estudo sobre a formação e desenvolvimento da ordem social competitiva” (p. 145-
197). Texto apresentado em 02/07/2013 e aprovado em 10/09/2013.
2 Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – FEAC/Universidade Federal de
4 Para FERNANDES, Florestan. A sociologia no Brasil. Rio de Janeiro, Vozes, 1997, outra obra de sua autoria,
este autor afirma que o período colonial brasileiro compreende a seguinte dimensão temporal, ou seja, vai do
século XVI até o início do século XIX. Quando no primeiro decêndio do século XIX a família real se transfere
para o Brasil, como conseqüência da invasão de Portugal por tropas francesas – naquela época surgem os
primeiros ofícios administrativos e financeiros, criados em núcleos urbanos de atividade intelectual, em função
de contatos com os centros europeus de produção artística, cultural, científica, intelectual e técnica [p.17].
Enfatize-se que o conceito de Sociologia para Fernandes é a análise de fenômenos histórico-culturais e
econômicos [p.25]. Sobre os traços burocráticos que perpassaram o período colonial brasileiro e chegaram à
república veja COSTA, Glinzer S.C. da Silva. “A gestão pública brasileira, alguns elementos inovadores que
perpassam desde o Brasil Colonial até o Brasil Republicano”. São Paulo, Revista de Economia Política e
História Econômica, ano 08, n. 25, jun/2011, p. 72-86. Veja também a seguir a NR n. 6.
47 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
5 Veja RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro – A formação e o sentido do Brasil. São Paulo, Companhia das
Letras, 2006; para este autor, (...) no conjunto dessa população colonial (apostólica e romana), destaca-se uma
camada superior, desligada de tarefas produtivas formada por três setores letrados, tais como: uma burocracia
colonial comandada por Lisboa; outra religiosa; e a última que viabilizava a economia de exportação [p.112].
A camada ligada ao setor produtivo detinha o sistema de fazenda e alcançou, com a implantação das
grandes lavouras de café, um novo auge só comparável ao êxito dos engenhos açucareiros. Seu efeito crucial
foi reviabilizar o Brasil como unidade agro-exportadora do mercado mundial e como um próspero mercado
importador de bens industriais [p.335].
O que caracteriza e tipifica essa camada é a oligarquia cafeeira, como detentora dos maiores
poderes políticos no período imperial e no republicano, é responsável por algumas deformações mais profundas
da sociedade brasileira. A principal delas decorre de sua permanente disputa com o Estado pela apropriação da
renda nacional [p.364].
Seu agente ou sujeito é o velho senhor de engenho que é substituído por um patronato gerencial de
empresas que caíram em mãos de firmas bancárias. Os filhos bacharéis dos antigos senhores, todos eles
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
48
citadinos, têm agora como as “fazendas” a cota de ações que restou da propriedade familiar e, sobretudo, o
erário público de que se torna uma das principais clientelas [p.276].
Contudo na obra de PRADO JR., Caio. Formação econômica do Brasil. São Paulo, Brasiliense, 1986,
(33a ed.), para se compreender o caráter da colonização brasileira, (especificamente no capítulo 2), na Europa
do século XV originam-se as empresas comerciais levadas a efeito pelos navegadores dos principais países,
tais como, Portugal, Espanha, e a Itália, posteriormente, a França, Inglaterra, Holanda, Suécia e a Dinamarca. O
comércio interno europeu era o que interessava; e esse seria abastecido por iguarias, metais preciosos,
madeiras de construção ou tinturarias, peles de animais e a pesca, tal estado da arte ocorre entre os séculos
XV-XVI. Nesse período, a idéia de povoar não ocorre inicialmente a nenhum dos países citados, logo a
colonização principia pelo estabelecimento de feitorias comerciais [p.14-15]. De forma resumida, o autor afirma:
a empresa comercial, mais complexa que a antiga feitoria, mas mantendo o caráter comercial, dá o verdadeiro
sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes; logo a essência da nossa formação foi
fornecer o açúcar, tabaco; mais tarde, metais preciosos; depois o algodão e, por fim, o café. Esse comércio
reorganiza a economia e a sociedade da colônia brasileira, a partir dos seus caracteres de produtora e mercantil
[p. 22-23].
Entretanto, para FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil.São Paulo, Editora Nacional,
1976, (14a ed.), contribuindo para a compreensão da colonização brasileira, ele argumenta através de um
conjunto de fatores que contribuíram para o êxito da grande empresa colonial agrícola européia foi a inserção
de uma mercadoria – o açúcar - em grande escala de produção num mercado de dimensão mundial – o
mercado europeu, a partir do século XVI, quando Portugal desenvolveu tecnologias para sua produção nas ilhas
do Atlântico [p. 9-12]. A etapa colonial fundamentada nesse processo de ocupação social e econômica se
encerra na segunda metade do século XVII, quando Portugal perdia para o comércio oriental, desorganizado o
comércio do açúcar, não dispunha de meios para defender o que lhe sobrara das colônias numa época de
crescente atividade imperialista. Portugal compreendeu, assim, que para sobreviver como metrópole colonial
deveria ligar o seu destino a uma grande potência, o que significaria necessariamente alienar parte da sua
soberania. Os acordos concluídos com a Inglaterra em 1642, 1654 e 1661 estruturaram essa aliança que
marcará profundamente a vida política e econômica de Portugal e do Brasil durante esses dois séculos
seguintes [p. 32-38].
49 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
6 A Carta Régia promulgada pelo Príncipe-regente de Portugal Dom João de Bragança foi assinada no dia 28 de
janeiro de 1808, na Capitania da Baia de Todos os Santos, em Salvador, foi a primeira experiência liberal do
mundo após a Revolução Industrial.(...). A carta marcou o fim do Pacto Colonial, o qual na prática obrigava a
que todos os produtos das colônias passassem antes pelas alfândegas em Portugal, ou seja, os demais países
não podiam vender produtos para o Brasil, nem importar matérias-primas diretamente das colônias alheias,
sendo forçados a fazer negócios com as respectivas metrópoles. In: <wikpedia.org> [acesso em mar/2013].
7 Na formação do povo brasileiro de RIBEIRO [2006, op.cit.] o sistema de fazenda cafeicultora implantado no
Brasil, a partir da segunda metade do século XIX, visava a produção de artigos para a exportação e substituiu
as relações de solidariedade, de companheirismo e de compadrio do caipirismo pela única forma de
relacionamento, as relações comerciais. O primeiro modelo empresarial das fazendas cafeicultoras é o modelo
escravocrata, quando o fazendeiro ainda residia na propriedade, na vivenda senhorial em oposição à senzala.
Somente na segunda metade do século XIX os cafeicultores se constituem numa oligarquia nacional com
superpoderes. Esse segundo modelo é, relativamente, mais bem sucedido que o modelo da sucrocracia, p.q.
controla todo ciclo produtivo do café até a exportação. As novas fazendas de café estruturadas para um novo
sistema de colonato são monocultoras e extensivas no plantio do café, o fazendeiro – ora visto como
empresário e também como barão do café – é um absenteísta, não mais reside na fazenda e sim na cidade,
administra e dirige seus negócios à distância, por intermédio de gestores. O sistema de fazendas somente
atingiu o êxito que havia atingido os engenhos de açúcar, cujo efeito crucial foi re-viabilizar o Brasil como
unidade agro-exportadora do mercado mundial e como um próspero mercado importador de bens industriais [p.
352-353; veja também as pgs. 355, 357 e 362]. Por outro lado analisando o papel de outro agente da revolução
burguesa no Brasil a imigração européia maciça coloca milhões de trabalhadores à disposição da lavoura
comercial, essa nova massa vinha de velhas sociedades estratificadas e disciplinadas para o trabalho
assalariado e que levaria alguns, posteriormente, à condição de pequenos proprietários [p. 351-352]. Noutra a
obra do mesmo autor Gentidades. Porto Alegre, L&PM, 2011, ele no primeiro ensaio emblemático, desse livro,
analisa Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre e discute a sociedade patriarcal, sua formação econômico-
social e a sua configuração histórico-cultural, inclusive sob o ponto de vista crítico da ausência no
aprofundamento da análise freyriana dessas categorias sociais [p. 11-30].
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
50
8 Para se entender essa relação econômica entre matriz-filiais, na forma de controle, transferência de capitais,
difusão tecnológica, localização, apropriação do excedente produzido pelo trabalho, a mais-valia, os
investimentos estrangeiros e o movimento de capitais associados às operações das empresas multinacionais
etc. dentro de um paradigma próprio da ingerência hegemônica e econômica, o que não ocorria no Brasil, no
cenário da revolução burguesa, até mesmo porque essa relação se materializa entre empresas transnacionais,
geralmente da espécie jurídica das sociedades anônimas, e suas filiais; veja principalmente a obra de HYMER,
Stephen. H. The International Operations of National Firms: A Study of Direct Foreign Investment. Cambridge,
MIT Press, 1976. (Tese de doutorado, publicada postumamente). Esse autor faz a análise desse processo de
relações entre matriz-filiais e aplica conceitos explicitamente da economia marxista. Também veja a
interpretação dessa obra em COHEN, R.B. et.all. The Multinational Corporation: A Radical Approach. Papers by
Stephen Herbert Hymer. Cambridge, University Press, 1979.
9 Em Max Weber (1864-1920) o conceito de estamentos é uma forma de estratificação social, com camadas
mais fechadas que classes sociais, e mais abertas que castas; além de possuir menor mobilidade social.
Geralmente caracteriza determinadas sociedades feudais (durante a Idade Média, período que compreende os
séculos V-XV); todavia, esse grupo social não é propriamente um grupo homogêneo estratificado, porém possui
poderes sobre determinados campos de atividades sociais e econômicas; in: <wikpedia.org> [acesso em
mar/2013].
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
52
10 Segundo KULA, Witold. Investigaciones históricas sobre la Historia de las empresas y renta nacional. Buenos
Aires, Editor 904, 1977; o conceito de empresário é um organizador da atividade econômica e proprietário dos
meios de produção [p. 4]. Em J. A. Schumpeter [1883-1950] um empreendedor, quando inovador, não
necessariamente inventor. Para J. B. Say [1767-1832] um agente econômico em busca do lucro, pela aplicação
do conhecimento em P&D na empresa; quase que se confunde com o empresário industrial, empreendedor,
que cria produz e arrisca. Entretanto, para Luiz Carlos Bresser Pereira seu conceito de empresário
complementa o conceito de Schumpeter e acrescenta a inovação e a acumulação de capital (...) ao considerar
que a atividade do empresário capitalista é, além de inovar, a de integrar o desenvolvimento científico e
tecnológico ao processo de produção, de lançar novos produtos no mercado, de partir em busca de novos
mercados; e, ao mesmo tempo, de tomar as decisões finais sobre o processo de acumulação de capital, ou
seja, onde, quando e quanto investir. Finalmente, para Fernando Henrique Cardoso [1964], unindo as
interpretações de Schumpeter e Bresser Pereira, este autor inclui a ousadia, como uma conseqüência da fé,
quando afirma que: toda criação é um ato de fé (grifo nosso), mesmo quando tenha a motiva-la a simples
vontade de poder e riqueza.
Entretanto, na sua obra CARDOSO, F. H. Empresário industrial e desenvolvimento econômico no
Brasil. São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1964, o autor discute a relação entre o empresário industrial e o
desenvolvimento econômico do Brasil, desde o final do século XIX, e enfatiza que o crescimento industrial
brasileiro se deu em surtos descontínuos desde aquele período.
Contesta PEREIRA, Luiz Carlos. “Empresários, suas origens e as interpretações do Brasil”. in:
<anpocs.org.br> [acesso em mar/2013], com sua pesquisa quando apresenta a tese de que os empresários
brasileiros se originaram de famílias imigrantes e não em famílias brasileiras ligadas ao café. Os empresários
eram imigrantes que se dedicavam à importação. A sua discussão central é sobre as origens étnicas e sociais
dos empresários; e não sobre as relações econômicas entre o café e o início da industrialização brasileira.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
54
11 Comparando os cenários da revolução burguesa brasileira com os da revolução capitalista na Rússia, numa
tentativa de aproximações interpretativas busca-se em LENIN, V. I. El desarrollo del capitalismo en Russia.
Moscú, Editorial Progreso, 1979, (5ª ed.), alguns elementos conectivos, nesse trabalho o autor citado tem como
objetivo geral explicar como se formaram os mercados internos para o capitalismo russo, deixando de lado
inicialmente o mercado externo, num contexto teórico do início do século XX e levando-se em conta,
exclusivamente, todos os aspectos econômicos desse processo nas províncias do interior da Rússia, da sua
evolução capitalista na agricultura, na formação de uma agricultura mercantil-capitalista; entre as primeiras
fases do capitalismo industrial, precisamente, e o surgimento da pequena indústria agrícola, como segunda
fase. Posteriormente, o autor faz a análise do desenvolvimento da grande indústria mecanizada.
Em resumo, o desenvolvimento do capitalismo russo se dá através da industrialização, a partir do início do
século XX, quando a pequena produção mercantil manufatureira e agrícola, que se caracterizam pela técnica
manual-artesanal nas empresas, pequenas fábricas, são absorvidas pela grande indústria mecanizada e
automatizada.
O papel histórico e progressivo do capitalismo russo pode, também, resumir-se em duas breves teses: no
aumento da força produtiva do trabalho social e na sua socialização; noutra tese, nas distintas fases do
desenvolvimento da economia nacional russa que não cabe aqui interpretá-las [p. 527-582].
Finalmente o autor chega a uma conclusão fatídica na sua análise do regime sócio-econômico e,
conseqüentemente, da estrutura de classes na Rússia, naquele período: (...) partiendo de esta base económica,
se comprende que la revolución em Rusia, es, enevitablemente, uma revolución burguesa [p. 15].
55 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
12 Os ensaios de Oswald de Andrade (1890-1954) A crise da filosofia messiânica e A marchas das utopias
representam o pensamento brasileiro no início do século XX tem como base a filosofia de Nietzsche. Contudo, o
pensamento de Friedrich Nietzsche (1844-1900) tem como objetivos gerais a valoração e o sentimento como
crítica à origem das coisas sob o ponto de vista do valor da origem e a origem dos valores. Os hemisférios
culturais que Oswald discute são dois o matriarcado, com a propriedade comum do solo e a condição mater dos
filhos de direito materno, não se constituía uma classe social, isso ocorre na Idade Primitiva. Todavia, o
primitivismo, sob o ponto de vista antropológico, poderia ser definido na superioridade do estilo de vida simples
das sociedades pré-industriais, p.ex., conforme o estilo de vida das culturas africanas, pré-colombianas ou da
Oceania. Outrossim, essa expressão somente passa a ser utilizada a partir do século XX no âmbito das artes de
vanguarda e sua crítica. De alguma maneira o primitivismo brasileiro é um certo primitivismo do pintor
surrealista André Breton (1896-1966). Também, uma aproximação ao marxismo, à psicanálise de Sigmund
Freud (1856-1939) e uma aplicação do pensamento filosófico de Nietzsche, assim o fez Oswald de Andrade
para fundamentar o seu pensamento antropofágico, no início do século XX, indo até ao matriarcado de
Pindorama. Nesse período, a propriedade privada era uma herança patriarcal linear, o que implicava na
dominação de um grupo social, aquele que detinha a propriedade, e o papel do Estado era uma representação
desse grupo. O segundo hemisfério é o patriarcado que se caracteriza pela posse da propriedade privada,
nesse cenário o Estado é dominado por essa classe social através do poder político. Segundo Oswald de
Andrade o patriarcalismo brasileiro é messiânico. O messianismo é uma crença divina: o envio de um ser divino
libertador que libertará um povo oprimido. Na história do Brasil vários são os movimentos sociais fundados por
líderes religiosos, inclusive com traços messiânicos desde os jesuítas; incluindo a burocracia da ordenação
religiosa portuguesa; esses conteúdos lhes dão os caracteres de reacionário e conservador. Oswald de
Andrade desprezava as elites brasileiras e como ideologia ele as identificava através do ódio de classe e o
desprezo das elites pelo povo brasileiro, isso viria a ser uma das raízes da contracultura, mas esse é outro
assunto e não será abordado aqui. Por fim, um texto que trata dos ensaios de Oswald de Andrade é o ensaio de
PAIVA JR., Yago E. B. de. “Genealogia do matriarcado do Pindorama”. São Paulo, Revista Sociologia, ano iv,
ed. 36, p. 54-59, ago/set 2011.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
56
13 O sentido econômico do capital bancário é explicado por HILFERDING, H. O capital financeiro. São Paulo,
Nova Cultural, 1985, (Os Economistas). Então para entendê-lo vamos ao crédito este é uma função alterada do
dinheiro como meio de pagamento [p.85]. Já o capital mercantil (por se tratar, no caso, de transações entre
capitalistas produtores) essa expressão também depende da expansão do processo de reprodução; então o
capital produtivo é o conjunto de máquinas, matérias-primas, força de trabalho, etc. [p. 86]. Por outro lado, o
capital monetário disponível é o capital necessário para as transações no processo de circulação e o crédito [p.
92] e quando este se encontra nas mãos dos capitalistas, se constitui na base da superestrutura como um fundo
de compensação para saldar títulos ou um fundo de reserva em face de eventuais prejuízos [p.87]; logo o
capital comercial é crédito de pagamento [p.94]; dai então o capital bancário é a transição dos capitais industrial
e comercial, como fornecedor de empréstimos para o capitalista produtor, portanto, o princípio transitório da
evolução do sistema bancário [p. 92]. O capital monetário que os bancos fornecem aos capitalistas industriais
pode ser empregado na ampliação da produção de duas maneiras: pode haver necessidade de capital
monetário para ser transformado em capital circulante ou então em capital fixo, com isso, os bancos depositam
seu capital nas empresas capitalistas e então participam do destino dessas empresas [p.93].
14 Para Émile Durkheim (1858-1917) uma classe social é uma representação coletiva e solidária de partes de
uma sociedade, partes essas que ele a denominou de corpo social, que teria uma função, sem hierarquia (!?)
entre si, acarretando uma sociedade harmônica e coesa. Para esse autor, os fatos sociais se apresentam de
diferentes formas em diversos períodos históricos, ou são atos praticados culturalmente ou fenômenos
persistentes no tempo; para ele isso justifica o que se passa na mutação social. Veja DURKHEIM, Émile. As
regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2012, (6a reimpressão), especialmente o “Capítulo
4: Regras relativas à constituição dos tipos sociais”.
Segundo a visão marxista, não existe essa coesão harmônica, porque existe uma classe dominante
que controla direta e indiretamente o Estado e outras classes (dominadas) por aquela; reproduzindo, assim
inexoravelmente uma estrutura de classe social, que implica também e, conseqüentemente, em lutas de
classes, todavia, a perpetuação da exploração social. Conforme o pensamento do marxista convicto
LEVEBVRE, Henri. Marxismo. Porto Alegre, L&PM, 2010.
Para Max Weber (1864-1920) seu conceito de classe social está baseado no consumo social,
em estruturas de mercado que definem um critério econômico de consumo social e a sua dominação
por uma política de controle monopolista; de alguma forma, esse cenário permite a identificação de
conflitos de classes e, como tal, esses conflitos são favoráveis ao rompimento de ordenações
existentes na vida da sociedade.
57 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
15 Uma das interpretações do pensamento do sociólogo e economista alemão Sombart está na tese de
doutorado de Antonio Nogueira, cujo resumo foi divulgado in: <analisesocial.ics.ul.pt> [acesso em mar/2013],
esse autor afirma que as publicações de Sombart de superioridade teutônica da missão alemã, em confrontação
direta com o ethos capitalista, o cosmopolitanismo e o internacionalismo burguês, subentenda-se judaico (...),
assim identifica e redefine o empresário empreendedor, pondo em evidência as formas do desenvolvimento
histórico da empresa capitalista, ressaltando, sobretudo o trabalho artesanal como um meio de passagem para
a manufatura, e a partir daí caracteriza a industrialização. Finalmente, Sombart atribui importância ao papel das
formações urbanas (as cidades) e os seus mercados internos, tudo isso associado à sua interpretação
sociológica como motivação econômica [p. 1138-1139, 1147].
59 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Desregulamentação, Desindustrialização e
Reconcentração de Renda na Crise dos EUA1
Robério Paulino2
Resumo
A crise econômico-financeira global aberta em 2008 parece prenunciar o início do fim
da hegemonia neoliberal sobre o pensamento econômico, mesmo estando claro que
esta última não está exaurida. A grave recessão atual gera destruição de riqueza e
muito sofrimento humano, mas também abre a oportunidade de revalorização dos
Estados nacionais para o desenvolvimento econômico e social. Este trabalho busca
aprofundar o estudo das causas desta crise, apontando aspectos ainda pouco
aprofundados nos estudos disponíveis, como a desindustrialização e a reconcentração
de renda nos EUA, e, ao final, sugere pontos de discussão para uma Nova Agenda
Nacional de Desenvolvimento no Brasil.
Palavras-chave: Crise global, neoliberalismo, Estado de Bem-Estar Social
Abstract: The global economic-financial crisis opened in 2008 seems to foreshadow the
beginning of the end of the neoliberal hegemony over the economic thinking, even
though it is clear that the latter is not exhausted. The severe current recession causes
destruction of wealth and a lot of human suffering, but it also opens up the opportunity
for revaluation of the Nation States towards the economic and social development. This
paper aims to deepen the study of the causes of this crisis, pointing out aspects yet little
developed in the available studies, such as deindustrialization and income
reconcentration in the US, and, at the end, it suggests topics of discussion for a New
National Development Agenda in Brazil.
1 INTRODUÇÃO
Outro fator explicativo para que a crise tenha se iniciado pelos EUA, que
pouco aparece nas análises disponíveis no Brasil, é o profundo processo de
desindustrialização vivido pelos EUA nas últimas décadas, como consequência
da ideologia do livre comércio, da importação de produtos mais baratos que
os produzidos no país, da desregulamentação que permitiu a terceirização da
produção de componentes no exterior ou diretamente da transferência de
milhares de plantas para outras regiões, especialmente para o México e Ásia.
Fração considerável dos produtos vendidos nos EUA é hoje manufaturada em
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
72
pouquíssimos são bem pagos, já que os escritórios das lojas e empresas são
bem enxutos (LUTTWAK, 2001). A terceirização de muitas funções antes
integradas às empresas completa o quadro de precarização do mercado de
trabalho.
Até 1995, antes de também promover um enxugamento de quadros, o
setor de tecnologia e informática parecia ser a nova coqueluche de
empregabilidade da globalização. Mas apesar de ofertar excelentes
empregos de alta especialização, em suas maiores empresas-mãe não
chegava a contratar sequer um décimo do que fazia a indústria tradicional,
como se pode ver e comparar pela Tabela 1.
Gráfico 1 – Fatia da renda nacional dos EUA apropriada pelas classes mais
ricas.
Fonte: T. Piketti e E. Saez, versão atualizada de “Income Inequality in the United
States, 1913-1998”. Quarterly Journal of Economics 113. n. 1 (fevereiro de 2003),
com quadros e figuras atualizados até 2005, apud R. REICH, 2008, p. 109.
77 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Stiglitz (2011) avalia ainda que com a crise, até o início de 2011, 10% das
famílias do país já teriam perdido suas casas com as hipotecas.
79 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Para Bresser Pereira (2008), chegou ao fim, com a crise atual, a onda
ideológica neoliberal. Isto deve ser relativizado e verificado. Por um lado, a
grande comoção econômico-financeira na qual o mundo mergulhou em 2008
com certeza quita – como já havia acontecido na Grande Depressão iniciada
em 1929 – toda legitimidade aos principais argumentos liberais. Esta nova
depressão veio demonstrar mais uma vez que o capital deixado livre, sem
controle, é irracional, caótico, e cego em termos humanos. No auge do
terremoto de 2008, em pânico diante do precipício, os mesmos apologistas do
mercado e candidatos a coveiros do Estado – de repente, todos ironicamente
transformados em keynesianos – recorreram exatamente à bóia da salvação
estatal.
Fora dos EUA, as reformas e a macroeconomia neoliberal claramente
fracassaram em promover o desenvolvimento econômico dos países que as
abraçaram, como foi o caso de muitos países da América Latina que seguiram
a agenda do Consenso de Washington (WILLIAMSON, 1990). Estes países,
inclusive o Brasil, tiveram crescimento econômico pífio durante as décadas de
1980 e 1990, sem reduzir em nada seus problemas sociais. Muitos, como a
Argentina, se desindustrializaram. O único aspecto que se poderia alegar
como resultado positivo dessas orientações é a estabilização monetária, mas
isso não foi fruto necessariamente da ortodoxia neoclássica, mas sim a
imposição de uma necessidade. No entanto, após a crise de 2008/2009,
81 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
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Washington: Institute for International Economics, 1990.
.
89 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
RESUMO
Sendo a economia um dos principais fatores para o desenvolvimento e o
povoamento de uma região, então se uma região apresenta uma
economia estável, propiciada pela exploração de recursos naturais, ou
mesmo como entreposto comercial, ela se torna atrativa para a migração
ocorrendo então um aumento populacional e urbano. Esse é o caso de
Diamantina, já que nessa cidade, seu crescimento urbano está
estritamente ligado ao crescimento econômico. No período colonial houve
um maior controle populacional na cidade de Diamantina por parte da
Coroa, então detentora exclusiva da exploração dos diamantes no Distrito
Diamantino. No final do Século XIX ocorre um fluxo migratório para a
cidade, em decorrência do crescimento econômico proporcionado pela
acumulação de capital oriundo da decadente exploração de diamantes.
Nas primeiras décadas do Século XX a cidade sofre uma estagnação
econômica e urbana chegando a decrescer a partir dos anos 1950 em
decorrência da decadência econômica. Nas ultimas décadas a
economia vem crescendo novamente, juntamente com a malha urbana
da cidade.
ABSTRACT
The economy is a major factor for the development and population of a
region. If the region has a stable economy, caused by the exploitation of
natural resources or even as a trading makes it attractive for migration
occurring then a population increase and urban development. In
Diamantina town, urban growth is closely linked to economic growth.
During the colonial period there was a higher population control in the city
of Diamantina by the Portuguese Crown, then sole owner of the
exploitation of diamonds in the Diamond District. In the late nineteenth
century is a migration to the city, due to the economic growth provided by
the accumulation of capital from the decadent diamond exploration. In
the first decades of the twentieth century the city suffered an economic
stagnation and declining urban coming from the year 1950 due to
economic decline. In recent decades the economy is growing again,
along with the city network.
INTRODUÇÃO
A Restauração da Independência de Portugal em 1640
encerrou com a dominação espanhola sobre o Reino que durou
sessenta anos. Portugal saiu da União Ibérica economicamente
arrasado. A economia açucareira, alicerce da economia
portuguesa estava desorganizada e grande parte dos entrepostos
comerciais de Portugal no Oriente haviam sido perdidos para outras
nações que emergiam como potencias nesse período. Para manter
as suas colônias, responsáveis pela base de sua economia, Portugal
se viu obrigado a se aliar a uma das potencias emergentes no
período e em 1642 é fechado o primeiro acordo entre Portugal e
Inglaterra.
Nas décadas seguintes o mercado do açúcar produzido nas
colônias de Portugal ainda não havia conseguido se organizar,
principalmente pela baixa dos preços no mercado europeu
causada pelo açúcar das Antilhas Francesas e Holandesas. Junto
com a decadência das colônias vinha a decadência da
Metrópole. O iminente colapso econômico que se projetava forçou
o Reino a encontrar uma solução para o déficit da balança
comercial portuguesa. A solução encontrada pelo reino foi o
investimento em expedições pelo interior do Brasil em busca do tão
sonhado metal precioso, cuja existência já se conhecia através de
relatos fragmentados de alguns exploradores e caçadores de índios
provenientes de São Paulo. Foi necessário quase um quarto de
século para a descoberta de ouro em parte do território que hoje
pertence ao estado de Minas Gerais.
A descoberta de ouro no interior do Brasil no final do Século
XVII reacendeu a economia portuguesa, em franca decadência,
conforme dito anteriormente desde meados do Século XVII devido
à concorrência dos produtos oriundos das colônias inglesas,
holandesas e francesas nas Américas. Isso levou a um imediato
deslocamento de grandes contingentes populacionais para a
região das Minas. Uma conseqüência desse deslocamento foi o
surgimento de numerosos núcleos urbanos nas imediações das
91 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
11 SAINT-HILAIRE, Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, 1974, p.141.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
104
Considerações Finais
Em comparação com os períodos anteriores, Diamantina
atualmente perdeu a sua influência em parte das regiões norte e
nordeste de Minas Gerais, porém continua exercendo grande
105 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Referências Bibliográficas
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transparency, and centralization. 2005
De Haan, Jakob and Fabian Amtenbrink, “A Non-Transparent European
Central Bank: Who is to Blame?” 2002
Eijffinger, Sylvester C., & Geraats, Petra M. How Transparent are Central
Banks? CEPR Discussion Paper 3188. 2002
Resumo
A literatura econômica, quando aborda as origens do pensamento
cepalino, geralmente o vincula ao pensamento keynesiano. Neste
artigo, procuramos demonstrar que o pensamento cepalino,
especificamente nas formulações de seu principal pensador, o
economista argentino Raúl Prebisch, pode também ter suas origens
no pensamento do economista alemão do século XIX, Friedrich List.
Abstract
The economic literature, when discussing the origins of ECLAC´s
thought, usually binds to Keynesianism. In this paper, we have
demonstrated that ECLAC´s thought, specifically in the formulations
of its main thinker, the Argentine economist Raúl Prebisch, can also
have its origins in the thinking of the XIX´s German economist,
Friedrich List.
Introdução
3Comissão Econômica para América Latina e Caribe. Órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), criado
em 1948 à fim de pensar políticas para o desenvolvimento da região.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
148
4 Neste tópico não nos utilizaremos deste segundo livro da obra de List. Faremo-lo quando tratarmos, no quarto
tópico deste artigo, das idéias em conjunto de List e Prebisch.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
156
Referências Bibliográficas
RESUMO
ABSTRACT
Introdução
Conclusão
Referências Bibliográficas
Abstract
This paper discusses the concept of new developmentalism "restricted" to verify the
impacts of economic policies of the two governments of President Luiz Inacio Lula
da Silva and limitations to development. Therefore, it makes a historical discussion of
the expectation created by the victory of the President said, when it won the
previous fear, due to changes made by the Workers Party - PT, who had to
accommodate to achieve this victory. It begins with an entrepreneur Vice President
- José de Alencar - signaling the accommodation between labor and capital.
However, the biggest victory was the election of a worker with little study as the
most powerful man in the country. Since then, following the discussion of the role of
various representatives of the PT, as Palocci and the return of the belief of
monetarism in the economy, coupled with the tightening of fiscal policy,
generating, thus, very high primary surpluses. As a form of "compensation", was
suspended the privatization process, BNDES returned to acting strongly
development bank, as Petrobras, and started to act virtuously, buying and
activating various platforms and ships built in the country, with the aim of stimulating
national production. At the end of the first term, and especially the second, were
taken more "Keynesian", especially with the PAC, which had as its priority goals,
investments in infrastructure, promotion of credit and financing, improving the
investment environment and relief , improvement of the tax system and tax
measures long-term. On the last topic, discusses the recent Brazilian economy and
how it is given the election of a President and supported by Lula indicated.
1. Introdução
4 AMORIM, Celso. Palestra. Seminário Atualidade de San Tiago Dantas. 27 de setembro de 2004. Disponível
em: http://www.acrj.org.br. Acesso em 15 de dezembro de 2011.
5 Trata-se da constituição de um grupo de países com agenda independente no âmbito da Organização Mundial
do Comércio (OMC).
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
202
6 Um historiador pode ser medíocre seja por positivismo, seja por crença em uma história linear e sempre
sincrônica, seja por vicio estruturalista anti-histórico, seja pela insistência na singularidade dos acontecimentos,
como se não houvesse repetição, pelo menos das linhas gerais de configuração das forças sociais.
203 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
7 O novo acordo com o FMI não foi feito sem resistências dentro do governo. Ele encerrou-se em março de
2005, quando vários membros do governo votaram que o mesmo não precisava ser renovado. A dupla Palocci-
Meirelles concordou com a não renovação, mas manteve a política subjacente ao acordo. José Dirceu era o
principal opositor de Palocci.
8Friedmaniano refere-se ao importante, mas equivocado economista norte-americano Milton Friedman.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
204
Tabela 2
Brasil
Taxas de juros reais efetivas (%)
Períodos Selecionados
Dez./2002 Jul./2003 Ago./2003 Set./2003 Out./2003
Taxa 5,8 6,8 7,4 7,6 8,7
Nov./2003 Dez./2003 Jan./2004 Fev./2004 Mar./2004
Taxa 11,4 12,9 13,7 13,9 14,4
Abr./2004 Maio./2004 Jun/2004 Jul./2004 Ago./2004
Taxa 14,3 13,5 11,9 10,2 9,3
Fonte: Banco Central do Brasil e IBGE
9 O superávit primário é expresso como percentagem do PIB e apesar de ideologicamente se recobrir com a
linguagem séria e douta de “austeridade fiscal” é preciso entender seu real significado. Suponha uma economia
muito simples que produza uma quantidade mínima de bens, tais como pão, manteiga, bicicletas, educação e
saúde. As pessoas comem pão com manteiga, apenas. Elas se locomovem de bicicleta e cada uma delas
precisa de uma consulta médica e de uma matrícula escolar. Suponha quantidades inteiras em um tempo “t”
qualquer, ou seja, 1000 unidades de pão, 100 unidades de manteiga, 1000 bicicletas, 1000 consultas médicas e
1000 matrículas escolares. Suponha uma população de 1000 habitantes. Quando as autoridades econômicas
se orgulham de terem obtido 5,0% de superávit fiscal, isto significa exatamente que: 50 pães, 5 caixas de
manteiga, 50 bicicletas, 50 consultas médicas e 50 matriculas escolares foram “jogadas” em um depósito de
inservíveis para apodrecerem ou enferrujarem, enquanto pessoas não são atendidas nas UPAs, carteiras ficam
vazias nas Escolas, parte da população anda a pé. Agora se podem multiplicar algumas dessas coisas por
milhões, como bicicletas ou por bilhões, como pães. Qual a racionalidade de se jogar fora bilhões de pães?
10 A taxa de juros reais é aquela que efetivamente mede o custo da moeda e do seu uso e depende do nível
geral de preços. Assim, mesmo com taxas nominais crescentes, quando a inflação aumenta a taxa de juros
reais tem tendência declinante.
205 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Tabela 3
Brasil
Evolução do PIB
2003-2010
Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
PIB 1,1 5,7 3,2 3,7 4,0 5,7 - 0,2 5,0
Fonte: IBGE
11 A taxa de juros reais é aquela que efetivamente mede o custo da moeda e do seu uso e depende do nível
geral de preços. Assim, mesmo com taxas nominais crescentes, quando a inflação aumenta a taxa de juros
reais tem tendência declinante.
12 O jornal Folha de São Paulo estampou em manchete do dia 7.11.2003: “Fiesp se queixa ao FMI de política
fiscal”, e a matéria interna do seu caderno Dinheiro da mesma edição noticia que os empresários paulistas,
representados pela sua outrora poderosa Federação, foram à Sra. Anne Krueger, vice-diretora-gerente do FMI,
queixar-se do aperto fiscal a que a administração fazendária do governo Lula os submete. Mas a professora
Maria da Conceição Tavares, em artigo publicado no mesmo jornal, edição de 9.11.2003, diz que os novos
“donos do poder” são o Banco Central e a Secretária do Tesouro, e mesmo os ministros da Fazenda e do
Planejamento são cada vez mais apenas simbólicos. E ela entende de governo Lula e do poder financeiro. V.
“os novos donos do poder”, FSP, São Paulo, 9.11.2003 apud Oliveira (2005), p. 386, nota 1.
13 IBGE – Online. Acesso em 28 de dezembro de 2001.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
206
Tabela 4
Diversos Países
Taxas básicas de juros reais
2004
Países Turquia Brasil “Países Emergentes” Países Ricos
Taxa (%) 14,8 9,3 2,7 0,3
Fonte: Global Invest.
21 O investimento depende da comparação entre a taxa real de juros e a eficiência marginal do capital. Esta
última funciona, grosso modo, como uma taxa interna de retorno, ou seja, quanto o empresário capitalista ganha
na diferença entre o pagamento de juros de financiamento e a receita de seus negócios.
22 IEDI, O sol e a peneira, 30 de novembro de 2005.
23 “paloccismo radical” é uma forma grave e crônica de transformismo onde os problemas de uma economia
capitalista semiperiférica são metamorfoseados em virtudes. Onde medidas ortodoxas ditas como emergenciais
são transformadas em permanentes.
24 Transformismo refere-se ao processo de adesão (individual ou coletiva) ao bloco histórico dominante, por
parte de lideranças e/ou organizações políticas dos setores subalternos da sociedade, com o abandono de suas
antigas concepções/posições políticas. Fonte: FILGUEIRAS & GONÇALVES, 2007, p. 250.
25 Folha de São Paulo, 08 de dezembro de 2005.
209 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
em torrentes de produção e nunca o contrário. Keynes propôs a socialização dos investimentos sob o controle
do Estado. Ninguém deveria denominar-se keynesiano sem entender a filosofia social da Teoria Geral.
211 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Tabela 5
Brasil
PAC - Investimento em infra-estrutura
Bilhões de reais
2007-2010
Eixo de Planejamento Valores distribuídos
Logística (sobretudo transportes) 58,3
Orçamento da União 33,3
Estatais, federais e de demais fontes 25,3
Energia 274,8
Orçamento da União -
Estatais, federais e de demais fontes 274,8
Infra-estrutura social 170,8
Orçamento da União 34,8
Estatais, federais e de demais fontes 136,0
Total do PAC 503,9
Orçamento da União 67,8
Estatais, federais e de demais fontes 436,1
Fonte: Programa de Aceleração do Crescimento/PAC – 2007-2010.
Soviética. O primeiro plano qüinqüenal começou em 1929, em um momento histórico de muita gravidade para a
economia capitalista mundial, ou seja, enquanto a URSS iniciava sua planificação econômica, o resto do mundo
embarcava na Grande Depressão. De 1929 até 1939, enquanto as economias de mercado tentavam sair do
fundo do poço, a produção industrial soviética cresceu de 5% no total mundial em 1929 para 18% em 1938.
Fonte: HOBSBAWM, 1995.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
212
Tabela 6
Brasil
Plano de Metas: Previsão e resultados
1957-1961
Especificação Previsão Realizado %
Energia Elétrica (1000 Kw) 2000 1650 82
Carvão (1000 toneladas). 1000 230 23
Petróleo-Produção (1000 96 75 76
barris/dia)
Petróleo-Refino (1000 200 52 26
barris/dia)
Ferrovias (1000 km) 3 1 32
Rodovias-Construção (1000 13 17 138
km)
Rodovias-Pavimentação 5 - -
(1000 km)
Aço (1000 toneladas) 1100 650 60
Cimento (1000 toneladas) 1400 870 62
Carros e Caminhões (1000 170 133 78
unidades)
Nacionalização (carros) (%) 90 75 -
Nacionalização (caminhões) 95 74 -
(%)
Fonte: ORENSTEIN & SOCHACZEWSKI (1992), p. 180
36 O Plano de Metas foi proposto pelo Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira no período de 1956 a 1961.
O Plano tinha 31 metas, com a meta-sintese sendo a construção de Brasília. No período em questão o PIB
aumentou à taxa anual de 8,2%, o que acarretou um crescimento de 5,1% na Renda per capita. Por sua vez, a
taxa de inflação interna manteve-se elevada durante todo governo do Presidente Juscelino, este fato provocou
uma redistribuição de renda dentro da economia, pois os salários aumentavam em um ritmo mais lento do que
os preços e do que outras rendas. Fontes: LESSA, 1981 e LAFER, 1970.
37Pontos de germinação
38 Demanda Derivada
213 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
39 Fonte: Tabela 5
40 Este trabalho prefere não citar nomes, mas sugere um esforço simples da memória dos leitores para os vários
membros de diversos governos que vieram e/ou voltaram para o setor financeiro.
41 Em entrevista a Revista Época o ministro Guido Mantega nega ter enfrentado problemas com a dupla
Palocci- Meirelles e afirmaque concorda com a política econômica de todo o período 2003-2011. Afirma que
deixou claras as divergências com Meirelles, mas não conspirou contra o colega. Chega a ser suave quando
fala de Palocci, mas se irrita quando lembrado de que só é rapidamente citado em apenas seis das 254 páginas
do livro do desafeto. Parece que a institucionalização do Partido dos Trabalhadores foi completa. Fonte:
ÉPOCA, Nº 713, 16 de janeiro de 2012. pp. 32-49.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
214
42 De público o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o Presidente do Banco Central Henrique
Meirelles divergiram. O Presidente Luiz Inácio argumentava, com acerto, que já se estava ocupando toda
capacidade instalada e que era necessário baixar os juros para estimular os empresários a expandir a
capacidade, o que viria a auxiliar no controle inflacionário. Enquanto o Presidente do BACEN repetia a avaliação
do Copom de que era tarefa do Banco Central agir sempre de maneira preventiva e prudencial.
43Comitê de Política Monetária. Sistema de metas para a inflação. Ata da 130ª Reunião, p.1. Acesso em 27 de
dezembro de 2011.
44 A imagem da taxa de juros orientando as mercadorias não deixa de ser intrigante, apesar de extremamente
hilariante. Seguramente, “Dona” taxa de juros, esta Dama tão sensível, levaria todas as mercadorias, com seus
valores de uso e valores de troca para um precipício, tudo por amor ao capital fictício.
215 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Do que foi dito acima não se deve concluir que o PAC não tenha
desempenhado nenhum papel no crescimento do Produto entre 2008 e
2010. O Programa deu importante contribuição como mecanismo
keynesiano tradicional e já testado em diversas condições históricas. É
evidente que gastos na ordem de 256 bilhões de reais 45 reanimam a
economia e é exatamente isto que o governo deve fazer sempre, apenas
como cumprimento de dever. Aqui, também, o investimento privado
aparece de imediato na forma de contratos públicos, para em seguida
aparecer em outras formas.
Tabela 7
Brasil
PAC – Balanço
Bilhões de reais
2007-2009
Eixo de Planejamento Realizado
Logística (sobretudo transportes) 40,5
Energia 72,4
Infra-estrutura social 144,0
Total do PAC 256,9
Fonte: Programa de Aceleração do Crescimento/PAC – Balanço de três
anos.
45Fonte: tabela 32
46 São 12,4 milhões de famílias que passam a consumir e acionam os mecanismos propagadores da demanda
agregada.
47Fonte: tabela7
48Fonte: tabela7
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
216
Tabela 8
Brasil
Bolsa-Família
2003-2009
49 Fonte: IPEADATA
50 Fonte: Tabela 9
217 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Tabela 9
Brasil
Indicadores de Salários e Consumo das Famílias
(Variação Anual em %)
2003-2008
Ano Variação percentual Rendimentos Massa Real de Consumo das
real do Salário Mínimo Médios Reais (%) Rendimentos (%) Famílias (%)
2003 1,23 - 5,1 -7,8 - 0,7
2004 1,19 0,2 3,6 3,8
2005 8,23 2,4 5,7 4,5
2006 13,04 4,4 4,7 5,3
2007 5,10 3,6 6,4 6,3
2008 4,03 4,0 7,3 7,1
2009 5,79 2,4 2,3 4,1
Fonte: IPEADATA apud Mercadante, 2010. Elaboração do Autor
Tabela 10 (35)
Variação na população por classes de rendimentos
Brasil
Variação na 2008-2003 2008-2007
população
Classe E (19.458.924,00) (3.798.432,00)
Classe D (1.485.360,00) (899.594,00)
Classe C 25.890.892,00 5.285.627,00
Classe AB 6.095.662,00 1.680.397,00
Fonte: Néri (2009)
Nota: os valores entre parênteses indicam redução.
51 Fonte: IBGE. Contas Nacionais e Pesquisa Industrial Anual (PIA) Método de aferição: BARBOSA (2001)
219 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Tabela 11
Brasil
Participação dos Grandes
Bancos Privados (a) no PIB (%)
Períodos selecionados
Ano 1995-1998 1999-2002 2003-2006
Ativo/PIB 11,6 12,2 19,3
Patrimônio Líquido/ PIB 1,4 1,9 2,2
Fonte: Filgueiras& Gonçalves (2007).Elaboração do Autor
Nota: (a) Inclui Bradesco, Unibanco e Itaú
52A tabela é muda, isto é, não fala, nem mesmo quando perguntada.
53Fonte: tabela 37
54Fonte: tabela 34
55Fonte: tabela 37
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
220
56Nos anos oitenta acumularam-se saldos de 86 bilhões de dólares, com média de 12,4 bilhões. Nos anos dez
do atual século o total ultrapassou 300 bilhões de dólares, a uma média de 30 bilhões de dólares.
221 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Tabela 13
Brasil
Evolução das Exportações por fator agregado
2002-2006
Base: 1996
Período Exportações Totais Produtos básicos Produtos Produtos manufaturados
semimanufaturados
Preços Quantum Preços Quantum Preços Quantum Preços Quantum
2002 77,9 162,3 65,5 217,6 74,9 139,0 82,9 150,8
2003 81,5 187,8 72,3 246,2 83,4 152,5 82,4 182,3
2004 90,3 223,8 85,6 280,1 95,5 163,4 87,2 229,8
2005 101,3 244,7 97,8 298,5 106,8 173,6 96,7 255,1
2006 113,9 252,8 106,9 316,5 126,1 179,7 108,6 260,5
Variação 46% 56% 63% 45% 68% 29% 31% 72%
Fonte: IPEADATA
Tabela 14
Brasil
Balança Comercial (Total e Agrícola)
(Bilhões de Dólares)
2003-2009
Ano Exportações Importações Razão Saldo Comercial
Agrícolas (XA) Agrícolas (MA) XA/MA
2003 30,6 4,7 6,51 25,9
2004 39,0 4,8 8,12 34,2
2005 43,6 5,1 8,55 38,5
2006 49,5 6,7 7,45 42,8
2007 58,4 8,7 6,71 49,7
2008 71,8 11,8 6,08 60,0
2009 64,8 9,8 6,61 54,9
Ano Exportações Importações Razão Saldo Comercial
Totais (XT) Totais (MT) XT/MT
2003 73,2 48,3 1,51 24,9
2004 96,7 62,9 1,54 33,8
2005 118,5 73,6 1,61 44,9
2006 137,8 91,3 1,51 46,5
2007 160,6 120,6 1,33 40,0
2008 197,9 173,1 1,14 24,8
2009 152,2 126,9 1,20 25,3
Fontes: Funcex e BCB apud Mercadante, 2010, pp. 80-81 e Ministérioda
Agricultura, Pecuária e Abastecimento apud Mercadante, 2010, p. 168.
Elaboração do Autor.
57 Este é um conceito fundamental, isto é de que as exportações pagam as importações. Na verdade, exportar é
gerar recursos para importar. Assim pensavam os economistas clássicos. É claro que há mais complexidade no
comércio internacional do que supõemodelo ricardiano, mas ajuda muito pensar neste intercâmbio como um
trade-off.
58 Esta relação entre exportação e importação com 60% de saldo significou em 2005 um “lucro” de exportação
de 45 bilhões de dólares.
59 As razões 1,14 e 1,20 correspondem a saldo de quase metade daquele obtido em 2005, ou seja, 25 bilhões
de dólares.
60Por reprimarização da economia se entende o aumento relativo das receitas de exportação (preço x quantum)
de bens primários frente ao declínio negativo das receitas de exportação de bens industriais. É uma discussão
que deve ser feita com cuidado e rigor. Deve ser devidamente contextualizada. Por sua vez, não é um problema
apenas de oferta, mas também de demanda (aqui, também, a demanda comanda a oferta), é claro que para
exportar bens primários o país precisa tê-los ou ter os recursos necessários para produzi-los.
223 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Tabela 15
Brasil
Razão das Exportações Agrícolas (XA)
Sobre as Exportações Totais (XT) em (%)
2003-2009
Ano Exportações Agrícolas (XA)/ Exportações Totais (XT)
2003 41,80
2004 40,33
2005 36,79
2006 35,92
2007 36,36
2008 36,28
2009 42,57
Fontes: Tabela 14
61É um termo geral que se aplica às situações de forte apreciação cambial decorrentes de grandes saldos na
balança comercial, que são causadas, principalmente, pelo crescimento extraordinário da quantidade exportada
ou do preço de commodities de exportação. A origem do nome deve-se a um fenômeno ocorrido na Holanda
quando da descoberta de grandes reservas de gás natural. O aumento da exportação do produto causou forte
apreciação da moeda doméstica, perda de competitividade industrial e conseqüente desindustrialização.
62 O PIB chinês cresceu a uma média de 10% entre 1999 e 2008, segundo informação do Fundo Monetário
aumentou para 16,4 bilhões de dólares, isto corresponde a um aumento de aproximadamente 24 vezes. A
voracidade do crescimento chinês e o tamanho de sua sociedade e de sua economia têm potência de absorver
toda produção primária, mesmo de um país do porte doBrasil. Fonte: MDIC/Secex.
Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
224
agregação de alto valor nos citados produtos. Não há como supor muito
valor agregado em “cereais, farinhas e preparações” e mesmo que
houvesse seu peso é de 3,1%, enquanto “fibras e produtos têxteis”
apresentam-se com percentual de 2,2%. O “complexo da soja” representa
25%,ou seja, ¼das exportações brasileiras. Os cinco primeiros itens da
pauta correspondem a 76% do total, ou seja, ¾ das exportações. O café,
que ajudou tanto, mas também criou inumeráveis problemas, ainda
contribui com 6,6% e é o quinto produto da pauta.
Segundo Mercadante (2010, p. 169) os setores “complexo da soja”,
“carnes” e “sucroalcooleiro” contribuíram com 75% do aumento das
exportações brasileiras no período de 2003 a 2008. Por sua vez, a economia
brasileira ocupa a primeira posição mundial na produção de açúcar 64,
café e suco de laranja. Nesta mesma direção somos os principais
fornecedores mundiais dos três produtos citados acima acrescidos de mais
dois: “carne bovina” e “carne e aves”.
Tabela 16
Brasil
Participação dos Principais Exportáveis
2008
Principais Produtos Valor (US$) (%)
Complexo da Soja 17.980.184.191 25,0
Carnes 14.545.483.709 20,3
Produtos florestais 9.326.148.932 13,0
Complexo Sucroalcooleiro 7.873.074.318 11,0
Café 4.763.068.651 6,6
Couro, Produtos de Couro, e peleteria 3.140.208.311 4,4
Fumo e seus produtos 2.752.032.482 3,8
Cereais, farinhas e preparações 2.206.966.200 3,1
Sucos de frutas 2.151.782.905 3,0
Fibras e produtos têxteis 1.587.383.802 2,2
Demais produtos 5.480.133.717 7,6
Total 71.806.467.218 100,0
Fonte: SECEX/MDCI apud Mercadante, 2010, p. 169
64Gilberto Freyre ficaria feliz em saber que além de adoçar o mundo atlântico o “ouro branco” adoça o mundo
todo.
225 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Tabela 17
Brasil
Estrutura das Exportações Brasileiras
Por Segmentos de Intensidade Tecnológica
(Totais e de Produtos Industriais)
(Percentual)
Exportações Brasileiras de Produtos 2002 2008 Variação 2008/2002
Industriais
Alta tecnologia 12,20 8,11 - 33,52
Baixa tecnologia 39,32 36,22 - 7,88
Média-alta tecnologia 26,59 28,28 6,36
Média-baixa tecnologia 21,89 27,39 25,13
Total 100,00 100,00 -
Exportações Brasileiras Totais 2002 2008 Variação 2008/2002
Indústria de alta tecnologia 9,83 5,81 - 40,89
Indústria de baixa tecnologia 31,70 25,96 - 18,10
Indústria de média-alta tecnologia 21,43 20,27 - 5,40
Indústria de média-baixa tecnologia 17,64 19,64 11,33
Produtos Não-industriais 19,40 28,32 45,98
Total 100,00 100,00 -
Fontes: MDIC apud Mercadante, 2010, pp. 163 eIBRE/FGV apud
Mercadante, 2010, pp. 162.Elaboração do Autor
65 Os produtos de média-baixa tecnologia que cresceram 25,13% são todos próprios da Segunda Revolução
Industrial ou anterior a esta. Enquanto os itens de média-alta tecnologia que aumentaram apenas em 6,36% são
quase todos,também, da Segunda Revolução Industrial, com exceção de três itens que envolvem informática
elementar, eletrônico e engenharia de medicina no total de média-alta tecnologia correspondem a irrisórios
2,2%.
227 Revista de Economia Política e História Econômica, número 31,Janeiro de 2014.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Paulo Roberto de. Uma frase (in) feliz?: o que é bom para os EUA,
é bom para o Brasil? Colunas do RelNet, janeiro de 2003. Disponível em:
http://www.relnet.com.br/pgn/colunaaj132.lasso. Acesso em 03 de
outubro de 2011.
________________________________________________________. Estatística de
Patentes registradas e de artigos publicados em periódicos internacionais.
Disponível em: www.mct.gov.br . Acesso em 14 de setembro de 2001.
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