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Laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária

Aula 3 - Teste de coagulação e floculação (Jar test)

Gandhi Giordano, D.Sc.


Engenheiro Químico

Professor Titular do Departamento de Enga Sanitária e Meio


Ambiente da FEN/ UERJ (2021.1)

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Teste de coagulação e floculação - Objetivos

• Verificar por meio de análise prévia a viabilidade do teste de


coagulação e floculação (Jar test) – Verificar se a mostra tem
turbidez;
• Definir necessidade de correção prévia ou posterior do pH;
• Definir os tipos e as concentrações dos coagulantes a serem
dosados;
• Definir os tipos e as concentrações dos floculantes a serem
dosados;
• Obter a concentração e o volume de lodo gerado;
• Obter a amostra da água ou efluente clarificado para análises;
• Calcular o consumo de produtos químicos na ETA ou na ETEI.

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Coagulação

A coagulação resulta de dois fenômenos:


O primeiro de caráter químico consiste nas reações do coagulante com a
água e a formação de espécies hidrolisadas com carga positiva.
Dependem da concentração do Metal usado para coagulação e faixas de
pH.
O segundo de caráter físico consiste no transporte das espécies
hidrolisadas para que haja contato com as partículas coloidais da água ou
do efluente.

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Coagulação

As partículas coloidais são desestabilizadas após a adição e


homogeneização.

Neste momento ocorre a reação do sal de alumínio ou de ferro com a


alcalinidade da água que assim produzem hidróxidos na forma de flocos.

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Coagulação – Tamanho e forma física
das partículas na água.

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Coagulação

A maior parte das partículas e das substâncias húmicas possui superfície


carregada eletricamente, geralmente negativa e resultam de três
fenômenos.
1 – substâncias constituintes da superfície sólida podem, ao reagir com a
água, receber ou doar prótons:

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Coagulação

Substâncias orgânicas contendo grupos carboxílicos e amina podem reagir


da seguinte forma:

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Coagulação

Nessas reações, a carga superficial depende da


concentração de prótons (H+ ) ou do pH da
água. Com o aumento do pH, diminui a
concentração de prótons e o equilíbrio das
reações acima se desloca para liberação de
prótons e a molécula orgânica torna-se mais
negativa. Geralmente, grupos carboxílicos e
amina apresentam-se negativos para valores de
pH maiores que 4

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Coagulação

2 - grupos superficiais podem reagir na água com


outros solutos além de prótons (por exemplo,
considerando a sílica como óxido representativo):

SiOH + Ca2+ ↔ SiOCa+ + H+

A formação de complexos envolve reações


químicas específicas entre grupos da superfície da
partícula e solutos adsorvíveis (íons fosfato, por
exemplo) e dependem do pH.

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Coagulação

3 - imperfeições na estrutura da partícula


(substituição isomórfica) são responsáveis por
parcela substancial da carga das argilas
minerais; tipicamente, plaquetas de sílica
tetraédrica são cruzadas por plaquetas de
alumina octaédrica, de modo que, se um átomo
de silício é substituído por um de alumínio
durante a formação da plaqueta, resulta carga
superficial negativa.

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Coagulação

De forma semelhante, um cátion divalente, como


Mg2+ ou Fe2+, pode substituir um átomo no óxido de
alumínio da estrutura octaédrica, resultando carga
superficial negativa. O sinal e a magnitude da carga
resultante de tais substituições isomórficas são
independentes das características da fase aquosa,
após a formação do cristal.
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Coagulação

Alcalinidade de uma água é a sua capacidade


quantitativa de neutralizar um ácido forte, até
um faixa pH. A alcalinidade é devida
principalmente à presença de bicarbonatos,
carbonatos e hidróxidos.

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Coagulação

Se a água não tiver alcalinidade suficiente,


pode-se adicionar hidróxido de cálcio ou
carbonato de sódio para que ocorra a
coagulação

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Coagulação

Representação da reação química:

Al2(SO4)3 .14 H2O + 3Ca(HCO3)2 → 2Al(OH)3  + 3CaSO4 + 14H2O + 6CO2

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Coagulação
Esquema da reação com alumínio:

Al2(SO4)3 .14 H2O + 3Ca(OH)2 → 2Al(OH)3  + 3CaSO4 + 14H2O

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(Giordano e Surerus, 2015)
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Coagulação

O controle da faixa de pH para dosagem de


alumínio, entre 7,0 e 7,5, é necessário devido a
seu caráter anfótero. O alumínio com
concentrações superiores a 0,2 mg/L causa
toxicidade a organismos aquáticos, sendo por
isso necessário o controle do pH no tratamento.

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Coagulação

No caso de sais de ferro, são utilizados o sulfato


ferroso, sulfato férrico e cloreto férrico.

Tanto os íons alumínio, ferroso e férrico


destroem a camada de solvatação das
partículas coloidais pelo efeito eletrostático. No
caso da utilização dos sais de ferro, ocorre, em
paralelo, a reação deste sal com a alcalinidade
da água, formando os hidróxidos de ferro que
arrastam as partículas coaguladas por aumento
de tamanho ou densidade.
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Coagulação
No caso do sulfato ferroso é necessária uma
faixa de pH em torno de 9,5 e que haja
presença de oxigênio dissolvido para que ocorra
a oxidação do íon ferroso a íon férrico, gerando
hidróxido férrico, conforme a equação.

2FeSO4. 7H2O + 2Ca(OH)2 + ½ O2 → 2Fe(OH)3  + 2CaSO4 + 13H2O

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Coagulação

A reação de coagulação do sulfato férrico, na


presença de alcalinidade, está descrita a seguir:

Fe2 (SO4)3 + 3Ca(HCO3)2 → 2Fe(OH)3  + 3CaSO4 + 6CO2

Se não houver a alcalinidade natural, esta pode ser


adicionada e a reação ocorre em uma ampla faixa de
pH que varia de 4 a 12.

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Coagulação

As reações do íon férrico, associado aos íons


cloreto ou sulfato, ocorrem com a alcalinidade
de bicarbonato ou de hidróxido, em uma ampla
faixa de pH que varia de 4 a 12, conforme a
reação:

2FeCl3 + 3Ca(HCO3)2 → 2Fe(OH)3  + 3CaSO4 + 6CO2

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Coagulação

A reação química da alcalinidade de hidróxidos


está apresentada:
2FeCl3 + 3Ca(OH)2 → 2Fe(OH)3  + 3CaCl2

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(Giordano e Surerus, 2015)
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Coagulação

Os coagulantes de sais de alumínio e de ferro


são de reação ácida, por isso reduzem o pH ao
retirarem a alcalinidade da água ou efluente.

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Floculação

Emprega-se a técnica de floculação nos


processos de tratamentos químicos, imprimindo
a água ou ao efluente previamente coagulado,
um movimento lento, a fim de proporcionar
encontros entre as partículas menores para
formar agregados maiores ou flocos,
favorecendo sua remoção por sedimentação,
flotação ou filtração direta.

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Floculação

A floculação, auxiliada por polímeros, garante a


estabilidade dos flocos no processo de
separação de fases, sedimentação ou flotação.
Os polímeros sintéticos e naturais são
empregados também, com o objetivo de
aumentar a velocidade de sedimentação dos
flocos, reduzir a ação das forças de
cisalhamento e aumentar as forças atuantes nos
flocos presentes no manto de lodo.
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Floculação

A escolha do polímero depende da sua massa


molecular, densidade da carga, dosagem
requerida e do tamanho e distribuição de
tamanho das partículas. O que só pode ser
definido em testes de coagulação e floculação
(Jar Test), em escala de laboratório.

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Jar Test

Sempre que for iniciar o processo físico-químico


deve ser realizado o Ensaio de "Jar Test",
através do qual é possível verificar o consumo
de produtos químicos e a faixa ideal de pH para
que se tenha o melhor desempenho do sistema.

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Jar Test

O teste divide-se em etapas, nas quais são


variadas as concentrações de uma das
substâncias, enquanto são fixadas as melhores
dosagens das substâncias das outras etapas.

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Jar Test
Primeira etapa – ajuste de pH (álcalis ou ácido
concentrado)

1. Homogeneizar a amostra e ajustar o pH. O valor do pH é


determinado pela concentração necessária de coagulante a
ser adicionado. A faixa de pH inicial é de 7,0 a 9,0;
2. O pH final deve ser compatível com o pH da precipitação do
coagulante;

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Jar Test
Segunda etapa – adição do coagulante (ex.: Al2 (SO4)3 – 1
a 5%)

3. Homogeneizar a amostra com pH já ajustado;


4. Colocar 1 litro de amostra em cada béquer;
5. Ligar a agitação rápida do aparelho (100 a 120 rpm);
6. Adicionar volumes crescentes do coagulante em cada
béquer;
7. Reduzir a velocidade de agitação, para a faixa de 30 a 40
rpm, mantendo-a por tempo de 20 a 30 minutos;
8. Manter os béqueres em repouso por 30 minutos para
separação das fases líquida e sólida;
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Jar Test

9. Escolher visualmente a amostra que apresente a


melhor floculação e sedimentação com menor
consumo de coagulante; em caso de dúvida, confirmar
pela determinação de turbidez;

10. Se o béquer com a concentração extrema do


coagulante for o que apresentar melhor resultado,
repetir a etapa com uma nova faixa de concentração
na qual a anterior será a concentração média;

11. Medir o pH no final dos testes em todos os béqueres;


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Jar Test

Terceira etapa – adição de alcalinizante


(Ex.: Ca(OH)2 – 1%)

Esta etapa é aplicada sempre que houver necessidade


de correção do pH para conformidade da mistura com a
curva de solubilidade do metal coagulante utilizado.

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Jar Test

12. Colocar 1 litro da amostra homogeneizada em cada


béquer;

13. Ligar a agitação rápida do aparelho (100 a 120


rpm);
14. Adicionar a melhor dosagem do coagulante
escolhido na segunda etapa em todos os béqueres;

15. Adicionar volumes crescentes do alcalinizante em


cada béquer;

16. Repetir os procedimentos da segunda etapa;


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Quarta etapa – adição de polieletrólito auxiliar de
floculação

As concentrações das suspensões de polieletrólito


catiônico ou aniônico a serem aplicadas devem se situar
na faixa de 0,05 a 0,1%. Estes polieletrólitos são
largamente utilizados em tratamento de efluentes, sendo
restrito o seu uso em tratamento de águas potáveis.

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Jar Test

17. Colocar 1 litro da amostra homogeneizada em cada


béquer;

18. Ligar a agitação lenta do aparelho (30 a 40 rpm);

19. Adicionar as melhores dosagens do coagulante e


alcalinizante (se necessário) escolhidos nas
segunda e terceira etapas, em todos os béqueres;

20. Adicionar volumes crescentes do polieletrólito em


cada béquer;
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Jar Test

É importante que ocorra a


homogeneização constante
para dosagem do coagulante,
isto colabora para uma melhor
eficiência na coagulação.

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Jar Test

Após a adição do
coagulante e do
floculante, será
possível visualizar
os flocos formados,
que sedimentarão
formando a fase
sobrenadante e a
parte coagulada
sedimentadada.
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Béquer durante a floculação

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Aparelho de Jar Test do LES/ UERJ

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Tratado
com Al3+

Água utilizada na
lavagem de veículo

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Tratamento com Cloreto Férrico e adição de
polieletrólito

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