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UNIVERSIDADE POTIGUAR
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
ÁREA CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Jéssika Brunna Rodrigues da Silva


Lívia Lais Silva Lopes

O CRAS e sua relação com as famílias em acompanhamento

Currais Novos - RN
2021
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1. JUSTIFICATIVA
Esse projeto de pesquisa tem o intuito de conhecer as perspectivas das famílias
acompanhadas pelo Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) Dra. Fatima
Barbosa, localizado em currais novos - RN, segundo a lei nº 8.742, de 7 de dezembro
de 1993, o CRAS é localizado em áreas de maior vulnerabilidade e risco social, com
o intuito de acompanhar as famílias que vivem nessas condições, é considerado a
porta de entrada do suas. Sendo assim é uma unidade que possibilita o acesso de
um grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social, no
entanto nosso maior interesse é conhecer de forma interventiva a realidade e as
dificuldades das famílias assistidas.
Foi observada no CRAS a alta demanda das famílias em busca dos recursos
básicos que são ofertados para suprir suas necessidades, o que poderiam ser
supridos com benefícios eventuais como o de cestas básicas e aluguel social,
benefício de prestação continuada (BPC) e benefícios de transferência de renda. Foi
visto também que durante o período de pandemia essas demandas duplicaram visto
que a vulnerabilidade aumentava diante as complicações trazidas pelo covid-19.
Na constituição federal de 1988, chamada de constituição cidadã, no artigo
226, diz: “a família, é base da sociedade, e tem especial proteção do estado”. O
trabalho social com as famílias é de suma importância para o enfrentamento das
expressões da questão social, de acordo com Romagnoli, desde os anos 90 a família
é considerada elemento central na doutrina de proteção social, mas essa centralidade
possui o paradoxo de garantia de direitos versus responsabilização. Ou seja, a família
é, ao mesmo tempo, o fundamento da sociedade e como tal deve ser protegida pelo
estado, como portadora de direitos e alvo das políticas públicas, e, por outro lado é
também detentora de responsabilidades, é responsabilizada, ao lado da sociedade e
do estado, pela proteção à infância e à adolescência e ao idoso.
Sendo uma pesquisa de suma importância para o fortalecimento de vínculos,
pretendemos conhecer como funciona a relação das famílias com o CRAS e o seu
desenvolvimento, como podemos atuar na política do território de vulnerabilidade e na
busca de estratégias para minimizar os riscos sociais causados pelas desigualdades,
como também na garantia dos direitos sociais que por muitas vezes é de difícil
acesso.
2. OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
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● Analisar o perfil socioeconômico;


● Identificar os vínculos familiares;
● Conhecer o trabalho com as famílias atendidas pelo Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS) Dra. Fatima Barbosa em
Currais Novos - RN.

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

● Analisar o perfil dos usuários do cras de maneira qualificada, em busca


do fortalecimento de vínculos, contribuindo com as ferramentas das
ações profissionais.
● Realizar ações que permitam ao usuário ou pôr em prática, para tornar
mais fortes suas relações no âmbito da família.
● Identificar o trabalho social com famílias do PAIF, materializar por meio
de ações que convergem para atender determinado objetivo.

3. Referencial Teórico

A implementação das políticas neoliberais desenvolvidas na América Latina durante


os anos 1980 e 1990 foram assinaladas por três termos recorrentes: pobreza, família
e vínculo. Este período foi marcado por transformações na forma como eram
delineadas as redes de proteção social (DE MARTINO, 2015).
Não se pode falar apenas sobre família, mas famílias, para que se possa tentar
considerar a diversidade de relações que convivem na sociedade. Por consequência,
o trabalho com famílias tem se constituído numa fonte de ansiedade para os
profissionais que trabalham na área, tanto pela atualidade como pela complexidade
do tema. Segundo Mioto (2004), a discussão envolve inúmeros aspectos como as
diferentes configurações familiares, as relações que a família vem estabelecendo com
outras esferas da sociedade, tais como Estado, sociedade civil e mercado e os
processos familiares. Além destes, estão envolvidos os aspectos inerentes à própria
história e o desenvolvimento das profissões que atendem a esse campo. No Brasil,
segundo Pereira (2006) “a instituição familiar sempre fez parte integral dos arranjos
de proteção social”. Para ela “os governos brasileiros sempre se beneficiaram da
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participação autonomizada e voluntarista da família na provisão do bem-estar de seus


membros”. (p.29).
O conceito de família na constituição vigente, em seu artigo 226, §§ 3º e 4º,
abrange diversos arranjos: como a união formada por casamento; a união estável
entre homem e mulher e a comunidade formada por qualquer um dos genitores. Na
(PNAS/2004, p.41) a família é entendida como “um conjunto de pessoas que se
acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e, ou, de solidariedade”.
Este modelo protetivo denominado 'neoliberalismo familiarista’ por De Martino
(2001) apud Mioto (2008,p.139), compreende que a proteção social cabe
preferencialmente à família e que o Estado pode reduzir os serviços públicos
enquanto proteção. Tal modelo ancora-se no discurso (ideológico) recorrente de
apelo ao solidarismo e ao voluntarismo do mercado, da família e da sua rede de
sociabilidade, que enquanto parceiros contribuem para a “redução” do papel protetivo
do Estado na garantia dos direitos sociais. E à medida que delega à família em
primeira instância a proteção de todos os seus membros. Leva-nos a recorrer às
análises de Sunkel(2006) , Mioto(2008) e Saraceno (1997) a respeito do papel da
família no modelo protetivo, que quando ela é o pilar central da proteção social,
denomina-se modelo familista .
As famílias passaram a se enxergar como responsáveis pela ordem e pelo
desenvolvimento do Estado, identificando-se política, econômica e socialmente
com ele. As relações intrafamiliares foram alteradas a fim de produzir uma
organização familiar tutelada pelo Estado e que consolida o projeto burguês de
desenvolvimento.

4. REFERÊNCIA
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ROMAGNOLI,Roberta Carvalho; As relações entre as famílias e a equipe do CRAS;

CASTILHO E CARLOTO; Cleide de Fátima Viana,Cássia Maria; O familismo na


política de Assistência Social: um reforço à desigualdade de gênero?; Universidade
Estadual de Londrina, 24 e 25 de junho de 2010

SOUZA, SILVA; Patricia de Lourdes P, Iliane Medeiros Santos da Silva; FAMÍLIA E


ASSISTÊNCIA SOCIAL: Desafios e Reflexões; Centro Universitário para o
Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS, aprovada pelo Conselho


Nacional de Assistência Social por intermédio da Resolução nº 145, de 15 de outubro
de 2004, e publicada no Diário Oficial da União- DOU do dia 28 de outubro de 2004.

AMORIM, Francismare Oliveira; Política Social e Familismo: tendências ao reforço da


desigualdade de gênero (?); Universidade Católica do Salvador | Anais da 22ª
Semana de Mobilização Científica - SEMOC | 2019

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