Você está na página 1de 43

AULA nº 06

Intemperismo e erosão – Parte


1

Prof. Dr. Ivo Diego de L. Silva


Introdução

Todas as rochas –mesmo aquelas que, por serem muito duras, parecerem indestrutíveis,
assim como automóveis antigos que enferrujam e jornais velhos que ficam amarelados,
também podem enfraquecer-se e esfacelar-se quando expostas a águas e aos gases da
atmosfera.

Entretanto, diferentemente dos automóveis e dos


jornais, as rochas podem levar milhares de anos
para se deteriorar.
Intemperismo
O processo de degradação das montanhas é conhecido por intemperismo:

O intemperismo é o processo geral pelo qual as rochas


são destruídas na superfície da Terra. O intemperismo
produz todas as argilas, todos os solos e as substâncias
dissolvidas e carregadas pelos rios para os oceanos. As
rochas meteorizam-se de dois modos, pelo
intemperismo químico e físico.
Intemperismo e erosão
Depois que os processos tectônicos e vulcânicos formaram as montanhas, a decomposição
química e a fragmentação física, Juntamente com a chuva, o vento, o gelo e a neve,
desgastam essas regiões elevadas.

A erosão é o conjunto de processos que desagregam e transporta o solo e rochas morro


abaixo ou na direção do vento. Esses processos transportam o material alterado da
superfície da Terra de um local e depositam-no em outro lugar.

Como é erosão move material sólido alterado, novas porções de rocha fresca inalterada
vão sendo expostas ao intemperismo
Intemperismo e erosão

Intemperismo e erosão são processos geológicos


importantes no ciclo das rochas e nos sistemas
da Terra.

Juntamente com a tectônica e o vulcanismo, o


intemperismo e a erosão modelam a superfície
terrestre e altera os materiais rochosos,
convertendo rochas ígnea, bem como as demais,
em sedimentos se formando solos.
Intemperismo e erosão

De certa forma, intemperismo e a erosão são


inseparáveis.

Quando rochas como calcário puro ou as rochas


evaporíticas são alteradas pela chuva, por
exemplo, todo material é completamente
dissolvido e levado pela água como íons em
solução. O material do intemperismo químico
constitui-se no principal aporte de matéria
dissolvida nos oceanos.
Velocidade do intemperismo

• Todas as rochas alteram-se, mas a maneira e a taxa em que isso acontece é variável.

• Os quatro fatores que controlam a desintegração e a decomposição das rochas são as


propriedade da rocha matriz, o clima, a presença ou a ausência de solo e o tempo de
exposição das rochas a atmosfera.
Propriedades da rocha-matriz

A natureza da rocha matriz controla o intemperismo porque os minerais alteram se com


taxas diferentes e a estrutura das rochas e influencia sua suscetibilidade de fraturar-se e
fragmentar-se.

• As propriedades físico-químicas, como, solubilidade e dureza, das rochas podem


influenciar na taxa do intemperismo.

• Estrutura da rocha afeta o intemperismo físico, ou seja, rochas maciças não tem
planos de fraqueza que contribui para o faturamento ou fragmentação. Ao contrário de
um folhelho – rocha sedimentar que se rompe facilmente ao longo dos planos de
acamamento – quebra se em pequenos pedaços facilmente.
Propriedades da rocha-matriz

Rocha maciça Folhelho


Propriedades da rocha-matriz
Clima: chuva e temperatura

As taxas de intemperismo, tanto químico como físico, variam não apenas devido às
propriedades da rocha, mas também por causa do clima – a quantidade de chuva e a
temperatura.

Altas temperaturas e chuvas intensas aumenta a taxa de crescimento de organismo e,


assim, promovem o intemperismo químico. O frio e aridez, por seu turno, impede esse
processo.
Presença ou ausência de solo

O solo, um dos nossos mais importantes recursos naturais, é composto por fragmentos de
rocha, argilominerais formados pela alteração química dos minerais da rocha matriz e pela
matéria orgânica produzida por organismos que nele vivem.

Embora o solo de um produto intemperismo, sua presença ou ausência pode afetar o


intemperismo químico e físico dos materiais.

Exemplo: um prego antigo que foi enterrado no solo, torna-se tão enferrujado que você
pode quebrá-lo como se fosse um palito de fósforo. Já um prego arrancado da madeira de
uma casa centenária poderá estar ainda bem resistente, embora coberto por uma fina
película de ferrugem.
Presença ou ausência de solo

Da mesma forma, mineral de um solo espessos nas terras baixas de um vale pode estar
intensamente alterado e corroído, enquanto o mesmo mineral exposto na rocha de um
penhasco próximo estará muito menos alterado.

Embora o penhasco também esteja exposto as chuvas ocasionais arrocha de sua parede
geralmente seca e o intemperismo atua de forma muito lenta.

Nenhum solo se forma em penhasco porque a chuva rapidamente carrega as partículas


soltas para áreas mais baixas, onde se acumulam.
Presença ou ausência de solo

• A produção do solo é um processo de retroalimentação positiva – isto é virgula o


produto do processo impulsiona o próprio processo. Uma vez iniciada a formação do
solo, ele funciona como um agente geológico que acelera a alteração da rocha.

• O solo retém a água da chuva e hospeda diversos vegetais, bactérias e outros


organismos. Essas formas de vida geram um ambiente ácido , que, juntamente com a
umidade, promove o intemperismo químico, o qual altera e dissolve os minerais.
Tempo de exposição

Quanto maior tempo de alteração de uma rocha, maior sua decomposição química,
mais forte sua dissolução e mais intensa sua desagregação física.

As rochas que tem sido exposta na superfície terrestre por alguns milhares de anos
formam um manto de intemperismo - uma capa externa de material alterado com a
espessura variando desde alguns milímetros até muitos centímetros.
Intemperismo químico e físico

Como já abordado existem dois tipos de intemperismo: o químico e o físico.

O Intemperismo químico Ocorre quando os minerais de uma rocha são quimicamente


alterados ou dissolvidos.

O intemperismo físico ocorre quando a rocha sólida é fragmentada por processos


mecânicos que não mudam sua composição química.
Intemperismo químico

As rochas alteram-se quimicamente quando


seus constituintes minerais reagem com água
e o ar. Nessas reações químicas, alguns
minerais dissolvem-se. Outros, combinam-se
com a água e alguns componentes da
atmosfera, como o oxigênio e o gás
carbônico, formando minerais novos.
Intemperismo químico

❖ O papel da água no intemperismo do feldspato e de outros silicatos

O feldspato é um mineral chave num grande número de rochas ígneas , sedimentares e


metamórficas. Muito outros tipos de minerais silicosos formadores de rochas também se
alteram quanto ele.

Este mineral é apenas um dos muitos com reações químicas para formar outra espécie
que contém água conhecidas como argilominerais.
Intemperismo químico

O comportamento do feldspato durante o intemperismo ajuda-nos a entender de maneira


geral o processo de alteração por duas razões:

1 – Há uma grande abundância de minerais silicose na Terra.

2 – Os processos de dissolução e de composição química que provocam alteração do


feldspatos são os mesmos que causa alteração de outros tipos de minerais.
Intemperismo químico
Intemperismo químico
A argila de cor branca a creme produzida pela alteração do
feldspato é a caulinita, cujo nome deriva de Gaoling, que é
um morro situado no se do Oeste da China, de onde ela foi
extraída pela primeira vez.

Muito rigorosos de alguns desertos e regiões polares o


feldspato mantém-se inalterado essa observação aponta a
água como sendo o elemento essencial pelas quais os
feldspatos se transforma em caulinita.

Esse argilomineral é um silicato de alumínio hidratado, isto


é, que contém água na estrutura cristalina.
Intemperismo químico
Na reação em que a caulinita é produzida, o
feldspato só do sofre hidrólise.

Alteração é análoga a reação química que


ocorre quando preparamos café. Um café
sólido reage quimicamente com água
quente para resultar numa solução – o café
liquido. a reação e outros componentes do
café sólido, deixando como resíduo pó
usado. de modo análogo, a água da chuva
infiltra se no solo, alterando o feldspato dos
fragmentos da rocha e deixando para trás a
caulinita como resíduo.
Intemperismo químico

Apenas a parte externa do sólido reage com


fluido, de sorte que, quando aumenta os sua área
superficial, aceleramos a reação.

Quanto menores os fragmentos dos grãos


minerais e das rochas, maior área superficial dos
mesmos. a razão entre áreas superficiais e o
volume aumenta muito à medida que diminui a
média do tamanho das partículas.
Intemperismo químico
A dissolução do feldspato na água pura. Para entender mais sobre a alteração do feldspato,
podemos efetuar um experimento de laboratório muito simples: imergir um feldspato em
água e analisar a solução para cada tipo de material que vai sendo dissolvido.

Para tanto, primeiramente trituramos o feldspato mais comum do granito, o ortoclásio


(KAlSi3O8) até e tornar pó. Isso acelera a reação, pela exposição de uma área maior à água.
Quando analisamos amostras da solução depois de um certo tempo, encontramos pequenas
quantidade de potássio e sílica (Si02) dissolvidas na água.

A reação do feldspato com a água libera sílica e íons de potássio (K+) dissolvidos e deixa
como resíduo um novo mineral, a caulinita: Al2Si2O5(OH)4. Podemos descrever uma reação
química para o intemperismo do granito a partir do exemplo do feldspato que reage com a
água para formar caulinita.
Intemperismo químico

❖ Dióxido de carbono, intemperismo e geossistema climático

A variação da concentração de dióxido de carbono na atmosfera leva a uma variação


correspondente na taxa de intemperismo.

Por exemplo, níveis mais altos de concentração de dióxido de carbono na atmosfera


causam níveis mais altos também no solo, aumentando a taxa de intemperismo.

Além disso, o dióxido de carbono, um gás-estufa, torna o clima da Terra mais quente e,
assim, influencia o intemperismo. Este, por sua vez, converte dióxido de carbono em íons
carbonato e, desse modo, leva ao decréscimo da quantidade de dióxido de carbono
atmosfera. Esse decréscimo, por fim, pode resultar num clima mas frio.
Intemperismo químico
A reação do feldspato com água pura em laboratório é um processo extremamente lento.
Sob condições laboratoriais, seriam necessários milhares de anos para uma pequena
quantidade de feldspato fosse completamente alterado.

Desse modo, essa reação não pode ser a causa do aumento da rapidez do intemperismo
amplamente observada na natureza. Se quisermos acelerar podemos adicionar ácidos
Fortes a nossa solução e, assim, dissolver o feldspato em poucos dias.

Um ácido é uma substância que liberam íons de hidrogênio para uma solução. um ácido
forte produz muitos íons de hidrogênio; já um ácido fraco, relativamente poucos. A forte
tendência de íon hidrogênio em se combinar quimicamente com outras substâncias torna
se os ácidos excelente solventes.
Intemperismo químico

Na superfície terrestre o ácido natural mais comum – e responsável pelo aumento das
taxas de intemperismo – é o ácido carbônico (H2CO3). Esse ácido fraco forma-se quando o
gás dióxido de carbono contido na atmosfera dissolve se na água da chuva:

A maior parte da acidez da chuva ácida , entretanto, não provém do dióxido de carbono,
mas dos gases de dióxido de enxofre e de nitrogênio, os quais reage com a água para
formar ácidos Fortes como o sulfúrico e o nítrico, respectivamente. Esses ácidos são
capazes de impulsionar o intemperismo mais do que o ácido carbônico.
Intemperismo químico

A partir disso, podemos escrever a reação química da alteração do feldspato com água.

Essa simples reação do intemperismo ilustra os 3 principais efeitos químicos da


decomposição dos silicatos. Ela lixivia, ou leva em solução, cátions e sílica. Além disso,
hidrata os minerais e tona se as soluções menos ácidas.
Intemperismo químico
Mesmo a olivina, o mineral silicoso que mais rapidamente se altera, dissolve-se de
maneira relativamente lenta quando comparada com alguns outros minerais formadores
de rochas não silicosos.

O calcário, constituído de minerais carbonáticos de calcita e dolomita uma alterasse muito


rapidamente em regiões úmidas.

O ácido carbônico contribui para a alteração do calcário justamente como faz com o
silicatos . a reação geral pela qual calcita , o principal mineral do calcário , dissolve se com
a chuva ou outra água contendo dióxido de carbono é
Estabilidade química
Por que a taxa de intemperismo varia tão intensamente entre diferentes minerais? Os
minerais alteram-se em taxas distintas porque tem estabilidade química diferente, na
presença de água, numa dada temperatura da superfície.

A estabilidade química é uma medida da tendência que é uma substância tem de resistir
numa dada forma química, ao invés de reagir espontaneamente para tornar-se uma
substância química diferente.

As substâncias químicas são estáveis ou instáveis em relação à um determinado meio


ambiente ou a um conjunto de condições específicas.
Estabilidade química

O feldspato, por exemplo, é estável in condições encontradas em grandes profundidades


da Cruz terrestre (altas temperaturas e pequenas quantidades de água, mas instável em
condições de superfície (baixa temperatura e abundância em água).

Outro exemplo, o ferro metálico em um meteoroide no espaço exterior é quimicamente


estável. Ele pode permanecer inalterado por bilhões de anos porque não há exposto ao
oxigênio ou água. Se, no entanto, O meteoroide viesse a cair na Terra, onde seria exposto
a esses elementos, o ferro metálico torna-se-ia quimicamente instável e reagiria de modo
espontâneo para formar óxido de ferro.
Estabilidade química

Como referido anteriormente, o calcário


alterasse mais rápido que o granito – uma
consequência disso a menor estabilidade
no ambiente da superfície terrestre . 2
características de um mineral – solubilidade
e taxa de dissolução – ajudam a determinar
sua estabilidade química.
Estabilidade química

A solubilidade de um mineral específico é medida pela quantidade deste dissolvida na


água quando a solução está saturada. Quanto maior a solubilidade do material, menu a
sua estabilidade no intemperismo.

Rochas evaporíticas, por exemplo, são estáveis ao intemperismo. Elas têm alta
solubilidade na água (cerca de 350 g/L) e são lixiviadas do solo mesmo por pequenas
quantidades deste líquido.

O quartzo, pelo contrário , é estável em condições de intemperismo. Sua solubilidade na


água é muito pequena (0,008 g/L) e ele não é facilmente lixiviado do solo.
Estabilidade química

A taxa de dissolução de um mineral é medida pela quantidade deste que se dissolve numa
solução não saturada num dado intervalo de tempo. Quanto mais rápido o mineral se
dissolve, menor a sua estabilidade.

O feldspato dissolve-se tem taxas muito mais rápidas que as do quartzo e, principalmente
por causa disso, é menos estável que este no intemperismo
Conhecendo as instabilidades químicas
relativas de vários minerais, pode-se
descobrir a intensidade do intemperismo
numa determinada área.

O quadro ao lado mostra a estabilidade


relativa de todos os minerais formadores
de rochas comuns.
Intemperismo químico
❖ O papel do oxigênio no intemperismo

O ferro é um dos oito elementos mais abundantes da crosta terrestre, mas o ferro metálico,
ou seja, o elemento químico na sua forma pura, é raramente encontrado na natureza. Ele
está presente somente em certos tipos de meteoritos que caem na Terra vindos de outros
lugares do sistema solar.

A maior parte do minério de ferro utilizada para produzir ferro e aço é formada pelo
intemperismo. Esses minérios são compostos de óxidos de feno originalmente produzidos
durante o intemperismo de silicatos ricos em feno, como o piroxênio e a olivina.

O ferro liberado pela dissolução desses minerais combina-se com o oxigênio da atmosfera
para formar óxidos de feno. Essa reação química é chamada de oxidação, porque é a
combinação de um elemento com o oxigênio.
Intemperismo químico
O ferro pode estar presente nos minerais em três formas: ferro metálico, ferro ferroso ou
ferro férrico.

No ferro metálico, somente encontrado em meteoritos, os átomos de ferro não têm carga:
eles não ganharam nem perderam elétrons pela reação com qualquer outro elemento.

No ferro ferroso (Fe2+), encontrado em silicatos como o piroxênio, o átomo de ferro perdeu
dois elétrons que possuía na forma metálica e, assim, tornou-se um íon.

O ferro presente no mais abundante óxido de ferro de superfície terrestre, a hematita


(Fe203), é o ferro férrico (Fe3+); os átomos do ferro, nesse caso, perderam três elétrons.
Intemperismo químico

Os íons de ferro ferroso oxidam-se pela perda adicional de um elétron, mudando de 2+


(ferroso) para 3+ (férrico).

Todos os óxidos de ferro formados na superfície da Terra têm valência 3+. Os elétrons
perdidos pelo ferro são ganhos pelos átomos de oxigênio, que se tomam íons de oxigênio
(O2-).

Assim, os átomos de oxigênio da atmosfera oxidam o íon ferroso, que então se converte
no íon férrico.
Intemperismo químico
Quando o piroxênio – e outros minerais ricos em ferros – é exposto à água, sua estrutura
de explicado dissolve-se, liberando Siri e o ferro ferroso para a solução, onde o íon Fe2+ é
oxidado para Fe3+.

É possível mostrar essa reação geral da alteração dos minerais ricos em ferro pela seguinte
equação:

Embora a equação não mostre de forma explícita, a água é necessária para que ela ocorra.
Os minerais de ferro, que são praticamente onipresentes, alteram-se para as cores
vermelha e marrom características do ferro oxidado.
Intemperismo químico

Os solos vermelhos Na Geórgia


(EUA) em outras regiões quentes
e úmidas são coloridas pelos
óxidos de ferro.

Os minerais de ferro alteram se


tão lentamente em regiões frias
que o ferro dos meteoritos
congelados na Antártida
encontra-se quase totalmente
inalterado .
Referências bibliográficas

LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. São Paulo: Companhia Edtiora Nacional, 2003.
399p.

TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M.; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F. (Org.). Decifrando a Terra. 2.
ed., São Paulo: Oficina de Textos, 2009. 623p.

GROTZINGER, J.; JORDAN, T. H. Para Entender a Terra. Porto Alegre: Bookman, 2013.
738p.

Você também pode gostar