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PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA
RELATÓRIO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO CLÍNICO
VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2019
ISAMAR MARQUES CÂNDIDO PALES
RELATÓRIO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO CLÍNICO
Disciplina:
Diagnóstico e Intervenção em
Psicopedagogia Clínica/Estágio
Supervisionado Clínico
Supervisão:
Taneá Cristina Santos Freire
VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2019
INTRODUÇÃO
1. REFERENCIAL TEÓRICO
3. O PRIMEIRO CONTATO
DADOS PESSOAIS
V. S. A. L. Idade: 07 anos
Escola: Centro Municipal de Educação Prof. Paulo Freire – CAIC
O presente estudo de caso traz o relato de experiência de uma criança que veio
ao contexto da Psicopedagogia Clínica, com indicação da escola em que o aprendente
estuda. Foi encaminhado para avaliação psicopedagógica pelos pais, em abril de 2019.
Conforme o relato dos responsáveis, o encaminhamento psicopedagógico partiu da
queixa de que o educando em questão apresenta dificuldade de aprendizagem em leitura
e retenção de conteúdo, principalmente no que se refere ao domínio da escrita e da
leitura. A queixa foi trazida pela mãe, tendo como base a sinalização da professora da
série anterior, que esteve com a criança no ano de 2018 e percebeu que o educando
apresentou dificuldades atencionais, prejudicando o acompanhamento das atividades
escolares.
V. S. (nome fictício), 07 anos, ao início do processo de diagnóstico
psicopedagógico cursava o 2° ano do Ensino Fundamental em escola da rede pública de
Vitória da Conquista, BA. O primeiro contato foi feito pela UNIGRAD que informou
aos pais a aprovação do acompanhamento psicopedagógico. Após a informação dos
dados telefônicos dos responsáveis pela criança em questão, entramos em contato e
agendamos o primeiro encontro com os pais.
3.2 ANAMNESE
3. 2. 1. RELATO DA ANAMNESE
Hipóteses:
Reclusa social da criança perante outros, por se sentir inferior no quesito aprendizagem;
Superproteção da mãe (genitora protetora, por traumas de infância);
Fracasso escolar relacionado ao processo afetivo e emocional;
Dificuldade na escrita e leitura.
É uma proposta idealizada pelo Jorge Visca (1987) e deve ser a primeira
atividade realizada pelo psicopedagogo com a criança, na sessão inicial do processo
diagnóstico. A sigla E.O.C.A. significa Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
e deve ser realizada no início do diagnóstico, antes da aplicação das provas. Consiste em
solicitar ao sujeito que mostre ao entrevistador o que ele sabe fazer, o que lhe ensinaram
a fazer e o que aprendeu a fazer, utilizando-se de materiais dispostos sobre a mesa, após
a seguinte observação do entrevistador: “Este material é para que você o use se precisar
para mostrar-me o que te falei que queria saber de você” (VISCA, 1987, p. 72).
Vários materiais são deixados à disposição do entrevistado, e esse material
pode variar de acordo com a idade e a escolaridade da criança. O material comumente
usado tem itens como: folhas de ofício tamanho, papel pautado, folhas coloridas,
borracha, caneta, tesoura, régua, livros ou revistas, barbantes, cola, lápis, massa de
modelar, lápis de cor, lápis de cera, quebra-cabeça ou ainda outros materiais que julgar
necessários. De acordo com Visca, o que nos interessa observar na EOCA é “(...) seus
conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de
expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc.
(1987, p. 73)”.
Assim, poderá observar três aspectos: a temática, a dinâmica e o produto feito
pela criança. Frente ao processo é possível traçar o caminho para análise do diagnóstico,
pois, é por meio da EOCA que o psicopedagogo extrairá o segundo Sistema de
hipóteses e definirá sua linha de pesquisa.
3.4.1. EOCA DATA: 09/04/2019
ENTREVISTA OPERATIVA CENTRADA NA APRENDIZAGEM - EOCA
CONSIGNA: Eu gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe
ensinaram e o que você aprendeu. Esse material é para que você use como quiser.
Material: Caixa contendo folhas brancas de papel ofício, papel pautado, folhas
coloridas, lápis preto novo e sem ponta, apontador, borracha, régua, caneta hidrográfica,
e esferográfica, livros, gibis, lápis de cor e tesoura.
ANÁLISE
É importante frisar que ao brincar o aluno alimenta sua vida interior, liberando
assim sua capacidade de criar e reinventar o mundo, proporcionando a aquisição de
novos conhecimentos, desenvolvendo habilidades de forma natural e agradável. É uma
das necessidades básicas da criança, é essencial para o desenvolvimento motor, social,
emocional e cognitivo. Na apresentação do lúdico dentro do processo de diagnóstico
psicopedagógico, usamos os materiais (lápis de cor, canetas hidrocor, lápis, papel em
branco, borracha, régua e apontador) os quais permitem que se observe a construção do
pensamento e da sociabilidade, o que nos possibilita ter alguns parâmetros para a
construção de outras hipóteses. Ao brincar a criança desenvolve o pensamento lógico
matemático, verbaliza suas ações através da emoção de viver e a representação de sua
brincadeira. O brincar é experimentar, é ensaiar para a vida real, a criança constrói o seu
próprio conhecimento.
Foi aplicado com o avaliando o procedimento de diagnóstico a hora
“psicopedagógica” do jogo com a utilização da caixa lúdica. As técnicas desenvolvidas
por Pain (1985) têm como objetivos verificar na criança a inter-relação que estabelece
com o desconhecido e o tipo de obstáculo que emerge dessa relação, possibilitar uma
leitura dos aspectos relacionados à função semiótica da criança por meio dos símbolos e
verificar o nível dos processos acomodativos e assimilativos, fazer uma leitura dos
conteúdos manifestos pela criança em relação aos aspectos afetivo-emocionais
relacionando-os com a aprendizagem.
V.S. ao ver a caixa lúdica não perguntou para que servia ou o que tinha dentro.
Mostramos a caixa com a informação de que continha vários objetos e que poderia
utilizar da forma que ele quisesse e que poderia manusear tudo o que tinha dentro dela.
A criança abriu a caixa e foi retirando os itens com muita calma e um olhar
demonstrando curiosidade. Quando pegou o cubo mágico demonstrou satisfação e disse
que já teve um brinquedo igual. O maior prazer referente ao brincar foi perceptível
quando viu a mola mágica, esboçando um sorriso no rosto. Esse foi o primeiro
momento que ele se deixou transparecer, apesar da timidez.
Por fim, podemos concluir que V. demonstrou ser uma criança muito tímida,
com pouco senso de criatividade e autonomia. Não mostrou interesse em explorar todos
os itens da caixa, visto que, alguns não foram retirados ou usados. Percebemos que a
criança sugere ser passivo, apático, com pouco estímulo e criatividade.
5. PROVAS PROJETIVAS
DESCRIÇÃO DA PROVA
ANÁLISE
DESCRIÇÃO
ANÁLISE
DESCRIÇÃO
O início desenho foi marcado por uma linha na parte de baixo de cada parte da
folha e logo explicou que é o chão onde o boneco vai ficar apoiado. No primeiro quadro
V. desenhou o momento em que acorda, com dois elementos – ele e a cama.
A criança desenhou no segundo quadro o momento do café. Fez a mesa, as
cadeiras, ele e a mãe. Justificou que sempre toma café com sua mãe, porque o pai
acorda tarde. O terceiro quadro foi preenchido com o momento que vai para a escola,
sem riqueza de detalhes. Observamos apenas o desenho da criança e a estrutura da
escola com uma porta e uma janela. No quarto momento ele retratou a volta da escola.
Logo explicou que o trajeto é feito em companhia frequente da irmã e alternado pela
presença do pai ou da mãe. Fez o desenho da casa bem próximo das figuras humanas e
explicou que está chegando. Nos desenhos de ida e volta da escola V. desenhou o sol
acima do ponto médio da folha e do lado esquerdo.
Durante o processo de produção do desenho a criança sempre justificou que
não sabe desenhar direito. Por vezes fez uso da borracha apagando detalhes que diz não
ter feito corretamente ou pensa estar feio.
ANÁLISE
DESCRIÇÃO
ANÁLISE
DESCRIÇÃO
ANÁLISE
DESCRIÇÃO
ANÁLISE
DESCRIÇÃO
Inicialmente dobramos a folha em partes iguais. Apresentamos a consigna e
entregamos o material. A criança colocou a folha na posição paisagem e começou o
desenho pela primeira linha de apoio localizada muito abaixo do ponto médio da folha.
Fez a segunda linha e pequenos traços simbolizando a divisão de cada quadro.
Logo depois desenhou a casa e um menino no quadro 01. Explicou que esse é o
momento que o garoto acorda e sai de casa para escola. No quadro 02, localizado
abaixo do primeiro, desenhou um momento de brincadeira no campo. O quadro 03 é
ocupado com dois elementos, uma criança e um objeto representado o jogo. Assim, V.
diz que o menino está brincando de Star Wars.
Nesse momento, a criança parou, ficou refletindo sobre o que desenhar e
externou que não quer deixar quadro sem desenho. Retomou a produção, inserindo as
letras TNT no desenho do quadro 03 e esclareceu que significa uma explosão.
Posteriormente, numerou cada quadro não de forma sequencial, mas em cima e
embaixo. Justificou que é para ordenar os desenhos.
Chegou ao quadro 04 e declarou que vai desenhar o menino dançando. Assim,
traçou duas caixas de som e relatou que o personagem está numa casa de dança. O
quadro 05 foi preenchido pelo momento de luta de saco. Desenhou a criança com luvas
de boxe. Por fim, chegou ao quadro 06 e relatou que esse é o momento que o menino
retornou para casa. Fez o desenho do personagem e da casa.
ANÁLISE
DESCRIÇÃO DA PROVA
ANÁLISE
A referida autora ainda nos alerta que não se devem aplicar várias provas de
conservação em uma mesma sessão, para se evitar a contaminação da forma de resposta.
Observa que o psicopedagogo deverá fazer registros detalhados dos procedimentos da
criança, observando e anotando suas falas, atitude, solução que dá às questões, seus
argumentos e juízos, bem como a forma de arrumação do material. Isto será
fundamental para a interpretação das condutas.
Compreendemos que as dificuldades escolares englobam fatores que envolvem
não somente a criança em si, mas também o meio e os estímulos que lhe são oferecidos
para o desenvolvimento e a aprendizagem. Tais dificuldades podem ter ligação com a
ausência de uma estrutura cognoscitiva que permita que a criança obtenha a aquisição
dos conteúdos aplicados na sala de aula. Nesse sentido, a autora Weiss (1997, p. 104)
reforça a importância da visão piagetiana, visto que, “o conhecimento se constroi pela
interação entre o sujeito e o meio, de modo que, do ponto de vista do sujeito, ele não
pode aprender algo que esteja acima de seu nível de competência cognitiva, ou seja, seu
nível de estrutura cognoscitiva”.
O percurso diagnóstico por meio das provas piagetianas exige do
psicopedagogo um olhar atento frente às condições cognitivas de compreensão imediata
de exercícios envolvendo raciocínio, intersecção de classe, bem como conservação de
conjuntos. O autor Visca (1987, p. 58), mostra o “obstáculo epistêmico à aprendizagem
como derivado do nível de operatividade da estrutura cognoscitiva alcançada, estando,
portanto, associado à ideia de estágio”. Nesse momento, as provas operatórias são
importantes para obtermos uma visão genética global, no funcionamento das estruturas
do pensamento.
Faz-se necessário que, antes de iniciar as provas, a criança tenha a
oportunidade explorar o material a ser utilizado, assim, oportunizará a discriminação
dos elementos que irá manusear sem causar um nível de ansiedade muito elevado frente
ao novo.
Para dar início à prova, organizamos as fichas azuis no círculo esquerdo verde,
as redondas vermelhas no meio e os quadrados vermelhos no círculo à direita preto. Ao
perguntar se tinha mais fichas vermelhas ou azuis, a criança respondeu que eram as
vermelhas. A indagação sobre ter mais fichas redondas ou quadradas foi respondida
com sucesso, após um momento de reflexão e contagem silenciosa com os olhos.
Quanto à questão da intersecção, com a pergunta sobre as fichas colocadas no
meio, V. respondeu que era para separar. Com relação às perguntas sobre inclusão e
intersecção não obteve sucesso, respondendo que não sabia. Frente ao exposto,
compreende-se que a criança demonstra estar no nível II intermediário com o estágio de
pensamento intuitivo articulado. Foi possível perceber que respondeu corretamente as
perguntas de comparação de elementos da mesma classe, cor e forma. Porém, não errou
as indagações referentes aos itens que não são da mesma classe, como inclusão e
intersecção.
8. CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS
9. DISCUSSÃO DO DIAGNÓSTICO
10. DEVOLUTIVA
O pai se despede do filho, beija a cabeça e pergunta à E. Bom relacionamento com o pai
se pode oferecer água, pois a criança havia solicitado no
caminho para o encontro. Logo, dou o consentimento e
mostro o local. O pai coloca água no copo e dá para a
criança, que toma por completo.
V: Só dá para apagar Coloca o lápis ao lado dos outros itens já retirados da Falta de iniciativa
caixa. Falta de autonomia
Pega outro livro e folheia até o final das páginas Senso de organização
Incerteza, dúvida
E: O que mais você pode me mostrar sobre o que Detem a atenção na página que fez a pintura Senso de organização
aprendeu?
V: Estou procurando coisas que eu sei fazer Olha por alguns segundos para a página ao lado (Tem
um caça-palavras)
Coça a cabeça
Franze a testa
E: Tem mais alguma coisa que você quer me mostrar? Termina e diz Medo do desconhecido
V: Só mais uma coisa. Busca um olhar de aprovação
Entrega o desenho para mim
Gagueja
Escreve o nome
Desenho abstrato
V: Esse é seu Balança a cabeça afirmando Formas geométricas
E: Ah, obrigada. Você sabe fazer seu nome?
V: Sei, cursiva. Mas não sei todo, todo assim não. Começa a guardar todo o material que foi retirado da
caixa
Comenta
V: Espera que vou guardar aqui, só guardar aqui.
Levanta da cadeira