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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
1. NOÇÕ ES GERAIS
2. SUJEITOS
i. Ação de improbidade administrativa: ministro de
estado e foro competente
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pública. STJ. 1ª Seção. REsp 1177910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 26/8/2015 (Info 577).
Adendo: Para saber se a conduta pode ser caracterizada como ato de
improbidade, é primordial verificar se, dentre os bens jurídicos atingidos pela
postura do agente público, algum deles está relacionado com o interesse
público. Se houver, pode-se concluir que a própria Administração Pública estará
igualmente vulnerada e, dessa forma, ficará caracterizado o ato de
improbidade para os fins do art. 1º da Lei nº 8.429/92.
Adendo: O fato de o referido Hospital possuir vínculo com o SUS não quer dizer
que ele somente presta serviços na qualidade de instituição pertencente à rede
pública de saúde. Ao contrário, o Hospital também desempenha serviços
particulares de saúde. Assim, diante desse cenário, surgem 2 possibilidades:
• o Hospital prestou o atendimento médico-hospitalar custeado pelo SUS:
hipótese na qual o médico atuou como agente público (improbidade);
• o Hospital prestou o atendimento médico-hospitalar de forma privada, sendo
esse serviço custeado pelo próprio paciente ou pelo plano de saúde: nesse caso,
o médico não atuou como agente público (improbidade).
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nos termos da Lei 8.429/92? SIM. O membro do MP que praticou ato de
improbidade administrativa poderá ser réu em uma ação civil e perder o cargo.
Existem 2 hipóteses possíveis:
1ª) Instaurar o processo administrativo de que trata a lei da carreira (LC 75/93:
MPU / Lei 8.625/93: MPE) e, ao final, o PGR ou o PGJ ajuizar ação civil de
perda do cargo contra o membro do MP.
2ª) Ser proposta ação de improbidade administrativa, nos termos da Lei
8.429/92. Neste caso, não existe legitimidade exclusiva do PGR ou PGJ. A ação
poderá ser proposta até mesmo por um Promotor de Justiça (no caso do MPE)
ou Procurador da República (MPF) que atue em 1ª instância.
STJ. 1ª Turma. REsp 1191613-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
19/3/2015 (Info 560).
3. ELEMENTO SUBJETIVO
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Art. 9º Art. 10 Art. 11 Art. 10-A
Dolo Dolo/CULPA Dolo Dolo
4. COMPETÊ NCIA
i. Prefeito pode ser condenado por crime de
responsabilidade e ato de improbidade
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de outra autoridade judicial), acabe-se, em verdade, por suprimir do
magistrado a faculdade de participar do processo no qual está sendo
investigado.
Vale ressaltar que o magistrado não tinha o dever de atender à solicitação
do MP e assim, se quisesse, poderia simplesmente recusar o chamado.
Deve-se, portanto, compatibilizar as garantias trazidas na LOMAN com a
responsabilidade institucional do Parquet de oferecer ao investigado a
possibilidade de dar a sua versão dos fatos apurados.
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iv. Improbidade e verbas transferidas pela União ao
Município (idem juris anterior)
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1) Os Agentes Políticos sujeitos a crime de responsabilidade, ressalvados os atos
ímprobos cometidos pelo Presidente da República (art. 86 da CF) e pelos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não são imunes às sanções por ato de
improbidade previstas no art. 37, § 4º, da CF.
5. PROCEDIMENTO
i. O prazo de 15 dias da defesa prévia é contado em
dobro nos casos do art. 229 do CPC/2015
Adendo: O art. 229 do CPC é regra geral, devendo, portanto, incidir na ausência
de norma específica acerca da matéria, como ocorre na Lei de Improbidade
Administrativa, que estabelece o prazo de 15 dias para a apresentação de
defesa prévia, sem, contudo, prever a hipótese de existência de litisconsortes
(art. 17, p. 7º da LIA).
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existência do ato de improbidade. Assim, diz-se que a ação de improbidade
administrativa, além das condições genéricas da ação, exige ainda a presença
da justa causa. STJ. 1ª Turma. REsp 952351-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 4/10/2012.
Condições genéricas (319 CPC) + justa causa (indícios suficientes)
6. INDISPONIBILIDADE DE BENS
i. A indisponibilidade pode recair sobre bem de família
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possível multa civil como sanção autônoma. Isso porque a indisponibilidade
acautelatória prevista na Lei de Improbidade Administrativa tem como finalidade
a reparação integral dos danos que porventura tenham sido causados ao erário.
REsp 1176440-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/9/2013.
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vi. A indisponibilidade não pode recair sobre verbas
absolutamente impenhoráveis
A indisponibilidade pode recair sobre bens adquiridos tanto antes quanto depois
da prática do ato de improbidade. A jurisprudência do STJ abona a possibilidade
de que a indisponibilidade, na ação de improbidade administrativa, recaia sobre
bens adquiridos antes do fato descrito na inicial. A medida se dá como garantia
de futura execução em caso de constatação do ato ímprobo. STJ. 1ª Turma.
REsp 1301695/RS, Rel. Min. Olindo Menezes (Des. Conv. TRF 1ª Região),
julgado em 06/10/2015.
Pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não esteja
se desfazendo de seus bens. É desnecessária a prova de que os réus estejam
dilapidando efetivamente seus patrimônios ou de que eles estariam na iminência
de fazê-lo (prova de periculum in mora concreto).
O requisito do periculum in mora está implícito no referido art. 7º, parágrafo
único, da Lei nº 8.429/1992, que visa assegurar “o integral ressarcimento” de
eventual prejuízo ao erário, o que, inclusive, atende à determinação contida no
art. 37, § 4º, da CF/88.
Como a indisponibilidade dos bens visa evitar que ocorra a dilapidação
patrimonial, o STJ entende que não é razoável aguardar atos concretos
direcionados à sua diminuição ou dissipação, na medida em que exigir a
comprovação de que esse fato estaria ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria
difícil a efetivação da medida cautelar em análise. Além do mais, o disposto no
referido art. 7º em nenhum momento exige o requisito da urgência, reclamando
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apenas a demonstração, numa cognição sumária, de que o ato de improbidade
causou lesão ao patrimônio público ou ensejou enriquecimento ilícito.
Vale ressaltar, no entanto, que a decretação da indisponibilidade de bens,
apesar da excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da demonstração
do risco de dilapidação do patrimônio, não é uma medida de adoção automática,
devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de
nulidade (art. 93, IX, da Constituição Federal), sobretudo por se tratar de
constrição patrimonial (REsp 1319515/ES). STJ. 1ª Seção. REsp 1366721-BA,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes,
julgado em 26/2/2014 (recurso repetitivo) (Info 547).
Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido
(implícito). Assim, é desnecessária a prova do periculum in mora concreto, ou
seja, de que os réus estejam dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de
fazê-lo, exigindo-se apenas a demonstração de fumus boni iuris, consistente em
fundados indícios da prática de atos de improbidade. A medida cautelar de
indisponibilidade de bens, prevista na LIA, consiste em uma tutela de evidência,
de forma que basta a comprovação da verossimilhança das alegações, pois pela
própria natureza do bem protegido, o legislador dispensou o requisito do perigo
da demora. STJ. 1ª Seção. REsp 1366721/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Rel. p/ Acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 26/02/2014 (recurso
repetitivo).
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Adendo: Juris em teses dos STJ, Ed. 38 - 11) É possível o deferimento da
medida acautelatória de indisponibilidade de bens em ação de improbidade
administrativa nos autos da ação principal sem audiência da parte adversa e,
portanto, antes da notificação a que se refere o art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92.
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Lumen Juris, 2011).
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iii. Necessidade de efetivo dano para configurar o art. 10
(idem juris anterior)
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ACP cujo pedido seja a
condenação por improbidade administrativa de agente público que tenha
cobrado taxa por valor superior ao custo do serviço prestado, ainda que a causa
de pedir envolva questões tributárias. STJ. 1ª Turma. REsp 1387960-SP, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 22/5/2014 (Info 543).
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iii. Prefeito que intercede junto ao Delegado para que
este libere preso para comparecer em um enterro:
inexistência de improbidade
Ilegalidade não é sinônimo de improbidade. O art. 11, de fato, fala que a violação
ao princípio da legalidade configura ato de improbidade administrativa. No
entanto, para o STJ, não é possível fazer a aplicação cega e surda do art. 11 da
Lei nº 8.429/92 sob pena de toda ilegalidade ser considerada também como
improbidade, o que seria absurdo. STJ. 1ª Turma. REsp 1414933/RJ, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/11/2013.
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xi. Dispensabilidade de prova do dano ou de
enriquecimento ilícito do agente no caso do art. 11
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9. SANÇÕ ES
i. É possível aplicar cassação de aposentadoria como
sanção por ato de improbidade?
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Turma do STJ. O condenado só Turma do STJ e da doutrina majoritária.
perde a função pública que ele A sanção de perda da função pública
utilizou para a prática do ato de visa a extirpar da Administração Pública
improbidade. As normas que aquele que exibiu inidoneidade (ou
descrevem infrações administrativas inabilitação) moral e desvio ético para o
e cominam penalidades constituem exercício da função pública,
matéria de legalidade estrita, não abrangendo qualquer atividade que o
podendo sofrer interpretação agente esteja exercendo no momento
extensiva. Assim, a sanção de perda do trânsito em julgado da condenação.
da função pública prevista no art. 12 STJ. 2ª Turma. REsp 1.297.021/PR,
da Lei nº 8.429/92 não pode atingir Rel. Min. Eliana Calmon, DJe
cargo público diverso daquele que 20/11/2013.
serviu de instrumento para a prática STJ. 2ª Turma. RMS 32378/SP, Rel.
da conduta ilícita. Min. Humberto Martins, julgado em
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 05/05/2015.
1423452/SP, Rel. Min. Benito
Gonçalves , j. 01/03/2018.
STJ. 1ª Turma. REsp 1766149/RJ,
Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado
em 08/11/2018.
10. PRESCRIÇÃ O
i. As regras de prescrição em improbidade
administrativa aplicáveis aos particulares que
participam do ato ímprobo são as mesmas do agente
público também envolvido (Súmula 634-STJ)
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iii. Em caso de concurso de agentes, a prescrição da
ação de improbidade é contada individualmente
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determinação da Justiça Eleitoral, antes da reeleição do prefeito em novas
eleições convocadas.
Ex: João foi Prefeito no período jan/2001 a dez/2004 (primeiro mandato). Em
2002 ele praticou um ato de improbidade administrativa. Em out/2004 concorreu
e conseguiu ser reeleito para um novo mandato (que seria de jan/2005 a
dez/2008). Ocorre que não chegou a tomar posse em 1º de janeiro de 2005, pois
teve seu registro de candidatura cassado em virtude de condenação na Justiça
Eleitoral. Tomou posse o Presidente da Câmara Municipal. O TRE marcou nova
eleição para o Município e João foi novamente eleito, tendo tomado posse em
fevereiro de 2006. Desse modo, João ficou fora da Prefeitura durante 1 ano e 1
mês, período no qual o Município foi comandado pelo Presidente da Câmara.
Em 2008, acabou o segundo mandato de João. O prazo prescricional quanto à
improbidade praticada em 2002 somente se iniciou em dezembro de 2008 com o
término do segundo mandato.
STJ. 2ª Turma. REsp 1414757-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
6/10/2015 (Info 571).
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A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às
disposições contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a
imposição de nenhuma das sanções previstas na Lei nº 8.429/1992 (Lei de
Improbidade Administrativa), inclusive da multa civil, pelo ato de improbidade
decorrente da mesma conduta. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 606352-SP, Rel.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 15/12/2015 (Info 576).
(Não configura bis in idem).
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vi. Desnecessidade de lesão ao patrimônio público em
ato de improbidade administrativa que importa
enriquecimento ilícito
Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de
improbidade administrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº
8.429/92), excluindo-se, contudo, a possibilidade de aplicação da pena de
ressarcimento ao erário. STJ. 1ª Turma. REsp 1412214-PR, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em
8/3/2016 (Info 580).
vii. Legitimidade do MP
3) O MPE possui legitimidade recursal para atuar como parte no STJ nas ações de
improbidade administrativa, reservando- se ao MPF a atuação como fiscal da lei.
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