Você está na página 1de 9

DE DUX A REX

O reconhecimento do título de rei a Afonso Henriques. O conceito de «independência política» na Europa


medieval. O título de rei: certezas e dúvidas no caso português. A política externa portuguesa entre 1145 e
1179. A vassalagem à Santa Sé.

HISTÓRIA MEDIEVAL DE PORTUGAL


© José Varandas
CONCEITO DE INDEPENDÊNCIA

 Cristandade (Idade Média): sociedade restrita aos mesmos valores morais e jurídicos.

 Coordenação e subordinação.

 Incapacidade imperial.

 Recurso ao papa.

 Interdito e excomunhão.

 Papa reivindica o poder de fazer entrar uma nação na Cristandade.

 Roma adopta uma escala hierárquica de governantes: Papa; Imperador; Rei; Duque.
O TÍTULO DE REX

 Independência política na sequência da derrota dos Trava.


 Chefia da Reconquista.
 Ostentação do título de rei.
 Carisma político.
 Crónicas e fontes literárias usam o termo REX a partir de 1139 (Ourique).
 Fontes diplomáticas, até Julho de 1139 usam o termo INFANS, após Abril de 1140 usam REX.
 Acto voluntário de Afonso Henriques (referido por todas as fontes).
 Não é contestação a Afonso VIII.
 Tem direito a ser rei pelo seu valor e pela sua nobilitas.
 Não precisa de ser sancionado pelo imperador.
 Ninguém refere a falta de cerimónia de coroação (aclamação de Ourique).
 Herculano: inclina-se para Arcos de Valdevez (aceitação de Afonso VII).
 Chancelaria Leonesa trata-o por REX a partir de 1143.
 Dificuldades no reconhecimento papal (Papa tem muito cuidado com a terminologia).
 Reclamação de Afonso VII, não pelo título de rei, mas pelas indulgências; cruzada.
 Também por Afonso Henriques fazer a guerra sem o seu consentimento (ou do Arcebispo de Toledo).
POLÍTICA EXTERNA

 Política europeísta de Afonso Henriques.

 1143, vassalagem à Santa Sé.

 Afastamento do eixo Castela-Leão.

 1145, casamento com Matilde de Saboia (demonstração de independência política).

 Saboia ligada à Alemanha e à Santa Sé.

 Ligações entre Avinhão e Santa Cruz de Coimbra.

 As cruzadas e a Ordem do Templo.

 A acção de D. João Peculiar e as suas ligações internacionais.

 Posição de Inocêncio III no Cisma.


POLÍTICA PENINSULAR

 Destino do reino depende das ligações com os reinos peninsulares.


 Reacção de D. Afonso VII.
 Sancho III e Fernando II não reclamam a dignidade imperial.
 Fase dos 5 reinos.
 Sancho e Fernando aliam-se contra Portugal.
 Morte de Sancho.
 Guerra entre Portugal e Leão.
 1159, Portugal invade Leão.
 Catalunha e Portugal unem-se por casamento (com a princesa Mafalda).
 Guerra das Beiras.
 Papel dos concelhos.
 1165, paz.
 Promessa de dar em casamento a infanta portuguesa Urraca a Fernando.
 Desastre de Badajoz.
 Portugal ganha com a luta entre Leão e Castela.
A VASSALAGEM À SANTA SÉ
 Até 1141 Papa não intervém.
 1142, visita de Pedro, o Venerável e em 1143, chegada de Guido de Vico.
 Transformações políticas peninsulares preocupam o Papa (Urraca assume o poder, morte de Diego Gelmirez,
desequilíbrios políticos, Almorávidas).
 Crise de Cluny na Europa e a Hispânia deixa de enviar remessas de ouro.
 Crise do Papado: Cisma (Anacleto e Inocêncio II).
 Guido de Vico vem em busca de auxílio para as pretensões de Inocêncio II (dinheiro).
 E para a introdução da reforma Gregoriana.
 Grande afluência de bispos peninsulares junto do Papa.
 Surgem muitos mosteiros isentos, ligados directamente à Santa Sé.
 Península Ibérica é importante por causa do ouro africano.
 Progressiva centralização papal.
 1143, Afonso Henriques torna-se miles sancti Petri, pagando 4 onças de ouro anuais.
 Não reconhece mais nenhuma autoridade.
 Apoio a Inocêncio II (interessa a Guido de Vico, que está na conferência de Zamora).
 Censo anual de Afonso Henriques.
 Hipótese de existência de conversações anteriores a Zamora.
 Era importante que Afonso VII não soubesse de nada (daí Zamora como apaziguamento).
 Luta contra os Almorávidas.
 Papa e legados papais evitam tomar posição.
 Iniciativa da ideia de Portugal prestar vassalagem ao Papa sai de D. João Peculiar.
REACÇÃO DE D. AFONSO VII DE LEÃO

 Pouca até à conquista de Lisboa.


 Após a restauração das Sés de Lisboa, Viseu e Lamego vê que a questão é grave.
 Estas dioceses estão sob a jurisdição de Braga.
 Protesta junto do Papa.
 Santa Sé escusa-se e dá-lhe a «Rosa de Ouro».
ACÇÃO DE D. JOÃO PECULIAR

 Cónego de Santa Cruz de Coimbra.


 Consegue, com D. Telo, a isenção do seu mosteiro.
 Arcebispo de Braga, «luta» contra os Arcebispos de Toledo e de Santiago.
 Encoraja a libertação política de Afonso Henriques.
 Igreja como instrumento político.
 Influencia a viragem político/militar de Afonso Henriques da Galiza para o Sul.
A BULA MANIFESTIS PROBATUM

 Negociações duram de 1143 (Claves regni coelorum) até 1179 (Manifestis probatum).
 Papa Alexandre III.
 Até 1179/5/23 Afonso Henriques é tratado pela Santa Sé por DUX.
 O facto de Afonso Henriques assumir o título de rei, nada acrescenta à autonomia portuguesa.
 O uso do título e o seu reconhecimento peninsular era indispensável para que Portugal fosse
aceite na comunidade como estado independente.
 Importância da Bula Manifestis Probatum.
 Papa queria unidade política na Península.
 Vantagens: vassalo directo do Papa; aumento da influência temporal do Papa.
 Obrigações: pagamento do censo anual; protecção da igreja; auxílio e conselho ao Pontífice,
sempre que este o solicite.

Você também pode gostar