UNIVÁS / APS De Temas Contemporâneos Em Psicologia.

1o Semestre Do Curso De Psicologia.

Profa. Viviane Vianna De Andrade Fagundes.
26/06/2021
Adair Maria Costa Huhn, Laryssa Caroline Gonçalves, Lívia Coral Ramalho, Miriam Lima Monteiro
Machado, Pedro Victor Elisei Gonçalves e Victoria Alves Junqueira

IMPACTOS DA SOCIEDADE NA SAÚDE MENTAL

INTRODUÇÃO

O estigma associado à doença mental é um grande obstáculo para a recuperação e reabilitação do

indivíduo, pois afeta negativamente o tratamento, impede a autonomia e a realização de objetivos de vida,
prejudica a qualidade de vida, inclusive da família e da equipe de saúde que lida com as doenças
psiquiátricas. Vito isso a discriminação pode ser tão incapacitante quanto a própria doença.

Nosso trabalho tem como principal tema a influência da sociedade na saúde mental, baseado no filme
coringa que relata exclusão social, problemas mentais, falta de qualidade do tratamento psicológico, entre
outros assuntos importantes para a contextualização geral do tema. Abordamos também a relação real de
cidadania, como diretrizes de políticas públicas em saúde mental, doenças e fatores, irregularidades no uso
de medicamentos, abusos e maus tratos na infância, sendo assim baseado no artigo de estigma e saúde
mental o tornarmos associado ao coringa.

ASPECTOS GERAIS

Um dia estava no metrô e viu homens assediando uma mulher e por conta de seu problema de saúde
começou a rir descontroladamente, isso fez com que os agressores voltassem a atenção a ele então o
agrediram, Arthur estava armado e matou os 3, após tal ação Arthur assassina as pessoas que lhe violentou
de alguma forma (sua mãe, o colega de trabalho e o Murray Franklin).

Os motivos que levaram o assassinato de cada se diferem, o de Penny (mãe de Arthur) foi por ela ter
se permanecido inerte perante as agressões sofridas durante a infância. De seu colega de trabalho for por ter
dado a arma a ele e ter mentido para o chefe, colocando o Arthur como culpado. E por último o Murray por
ter feito chacota de Arthur, nessa cena ele cita sua vida reprimida sendo a catarse do filme, pois é onde se vê
a influência que Gotham e suas violências lhe causaram.

1. Relação entre exclusão social, violência e crime.

Ele é excluído socialmente e vive em uma situação de precariedade e caos com péssimas condições
de habitação, contribuindo assim para a exclusão social, e segundo Sawaia (2021, p.8) é uma concepção
ilusória de inclusão dos indivíduos no meio social, um exemplo ocorre quando ele é agredido por garotos na
rua enquanto trabalhava

Em seu caderno ele escreve “a pior parte de ter doença mental, é que esperam que você se comporte
como se não tivesse” essa frase mostra a exclusão social e a normatividade de determinar aqueles que não
encaixam no padrão imposto, uma não inclusão ao segregá-los, é uma forma de violência estrutural.
Segundo Ricardo Cappi (2009, p.27), o próprio funcionamento da sociedade desigual e injusta promove a
violência. A escadaria que ele sobe todos os dias faz referência a sua batalha diária para ser incluso na
sociedade
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No filme pode definir momentos em que ele sofre violência, sendo dividida em Violência
Institucional e Violência Simbólica, a institucional se refere a aquela praticada nas instituições prestadoras
de serviços públicos, como no momento em que cortam os programas sociais, a violência e negligência no
Hospital Psiquiátrico Arkham. Já a simbólica é definida por Bourdieu como a violência exercida sem coação
física, causando danos morais e psicológicos, ocorrida no momento que Murray ridiculariza Arthur, quando
o patrão de Arthur o define como estranho e que os outros empregados não se sentem a vontade com ele e a
fala de Wayne sobre a morte dos jovens assediadores que possibilita compreender a lógica da dominação.

Arnaldo Xavier (2009, p.276) coloca o crime como um processo que não está relacionado a conduta
criminal em si, mas que é diretamente ligado a estrutura da realidade social, política e econômica e dos
conflitos existentes, tal definição se enquadraria o comportamento assassino de coringa.

Segundo Wanderley (2001, p 23-24) Coringa desvinculação ao meio social em vários momentos do
filme como: quando seu amigo Randall mente para o patrão sobre ter dado a arma a Arthur; também ocorre
quando ele descobre que sua mãe ficou inerte em relação as questões de violências de quando era criança,
quando busca Thomas Wayne pois acha que é seu pai e é rejeitado e segue a seguinte fala “ minha intenção
não é causar incomodo, eu não entendo porque todo mundo é tão rim, não sei porque você é assim”
evidenciando assim que no meio de tanta violência ele ainda gostaria de ter algum vínculo social para
conseguir ter algum sentido na vida, porem recebeu uma resposta negativa, com mais violência.

Em sua participação no programa de Murray, após confessar ter matado os 3 assediadores ele
desabafa “ninguém nunca é educado, ninguém pensa como é estar no lugar do outro cara!”, “pensa que
homens como Thomas Wayne sabe por acaso como é ser igual a mim? ser alguém diferente deles? não
sabem não!”. Na fala dele, fica perceptível a sua consciência em relação a invisibilidade perpetrada pelos
processos de exclusão.

Para além da ficção é possível relacionar a taxa de homicídios no Brasil, que é a segunda maior taxa
da América do Sul (UNODC, 2019, on-line), e o fato de estar entre os cinco mais desiguais no mundo
(NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2018, on-line).

POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE MENTAL

A Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei 10.216/02, busca consolidar um modelo de
atenção à saúde mental aberto e de base comunitária. Isto é, mudança do modelo de tratamento: no lugar do
isolamento, o convívio com a família e a comunidade. No Brasil, o atendimento público e gratuito à saúde
mental é realizado pelo SUS. A Rede de Atenção em Saúde Mental oferece serviços previstos pela lei.
Apesar de todos os progressos alcançados, subsistem ainda desafios importantes, e só poderão ser
enfrentados se for possível definir uma política centrada nas necessidades prioritárias das populações,
baseada no conhecimento científico mais atualizado e alinhada com os direitos humanos. Fazendo um
paralelo ao filme “O Coringa” podemos verificar a violência de todas as formas. O paciente é assistido por
uma profissional da saúde pública, fazendo um acompanhando e tratamento ineficaz. Que não dá valor a
suas dores, “Eu nunca fui feliz em minha vida” “toda vez você sempre faz a mesma pergunta.” E como não
bastasse, o programa foi suspenso devido à crise do país. Fica ele sem assistência e sem o remédio. Total
descaso com um ser humano. É interessante o que o filme nos traz uma coisa que é real em nossa sociedade.
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É obrigação do poder público investir pesadamente em toda a rede pública de Saúde mental para o cuidado
destes pacientes. As pessoas com transtornos mentais precisam de apoio da família, dos amigos, do trabalho,
do ser humano, porque somos um animal social e precisamos de outras pessoas para tudo. Nesse contexto,
todos os esforços deverão ser empreendidos para a construção de um consenso alargado, que permita dar
continuidade aos progressos já alcançados com base na lei de saúde mental do país e nas recomendações.

DOENÇAS E OUTROS FATORES DETERMINANTES AO PERSONAGEM

 Depressão: é uma doença mental que pode afetar o humor durante longos períodos de tempo. Os
sintomas incluem: perturbação do apetite e do sono, fadiga e perda de energia, sentimentos de
inutilidade, culpa e incapacidade, falta de concentração e preocupação com a morte, desinteresse, apatia
e tristeza. Somado a isso, ela se apresenta de diversas formas e pode mascarar outros transtornos de
personalidade, tal como pode ser visto no filme “Coringa”. Ademais, a sociedade entende que a
depressão não é compatível com pessoas que são alegres, o que é um pensamento errôneo.
 Esquizofrenia: é uma doença mental grave e crônica que, sem tratamento, impossibilita a pessoa de se
comportar normalmente. Os sintomas incluem: alucinações, e delírios, pensamento desorganizado,
alterações das emoções, do juízo crítico e da vontade. Ademais, nas alucinações há um rompimento
momentâneo da realidade. A pessoa esquizofrênica pode falar incoerentemente, deixar de falar, ter
respostas emocionais desadequadas, ideias de perseguição e grandeza ou outras de conteúdo fantástico.
 Afeto pseudobulbar: Essa doença é caracterizada por crises de riso e choro incontrolável e inadequado
em razão de sua incapacidade de regular o próprio afeto. É uma doença extremamente estigmatizante.
 Irregularidade em uso de medicamentos controlados: Ao tomar um remédio psiquiátrico, ele promove
mudanças neurofisiológicas no cérebro. Se interrompido abruptamente o uso dessa medicação,
especialmente antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, pode desencadear síndrome de
descontinuação. No caso da esquizofrenia, a interrupção pode levar a uma nova crise psicótica.
 Negligencia parental, abusos e maus tratos: O abuso das crianças, a violência sob todas as formas, pode
causar graves prejuízos em seu desenvolvimento, mesmo a longo prazo como dificuldades para conviver
em sociedade, se relacionar, podem apresentar baixa autoestima e agressividade.
 Contexto social: O personagem vive numa sociedade cruel e excludente que não ampara as pessoas que
vivem com certas deficiências ou transtornos mentais. O filme também traz à tona a questão de quem
tem culpa pelas atitudes do personagem, a índole do sujeito ou sociedade? A resposta para essa questão
seria: A sociedade e predisposições são interdependentes. Não existe indivíduo sem o meio e nem o
meio sem o indivíduo.

Contexto social

O personagem vive numa sociedade cruel e excludente que não ampara as pessoas que vivem com
certas deficiências ou transtornos mentais. Violência nas ruas, falta de oportunidade econômica e de apoio
do estado, bullying no trabalho, ausência de amigos ou pessoas que tenham empatia por ele, rejeição social
extrema. Tudo isso somado aos sintomas de doenças já citadas, foram as razões apresentadas pelo diretor do
filme para justificar o surto violento como meio de resolver os problemas. Mesmo sendo um personagem
fictício, de atitudes extremas e até surreais, o coringa mostra o quão a sociedade pode ser cruel com doentes
mentais.  O filme também traz à tona a questão da natureza do sujeito x sociedade: A sociedade provocou o
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surgimento do Coringa? A índole de Arthur Fleck  foi determinante? A resposta para essa questão seria: A
sociedade e predisposições são interdependentes. Não existe indivíduo sem o meio e nem o meio sem o
indivíduo.

CONCLUSÃO

Neste trabalho o assunto abordado foi a relação da sociedade para a saúde mental, onde sucedeu à
junção com o filme “O Coringa”, que exemplifica em apenas um personagem, diversas doenças mentais e
seu agravamento somado com a falta de importância da sociedade para com o doente psíquico.

Com toda essa repulsão da sociedade para com os doentes psíquicos, uma grande porcentagem que
não tem estrutura familiar e psicológica, acaba se revoltando e se culpando apenas, por serem eles mesmos,
dificultando cada vez mais o dia a dia e os transformando, no que era apenas algo para ser controlado, em
uma revolta e ódio.

Existe a expressão de uma violência estrutural promotora de injustiças e desigualdades, e, assim, de

exclusão social.  Vale lembrar que o sistema penal do país tende a criminalizar as violências de tipo
interpessoal e acaba por negligenciar as demais (CAPPI, 2009, p. 30).

Logo, ao se pensar na prevenção das ações violentas, devem ser elaboradas medidas que
proporcionem a garantia de direitos, a participação e a cidadania (CAPPI, 2009, p. 30-31). Por isso, que na
atualidade não se tenha superado a percepção do crime com base em explicações patológicas (XAVIER,
2009, p. 276), romper com essa percepção significa entende-lo como um fenômeno que também se mantém
e é legitimado pelos interesses de classe (XAVIER, 2009, p.278)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, Teresa. Saúde Mental no Brasil: Avanços, Retrocessos e Desafios. Cadernos de Saúde Pública, Reports In Public
Health, 2019. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/csp/a/LKMxbhKYbPHqP8snJjHw sLQ/?lang=pt&format=pdf> Acesso
em: 19 de junho de 2021.

ALMEIDA, José. Política de saúde mental no Brasil: o que está em jogo nas mudanças em curso. SCIELO Brasil, 2019.
Disponível em: <https://www.scielo.br/j/csp/a/KMwv8DrW37NzpmvL4WkHcdC/?lang=pt> Acesso em: 19 de junho de 2021.

CALABREZ, Pedro. Neurovox. A Mente do Coringa | PEDRO CALABREZ | NeuroVox 048. Youtube, 3 de nov. De 2019.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=D3XQCA2G3Io- #PedroCalabrez> Acesso em: 19 de junho de 2021.

MASCARENHAS, Taís e CAMPOS, Lucas. DE EXCLUÍDO SOCIALMENTE A CRIMINOSO VIOLENTO: UMA ANÁLISE
SOBRE A VIDA DE ARTHUR FLECK NO FILME “CORINGA” (2019)

MASCARENHAS, Taís e Campos, Lucas. De Excluído Socialmente a Criminoso Violento: Uma Análise Sobre a Vida de Arthur
Fleck no Filme “Coringa” (2019). Revista Transgressões Ciências Criminais em Debate, 2020. Disponível em:
<https://periodicos.ufrn.br/transgressoes/article/view/22372/13809> Acesso em: 19 de junho de 2021.
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Adair Maria Costa Huhn, Laryssa Caroline Gonçalves, Lívia Coral Ramalho, Miriam Lima Monteiro
Machado, Pedro Victor Elisei Gonçalves e Victoria Alves Junqueira

Estigma e Saúde Mental. Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares, 2015. Disponível em:
<https://www.adeb.pt/publications/estigma-e-saude-mental> Acesso em: 19 de junho de 2021.