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FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE TERESINA – CET

CURSO: BACHARELADO EM DIREITO

Antonio Marcos Almeida Nascimento


Edvan Sena Vasconcelos
Jose Marques Viana
Josimar Alves Lima
Rômulo da Silva Chaves
Valdimilson Gomes de Oliveira
Warlen Cleyton Lobato Rodrigues
Wilberlei Doca Oliveira
Wyllyam Pinheiro Rodrigues

TRABALHO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL I


RECONVENÇÃO (Art. 343 do CPC)

Professora: Jane Karla de Oliveira Santos

Teresina
2021
1. Introdução
O Código de Processo Civil brasileiro estabelece algumas possibilidades
ao réu após o ato citatório (art. 238), cujo início da contagem do prazo ocorre nos
termos dos artigos 231 e 335 do referido Diploma.
Dessa maneira, a reconvenção se configura como uma dessas
possibilidades e encontra respaldo nas disposições do art. 343 do CPC e seus
parágrafos, conforme se denota:

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para


manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou
com o fundamento da defesa.

§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa


de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15
(quinze) dias.

§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva


que impeça o exame de seu mérito não obsta ao
prosseguimento do processo quanto à reconvenção.

§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.

§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio


com terceiro.

§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá


afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a
reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na
qualidade de substituto processual.

§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de


oferecer contestação.

Na visão de Fredie Didier Junior, 2015, p. 657, a reconvenção é demanda


do réu contra o autor no mesmo processo em que está sendo demandado. É o contra-
ataque que enseja o processamento simultâneo da ação principal e da ação
reconvencional, a fim de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença.
Nesse mesmo diapasão é o posicionamento de Daniel Amorim Assumpção
Neves, 2016, p. 595 e 596, in verbis: “A reconvenção não se confunde com nenhuma
das outras espécies de resposta do réu, sendo compreendida como o exercício do
direito de ação do réu dentro do processo em que primitivamente o autor originário
tenha exercido o seu direito de ação”.
Como se percebe, a partir do ajuizamento da reconvenção passa a existir
o exercício de dois direitos de ação dentro de um único processo, ou seja, nasce uma
demanda nova em um processo já existente. No caso, há a inversão dos polos da
ação, onde o autor passa a ser demandado e vice-versa.
Os litigantes em demanda reconvencional denominam-se reconvinte (réu-
demandante) e reconvindo (autor-demandado).
No que se refere às regras processuais, a reconvenção deverá atender aos
mesmos requisitos exigidos para o recebimento da petição inicial, os quais se
encontram listados no art. 319 do CPC e somente é cabível para fundamentar um ou
mais pedidos em favor do demandado (reconvinte), uma vez que as matérias
meramente defensivas deverão ser discutidas em sede de contestação.
Por oportuno, ressalva-se que a reconvenção se configura como uma
faculdade processual, vez que o demandado poderá ajuizar ação autônoma para
discutir a matéria que seria arguida inicialmente por meio do instituto. Destarte, não
se vislumbra qualquer prejuízo ao demandado que deixar de reconvir, ao contrário,
por exemplo, do que ocorre na contestação, já que a sua ausência acarreta revelia,
nos termos do art. 344 do CPC.
2. Condições da Ação

As condições da ação são requisitos processuais essenciais para o regular


trâmite processual e eventual julgamento do mérito. Em caso de ausência de qualquer
uma das condições da ação, teremos a carência da ação, causa de extinção do
processo sem julgamento de mérito.

Com fundamento no artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil de


1973 as condições da ação, termo que a norma processual trazia expressamente,
eram a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual.
Contudo, a atual discussão sobre a matéria já se inicia quando a redação do Código
de Processo Civil de 2015 não trouxe o termo “condições da ação” expressamente.
Atualmente o artigo 17 do Novo Código de Processo Civil dispõe que: “Art. 17. Para
postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”.
De acordo com Liebman, “o elemento que delimita em concreto o mérito da
causa não é, portanto, o conflito existente entre as partes fora do processo, e sim o
pedido feito ao juiz em relação àquele conflito”.
Pode-se dizer que o juiz, antes de apreciar e julgar o mérito deve verificar
se a relação jurídica processual foi instaurada e teve sua evolução regularmente
constituída (pressupostos processuais), se o direito de ação foi exercido de forma
regular perante o caso concreto (condições da ação), ainda que ele venha decidir a
respeito dessas questões somente na sentença.
O princípio da admissibilidade é a somatória das condições da ação e dos
pressupostos processuais. Assim, as condições da ação impõem-se como um tipo de
mecanismo de filtragem para separar, dentre os pedidos que são levados ao
conhecimento do Poder Judiciário, aqueles que são passíveis de um exame
substancial, daqueles que podem imediatamente ser descartados.
Penso que esses requisitos de admissibilidade (condições da ação,
pressupostos processuais) são extrínsecos ao mérito da causa. Esse pensamento não
é considerado uma unanimidade para a nossa doutrina, mas encontra fundamento
legal no nosso CPC, mais precisamente no art. 267, IV, aonde se faz referência aos
pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo,
sendo que no inciso VI refere-se às condições da ação; no art. 269, I, é tratado o
julgamento do mérito ou do pedido do autor.
Segundo Barbosa Moreira, “na perspectiva da lei brasileira, são dois os
planos preliminares que a cognição judicial tem de atravessar para atingir seu alvo
final, o mérito da causa”.
No dizer de Liebman, sobre a ação: “sobre ela está construído todo o
sistema do processo”. É preciso que fiquemos atentos para a necessidade de uma
adequada compreensão do conceito de ação e de mérito, sobretudo para a aplicação
correta dos artigos 267 e 301 do CPC.
A carência de ação constitui a principal questão da problemática que
envolve o tema. A ausência de qualquer das condições da ação leva o juiz a proferir
uma sentença meramente terminativa (sem julgar o mérito da demanda). Entretanto,
em muitos casos, embora a tal sentença terminativa seja efetivamente proferida, o juiz
acaba apreciando o mérito da causa, quando não deveria fazê-lo.
Outro argumento que se discute muito na doutrina, diz respeito ao fato da
possibilidade das condições da ação determinar ou não à existência do direito de
ação. Acredito que as condições da ação têm sua serventia para regular o exercício
do direito de ação, mas não para ser um fator determinante de sua existência.
Devemos reconhecer também, que as condições da ação são importantes,
pois através delas, podemos saber se o direito de ação foi exercido em sua plenitude,
tendo as partes recebido uma resposta para o conflito que foi posto perante o Poder
Judiciário, que necessitava de uma resposta concreta para a pacificação dos conflitos
existentes em qualquer sociedade.
3. Legitimidade da Parte
Desde a edição do Código de Processo Civil de 1973, a teoria da ação que
vem sendo adotada é a Teoria Eclética fundada por Liebman. Tal teoria, em princípio,
reconheceu as condições da ação, como três, quais sejam: legitimidade de partes;
interesse de agir; e a possibilidade jurídica do pedido.
A primeira das condições da ação a ser analisada no processo é a
legitimidade de partes, que está relacionada aos dois polos da ação. Sendo assim,
deve-se verificar, de início, se as partes possuem capacidade, para estar em juízo.
A Legitimidade de Partes é um dos requisitos necessários para postular em
juízo, nos termos do art. 17 do Código de Processo Civil. CPC, Art. 17. Para postular
em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Com a edição da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, que apresenta
uma nova legislação processual, embora permaneça semelhante à legislação a ser
revogada, algumas modificações interessantes foram efetivadas nas chamadas
condições da ação.
As condições da ação são requisitos necessários para o exercício do direito
de ação, sendo este um direito legitimo subjetivo, uma vez que se trata de garantia
constitucional que tem a finalidade de alcançar uma decisão de mérito,
independentemente de ser favorável ou não.
Algumas coisas desnecessárias e controversas precisavam ser
repensadas, senão, em nada adiantaria a edição de uma nova lei. Sendo que outrora,
com fundamento na doutrina de Liebman e no CPC/1973, era consagrada – embora
não sem críticas – a teoria sobre a existência de três condições da ação, quais sejam,
legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.
3.1 Litisconsórcio na Reconvenção
O litisconsórcio acontece quando há a reunião de duas ou mais pessoas,
figurando no polo passivo ou no polo ativo do processo.
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo,
em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
Quanto às pessoas (posição processual):
Ativo: consiste na presença de duas ou mais pessoas no polo ativo
(autores, demandantes). Autores
• Passivo: quando há duas ou mais pessoas no polo passivo (réus,
demandados). Réus
• Misto: nesse caso, existem duas ou mais pessoas no polo ativo (autores,
demandantes) e duas ou mais pessoas no polo passivo (réus, demandados). Autores
e Réus
Quanto à obrigatoriedade na formação do litisconsórcio: Existem situações
nas quais a formação do litisconsórcio é facultada às partes, que podem optar por não
figurarem em conjunto com outras pessoas, isto é, segue-se um juízo de conveniência
do litigante. Todavia, há casos em que as partes serão obrigadas a demandar em
conjunto. Sendo assim, a formação do litisconsórcio poderá ser:
• Facultativa: ocorrerá quando houver comunhão de direitos ou obrigações
relacionadas ao litigio, caso exista conexão, isso quando houver identidade entre as
causas seja pelo pedido ou pela causa de pedir, ou ocorrer afinidade de questões em
ponto comum de fato ou de direito.
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em
conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente
à lide; Em razão da comunhão.
II – entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
Em razão da conexão.
III – ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
Em razão da afinidade.
3.1.1 Da Ampliação Subjetiva do Processo Pela Reconvenção no Atual
Código de Processo Civil
Com relação ao item anterior, pode-se dizer que, hoje, com a vigência do
atual Código de Processo Civil, toda aquela divergência, sobre a possibilidade ou
não da ampliação subjetiva do processo pela reconvenção, foi superada, sendo que
para aqueles que diziam ser possível, o novo código apenas positivou uma
possibilidade já existente, trazendo sua previsão de forma explícita. Por outro lado,
para os que entendiam o contrário, houve grande mudança com a chegada deste
código, sendo que agora sim é possível que haja a reconvenção subjetivamente
ampliativa.
A previsão da reconvenção e da possibilidade de ampliação subjetiva
encontra-se no artigo 343, “caput”, § 3º e § 4º, do Código de Processo Civil (2015):
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa.
[...]
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com
terceiro.
Sendo assim, tanto no polo ativo quanto no polo passivo, a reconvenção
pode trazer terceiros estranhos ao processo, compondo litisconsórcio na demanda
reconvencional, causando a ampliação subjetiva do processo.
Vislumbra-se que ainda na vigência do mencionado Código de Processo
Civil de 1973, havia grande discussão em torno da possibilidade da ampliação
subjetiva do processo através da demanda reconvencional.
Nos dias atuais, com a vigência do Código de Processo Civil de 2015, não
há de se falar mais neste embate jurídico acerca da ampliação subjetiva, uma vez
que o artigo 343, §§ 3º e 4º deste código, possibilita expressamente que ela ocorra.
Destaca-se que a positivação deste tema é de grande importância para a
aplicação satisfatória da reconvenção, tendo em vista que além de melhor atender
aos princípios da celeridade e economia processual, ainda pôs fim à divergência que
havia na doutrina e jurisprudência, assegurando de forma mais íntegra o princípio
da segurança jurídica, de forma que, aparentemente, não mais se encontrará
julgados conflitantes a respeito.
Por fim, eventuais divergências acerca de todo o novo conteúdo trazido
com relação à reconvenção, só poderão ser constatadas a partir da análise de sua
interpretação e aplicação pelos juristas no decorrer do tempo.
3.2 Substituição Processual na Reconvenção
Substituição Processual na reconvenção se apresenta como novidade no
CPC de 2015. Assim, se o autor que é substituto processual, ou seja, está buscando
direito de terceiro, o reconvinte deverá ser titular do direito em face do substituído; e
a reconvenção será proposta em face do autor, na qualidade de substituto processual;
é o que diz o art. 343, § 5º do NCPC:
Art. 343 (...)
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser
titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face
do autor, também na qualidade de substituto processual.
Vale acrescentar que o Código de Processo Civil de 1916 vedava a
reconvenção contra terceiro (art. 316, parágrafo único do CPC de 1973). Mas isso
gerava prejuízo para o réu, que nesta situação, o réu deveria ajuizar nova demanda
contra o terceiro.
Convém ainda destacar que a reconvenção pode ser proposta
independentemente de contestação; é o que diz o art. 343, § 6º do CPC:
Finalmente, observa-se que o Novo Código de Processo Civil apresenta
uma técnica legislativa diferenciada. É que o CPC de 1973 trazia vários artigos para
regular determinado tema; já o CPC de 2015 traz um artigo com vários parágrafos e
incisos para regular uma questão.
É o que se denota do supracitado art. 343 e seus vários incisos e parágrafos
que trata do tema reconvenção.

4. Interesse de Agir
Inicialmente é importante frisar que são condições da ação, conforme a
doutrina de Liebman, “a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir
(necessidade e adequação do pedido formulado) e a legitimação para a causa”.
Ademais, há quem afirme que o exame de qualquer das condições da ação
deve ser feito à luz das alegações do autor tão somente. Não, afinal, com base nas
provas produzidas: “(…) a legitimidade para agir é estabelecida em função da situação
jurídica afirmada no processo e não da situação jurídica concreta, real, existente, coisa
que só pode aparecer na sentença. (…). O interesse de agir, da mesma forma como
a legitimidade para agir, é avaliado com base nas afirmações do autor. E dizemos isto
justamente porque a afirmação do autor de que a situação jurídica foi violada ou está
ameaçada de violação é a realidade objetiva de que o juiz dispõe para verificar, desde
logo, se há ou não interesse de agir e, em consequência, admitir ou não a ação. De
maneira que, se o autor afirma que a situação jurídica foi violada ou está ameaçada
de violação, justificado está o seu interesse de agir, ou seja, justificada está a
necessidade de proteção jurisdicional do Estado, vez que não poderá, com as suas
próprias forças, tutelar essa situação jurídica proibida, como é a justiça privada”.
Em continuidade e dando ênfase ao ponto a ser estudado é que concluímos
que a necessidade e adequação do provimento solicitado são as expressões que
traduzem o que hoje se entende por “interesse de agir”.
“De modo geral“, dizia Chiovenda, “é possível afirmar que o interesse de
agir consiste nisso, que, sem a intervenção dos órgãos jurisdicionais o autor sofreria
um dano injusto”.
Observa Barbi que “a legislação anterior, no art. 2º do Código de Processo
Civil, dizia que o interesse pode ser econômico ou moral. Essa conceituação estava
ainda imbuída do conceito da doutrina civilista (…). Realmente, enquanto se
considerava que o interesse de agir é o mesmo interesse nuclear do direito subjetivo
de ser protegido, havia justificativa para essas qualificações, pois o direito subjetivo
tem sempre um interesse econômico ou moral. Mas, reconhecido que o interesse de
agir é a necessidade ou a utilidade que disto advém, não mais se justificam aqueles
qualificativos, que só cabem quanto ao interesse contido no direito a ser protegido”.
Ada Pellegrini Grinover ensina que, embora nem sempre claramente
apontado, outro requisito exsurge para a configuração do interesse de agir: a
adequação do provimento e do procedimento. O Estado nega-se a desempenhar sua
atividade jurisdicional até o final, quando o provimento pedido não é adequado para
atingir o escopo, no caso concreto.
José de Albuquerque Rocha esclarece não ser suficiente afirmar-se a
violação ou ameaça de violação da situação jurídica para configurar-se o interesse de
agir.

“É igualmente indispensável que o autor peça o remédio


adequado à situação afirmada, ou seja, peça a prestação
jurisdicional adequada à realização da situação jurídica afirmada
e, bem assim, escolha o processo e o procedimento idôneos à
obtenção da proteção jurisdicional pedida. Assim, o interesse de
agir compreende não só a necessidade da prestação
jurisdicional, mas também a sua adequação à realização dessa
situação jurídica afirmada e, bem assim, a idoneidade do
processo e do procedimento escolhido para obter a prestação
jurisdicional. De sorte que, se o autor não escolhe a prestação
jurisdicional adequada à situação afirmada no processo, nem o
processo e o procedimento idôneo para a sua obtenção, deve o
juiz rejeitar, liminarmente, a sua pretensão por falta de interesse
de agir.”

Em conclusão, o interesse de agir decorre da relação entre a situação


antijurídica denunciada e o provimento que se pede para remediá-la através da
aplicação do direito, e esta relação deve consistir na utilidade do provimento, como
meio para outorgar ao interesse ferido a proteção do direito. (…)
O interesse é um requisito não só da ação, mas de todos os direitos
processuais: direito de contradizer, de se defender, de impugnar uma sentença
desfavorável, etc.”
Quanto ao aspecto legal o que dispõe o CPC?
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Quanto a falta de interesse processual?
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
[...]
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
[...]
Observação: FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL SUPERVENIENTE
- Se no decorrer do processo surgir algum fato que acarrete a falta de interesse
processual do autor, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito.
Portanto, o que é o interesse de agir?
O interesse de agir é uma condição para o exercício da ação, de ordem
estritamente processual, que se estiver presente juntamente com a legitimidade ad
causam e, os pressupostos processuais possibilitam ao juiz o exame do mérito.
Quando não há interesse de agir?
Se não há interesse de agir o demandante não fica impedido judicialmente
pela resolução de uma lide, mas, sim, exige que certos atributos sejam cumpridos
antes de seu ajuizamento, tal como a existência de pretensão resistida.
O que é ausência de interesse de agir?
O interesse processual pressupõe, além da correta descrição da alegada
lesão ao direito material, a aptidão do provimento solicitado para protegê-lo e
satisfazê-lo. Ao verificar a ausência de interesse processual o processo será extinto
sem resolução de mérito.
5. Pressupostos Processuais

De acordo com o Código de Processo Civil, existem quatro pressupostos


específicos de admissibilidade de reconvenção, que são:
1 – Litispendência: para que exista reconvenção é indispensável que
exista a demanda originaria.
2 – Identidade Procedimental: considerando-se que a ação originaria e a
ação reconvencional seguirão juntas, sendo inclusive decididas por uma mesma
sentença, o procedimento de ambas deve ser o mesmo.
3 – Competência: o juiz da ação originaria é absolutamente competente
para a ação reconvencional, de forma que, sendo a competência absoluta dessa ação
diferente da ação originaria, será proibido o ingresso de ação reconvencional,
devendo a parte ingressar com a ação autônoma perante o juízo absolutamente
competente.
4 – Conexão: conexão com a ação originaria ou com os fundamentos de
defesa.

6. Procedimento

No CPC/73, arts. 282 e 283, a reconvenção deveria ser apresentada em


petição autônoma, no prazo da contestação. Posteriormente, a jurisprudência
flexibilizou essa regra e passou a permitir a apresentação da reconvenção na mesma
peça da contestação.
A reconvenção no Novo CPC passou a ter duas formas de apresentação:
como tópico na própria peça de contestação ou de forma autônoma, quando não for
do interesse do réu a apresentação de contestação, conforme previsão expressa do
§6º, do art. 343 do Novo CPC.
6.1 O que é contestação com reconvenção?
A contestação com reconvenção é justamente a possibilidade conferida
pelo Novo CPC de apresentar a reconvenção dentro da peça da contestação. Veja o
teor do art. 343, do CPC/15:
“Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da
defesa”
Muito embora o artigo acima possibilite a reconvenção dentro da
contestação, seu ajuizamento deverá observar os requisitos da petição inicial,
previstos nos artigos 319 e 320, do CPC.
Vale destacar que a apresentação da reconvenção também deve cumprir
os requisitos determinados pelo Enunciado nº 45 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis (FPPC):
Para que se considere proposta a reconvenção, não há necessidade de
uso desse nomen iuris, ou dedução de um capítulo próprio. Contudo, o réu deve
manifestar inequivocamente o pedido de tutela jurisdicional qualitativa ou
quantitativamente maior que a simples improcedência da demanda inicial. (Grupo:
Litisconsórcio, Intervenção de Terceiros e Resposta do Réu).”
Mesmo com toda essa flexibilização procedimental, a doutrina vem
entendendo que a reconvenção no novo CPC não perdeu o status de ação, pois o art.
343 continua a prever que ela tem como objetivo a manifestação de uma pretensão
própria, sem perder sua autonomia em relação à contestação.
Observe abaixo os ensinamentos do professor Daniel Amorim Assumpção
Neves:

“Apesar de não ter mais uma forma autônoma de alegação,


entendo que a reconvenção não perdeu sua natureza de ação
do réu contra o autor, pois o próprio artigo 343, caput, do Novo
CPC prevê que a reconvenção se presta para o réu manifestar
pretensão própria. Além disso, o §2º do dispositivo comentado
mantém a sua autonomia, prevendo que a desistência da ação
ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame do
mérito não obsta o prosseguimento do processo quanto à
reconvenção”

6.2 Resposta do autor-reconvindo


Diferentemente do antigo código, onde havia previsão de prazo de 15 dias
para o autor contestar a reconvenção, o atual código, no §1º do art. 343, prevê prazo
de 15 dias para a apresentação de resposta. Essa diferença é sutil, mas, na prática,
sugere que o autor-reconvindo possa apresentar outras modalidades de defesa além
da contestação.
6.3 Julgamento
No tocante ao julgamento, não parece que houve alteração em relação ao
CPC/1973. Assim, tanto naquele código quanto no atual, entende-se que o julgamento
da reconvenção deve ocorrer em conjunto com o julgamento da demanda originária.
Excetua-se a essa regra o caso de extinções prematuras da demanda por
meio de sentenças terminativas, onde o mérito não é analisado.
6.4 Custas
O art. 292, caput, do Novo CPC, determina a atribuição de valor da causa
na petição inicial ou na reconvenção. A partir desse valor, deverá ser feito o
recolhimento das custas processuais.
Alguns sites de Tribunais, inclusive, fornecem orientações específicas para
o recolhimento das custas da reconvenção, como o TJDFT e o TJSP.
6.5 Não apresentação da reconvenção
A utilização da reconvenção é uma mera faculdade processual visando dar
maior celeridade à resolução dos conflitos. Caso o réu não utilize a ação
reconvencional no momento oportuno, haverá a chamada preclusão temporal e
consumativa naquele processo, não impedindo, no entanto, que este ajuíze ação
própria para requerer suas pretensões.
6.6 Petição do réu
Uma vez que possui natureza jurídica de ação, a parte que deseja
apresentar reconvenção deverá ficar atenta ao preenchimento das condições e dos
pressupostos processuais genéricos e específicos da ação.
Entre os pressupostos específicos da reconvenção no novo CPC, destaca-
se a conexão com o pedido ou causa de pedir da demanda principal ou, ainda, a
conexão em face do vínculo entre os argumentos de defesa na contestação, a
recomendar o julgamento conjunto das causas.
Na prática, seria interessante se o réu-reconvinte abrisse um tópico na
contestação, após a apresentação de sua defesa, para apresentar sua reconvenção.
Observe, abaixo, uma sugestão de estrutura da petição:
1. Resumo da inicial
2. Fatos
3. Preliminares
4. Mérito
5. Reconvenção
6. Pedidos
Nos pedidos, é importante pedir a procedência da ação reconvencional,
bem como atribuir o valor da causa, conforme mandamento do art. 292 do Novo
Código de Processo Civil.
6.7 Exemplo de Pedido Reconvencional
“Acerca da reconvenção apresentada acima, requer o réu seja esta julgada
procedente, condenando o autor ao pagamento de todos os valores discriminados em
planilha anexa, com atualização monetária e juros, nos termos da lei.
Sem prejuízo do acima exposto, requer-se a condenação do autor
reconvindo nas custas processuais e honorários advocatícios (CPC, art. 85, § 1º).
Dá-se a reconvenção, o valor de R$ (…), nos termos do art. 292 do Código
de Processo Civil”.

7. Conclusão

Ante todo o exposto, tem-se que a reconvenção possibilita o ajuizamento


de demanda em processo previamente existente, desde que atendidos os requisitos
de admissibilidade da ação, como a legitimidade das partes, além de outros de
natureza específica, a exemplo da conexão do pedido reconvencional com o principal.

Tal instituto coaduna com a legislação processual atual, na medida que


possibilita a observância de princípios como o da economia processual, do juízo
prevento, dentre outros, o que vem a possibilitar um melhor aproveitamento do
processo judicial para a resolução das lides e consequentemente a pacificação social.

Referências

BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro. Ed.
Forense, 1975.

DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17ª ed. Salvador. Ed. JusPodivm, 2015.
LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de Direito Processual Civil. 3ª ed. São Paulo. Ed. Malheiros,
2005.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 8ª ed. Salvador. Ed.
JusPodivm, 2016.

ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. São Paulo. Ed. Saraiva, 1986.

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