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4º BIMESTRE - A luta pela integridade territorial do Amapá

A AFIRMAÇÃO DO IDEÁRIO REPUBLICANO NO AMAPÁ: A REPUBLICA


DE VEIGA CABRAL (FINAL DO SÉCULO XIX)
INTRODUÇÃO: No final do século XIX, precisamente por volta de 1893, com
a descoberta de ouro na área do contestado franco-brasileiro: compreende a faixa
territorial entre o sul do rio Oiapoque e o norte do rio Araguari, teve início o
processo histórico que associado a outros elementos, ajudam a explicar os
conflitos entre brasileiro e guianenses.
No momento em que estamos analisando, o final do século XIX, essa região
estava sendo ocupada por diversos personagens históricos como aventureiros,
quilombolas, desertores militares, escravos e mineradores em busca das minas
que haviam acabado de serem descobertas. Entre esses mineradores,
encontramos grande número de franceses oriundos de caiena e que se
aproveitaram da vigência do acordo de 1841 que tornava a área do contestado
franco-brasileiro, neutra, não estando sob a posse de nenhum dos dois países.
Os conflitos entre brasileiros e franceses seria inevitável, até que em maio de
1895 uma expedição enviada pelo governo de Caiena, aparentemente sem
autorização de Paris, invadiu a vila do Amapá a pretexto de libertar cidadãos
franceses que ali estariam presos; os amapaenses receberam os invasores a tiros e
esse episódio aumentou as tensões, levadas aos dois países: Brasil e França. Ao
mesmo tempo em que ocorriam esses incidentes, na recém instalada republica
brasileira, vários acontecimentos históricos colocavam em perigo o ideal republicano.
As revoltas jacobinas na capital Rio de Janeiro (Revolta da Vacina), a Revolta da
Armada, Guerra de Canudos e a Revolução Federalista. Em meio a todos esses
fatos, os conflitos na área do contestado franco-brasileiro e a mobilização simbólica
em torno da figura de Cabralzinho contra a suposta invasão francesa, ganharam
importância e significado.
O Contestado Franco-Brasileiro
No dia 01 de maio de 1895, na então pequena vila de Amapá, Francisco Xavier
da Veiga Cabral, o Cabralzinho, rechaçou uma invasão francesa ao comando do
capitão Lunier. Este fato foi o mais radical da questão do Contestado do Amapá, que
foi resolvido somente cinco anos mais tarde, através de arbitragem internacional.
Isto aconteceu há 111 anos (Estamos em 2006). Os franceses comandados por
Lunier chegaram para obedecer às ordens do governador de Caiena, Mr. Charvein,
que queria a prisão imediata de Cabralzinho caso este não colocasse em liberdade o
"delegado" francês Trajano, que havia sido feito prisioneiro do Exército Defensor do
Amapá, uma força paramilitar comandada por Cabralzinho.
Por ter defendido a vila de Amapá, Cabralzinho foi consagrado herói nacional
pelas Forças Armadas, que lhe deram o título de General Honorário do Exército
Brasileiro, e pela Maçonaria, a qual Cabralzinho era membro. Eis sua história:
Forma-se o Triunvirato
No tempo da Cabanagem, os franceses construíram uma fortificação nas
imediações de Amapá, mais precisamente numa localidade banhada pelo lago
Ramudo Essa guarnição francesa foi descoberta pelo capitão Harris que,
imediatamente comunicou o fato ao governo imperial do Brasil. Assumindo o Segundo
Império, D. Pedro II resolveu, com o seu colega de França, Napoleão III, neutralizar a
região disputada pelos dois países, hoje a área situada entre os rios Oiapoque e
Araguari.
Assim, a área passou a se chamar Contestado Franco-Brasileiro, com um
representante no Brasil morando em Belém, e outro da França morando em Caiena.
O local-sede do contestado era então a vila do Espírito Santo do Amapá. A
descoberta do ouro no rio Calçoene, em 1894 (há autores que mencionam 1893),
pelos garimpeiros paraenses naturais de Curuçá, Germano e Firmino, veio
despertar maior interesse da França e do Brasil na posse definitiva do Contestado.
Do lado francês é nomeado Trajano, escravo fugitivo de Cametá (no Pará) que
passou a atuar em Cunani como delegado francês. Em Amapá (àquela época vila)
quem representava os interesses da França era Eugene Voissien, que veio mais
tarde proibir o acesso de brasileiros à área aurífera, franqueando o direito apenas
aos "crioulos" de Caiena.
VAMOS PRATICAR
1– o que gerou o interesse Frances pela região amapaense?
2 – o que é o contestado franco-brasileiro? 3 - Por que se formou o
triunvirato?

Casa de Cabralzinho - Acervo Edgar Rodrigues


Com a situação criada por Voissien, os amaparinos começaram a reagir e o
primeiro passo foi cassar os direitos do representante francês. Assim, reunida em
26 de dezembro de 1894, a população depôs Voissien e criou um governo triúnviro,
do qual assumiram o cônego Domingos Maltez na presidência, tendo como vices
Francisco Xavier da Veiga Cabral e Desidério Antonio Coelho. A sugestão do
Triunvirato foi de Desidério que, escolhido no dia 10 do mesmo mês para ser o líder
de um governo independente em Amapá, sugeriu uma nova reunião para que a
administração passasse a ser exercida por três pessoas. No dia seguinte é criado o
Exército Defensor do Amapá, para tentar garantir a ordem no local. A formação do
governo triúnviro é comunicada em seguida a Belém.
Trajano é preso em Cunani
Na vila de Cunani, que já foi república independente por duas vezes (1889 a
1902), Trajano continuava com suas atitudes de perseguição aos brasileiros que se
fixassem por lá, chegando até mesmo a rasgar a bandeira brasileira e, em seu
lugar, fazer tremular a francesa, sob os acordes de Marselha.
O cônego Domingos Maltez, nos primeiros anos de 1895, deixa a presidência
do Triunvirato e assume, em seu lugar, o vice, Cabralzinho. Uma das primeiras
providências tomadas por Cabral foi atender a uma carta assinada pela população
de Cunani relatando as atitudes de Trajano no local. Sem procurar instaurar
qualquer inquérito, o que era de praxe nessas situações, Cabralzinho enviou uma
guarnição a Cunani para mandar intimar e prender Trajano. Foi encarregado da
missão o major Félix Antonio de Souza, que levou consigo uma proclamação oficial
do Triunvirato aos brasileiros daquele distrito.
Os franceses invadem a vila
Era uma quarta-feira, 15 de maio de 1895. A população adulta se encontrava
nos seus afazeres diários, seja no centro da vila, seja no campo, tomando conta do
gado ou das "tarefas da roça". Cabralzinho encontrava-se em sua casa descansando,
próximo à Igreja, pois havia chegado de madrugada de uma viagem que fizera, para
atender a uma criança doente na região dos Lagos.
Os franceses desde cedo vinham subindo o rio Amapá Pequeno, a bordo da
canhoneira bengali, que era pilotada por um brasileiro de nome Evaristo Raimundo. O
comando era do capitão-tenente Lunier e a missão tinha a finalidade de prender
Cabralzinho se este resistisse à ordem de soltar Trajano. Após a prisão de Cabral, os
gendarmes deveriam levá-lo para Caiena.
Os invasores desembarcaram às 9 horas e foram logo em direção à residência
de Veiga Cabral. A casa foi cercada por uma patrulha enquanto que outra vinha do
outro lado, deixando um rastro de mortes entre velhos, mulheres e crianças
amaparinas.
As declarações do capitão Lunier foram ouvidas com bastante clareza. Diante da
negativa de Cabralzinho, formou-se o combate. Com poucos minutos os amigos de
Cabral começaram a vir, e oitenta homens, comandados pelo capitão Lunier,
começaram a lutar descontroladamente, talvez por causa da morte de seu
comandante, e preocupados também com a baixa da maré que provocaria, com
certeza, o encalhe da embarcação, que tinha casco muito fundo.
Se Cabralzinho matou ou não Lunier com a própria pistola do gendarme francês,
agora o fato não interessa. A reação dos brasileiros e o massacre de amapaenses
ocorrido na vila apressou de uma vez a resolução do conflito do Contestado, cujas
conclusões saíram no dia 1º de dezembro de 1900, cinco anos depois, pelo
presidente da Suíça, Walter Hauser, que fora escolhido como mediador da questão.
Mas a repercussão dos acontecimentos ocorridos no Amapá foi de grande valia no
cenário da imprensa internacional. No Brasil a Imprensa se movimenta com protestos
contra a pretensão do governador de Caiena, Mr. Charvein, em pretender fuzilar os
brasileiros levados prisioneiros pelos franceses. O próprio governador de Caiena
coloca como prêmio de um milhão de francos a quem capturar vivo Cabralzinho.
As relações diplomáticas entre o Brasil e a França necessitavam de providências
urgentes. O governo francês reconheceu a responsabilidade de Mr. Charvein pelo
massacre ocorrido em 15 de maio de 1895. O seu afastamento do comando de
Caiena foi imediato, valendo-lhe, como "prêmio", uma aposentadoria compulsória.
De 1896 a 1897, Cabralzinho percorre o sul do país como herói nacional e defensor
da Pátria. Mas a imprensa francesa insiste em declarar Cabralzinho culpado. O fato
só foi resolvido com o Laudo Suíço expedido pelo presidente Walter Hauser, em 1º
de dezembro de 1900, em que dá ganho de causa ao Brasil na questão do
Contestado.

Vítimas da Invasão
O jornal paraense "Diário de Notícias", em edição de 12 de junho de 1895,
quase um mês depois do ocorrido, publica a relação das vítimas do massacre, com
indicação de nomes, idade e informações a respeito da morte:
O Diário de Notícias conta ainda que houve quinze brasileiros que se
embrenharam pela floresta ante a fúria dos atacantes, quando começou o
massacre. Os franceses incendiaram as casas comerciais de Manuel Gomes
Franco, Raimundo Macedo de Siqueira, Antônio Carlos Vasconcelos e Daniel
Ferreira dos Santos. Da família de Antônio Carlos Vasconcelos ficaram quatro
crianças e cinco adultos em miséria total, apenas com a roupa do corpo.
Esse foi o movimento macabro da invasão francesa ao Amapá em 15 de maio
de 1895, e o presidente Walter Hauser, da Confederação Suíça, escolhido para
arbitrar a questão, finalmente em 1º de dezembro de 1900, cinco anos mais tarde,
acaba com o litígio, dando ganho de causa ao Brasil, da região do Amapá, hoje com
autonomia e status de Estado da federação brasileira. Francisco Xavier da Veiga
Cabral hoje figura no cenário nacional como um dos heróis, reconhecido pelo
Exército Brasileiro que lhe outorgou a patente de "general honorário", e pela
Maçonaria, a quem pertencia como membro.
FAZENDO VOCÊ APRENDE:
5 – Quem era Cabralzinho?
6 – Por que os franceses invadiram a vila espírito santo do Amapá? Qual o
argumento Frances?
7 - Descreve os episódios que envolvem a invasão francesa ao Amapá
8 – Quem era Trajano? Por que sua presença acabou acelerando os
acontecimentos e a invasão francesa?

O Laudo Suíço
Há cem anos atrás o Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores,
conseguiu que fossem estabelecidos os limites territoriais, demarcando a fronteira
entre o Oiapoque e a Guiana francesa. A demarcação das terras, porém, não
significou a separação dos povos que continuaram se relacionando amistosamente.
Jornais Franceses falam sobre conflitos no Amapá - Acervo Edgar
Rodrigues
Nos últimos anos, a relação de cooperação entre brasileiros e franceses, vem se
fortalecendo dia a dia. O espírito de cooperação e participação do governo
amapaense foi, e continua sendo, objeto de atenção de várias personalidades
nacionais e internacionais.
» Transcrição em Francês - leia
» Transcrição em Português - leia
Cronologia sobre o Laudo Suíço
» 02 de maio de 1895 O presidente do Triunvirato do Amapá, em resposta à
solicitação da população de Cunani, em carta de 25 de abril de 1895, comunica à
referida comunidade que providenciou a prisão de Trajano e seus comparsas, através
do major Félix Antônio de Souza, do Exército Defensor do Amapá.
» 15 de maio de 1895 O governador de Caiena, Mr. Charven, encarrega o
Capitão Lunier que, ao comando da canhoneira Bengali chega ao Amapá com 80
"gendarmes" da Legião Estrangeira, com a intenção de forçar Cabralzinho a soltar
Trajano. A invasão à vila de Amapá, sede do Triunvirato, deixa um saldo de dezenas
de mortos e feridos do lado brasileiro, alguns soldados do lado francês, e a morte do
capitão Lunier pelos comandados de Cabralzinho. O conflito demorou menos de duas
horas, e os franceses fugiram na canhoneira, pois a maré estava baixa e seu navio
poderia ficar prejudicado. Ver 26 de maio de 1895.
» 26 de maio de 1895 O jornal O PAIZ, do Rio, é o primeiro a noticiar o conflito
ocorrido no dia 15 de maio de 1895, na versão da imprensa francesa.
» 30 de maio de 1895 O jornal A Província do Pará relata, pela primeira vez, e
com atraso de 15 dias, o conflito ocorrido no Amapá em 15 de maio.
» 31 de maio de 1895 O governador da Guiana Francesa, Mr. Charvein, envia ao
governo francês notícias contraditórias sobre o conflito ocorrido no Amapá, tentando
justificar o envio de forças à vila de Amapá em 15 de maio de 1895. A notícia foi
publicada no jornal paraense O DEMOCRATA, primeira página.
» 06 de junho de 1895 O jornal Diário de Notícias narra a preocupação do
ministro francês, presidente do Conselho de Ministros da França, em resolver a
questão do Amapá de forma pacífica, entre a França e o Brasil.
» 10 de junho de 1895 iniciam-se as negociações entre os governos da França e
do Brasil, referentes à questão de fronteiras da região contestada.
» 11 de junho de 1895 Jornais franceses como o Le Temps, começam a produzir
artigos referentes à questão do Amapá, dando um cunho de possíveis vitórias para o
lado brasileiro.
11 de junho de 1895 Jornais franceses como o Le Temps, começam a
produzir artigos referentes à questão do Amapá, dando um cunho de possíveis
vitórias para o lado brasileiro.
» 18 de junho de 1895 O Jornal do Comércio publica nesta data notícias a
respeito do governador de Caiena, Mr. Charvein, que manda um telegrama ao
ministro da Fazenda, noticiando versões diferentes sobre Cabralzinho.
» 27 de junho de 1895 O jornal O Democrata, de Belém (Pará), divulga
declarações de um engenheiro militar francês sobre a importância estratégica da
região contestada do Amapá.
» 25 de setembro de 1895 O governador Charvein, principal responsável pelo
massacre de Lunier ao Amapá em 15 de maio, é demitido e substituído por Mr.
Lamothe (Ver 17 de setembro), que recebe autorização para devolver,
imediatamente, as bandeiras brasileiras e os prisioneiros encarcerados, para
partirem no primeiro navio a sair de Caiena.
» 21 de novembro de 1895 O cientista Emílio Goeldi, enviado à região
contestada do Amapá, faz um relatório ao ministro das Relações Exteriores, sobre a
situação da fronteira e as consequências do massacre francês ao Amapá.
» 10 de abril de 1897 Brasil e França assinam acordo para decisão da
Questão do Amapá.
» 02 de dezembro de 1898 é instalada na vila de Cunani, a Comissão Mista
Franco-Brasileira. Ver 2 e 12 de janeiro de 1899.
» 01 de dezembro de 1900 O presidente da Suíça (Confederação Helvética),
Walter Hauser, expede o Laudo Suíço dando ganho de causa ao Brasil da Questão
do Contestado Franco-Brasileiro.

República do Cunani
O termo Cunani vem do tupi, e é um dos nomes do tucunaré, peixe da região
amazônica. A atual vila de Cunani é distrito do município de Calçoene. Deve possuir
cerca de 500 habitantes entre os que moram na sede e os da região ribeira. A base
econômica é a pesca e a pequena agricultura. A extração de madeira é outra frente
econômica, mas o trabalho é todo manual, por não existir serraria motorizada. Os
meios empregados são os serrotes, manejados por dois homens, um em cima e
outro em baixo da tora de madeira, suspensa quase dois metros. Este
procedimento já era empregado no século XVIII, período da escravidão negra no
Brasil.

Escudo da República do Cunani - Acervo Edgar Rodrigues


A vila possui uma escola, um posto de saúde e um posto de
telecomunicações. O pequeno comércio é abastecido com mercadoria trazida de
Calçoene ou comprada a bordo de barcos regatões que de tempo em tempo vão
entrando nos rios, aparecendo aqui e ali povoados isolados. O campo de pouso
falta ser recuperado. Pode-se alcançar a vila por dois caminhos: pelo oceano,
saindo de Calçoene, a viagem dura 10 horas em barco motorizado. A pé ou a
cavalo, pela praia, também é possível, saindo de um lugarejo chamado Cocal.
Por que este povoado tão pequeno e isolado despertou a cobiça de aventureiros
como Jules Gross e Adolph Brezet, chegando eles a transformar essa região, por
duas vezes, em república independente? Mas a República de Cunani não constituiu
um fato isolado. A própria cobiça francesa por toda a região do Contestado se
verificou ali culminando com vários conflitos armados ocorridos entre franceses e
brasileiros.
A sanha de Jules Goss e seus aventureiros provocou, assim, o aparecimento da
República em 1885, que foi logo abafada pelo próprio governo francês, por causa da
situação ridícula que causou à França. Mesmo assim, houve uma segunda tentativa,
provocada por outro francês de nome Adolph Brezet, em l902, mas foi sufocada,
desta vez, pelo governo brasileiro. Mesmo com sua duração efêmera, os selos e
moedas do Cunani atualmente representam valores incalculáveis para filatelistas e
numismatas.
Jules Gross - A primeira República
Em 1885, um grupo de aventureiros franceses proclamou a caricata República
de Cunani, que se estendia do Oiapoque até o Araguary, exatamente na região
contestada pela França. Esses homens elegeram presidente vitalício do no Estado, o
cientista francês Jules Gross, romancista e membro da Sociedade de Geografia
Comercial de Paris. Mas aquilo que poderia se consolidar numa República
Independente malogrou perante as deficiências geográficas e jurídicas. Mesmo assim
eles emitiram selos e cunharam moedas.
A aventura teve duração efêmera embora Gross houvesse constituído o
governo, criando a Ordem da Cavalaria Estrela de Cunani, para condecorar os
simpáticos à causa, o que rendeu bons proventos financeiros pela larga e bem paga
concessão que dela fez o esperto "chefe de Estado". Enfim, eles providenciaram tudo
para que o mundo reconhecesse o novo país incrustado no meio equatorial. O
governo francês, ante o escândalo que representava tal façanha, em 2 de setembro
de 1887 resolveu acabar com ela.
A República do Cunani era tão caricata, tão de brincadeira, que a maioria dos
ministros nomeados por Jules Gross não arredou os pés de Paris, atém por causa do
pavor irradiado por algumas paragens sul-americanas, como a nossa. Portanto, não
foi difícil desestabilizá-la.
Na opinião de Arthur Cezar Ferreira Reis (A Amazônia e a Cobiça Internacional -
Manaus, 1946), se
o Ministério da República do Cunani funcionava em Paris e não em Cunani, nada
havia que autorizasse o funcionamento de um governo local subordinado ao tal
gabinete ou em obediência a Jules Gross; e por saber que o corpo administrativo era
integrado por indivíduos estranhos à vida de Cunani, o governo francês achou por
bem rechaçar tal República que só gracejos e piadinhas de mau gostou causou à
Coroa Francesa... um povoado de apenas 300 pessoas (na época).
O jornalista Hélio Pennafort, que deu notáveis contribuições, com suas
reportagens sobre a vida interiorana, a respeito de Cunani escreve: "Jules Gross e
sua turma desejavam transformar em Estado Independente a cobiçadíssima área
encastada entre o Oiapoque e o Araguari. Este ano (o artigo de Penafort é de
1985), segundo alguns historiadores, a República Independente de Caunany
completaria cem anos de proclamação se a França não tivesse agido
energicamente, certa de que a situação só iria causar embaraços aos planos que
estava paulatinamente executando com vistas à ocupação integral do território
amapaense, que na época não havia nenhuma definição concreta a quem
pertencia. E em muitas partes da região, chamada então Zona do Contestado,
havia muitas riquezas que vinham sendo exploradas por quem quisesse, com os
franceses detendo a maioria, devido à proximidade com a sua Guiana, onde uma
boa estrutura naval facilitava a vinda de milhares de trabalhadores, principalmente
para a coleta do ouro e a extração de madeira e sementes oleaginosas.
O interesse da França era tão grande que chegou até a patrocinar a
construção de uma estrada de ferro unindo a região aurífera de Lourenço à
cachoeira da Sidomena, na cidade de Calçoene". (Histórias do Amapá – Nunca vi
rio tão danisco de bom" – Artigo publicado no Jornal do Dia, de 11 de maio de 1997
– Macapá-AP). Hélio assegura em seu relato, que as vagonetes chegavam
sobrecarregados de ouro que eram embarcados em navios, usando como trapiche
as próprias barracas da margem. Em Oiapoque, outra região bastante explorada
pelos franceses, a carga principal era o pau-rosa que descia do Cricou (afluente do
lado brasileiro), em pequenas embarcações até a enseada do Maripá, onde havia o
transbordo para barcos maiores, que levavam a carga para Cayenne. A essência do
pau-rosa é matéria prima muito requisitada pelos fabricantes de perfumes
franceses. Assim, não podia haver espaço para Gross e seguidores. As autoridades
da França, portanto, devem ter pensado: Como se não bastassem as esporádicas
reações dos lusitanos e brasileiros,ainda aparece esse grupo de pseudo-
conquistadores querendo competir com o nosso comércio fácil e de altíssima
rentabilidade". Mas deu trabalho o processo de desestabilização da República
Independente do Caunany. Foram dois anos de muito trabalho e enorme pressão.
Isto porque para Jules Gross, Cunani não era simples aventura. Ele levou tão a
sério a sua idéia que mandou emitir emblemas, cunhar moedas, emitir selos e fez
uma propaganda enorme para que o país ficasse conhecido em todo o planeta”.
A liderança de Trajano
O lado histórico do Cunani, de fato, é rico em proezas e peripécias que
infelizmente o relaxamento dos nossos contadores de história nos sonegam. Só quem
tem a dita de consultar bibliotecas francesas é que pode conhecer com mais detalhes
o que aconteceu por lá, no século passado. Aliás, todo esse trabalho foi baseado na
documentação de Cayena sobre o fato.
No entanto, mesmo na pobreza historiográfica, dá para saber que na época em
que o Amapá era chamado de Zona do Contestado – não estava ainda decidido se
pertencia ao Brasil ou à França – a dificuldade era pouca para alguém chegar por
aqui e dizer-se dono de pedaços de terra. Mas um grupo de franceses liderados pelo
geógrafo Jules Gross foi mais além. Como vimos antes, eles simplesmente
proclamaram uma república com terras que abrangiam praticamente toda a área do
Contestado. Emitiram selos A história da Primeira República de Cunani vai
mais além. Não muito tempo depois da charge republicana, a vila voltou a servir de
cenários para acontecimentos que decididamente muraram os rumos da região.
Vindo do interior do Pará, um negro de meia-idade, baixo e de boa musculatura,
chamado Trajano Benitez, ali chegou para aventurar a sorte, atraído pelas notícias
que propagavam a fartura de ouro no Calçoene. Trajano deve ter preferido morar no
Cunani porque a maioria da população era negra. Ele começou, então, a se meter
em assuntos que envolviam a vida comunutária, mostrando logo sua vocação
política. Deixemos, agora, o relato com Hélio Penafort: "O governo francês estava
precisando de um indivíduo popular e simpático às pretenções francsas, e Trajano
era tudo isso. Não demorou muito estava ele liderando quase toda a extensão das
ribanceiras do Cunani, contestando abertamente a autoridade do Triunvirato brasileiro
que governava a vila do Espírito Santo do Amapá e lugares próximos. Recebeu de
Caiena o título de Representant dês Intérets Français à Counani e aí é que se encheu
de dedos. Encurtando a história, quando a turma do Triunvirato deu por si, Trajano já
havia mandado rasgar a bandeira brasileira e hastear o pavilhão francês em lugar
mais nobre do Cunani. E defendia mais os crioulos da Guiana que trabalhavam n a s
m i n a s d o q u e seus patrícios que
perambulavam pelos interiores.
Vendo que a situação periclitava a cada dia, o Triunvirato mandou um
destacamento para Cunani, que prendeu Trajano e o levou para a vila de Amapá. E
foi justamente a prisão de Trajano que provocou a invasão
do Amapá pelos soldados do capitão Lunier, em 15 de maio de 1895. E foi
justamente a invasão do Amapá que apressou a reunião da Corte Internacional que
julgou a questão da Zona do Contestado e deu ao Brasil as terras que hoje formam o
Estado do Amapá.
Adolph Brezet - A Segunda República
Em princípios de 1893 a vida em Cunani volta à normalidade, e o episódio da
Primeira República parece que foi esquecido. Maioria da população, formada por
brasileiros, vivia da coleta de especiarias, da pesca nos lagos, e do fabrico de grude
de peixe para um comércio manhoso. De repente, a descoberta do ouro pelos
garimpeiros de Curuçá, Germano e Firmino Ribeiro, em Lourenço, começou a
modificar o quadro: a população, em poucos meses, de 600 habitantes chegou a 5
mil, só em Cunani. Isto provocou inúmeros incidentes na região, como o conflito de
15 de maio de 1895, que culminou com a vitória dos brasileiros e a ligeireza na
resolução da questão do Contestado, através do arbitramento de Berna, em 1º de
dezembro de 1900. (Ver o Contestado Franco-Brasileiro).
Preocupado com a colonização da região, o governo do Pará, com o aval do
governo brasileiro, nomeou um Conselho de Intendência, que passou a vigorar a
partir do dia 30 de abril de 1902. Para isso, foram escolhidos o capitão Amaro
Brasilino de Farias (presidente do Conselho) e os membros Joaquim Félix Belfort,
Daniel Ferreira dos Santos e Manoel Agostinho Batista, que assumiram seus cargos
respectivos no dia 15 de maio.
Em maio de 1902 um aventureiro francês de nome Adolphe Brezet, tentando
restaurar a República de Gross, começou a encaminhar ofícios à região de Cunani,
comunicando uma nova proclamação, e as nomeações de Félix Antonio de Souza,
Antonio Napoleão da Costa e João Lopes Pereira para seu ministério.
O plano de Brezet foi imediatamente denunciado por Daniel Ferreira dos
Santos ao intendente Brasilino, que baseado em farta documentação, escreveu
imediatamente ao coronel João Franklin Távora que a essas alturas se encontrava
em Belém. Este levou o incidente imediatamente ao conhecimento do Governo do
Pará que, em seguida, instruiu o primeiro prefeito de Belém, Henrique Lopes de
Barros, para ir pessoalmente, acompanhado de uma força policial de 33 praças,
comandadas por um oficial, para proceder sindicâncias necessárias.
Ao desembarcar no município de Amapá, em julho de 1902, o prefeito tratou
logo de prender os ministros de Brezet que estavam reunidos na residência de
Antonio Napoleão, um deles. Ali foram encontrados vários exemplares em
português e francês, de propaganda e legislação da nova República de Brezet.
Colocando um policiamento ostensivo em todo o município, e com a ajuda da
própria população, Henrique Barros se dirigiu em seguida à vila de Cunani, e
conseguiu a prisão de mais dois envolvidos: José da Luz e Raimundo Rodrigues
Brasil.
Todos foram encaminhados à Comarca de Aricari, na sede municipal (Amapá), e
colocados à disposição da Justiça. Os inquéritos duraram 15 dias. Após sua
conclusão, os revoltosos receberam umas lições de civismo, e em seguida foram
colocados em liberdade. Quanto a Brezet, ele resolveu ficar mesmo em Paris,
caladinho, em recolhimento. Nunca mais se ouviu falar dele
VAMOS APROFUNDAR O TEMA
9 – onde ficava localizado Cunani?
10– quem foi Jules Gross? O que ele pretendia na região do contestado?
11 – quem foi Adolf Brezet? O que ele pretendia na região do contestado?
12 – Retire uma frase que mostra efetivamente o interesse Frances pela
região do contestado
13 – qual foi a reação do governo paraense diante dos planos de Brezet?
14 – quem foi Amaro Brazilino?

Da ocupação de Caiena à Proclamação da República


No contexto da Guerra Peninsular, após a chegada da Família Real Portuguesa
ao Brasil (1808),
D. João VI determinou a ocupação da Guiana Francesa como forma de retaliação
pela ocupação de Portugal continental.
A Guiana Francesa esteve sob domínio português de 14 de janeiro de 1809 a 21
de novembro de 1817, tendo sido seu governador João Severiano Maciel da Costa.
Dessa ocupação resultou a introdução, no Brasil, de certas plantas e árvores ali
aclimatadas e depois difundidas no país. Entre elas contam-se a cana-de- açúcar
(variedade caiena ou caiana), e a fruta-pão.
Após a Independência do Brasil (1822), a região mergulha em relativo
esquecimento, entrecortada por episódios da história regional, como a Cabanagem
(1835-1840).
A descoberta do ouro e a valorização da borracha no mercado internacional, no
último quartel do século XIX, promoveram o povoamento do Amapá e acirraram as
disputas territoriais. Uma comunidade de colonos russos foi fundada em Calçoene em
fins do século XIX.
Da proclamação da República aos nossos dias
Ver artigo principal: Território Federal do Amapá Graças à brilhante defesa da
diplomacia do Barão do Rio Branco, a Comissão de Arbitragem em Genebra, na
Suíça, concedeu a posse do território
disputado ao Brasil (1 de maio de 1900), incorporado ao Estado do Pará com o
nome de Araguari.
Em plena Segunda Guerra Mundial, visando fatores estratégicos e de
desenvolvimento econômico, a região foi desmembrada do estado do Pará pelo
Decreto-lei n° 5.812, de 13 de setembro de 1943, constituindo o Território Federal
do Amapá.
A descoberta de ricas jazidas de manganês na Serra do Navio, em 1945,
revolucionou a economia local.
Com a promulgação da Constituição brasileira de 1988, a 5 de Outubro, o
Amapá foi elevado à categoria de Estado.
FAZENDO VOCE APRENDE MAIS:
15 – Após a independência do Brasil, qual a situação da região amapaense no
cenário nacional?
16 – que acontecimento marcou uma nova fase da economia amapaense?
Qual era o ano?
17 – o desmembramento do Amapá do estado do para ocorreu no contexto
da segunda guerra. Qual o argumento do governo federal brasileiro?
A REPÚBLICA DOS QUILOMBOLAS:
LOCAL: área do contestado franco-brasileiro
PERIODO: por volta de 1880.
HABITANTES: franceses, que envolviam supostamente quilombolas e
desertores militares.
A republica do Cunani teria sido fundada pelas autoridades de Caiena, pelo
cientista Henri Coudreau e pelo novelista Jules Gros numa área muito grande e que
envolvia toda a área do contestado. Trata-se de uma área com grande
predominância de quilombos e presença marcante de desertores militares.
Inicialmente teria possuído 600 habitantes, numero que logo teria subido.
Os jornais da época comprovam a suposta existência da Republica do
Amapá(mesmo com esse nome, trata-se de um reduto francês) cuja capital seria
Cunani, o governo brasileiro, em vários documentos da época demonstram total
desconhecimento sobre a existência dessa republica. Por volta de 1886 autoridades
francesas expulsavam brasileiros da área do contestado. Já em maio de 1895, a
imprensa de todo o país noticiou a ocorrência de um conflito na área do contestado:
os franceses comandados pelo capitão Lunier aproximaram-se e deram voz de
prisão ao cidadão de nome Francisco Xavier da Veiga Cabral, que os recebeu de
forma inóspita e respondeu dizendo: “um brasileiro morre mas não se entrega”.
O resultado do conflito foi a morte do capitão Lunier alem de varias baixas
francesas.
Essa área de litígio franco-brasileiro tinha uma característica que aqui
devemos ressaltar: trata-se de uma área neutra e que, dessa forma, os
representantes seriam escolhidos pela população local. Em 10 de dezembro de
1894 o francês Eugene Voissien então administrador da área do contestado foi
deposto e substituído pelo capitão Desidério Antonio Coelho; este, por sua vez,
sugeriu a formação de um triunvirato (governo formado por três pessoas) para
administrar a região. Convidou Veiga Cabral e Cônego Domingos Maltês para
completar o triunvirato.
O triunvirato adotou medidas que piorou as relações entre brasileiros e
franceses:
a) proibiu a exploração de minas de ouro por estrangeiros;
b) a criação de um exercito amapaense;
c) a liberdade de comercio retalhista somente para brasileiros;
d) a imposição ao fiscal do Amapá da obrigação de zelar pela vida urbana,
tabelando impostos de exportação e indústria;
e) a abolição de penalidades violentas como a prisão no tronco;
f) a criação de um cartório de registro civil;
g) a liberação das mercadorias vindas do Brasil e um imposto de 10% sobre
produtos vindos de Caiena;
Nesse momento de extrema brasilidade, os representantes do triunvirato
deixavam claro que a área do contestado deveria fazer parte do Brasil, tanto que os
registros confirmam o fato de Veiga Cabral ter pisado na bandeira francesa.

A REPÚBLICA DE VEIGA CABRAL:


Francisco Xavier da Veiga Cabral nasceu na cidade de Belém, onde havia
estudado apenas o necessário para a luta pela existência – havia se dedicado,
durante a mocilidade, a trabalhar para sobreviver. Era de ânimo exaltado e um
homem apaixonado pelas idéias populares e liberais. Filiou-se ao partido liberal nos
tempos da monarquia e apresentava-se como alguém querido, capaz de mobilizar
grupos de revoltosos se necessário.
Ocupou um cargo em Belém como chefe da repartição que recolhia o imposto
predial territorial urbano e participou da fundação o partido republicano democrata,
com ideologia e programa definido. Participou de um levante que tentava depor o
governo do Pará, que, entretanto, fracassou. Cabralzinho e outros lideres foram
exilados, tendo fugido para o exílio nos Estados Unidos. Em vez de regressar a
Belém, Cabralzinho instalou-se no Amapá onde passou a viver do comércio e do
extrativismo, até que foi convidado por Desidério para participar do triunvirato.
A mística existência de Veiga Cabral, desconhecido da historia, principalmente
do Amapá, devemos fazer algumas correções quanto a este protagonista da defesa
da integridade territorial do Amapá. Cabralzinho foi defensor da pátria mãe e da
dignidade brasileira, foi guerreiro anônimo e mantenedor da terra brasileira ;
entretanto, mesmo em vida recebeu homenagens desde Belém até a capital Rio de
Janeiro onde foi recebido pelo presidente da republica.
A republica de Veiga Cabral era uma verdadeira praça de guerra. Ninguém
entrava ou saia sem permissão. Emilio Goeldi, em pesquisa feita chegou a
conclusão de que o argumento usado por Lunier de resgatar franceses era, sem
duvida, descabido. O objetivo de Lunier era anexar o contestado, no que foi
frustrado por Veiga Cabral.
18 - DESAFIO: qual a efetiva importância da
republica de Veiga Cabral diante dos interesses
franceses representados por Lunier?

VAMOS PRATICAR MAIS:


19 – “um brasileiro morre mas não se entrega”. Essa frase foi atribuída a
quem?
20 – Cabrailzinho deve mesmo ser considerado um covarde? Ou herói?
Justifique
21 – por que dizemos que o triunvirato aprofundou as rivalidades franco-
brasileiras

BRASIL X FRANÇA: A LONGA DISPUTA PELO TERRITÓRIO


AMAPAENSE
Entre as várias nações europeias que entraram em confronto com os colonos
brasileiros pelas terras amapaenses, a França foi, de longe, a que mais esteve
envolvida em disputas militares e diplomáticas pelo controle da região.
Como vimos, o Tratado de Utrecht garantiu aos portugueses o controle da
nossa região Porém, preocupados com o interesse francês nas riquezas da
Amazónia! Portugal decidiu aumentar o controle na região com as seguintes
medidas: '
• enviar um destacamento militar para o povoado de Macapá;
• verificar a possibilidade da criação de um grande forte à margem es¬querda
do rio Amazonas para garantir a presença constante de tropas e combater
possíveis embarcações inimigas;
• Relevar o povoado de Macapá à categoria de vila o que de fato ocorreu
em 4 de fevereiro de 1758, jpor ordem do então governador do estado do
Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado.
Apesar das providências tomadas pelo governo português, a França
continuava a questionar o controle das terras amapaenses. O argumento principal
utilizado pelos franceses era a posição exata da fronteira entre Brasil e a Guiana
Francesa. Para os portugueses, tal limite era o rio Oiapoque; já para os franceses,
seria bem mais ao sul, ou seja, no rio Araguari, o que daria amplas vantagens aos
franceses.
Em 6 de junho de 1801, um novo acordo entre os dois países — Tratado de
Badajós — estabeleceu um novo limite entre os dois países: o rio Araguari. Mas,
como tal acordo foi prejudicial aos portugueses, em 1811, ele foi anulado e o limite
entre o Brasil e a França voltou a ser o rio Oiapoque.
Com o Brasil já independente de Portugal, os franceses continuaram invadindo
o território amapaense, desrespeitando os tratados anteriores. Nesse momento, a
região disputada por brasileiros e franceses já era densamente povoada, pois as
riquezas ali existentes atraíam aventureiros dos dois países. A area do contestado
tornou-se polo de atração populacional para aventureiros, desertores militares,
negros alforriados e fugitivos, alem de indigenas destribalizados e mesmo brancos
pobres em busca de oportunidades.
Em 1885, um novo episódio foi incorporado às disputas pelas terras
amapaenses. Um grupo de aventureiros franceses e brasileiros, contando com parte
do apoio da população local, criaram, na região compreendida entre os rios Oiapoque
e o Araguari, a República Cunani. Tratava-se, portanto, do surgimento de um novo
país independente, que não seria controlado nem pelos brasileiros, nem pelos
franceses. Essa pequena "República" entre os dois países, apesar de ter constituído
um governo independente e, até mesmo, ter fabricado moeda própria, durou somente
até 1887 quando foi extinta por pressão tanto francesa quanto brasileira.
22 – cite os grupos sociais que circulavam pela regiao do contestado em busca
de enriquecimento.
23 – A republica de Cunani era oficialmente de origem francesa ou brasileira?
Justifique
– que medidas portugal adotou para tentar aumentar o controle sobre a regiao
do contestado?
24– que medidas portugal adotou para tentar aumentar o controle sobre a regiao do
contestado?
25- Os franceses desrespeitavam o tratado de utrecht. Entao, qual o limite entre as
duas regioes segundo os franceses?

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