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Vítimas da Invasão
O jornal paraense "Diário de Notícias", em edição de 12 de junho de 1895,
quase um mês depois do ocorrido, publica a relação das vítimas do massacre, com
indicação de nomes, idade e informações a respeito da morte:
O Diário de Notícias conta ainda que houve quinze brasileiros que se
embrenharam pela floresta ante a fúria dos atacantes, quando começou o
massacre. Os franceses incendiaram as casas comerciais de Manuel Gomes
Franco, Raimundo Macedo de Siqueira, Antônio Carlos Vasconcelos e Daniel
Ferreira dos Santos. Da família de Antônio Carlos Vasconcelos ficaram quatro
crianças e cinco adultos em miséria total, apenas com a roupa do corpo.
Esse foi o movimento macabro da invasão francesa ao Amapá em 15 de maio
de 1895, e o presidente Walter Hauser, da Confederação Suíça, escolhido para
arbitrar a questão, finalmente em 1º de dezembro de 1900, cinco anos mais tarde,
acaba com o litígio, dando ganho de causa ao Brasil, da região do Amapá, hoje com
autonomia e status de Estado da federação brasileira. Francisco Xavier da Veiga
Cabral hoje figura no cenário nacional como um dos heróis, reconhecido pelo
Exército Brasileiro que lhe outorgou a patente de "general honorário", e pela
Maçonaria, a quem pertencia como membro.
FAZENDO VOCÊ APRENDE:
5 – Quem era Cabralzinho?
6 – Por que os franceses invadiram a vila espírito santo do Amapá? Qual o
argumento Frances?
7 - Descreve os episódios que envolvem a invasão francesa ao Amapá
8 – Quem era Trajano? Por que sua presença acabou acelerando os
acontecimentos e a invasão francesa?
O Laudo Suíço
Há cem anos atrás o Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores,
conseguiu que fossem estabelecidos os limites territoriais, demarcando a fronteira
entre o Oiapoque e a Guiana francesa. A demarcação das terras, porém, não
significou a separação dos povos que continuaram se relacionando amistosamente.
Jornais Franceses falam sobre conflitos no Amapá - Acervo Edgar
Rodrigues
Nos últimos anos, a relação de cooperação entre brasileiros e franceses, vem se
fortalecendo dia a dia. O espírito de cooperação e participação do governo
amapaense foi, e continua sendo, objeto de atenção de várias personalidades
nacionais e internacionais.
» Transcrição em Francês - leia
» Transcrição em Português - leia
Cronologia sobre o Laudo Suíço
» 02 de maio de 1895 O presidente do Triunvirato do Amapá, em resposta à
solicitação da população de Cunani, em carta de 25 de abril de 1895, comunica à
referida comunidade que providenciou a prisão de Trajano e seus comparsas, através
do major Félix Antônio de Souza, do Exército Defensor do Amapá.
» 15 de maio de 1895 O governador de Caiena, Mr. Charven, encarrega o
Capitão Lunier que, ao comando da canhoneira Bengali chega ao Amapá com 80
"gendarmes" da Legião Estrangeira, com a intenção de forçar Cabralzinho a soltar
Trajano. A invasão à vila de Amapá, sede do Triunvirato, deixa um saldo de dezenas
de mortos e feridos do lado brasileiro, alguns soldados do lado francês, e a morte do
capitão Lunier pelos comandados de Cabralzinho. O conflito demorou menos de duas
horas, e os franceses fugiram na canhoneira, pois a maré estava baixa e seu navio
poderia ficar prejudicado. Ver 26 de maio de 1895.
» 26 de maio de 1895 O jornal O PAIZ, do Rio, é o primeiro a noticiar o conflito
ocorrido no dia 15 de maio de 1895, na versão da imprensa francesa.
» 30 de maio de 1895 O jornal A Província do Pará relata, pela primeira vez, e
com atraso de 15 dias, o conflito ocorrido no Amapá em 15 de maio.
» 31 de maio de 1895 O governador da Guiana Francesa, Mr. Charvein, envia ao
governo francês notícias contraditórias sobre o conflito ocorrido no Amapá, tentando
justificar o envio de forças à vila de Amapá em 15 de maio de 1895. A notícia foi
publicada no jornal paraense O DEMOCRATA, primeira página.
» 06 de junho de 1895 O jornal Diário de Notícias narra a preocupação do
ministro francês, presidente do Conselho de Ministros da França, em resolver a
questão do Amapá de forma pacífica, entre a França e o Brasil.
» 10 de junho de 1895 iniciam-se as negociações entre os governos da França e
do Brasil, referentes à questão de fronteiras da região contestada.
» 11 de junho de 1895 Jornais franceses como o Le Temps, começam a produzir
artigos referentes à questão do Amapá, dando um cunho de possíveis vitórias para o
lado brasileiro.
11 de junho de 1895 Jornais franceses como o Le Temps, começam a
produzir artigos referentes à questão do Amapá, dando um cunho de possíveis
vitórias para o lado brasileiro.
» 18 de junho de 1895 O Jornal do Comércio publica nesta data notícias a
respeito do governador de Caiena, Mr. Charvein, que manda um telegrama ao
ministro da Fazenda, noticiando versões diferentes sobre Cabralzinho.
» 27 de junho de 1895 O jornal O Democrata, de Belém (Pará), divulga
declarações de um engenheiro militar francês sobre a importância estratégica da
região contestada do Amapá.
» 25 de setembro de 1895 O governador Charvein, principal responsável pelo
massacre de Lunier ao Amapá em 15 de maio, é demitido e substituído por Mr.
Lamothe (Ver 17 de setembro), que recebe autorização para devolver,
imediatamente, as bandeiras brasileiras e os prisioneiros encarcerados, para
partirem no primeiro navio a sair de Caiena.
» 21 de novembro de 1895 O cientista Emílio Goeldi, enviado à região
contestada do Amapá, faz um relatório ao ministro das Relações Exteriores, sobre a
situação da fronteira e as consequências do massacre francês ao Amapá.
» 10 de abril de 1897 Brasil e França assinam acordo para decisão da
Questão do Amapá.
» 02 de dezembro de 1898 é instalada na vila de Cunani, a Comissão Mista
Franco-Brasileira. Ver 2 e 12 de janeiro de 1899.
» 01 de dezembro de 1900 O presidente da Suíça (Confederação Helvética),
Walter Hauser, expede o Laudo Suíço dando ganho de causa ao Brasil da Questão
do Contestado Franco-Brasileiro.
República do Cunani
O termo Cunani vem do tupi, e é um dos nomes do tucunaré, peixe da região
amazônica. A atual vila de Cunani é distrito do município de Calçoene. Deve possuir
cerca de 500 habitantes entre os que moram na sede e os da região ribeira. A base
econômica é a pesca e a pequena agricultura. A extração de madeira é outra frente
econômica, mas o trabalho é todo manual, por não existir serraria motorizada. Os
meios empregados são os serrotes, manejados por dois homens, um em cima e
outro em baixo da tora de madeira, suspensa quase dois metros. Este
procedimento já era empregado no século XVIII, período da escravidão negra no
Brasil.