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DO INCIDENTE DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (Art.

133, do CPC)

Noções Gerais: Compete ao direito material (Código Civil) estabelecer quais são as
exigências para que se possa aplicar a desconsideração da personalidade jurídica. No
âmbito civil, essas exigências estão no Art. 50 do CC.

Observação: Além da desconsideração comum, há ainda a inversa. Na comum, a


responsabilidade patrimonial pelas dívidas da empresa é estendida aos sócios; na inversa,
a responsabilidade pelas dívidas dos sócios é estendida à empresa.

Finalidade: há um processo em curso do qual o sócio não participava e do qual passará


a participar, caso a desconsideração seja deferida (Art. 133, do CPC);

Requisitos:

a) Abuso da personalidade jurídica


b) Desvio de finalidade
c) Confusão patrimonial

Observação: Quando desconsidera a personalidade jurídica, o juiz estende a


responsabilidade patrimonial ao sócio, permitindo que seus bens sejam atingidos para
fazer frente ao débito, que continua sendo da empresa.

Procedimento:

a) O incidente é instaurado a requerimento da parte ou do Ministério Público (não


pode ser de ofício);

b) O processo deverá ficar suspenso (até que o incidente seja decidido);

c) O juiz determinará a citação do sócio (na desconsideração direta) ou da pessoa


jurídica (na inversa), para que se manifestem no prazo de 15dias (Art. 135, do
CPC);

d) Ele decidirá o incidente, que será resolvido por decisão interlocutória, contra a
qual poderá ser interpor o recurso de agravo de instrumento (Art: 1.015, IV, do
CPC).
DO AMICUS CURIAE (Art. 138, do CPC)

Noções Gerais: A intervenção do amicus curiae é peculiar, porque ele não intervém
nem como parte, nem como auxiliar da parte, mas como verdadeiro auxiliar do juízo.

O amicus curiae funciona como um auxiliar do juízo porque, nas causas de maior
relevância ou de maior impacto, ou que possam ter repercussão social, permitirá que o
Judiciário tenha melhores condições de decidir, levando em consideração a manifestação
dele, que figura como porta-voz de interesses institucionais, e não apenas de interesses
individuais das partes.

Finalidade: O amicus curiae poderá ser uma pessoa, um órgão ou entidade, que não tem
interesse próprio na causa, mas cujos interesses institucionais poderão ser afetados. Seu
papel é ser porta-voz de um interesse institucional.

Atenção: A manifestação não é, propriamente, no sentido de que o juízo acolha ou


desacolha a ação. Ele opinará sobre a questão jurídica, suas repercussões e sua
relação com o interesse institucional do qual ele é portador.

Requisitos:

a) Relevância da matéria em julgamento: a questão discutida transcenda o mero


interesse individual das partes, para que se justifique a manifestação de um
terceiro, que é portador de um interesse institucional.

a) Especificidade do tema objeto da demanda: a demanda exija conhecimentos


particulares, específicos e precisos, ou seja, quando esse terceiro tiver
conhecimento científico à respeito do tema em discussão.

Procedimento:

a) A intervenção do amicus curiae pode ser determinada de ofício, ou à


requerimento;

b) No julgamento ele irá emitir uma manifestação, opinar sobre a matéria que é
objeto do processo em que ele foi admitido;

c) Como não é parte interessada no processo, ele não tem legitimidade recursal,
ou seja, não pode recorrer da decisão tomada no processo.

Higor Barbosa
Direito Processual Civil Brasileiro

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