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Matemática A
NIUaleph 12
VOLUME 4
Jaime Carvalho e Silva
Joaquim Pinto
Vladimiro Machado
2012
Título
NiuAleph 12 - Manual de Matemática para o 12.º ano de Matemática A
Autores
Jaime Carvalho e Silva (Editor)
Joaquim Pinto
Vladimiro Machado
Capa e Design
Elisa Silva
Conceção Técnica
Vítor Teodoro
João Fernandes
Imagens e fontes
As imagens utilizadas neste manual pertencem ao domínio público ou, nas situações indicadas, aos
respetivos autores, sob as Licenças Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 http://creativecom-
mons.org/licenses/by-sa/3.0/) ou Creative Commons Attribution 3.0 http://creativecommons.org/li-
censes/by/3.0/
As fontes utilizadas neste manual pertencem às famílias Latin Modern e Latin Modern Math, desenvol-
vidas pela GUST http://www.gust.org.pl/projects/e-foundry/lm-math/index_html
Parte dos gráficos deste volume foram criados com o software livre Geogebra 4, disponível em
http://www.geogebra.org
ISBN
978-989-97839-0-4
Edição
1.ª edição/versão 1
Data
2012
© Este ficheiro é de distribuição livre mas os direitos permanecem com os respetivos autores. Não é
permitida a impressão deste ficheiro.
Índice geral
Volume 1
Volume 2
Volume 3
Volume 4
Capítulo 13
– Funções trigonométricas 6
Função Seno 7
Função Cosseno 12
História(s) - Regiomontano (1436-1476) 15
Função Tangente 17
Famílias de funções trigonométricas 19
Síntese 24
Lição de Lógica Matemática n.º 6 26
Exercícios globais 27
Conselhos para os exames – n.º 12 30
Itens de exame 31
Prova Global 37
Forma trigonométrica 63
Operações com complexos na forma trigonométrica 66
História(s) - Wessel, Argand e Gauss 69
Teorema - Fórmula de Moivre 70
Domínios planos 72
Leitura(s) - Equações algébricas e números complexos 77
Síntese 78
Exercícios globais 80
Conselhos para os exames - n.º 14 82
Itens de exame 83
Prova global 88
Teorema de Varignon 91
História(s) - Napoleão Bonaparte (1769-1821) e a Matemática 96
Soluções 98
13. Funções trigonométricas
“A essência da matemática não é complicar as coisas simples,
mas fazer com que as coisas complicadas sejam simples.”
Stanley Gudder, Universidade de Denver, EUA
Recordemos que o círculo trigonométrico é um círculo de raio unitário cujo centro está colocado
Uma concretização interessante dum círculo trigonométrico é a chamada Roda Gigante das Fei-
ras Populares, que nos Estados Unidos é conhecida como Roda de Ferris (“Ferris wheel”) por
ter sido pela primeira vez construída pelo engenheiro George Washington Gale Ferris, Jr. para a
Exposição Universal de Chicago em 1893. Existem rodas gigantes um pouco por todo o mundo
(inclusive dentro de Centros Comerciais) sendo que a mais alta estrutura atualmente existente está
localizada em Singapura (inaugurada em 2008 tem uns espantosos 165 metros de altura total).
Função Seno
A função seno é uma função real de variável real que a cada amplitude x (em radianos) associa o
valor da razão trigonométrica seno de x, sen x,
quando estamos em presença do círculo trigonomé-
trico já referido. Isto significa que é possível associar
a cada ângulo, com a amplitude medida em radia-
nos*, um e um só valor da razão trigonométrica
seno, o valor sen x. Este valor sen x é a razão entre tangente
o comprimento do cateto oposto e o comprimento
da hipotenusa, no caso em que a amplitude do ân- seno
* Se a amplitude fosse medida em graus, seria possível definir também uma função, mas a função seria
diferente da que obtemos com a amplitude medida em radianos.
c) Período: 2π pois sen(x + 2π) = sen x . Em particular basta estudar a função seno num intervalo
de amplitude 2π, como o intervalo ]0,2π] ou o intervalo ]− π, π] pois as propriedades repetem-se
devido à periodicidade.
d) Simetrias em relação ao eixo dos YY e à origem: a função seno é uma função ímpar pois
sen(−x) = −sen x ; assim o gráfico é simétrico em relação à origem. Se pretendermos analisar a
função no intervalo ]− π, π] , a simetria permite-nos estudar apenas, por exemplo, o que se passa
no intervalo [0, π].
e) Pontos notáveis: a função seno interseta o eixo dos YY no ponto (0,0); para ver onde interseta o
eixo dos XX interessa resolver a equação sen x = 0 . No intervalo ]− π, π] existem dois zeros da
função seno: e .
f) Monotonia: vendo o que se passa no círculo trigonométrico concluímos que, no intervalo ]0,2π],
⎤ ⎡ ⎤ π 3π ⎡
a função seno é crescente nos intervalos ⎥ 3π
e ⎥ ,2π ⎢ , e decrescente no intervalo ⎥⎥ , ⎢⎢ .
⎢
⎥⎦ 2 ⎢⎣ ⎥⎦ 2 2 ⎢⎣
g) Continuidade: A função seno é contínua em todo o seu domínio.
h) Assíntotas: Não tem.
i) Limites nos ramos infinitos: Não existe limite em –∞ ou +∞.
j) Extremos (relativos e absolutos): no intervalo ]0,2π] a função seno tem um máximo para x =
π
2
3π
e um mínimo para x = .
2
O gráfico da função seno nos intervalos ]0,2π] e ]− π, π] respetivamente é:
y
y
1,0
1,0
0,5 0,5
0,0 x x
3π
2π
π π π
–
–0,5 –0,5
–π π
2 2
π
2 2
–1,0 –1,0
Comecemos por considerar o caso em que . Por observação do círculo trigonométrico é fácil
temos , para .
Usando estas duas desigualdades simultaneamente podemos que concluir que se tem
teremos de provar que, para toda a sucessão de termos diferentes de zero e a convergir para
, a sucessão também converge para zero. Mas neste caso basta aplicar o teorema
das sucessões enquadradas para concluir o pretendido. Fica assim provado que .
Logo .
Assim
Para podermos concluir, teremos de determinar os dois limites que nos apareceram. Vejamos o que
acontece com o limite do seno. Traçando um gráfico da função e ampliando sucessivamente, ficamos
com a ideia de que o limite é 1:
y yy yy yy
1,0
1,0
1,0 1,0
1,0
1,0 1,0
1,0
0,5
0,5
0,5 0,5
0,5
0,5 0,5
0,5
xx x xxx x xx
–4–4–4 –2–2–2 22 2 –1,0
–1,0
44 4 –1,0 –0,5
–0,5
–0,5 0,5
0,5 1,0
1,0
1,0 –0,2
–0,2
–0,2 –0,1
–0,1
–0,1 0,1
0,1 0,2
0,2
0,2
2 22 –0,5
–0,5 –0,5
–0,5
–0,5
–0,5
–0,5 –0,5 –0,5
–1,0
–1,0
–1,0 –1,0
–1,0
–1,0 –1,0
–1,0
–1,0
desde que se tenha . Mas as funções presentes na desigualdade são funções pares pelo que
a mesma desigualdade é válida desde que . Então, tal como fizemos atrás, recorrendo
à definição de limite de função segundo Heine e ao teorema das sucessões enquadradas, podemos
concluir que: .
Em conclusão: .
Sabendo agora como determinar a derivada da função seno, podemos confirmar os intervalos de
monotonia. Vamos estudar apenas o que se passa no intervalo ]0,2π] onde a função derivada, a fun-
0 2π
π 3π
x
2 2
+ 0 – 0 +
máximo mínimo
1.1 1.2
1
3.1 h(x) = 2senx + π 3.2 d(x) =
sen(2x + π)
5.1 5.2
6. Determina os limites:
sen(4x)
6.1 6.2 lim
x→0 sen(5x)
Função Cosseno
A função cosseno é uma função real de variável real que a cada amplitude x (em radianos) associa
o valor da razão trigonométrica cosseno de x, cos x, quando estamos em presença do círculo trigo-
nométrico já referido no início do capítulo. Este valor cos x é a razão entre o comprimento do cate-
to adjacente e o comprimento da hipotenusa, no caso em que a amplitude do ângulo varia entre 0
e . Para todos os valores de x, o cosseno de x pode ser obtido facilmente a partir do círculo trigo-
nométrico. O cosseno de x, para qualquer valor de x, será a abcissa do ponto obtido pela interseção
do círculo trigonométrico com o lado extremidade do ângulo de amplitude radianos.
Usando qualquer software que simule o círculo trigonométrico podemos facilmente intuir as princi-
pais propriedades da função cosseno. Temos assim:
a) Domínio: toda a reta real.
b) Contradomínio: o intervalo fechado [–1,1].
y
y
1,0 1,0
0,5 0,5
0,0 x x
3π
2π
π π π
– 0,5 – 0,5
π –π – π
2 2 2 2
– 1,0 – 1,0
Mais uma vez surgem dúvidas quanto à continuidade e à monotonia. Vamos deduzir estas pro-
priedades a partir das correspondentes propriedades da função seno. Quanto à continuidade da
E a função cosseno é efetivamente contínua. Para calcular a derivada da função cosseno usamos
uma abordagem do mesmo tipo. Temos, usando o teorema da derivada da função composta,
Sabendo agora como determinar a derivada da função cosseno, podemos confirmar os intervalos
de monotonia. Vamos estudar apenas o que se passa no intervalo ]0,2π] onde a função derivada, a
função seno, tem dois zeros: e .
Podemos construir o quadro de variações, a partir do conhecimento do sinal da função seno:
x 0 2π
– 0 + 0
mínimo máximo
Exercícios
8. Calcula as derivadas das funções definidas por
8.1 8.2
9. Sabendo que a função g é derivável e que g(2) = π e g '(2) = 6 , indica o valor das
derivadas das seguintes funções nos pontos indicados:
9.1 sen(g(x)) para x = 2; 9.2 cos(g(3x – 1)) para x = 1.
12.1 12.2
Regiomontano foi uma criança precoce. Com apenas 11 anos de idade matriculou-se na universidade
de Lípsia. Volvidos três anos foi para a universidade de Viena, então famosa pelos seus currículos
de Astronomia e Cosmologia, onde completou o bacharelato com 16 anos; contudo, de acordo com
o regulamento da universidade, teve de esperar pelos 21 anos para receber o título. Em Viena foi
aluno de Jorge Purbáquio (1423-1461), também ele figura proeminente da ciência do século XV, de
quem se tornou amigo e colaborador.
Na Europa do século XV as superstições ligadas à astrologia eram comuns mesmo em meios social-
mente elevados e, em geral, eram os astrónomos que se encarregavam das «previsões» astrológicas.
Ainda muito jovem, Regiomontano adquiriu considerável prestígio em Viena como astrónomo – e,
consequentemente, também como astrólogo, a ponto de ter prestado «serviços» à coroa do Sacro
Império Romano-Germânico. O imperador Frederico III pretendia casar com Leonor de Avis (uma
princesa portuguesa, filha de D. Duarte e irmã de D. Afonso V) e encomendou a Regiomontano
varia entre 0 e , excluindo . Para todos os valores de x, a tangente de x pode ser obtida facil-
mente a partir do círculo trigonométrico: é a ordenada do ponto obtido por interseção entre o lado
extremidade do ângulo e a reta perpendicular ao eixo dos XX e tangente ao círculo trigonométrico
(a linha da tangente).
Usando qualquer software que simule o círculo trigonométrico podemos facilmente intuir as princi-
pais propriedades da função tangente. Temos assim:
a) Domínio: toda a reta real excluindo os pontos onde o denominador se anula, isto é, onde o cos-
d) Simetrias em relação ao eixo dos YY e à origem: a função tangente é uma função ímpar pois
; assim o gráfico é simétrico em relação à origem. Se pretendermos analisar a
função no intervalo , então a simetria permite-nos estudar apenas, por exemplo, o que
⎡ π⎡
se passa no intervalo ⎢⎢0, ⎢⎢ .
⎢⎣ 2 ⎢⎣
e) Pontos notáveis: a função tangente interseta o eixo dos XX e o dos YY no ponto (0,0); no inter-
f) Monotonia: observando o que se passa no círculo trigonométrico concluímos que, em cada inter-
y y
10 10
5 5
0 x x
π π π π π π
– –
4 2 2 4 4 2
–5 –5
–10 –10
Mais uma vez surgem dúvidas quanto à continuidade e à monotonia. Como a função seno e a função
cosseno são contínuas e o quociente de duas funções contínuas é contínua, exceto nos pontos que
anulam o denominador (teorema 4 do capítulo 9, volume 3), concluímos que a função tangente
é contínua em toda a reta real excluindo os pontos onde o denominador se anula, isto é, onde o
Observamos em particular que, exceto nos pontos onde o cosseno se anula, a derivada é positiva.
13.1 13.3
13.2
16.1 16.2
Suponhamos que C(t) nos dá o tamanho da população de coelhos como uma função do tempo t,
medido em meses, a começar em Janeiro. Um possível modelo para esta situação é fornecido por
uma função trigonométrica. Uma função que se ajuste aos dados fornecidos é, por exemplo,
20 000
15 000
10 000
5000
0 t
0 5 10 15 20
Resolução
0 00 t tt
0 00 5 55 10 10
10 15 15
15 20 20
20
Fazendo variar o valor B em vai-nos permitir perceber melhor o que
se passa. Eis alguns casos para B, sempre no mesmo intervalo [0,24]:
C CC C CC C CC
20 20
20000
000 000 20 20
20000
000 000 20 20
20000
000 000
15 15
15000
000 000 15 15
15000
000 000 15 15
15000
000 000
10 10
10000
000 000 10 10
10000
000 000 10 10
10000
000 000
5000
5000
5000 5000
5000
5000 5000
5000
5000
0 00 t tt 0 00 t tt 0 00 t tt
0 00 5 55 10 10
10 15 15
15 20 20
20 0 00 5 55 10 10
10 15 15
15 20 20
20 0 00 5 55 10 10
10 15 15
15 20 20
20
B=1 B = 10 B = 0,1
Observamos que o período muda quando o B muda. Podemos concluir isso analiticamente. Temos,
se P for o período da função f,
2π
P=
B
é período da função f. Se B for negativo, este valor será negativo, mas como –2π é também período
da função cosseno, podemos obter o seguinte período (positivo):
Tarefa 2
Modelação Matemática
O modo como a teoria matemática e as aplicações se relacionam é normalmente designado por
matematização ou modelação matemática. Isto significa que, como afirma o matemático Ian
Stewart: “Qualquer descrição matemática do mundo real é um modelo. Manipulando o modelo
esperamos compreender algo da realidade. E já não perguntamos se o modelo é verdadeiro, pergun-
tamos unicamente se as suas implicações podem ser verificadas experimentalmente.”
Há vários modos de descrever o processo de matematização ou modelação matemática e o esquema
que vamos apresentar é um deles.
Tudo começa com a escolha de um problema real que pode estar mais ou menos indefinido. Em
seguida há que selecionar hipóteses: considera-se o atrito ou despreza-se, considera-se a espessura
de um material ou despreza-se, etc. A validade das conclusões apenas pode ser considerada tendo
como referência as hipóteses selecionadas. Só depois podemos enunciar o problema matemáti-
co propriamente dito: que equações ou inequações há que resolver, quais são as variáveis, o que é
constante, etc.
Os problemas que envolvem a matemática nem começam apenas aqui, nem terminam aqui. Agora
é, em princípio, clara qual a técnica matemática que pode ser usada, embora possa não ser muito
simples chegar à solução. E se não existe teoria matemática adequada, ela tem que ser elaborada
Elaborar relatório
(usar as conclusões para
explicar, predizer, decidir, ...
Mas o problema ainda não acabou! Há que ver qual o significado da solução no contexto do
problema. 3 quê? –16 quê? Metros? Dias? Graus?
Se obtivermos –5 metros como comprimento de uma vedação, confrontando com a realidade sa-
bemos que tal não é possível; então das duas uma: ou errámos os cálculos ou as nossas hipóteses
não são aceitáveis. Pode então ser necessário escolher novas hipóteses e repetir todo o processo até
chegarmos a uma solução que, confrontada outra vez com a realidade, seja admissível.
Por fim há que elaborar um relatório em que a solução do problema é usada para explicar o fenó-
meno, ou prever a evolução futura, ou para servir de suporte a uma tomada de decisões. Do ponto
de vista científico este passo é muito importante pois obriga o cientista ou equipa de cientistas a
passar a escrito o que teve de fazer, surgindo por vezes ideias unificadoras ou generalizadoras que
não ocorreram no decurso do processo. A comunicação sob a forma matemática é uma ferramenta
importante nos dias de hoje para todos os cientistas e investigadores.
Retomemos o exemplo da população de coelhos num parque natural, situação modelada com uma
⎛ πt ⎞⎟
função do tipo C(t) = 10000 − 5000 cos ⎜⎜ ⎟⎟⎟ .
⎜
⎜⎝ 6 ⎠⎟
Nesta situação, o número de coelhos é o mesmo em cada ano. E se quisermos um modelo em que o
número de coelhos aumente em cada ano, embora apenas 50 coelhos por mês? Então o novo mode-
⎛ πt ⎞⎟
lo terá de ser algo como C(t) = 10000 − 5000 cos ⎜⎜ ⎟⎟⎟ + 50t .
⎜
⎜⎝ 6 ⎟⎠
20 000
15 000
10 000
5000
0 t
0 10 20 30 40 50 60
Obtemos um modelo de uma situação claramente diferente. Claro que os modelos usam valores sim-
plificados, que são apenas aproximações da realidade; um modelo será tanto melhor quanto essas
aproximações estiverem mais
y próximas dos valores observados na realidade.
Todas as áreas do conhecimento usam as funções trigonométricas como modelos para variadas situ-
140
ações concretas. A Medicina não fica fora disso. Para modelar a pressão arterial fazem-se medições
C
com aparelhos adequados; 120 a pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue contra a superfície
20 000
interna das artérias. Atinge o valor máximo quando o coração ejeta o seu conteúdo na aorta e atin-
100
ge o valor mínimo quando
15 000
o coração acabou de bombear para a aorta todo o sangue que continha.
A pressão arterial é medida80 em milímetros de mercúrio, mmHg, unidade surgida quando Evangelis-
ta Torricelli inventou o barómetro de mercúrio, em 1643. Se dissermos que a pressão arterial de
determinada pessoa 10é 000
120/80,
60
isso quer dizer que o valor máximo atingido é 120 mmHg e o valor
mínimo é 80 mmHg. O 40melhor modelo para tal situação é dado por uma função trigonométrica.
Suponhamos que um ciclo completo, ou seja o intervalo de tempo de um batimento cardíaco, é de
aproximadamente 0,75 500020segundos. Atendendo ao que foi visto para as funções da família
0
, um bom modelo será uma
1,0 função visto que
x
0,0 0,5 1,5 2,0
0 t
0 10 20 30 40 50 60
o valor máximo atingido é 120, o valor mínimo é 80 e o período é 3/4 = 0,75. O gráfico de tal fun-
ção é:
y
140
120
100
80
60
40
20
0 x
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
O círculo trigonométrico é um círculo de raio unitário cujo centro está colocado na origem
de um referencial ortonormado XOY e onde se podem traçar os valores do seno, do cosseno e da
tangente de qualquer ângulo:
tangente
seno
cosseno
Interseção com eixo dos YY (0,0) eixo dos YY (0,1) eixo dos YY (0,0)
os eixos em eixo dos XX (0,0), eixo dos XX (0,0),
[0,2π]
⎛ 3π ⎞⎟
(π,0), (2π,0) eixo dos XX (π/2,0), ⎜⎜⎜ , 0⎟⎟ (π,0), (2π,0)
⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠⎟
Limites nos
não existem não existem não existem
ramos infinitos
um máximo para
e um mínimo
π
Extremos em
x=
um máximo para x = 2π e
2 não tem extremos
]0, 2π] um mínimo para x = π
para x =
3π
2
y y
y y y y
y
y y 2 2
2 2 2 2
2
2 2 1
1
1
Gráfico
1 1 1 1
1 1 0
0
0
x
0 0 x 0 x 0 x
π 3π 5 xπ π 73ππ
π 3π 5π 3π
5π 3π 7π 0 π 73ππ 5π 3π 7π 2π
x π
0 π 73ππ 3π 5 xπ
π 3π 3– π1 5 π 3 π 7–π1π
π
3π 5 xπ
π 3π
2π
π π
2π 2π π π
π 4 2 4 2 π4 4 22 44 4 2
2 3– π1 5 π 3 π 7–π1π
π π π
3– π1 5 π 3 π 7–π1 2 π 44 22 44 4 2 4– 1
π
2 π 44 22 44 4 2 4 π 4 2 4 4 2 4 4 2 4
π π π π
π 4 2 4
π π
–1 –1 4 2 4 4 2 4 –2
4 2 4 4 2 4 –2
–2 –2 –2 –2
–2
–2 –2
Aparecem frequentemente proposições do tipo “Para todos os números reais tem-se que ” ou
do tipo “Há alguns números reais para os quais x < 0 ”. As expressões “Para todos”, “Qualquer
3
que seja”, “Existe” e “Há alguns” transformam uma condição como “ ” ou “ ” numa
proposição. Chamam-se quantificadores. Veremos dois tipos de quantificadores:
a) o quantificador universal transforma uma condição com uma variável numa proposição, que
será verdadeira apenas se a condição for universal. Se for conveniente pode usar-se um símbolo
especial, ∀ , acompanhado, em baixo ou de lado, da variável que se quer quantificar. No exemplo
dado, a escrita simbólica da proposição seria
∀ | x |≥ 0
x∈
b) o quantificador existencial transforma uma condição com uma variável numa proposição, que
será verdadeira apenas se houver pelo menos uma substituição da variável que conduza a uma
proposição verdadeira. Se for conveniente pode usar-se um símbolo especial, ∃ , acompanhado,
em baixo ou de lado, da variável que se quer quantificar. No exemplo dado, a escrita simbólica
da proposição seria
, , , , ,
São exemplos de proposições falsas:
, , , , , ∃ (y < 0 ∧ y > 0)
y∈
É interessante observar-se que a negação de uma proposição com um quantificador existencial pro-
duz uma proposição com um quantificador universal e vice-versa. Com efeito:
- A negação de uma proposição obtida através da aplicação do quantificador existencial
a uma condição é verdadeira se e somente se for verdadeira a proposição obtida aplicando o
quantificador universal à negação da condição.
dadeira.
x∈
⎛π ⎞⎟ ⎛ 3π ⎞⎟
⎜ ⎜
A(x) = cos(3π − x) + cos ⎜⎜ + x ⎟⎟⎟ + sen ⎜⎜− − x ⎟⎟⎟
⎜⎝ 2 ⎟⎠ ⎜⎝ 2 ⎟⎠
2
2.1 cos x = 2.4 cos(2x) = sen(3x)
2
1
2.2 sen(3x) = 2
2 2.5 cos(x) ≥
2
⎛ π ⎞⎟ ⎛ π ⎞⎟
⎜ ⎜ 1
2.3 cos ⎜⎜3x + ⎟⎟⎟ = cos ⎜⎜x + ⎟⎟⎟ 2.6 sen(3x) >
⎜⎝ 4 ⎟⎠ ⎜⎝ 3 ⎟⎠ 2
4. Calcula:
sen 4x sen(5x) tg x
4.1 lim 4.2 lim 4.3 lim
x→0 2x x→0 sen(−2x) x→0 2x
cos x
6.2 g(x) = 6.4 w(x) = cos 3 (3r )
cos x − 1
8. Calcula o declive da reta tangente a cada uma das funções nos pontos
Pensa e Resolve ↑ ↑
f no ponto de abcissa .
11. Calcula:
−sen 2x 4 cos x
11.1 lim 11.2 lim
x→0 3x x→
π π − 2x
2
12.
⎛ π ⎞⎟ ⎛ π ⎞⎟ ⎛ π ⎞⎟
12.2 Com os valores exatos de cos ⎜⎜ ⎟⎟⎟ e cos ⎜⎜ ⎟⎟⎟ , determina um valor exato para cos ⎜⎜ ⎟⎟⎟ .
⎜ ⎜ ⎜
⎜⎝ 4 ⎟⎠ ⎜⎝ 3 ⎟⎠ ⎜⎝ 12 ⎟⎠
13. Um jogador de golfe bate uma bola com velocidade inicial v0 = 30 m/s . Desprezando a re-
sistência do ar, a distância R, no plano horizontal, atingida pela bola é dada em função do
ângulo por:
v02 sen 2θ
R(θ) = , onde g = 9, 8m/s2
g R
1m 1m
1m
2
⎛ ⎛ x ⎞⎟⎞⎟
15. Define, analiticamente, a tangente à função g(x) = ⎜⎜1 − cos2 ⎜⎜ ⎟⎟⎟⎟⎟⎟ no ponto de abcissa
⎜ ⎜
⎜⎜ ⎜⎝ 2 ⎟⎠⎟⎟⎠
⎝
Reflete ↑ ↑ ↑
⎡ π⎤
16. Mostra que a função tem pelo menos um zero no intervalo ⎢⎢0, ⎥⎥ .
⎢⎣ 2 ⎥⎦
17. Considera a função h(x) = 3 cos x − sen x .
O erro comum mais cometido por principiantes e profissionais é não ter cuidado com as unidades
usadas. Quase todo o estudo feito no 12.º ano é em radianos, raramente se trabalha em graus. Vá-
rias fórmulas, como as de derivação, só são válidas quando os ângulos são medidos em radianos. Os
gráficos ficam completamente diferentes em graus e em radianos. Por isso, deves verificar sempre se
as unidades estão certas, sobretudo quando se usa uma calculadora ou computador.
O segundo erro mais comum tem a ver com os expoentes nas funções trigonométricas. A notação
por vezes induz em erro mas não há notações 100% claras. Nota que
( )
cos2 x = cos x , cos 2x = cos(2x) , cos x 2 = cos(x 2 )
2
sen x
f (x) =
x
Quando olhamos para ele somos tentados a afirmar que o domínio de f é toda a reta real, quando
na realidade não é. A função f não está definida no ponto x = 0. Tal normalmente não é facilmente
visível num gráfico pois se trata apenas de um único ponto no meio de centenas de outros. A lição
a tirar é: um gráfico nunca diz tudo sobre uma função, devem sempre usar-se outros conhecimentos
para estar seguro da sua conclusão.
E A
O C x
B D
Sabe-se que:
⎤ π⎡
- θ ∈ ⎥⎥ 0, ⎢⎢
⎥⎦ 2 ⎢⎣
(A) 2(cos θ + senθ) (B) cos θ + senθ (C) 2(1 + cos θ + senθ) (D) 1 + cos θ + senθ
2. Na figura está representado um triângulo inscrito numa circunferência de centro O e raio
igual a 1.
sen(2x)
(A) π − sen(2x) (B) − sen (2x) (C) π − 2 sen(2x) (D) π −
π
2 4
Resposta aberta
A figura 1 e a figura 2 representam dois cortes do mesmo depósito, com alturas de combus-
tível distintas.
Os cortes são feitos por um plano vertical que passa pelo centro da esfera.
C B
O O
C
B
A A
figura 1 figura 2
Sabe-se que:
⎤ 2π ⎡ ⎤ 2π ⎡
⎥− ,− π ⎢ ⎥− ,− π ⎢
- g tem domínio ⎥ ⎢ e g ' , primeira derivada de g, tem domínio ⎥ ⎢ é defini-
⎥⎦ 3 3 ⎢⎣ ⎥⎦ 3 3 ⎢⎣
⎛ π ⎞⎟
da por g '(x) = log 2 ⎜⎜− − x ⎟⎟⎟ .
⎜
⎜⎝ 6 ⎟⎠
sen x
4.1 Calcula o valor de lim .
x→0 f (x) − π
4.2 Estuda a função g relativamente ao sentido das concavidades do seu gráfico e quanto
⎤ 2π π ⎡⎢
à existência de pontos de inflexão no intervalo ⎥− ,− ⎢ .
⎥
⎥⎦ 3 3 ⎢⎣
- equacionar o problema;
Com base nesse gráfico e utilizando as ferramentas adequadas da sua calculadora, resolve
o seguinte problema:
⎤ π⎡
Seja ⎥ 0, ⎢ a amplitude, em radianos, do ângulo que a artéria principal faz com a sua
⎥ ⎢
⎥⎦ 2 ⎢⎣
Sabe-se que .
Admitindo que o modelo descrito se adequa com exatidão à situação real, determina no
Explica como procedeste. Na tua explicação deves incluir o gráfico, ou gráficos, que tenhas
visualizado na calculadora, bem como coordenadas relevantes de algum, ou alguns, pontos.
Sempre que, em valores intermédios, procederes a arredondamentos, conserva um mínimo de
três casas decimais.
⎧⎪
⎪⎪
⎪⎪ax + b + e x se x ≤ 0
⎪
f (x) = ⎪⎨ com a,b ∈
⎪⎪
⎪⎪ x − sen(2x)
⎪⎪ se 0 < x ≤ 2π
⎪⎩ x
Resolve os dois itens seguintes, recorrendo a métodos exclusivamente analíticos.
9.1 Prova que a reta de equação y = ax + b, com , é uma assíntota oblíqua do grá-
fico de f.
D C
H F
A B
Sabe-se que:
10.2 Mostra que existe um valor de x compreendido entre para o qual a área da
região sombreada é 5.
(A) (B)
(C) (D)
4. A função é:
(A) par (B) ímpar (C) par e ímpar (D) nem par nem ímpar
⎤ π⎡
- O ângulo α ∈ ⎥⎥ 0, ⎢⎢ é formado pelas semirretas
Ox e Os ⎥⎦ 2 ⎢⎣
6.4 Calcula: e
Numa composição indica as soluções das alíneas seguintes, utilizando quando entenderes
como adequado as capacidades da calculadora gráfica.
9.1 Qual o período da função?
9.2 Apresenta o esboço do gráfico de P(t) num período.
9.3 Determina o máximo e o mínimo da função nesse período.
9.4 Estima o número de anos em que a população de animais é inferior a 8000.
⎧⎪1 + k sen x
10. Considera a função real de variável real g(x) = ⎪⎨ 2 .
se x <0
⎪⎪k − sen x se x ≥0
⎩
⎤ π 3π ⎡
10.2 Se k = 1, justifica que existe c ∈ ⎥⎥ , ⎢⎢ , tal que g(c) = 1.
⎥⎦ 2 2 ⎢⎣
Imaginem uma sala repleta de pessoas a presenciar um acontecimento raro, curiosos uns, ansiosos
outros, todos sem conseguir imaginar o final. Ar abafado, iluminação fraca como era comum no
século XVI, silêncio pesado de se ouvir uma mosca a voar. Provavelmente numa sala da Universi-
dade de Bologna, Antonio Maria Fior e Niccolò Tartaglia tentavam mostrar quem era melhor ...
a resolver equações. Estes verdadeiros duelos matemáticos eram importantes para conseguir bons
contratos nas Universidades. As Universidades queriam os professores mais famosos pois os alunos
depois escolheriam as universidades onde havia os professores mais famosos.
Tal foi um enorme avanço para a época pois apenas se sabiam resolver alguns casos particulares.
Niccolò Tartaglia sabia resolver apenas o caso
que é menos geral que o anterior. Para este duelo, Antonio Maria Fior propôs apenas problemas que
só se conseguissem resolver com o seu método. Por exemplo:
“Encontra-me um número tal que quando a sua raiz cúbica lhe for adicionada, o
resultado seja 6.”
“Um homem vende uma safira por 500 ducados, obtendo um lucro igual à raiz
cúbica do seu capital. Qual foi o lucro?”
Para a resolver seria preciso encontrar dois números cuja diferença fosse igual ao número dado q:
a – b = q, e cujo produto seja igual “ao cubo da terça parte das coisas”:
,
Cardano deparou-se com uma situação que o deixou perplexo e ninguém na época conseguiu expli-
car. Quando pretendia resolver a equação
ao aplicar o método que parecia funcionar bem noutras situações, aparecia o número .
Por um lado, ninguém sabia como lidar com tais números. Por outro lado, a equação dada tinha
pelo menos uma solução real, . Como fazer? Ninguém sabia!
No seu livro Ars Magna, Cardano encontra outra situação do mesmo tipo, ao resolver o problema:
e .
Cardano escreveu a propósito desse resultado: “Assim progride a aritmética subtilmente cuja finali-
dade, como se costuma dizer, é tão refinada quanto inútil.” E não discutiu mais o assunto.
O livro de Cardano foi um dos mais populares na sua época e foi lido em toda a Europa. Girolamo
Cardano era um autor de livros científicos muito popular, escrevendo tanto sobre temas matemáti-
cos, como sobre medicina ou sobre temas científicos em geral.
Só 15 anos mais tarde a história dos números complexos conheceu mais desenvolvimentos, com a
entrada em cena do engenheiro Rafael Bombelli. Nas horas vagas dos seus projetos de engenharia,
Bombelli resolveu escrever um livro de Álgebra que fosse mais completo e mais fácil de ler do que
o de Cardano.
Foi no livro de Álgebra de Bombelli que apareceu a primeira exposição aceitável dos números com-
plexos. Como resolveu Bombelli os problemas que deixaram Cardano sem saída? Ele estudou a
equação
,
Um cálculo simples permitiu concluir que os números reais positivos a e b deviam satisfazer
e . Em seguida tentou descobrir que valores podiam assumir a e b e con-
cluiu que devia ser e . Finalmente concluiu que a solução devia ser
“O i, número imaginário
com muita imaginação,
imaginara o cenário
para um filme de ficção.
A história começava
dentro duma equação
de segundo grau, e o vilão
era uma raiz quadrada
da fórmula resolvente
que assaltava à mão armada
um pobre x que passava,
roubando-lhe o expoente..”
História do i in “Pequeno livro de Desmatemática”, Manuel António Pina (1943–2012)
Aos números da forma a + bi, onde a e b são números reais e chamamos números com-
plexos. O conjunto dos números complexos representa-se por .
Num número complexo a + bi distinguimos a parte real, a, e a parte imaginária, bi.
Se b = 0, o número complexo tem apenas parte real, ou seja é um número real; isto significa que
os números reais fazem parte dos números complexos.
-se então imaginário puro. Os números 2i, –3i e são imaginários puros.
Ao número i chama-se unidade imaginária.
2. Para cada um dos números seguintes indica qual a sua parte real e qual a sua parte
imaginária:
1 1 1 5 6
, − i,2i + 5, 3 + i 7 ,1 + 3i,i
2 2 2
3. Escreve três números reais, três números complexos e três números imaginários.
Sendo , passamos a poder resolver, no conjunto dos números complexos, certas equações
que não podíamos resolver antes no conjunto dos números reais. Para isso basta definir o que se
Tr
Tarefa resolvida 1
Resolução
Tr
Tarefa resolvida 2
A fórmula resolvente pode ser usada aqui, do mesmo modo como o era antes no conjunto dos nú-
ou ainda x1 = e x2 = .
−1 − i 5 −1 + i 5
2 2
Exercícios
4. Resolve as seguintes equações do segundo grau:
Ou seja, para adicionar dois números complexos, adicionamos as partes reais e adicionamos as par-
tes imaginárias. Para subtrair dois números complexos, subtraímos as partes reais e subtraímos as
partes imaginárias.
Outra, , foi encontrada por Diofanto (250 a.C. - 166 a.C.), que a obteve como pos-
sível solução de uma equação de segundo grau. Nenhum dos dois matemáticos levou este assunto
a sério. Na realidade, se os números negativos, só por si, eram já considerados falsos, absurdos ou
fictícios, não é de estranhar que as suas raízes quadradas nem sequer fossem tidas em consideração.
Nos tempos modernos, o primeiro matemático que passou ao papel uma fórmula que incluía a raiz
quadrada de um número negativo, aparentemente sem sentido, foi o matemático italiano Gerolamo
Cardano. Ao discutir a possibilidade do número 10 ser dividido em duas partes cujo produto fosse
40, mostrou que, embora este problema não tivesse solução racional, era possível obter uma resposta
através de expressões matemáticas impossíveis: e .
Adaptado de “Números Notáveis”, Lamberto García del Cid, RBA, 2011
Para a divisão as coisas são mais complicadas. Como proceder quando temos ?
Conviria retirar a unidade imaginária do denominador. Para isso vamos introduzir um novo con-
ceito: o de número complexo conjugado. Dado o número complexo , o número complexo
conjugado de é o número complexo . Ou seja, o conjugado de um número complexo
é o complexo com a mesma parte real e com uma parte imaginária simétrica. Qual a vantagem de
introduzir tal número? Se multiplicarmos um número complexo e o seu conjugado o resultado é
surpreendente:
Ou seja, o produto de um número complexo e do seu conjugado é um número real. Então, se mul-
tiplicarmos o numerador e o denominador da fração acima pelo conjugado do denominador conse-
guiremos “expulsar” os números complexos do denominador. Vejamos:
Podemos então definir a divisão de números complexos (quando o denominador não é nulo, claro):
Para calcular as sucessivas potências de números complexos não há dificuldades especiais a prever
pois trata-se de multiplicações repetidas. Comecemos com a unidade imaginária. Como
temos
e assim por diante. Como observamos, as potências de i vão-se repetindo, sendo . Assim, é
fácil determinar o valor de qualquer outra potência de i; por exemplo
Se quisermos calcular uma potência arbitrária de outro número complexo podemos multiplicar
sucessivamente o número complexo dado, mas podemos também usar a fórmula do binómio de
Newton que continua a ser válida para os números complexos:
5.1
5.2 5.7
5.3
5.8
⎛ 1 ⎞⎟⎟
⎜⎜ 5.9
5.4 ⎜⎜ 3 − i ⎟⎟ ×(−2 − 5i)
⎝ 2 ⎟⎠
5.10 i 2014
5.5
5.6
6.1 6.2
7. Calcula .
8.1 8.2
Os números imaginários
Os números imaginários parecem não ter qualquer significado real; é como se o seu estudo tivesse
de começar com a frase “era uma vez”. Euler (1707-1783)
descreveu do seguinte modo o número imaginário: “nem
nada, nem mais do que nada, nem menos do que nada...” O
famoso matemático, depois de considerar que estes números
eram impossíveis devido à sua própria natureza, sugeria que,
já que existem na nossa mente, nada impede que se faça uso
deles nos cálculos. Leibniz (1646-1716), também surpreendi-
do por este tipo de números, definiu-os como “esse anfíbio
entre o ser e o não ser”. Podemos assim, facilmente perceber
por que razão estes números tão “etéreos” e “fantasmagóri-
cos” não agradavam aos matemáticos.
−a = a −1 = i a
1.1 z 1 = 4 + 5i e z 2 = 3 − 2i
1.2 z 1 = 0, 5 − 3,2i e z 2 = 1, 5 − 0, 8i
2.1 z 1 = 3 + 4i e z 2 = 0, 4 − 0,2i
2.2 z 1 = 1 − 2i e z 2 = 0, 6
⎛ ⎞⎛ ⎞
1 3 1 3
3.1 i 17 + i 18 + i 19 + i 20 3.2 2i ⎜ + i⎟ ⎜ − + i⎟
⎜⎝ 2 2 ⎟⎠ ⎜⎝ 2 2 ⎟⎠
6. Dados os números complexos 3 −bi e a + 2i , calcula a e b de modo que o seu produto seja
.
Pensa e Resolve ↑ ↑
Reflete ↑ ↑ ↑
Vários problemas ou tarefas exigem uma resposta mais completa, incluindo alguma discussão e uma
ou mais conclusões. Um possível guião para uma resposta a tal tipo de problemas é apresentado
a seguir. Podes usar este mesmo guião quando quiseres responder de forma mais completa a uma
tarefa deste manual, pois assim estás a aprofundar a tua compreensão sobre o tema envolvido na
tarefa, o que constitui uma excelente preparação para o exame.
Guião
Introdução:
Apresenta a tarefa proposta e indica qual o seu objectivo, usando as tuas próprias palavras.
Desenvolvimento:
Relata os passos do trabalho realizado, explicando como pensaste e quais as estratégias usadas.
Descreve as dificuldades sentidas e como as ultrapassaste.
Conclusão:
Lições a tirar:
Faz um comentário global sobre o trabalho desenvolvido. Resume o que aprendeste. Comenta o
interesse da tarefa.
Adaptado de “Os relatórios escritos na regulação das aprendizagens em Matemática”
de Sílvia Semana e Leonor Santos
Resposta Aberta
6. Considera os complexos z = a + 3i e .
6.2 Supõe que . Determina uma equação de 2.º grau de coeficientes reais,
cujas raízes são z e .
1
8.2 = cos x − i sen x, ∀x ∈
cos x + i sen x
3. Resolve em a equação: .
5. Mostra que: .
“Não pode haver raízes quadradas de números negativos. Mas... basta imaginar que pode haver, e já há!
Tão simples como isso...
Hoje, os números imaginários (o i e os seus múltiplos: o 2i, o 3i, o 4i e por aí adiante), são absolutamente
imprescindíveis para os mais rotineiros cálculos de engenharia e de física. E a matemática já não pode pas-
sar sem eles. Afinal os números imaginários são tão “reais” como os “números reais”!”
Os números imaginários in “Pequeno livro de Desmatemática” de Manuel António Pina (1943-2012)
Representamos graficamente os números reais na reta real. Como representar graficamente os nú-
meros complexos? É lógico que pensemos em representar a parte real de um número complexo na
reta real. O que fazer da parte imaginária? Talvez a possamos representar numa outra reta, mas
diferente da anterior, nomeadamente numa reta perpendicular à reta real. Assim, a cada complexo
z = a + bi com a e b números reais, podemos associar um e um só ponto do plano de coordenadas
(a,b):
a + bi
|z|
Reciprocamente, a cada ponto (a,b) do plano podemos também associar um e um só número com-
plexo z = a + bi . Por esta razão ao plano cartesiano chama-se também plano complexo (e tam-
bém plano de Argand ou plano de Argand-Gauss). Ao ponto (a,b) do plano complexo que
corresponde ao número complexo z = a + bi chama-se afixo de z = a + bi . Esta representação
geométrica dos números complexos faz aparecer, como já esperávamos, a parte real no eixo dos XX
(a parte real é a abcissa do afixo do complexo) e a parte imaginária no eixo dos YY (o coeficiente
da parte imaginária é a ordenada do afixo do complexo).
|z |=|a + bi |= a 2 + b 2
À medida do ângulo orientado cujo lado origem é o semieixo real positivo OX e cujo lado extremi-
dade é a semirreta de origem O e que passa pelo ponto (a,b) chama-se argumento de z = a + bi
e representa-se por .
a + bi
Cada número complexo pode igualmente ser representado pelo vetor do plano cujas coordenadas
são (a,b).
Diz-se que z = a + bi tem por imagem vetorial o vetor u de coordenadas (a,b) ou que u(a,b) é
o vetor imagem de z = a + bi .
Não iremos entrar em muitos detalhes, mas precisamos de saber que todas as propriedades que
conhecemos dos vetores são também cumpridas pelos números complexos. Podemos agora fazer a
interpretação geométrica das operações com números complexos usando vetores.
A soma de dois números complexos é obtida do mesmo modo que a soma de dois vetores, recorren-
do nomeadamente à regra do paralelogramo já usada nos vetores. Se o vetor tiver por coor-
Exercícios
1. Representa graficamente os números complexos:
Estas duas quantidades são suficientes para definir sem ambiguidade todos os números complexos
diferentes de zero. Ou seja, dados números reais positivo e qualquer, existe apenas um nú-
mero complexo z não nulo cujo módulo é e cujo argumento é . Com efeito, todos os números
complexos cujo módulo for têm o seu afixo a uma distância da origem (ou seja, sobre uma
circunferência de centro na origem e raio ): todos os números complexos cujo argumento seja
têm o seu afixo sobre uma semirreta que começa na origem das coordenadas e faz um ângulo
radianos com o semieixo positivo OX. Há um único ponto que satisfaz as duas condições. Esse será
o afixo do complexo z de módulo e argumento .
Todo o número complexo z não nulo de módulo e argumento pode escrever-se como
z = ρ cos θ + iρ sen θ = ρ(cos θ + i sen θ) = ρ cis θ
Tr
Tarefa resolvida 1
b) z = 2 − 2 3i
Resolução
a) Temos de começar por determinar o módulo e o argumento de z. Para o módulo temos
2
⎛ ⎞
|z |= ⎜⎜− 3 ⎟⎟⎟ + 12 = 3 + 1 = 2
⎝ ⎠
Sendo assim, podemos concluir que . Logo a forma trigonométrica do número com-
plexo dado é:
⎛ π π ⎞⎟
⎜
z = 2 ⎜⎜cos + i sen ⎟⎟⎟
⎜⎝ 6 6 ⎟⎠
b) Comecemos por determinar o módulo e o argumento de z. Para o módulo temos
2
⎛ ⎞
|z |= 22 + ⎜⎜−2 3 ⎟⎟⎟ = 4 + 12 = 4
⎝ ⎠
A não esquecer
O passo mais delicado tem a ver com a determinação de um argumento. Para não
errar convém verificar sempre em que quadrante está o afixo do complexo.
Tr
Tarefa resolvida 2
⎛ 9π 9π ⎞⎟
⎜
b) z = 2 ⎜⎜cos + i sen ⎟⎟⎟
⎜⎝ 4 4 ⎟⎠
Resolução
a) Esta conversão é fácil. Basta efetuar os cálculos:
⎛ ⎛ ⎞
⎜ −π −π ⎞⎟⎟ ⎜ 3 1 ⎟⎟ 3 3 3
z = 3 ⎜⎜cos + i sen ⎟⎟ = 3 ⎜⎜⎜ − i ⎟⎟ = − i
⎜⎝ 6 6 ⎟⎠ ⎜⎝ 2 2 ⎟⎟⎠ 2 2
b) A conversão da forma trigonométrica para a forma algébrica é sempre fácil. Basta efetuar os
cálculos:
⎛ 9π 9π ⎞⎟ ⎛ π π ⎞⎟
⎜ ⎜
z = 2 ⎜⎜cos + i sen ⎟⎟⎟ = 2 ⎜⎜cos + i sen ⎟⎟⎟ = 2 + 2i
⎜⎝ 4 4 ⎟⎠ ⎜⎝ 4 4 ⎟⎠
⎛ π π ⎞⎟ 5.4
5.2 ⎜
z = 3 ⎜⎜cos + i sen ⎟⎟⎟
⎜⎝ 6 6 ⎟⎠
⎛ 3π ⎞⎟
+ isen ⎟⎟⎟ e z 2 = (a + 1)(cos(2b) + i sen(2b))
⎜ 3π
6.2 z 1 = 2 ⎜⎜cos
⎜⎝ 6 6 ⎟⎠
passa com a multiplicação. Sejam e dois números complexos não nulos cuja representação
trigonométrica é z 1 = ρ1(cos θ1 + i sen θ1 ) e z 2 = ρ2(cos θ2 + i sen θ2 ) .
Tentemos fazer a multiplicação dos dois números, respeitando as regras usuais. Temos
Ou seja, para multiplicar dois números complexos na forma trigonométrica basta multiplicar os
módulos e adicionar os argumentos. Fácil!
Dado um número complexo na forma trigonométrica tentemos determinar uma forma trigonométri-
ca simples para o seu simétrico. Seja então z = ρ(cos θ + i sen θ) e tentemos ver a forma de
nométrica simples para o seu inverso. Seja então e tentemos ver a forma de
1 1 cos θ − i sen θ
= =
z ρ(cos θ + i sen θ)
ρ(cos θ + i sen θ)(cos θ − i sen θ)
cos θ − i sen θ
1
= = (cos θ − i sen θ)
ρ(cos θ + sen θ) ρ
2 2
Ainda não obtivemos a forma trigonométrica pretendida pois não aparece ainda na forma conven-
1 1
cionada. Mas cos θ − i sen θ = cos(−θ) + i sen(−θ) pelo que vem = (cos(−θ) + i sen(−θ)) .
z ρ
Vejamos agora o que acontece com o quociente de dois números complexos. Sejam e dois
números complexos não nulos cuja representação trigonométrica é
1 1
= (cos(−θ2 ) + i sen(−θ2 ))
z2 ρ2
Aplicando agora o que vimos para o produto de números complexos na forma trigonométrica, ob-
temos
z1 1
= z1 ×
z2 z2
1
= ρ1(cos θ1 + i sen θ1 )× (cos(−θ2 ) + i sen(−θ2 ))
ρ2
ρ1
= (cos(θ1 − θ2 ) + i sen(θ1 − θ2 ))
ρ2
Tr
Tarefa resolvida 3
Resolução
para (este símbolo foi introduzido pela primeira vez por Leonhard Euler (1707-1783) num
trabalho apresentado publicamente em 1777, mas apenas publicado em 1794).
Demonstração
Vamos usar o método de indução.
Vejamos. Temos
c.q.d.
Tr
Tarefa resolvida 4
Determina , sendo .
Resolução
Parece que obtemos uma infinidade de raízes pois, para cada , obtemos um valor para . Mas
não esqueçamos que as funções seno e cosseno são periódicas de período 2π pelo que deve haver
repetições... Vamos atribuir valores a k:
⎛ ⎞
k = 0 → w = 2 cis = 2 ⎜ + i
⎜⎜ 1
π 3 ⎟⎟⎟
⎜⎜ 2 ⎟ = 1+ i 3
3 ⎝ 2 ⎟⎟⎠
k=1→
⎛ ⎞
k = 2 → w = 2 cis
5π ⎜1 3 ⎟⎟⎟
= 2 ⎜⎜⎜ − i ⎟ = 1−i 3
3 ⎜⎝ 2 2 ⎟⎟⎠
Se experimentarmos outros valores de k iremos obter valores já antes obtidos para w, visto que va-
mos adicionando ângulos de 2π/3 e assim aparecem ângulos já antes considerados, mais ou menos
múltiplos de 2π. Obtivemos 3 raízes cúbicas distintas, mas isso era o expectável em função do que
conhecemos dos números reais. Note-se que –8 é um número real e obtivemos uma raiz cúbica real
e duas raízes cúbicas imaginárias. Note-se também que as três raízes cúbicas estão nos vértices de
um triângulo equilátero inscrito numa circunferência de raio 2.
, com .
θ + 2kπ
z k = n ρ cis
n
Exercícios
7. Calcula
4
7.1 (−1 − 3i)13 7.3 7.5 i
Domínios planos
Muitos subconjuntos do plano complexo têm uma descrição simples usando números complexos.
Estudemos alguns. Comecemos com uma interpretação geométrica do módulo e do argumento de
|z |=|a + bi |= a 2 + b 2
pelo que representa a distância entre a origem e o ponto de coordenadas (a,b), o afixo de z. Assim,
uma condição como |z |= 3 representa geometricamente uma circunferência de raio 3 e centro na
origem:
Observemos agora que também deverá representar uma distância; de que tipo? Se for
z = x + yi e z 1 = a + bi então temos
ponto de coordenadas (a,b), afixos de z e respetivamente, é igual a r. Se o ponto (a,b) for fixo e
procurarmos todos os pontos z que satisfazem a condição então esses pontos z estão sobre uma cir-
cunferência de centro em (a,b) e raio r. Por exemplo, para (a,b) = (–1,2) e r = 3, obtemos:
O módulo também pode aparecer numa condição do tipo |z − z 1 |=|z − z 2 | . Neste caso queremos
procurar os complexos z cujos afixos sejam tais que a distância ao afixo de é igual à distância ao
afixo de . Esses pontos estão sobre a mediatriz do segmento que une os afixos de e , por
então os z estariam, como vimos, sobre a semirreta que começa na origem das coordena-
das e que faz um ângulo de medida com o semieixo positivo OX. Mas em vez de z temos
ou seja, temos de fazer uma translação segundo da semirreta referida que assim tem por origem
o afixo de e é paralela a (ou seja, faz um ângulo α com a semirreta que começa no afixo
Logo o afixo de z deve estar na região do plano complexo definida pela mediatriz do segmento que
Exercícios
12. Representa, no plano complexo, as condições em z :
12.1 |z |= 1 12.6 |z − i |≤ 1
12.2 |z |< 1 12.7 1 <|z − i |< 3
12.3 |z |≤ 1 12.8 1 <|z − 1 − i |< 3
12.4 |z |≥ 1 12.9 |z − i |=|z − 3|
12.5 |z − i |= 1 12.10 Im z = 3
13.1
13.2
13.3
14. Esboça o lugar geométrico dos afixos dos números complexos z que verificam as con-
dições seguintes:
π
14.1 14.3 arg(z − 1 + i) =
2
π
14.2 arg(z − i) = 14.4
2
z1
O quociente dos dois números é (cos(θ1 − θ2 ) + i sen(θ1 − θ2 )) .
ρ1
=
z2 ρ2
Fórmula de Moivre: Seja n um número natural e z um número complexo cuja forma trigo-
θ + 2kπ
z k = n ρ cis com .
n
|z |= r
|z − z 1 |=|z − z 2 |
|z − z 1 |<|z − z 2 |
2.3 (
3 cos 3 + i sen 3 )
3. Escreve na forma trigonométrica os seguintes números complexos:
7.2 |z − 1 + 2i |=|z + 2 − i |
7.5 arg(z – 1 – i) =
7.3 |z − i |>|z + 1 + i |
Pensa e Resolve ↑ ↑
5
⎛ cos θ − isen θ ⎞⎟
⎜⎜
Escreve na forma trigonométrica o número complexo ⎜⎜ .
⎟⎟
8.
⎜⎝ sen θ + i cos θ ⎟⎟⎠
9. Qual é o menor número n inteiro e positivo para o qual é um número real positivo?
n
⎛ 2 + i ⎞⎟
10. Verifica a identidade ⎜⎜ ⎟⎟ = cos 3nπ + i sen 3nπ .
⎜
⎜⎝ −1 + 2i ⎟⎟⎠ 2 2
80 82
14.2
14.1
14.3 |2 − i − z|≥ 4 ∧|Re(2 − i − z )|≥ 1
Reflete ↑ ↑ ↑
Muitos alunos não se preparam devidamente para os exames e nas vésperas tentam estudar em
modo acelerado e fazendo umas diretas com a ajuda de cafés e chocolates. Infelizmente, este método
não funciona!
Hoje temos a certeza que é assim porque são essas as conclusões de um estudo desenvolvido pelo
Professor Andrew J. Fuligni na UCLA-Universidade da Califórnia, Los Angeles, e divulgado pu-
blicamente em agosto de 2012. O estudo do Professor Fuligni e dos seus colaboradores conclui que
sacrificar o sono para aumentar o tempo de estudo, seja estudando para um exame seja para despa-
char trabalhos de casa atrasados, é na verdade contraproducente. Concluiu que, independentemente
de quanto um estudante normalmente estuda em cada dia, se esse aluno sacrificar tempo de sono de
modo a estudar mais do que o habitual, ele ou ela é susceptível de ter mais problemas académicos,
e não menos, no dia seguinte.
Ou seja, é tão importante estudar como dormir para obter resultados académicos satisfatórios. Um
exagero de corte no sono pode até impedir a aprendizagem. O Professor Fuligni afirma que, em
geral, os estudantes aprendem melhor quando mantêm um horário de estudo consistente, o que é
dificultado quando começam a surgir muitos compromissos sociais e prazos de entrega de trabalhos
ou exames. Existe a impressão de que quem estuda mais obtém melhores classificações, mas se essa
quantidade de estudo implica a redução do tempo de sono começam a surgir os problemas. O conse-
lho do Professor Fuligni é: “O sucesso académico pode depender de encontrar estratégias para evitar
ter que cortar no sono para conseguir estudar, tais como a manutenção de um horário de estudo
consistente em cada dia, usando o tempo passado na escola de um modo tão eficientemente quanto
possível e sacrificando antes o tempo gasto noutras atividades menos essenciais.”
Concluímos assim que a melhor preparação escolar que se pode fazer para um exame é o do estudo
regular ao longo do ano. O estudo para o exame do 12.º ano de junho ou julho começa efetivamente
em setembro do ano anterior. É bom conseguir estabelecer um ritmo adequado a cada pessoa, estu-
dando e revendo de forma planeada, constante e consistente com as características particulares de
cada estudante, embora não precise de ser rígido nem aplicado de forma absoluta.
Convém por exemplo rever temas estudados anteriormente. Rever as “Sínteses” com o essencial de
cada capítulo serve para verificar se não ficou nada perdido que seja preciso rever com mais cuidado.
Resolver alguns exercícios de capítulos anteriores também ajuda a manter os temas presentes. Como
os exercícios estão divididos em três categorias “Pratica”, “Pensa e resolve” e “Reflete”, pode-se
tirar partido desta divisão por grau de dificuldade para rever exercícios de forma seletiva: se não
temos dificuldade ao rever um ou dois exercícios de um determinado nível devemos passar ao nível
seguinte. Se nos atrapalhamos com um exercício de um nível deveremos retomar um ou dois exer-
cícios do nível anterior.
O estudo regular é o segredo!
5 7
(A) − (B) π (C) π (D)
π
π
6 6 6
⎛π ⎞⎟
Em , conjunto dos números complexos, considera z = 3 cis ⎜⎜ − θ⎟⎟⎟ , com .
⎜
2.
⎜⎝ 8 ⎟⎠
Para qual dos valores seguintes de podemos afirmar que z é um número imaginário puro?
5π
(A) − (B) (C) (D)
π π π
2 2 8 8
3 2 2 3
(A) (B) (C) − (D) −
2 3 3 2
Im(z)
O –3
Re(z)
–3
complexos :
Im(z)
z3 z2
O
z4 z5 z1 Re(z)
z6
Im(z)
A
B
H
C
O
G Re(z)
D
F
E
Qual dos números complexos seguintes tem como imagem geométrica o vértice C do octógo-
no [ABCDEFGH]?
1
(A) π (B) π (C) π (D) 0
3
2 2
Resposta aberta
1 + 28i
Em , conjunto dos números complexos, considera z 1 = (−2 + i) e z2 = .
3
9.
2+i
Mostra que, se w e são raízes de índice n de um mesmo número complexo z, então z = 1
e z = –1.
⎛ π ⎞⎟
10. Em , conjunto dos números complexos, considera z 1 = 2cis ⎜⎜ ⎟⎟⎟ e z 2 = 3 .
⎜
⎜⎝ 4 ⎟⎠
10.2 Escreve uma condição, em , que defina, no plano complexo, a circunferência que tem
⎛ π ⎞⎟
⎜
3 ×i 4n−6 + 2cis ⎜⎜− ⎟⎟⎟
⎜⎝ 6 ⎟⎠
Determina ⎛ π ⎞⎟ , sem recorrer à calculadora.
⎜⎜ ⎟
2cis ⎜ ⎟⎟
⎜⎝ 5 ⎟⎠
⎤π π⎡
11.2 Seja α ∈ ⎥⎥ , ⎢⎢ .
⎥⎦ 4 2 ⎢⎣
⎛ π ⎞⎟⎟
Sejam e dois números complexos tais que 1 ⎟⎟ .
⎜⎜
z = cis α e z 2
= cis ⎜⎜ α +
⎝ 2 ⎟⎠
12. Seja o conjunto dos números complexos, onde designa a unidade imaginária.
⎛ π ⎞⎟ 1 ⎛⎜ π ⎞⎟
12.1 Considera z 1 = 2 − i ⎜⎜2 + cis ⎟⎟⎟ e z 2 = cis ⎜⎜− ⎟⎟⎟ .
( )
⎜
⎜⎝ 2 ⎟⎠ 5 ⎜⎝ 7 ⎟⎠
12.2 Seja um número complexo cuja imagem geométrica, no plano complexo, é um ponto
A situado no primeiro quadrante.
7
⎛ ⎛ ⎞⎞⎟
⎜⎜ ⎜⎜ π ⎟⎟⎟
⎜⎜cis ⎜ ⎟⎟⎟⎟⎟ + (2 + i)
3
⎜⎝ ⎜⎝ 7 ⎟⎠⎟⎠
13. No conjunto dos números complexos, seja z = .
⎛ 3π ⎞⎟
⎜
4cis ⎜⎜ ⎟⎟⎟
⎜⎝ 2 ⎟⎠
Grupo I
1. O complexo é igual a:
⎛ π ⎞⎟ ⎛ π ⎞⎟ ⎛ π ⎞⎟ ⎛ π ⎞⎟
(A) 2 3 cis ⎜⎜ ⎟⎟⎟ (B) 3 2 cis ⎜⎜ ⎟⎟⎟ (C) 2 3 cis ⎜⎜ ⎟⎟⎟ (D) 3 2 cis ⎜⎜ ⎟⎟⎟
⎜ ⎜ ⎜ ⎜
⎜⎝ 3 ⎟⎠ ⎜⎝ 3 ⎟⎠ ⎜⎝ 6 ⎟⎠ ⎜⎝ 6 ⎟⎠
5. O conjunto dos pontos do plano definidos pelas imagens dos complexos z tais que
Re(z–iz) > 2 é:
Grupo II
2π
2 2cis
6. Considera o número complexo z = 3 .
1+ i
9. Determina dois números complexos cujo quociente é 4, a soma dos seus argumentos é e
a soma dos seus módulos é 14.
10. Na figura, os afixos dos números complexos formam com a origem um triângulo equi-
látero. Recorrendo à calculadora gráfica determina sabendo que .
Muitas propriedades puramente geométricas podem ter uma interpretação interessante em termos
de números complexos. Já vimos algumas no capítulo anterior. Por exemplo, a multiplicação pela
unidade imaginária i tem uma interpretação geométrica simples. Com efeito se z = a + bi então
iz = ai −b e assim ao vetor de coordenadas (a,b) corresponderá o vetor de coordenadas (–b,a). Ou
Dado um número complexo z, ou seja dado o vetor , a rotação de 90° em torno da origem, no
sentido direto, é dada pelo vetor , e assim obtemos o afixo do número complexo w. Este w é, al-
gebricamente, o produto de z pela unidade imaginária i.
* Este capítulo é, de acordo com o Programa Oficial, opcional e deve ser lecionado apenas se houver
tempo. Deve ser sempre recomendado como leitura aos alunos mais interessados.
90 17. Demonstrações de Geometria usando números complexos
Podemos provar já o primeiro teorema:
Teorema
Sejam A, B, P e Q os afixos dos números complexos z, w, p e q respetivamente. Então, o vetor
Demonstração
existe algum número real k (não nulo) tal que se tenha i(w − z ) = k(q − p) e então é um
imaginário puro.
r (não nulo). Logo e i(q − p) são colineares e então o vetor será perpendicular ao vetor
.
c.q.d.
Teorema de Varignon
Os pontos médios dos lados de um quadrilátero arbitrário formam um paralelogramo.
, , e .
e que
Ou seja, obtemos o mesmo resultado. Assim, os vetores e são iguais. Tal basta para con-
cluir que o quadrilátero de vértices K, L, M e N é um paralelogramo.
c.q.d.
Teorema
O triângulo cujos vértices são os afixos dos complexos a, b e c é equilátero se e somente se temos
Demonstração
O triângulo cujos vértices são os afixos dos complexos a, b e c é equilátero se e somente se cada um
dos ângulos externos é igual a . Mas isto é o mesmo que dizer que um dos lados é uma rotação de
centro numa das extremidades desse vértice e de ângulo no sentido direto. Isto é equivalente a
Mas .
c.q.d.
Este teorema é o que permite agora ao leitor demonstrar a tarefa final deste capítulo:
Na figura apresentada, em cada um dos lados do triãngulo [ABC] constroem-se os triângulos equi-
láteros [ACD], [BCE] e [ABF].
Exercícios - p. 12
11. –
1.
Par
máximos em:
1.2
12.1
2. –
mínimos em:
3.
12.2 máximos em:
3.1
4. – Exercícios - p. 19
13.
5.
2 cos(x)
5.1
13.1
5.2
6.
6.1 2 13.2
6.2
13.3
7. 0
14. Crescente em cada intervalo da forma:
Exercícios - p. 14
8.
15. –
8.1 4cos(4x) – 7sen(7x)
16.
8.2 –4sen(8x + 2)
9. 16.1 x = 1;
9.1 –6 16.2 bx = 1; x =
9.1 0
T
10.
Tarefa 2 - p. 21
10.1
–
10.2
Eg
10.3 π e 2π
Exercícios globais - p. 27
⎤ π⎡ Pratica ↑
10.4 Crescente: ⎥⎥ 0, ⎢⎢ e em
⎥⎦ 2 ⎢⎣
1.
98 Soluções
2.
6.4
2.1
7. –
8.
π 2 5π 2
1; 0; –1
2.2 x= + kπ ∨ x = + kπ, k ∈
18 3 18 3 8.1
8.2
π 7π kπ
2.3 x= + kπ ∨ x = − + ,k ∈
24 48 2 9.
9.1 Crescente:
π 2kπ π
2.4 x= + ∨x = + 2kπ, k ∈
10 5 2
Decrescente:
π π
2.5 − + 2kπ ≤ x ≤ + 2kπ, k ∈
4 4
Máximo relativo:
π 2kπ 5π 2kπ
2.6 + <x < + ,k ∈
18 3 18 3
Mínimo relativo:
3. –
4. 9.2 Crescente:
4.1 2
Decrescente:
Máximos relativos:
4.3
Pensa e Resolve ↑ ↑
5.
10.
5.1
11.
5.2
11.1
2
6.
11.2
6.1 12.
6.2 12.1 –
12.2
6.3 13.
Soluções 99
π
13.2 6.
4
7. a = 3,367 e b = 0,633
13.3 91,8 m
8. –
14.
9.
14.1 9.1 –
9.2 b = –2
14.2
10.
15. 10.1 –
10.2 –
Reflete ↑ ↑ ↑
16. – Pg
17. Prova Global - p. 37
1. B
π
2. B
17.1 a = −2 e b =
3
17.2 3. C
18. – 4. B
19. – 5. A
6.
Ie 6.1 Sem solução
Itens de exame - p. 31 6.2 Sem solução
1. A
6.3 Decrescente
2. C
6.4 0e
7. Sem solução
3.
3.1 –
8.
100 Soluções
1. Reais: –2, , , 6.2
8.1 6 + 5i
Parte imaginária: Eg
3. –
Exercícios globais - p. 54
Exercícios - p. 47 Pratica ↑
4.
1.
4.1 i e –i
1.1 7 + 3i; 22 + 7i
1.3 2 2; 5
4.3
2.
Exercícios - p. 51
2.1 2, 6 + 4,2i; 2 + 11i
5.
5.3 12 – 4i 3.
3.1 0
–2i
5.4
3.2
90 – 54i
4.
5.5
4.1 x =2
5.6
9
4.2 x =−
8
5.7 21
4.3 x =−
2
5.8 5 – 12i
5.9 –1
5.
5.10 –1
6. 6.
Pensa e Resolve ↑ ↑
6.1
7. –
Soluções 101
Capítulo 16 - A Geometria dos números complexos
8. 1 + i e 1 + 2i
Exercícios - p. 62
9. x = 2 e y = –1
1.
Reflete ↑ ↑ ↑
11.
Ie
Itens de exame - p. 57
1. B
2. D
3. A
2. 5 – i; –3 – 5i; 3 – 4i; –2 + i; 2 – 5i
4.
5. m = 0 e k = –1
2.1
6.
6.1 Impossível
6.1
7.
7.1 –
7.2 –
8.
8.1 –
8.2 –
2.2
Pg
Prova global - p. 59
1.
1
2. x = ey =1
2
3. 2 + i
4.
5. –
102 Soluções
3.
4π
7.1 8192 cis
3
7.2
7.3 16 cis
7.4
7.5
Exercícios - p. 66
4.
7.6
4.1 cis(1,249 rad.)
8. –
4.2
9.
4.3
10. Sem solução
4.4 cis 0
11. 0; cis
4.5 13 cis (–1,176 rad.)
Exercícios - p. 75
4.6 12.
5. 12.1
5.1
5.2
5.3 –1
5.4
Exercícios - p. xx
6.
6.1 a = 25;
6.2 a = 1;
7.
12.2
Soluções 103
12.3 12.6
12.4 12.7
12.5
12.8
104 Soluções
13.1 Im z ≤ 4 ∧ Im z ≥ 1 ∧ Re z ≥ 1∧ Re z ≤ 5
13.2
|z – 12 – 6i| |z – 8 – 2i|
13.3
14.
14.1
12.9
14.2
12.10
14.3
Exercícios - p. 76
13.
Soluções 105
14.4
1.3
5π
1.4 2 2cis
4
1.5
1.6 2cis 0
1.7
1.8
2.
2.1
Eg
2.2
Exercícios globais - p. 80
2.3
Pratica ↑
3.
1.
π
3.1 3 2cis
4
3.2
3.3
3.4
4.
4.1
4.2
1.1
4.3
1.2
4.4
106 Soluções
4.5
4.6
4.7
19π
4.8 3cis
12
7.3
5. ; ;
6.
7.4
7.
7.1
7.5
7.2
Soluções 107
15.2
Pensa e Resolve ↑ ↑
8.
11. –
12.
6− 2 6+ 2 6+ 2 6− 2
+ i;− + i;
2 2 2 2
6− 2 6+ 2 6+ 2 6− 2
− − i; − i
2 2 2 2
13.
14. –1; i; –i
15.
15.1
Reflete ↑ ↑ ↑
16.
17.
Pontos A e B
108 Soluções
12.2
13.
Ie 14. 24
Itens de exame - p. 83
1. D
Pg
2. D
Prova global - p. 88
1. D
3. B
2. C
4. A
3. A
5. A
4. A
6. C
5. B
7. C
6.
8. C
9. 6.1
9.1
10. 6.2
7.
10.1
10.2 7.1
11.
11.1 7.2
11.2 –
8.
12.
9.
12.1
Soluções 109
10. 1,96 – 4,60i
Tarefa 1
Tarefa 2
1 1
z = (a + b) + i(a −b)
2 2
1 1
z = (a + b) − i(a −b)
2 2
Tarefa 3
110 Soluções
Jaime Carvalho e Silva
Professor Associado do Departamento de Matemática da Faculdade de Ci-
ências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Licenciado e Doutorado
em Matemática pela Universidade de Coimbra, estudou na Universidade
de Paris 6. Foi professor visitante na Arizona State University (EUA) e
é Secretário-Geral da Comissão Internacional de Instrução Matemática
(2009-2012).
Joaquim Pinto
Professor de Matemática do Ensino Básico e Secundário há 20 anos, licen-
ciado em Matemática, ramo de formação Educacional, pelo Departamento
de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra e Mestre em Ensino da Matemática pelo Departamento de Mate-
mática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Vladimiro Machado
Professor de Matemática do Ensino Básico e Secundário há 30 anos, licen-
ciado em Matemática, ramo de formação Educacional, pelo Departamen-
to de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Obra em 4 volumes
Mestre em Ensino da Matemática pelo Departamento de Matemática da
(Não é permitida a venda em separado)
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Edição de autor