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ORIGENS JUDAICA S DO
Novo TESTA MENTO
UM ESTUDO DO
JUDAISMO INTERTESTAMENTARIO
VENDA PROIBIDA
Novo Testamento
VENDA PROIBÍDA
432 p.
Bibliografia
ISBN: 978-85-8038-058-3
Título original: Jewish Backgrounds o f the New Testament
1. Judaísmo - História 2. Judaísmo - História - Período pós-exílio, 586 a.C.
-210 d.C. 3. Bíblia N.T. I. T ítulo II. Fernandes, Valéria Lamim Delgado
17-1313 CDD-230.09
J. J u l i u s S c o t t J r .
ORIGENS J UDA I C A S DO
Novo Testamento
Tradução
Valéria Lamim Delgado Fernandes
SHEDD
Copyright © 1995 by J. Julius Scott Jr.
Originally published in English under the title
Customs and Controversies
by Baker Academic,
a division o f Baker Publishing Group,
Grand Rapids, Michigan, 49516, U.S.A.
All rights reserved.
Compras online
www.sheddpublicacoes.com.br
ISBN 978-85-8038-058-3
P R IM E IR A PA R T E
AS O R IG E N S E O C O N T E X T O D O JU D A ÍS M O IN T E R T E S T A M E N T Á R IO
1. Fontes de informação.............................................................................. 29
2. A geografia da terra de Israel................................................................... 41
3. Visão geral do Antigo Testamento...........................................................53
4. Idéias e instituições do Antigo Testamento.............................................63
5. Visão geral da história do judaísmo intertestamentário e
do Novo Testamento.............................................................................. 75
S E G U N D A PA R T E
AS C R IS E S E RESPO STA S D O JU D A ÍS M O IN T E R T E S T A M E N T Á R IO
O P E N S A M E N T O R E L IG IO S O D O JU D A ÍS M O IN T E R T E S T A M E N T Á R IO :
C O N T E X T O D O S C O S T U M E S E C O N T R O V É R S IA S CRISTÃ O S
Epílogo.......................................................................................................383
A P Ê N D IC E S
Bibliografia 415
Ilustrações
Figuras
M apas
Q uadros
M a n u s c r it o s do m ar M o r to
E difícil saber como se referir ao período que é tema deste livro. Pa-
rece que os escritores judeus preferem “judaísmo do segundo templo”
ou “judaísmo da segunda aliança”. Às vezes, são usados nomes como
“judaísmo primitivo”, “judaísmo médio”, “judaísmo greco-romano” e
“judaísmo do Período Helenístico tardio” . Nós o chamaremos “judaís-
mo intertestamentário”, por ter mais chances de soar conhecido para a
maioria dos leitores deste livro. Usamos o termo e pedimos desculpas aos
amigos judeus, que talvez o achem confuso por não poderem reconhecer
a legitimidade do segundo ou novo testamento.
Muito frequentemente, o caráter único do judaísmo intertestamentá-
rio passa despercebido. O s estudiosos muitas vezes insistem na ideia de
que o contexto do N T pode ser determinado com a inserção no AT de
informações de textos rabínicos (p. ex., o Talmude, os Midrashim etc.) que,
na presente forma, surgiram de fato após a era do NT. Como resultado,
há o risco de atribuirmos de forma anacrônica ao contexto do N T condi-
ções, práticas e idéias surgidas ou modificadas após o ano 70 da nossa era.
Nossa afirmação da distinção do judaísmo intertestamentário re-
sulta de descobertas materiais recentes e do novo estudo de tudo o que
se conhece desse período. O catalisador das pesquisas contemporâneas
foi, sem dúvida, a descoberta dos manuscritos do mar Morto, em 1947.
Esses documentos não deram apenas novas evidências, mas também no-
vas perspectivas pelas quais se tornou possível interpretar informações
disponíveis antes. Com essas outras evidências vieram técnicas e métodos
novos e aprimorados para a compreensão e interpretação. Nas próximas
fases do trabalho acadêmico, as informações recém-descobertas foram
21
crises. Das reações surgiu grande parte das características que tornaram ο
judaísmo intertestamentário um fenômeno claramentc distinguível na história
da raça e da nação.
Este livro divide-se em três seções. A primeira, “As origens e o con-
texto do judaísmo intertestamentário”, identifica as principais fontes de
informação, descreve a geografia e esboça o contexto histórico do AT e
dos períodos intertestamentários. A segunda seção, “As crises e respostas
do judaísmo intertestamentário”, concentra-se nas crises dos séculos VI
e IV e tenta descrever os resultados das reações mais importantes a elas.
O capítulo 12, “A vida comum no Israel do século I”, é, na verdade, uma
incursão pela natureza e descrição do livro. E u o incluí porque pode ser
de interesse e ajuda para os que tentam entender melhor o mundo do
judaísmo intertestamentário.
Por fim, a seção “ O pensamento religioso do judaísmo intertesta-
mentário: Um contexto para os costumes e controvérsias cristãos” reflete
minha convicção de que os conceitos intertestamentários sobre a natureza
e as consequências do fim dos tempos são de especial importância para
o leitor do NT. Os primeiros cristãos judeus acreditavam que o fim dos
tempos era uma realidade presente. Isso, junto com suas convicções so-
bre a pessoa e o papel de Jesus de Nazaré em relação ao fim dos tempos,
distingui-os de outros grupos judeus no período intertestamentário. Junto
com o AT, ofereceu o cenário no qual eles interpretaram e desenvolve-
ram as implicações do compromisso com Jesus. As preocupações e a
diversidade que integraram os pontos de vista judaicos contemporâneos
sobre o fim dos tempos e questões relacionadas refletem-se na vida, na fé
e nas lutas dos primeiros discípulos e seguidores do “Caminho” (At 9.2;
19.9,23; 22.4; 24.14).
Não entraremos em detalhes sobre qualquer aspecto discutido no
estudo. O leitor que desejar continuar o aprofundamento deverá exami-
nar as principais fontes listadas no capítulo 1. Felizmente, todas as mais
importantes estão agora disponíveis em traduções para o inglês.3 Os livros
importantes e recentes, mencionados no prefácio, também são essenciais
para o trabalho neste campo. O estudo de Lester Grabbe é um guia valioso
3 Os dados dessas traduções podem ser encontrados na bibliografia (p. 415). Usei
as edições cm vários volumes da Loeb Classical Library sobre Josefo e Fílon, que
contêm os textos em grego e a tradução em inglês.
25
Um a n o ta sobre a lg u n s ter m o s
1 Para obter uma explicação sobre o ponto em questão aqui, vá para a p. 290.
26
5 Grande parte da teologia não evangélica continua com suposições que depreciam
ou negam o sobrenatural e as afirmações acerca do fim do mundo material.
6 Note a forma como Rudolf Bultmann usa o termo dentro na interpretação exis-
tencial do N T em “The New Testament and Mythology”, em: Rudolf Bultmann,
The New Testament and Mythology and Other Basic Writings, trad. Schubert M. Ogden
(Philadelphia: Fortress, 1984), p. 1-43.
PRIMEIRA PARTE
AS O R IG E N S E O C O N T E X T O D O JU D A ÍS M O IN T E R T E S T A M E N T Á R IO
1
Fontes de informação
Um c a t á l o g o d e f o n t e s g e r a is
1 Para obter uma discussão detalhada sobre fontes, cf. Emil Schürer, The History of
theJewish People in the Age ofJesus, Geza Vermes et al., 3 vols. (Edinburgh: T. e T.
Clark, 1973-87), 1:17-122; 3.1:177-703; 3.2:705-889; TheJewish People in the First
Century, S. Safrai, M. Stern ct al. (orgs.), em Compendia Rerum Iudaicarum ad Novum
Testamentum, 7 vols. (Philadelphia: Fortress, 1974-92), 1:1—61; e Lester L. Grabbe,
Judaismfrom Cyrus to Hadrian, 2 vols. (Minneapolis: Augsburg Fortress, 1991—92),
1:1—73 c passim.
2 Cf.John Me Ray, Archaeology and the New Testament (Grand Rapids: Baker, 1991).
30
’ Para obter uma descrição dos livros apócrifos, v. Bruce M. Metzger, A n Introduc-
tion to the Apocrypha (New York: Oxford University Press, 1957). George W. E.
Nickelsburg, Literaturajudaica entre a Bíblia e a Mixná (São Paulo: Paulus, 2011) e
Leonhard Rost, Judaism outside the Hebrew Canon: A n Introduction to the Documents,
trad. David E. Green (Nashville: Abingdon, 1976), discutem os livros apócrifos
e alguns textos pseudepigráficos.
' יPara obter uma introdução, v. James H. Charlesworth, The Pseudepigrapha andModem
Research (Missoula, Mont.: Scholars, 1976).
31
5 The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament, R. H. Charles (org.), 2 vols.
(Oxford: Clarendon, 1913), vol. 2.
6 The Old Testament Pseudepigrapha, James H. Charlesworth (org.), 2 vols. (Garden
City, N. Y.: Doubleday, 1983, 1985). Observe também The Apocryphal Old Testa-
ment, H. F. D. Sparks (org.) (New York: Oxford University' Press, 1984); o título é
enganoso, uma vez que este livro é, na verdade, uma tradução à parte dos textos
pseudepigráficos mais importantes.
' Também chamado 2Esdras, 4Esdras está incluído em muitas coleções de livros
apócrifos.
אO s documentos dos manuscritos do mar Morto são frequentemente identificados
por abreviaturas convencionais. Os documentos associados com Qumran foram
descobertos em onze cavernas diferentes; alguns manuscritos foram descobertos
em outros lugares e a origem dos outros é desconhecida. O número na abreviação
identifica a caverna em particular. A letra seguinte indica o local da descoberta, a
32
letra Q, se for de uma caverna de Qumran, algum outro símbolo para outro local
ou nenhum símbolo se a origem for desconhecida. Em seguida vem a abreviação
do nome do documento e, se houver mais de um exemplar, a letra minúscula o
indica. A abreviação padrão lQSa, por exemplo, tem em vista um documento da
primeira (1) caverna do Qumran (Q), ou seja, o segundo exemplar (a) do Manual
da Disciplina (S) da seita.
33
11 Greek andLatin Authors onJews andJudaism, ed. Menahem Stem, 3 vols. (Jerusalém:
Israel Academy of Sciences and Humanides, 1989); v. tb. Menahem Stern, “Latin
and Greek literary Sources”, emJewish People, Safrai et al. (orgs.) (CR1NT), 1:18—35.
12Cf. A. E. Cowley, Aramaic Papyri of the Fifth Century B.C. (New York: Oxford
University Press, 1929); Bezalel Porten, Archivesfrom Elephantine: The Life of an
Ancient Jewish Military Colony (Berkeley: University of California Press, 1968);
Corpus PapyrorumJudaicarum, Victor Tcherikover, Alexander Fuks (orgs.), 3 vols.
(Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1957-1964).
35
Aos 14 anos, afirma Josefo, seu conhecimento era tão respeitado que
os rabinos chegavam a consultá-lo. Alguns anos mais tarde, ele começou
um estudo das três principais seitas da nação: saduceus, fariseus e essênios.
Segundo ele, durante três anos, viveu como asceta no deserto com um ere-
mita chamado Bano. Então, tornou-se fariseu. Em 64, )osefo visitou Roma e
obteve a liberdade de alguns sacerdotes presos ali. Nessa cidade, Josefo ficou
impressionado com a grandeza e o poder do império.
De volta a Judeia, Josefo percebeu que sua terra estava caminhando para
a guerra com Roma. Notando a insensatez, ele procurou levar a nação a tomar
outras direções. Mas, com apenas 29 anos de idade, Josefo foi encarregado
de preparar a Galileia para a invasão romana já prevista.
No outono de 67, os romanos chegaram a Galileia. Os esforços de Josefo
para impedir o avanço deles foram inúteis. Ele e suas forças ofereceram resis-
tência pela última vez aos romanos em Jotapata. Uma vez que seus soldados
preferiam morrer com honra a se render e viver na servidão, Josefo propôs
um plano de suicídio em massa. No entanto, depois que todos os outros se
mataram, ele e um companheiro se renderam aos romanos. Quando colocado
diante de Vespasiano, Josefo prenunciou que o general, um dia, se tornaria
imperador, permanecendo, no entanto, cativo.
As operações militares romanas na Palestina foram interrompidas durante
68-69 enquanto esperavam o resultado da luta pelo trono após a morte de
Nero. Por fim, o exército de Vespasiano proclamou-o imperador. Ele libertou
Josefo, que acompanhou seu benfeitor até Alexandria e, em seguida, retornou
para ajudar o filho de Vespasiano, Tito, no cerco final de Jerusalém. Josefo foi
intérprete e mediador entre as forças combatentes, foi ferido e testemunhou
a destruição da nação e da cidade no ano 70.
Depois da guerra, Josefo foi levado a Roma por Tito, que, por fim, su-
cedeu ao trono imperial. Sob a autoridade de Vespasiano e Tito, Josefo viveu
como pupilo da corte. Com um estipêndio e uma casa de campo, ele dedicava
a maior parte do tempo à escrita. E possível que seu destino não tenha sido
bom depois da morte de Tito (81). Com respeito à duração de sua vida, sabe-
mos que Josefo viveu mais que Herodes Agripa II, que morreu no ano 100.
Os escritos de Josefo foram preservados pelos cristãos que reconheceram
a contribuição desses textos para a definição das origens históricas de sua fé.
Esses escritos oferecem o maior (praticamente o único) relato judaico con-
temporâneo da história e condições dos períodos que levaram à era do NT
e a incluíram. De sua pena também vieram as mais antigas referências não
cristãs ao cristianismo na forma de breves comentários sobre João Batista,
Jesus e a morte de Tiago, irmão de Jesus.
38
11Josefo, Works, trad. H. St. J. Thackeray, Ralph Marcus, Allen Wikgren e Louis H.
Feldman, 9 vols., Loeb Classical Library (Cambridge, Mass.: Harvard University
Press, 1926-65); The Works of Josephus, trad. William Whiston (Peabody, Mass.:
Hendrickson, 1987); a última é uma edição restaurada e levemente atualizada da
tradução de Whiston de 1736.
Há dois métodos importantes de referência aos escritos de Josefo. A tradução
original de Whiston dividiu cada livro em capítulos e parágrafos. Por exemplo,
o relato sobre a morte de Tiago apareceu em Antiquities X X:9,1. A edição Loeb
divide cada livro em seções; aqui a morte de Tiago aparece em Antiquities 20.200.
A edição atualizada de Whiston usa ambos os sistemas. Para a conveniência do
leitor, também combinaremos os dois: Antiquities 20.9.1 (200).
39
1 י־Works, trad. F. H. Colson, G. H. Whitaker, Ralph Marcus, 10 vols. com dois su-
plementos, Loeb Classical Library (Cambridge, Mass.: Harvard University Press,
1929-1962); The Works of Philo, trad. C. D. Yonge (Peabody, Mass.: Hendrickson,
1993); o último é uma versão mais atual da tradução de Yonge de 1854-1855.
2
A geografia da terra de Israel
• As características físicas
• Divisões políticas nos tempos do Novo Testamento
• A cidade de Jerusalém
• O complexo do templo
AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
1 Para estudos mais abrangentes, da geografia bíblica, cf. Yobanan Aharoni, The
Land of the Bible: Λ Historical Geography, ed. rev. (Philadelphia: Westminster, 1979);
e George Adam Smith, The Historical Geography of the Holy Land (fievr York: Harper
and Row, 1966, rcimpr.).
42
mio muito cobiçado. Não causa admiração a terra tenha sido cercada por
inimigos ao longo da história.
A terra atual de Israel é diferente da antiga em muitos sentidos. Grande
parte da área moderna não tem a vegetação rica, em especial árvores, o
que leva o indivíduo a se perguntar se esta é de fato “uma terra boa e vas-
ta, onde manam leite e mel” (Êx 3.8,17; 13.5; 33.3; Lv 20.24; N m 13.27;
14.8; D t 6.3; 11.9; 26.9,15; 27.3; 31.20). O leitor deve saber que, depois
dos tempos bíblicos, os poderes governantes, às vezes, cobravam um
imposto especial sobre as árvores, e, por isso, as desnecessárias eram
cortadas, resultando em desastres ecológicos. Da mesma forma, o grande
número e a diversidade de animais mencionados na Bíblia não existem
no momento. Israel não é a única terra cujos seres viventes pagaram caro
pelo avanço da civilização.
N o entanto, algumas coisas não mudam. A área continua diversificada.
Quem visita a terra pela primeira vez fica impressionado com a rapidez
com que a topografia muda, com a proximidade dos lugares importantes
mencionados na Bíblia e com o quanto a água é estratégica. Várias caracte-
rísticas da área devem ser observadas antes de continuarmos. Uma rápida
olhada no mapa revela um pequeno promontório, cerca de três quartos
do caminho até o litoral, projetando-se para o mar Mediterrâneo. Este é
o monte Carmelo, onde Elias manteve a famosa disputa com os profetas
de Baal (lRs 18.20-40). N o sopé, a nordeste do Carmelo, começa uma
vasta planície, seguindo para o sudeste, que quase atravessa a região. As
colinas da Galileia estão no norte e as de Efraim e de Judá, no sul. Esta é
a planície de Esdrelom com o vale de Megido (Armagedom) no oeste e
o vale de Jezreel no extremo leste. Esdrelom é a parte mais fértil da terra
de Israel, uma importante via para os viajantes, e o palco de diversas ba-
talhas decisivas.
Outra característica importante é o volume de água no território. O rio
Jordão, com suas várias nascentes na região do monte Hermom, percorre
toda a extensão. Cerca de 15 quilômetros ao sul de Dã, que fica no norte,
as águas do Jordão são coletadas no lago Hulé (ou Semeconites) e, então,
avançam para o mar (ou lago) da Galileia (ou Quinerete). Este corpo de
água doce com forma mais ou menos de lágrima chega a quase 21 quilô-
metros de comprimento e 11 quilômetros no ponto mais largo. Na época
de Jesus, sustentava um mercado próspero de pesca, do qual alguns de seus
discípulos faziam parte. Entre as cidades visitadas por Jesus ao longo do
43
De oeste a leste----- ►
J Note que a queda dc altitude dejerusalém ao mar Morto é de quase 1.190 metros
em uma distância dc 24 quilômetros.
45
de verão, mas fértil nas estações úmidas.4 Berseba é sua principal cidade,
mas outros locais bíblicos, como Arade, encontram-se em suas fronteiras.
A CIDADE DE JERUSALÉM
Não se pode deixar de enfatizar a importância de Jerusalém. Até o
auge de sua expansão, no entanto, a cidade bíblica, conhecida hoje como a
Cidade Antiga, era minúscula segundo os padrões modernos. Suas origens
perderam-se na história. Sua localização estratégica ainda hoje é óbvia. Ela
fica no alto da região montanhosa da Judeia, podendo ser vista da rota
da Cordilheira. Suas características predominantes são vales profundos, o
Cedrom, a leste, e o Hinom, a oeste, o qual forma um círculo e se junta ao
Cedrom, no sul. Nos tempos antigos, os vales eram a base de fortificações
da cidade. Um vale mais raso, o Central (também chamado Tiropeão ou
49
O COMPLEXO DO TEMPLO
Muro do Aviso
1
---------------------------------------------- ד
50l
3. O Êxodo: O deserto e o nascimento da nação (c. 1445-1405 ou 1290-
1250, final da Idade do Bronze; Êx, Lv, N m , Dt)
4. Conquista e ocupação de Canaã (c. 1400-1350 ou 1250-1200, final da
Idade do Bronze; js)
5. O s juizes (c. 1350 ou 1200-1050, Idade do Ferro I; Jz, Rt)
6. O reino unido (1050-931, Idade do Ferro I; ISm, 2Sm, IRs 1— 11,
lC r 10— 29, 2Cr 1— 9)
7. O reino dividido (931-586, Idade do Ferro II; lR s 12— 22, 2Rs,
2Cr 10— 36)
8. O Exílio ou cativeiro dc Judá (586-538, Idade do Ferro III ou Período
Babilônico)
9. O período pós-exílico (538-c. 400, Período Persa; Ed, Ne)
Figura 3
Linha do tempo da história de Israel
1050
Patriarcas ־
política
Moisés -
Aliança Reino
Torá Juizes unido
I י o
ΗΌ
2000 a.C. 1800 1600 1400 1200 1000 U I
>
Q
Dominação
Israel 722 Grega (330)
Helenística
Destruição de
Revolta dos Jerusalém por
cultural
Macabeus (164) Roma (70)
1 AC DC
800 600 538 400 |> 200 Novo Testamento
h Invasão Romana Revolta de
(63) Bar Kokhba
931 Destruição de (132-135)
Jerusalém pela Semita
Babilônia (586)
Á SIA M E N O R
O MUNDO ANTIGO
3. O ÊXODO: Ο DESERTO Ε Ο NASCIMENTO DA NAÇÃO (C. 1445-1405 OU
1290-1250, f in a l d a I d a d e d o B r o n z e ; Êx , Lv , N m , D t )
4. Co n q u is t a e o c u p a ç ã o de Ca n a ã ( c . 1400-1350 o u 1250-1200,
f in a l d a Id a d e d o B r o n z e ; Js )
6. O r e in o u n id o (1050-931, Id a d e do Fe r r o I; I S m , 2Sm ,
IR s 1— 11, 1CR 10— 29, 2CR 1— 9)
Relutante, Samuel, o último juiz, ungiu Saul como o primeiro rei das doze
tribos. A desobediência levou Israel a perder o favor do S e n h o r , e Saul,
no final, perdeu a vida na batalha contra os filisteus.
Samuel também ungiu o segundo rei de Israel, Davi. A despeito dos
inúmeros pecados pessoais, Davi arrependeu-se e permaneceu fiel ao
Sen h o r e, como consequência, foi abençoado por ele. Davi conseguiu
estabelecer os hebreus como a maior potência do mundo de sua época.
O S e n h o r prometeu a Davi que a família dele reinaria “para sempre”
(2Sm 7.13). Essa promessa, a base da monarquia hereditária na família de
Davi, foi, mais tarde, tida como garantia de que o futuro líder e rei ungido
(Messias) descendería de Davi.
Salomão continuou a expandir o reino de seu pai Davi. Seus projetos
de construção incluíam o templo para o S e n h o r . N o entanto, suas polí-
ficas administrativas e financeiras, junto com as sérias falhas de sua vida
pessoal e religiosa, levaram a nação à beira da ruína.
Pessoas que merecem notas especiais são os três reis: Saul, Davi e
Salomão. Este foi o período de transição da confederação de tribos livres
para a monarquia, de governantes habilidosos esporádicos para a liderança
fixa de uma família. Na monarquia unida, os hebreus foram a superpotência
do mundo antigo. Israel desfrutou do auge político, social, financeiro e
religioso. As gerações posteriores lembraram-se desse período como uma
era de ouro, o modelo do tempo futuro de glória. O período marcou o
auge do controle geográfico, da influência e da grandeza de Israel.7
8. O Ex íl io o u c a t iv e ir o d eJ u d á (586-538, Id a d e do F e r r o III ou
Pe r ío d o Ba b il ô n ic o )
ContraApion 1.8.
62
• Teologia
• A adoração no Antigo Testamento
- O lugar de adoração
- Líderes para a adoração
- Sacrifícios
- Festas e festivais
- Purificação ritual (leis kasher)
- Votos
• Profetas e reis
T eologia
Nem nos escritos do AT nem nos intertestamentários encontramos
o que os ocidentais chamam de teologia de primeira ordem. Embora
conceitos e conteúdos religiosos abstratos não sejam importantes, a maior
atenção está voltada para preocupações mais concretas. N o entanto,
certas crenças c convicções são fundamentais para a plenitude da vida
e experiência religiosas de Israel. A primeira delas é o monoteísmo — a
crença e a adoração do Deus único. O s hebreus não só adoram o único
Deus (lavé, o S en h o r ), mas também afirmam a existência de um só Deus.
O AT refere-se à divindade hebraica com termos como E l (ou Elohim),
o nome genérico para a divindade, e Acionai, que significa “Senhor”. No
entanto, em Êxodo 3.1315־, em resposta à pergunta “Qual é o nome dele
|de Deus]?”, Deus disse a Moisés: “ Eu Sou o que Sou.” E disse ainda: “E
isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês.” Deus também
disse a Moisés: “Diga aos israelitas: O S e n h o r , o Deus dos seus antepas
64
' “Expiaçào” é uma palavra anglo-saxônica cujo sentido literal é “tornar um”. No
AT, normalmente é a tradução da raiz hebraica kpr, que carrega significados como
“cobrir”, “pacificar” e “ fazer propiciação”. Esta raiz hebraica ocorre cerca de
oitenta vezes só nos livros de Êxodo a Números.
68
A Páscoa, a festa dos Pães sem fermento (o 14. ״dia de nisã, final de
março ou início de abril), durava sete dias (Êx 12.1— 13.16; 23.15; 34.18,
25; Lv 23.4-8; Nm 28.16-25; D t 16.1-8). Nela, Israel se lembrava de sua
libertação do Egito e de toda a experiência no Êxodo. Apesar de ser uma
das três festas de peregrinação da qual todos os homens eram obrigados
a participar (de preferência, viajando a Jerusalém), era também uma festa
de família. O fermento era removido das casas durante a festa; como lem-
brete da noite do livramento, só se comia pão sem fermento. A festa da
Páscoa em si consistia em uma refeição especial com alimentos prescritos
e a repeüção dos acontecimentos do Êxodo, muitas vexes na forma de
perguntas feitas por crianças e respostas de adultos.
O Pentecoste (a festa das Semanas) acontecia cinquenta dias após a
Páscoa e sinalizava o fim da colheita de grãos e o início da época em que
se ofereciam as primícias. Como outra festa de peregrinação, ela lhes dava
a oportunidade de apresentar os dízimos de grãos c das primícias no san-
tuário central (Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-21; Nm 28.26-31; Dt 16.9-12).
Com o primeiro dia de tisre (do final de setembro ao início de outu-
bro) vinha o sopro das trombetas para marcar o início do ano civil. Era
comemorado com a interrupção do trabalho e uma “reunião sagrada”
(Lv 23.23-25).
A festa das Trombetas acontecia apenas dez dias antes da ocasião es-
pecial mais solene, o Yom Kipur, o Dia da Expiação (lit., “o dia do perdão”
ou “propiciação”) (Lv 16; 23.26-32; 25.9). Acerca disso, o S en h o k disse:
“Porquanto nesse dia se fará propiciação por vocês, para purificá-los”
(Lv 16.30). Eram oferecidos sacrifícios especiais. O dia incluía a cerimô-
nia do bode expiatório ou do “ bode para Azazel”: por sorteio, um dos
dois bodes era escolhido para ser sacrificado como oferta pelo pecado e
o outro, lançado no deserto (Lv 16.7-10,15-22). Esse era o único dia do
ano em que o sumo sacerdote, levando sangue primeiro para si mesmo e
depois para o povo, entrava no Santo dos Santos.
A terceira festa de peregrinação era a festa das Cabanas, que durava
uma semana com outras observâncias sobre o oitavo dia (Êx 23.16; 34.22;
Lv 23.33-36,39-43; Nm 29.12-38; D t 16.13-16). Para comemorar as pe-
regrinações pelo deserto, todos os homens hebreus ficavam em tendas
ou cabanas durante a semana. Eram observadas cerimônias especiais e
oferecidos sacrifícios. Esse festival também marcava o fim da colheita.
71
Votos
O voto era uma oblação voluntária feita por um grupo ou um indiví-
duo. Poderia implicar a promessa de fazer alguma coisa, abster-se de algo,
apresentar uma oferta, oferecer uma dádiva ou algo do tipo. O s votos
normalmente eram feitos de forma verbal e considerados obrigatórios
(exceto no caso da mulher cujo voto era anulado pelo pai ou marido
[Nm 30.3-15]).
Não era pecado fazer ou não fazer voto. () indivíduo o fazia para
expressar gratidão pelo favor de Deus (p. ex., Nm 21.1-3) ou para decla-
rar zelo e devoção a Deus (SI 22.25). Ao cumprir o voto, o indivíduo era
obrigado a oferecer alguns sacrifícios (Lv 22.17-25).
Dava-se importância especial ao voto do nazireu, que prescrevia re-
gulamentações estritas. N o período de vigência do voto, o nazireu deveria
se abster de bebidas fortes, cortar o cabelo e tocar um cadáver (mesmo
de um membro da família) (Nm 6.1-8). As prescrições para o fim de um
voto de nazireu eram particularmente precisas (Nm 6.13-20).
Profetas e reis
' E difícil calcular a duração exata do exílio. O texto de Jr 25.11,12 e 29.10 havia
prenunciado setenta anos de cativeiro. Da primeira invasão da Palestina por
Nabucodonosor e a primeira deportação (605) até o primeiro retorno (538) foram
67 anos. Da destruição do templo (586) até a dedicação do segundo templo (516)
foram setenta anos.
79
5 Cf. I.ouis Finkelstein, “The Men o f the Great Synagogue {circa400—170 B.C.E.)”,
em Cambridge History ofJudaism, vol. 2, The HellenisticAge, ed. W. D. Davies e Louis
h'inkelstein (New York: Cambridge University Press, 1989), p. 229-44.
81
O Pe r ío d o H e l e n ís t ic o (331-164)
' יLester L. Grabbe, Judaism from Cyrus tn Hadrian, 2 vols. (Minneapolis: Augsburg
Fortress, 1991-1992), 1:73, 149; Filias Bickcrman, From E%ra to the I mst of theMac-
cahees: Foundations of Post-BiblicalJudaism (New York: Schocken, 1962), p. 14-6.
82
perdas. Em 323, enquanto fazia planos para futuras expedições, ele morreu
de forma inesperada, de febre, na Babilônia aos 33 anos de idade.
A carreira de Alexandre marcou o início de uma nova fase da história
do mundo. Em suas campanhas, encontramos, talvez pela primeira vez,
o desejo da conquista ideológica, como também militar. As influências
helenístdcas ainda estão arraigadas na cultura ocidental. Por causa da pronta
aceitação do governo grego e de sua localização remota, os judeus, so-
bretudo os habitantes da Judeia, foram inicialmente pouco influenciados
pelo helenismo. Não seria assim por muito tempo. Nenhum grupo podería
escapar do encontro com a nova força mundial.
O Período Ptolemaico (320-198)
Após a morte de Alexandre, seus generais lutaram pelo controle do
império. Por fim, ele foi dividido em quatro partes, cada uma delas go-
vernada por um dos quatro generais (os diádocos [sucessores]). Uma vez
que a poeira baixou, a terra de Israel, em 320, viu-se anexada ao Império
Ptolomaico do Egito. Infelizmente, ela estava, em termos estratégicos,
localizada entre o Império Ptolomaico, ao sul, e os selêucidas, que gover-
navam a Síria e a Pérsia, ao norte e a leste. As principais rotas comerciais
entre eles estavam ao longo de sua costa e em meio às suas colinas. Assim,
os judeus não puderam deixar de se envolver na rivalidade entre as duas
potências. Nos séculos seguintes, a terra de Israel tornou-se um impor-
tante campo de batalha em várias guerras entre os selêucidas e ptolomeus.
N o início do período, Ptolomeu I (323-285) estabeleceu muitos ju-
deus em Alexandria. Eles se tornaram o núcleo da comunidade judaica,
consdtuindo um dos cinco distritos da cidade e desempenhando um papel
importante na história dos séculos seguintes (o Apoio bíblico veio de Ale-
xandria [At 18.24-28]). De acordo com a tradição mais anüga, Ptolomeu II
Filadelfo (285-246) ordenou a produção da Septuaginta, a tradução grega
das Escrituras hebraicas.
Temos poucas informações sobre os assuntos da Judeia enquanto
a cidade encontrava-se sob domínio egípcio. Duas famílias, Oníades e
Tobíades, lutaram pela influência política e pelo controle do sacerdócio —
Os reis do Egito depois de Alexandre, o Grande, foram: Ptolomeu I Lagi (ou Sótcr)
(323-285), Ptolomeu II Filadelfo (285-246), Ptolomeu III Euergetes (246-221),
Ptolomeu IV Filopator (221 -203), Ptolomeu V Epífanes (203-181), Ptolomeu VI
Filometor (181-145) e Ptolomeu VII Fiscon (145-117).
83
disso, ele era obrigado a procurar fundos com os quais pudesse pagar um
acordo espantoso imposto pelos romanos quando derrotaram Andoco III.
A carga tributária dos judeus tornou-se muito mais pesada. Andoco
saqueou o templo à procura de ouro. Por terem resistido, os judeus sofre-
ram a derrota militar e o massacre de muitos compatriotas. O s muros de
Jerusalém foram destruídos, e as tropas aliadas ao rei foram colocadas na
recém-construída Acra, fortaleza militar selêucida na cidade. O mais grave
de tudo foi a decisão de Antíoco de criar uma fronteira ideológico-cultural
leal ao Egito mediante a helenização completa da sociedade judaica.
Como observamos antes, o judaísmo palestino foi exposto à cultura
grega do Período Ptolemaico e anterior. Muitos, em especial os da classe
alta, aceitaram o novo espírito do mundo. Uma família proeminente, os
Tobíades (descendentes de Tobias, adversário de Neemias), foi particu-
larmente forte no apoio ao helenismo. Igualmente decidida a se opor à
ideia estava a família de sumo sacerdotes, os Oníades (com raízes que
remontavam ao notável Simão, o Justo, a Zadoque, sacerdote do tempo
de Davi [2Sm 15.24-29]).9
Nos últimos anos do governo dos ptolomeus, o sacerdote Onias II,
não cumpriu a obrigação de apresentar o dinheiro do tributo ao rei. Os
descendentes de Tobias aproveitaram-se da situação para ganhar o direito
rentável e prestigioso de coletar impostos e apresentar o tributo — direito
que mantiveram no governo dos selêucidas. Mais tarde, no governo de
Antíoco Epifânio, Onias III perdeu o ofício sacerdotal para seu irmão
Jasom, que se valeu de suborno e da promessa (contrária à política da
família) de promover o helenismo em Jerusalém. O próprio Jasom, mais
tarde, foi enganado por Menelau, um tobíade, que comprou o ofício de
sumo sacerdote. Assim, foram estabelecidos precedentes importantes para
a remoção do direito exclusivo da família zadoquita ao sumo sacerdócio,
colocando o ofício nas mãos do governante. Portanto, os sacerdotes se-
guintes normalmente apoiavam o poder dominante e o helenismo.
Nesse momento, as fontes escritas apresentam em primeiro lugar um
grupo conhecido como hassideus (piedosos). Eles parecem ter resistido
ao helenismo. Ficaram estarrecidos com a transferência do sacerdócio de
Onias para Jasom, e horrorizados quando o ofício deixou o clã de Arão
e, em particular, a família de Zadoque — a legitimidade do sacerdócio
9 Sobre Simão, o Justo (m. 200 a.C), v. Siraque 50; Mixná, Avot 1:2; Josefo, Antigui-
dades 12.2.5 (43); 12.4.1 (157).
85
zadoquita, mais tarde, foi uma questão importante para os escritores dos
manuscritos do mar Morto.
Jasom cumpriu a promessa de helenizar Jerusalém. Construiu um
ginásio, criou organizações sociais de estilo grego e estabeleceu outros
costumes gregos. Menelau, seu sucessor, promoveu o processo e até
ajudou Antíoco a confiscar as riquezas do templo.
Vendo como a rebelião os esforços de Jasom para retomar o sumo
sacerdócio de Menelau, Antíoco, em 168, tentou eliminar a religião judaica,
que, para ele, estava no centro da resistência ao helcnismo. Foi interrom-
pido o ritual no templo, foi ordenada a destruição das F.scrituras e foram
proibidos a observância do sábado, dos dias de festa, das leis alimentares e
da circuncisão. Frgueu-se um novo altar, consagrado ao Zeus Olímpico, e
nele foi oferecido um porco.1" Flavia provavelmente uma estátua de Zeus
também, cuja manifestação Antíoco acreditava ser ele mesmo (“Fpifânio”
significa “Deus manifestado”). Foram erguidos santuários e altares por
toda a terra, e ordenou-se ao povo em geral que oferecesse sacrifícios
como sinal de aceitação da nova religião. Os desobedientes eram punidos
com tortura e m orte.11
O Pe r ío d o H a s m o n e u (M a c a b e u ) (164-63)
Joscfo, Antiguidades 12.5.4 (253), atesta que, ao contrário da lei judaica, eram ofe-
rccidos suínos em sacrifício; cf. 2 Macabeus 6.5.
11Josefo,Antiguidades 12.5.4 (256), diz que os judeus que se recusavam a obedecer às
ordens de Antíoco eram “maltratados diariamente e, sofrendo tormentos cruéis,
enfrentavam a morte. Na verdade, eram chicoteados, tinham o corpo mutilado e,
enquanto ainda estavam vivos, eram crucificados, ao mesmo tempo que as esposas
e os filhos a quem eles tinham circuncidado, a despeito das vontades do rei, eram
estrangulados, sendo os filhos pendurados no pescoço dos pais crucificados. F.
onde fosse encontrado um livro sagrado ou exemplar da lei, ele era destruído;
quanto àqueles com quem o livro era encontrado, os pobres coitados também,
lamentavelmente, pereciam”.
86
12Os governantes hasmoneus (ou macabeus) foram: Judas Macabeu (164-160), Jô-
natas (103-76), Simão (143-134), João Hircano (134-104), Aristóbulo I (104-103),
Alexandre Janeu (103-76), Salomé Alexandra (76-67), Aristóbulo II (67-63), João
Hircano II (63-40) c Antígono Matatias (40-37).
11 Alguns estudiosos afirmam que sua estrutura era provavelmente uma fortaleza
cercada por um fosso; v. G n b b z, Judaism, vol. 1, p. 188, 193.
87
Jônatas (160-143)
17 Ibid., 13.11.3(318).
90
' ״Ibid., 13.14.2 (380). H provável que a referência a este acontecimento tenha sido
intencional no Comentário sobre Naum dos manuscritos do mar Morto (4QpNa),
que fala do “leãozinho furioso |que se vinga] com ‘os que buscam coisas agra-
dáveis’ ]fariseus?] e suspende homens vivos, [algo nunca feito] antes em Israel”.
Para obter mais informações sobre a crucificação, v. Apêndice D, p. 397.
19Josefo,Antiguidades 13.15.5 (399-404).
91
O Império Romano era o mundo do NT. Até 27 a.C., Roma era tec-
nicamente uma república governada por dois cônsules e o Senado. No
entanto, apenas os patrícios (a classe mais alta) tinham plenos direitos legais
de participar da política. Os cavaleiros (classe executiva) e plebeus (cidadãos
da classe mais baixa) tinham direitos limitados; estrangeiros, libertados e
escravos quase não detinham direitos. As aspirações dessas classes des-
favorecidas levaram à revolução e ao movimento para o governo mais
centralizado (como consequência, isso acabaria com o poder das famílias
governantes). Para esse fim, em 49, Júlio César estabeleceu-se como único
governante, mas foi assassinado (44) por defensores do republicanismo
patrício. A derrota dos conspiradores (Bruto e Cássio) levou à ascensão
de Otaviano (sobrinho-neto e filho adotivo de César). F.m 27, Otaviano
recebeu o nome de Augusto (v. Lc 2.1) e governou como imperador. Em
todo o período do NT, embora os títulos e formas governamentais de
República tenham sido mantidos, Roma foi, na verdade, uma monarquia.
Augusto dividiu o império em 32 províncias. As mais antigas e estáveis
foram designadas províncias senatoriais. Eram governadas pelo procôn-
sul, que prestava contas ao senado e não contava com autoridade militar.
As províncias imperiais normalmente eram mais difíceis de governar e
muitas vezes continham elementos revolucionários. Seus governantes
detinham autoridade civil e militar e prestavam contas de forma direta
ao imperador. Os legados eram responsáveis pelas províncias imperiais
maiores e os prefeitos, pelas menores. O s procuradores (governadores)
eram funcionários públicos que administravam áreas específicas sob a
supervisão de um procônsul ou legado. Havia também um número de
reinos em parte independentes e presididos por governantes nativos cha-
mados reis; eles desempenhavam o cargo como aprazia a Roma. Outros
príncipes subalternos eram chamados tetrarcas ou etnarcas (título um
pouco mais elevado). Outros tipos de funcionários do governo e títulos
eram encontrados em locais específicos.
Os interesses de cada província eram regulados de modo estrito pela
lei romana. N o entanto, as cláusulas da lei romana muitas vezes eram
interpretadas de forma muito diferente pelos governantes. Qualquer in-
divíduo que tivesse a posição de cidadão romano, fosse de nascença, por
uma permissão particular ou compra, desfrutava de direitos e privilégios
94
21 Não se sabe perfeitamente quais eram os direitos exatos dos cidadãos romanos.
Parece que, ao menos, eles 1) ocupavam posições preferenciais no exército, 2)
podiam ser tributados com taxas mais baixas que os não cidadãos, 3) não podiam,
se presos, ser espancados ou torturados, 4) recebiam o direito de recorrer em casos
legais à corte imperial e 5) não podiam ser executados por crucificação, exceto
no caso de deserção do exército. Cf. A. N. Sherwin-White, The Roman Citizenship,
2. ed. (New York: Oxford University Press, 1973), e Roman Society and Roman I mw
in the New Testament (Oxford: Clarendon, 1963), p. 144-85.
22 Os publicanos muitas vezes subdividiam seu território, dando autoridade a outros
publicanos que trabalhavam em posições inferiores a eles. O líder publicano era
obrigado a levantar uma quantia específica para Roma; cada publicano subalterno
a ele deveria levantar sua parcela. Cada cobrador de impostos no processo coletava
quantidades extras, que eram seu lucro. Ao que parece, Roma não tinha regula-
mentos para publicanos, exceto que cumprissem a cota prescrita. Obviamente,
esse sistema estava sujeito a muita desconfiança e abuso. Uma vez que os publi-
canos consistiam em cidadãos locais (não romanos), não raro eram considerados
traidores; isso se aplicava de forma especial à terra de Israel.
95
32 Emil Schürer, The History of theJewish People in theAge ofJesus, Geza Vermes et al.
(orgs.), 3 vols. (Edinburgh: T. and T. Clark, 1973-87), 2:215, considera completa-
mente infundadas as afirmações de escritos rabínicos posteriores de que os líderes
das escolas farisaicas eram os presidentes do Sinédrio.
"Josefo ,Antiguidades 18.1.4 (17). Esta afirmação também é feita em escritos rabí-
nicos; v. Mixná Yoma 1:5; Sukkah 4: 9.
’4 A prática está de acordo com a forma usada por Moisés para passar a liderança
para Josué (Nm 27.18-23; Dt 34.9.); v. tb. Schürer, History, 2:211 (esp. n. 41).
99
Herodes, o Grande
’־’־Schürer, History, vol. 2, p. 221 -2, observa que o Sinédrio parece ter sido competente
para julgar e executar vários casos de pena capital: 1) a entrada de qualquer pessoa
no Santo dos Santos, até mesmo o sumo sacerdote em qualquer ocasião além do
dia da Expiaçâo; 2) a entrada de um gentio, até mesmo um cidadão romano, no
pátio interior do templo; 3) Estêvão; 4) Paulo; 5) Tiago, irmão de Jesus e 6) a filha
de um sacerdote culpada de adultério.
36Sobre a família herodiana, v. Harold W. Hoehner, HerodAntipas (Grand Rapids:
Zondervan, 1980); Stewart Perowne, The Life and Times of Herod the Great (Nashville:
Abingdon, 1956); idem, The IMter Herods (Nashville: Abingdon, 1958).
100
' Por isso a afirmação em João 2.20 de que havia levado 46 anos para o templo ser
construído.
101
a quem, muitas vezes com razão, suspeitava de conspirar contra ele.8’ ׳For
fim, quando a morte o encontrou em seu adorado palácio em Jericó (4 a.C.),
Herodes, o Grande, era um homem enfermo, insano, arruinado e patético.
Os filhos de Herodes, o Grande
Figura 4
Herodes, o Grande, e seus descendentes
Herodes, o Grande (morreu em 4 a.C.)
(Mt 2.1-19; Lc 1.5) casado com
----------------- 1-------------------- Γ
Dóris Mariane Mariane Maltace Cleopatra
neta de filha de Simâo, o
Hircano II sumo sacerdote
Antípatro
(morreu em Filipe
4 a.C.) Herodes Filipe (Lc 3.1)
(Mc 6.17) tetrarca da
casado com Itureia
Herodias
(Mc 6.17-28)
Arquelau Herodes Antipas
(Mt 2.22) (Mc 6.14; Lc 23.7)
Salomé etnarca da tetrarca da Galileia
(Mc 6.22-28) Judeia casado com Herodias
Agripa
(morreu em
79)
Alexandre Tigranes IV
rei da Armênia
,. ,, . . . . . (morreu em 36)
Tigranes V - rei da Armenia
C. Júlio Agripa
Figura 5
Governantes da Palestina
20/19 a.C. Início
da reconstrução
Judeia, Samaria Itureia e Traconites Galileia e Pereia do templo
e Idumeia (Lc 3.1)
27 a.C.
Rei Herodes, 0 Grande
4 a.C.
6 a.C.
Nascimento
Augusto Arquelau Filipe (tetrarca) Herodes Antipas de Jesus
(etnarca) (tetrarca)
6 d.C.
Procuradores
(governadores)
14 d.C.
c. 30 d.C.
Crucificação
Tibério
de Jesus
Pôncio Pilatos 34 d.C.
26-36
Procuradores
37 d.C.
sido uma das razões para a perseguição dos cristãos ciescrita cm Atos 12
(note em especial o v. 3). Josefo e o texto de Atos 12.21-23 registram a
morte repentina de Hcrodes Agripa I, em Cesareia.42 Rle deixou um filho
de 17 anos, Agripa II, e três filhas, incluindo-se Berenice (At 25.13,23;
26.30) e Drusila.
Procuradores romanos
Uma vez que Agripa II era jovem quando seu pai morreu, em 44,
toda a área foi colocada no início sob o controle de procuradores. F.sses
procuradores eram pobres administradores; os problemas do território se
multiplicaram. Fado (44-46) teve de lidar com um falso messias chamado
Teudas.43O renegado governador judeu Tibério Júlio Alexandre (46-48),
sobrinho de Fílon (v p. 39), enfrentou uma revolta liderada por Tiago e
Simâo, filhos de Judas, o Galileu, que havia liderado c perecido em uma
revolta na época do recenseamento, em 6 d.C. O reinado de Cumano
(48-52) foi caracterizado por constantes tumultos causados pelo ressen-
timento dos judeus, pela provocação dos romanos e pelas tensões entre
galileus e samaritanos. Esses são apenas alguns indícios da inquietação
geral da época.
Dois procuradores, Antônio Félix (52-59) e Pórcio Festo (59-62), apa-
recem no N T como juizes de Paulo (At 23.23— 26.32). Félix, cuja terceira
esposa era Drusila, filha de Agripa I,44viu-se diante de uma atividade insur-
gente cada vez violenta, incluindo a aparição dos infames sicários (homens
da adaga ou assassinos). Paulo foi confundido com um deles — um egípcio
que levou um grupo ao monte das Oliveiras e anunciou que os muros de
Jerusalém cairíam para permitir sua entrada (At 21.38). Paulo estava na
prisão em Cesareia quando Festo substituiu Félix (At 24.27). Festo morreu
no ofício. Antes da chegada de seu sucessor, o sumo sacerdote Anás II
aproveitou a oportunidade para acabar com uma série de seus inimigos
em Jerusalém. Um deles era Tiago, o Justo, irmão de Jesus.45
como uma cidade não judia, chamada Aelia Capitolina, e com um templo
dedicado a Júpiter. Os judeus foram proibidos de entrar na cidade sob
pena de morte. O Estado judeu, como uma entidade política, só ressurgiría
depois de mais de dezoito séculos.
SEGUNDA PARTE
AS CRISES E RESPOSTAS DO JUDAÍSMO INTERTESTAMENTÁRIO
6
As crises dos séculos VI e IV
' Observe-se que até hoje uma das grandes religiões do mundo, o islamismo, não
reconhece oficialmente nenhuma tradução de seu livro sagrado, o A lc o rã o .
116
A CRISE DO SÉCULO IV
Helenismo
As conquistas de Alexandre, o Grande, mudaram o mundo; a comu-
nidade judaica não foi exceção. A parte mais ampla dessa mudança não foi
117
’־Sobre o tópico geral do helenismo e judaísmo, veja Martin Hengel, Judaism and
Hellenism׳. Studies in Their Encounter in Palestine during the Early Hellenistic Pe-
riod, trad. John Bowden, 2 vols. (Philadelphia: Fortress, 1974); Victor Tcherikover,
“Prolegomena”, em Corpus Papjrorum Judaicarum, Victor Tcherikover; Alexander
Fuks (orgs.), 3 vols. (Cambridge, Mass.: Harvard University ׳Press, 1957-64), voL 1,
p. 1-111; Victor Tcherikover, Hellenistic Civilisation andtheJews, trad. S. Applebaum
(Philadelphia: Magnes, 1961); Shemaryahu Talmon (org!),Jewish Civilisation in the
Hellenistic-Roman Period (Philadelphia: Trinity, 1991).
122
Imagine o que deve ter sido para um jovem judeu, cuja mente estava
repleta desde a infância com as exortações solenes da Lei, as ricas ima-
gens dos profetas, os clamores dos salmistas ao D eus vivo, quando, pela
primeira vez, ouviu serem lidas, ou ele mesmo leu, os discursos de Platão,
muito diferentes de tudo o que lia em seus livros, e, ainda assim, impres-
sionantes na profunda paixão p o r justiça e temperança, na fé de que, por
trás do movimento do mundo, havia um Poder que se importava com
o bem. O u talvez ele tivesse conhecido algum estoico grego vivo cuja
filosofia de fato governava sua vida — alguém que fizesse o indivíduo
sentir pelo toque de sua personalidade, p or algum estranho poder em
seus olhos, que nada — exceto a bondade e a liberdade interior — era
digno de desejo. Aqui, sem dúvida, o jovem judeu, leal a seu Deus, en-
contraria algo comparável, e que o atraísse pela semelhança a seus ideais
de justiça e, contudo, algo, em outros sentidos, diferente, dissonante,
gentio. Talvez ele tenha ficado perplexo. Era impossível dar as costas a
tudo isso, como se daria em relação às superstições fantásticas do Egito
ou de Canaã. Quase não se podia banir o helenismo desse tipo como
algo mau. E, contudo, era seguro permiti-lo entrar, com seu sutil poder
dominador, na mente que deveria ser consagrada à Lei?"
" “Hellenistic Judaism”, em The Legacy· of Israel, Edwyn R. Bevan; Charles Singer
(orgs.). Oxford: Clarendon, 1927, p. 40-1.
125
Mudanças de ênfase
1. D o culto à lei moral
2. Ortopraxia, em vez de ortodoxia
3. Particularismo, exclusivismo e superioridade
4. A ênfase renovada nas características distintivas religiosas e culturais
Passos para aumentar o impacto das Escrituras
1. O desenvolvimento de métodos interpretativos
2. Tradução
3. Identificação do cânon
Desenvolvimento da sinagoga
Reações de grupos específicos
M udanças de ênfase
1 Bruce M. Metzger, The New Testament Its Background, Growth, and Content. New
York: Abingdon, 1965, p. 41.
2 V. esp. Paul and Palestinian Judaism (Philadelphia: Fortress, 1977).
131
' John W. Bowker, The Targums and RabbinicLiterature. New York: Cambridge Uni-
versin' Press, 1969, p. 26.
4 Ibid., p. 122.
ייA Mixná é “a codificação autorizada da lei oral que, com base na lei escrita contida
no Pentateuco, surgiu entre o período do segundo templo até o fim do século IT da
era comum” (Moses Mielziner, Introduction to the Talmud, 5. ed. (New York: Block,
1968), p. 4. A Mixná, junto com sua Guemará (conclusão, final), comentários sobre
a Mixná e seus desenvolvimentos, compilados entre c. 200 e 500 d.C., constituem
o Talmude (estudo).
ή “A tradição é uma cerca em torno da Lei”, Mixná Avot 3.14.
136
A Crack in theJar. What Ancient Jewish Documents Tell Us about the New Tes-
tament .Mahwah, N.J.: Paulist, 1986, p. 135.
141
1974); Emanuel Tov, “Jewish Greek Scriptures”, em EarlyJudaism and Its Modern
Interpreters, Robert A. Kraft; George W. E. Nicklesburg (orgs.) (Atlanta: Scholars,
1986), p. 223-37.
143
20Na resenha palestina, a décima quarta bênção diz o seguinte: “Sê misericordioso,
Senhor, nosso Deus, com tuas grandes misericórdias, para com Israel, teu povo, e
para com Jerusalém, tua cidade; e para com Sião, a habitação da glória; e para com
teu templo e tua habitação; e para com os reis da casa de Davi, teu justo Messias.
Bendito sejas, Senhor, Deus de Davi, que construísteJerusalénP.
151
2 Essas inspeções eram necessárias, pois, em algum momento entre 6 e 9 d.C., alguns
samaritanos jogaram ossos humanos no templo (Josefo, Antiquthes 18.2.2 [30]).
162
5 Embora não constituíssem uma ameaça séria ao templo dc Jerusalém, templos rivais
foram erigidos em Samaria e no Egito (Elefantina e Leontópolis). Acreditava-se que
outro templo teve a construção iniciada, mas não concluída, em Araq cl-Emir, do
outro lado do Jordão.
ή Embora muitas vezes haja a sugestão de que os profetas se opunham ao templo
e aos sacrifícios, a consideração cuidadosa dos textos mostra que a hostilidade
deles se voltava contra os abusos dos aspectos religiosos externos. Observe que
Os 6.6; Am .21-24 e Mq 6.6-8 insistem que a adoração cerimonial não substitui a
vida de devoção; de igual modo, outros textos afirmam que a obediência deve ter
prioridade sobre a adoração cerimonial (ISm 15.22,23; SI 4.4,5; 40.6; 51.17-19;
ls 1.11-20; 43.22-24; Jr 7.21-26).
164
Marcel Simon, “Saint Stephen and the Jerusalem Temple”, Journal of Ecclesiastical
History 2 (1951): 128-33.
Fílon, SpecialLam, vol. 1, p. 270, 272; v. tb. 0« Plants (Noah’s Work as a Planter),
p. 107-9.
9 Fílon, SpecialHnvs, vol. 1, p. 67; On Providence, 264.
10Fílon, Migration of Abraham, p. 92.
11 Fílon, Embassy·■to Gains.
12Fílon, Questions on Exodus, vol. 2, p. 83.
13Fílon, Special Laws, vol. 2, p. 66; v. tb. Questions on Exodus 2.85.
165
11Citado em Johannes Weiss, Earliest Christianity, trad. F. C. Grant (New York: Harper,
1959), p. 167 n. 7.
ייRefletindo sobre a situação do século II d.C.,Justino Mártir diz aTrifão, o judeu:
“K até agora, procurando rivalidades, dizes que Deus não aceita os sacrifícios dos
que habitam em Jerusalém, e eram chamados israelitas, mas que ele se agrada das
orações feitas pelos homens daquela nação que, na época, estava dispersa e que
ele chama de sacrifícios as orações deles” (Diálogo com Trifio 117). De igual modo,
os Oráculos sihilinos 4.6-11, 24-30: “ [Eu sou aquele que proclama] o grande Deus,
a quem mãos humanas não fabricaram à semelhança de ídolos mudos feitos dc
pedra polida. Porque ele não tem uma casa, uma pedra erguida como templo,
muda e sem dentes, uma maldição que traz muitas desgraças aos homens, mas
uma morada que não pode ser vista da terra nem medida por olhos mortais, uma
vez que não foi fabricada por mãos mortais... Felizes serão aqueles da humanidade
na terra que amarem o grande Deus, bendizendo-o antes de beberem e comerem,
colocando sua confiança na devoção. Eles rejeitarão todos os templos quando
os virem, c os altares também, fundamentos vãos dc pedras mudas (e estátuas de
pedras c imagens feitas por homens) profanados pelo sangue dc seres viventes e
sacrifícios de animais quadrúpedes” (tradução livre).
16 Talmude Babilônico Megillah 31 h (v: tb. Avot4.3); Berakoth \ la\ Sanhedrin43b (—Sotah
5b); Sukkah 49b.
Quadro n.e 1
166
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de dias
*Adar Sheni, 0 décimo terceiro mês, ocorria somente a cada três anos; quando ocorria, Adar tinha trinta dias.
Festas prescritas em Levítico 23
As três festas de peregrinação, quando todos os homens tinham de se apresentar no santuário central (Ex 23.14-17; Dt 16.16)
167
168
Festas e festivais
17 Th■History* of theJewish People in the Age ofJesus Christ. Geza Vermes etal. (orgs.), 3
vols. Edinburgh: T. and T. Clark, 1973-87, vol. 2, p. 238-9.
170
12 Cf. George Foot Moore, Judaism in the First Centuries of the Christian Era, 3 vols.
(Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1927-30), vol. 2, p. 44.
23Josefo, Antiquities 13.13.5 (372). O Talmude diz que a parte culpada era um saduceu;
Janeu, sem dúvida, era saduceu.
173
insiste para que conheçam e sigam a lei de Deus (Dt 17.14-20). Samuel
resistiu ao pedido do povo que queria um rei, cedendo apenas quando
Deus lhe disse: “Atenta a tudo o que o povo está lhe pedindo; não foi a
você que rejeitaram; foi a mim que rejeitaram como rei” (ISm 8.7) Saul
e Davi foram escolhidos por Deus e ungidos por Samuel. A monarquia
hereditária perpétua foi estabelecida com a família de Davi (2Sm 7.12-17;
lC r 17.10-15). Assim, reis governaram Israel com permissão divina.
Enquanto Deus trabalhava por meio da monarquia, ela era tudo menos
absoluta. Deus é o único rei legítimo, os reis humanos são apenas seus
representantes. O s reis de Israel eram responsáveis por governar em nome
de Deus e cumprir a vontade dele, não estabelecer leis e políticas próprias.
A visão pós-exílica está resumida no texto de 2Crônicas 13.8, em quejudá
é chamado “reino do S e n h o r , que está nas mãos dos descendentes de
Davi” (v. tb. lC r 28.5).
Vários profetas prenunciaram que a restauração e a bênção futura
incluiríam a volta da lei por meio da casa de Davi (Is 9.7; 16.5; Jr 17.25;
23.5; 30.9; 33.15,17,20-22; Ez 34.23,24; 37.24,25; O s 3.5; Am 9.11). Além
disso, a promessa feita a Davi e seus descendentes levou à expectativa de
que o Messias (o líder/rei por excelência) surgiria dessa família. As espe-
ranças imediatas do restabelecimento da monarquia hebraica após o exílio
concentraram-se na família de Davi.26 Dois indivíduos são mencionados
em Esdras como líderes politicos: Sesbazar, príncipe e governador, e Zo-
robabel, o reconstrutor do templo.27 O livro de Esdras não apresenta a*2
:<i Daí o título “Filho de Davi” (I.c 18.38,39; v. tb. 1.32; At 2.25-36; Rm 1.3) era en-
tendido como messiânico; muitas vezes foi visto como referência ao rei messiânico
cuja função seria, sobretudo, na esfera político-militar.
2 Para ler sobre Sesbazar, cf. F.d 1.8-11; 5.14-16. Não é preciso considerar a palavra
hebraica traduzida por “príncipe” em algumas versões como uma referência a uma
pessoa de descendência real; “governador” também é um possível significado.
A relação entre Sesbazar e Zorobabel é pouco clara. As principais teorias são:
1) Os dois nomes designam a mesma pessoa; Sesbazar é apenas o nome usado
por Zorobabel na corte; 2) Sesbazar é, na verdade, Senazar de 1Cr 3.18, irmão de
Sealtiel e, portanto, tio de Zorobabel; 3) o autor intencionalmente deixou incerta
a relação entre os dois para tratar da resposta tardia de Zorobabel de cumprir o
decreto de Ciro para a reconstrução do templo; 4) Sesbazar (gentio ou hebreu)
era oficialmente o governador-líder, enquanto Zorobabel, o hebreu, era o líder
informal dos que haviam retornado e 5) Sesbazar era o primeiro e Zorobabel,
o segundo, dos vários governadores de Judá; embora o nome dos governadores
(incluindo Neemias) tenha sido parcialmente mencionado mais uma vez nesse
175
momento, suas atividades eram muito complexas para serem entendidas e forma
completa. Cf. Derek Kidner, “Apêndice II: A identidade de Sesbazar”, em Esdras
e Neemias: Introdução e comentário (São Paulo: Vida Nova, 1985), p. 139-42; Tamara
C. Eskenazi, “Sheshbazzar”, em Anchor Bible Dictionary, vol. 5, ρ. 1207-9.
28 A expressão aqui é particularmcnte enfática diante das palavras do Senhor para
Joaquim, avô de Zorobabel: “Ainda que você []oaquim] [...] fosse um anel de selar
em minha mão direita, eu o arrancaria. Eu o entregarei nas mãos daqueles que
querem tirar a sua vida” (Jr 22.24,25).
176
• O s escribas
• Textos intert.estamentários que atestam as tradições dos escribas
- O tratadoAvot
- A tradição secreta de 2Esdras
• A variedade de tradições dos escribas
- O movimento apocaliptista
- Os saduceus
- A comunidade do mar M orto e outros essênios
OS ESCRIBAS
O judaísmo intertestamentário desenvolveu uma variedade de for-
mas de pensamento e tradições nos esforços para interpretar e manter a
relevância da Escritura.1Nossa sugestão é de que isto consistia em parte
do reajuste geral diante das crises dos séculos VI e IV a.C. Observaremos
neste momento os que desenvolveram algumas dessas formas, parte do
conteúdo e transmissão e, por fim, evidências da multiplicidade de tradi-
ções no judaísmo intertestamentário.
N o capítulo anterior citamos a afirmação de Emil Schürer no sentido
de que o judaísmo intertestamentário resultou do trabalho de dois grupos
diferentes: sacerdotes e escribas. Ambos eram intérpretes da lei e líderes
do povo. Os escribas aos poucos foram assumindo seu lugar ao lado dos
sacerdotes como um grupo respeitado e independente. Contudo, muitos
4 V., p. ex., lC r 2.55; 24.6; 27.32; 2Cr 34.13; Ed 4.8,9,17,23; SI 45.1; Jr 8.8; Na 3.17.
Embora não seja considerado escriba, Baruque desempenha a função enquanto
escreve as palavras ditadas por Jeremias (Jr 36.4,18).
180
ção da lei e das tradições surgidas em torno dela. Por isso, por volta do
século 11 a.C , os escribas se tornaram um grupo respeitado e influente
que não dependia dos sacerdotes. Ao copiar a lei, os escribas passaram a
conhecê-la por completo. Com o tempo, por causa do conhecimento, eles
foram reconhecidos como peritos. Eram procurados para dar informações
sobre o que a lei realmente dizia, e, mais tarde, para ajudar na compreensão
de seu significado e suas exigências. Os escribas surgiram para preencher
a lacuna deixada pelos sacerdotes. Eles se tornaram os guardiões zelosos
da lei, os verdadeiros mestres e líderes da vida espiritual. Sua preocupa-
ção era, principalmente, com as seções legais da lei, com relação ãs quais
eles começaram a desenvolver tradições (halakhah). Como consequência,
tornaram-se responsáveis pela definição e aperfeiçoamento dos princí-
pios fundamentais ou provenientes da lei, e ajudavam na administração
da lei como conselheiros instruídos nas cortes de justiça. Por fim, muitos
escribas se tornaram mestres (mas não devemos pressupor que todos os
mestres [rabinos] eram escribas). Uma vez que não eram remunerados
(exceto, provavelmente, na função como mestres dos jovens), os escribas
se sustentavam por meio do trabalho secular.
O trabalho dos escribas e o desenvolvimento e transmissão da tradição
estão interligados. É comum imaginar que todos os escribas faziam parte
do mesmo grupo e tinham cm comum a mesma ideologia. Ainda mais
comum é o conceito da tradição única. Assim, os escribas estão associados
aos fariseus, cuja tradição é vista como a que, mais tarde, foi codificada e
ampliada no judaísmo rabínico. Essas suposições precisam ser reavaliadas.
A própria evidência do N T é reveladora. C) estudo cuidadoso dos
dados mostra que os escribas estavam associados a diversos grupos e,
ao que parece, pelo menos em alguns casos, trabalhavam em posições
oficiais.s De importância ainda maior é a constatação da associação dos
י־Λ expressão “mestres da lei (escribas) c fariseus”, que deixa ambígua a relação entre
eles, é usada sete vezes em Mt 23 (v. 13,14,15,23,25,27,29). “Fariseus e mestres
da lei (escribas)” ocorre em Mt 5.20 e 12.38; “os mestres da lei (escribas) e os
fariseus” em Mt 23.2; Mc 7.5; l.c 5.21; 6.7; 11.53; 15.2 (“os fariseus e os mestres
da lei [escribas]) e Jo 8.3; e “os fariseus e alguns dos mestres da lei (escribas) cm
Mc 7.1, sugerindo de modo contundente que eles podem ter integrado, de certo
modo, pelo menos dois grupos diferentes. Os textos de Mc 2.16 e At 23.9 escla-
recem a situação ao se referir aos “mestres da lei (escribas) que eram fariseus”
(Lc 5.30, que faz um paralelo com Mc 2.16, diz “os fariseus e aqueles mestres da
lei [escribas]), indicando que só alguns escribas estavam associados aos fariseus.
181
T e x to s in t e r t e s t a m e n t á r io s q u e a t e s t a m a s t r a d iç õ e s d o s escribas
O tratado Avot
O primeiro texto a ser considerado é o tratado mixnaico Avot. Com o
restante da Mixná, ele foi compilado entre os anos 90 e 200 d.C. Contém
alguns dos ensinos mais anügos da Mixná. Em bora sua data precisa seja
incerta, ele parece conter o material de uma serie de fontes que datam do
século III a.C. ao século II d.C. Avot é uma coletânea de comentários de
muitos rabinos, dos quais 65 são identificados. Dentre os citados, vários
estavam ativos enquanto o templo de Jerusalém ainda existia. Portanto,
Avot oferece vislumbres da mente judaica intertestamentária cuja visão e
prática, mais tarde, suscitaram o movimento rabínico.
N ão há um método, organização ou ponto de vista evidente no Avo/·,
parece que cabe aos leitores formar a própria impressão. O A voté, contudo,
um clássico da literatura judaica. Observou um escritor: “ O A vot fala ao
coração do judeu de uma maneira e com uma força raramente percebí-
das por leitores não judeus, e as tentativas para explicar seus ensinos e
significado são frustradas à medida que esse fato não é compreendido”.6
Os escribas são mencionados ao lado de oficiais judeus em vários contextos. Eles
estão associados aos chefes dos sacerdotes e lideres religiosos em Mt 16.21 (=
Mc 8.31; Lc 9.22); Mt 26.57 (= Mc 14.53; Lc 22.66); M t 27.41; Mc 11.27; 14.43;
15.1; Lc 19.47; 20.1 e At 4.5,6. Eles aparecem só com os chefes dos sacerdotes
em Mt 2.4; 20.18 (= Mc 10.33); Mt 21.15 (= Mc 11.18); Mc 14.1; 15.31; Lc 20.19;
22.2; 23.10. Os escribas também são um grupo identificável em Mt 7.29; 8.19; 9.3
(= Mc 2.6); Mt 1.3.52; 17.10; Mc 1.22; .3.22; 9.11,14; 12.28,32,35,38; Lc 20.39,46 e
ICo 1.20. Eles aparecem na lista como conspiradores contra Jesus (Mc 14.1,4.3)
e participantes de seu julgamento (Mt 26.57 [= Mc 14.53; Lc 22.66]; Mc 15.1;
Lc 23.10). Aparentemente, alguns eram membros do concilio (Sinédrio). Λ asso-
ciação próxima de alguns escribas com os chefes dos sacerdotes pode indicar que
alguns escribas eram saduceus ou solidários aos saduceus. C) texto de Mt 2.4 c,
partieularmente, interessante, pois se refere aos “chefes dos sacerdotes do povo e
os mestres da lei (escribas)”. O NT, portanto, associa os escribas a uma variedade
de grupos e sugere que, pelo menos, alguns deles tinham posições oficiais.
6 R. Travers Herford, The Ethics of the Talmud·. Sayings o f the Fathers |Pirke Aboth].
New York: Schocken, 1962, p. 1.
182
seyag como “barreira” e fala de “decretos cujo objetivo é evitar qualquer violação
possível do estatuto divino... [e] ‘manter o homem bem longe da transgressão’ ”
(Mixná Berakoth 1.1). Λ barreira tinha como intenção “protcgc-la |a Torá] ao
cercáda com medidas cautelares para deter o homem como se fossem um sinal
de perigo antes que ele chegasse a violar a distância do próprio estatuto divino”
(1:259).
9 TbeMishnab, trad. Herbert Danby. Oxford: Oxford University Press, 1933, p. 446
n. 5.
184
Avot reconhece com clareza que a tradição passada pelos Pares incluía,
como diz Danby, “muitas novas leis e restrições para a melhor observância
da Lei” . Essas são apresentadas com ousadia pelos escribas e mestres,
reivindicando autoridade divina para elas. Constituem o que é chamado
lei oral ou ao que Jesus se refere como “a tradição dos líderes religiosos” .1’־
O s fariseus, sem dúvida, consistiam na parte principal da linhagem
transmissora da tradição oral que A vot tinha em vista. Josefo confirma a
manutenção de ensinamentos extrabíblicos, conscientemente seleciona-
dos e passados por gerações anteriores." Josefo e o N T concordam que
a tradição farisaica incluía a crença no destino (predestinação), anjos e
espíritos, ressurreição, recompensas e castigos eternos, e um estilo de
vida virtuoso.12*14Ela também lidava com questões cerimoniais c cultuais.
Neste momento, vamos resumir as afirmações do A vot 1) Além das
Escrituras escritas, há uma tradição oral. 2) Deus criou a tradição e a deu a
Moisés. 3) Como consequência, ela carrega autoridade divina. 4) A tarefa
de cada geração é aplicar a lei de maneira prudente, ensiná-la e protegê-la
ao acrescentar outras leis (cercas) em torno dela. Por último: 5) A tradição
foi transmitida com precisão, e há uma ordem para que continue a ser
repassada às gerações futuras. Deveriamos observar aqui que, embora os
estudiosos modernos normalmentc acreditem que a lei oral tenha sido
15 E. P. Sanders, “Did the Pharisees Have Oral Law?”, cm Jewish Lawfrom Jesus to the
Mishnab. Five Studies. Philadelphia: Trinity Press Internadonal, 1990, p. 98, resume
diversas definições da lei oral e, em seguida, afirma: “ Há alguns sentidos em que
se deve dizer que não só os fariseus, mas outros tinham a lei oral”. Alcm disso, ele
duvida que os fariseus se apegassem à lei oral no sentido em que normalmente a
entendemos.
16Sects and Separatism during the SecondJewish Commonwealth. New York: Block, 1967,
p. 37-55.
17Ibid., 39.
IS Ibid., p. 40; Bronner acredita que este seja o contexto para a instrução de “criar
uma proteção em torno da Torá” (Avot 1.1).
' ייIbid. Bronner refere-se a este grupo como o assidismo primitivei para distingui-lo
do grupo surgido no Período Rabínico.
187
(3 texto de 2Esdras 14.19-48 é outro que lança luz aos conceitos ju-
daicos da lei, interpretação e tradição no período intertestamentário. Na
essência do livro está um apocalipse escrito no final do século I d.C. por
um escritor judeu que se identifica como o Esdras bíblico e Salatiel.20 Em
uma série de revelações ou visões (caps. 3-14), ele luta contra a derrota
da nação nas mãos de Roma, à qual se refere como Babilônia. Ele levanta
algumas das questões formuladas por seus antepassados sobre Deus e a
relação dele com Judá, após a queda em 586 a.C. N o final, o escritor en-
contra esperança quando lhe é revelado que a presente era logo findará e
a nova era verá a salvação e a defesa de Israel. Deus também permite que
Esdras-Salatiel seja o segundo Moisés que, mais uma vez, disponibiliza a
lei para as gerações futuras.
O cenário da restauração da lei é definido tão logo Esdras reconhece
que o Senhor o enviou para “reprovar as pessoas que estão presentes”;
pensando nos que não ainda nasceram, no entanto, ele pede permissão
para escrever novamente a lei que “está queimada” (2Esdras 14.20-22).
O pedido é atendido; ele escreve 94 livros em quarenta dias e recebe a
E x a m in a r e m o s o m o v im e n to a p o c a lip tis ta d e m a n e ir a m a is d e ta lh a d a
n o p r ó x im o c a p ítu lo . A q u i o b s e r v a r e m o s a p e n a s a lg u n s f a to s re le v a n te s
p a ra n o s s a b u s c a d e e v id ê n c ia s d a e x is tê n c ia d e tr a d iç õ e s v a ria d a s . A p a -
la v ra g r e g a apokalypsis e m si m e s m a s ig n ific a “ re v e la ç ã o d o q u e e s tá o c u l-
to ” . P o r ta n to , c o m o já a p r e n d e m o s c o m 2 E s d r a s , o m o v im e n to a d o t o u
a tr a d iç ã o s e c r e ta q u e s e u s e s c r ito r e s t o r n a r a m c o n h e c id a . O m o v im e n to
a p o c a lip tis ta re iv in d ic a v a o r ig e m d iv in a p a r a s u a tr a d iç ã o , c u jo c o n t e ú d o
lid a v a c o m as q u e s tõ e s e c o n d i ç õ e s s u s c ita d a s p e la s c ris e s h is tó ric a s d o
p e r ío d o in te r te s ta m e n tá r io .
O u tr a s d u a s o b s e r v a ç õ e s s o b r e o s a p o c a lip s e s s ã o o p o r tu n a s . P rim e ira ,
o a p o c a lip tis m o é u m m e io d e in t e r p r e t a r e a p lic a r a s E s c r itu r a s H e b ra ic a s
d a m e s m a f o r m a q u e a le i o r a l fa ris a ic a e o u tr a s tr a d iç õ e s e x tra b íb ü c a s .2’
O s a p o c a lip tis ta s tr a b a lh a m d e m o d o c o n s c ie n te c o m o te x to b íb lic o , e a
p a r ti r d e le tr a n s p o r t a m e s tr u t u r a s lite rá ria s e h is tó ric a s , n o m e s p e s s o a is ,
e v e n to s , a l u s õ e s e c o n c e i t o s p a r a s e u s c o n t e x t o s . C o m o d is p o s itiv o
h e r m e n ê u tic o , o a p o c a l ip tis m o t e n ta m a n t e r a r e le v â n c ia d o r e g is tro d a s
E s c r itu r a s e , a o m e s m o te m p o , r o m p e r o s ilê n c io p r o fé tic o . S e g u n d a , d e -
v e m o s le m b r a r q u e o a p o c a l ip tis m o n ã o r e p r e s e n t a a tr a d iç ã o u n id a . E le
r e f le te e c o n t r i b u i p a r a a d iv e r s id a d e d o ju d a ís m o i n te r te s t a m e n tá r io . P o r
e x e m p lo , e n c o n tr a - s e n e le u m a m u ltip lic id a d e d e e s q u e m a s e s c a to ló g ic o s
c o m m u it o s d e ta lh e s d iv e rg e n te s . A d iv e r s id a d e d e v e t e r c o n t r i b u íd o p a ra
a c o n f u s ã o e a s c o n tr o v é r s ia s e n t r e o s q u e s e v ia m c o m o p e s s o a s q u e es-
ta v a m v iv e n d o n a e r a e s c a to ló g ic a — c o m o o s p r im e ir o s c r is tã o s ju d e u s.
Os saduceus
É c o m u m a a f ir m a ç ã o d e q u e o s s a d u c e u s re je ita ra m a s tr a d iç õ e s o ra is,
a p e g a n d o s e s ó à le i e s c rita . E s s a é a p r im e ir a im p r e s s ã o d a d e c la ra ç ã o d e
J o s e f o : o s s a d u c e u s “ n ã o fa z ia m o b s e r v â n c ia d e q u a l q u e r t ip o à p a r t e d a s
leis” ,2324 c o n s id e r a n d o - s e “ le is” a q u i c o m o le is e s c r ita s o u o P e n ta te u c o . N o
e n t a n to , a p a s s a g e m c o n tin u a : “ E le s c o n s id e r a m u m a v ir tu d e d is c u tir c o m
o s m e s tr e s d o c a m in h o d a s a b e d o r ia q u e e le s s e g u e m ” . E s s a s d is c u s s õ e s
p o d e r ia m t e r e n v o lv id o d e s e n te n d im e n to s n ã o a p e n a s s o b r e o s ig n ific a d o
d a lei e s c r ita , m a s t a m b é m s o b r e o u tr a s tr a d iç õ e s a s s o c ia d a s a ela. J o s e f o
29Todas as citações dos manuscritos do mar Morto foram extraídas de The DeadSea
Scrolls in English, trad. Geza Vermes, 3. ed. New York: Viking Penguin, 1990.
MJewish War 2.8.2-13 (120-61); Antiquities 18.1.5 (18-22).
'נA ntiquities 18.1.5 (19).
32Jewish War2.8.7 (142).
192
" A tradição secreta está refletida no título da tradução cm inglês de um dos prin-
cipais documentos samaritanos, The A satin The Samaritan Book o f the “Secrets
o f Moses”, trad. Moses Caster (London: Royal Asiatic Society, 1927).
10
Apocaliptismo
• Definição e descrição
- Considerações gerais
- Descrição geral do apocaliptismo
• As origens e contextos do apocaliptismo
• Apocaliptismo como interpretação
• Alguns exemplos
• Apocaliptismo como reajuste
1 Klaus Koch, The Rediscovery of Apocalyptic, Studies in Biblical Theology, 2n<l Series,
vol. 22 (Naperville, ill.: Alec R. Allenson, 1972), p. 23, sugere que o estudo do
apocaliptismo deveria começar e buscar uma definição a partir de uma lista mínima:
Daniel, lEnoque, 2Baruque, 4Esdras, o Apocalipse deAbraão e o livro de Apocalipse.
Outras obras literárias bíblicas consideradas muitas vezes apocalípticas incluem
lsaías 2A— 27; partes de Ezequiel, Joel, possivelmente Amós, Sofonias c Zacarias;
Marcos 13 (e seus textos paralelos de Mt 2A— 25; Lc 21) e partes de 1 e 2Tessa-
loniccnses e 2Pedro.
O volume 1 de The Old Testament Pseudepigrapha, James H. Charlesworth (org.)
(Garden City, N. Y: Doubleday, 1983), reflete a decisão de que os vários testa-
mentos deveríam, de algum modo, estar associados com a literatura apocalíptica.
Também inclui uma série de apocalipses que demoram para acontecer na Era
Cristã, possivelmente ainda no século XIX d.C. O volume divide os apocalipses
bíblicos da seguinte forma:
194
D efinição e descrição
Considerações gerais
Brian Arnold, “The Messianic Woes in Jewish and Christian Apocalyptic Litera-
ture”, Wheaton College Graduate School (12/2/1985).
199
' Esta era a posição da Escola da História das Religiões. Para obter um exemplo,
cf. Wilhelm Bousset, Die Religion desJudentums im spàthellenistischen Zeitalter, 3. cd.,
Hugo Gressmann (org.) (Tübingen: Mohr, 1926).
Paul D. Hanson, The Dawn of Apocalyptic (Philadelphia: Fortress, 1975).
11 V. os sumários d ejohn |. Collins, The Apocalyptic Imagination, em Anchor Bible Die-
tionary, vol. 1, p. 282-3.
200
A pocaliptism o c o m o interpretação
13A coleção mais completa de textos chama-se Old Testament Pseudepigrapha, Char-
lesworth (org.), vol. 1. The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament, R. H.
Charles (org.) (Oxford: Clarendon, 1913), vol. 2, e TheApocryphal Old Testament, H.
F. D. Sparks (org.) (New York: Oxford University Press, 1984), também oferecem
os textos dos principais documentos apocalípticos, introduções a cada livro e
algumas notas e comentários textuais.
Resumos dos livros apocalípticos podem ser encontrados em Collins, Al imaginação
apocalíptica; George W. E. Nickelsburg, Literaturajudaica entre a Bíblia eaM ixná (São
Paulo: Paulus, 2011); Robert 11. Pfeiffer, History of New Testament Times (London:
Adam and Charles Black, 1949); Leonhard Rost,Judaism outside the Hebrew Canon·.
An Introduction to the Documents, trad. David F. Green (Nashville: Abingdon,
1976); Η. H. Rowley, TheRelevanceof Apocalyptic, 3. ed. (London: Lutterworth, 1963);
Schmithals, Apocalyptic Movement, Emil Schiirer, The History of the Jewish People in the
Age ofJesus Christ, Ge/.a Vermes etal. (orgs.), 3 vols. (Edinburgh: T. and T. Clark,
1973-1987), vol. 3, partes 1 e 2;Jewish Writings of the SecondTemplePeriod. Apocrypha,
Pseudepigrapha, Qumran, Sectarian Writings, Philo, Josephus, Michael E. Stone
(org.), cm Compendia Rerum ludaicarum ad Novum Testamentum, 7 vol. (Philadelphia:
Fortress, 1974-1992), seção 2, vol. 2.
14 Oscar Cullmann, The New Testament. An Introduction for the General Reader, trad.
Dennis Pardee (Philadelphia: Westminster, 1968), p. 120-1, faz uma importante
distinção entre os apocalipses cristãos e judaicos: “Ao contrário dos apocalipses
judaicos voltados apenas para o futuro, a revelação de João é caracterizada pela
noção cristã do tempo de acordo com a qual o centro da história divina já é, por
antecipação, alcançado em Jesus Cristo. Portanto, o tempo presente é o tempo
do fim, embora o próprio fim ainda deva ser alcançado. O autor mostra o aspec-
to celestial dos acontecimentos presentes, como descreve o aspecto celestial de
eventos futuros. Este é o segredo para entender o livro todo”.
204
'יEsta lista pertence a E. Isaac, “ 1 (F.thiopic Apocalypse of) Enoch”, em Old Testa-
merit Pseudepigrapha, Cfiarlesworth (org.), vol. 1, p. 7; cle segue Charles, Apocrypha,
vol. 2, p. 170-1.
lftJ. '1'. Milik, “Problcmes dc la littérature hénochique à la lumière des fragments
araméens de Qumrân”, Harvard Theological Review 64 (1971): 333-78; e The Books
of Enoch (New York: Oxford University Press, 1976), afirma que as Similitudes
foram escritas por cristãos por volta de 400 d.C. Suas visões não foram aceitas
pela maioria dos estudiosos que trabalhavam na área.
17 Isaac, “ 1 Enoch”, 7; Adcla Yarbro Collins, “The Origin of the Designation of
Jesus as Son o f Man”, Harvard Theological Review 80 (1987): 404-5.
206
A pocaliptism o c o m o reajuste
18Os escritos astronômicos defendem o ano de 364 dias, em vez do calendário lunar.
11
Divisões, seitas e grupos
• Samaritanismo
• Seitas ou partidos dentro do judaísmo
- Fariseus
- Saduccus
- Herodianos
- Λ quarta filosofia
+ Comentários gerais
+ Zelotes
+ Sicários
- Essênios
- Os escritores dos manuscritos do mar Morto: O s homens de
Qumran
+ Descoberta e controvérsia
+ Tipos de literatura nos manuscritos do mar Morto
+ A história de Qumran
+ A comunidade e sua organização
+ As crenças da comunidade
+ Qumran e os essênios
+ A relevância dos manuscritos do mar M orto para um estudo
do judaísmo intertestamentário e do N T
- Therapeutae
- Judaísmo mágico
Sa m a r ita n is m o
Dois versículos do Evangelho de João revelam algo sobre as tensões
entre judeus e samaritanos. De acordo com João 4.9: “A mulher samari-
tana lhe perguntou [a Jesus]: ‘Como o senhor, sendo judeu, pede a mim,
uma samari tana, água para beber?’ (Pois os judeus não se dão bem com
os samaritanos.)” . A declaração da mulher reflete a tensão e a segregação
social entre os dois grupos. Em João 8.48, os judeus lançam os piores
insultos contra Jesus ao perguntarem: “Não estamos certos em dizer que
você é samaritano e está endemoninhado?”. Por trás desses sentimentos
está uma longa história de relações tensas e aparente animosidade entre
povos que dividiam a região montanhosa da terra de Israel desde o vale
de Esdrelom, no norte, ao Neguebe, no sul.
James Purvis resume os problemas da origem samaritana com quatro
perguntas: “ Quem eram os samaritanos? Como os samaritanos vieram a
existir como comunidade religiosa distinta? Quando ocorreu a ruptura
entre samaritanos e judeus? Qual era a raison d’etre teológica da comunidade
samaritana?”.5Uma pesquisa dos acontecimentos históricos envolvendo
os samaritanos se mostrará útil. A grandeza salomônica desmoronou de
forma veloz com a morte de Salomão. Seu filho Roboão o sucedeu durante
um cisma. Israel, composto por quase dez tribos do Norte, rebelou-se
1 As seitas palestinas são conhecidas, pelo menos de nome, a partir de várias fontes.
2 Morton Smith, Palestinian Parties and Policies That Shaped the Old Testament (New York:
Columbia University Press, 1971).
3 “The Samaritans and J udaism”, em EarlyJudaism and Its Modern Interpreters, Robert
A. Kraft, George W. E. Nickelsburg (orgs.). Atlanta: Scholars, 1986, p. 83.
209
contra a casa de Davi. J udá, as duas tribos e meia do Sul, permaneceu leal
aos reis davídicos, que governaram em Jerusalém. Jeroboão, o primeiro
rei de Israel, tomou uma ação divisiva em termos religiosos, como tam-
bem políticos e geográficos por meio da criação de centros de adoração
alternativos, sacerdotes e festivais (lRs 12.2533)־. A semente da divisão
entre samaritanos e judeus da era do N T estava plantada.
Cerca de duzentos anos depois, em 722 a.C., os assírios derrotaram
e destruíram o Reino do Norte (2Rs 17). O s conquistadores deportaram
alguns israelitas e trouxeram estrangeiros para a terra. O casamento misto
entre os dois grupos foi inevitável. Mais tarde, para afastar os leões que
lhe disseram terem sido enviados pelo Deus hebraico, o rei assírio enviou
um sacerdote hebreu para reintroduzir o jeovismo (v. 25-28). Como con-
sequência, eles “adoravam o S e n h o r , mas também prestavam culto aos
seus próprios deuses, conforme os costumes das nações de onde haviam
sido trazidos” (v. 33). Ocorreu, então, um sincretismo racial e religioso.
210
crenças e práticas do século I não possa ser identificada hoje,13 uma das
cartas dos samaritanos modernos afirma seu credo: “Nós dizemos: Minha
fé está em ti, Se n h o r ; e em Moisés, filho de Anrão, teu servo; e na Lei
santa; e no monte Gerizim, Betel; e no Dia da Vingança e Recompensa”.14
Assim, em geral, eles afirmam: 1) O monoteísmo rígido, incluindo a
aliança de Deus com seu povo; 2) A posição para Moisés além da que
ela tem no judaísmo — ele é o mediador da lei e o último profeta; 3) A
Lei (de acordo com sua edição); 4) A santidade do monte Gerizim como
casa de Deus, fato que se torna claro por causa do décimo mandamento
acrescentado ao Pentateuco Samaritano15 e 5) A escatologia incluindo
recompensas e punições.
O calendário e os festivais samaritanos diferem dos utilizados pelos
judeus. Outra diferença importante é a visão singular dos samaritanos sobre
a história da salvação. Rejeitando a visão judaica, eles dividem a história
da salvação em uma era de desaprovação anterior a Moisés e uma era de
graça depois de Moisés que durou 260 anos. A escatologia samaritana
procura repetir das eras de desaprovação e graça no final da história. A
primeira será iniciada pelo perverso sacerdote Eli; a segunda, pelo Taheb
(Restaurador = Messias), o Profeta como Moisés. Há também evidências
de que se espera que um sacerdote acompanhe o Restaurador.16
Seitas o u partidos do ju d a ís m o
dos descendentes de Fivebar, que foi levado ao céu por Deus, como Enoque dos
tempos antigos, paralá andar com os anjos e agir como sacerdote; ele então será
enviado à terra e agirá como sumo sacerdote, cumprindo todos os serviços do
novo templo”. V. tb. o livro samaritano Yom al-Din 67 (edição de Gaster).
1 O Webster’s New Twentieth-Century Dictionary of the English Language, Unabridged,
2. ed., s.v. “seita”, apresenta três usos: “1) G rupo de pessoas que têm um líder,
conjunto de opiniões, doutrina filosófica etc. em comum; uma escola; um séquito;
2) Qualquer grupo que tenha certas visões, princípios políticos etc., em comum;
3) Denominação religiosa, em especial um grupo pequeno que rompeu com uma
igreja estabelecida”.
214
21 Cf. Leah Bronner, Sects and Separatism during the SecondJewish Commonwealth (New
York: Bloch, 1967); Marcel Simon, Jewish Sects at the Time of Jesus, trad. James H.
Farley (Philadelphia: Fortress, 1967); William W Buehler, The Pre-Herodian Civil
War and Social Debate. Jewish Society in the Period 76-40 B.C. and the Social Fac-
tors Contributing to the Rise o f the Pharisees and Sadducees (Basel: Friedrich
Reinhardt, 1974).
22 Para obter outras informações sobre os fariseus, c f Lester L. Grabbe, Judaism
from Cyrus to Hadrian, 2 vols. (Minneapolis: Augsburg Fortress, 1991-1992), vol. 2,
p. 467-84; Anthony J. Saldarini, “Pharisees”, em Anchor Bible Dictionary, vol. 5,
p. 289-303; John Kampen, The Hasideans and the Origin of Pharisaism■. A Study in
1 and 2 Maccabees (Atlanta: Scholars, 1988); Jacob Neusner, FormativeJudaism·.
Torah, Pharisees, and Rabbis (Chico, Calif: Scholars, 1983), e The Rabbinic Tradi-
tions about the Pharisees before 70 ,3 vols. (Leiden: E. J. Brill, 1971); Emil Schiirer, The
History of theJewish People in theAge of Jesus Christ, Geza Vermes etal. (orgs.), 3 vols.
(Edinburgh: T. and T. Clark, 1973-87), vol. 2, p. 388-403; Ellis Rivkin, A Hidden
Revolution׳. The Pharisees’ Search for the Kingdom Within (Nashville: Abingdon,
1978); John W Bowkcr, Jesus and the Pharisees (New York: Cambridge University
Press, 1973); Louis pinkclstcin, The Pharisees·. The Sociological Background of
their Faith, 3. ed., 2 vols. (Philadelphia: Jewish Publication Society o f America,
1962); R. Travers Herford, The Pharisees (Boston: Beacon, 1962); Stephen Taylor,
“Pharisees”, em Evangelical Dictionary of Theology, Walter A. Elwcll (org.) (Grand
Rapids: Baker, 1984), p. 849-51; Moisés Silva, “The Pharisees in Modern Jewish
Scholarship”, Westminster TheologicalJournal42 (1979-80); H. F. Weiss, “Pharisaios”,
em Theological Dictionary of the New Testament, Gerhard Kittel, Gerhard Friedrich
(orgs.), trad. Geoffrey W Bromilcy, 10 vols. (Grand Rapids: Eerdmans, 1964-76),
vol. 9, p. 11-48; Ralph Marcus, “The Pharisees in the Light o f Modern Scholar-
ship ”,Journal of Religion 32 (1952): 153-64.
216
23 Life 2 (12). Suas descrições mais importantes acerca dos fariseus são encontradas
em Jewish War 2.8.14 (162-66); Antiquities 13.10.5-6 (288-98); 17.2.4 (41); 18.1.3
(12-15) e Life 2 (12); 38 (191).
24 Como exemplo de incoerência, os fariseus parecem desempenhar um papel menos
importante nos relatos históricos que se esperaria de sua declaração: “Tão grande
é a influência deles com as massas que até quando falam contra um rei ou sumo
sacerdote, eles obtêm credibilidade imediata” (Antiquities 13.10.5 [288|). Além disso,
a descrição do fariseu Eleazar, feita por Josefo, condiz com a afirmação de que
“os fariseus são carinhosos uns com os outros e cultivam relações harmoniosas
com a comunidade” Jewish War2.ΆΛΑ [166]).
25Antiquities 18.1.3 (12)■Jewish War2.8A4 (166);Antiquities 13.10.5 (288); 17.2.4 (41 -
45); 18.1.3 (15).
2,1Jewish War 2.HA4 (162-63); Antiquities 18.1.3 (13-14).
27Antiquities 17.2.4 (42).
217
36 A referência dos manuscritos do mar Morto aos fariseus como “os que buscavam
coisas suaves” (4QpNah 2:11b), significa “os que pegam a saída fácil”, provável-
mente é uma descrição pejorativa.
220
Saduceus
As in fo rm açõ es so b re os saduceus aparecem nas m esm as fontes que
as in form ações so b re o s fariseus: Josefo, o N T e o s escritos rabínicos. ’7
Trabalhando com o n o m e saduceu, foram realizadas tentativas de determ inar
a origem d o g ru p o . A s sugestões incluem associá-lo à família sacerdotal de
Z adoque,*38*n o AT, a palavra hebraica usada para “justo” o u “re to ” (Sãdduj),
ou “oficiais da c o rte ” o u “juizes” (em grego, syndikoi). Infelizm ente, há
problem as com essas etim ologias e todas as o u tras tentativas de identificar
a origem d o s saduceus.
N o N T , o s saduceus aparecem só n o s E vangelhos S inópticos e em
A to s.1'1 O texto d e A to s 23.8 define os saduceus em term o s teológicos,
dizendo q u e eles n ão acreditavam na “ ressurreição n em anjos nem espí-
ritos” . A rejeição da ressurreição pelos saduceus é o p o n to em questão
em M arcos 12.18-27 e seus paralelos.
Jo sefo afirm a q u e os saduceus são briguentos, grosseiros e b ru to s
uns com o u tro s e co m o s estrangeiros.4041E m b o ra p o u co s em núm ero, eles
incluíam ho m en s d a mais alta posição.4' T in h am a confiança d o s ricos,
' Para obter outras informações, cf. Gtdbbc,Judaism, vol. 2, p. 484-7; Gary G. Potion,
“Sadducees”, em Anchor Bible Dictionary, vol. 5, p. 892-95; Anthony J. Saldarini,
Fariseus, estribas esaduceusna sociedadepalestinense (São Paulo: Paulinas, 2010); Schürer,
History, vol. 2, p. 403-14; Simon, /««xí ׳Sects, p. 22-7; Rudolf Meyer, “Sadducccs”,
cm Evangelical Dictionary of Theology, p. 965-6; E. E. Ellis, “Jesus, the Sadducees,
and Qumran”, New Testament Studies 10 (1963-64): 274-79.
38Zadoque é o nome de um sacerdote do reinado de Davi (2Sm 15.24-36; 17.15;
19.11) que, com a família, ganhou o controle do sumo sacerdócio e do templo no
reinado de Salomão (lRs 2.35; lC r 29.22). “Os sacerdotes !evitas e descendentes
de Zadoque” ministram no santuário na visão de Ezequiel do templo reconstruído
(44.15).
Eles aparecem em seis contextos diferentes: três nos sinópticos (Mt 3.7; 16.1-12;
22.23-34 [= Mc 12.18-27; Lc 20.27-40]) e três em Atos (4.1; 5.17; 23.6-8).
mAntiquities 18.1.4 (16); Jewish War 2.8.14 (166).
41Antiquities 18.1.4 (17).
221
57É possível também que houvesse obrigações financeiras religiosas para os contados
pelo censo. Foi o que aconteceu no desert() quando o tabernáculo estava sendo
construído (Êx 30.11-16; 38.26).
58Antiquities 18.1.6 (23). O grego despotès, do qual vem a palavra déspota, pode significar
o senhor de uma casa ou pode ser usado como referencia a um governador abso-
luto ou até mesmo a um deus (Henry G. Liddell e Robert Scott, A Greek-English
Lexicon, revisado por Henry S. Jones, 9. cd. [Oxford: Clarendom, 1968J, 381).
Josefo usa o termo para descrever o lugar especial de Deus na quarta filosofia:
“Só Deus é o líder e Senhor deles {hêgemona kai despotên)” {Antiquities 18.1.6 [23]).
Ele também emprega o termo quando descreve a posição dos sicários no Egito
que tentaram persuadir seus companheiros judeus a “não considerar os romanos
melhores que eles e a respeitar só a Deus como seu Senhor (despotên); os sicários
suportavam a maior tortura, que tinha como objetivo forçá-los a reconhecer “César
como Senhor (Kaisaradespotên)” (Jewish WarlAOA [410, 418]).
19 Schürer, History, vol. 2, p. 600-1, resume da seguinte forma: “Seu pai Ezequias
opôs-se à tirania de Herodes; seus filhos Simão e jacó foram crucificados pelas
atividades contra Roma no governo de Tibério Júlio Alexandre; seu descendente
Manaém tomou Massada no início da revolta, em 66, e liderou a revolução em
Jerusalém até ser assassinado pelo partido de Eleazar b. Simon, e Eleazar b. Jair,
sobrinho de Manaém, liderou o último grupo que lutou pela liberdade em Mas-
sada”.
226
611O conceito tem uma história ainda mais longa. O sacerdote Fincias foi recom-
pensado por seu zelo quando matou um israelita imoral e idólatra e uma moabita
nas campinas de Moabe (Nm 25.1-13). Elias disse ter sido “zeloso” pelo Senhor
(lRs 19.10,14). O texto d e jo 2.17 aplica SI 69.9: “o zelo pela tua casa me consu-
mirá”, à purificação do templo feita por Jesus, interpretando, assim, a passagem
de forma messiânica.
227
Menaém é descrita como “zelotes armados”, mas “zelote” aqui não pre-
cisa ser um nome técnico de partido.76 O s zelotes e os sicários podem ter
sido grupos completamente distintos. Também é possível que, antes da
investida em Massada, os sicários atuassem apenas como uma força secreta.
Como consequência quando Josefo descreve seu papel na batalha aberta,
ele os chama zelotes ou membros de algum outro grupo revolucionário.
Isso podería explicar por que não há referência alguma aos sicários enfren-
tando, de fato, os romanos na batalha em Jerusalém. Também é possível
que, após a m orte de Menaém, eles tenham se retkado da cidade e não
estivessem presentes em Jerusalém na agonia final da cidade.
Essênios
Os essênios não são mencionados no NT. As principais descrições e
comentários acerca deles vêm de escritores judeus, Josefo, Fílon e o gen-
tio Plínio, o Velho.7" Mais de dez escritores cristãos, incluindo Hegesipo,
Hipólito, Eusébio, Epifânio e Jerônimo, mencionam os essênios; deles
apenas Hipólito acrescenta informações dignas de nota. '8
Os essênios ainda são um enigma da história judaica; até o significado
do nome é incerto.79 Além disso, “a seita não exerceu influência notável no
judaísmo”.80 Sua relevância para nosso estudo está no 1) exemplo de mais
uma das divisões do judaísmo intertestamentário, na 2) reação (afastamento
da sociedade) às crises que moldaram o caráter distintivo do período e
na 3) provável relevância para os manuscritos do mar Morto. O fascínio
deles pelos primeiros escritores cristãos demonstra que tinham algum
significado especial para algumas ramificações da cristandade.
84J. van der Ploeg, The Excavations atQumran·. A Survey o f the Judean Brotherhood
and Its Ideas, trad. Kevin Smyth (New York: Longmans, Green, 1958).
235
85 Além das informações nos estudos gerais listados na nota 83, cf. Phillip R. Cal-
laway, The History of the Qumran Community (Sheffield, Eng.: Sheffield Academic
Press, 1988).
86 CD 1:5-12: “Quando eles foram infiéis e o abandonaram, ele ocultou seu rosto de
Israel e de seu santuário e os entregou à espada. Mas, ao se lembrar da aliança dos
antepassados, deixou um remanescente para Israel e não o entregou à destruição.
E, no tempo da ira, 390 anos depois de tê-los entregado nas mãos do rei Nabu-
codonosor da Babilônia, ele os visitou fez com que uma raiz brotasse de Israel e
Arão para herdar sua terra e prosperar nas coisas boas da terra. E eles perceberam
236
sua iniquidade e reconheceram que eram homens cheios dc culpa, mas, por vinte
anos, foram como cegos tateando para achar o caminho. [...] E Deus observou
seus feitos, que eles o buscavam dc todo o coração, e levantou para eles um Mestre
da Justiça para guiá-los no caminho de seu coração. E deu a conhecer às gerações
posteriores o que havia feito à última geração, a congregação de traidores, aos que
se afastaram do caminho” (tradução livre).
871QS 8:14: “E quando esses se tornarem membros da Comunidade de Israel de
acordo com todas essas regras, eles se separarão da habitação de homens ímpios
e irão para o deserto a fim de preparar o caminho dele; como está escrito: No de-
seriopreparem 0 caminho [...]façam no deserto um caminho retopara 0 nosso Deus (Is 40.3).
Este (caminho) é o estudo da Lei que ele ordenou pelas mãos de Moisés, para
que possam agir de acordo com tudo o que foi revelado de era em era, e como os
Profetas revelaram por meio de seu Espírito Santo” (tradução livre).
88 lQ pH ab 11: “A i daquele que dá bebida ao seupróximo, que derrama seu veneno a fim de
embebedá-lopara que ele observesuas^■!* ״/Interpretando, isto diz respeito ao Sacerdote
ímpio que seguiu o Mestre da Justiça até a casa de seu exílio para que pudesse
confundi-lo com sua fúria venenosa. E, no momento designado para o descanso, o
Dia da Expiação, ele apareceu diante deles para confundi-los e levá-los a tropeçar
no Dia do Jejum, o sábado do descanso deles” (tradução livre). Observe que, como
resultado do uso feito do calendário solar de doze meses e 364 (ou 365) dias, em
vez dc um calendário lunar, a comunidade de Qumran provavelmente observava
o Dia da Expiação em um dia diferente do da maioria de seus contemporâneos.
1‘״Jerome Murphv-O’Connor, “The Judean Desert”, era EarlyJudaism, Kraft, Nickes-
burg (orgs.), p. 139-41.
237
904QpNah 2:1 lb-12: "Aonde 0 leão vai, lá está a cria do leão, [sem nadapara perturbá-lo].
Interpretando, isto diz respeito ao rei Demétrio da Grécia que tentou, seguindo
o conselho do que buscam coisas suaves, entrar em Jerusalém. [Mas Deus não
permitiu que a cidade fosse entregue] às mãos dos reis da Grécia, da época de
Antíoco até a chegada dos governantes de Quitim. Mas, então, ela será pisoteada
por...
"O leão chora 0 suficientepor seusfilhotes e sufoca a presapara sua leoa”. [Interpretando,
isto] diz respeito ao leãozinho furioso que ataca por meio de seus grandes homens
e por meio dos homens de seu conselho.
“[E sufoca a presapara sua leoa; e enche] suas cavernas [depresas] e suas covas, de vítimas.
Interpretando, isto diz respeito ao leãozinho furioso |que faz vingança] contra
aqueles que buscam coisas suaves e pendura homens vivos, [...] antes em Israel.
Por causa de um homem pendurado vivo [na] árvore, Deus proclama: ‘Eu estou
contra [você, declara o Senhor dos ExércitosJ”.
91Jewish War 1.4.6 (96-97); Antiquities 13.14.2 (380).
238
97 Elisha Qimron, John Strugnell, Discoveriesin theJudaean Desert, vol. 10,Qumran Cave
4 (New York: Oxford University.Press, 1994).
98Martin Abegg, “Paul, W orks o f the Law’ and MMT”, BiblicalArchaeology Review
20.6 (November-December 1994): 54, prefere traduzir o título como “Obras
pertinentes à lei”.
242
e
Ele virá [na] cabeça de toda a congregação de Israel, com todos os [seus
irmãos, os filhos] de Arão, o sacerdote, [aqueles que foram chamados]
Quando a mesa comum for posta para se com er e o vinho novo [derra-
mado] para beber, que nenhum homem estenda a mão sobre as primícias
do pão e do vinho antes do sacerdote, pois [ele] abençoará as primícias
do pão e do vinho e será o primeiro [a estender] a mão sobre o pão. De-
pois disso, o Messias de Israel estenderá sua mão sobre o pão, [e] toda a
congregação da comunidade [proferirá uma] bênção, [cada homem na
ordem] de sua dignidade (lQ Sa 2).
101 Para obter um resumo, cf. James C. Vanderkam, Os manuscritos do mar Morto hoje
(Rio de Janeiro: Objetiva, 1995); Edward M. Cook, Solving the Mysteries of the Dead
Sea Scrolls·. New Light on the Bible (Grand Rapids: Zondervan, 1994), p. 104-26.
244
102 O resumo a favor das origens dos saduccus pode ser obtido em Vanderkam, 0.f
manuscritos do mar Morto hoje, p. 93-5; Cook, Solving the Mysteries, p. 111-6. Qimron
e Strugnell, Qumran Cave 4, fazem referência frequente à possibilidade da teoria
dos saduceus.
105 The Essene Problem. London: Dr. Williams’s Trust, 1961, p. 27.
245
101John J. Collins, “Dead Sea Scrolls”, em Anchor Bible Dictionary, vol. 2, p. 100.
1115 Para obter outras informações, confira os estudos gerais listados na nota 83;
Matthew Black, The Scrolls and Christian Origins (New York: Thomas Nelson,
246
Therapeutae
1961); Krister Stendahl, ed.. The Scrolls and the New Testament (New York: Harper
and Row, 1957); Fujita, Crack in theJar.
106 Eusébio, História eclesiástica 2.17, sugere que a Vida contemplativa descreve um
mosteiro cristão c não é um artigo genuíno de Fílon. Esta posição teve seus
defensores em meados do século XIX. N o entanto, E. R. Gdodenough, An
Introduction to PhiloJudaeus, 2. ed. (New York: Barnes and Noble, 1963), p. 32, diz
que a “controvérsia há muito foi resolvida, e há anos ninguém questiona que
Fílon é o autor”.
107 Veja a excelente discussão cm Schürer, History, vol. 2, p. 591-7.
247
Judaísmo mágico
As superstições, a astrologia e as artes mágicas, em especial com fins
de cura, eram muito populares no mundo antigo.108 Acreditava-se com
frequência que o povo judeu tinha poderes mágicos especiais. Com a força
de IReis 5.12 (“ O Sen h o r deu sabedoria a Salomão”), Salomão geralmente
recebia o crédito de ter criado a arte em Israel. Josefo diz: “E Deus con-
cedeu [a Salomão] o conhecimento da arte usada contra demônios para
o bem e a cura dos homens. Ele também fez encantamentos pelos quais
enfermidades eram remediadas e deixou formas de exorcismos com as
quais os endemoninhados podiam expulsá-los para nunca mais voltarem.
E esse tipo de cura tem um poder muito grande entre nós até hoje”.109
Certos escritos intertestamentários, incluindo lEnoque e a Sabedoria de
Salomão, contêm relatos semelhantes. Um documento grego posterior, o
Testamento de Salomão, afirma que esse rei usou poderes mágicos para sub-
jugar demônios e forçá-los a ajudar na construção do templo. A mesma
lenda é encontrada na literatura rabínica e também ocorre em, pelo menos,
um fragmento de Qumran.
Entre os partidos judeus mencionados, os essênios e os tberapeutae
eram conhecidos de forma especial por suas artes de cura.110 Não raro,
essas habilidades estavam associadas à magia. Além disso, parece que havia
grupos à margem do judaísmo praticantes das artes mágicas em nome
da religião.111 Sem dúvida, foi o que aconteceu em Efeso, como mostra o
incidente relatado em Atos 19.13-16. O Talmude e outras fontes também
dão a impressão de que a superstição desempenhava papel importante no
dia a dia de muitos judeus comuns.112
O judaísmo mágico, provavelmente mais que a maioria dos grupos
ocultistas, parece ter mantido o interesse vivo por materiais escritos. Sem
dúvida, isso era uma extensão das lendas relacionadas a Salomão e suas
atividades. O elemento literário é evidente na passagem de Atos 19.19,
na qual se relata que certos indivíduos queimaram livros como prova da
determinação de se distanciar da associação com a magia, ocorrida no
passado.11' Embora se espere que o elemento mágico no judaísmo esteja
intimamente relacionado a escritos esotéricos como o Merkavah, a evidên-
cia da associação desse tipo no período intertestamentário é pequena, na
melhor das hipóteses. Nos séculos posteriores a magia tomou seu lugar
nos movimentos místicos como a cabala."4
Como se esperava, grande parte das atividades mágicas em comunida-
des judaicas ocorreu na diáspora. Parece que os judeus da Frigia tinham,
sobretudo, um profundo envolvimento com a prática da magia e eram
notórios pela negligência religiosa. Alguns estudiosos sugerem que o en-
volvimento com o ocultismo era um elemento importante em quase todo o
judaísmo helenístico (e mais tarde no gnosticismo).*1415N o entanto, ele não
se restringiu à diáspora. O texto de Atos 8.9-24 situa Simão, o Mago, em
Samaria. Uma vez que o AT é categórico ao condenar a prática da magia
(p. ex., D t 13), a presença da magia no judaísmo intertestamentário deve
ser considerada, pelo menos até certo limite, evidência de que o judaísmo
foi sincretizado com religiões pagãs.116O elemento mágico também é mais
uma evidência da grande diversidade do judaísmo intertestamentário.
Nosso estudo, de forma alguma, completa a lista de partidos judai-
cos do século I. Parece que havia muitos outros grupos menores nesse
período do judaísmo. Vários, como os que participavam da aliança de
Qumran, davam valor especial aos rituais de purificação e de imersão,
'"C f. Emil Schürer, The History of theJewish People in the Time of Jesus Christ, 5 vols.,
trad. J. MacPherson etal. (Edinburgh: T. and T. Clark, 1897-1898), vol. 5, p. 151-
4; Wilfred L. Knox, St Paul and the Church of the Gentiles (New York: Cambridge
University Press, 1939), frequentemente menciona os elementos judaicos eviden-
tes em alguns papiros gregos pagãos de magia e formas de influência mágica no
judaísmo; cf. sua “N ote II: Jewish Influence on Magical Literature”, p. 208-11.
114 Cf. Gershom G. Scholem, A s grandes correntes da místicajudaica (São Paulo: Pers-
pectiva, 1995); e idem,Jewish Gnosticism, Merkabah Mysticism and Talmudic Traditions
(New York: Jewish Theological Seminary, 1965).
115 Como exemplo, E. R. Goodenough, By Light, Light The Mystic Gospel o f Hel-
lenistic Judaism (New Haven: Yale University Press, 1935).
116 Charles Guignebert, TheJewish Worldin the Time ofJesus, trad. S. H. Hooke (London:
Kegan Paul, Trech, Trubner, 1939), p. 240.
249
117 Mais de uma década antes da descoberta dos manuscritos do mar Morto, Joseph
Thomas, Le Mouvement baptist en Palestine et Syne (Gembloux: J. Duculot, 1935),
usou fontes escritas para postular a existência de muitos grupos praticamente
desconhecidos, incluindo seitas do tipo de Qumran.
12
6 Emil Schürer, The History of the Jewish People in the Age of Jesus Christ, cd. Geza
Vermes eta l, 3 vols. (Edinburgh: T. and T. Clark, 1973-1887), vol. 2, p. 14; havia
diferenças entre “as leis matrimoniais; costumes diferentes nas relações entre
casais comprometidos; pesos diferentes na Judeia e na Galileia. Há até referencia
a uma observância diferente da Páscoa: na judeia, o povo trabalhava no dia 14 de
nisã até o meio-dia; na Galileia, não se trabalhava de modo algum nesse dia”.
255
7 Sobre a descrição que Jesus, filho de Siraque fez de seu contexto, cf. Edwyn R.
Bevan,Jerusalem under the High-Priests (London: Edward Arnold, 1918), p. 49-68;
Victor Tcherikover, Hellenistic Civilisation and theJews, trad. S. Applebaum (Phila-
dclphia: Magnes, 1961), p. 143-51; e Martin Hengel,Judaism and Hellenism·. Studies
in Their Encounter in Palestine during the Early Hellenistic Period, trad. John
Bowden, 2 vols. (Philadelphia: Fortress, 1974), vol. 1, p. 131-53.
8 Shaye J. D. Cohen, “The Political and Social History o f the Jews in Greco-Roman
Antiquity׳: The State o f the Question”, em EarlyJudaism and Its Modern Interpreters,
Robert A. Kraft, George W. E. Nickelsburg (orgs.) (Atlanta: Scholars, 1986), p. 46-
8.
256
Quadro n.2 2
As principais divisões de Israel do século I
Econômica Religiosa
I. Classe alta I. Judeus
A. Ricos da cidade
A. A instituição religiosa
B. Ricos do campo (proprietários de
1. Sumo sacerdote, sacerdotes e levitas
latifúndios)
2. O patriarca e sua corte (pós-70)
3. Escribas, líderes religiosos, rabinos,
II. Classe média sábios, membros do Sinédrio
A. Artesãos, mercadores (cidade) B. As seitas e as figuras extraoficiais de
B. Proprietários de latifúndios medianos autoridade
(campo) 1. Assideus, fariseus, saduceus, betu-
sianos, essênios, a seita de Qumran,
III. Classe baixa a quarta filosofia, judeus-cristãos,
samaritanos (?), Haberim (?),
A. Pobres da cidade
rabinos (?)
B. Pobres do campo
2. Homens santos, magos, carismáticos,
1. Fazendeiros camponeses curandeiros, exorcistas, messias etc.
2. Camponeses sem-terra C. Outros judeus
1. Os am ha-eretz e outros judeus não
IV. Indigentes sectários
A. Mulheres e crianças 2. Judeus helenistas
B. Escravos 3. Prosélitos
Ai de mim, por causa da casa de Ismael ben Fiabi, ai çle mim, por causa
de seus punhos.
Pois eles são sumos sacerdotes e seus filhos, tesoureiros, e seus genros,
fideicomissários, e seus servos batem no povo com bastões."
A ldeias e cidades
11 Talmude babilônico Pesahim 57a; Toseftá Menahot 13.21 (citado por Menahem Stern,
“Aspects o f Jewish Society: The Priesthood and O ther Classes”, em Jewish People,
Safrai, Stern [orgs.], vol. 2, p. 602-3).
12 Sobre as cidades antigas, cf. A. Η. M. Jones, The Greek City from Alexander to
Justinian (Oxford: Clarendon, 1940); John E. Stambaugh, The Ancient Roman City
(Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1988); John McRay, Archaeology and
the New Testament (Grand Rapids: Baker, 1991), p. 37-8.
259
13 “Economic Life in Palestine”, em Jewish People, Safrai, Stern (orgs.), vol. 2, p. 667.
14 Polis é o termo usado tanto para designar cidades importantes, como Jerusalém,
c também localidades menores; as traduções usam tanto “cidade” como “aldeia”
para essa palavra. Kõmê é geralmente traduzido por “vila”, mas, às vezes, por “al-
deia”. Betsaida é chamada kõmê em Mc 8.23,26 e polis em Mt 11.20,21; Belém é
kõmê em Jo 7.42 epolis em Lc 2.4,11. Hermann Strathmann, “Polis”, em Theological
Dictionary of the New Testament Gerhard Kittel, Gerhard Friedrich (orgs.), trad.
Geoffrey W Bromilcy' 10 vols. (Grand Rapids: Eerdmans, 1964-76), vol. 6, p. 530,
afirma que no NT a palavra polis é “apolítica. |ElaJ significa um ‘lugar fechado de
habitação humana’ como algo distinto de áreas, pastos, vilas e casas inabitadas...
Em geral, cidades muradas sãopoleis, enquanto lugares abertos de habitação são
kõmaP. O texto de Mc 1.38 usa o termo kõmopolis, significando algo como “centro
populacional” ou “cidade-mercado”. Agros normalmcnte significa “campo” ou
“província”, mas no plural pode significar “ fazenda(s)” ou “lugarejo(s)”. Walter
Bauer, Greek-Bnglish Lexicon of the New Testament, trad. William F. Arndt, F. Wilbur
Gingrich, 2. ed. (Chicago: University o f Chicago Press, 1979), p. 14.
260
A ECONOMIA
Um a sociedade agrícola
22 Testamento de Issacar 5.3-5; observe também 6.2, que fala de um dos pecados dos
últimos tempos: “Abandonando a agricultura, eles buscam seus próprios desígnios
maus”.
25Against Apion 1.12 (60). Sobre o papel do comércio e negócios, cf. Applebaum,
“Economic Life in Palestine”, ρ. 667-92.
24 Applebaum, “Economic Life in Palestine”, p. 638-41, apresenta um excelente
panorama das características geográficas e sua relação com a agricultura.
2 יFreyne, Galilee, p. 1-19,155-200.
263
com o uso cuidadoso da água nas estações chuvosas, pode ser uma área
agrícola produtiva.
O s lavradores israelitas produziam grande variedade de culturas. Eles
também se ocupavam da criação de ovelhas, cabras e outros tipo de re-
banho.2627A despeito das dificuldades impostas pelos fenômenos naturais,
parece que o lavrador do século I obtinha um rendimento suficiente e até
mesmo confortável. Infelizmente, entretanto, outros fatores, sobretudo
políticos e sociais, conspiravam contra ele. Além de levantar o suficiente
para alimentar a família, o lavrador tinha de comprar as coisas básicas de
que necessitava e que não conseguia produzir, precisava guardar semente
para o plantio do ano seguinte e cumprir outras obrigações. Essas outras
obrigações provaram ser a ruína de muitos no século I. Entre elas estavam
tributos exigidos pelas autoridades judaicas e romanas, tarifas de impor-
tação e exportação, taxas para os proprietários de latifúndios, encargos
religiosos especiais e juros sobre empréstimos (os escribas dispunham
de meios para evitar a proibição do AT quanto a cobrar juros de outros
judeus). Essas obrigações permaneceram constantes apesar dos fatores
negativos que periodicamente ameaçavam o lavrador — rupturas sociais
como guerras ou mudanças na estrutura administrativa ou econômica,
ineficácia governamental, bem como corrupção, alterações nos padrões da
população, sem falar de perdas decorrentes de fatores climáticos, desastres
naturais, pragas agrícolas.
Os impostos poderíam subir a um ritmo imprevisível. As condições
no tempo de Herodes, o Grande, são um exemplo notório. O rei vivia de
modo tão além de seus recursos que era forçado a aumentar os impostos,
embora percebesse a reação adversa que isso provocaria em seus súditos.2
E Tácito, que não era amigo dos judeus, observou que durante o reinado
de Tibério “as províncias da Síria e da judeia, exaustas por causa dos en-
cargos, imploravam a redução do tributo”.28
Sob esses encargos, o lavrador precisava lutar não só para alimentar a
família, mas também para manter a terra. Muitos não conseguiram. Essa
situação fez surgir o desemprego e a hostilidade das classes baixas contra
a aristocracia e os oficiais do governo. Outras consequências incluíam uma
nova classe de bandidos e, por fim, a rebelião e a revolução contra Roma
e contra seus apoiadores.
A classe inferior dos bandidos'
O banditismo é um fenômeno socioeconômico, pré-revolucionário.29
Em geral, ele surge em sociedades rurais diante de perturbações sociais
e de vulnerabilidades econômicas e judiciais dos pobres. Não raro é o
último recurso das pessoas forçadas a abandonar suas terras ou, de outra
maneira, despojadas do sustento e deixadas sem recursos. Os habitantes da
cidade e a aristocracia, que normalmente eram o alvo da ira e dos ataques
dos bandidos, consideravam-nos criminosos. As pessoas comuns muitas
vezes compartilhavam o drama e o senso de justiça dos bandidos; elas
podiam apoiá-los e protegê-los. Bandidos, como Robin Hood, podiam
dar um auxílio aos sofredores.
Josefo diz que a presença de bandidos era recorrente em toda a zona
rural, e eles tinham um papel de liderança na guerra contra Roma. Mas
Roma não era o único objeto da ira dos bandidos. Em um levantamento,
os insurgentes queimaram os registros públicos de dívidas; em uma ocasião
anterior, já mencionada, eles afogaram alguns membros da aristocracia.30
18.24; 25.14-30) não era, de fato, uma moeda, mas uma unidade de medida
de trabalho. Representava uma soma muito grande. O s dez mil talentos de
Mateus 18.24 (ACF) são praticamente um montante incompreensível de
dívida, em especial para ser contraída por uma pessoa comum. Na moeda
romana, o denário (Mt 20.9) representava um dia de salário e era, assim,
equivalente em valor à dracma grega. Cem denários eram o equivalente
a uma mina grega.
Casa e lar
Habitações
Os ricos viviam em mansões ou estruturas palacianas.34 Podemos
presumir que o lar das classes médias era menor e menos luxuoso do que
o dos ricos. A habitação típica na terra de Israel era, sem dúvida, a das
classes baixas. Era feita de pedras, barro ou tijolos de barro com chão
duro de terra batida. Um pátio aberto servia, em muitos casos, a várias
famílias diferentes. O pátio era cercado por uma série de casas e aposentos
individuais. Ainda na mesma área havia galpões de armazenamento para
mercadorias diversas, abrigos para animais, cisternas, depósitos de lixo
e instalações sanitárias (quando disponíveis). Uma casa de família podia
consistir em apenas um cômodo, mas a maioria consistia em mais. Os
cômodos, divididos por cortinas ou tapetes, eram bem pequenos, por isso
as pessoas normalmente passavam o máximo de tempo possível na rua.
As janelas eram geralmente pequenas e permaneciam abertas nos meses
quentes; quando o tempo ficava frio, eram cobertas com vidro ou algum
material translúcido. À noite, lamparinas, lampiões e tochas eram a única
fonte de luz. Cada lar era equipado com uma porta, um ferrolho e uma
tranca. Frequentemente a casa consistia em mais de um andar; o acesso
aos pisos superiores era feito por escadas ou degraus externos. A maior
parte dos telhados era plana, por isso as famílias costumavam usá-los para
fazer refeições, se sentarem nas horas frias do dia e, possivelmente, dormir.
As mobílias, cuja maioria podia ser movida ou armazenada quando
não estivesse em uso, incluíam camas que, com exceção das de casas mais
pobres, ficavam acima do nível do chão, um fogão e um forno, uma mesa
a três anos). Não se exigia que ela auxiliasse o marido no trabalho, ainda
que muitas mulheres o fizessem. Ela assumia a responsabilidade primária
quanto a estender hospitalidade e preparar os filhos para a escola. Ela
podería se envolver em atividades manuais e outros trabalhos em casa;
parece que algumas mulheres guardavam o dinheiro ganho. Esperava-se
que a esposa se vestisse e se adornasse de modo a não perder o encanto
aos olhos de seu marido.
Gravidez e parto eram considerados bênçãos. Homens e mulheres
ocasionalmente praticavam controle de natalidade. O-aborto era consi-
derado assassinato. O número de abortos espontâneos e de mulheres que
morriam ao dar à luz era alto. As parteiras assistiam nos nascimentos;
todo o trabalho que envolvia a preparação para o nascimento da criança
e o cuidado com a mãe estava isento das restrições da lei sabática. O nas-
cimento de um descendente era ocasião de alegria, maior ainda se fosse
um filho e não uma filha.
Após o parto, mãe e bebê passavam pelos rituais prescritos de pureza
e dedicação. A circuncisão do menino aos oito dias era realizada por um
médico profissional. Era um momento de celebração. Mas, por causa do
aumento das despesas com os sacrifícios exigidos, mesmo das pombas
que Levítico 12.8 prescrevia apenas para o pobre, foram tomadas medidas
durante o período rabínico para manter baixos os custos.
Todos os membros da família, incluindo os filhos mais velhos, au-
xiliavam no cuidado e na criação das crianças. Os filhos eram ensinados
a honrar e respeitar os pais. (Por extensão, esperava-se que os adultos
cuidassem dos pais idosos.) A disciplina podia ser administrada pelos dois
pais; fontes escritas frequentemente recomendam Provérbios 13.24, que
conecta a disciplina dada pelos pais ao amor. Os filhos participavam de
todas as cerimônias no lar, na comunidade e na sinagoga.
A passagem da infância para a adolescência era física, social, legal e
religiosa. Pela tradição, estava associada ao décimo segundo aniversário da
menina e ao décimo terceiro do menino, mas isso era apenas um número
aproximado. Mesmo pessoas fisicamente imaturas eram consideradas
maduras aos 18 anos, de acordo com a lei, pelos seguidores de Shammai,
ou aos 20 anos, pelos seguidores de Hillel.
A puberdade coincidia aproximadamente com a saída do menino da
escola para começar a aprender um ofício e assumir a responsabilidade
do trabalho regular. As meninas também começavam a assumir mais
271
S ábado
41 Outras declarações bíblicas sobre o mandamento do sábado podem ser lidas ema
Êx 16.23-30; 23.12; 31.12-17; 34.21; 35.1-3; Lv 23.3; Nm 15.32-36; cf. Ne 10.31;
13.15-22; Is 58.13;Jr 17.21-24; Ez 22.8; Am 8.5 (esta lista foi adaptada de Schürer,
History, vol. 2, p. 468).
4 ־Observe também Is 56.6: “E os estrangeiros que se unirem ao Senhor... todos
os que guardarem o sábado deixando de profaná-lo, e que se apegarem à minha
aliança”.
275
sabáticos), trata de m uitos lim ites p ertin en tes ao sábado.43 A M ixná Shab-
bat 7.2 lista as classes d e trabalho proibidas n o sábado:
As classes de trabalho são quarenta menos uma: semear, arar, ceifar, atar
molhos, debulhar, joeirar, limpar colheitas, moer, peneirar, amassar, assar,
tosquiar lã, lavar ou bater ou tingi-la, fiar, tecer, fazer dois laços, tecer
dois fios, separar dois fios, atar [um nó], afrouxar [um nó], costurar dois
pontos, rasgar a fim de costurar dois pontos, caçar uma gazela, abater ou
esfolar ou salgá-la ou curar sua pele, raspá-la ou cortá-la, escrever duas
letras, apagar a fim de escrever duas letras, construir, derrubar, apagar
o fogo, acender o fogo, bater com o martelo e levar o que quer que seja
de um domínio para outro.
vez que eles eram parte tão importante da vida judaica intertestamentária,
de m odo geral e no contexto familiar, cabem aqui alguns comentários.
Embora a observância de grande parte das festas exigisse cerimônias
elaboradas no templo, a maioria também demandava cuidado especial
no lar. Jejuar ou festejar estava associado aos festivais, e orações especiais
eram feitas no lar. Cada festival contava com requisitos próprios para os
membros adultos da comunidade. O s festivais também ofereciam opor-
tunidades para instrução direta e indireta dos jovens na lei divina e nas
tradições do povo.
Nas três festas de peregrinação, toda a família ou parte dela deveria
viajar a Jerusalém. As festas também envolviam observâncias e rituais no
lar. Por exemplo, eram feitas preparações cuidadosas para a Páscoa. Todo
o fermento era removido de casa. Cessava-se o trabalho. Fazia-se uma
refeição especial, comemorando a libertação do Egito. Os filhos eram
encorajados a fazer perguntas sobre a festa.49*O s começos da nação eram,
desse modo, lembrados e ensinados.
A festa dos Tabernáculos, além de ser marcada por serviços especiais
em Jerusalém e no templo, poderia ser celebrada em uma barraca (sukkah)
construída perto da residência da família, embora pudesse ser afastada, fora
de Jerusalém. Era principalmente no lar que as lamparinas de Purim eram
acesas. Mesmo as ocasiões mais solenes podiam ter momentos mais tran-
quilos com ramificações para a vida familiar: “Rabban Simeon b. Gamaliel
disse: ‘Não havia dias mais felizes para Israel do que o décimo quinto de
abe e o dia da Expiação, porque neles as filhas de Jerusalém costumavam
sair com vestes brancas [...] para dançar nos vinhedos. E o que elas diziam?
“Jovem, erga seus olhos e veja qual escolherá para si mesmo” ’ 5°.״
Educação
A verdade sobre essa questão é que se sabe muito pouco sobre a edu-
cação no judaísmo intertestamentário. Algumas tentativas de descrevê-la
dizem que o que sabemos da educação judaica no início do período rabí-
nico também era válido na era do templo de Herodes. Outra suposição
é que a educação judaica era uma adaptação da encontrada no mundo
greco-romano. Parecería razoável supor que a educação judaica intertesta-
4' ׳Como parte da liturgia moderna, a criança pergunta: “Por que essa noite é diferente
de todas as outras?”. Essa é uma oportunidade para se relatar a primeira Páscoa.
"י־Mixná TaanitA2>.
279
55 Yoma 8.4.
56 Safrai, “Education”, p. 948.
דיIbid., p. 950.
281
M edições e te m p o
Medições
O leitor moderno do N T raramente sente mais a estranheza do mundo
neotestamentário do que quando é confrontado com um assunto mun-
dano como seu sistema de medidas.5859 Elas não apenas eram diferentes
58Schürer, History, vol. 2, p. 322-80, concentra a atenção no treinamento e no tra-
balho de especialistas na lei.
-9 יPara obter explicações prontas de pesos e medidas bíblicos, cf. The N I V Study
Bible, Kenneth Barker el al. (orgs.) (Grand Rapids: Zondervan, 1985); The New
OxfordAnnotated Bible with theApocryphal/DeuterocanonicalBooks, Bruce M. Metzger,
282
Roland E. Murphy (orgs.). (New York: Oxford University Press, 1992), p. 424-5
(New Testament); Interpreter's Dictionary of the Bible, George A. Buttrick etal. (orgs.),
4 vols. (New York: Abingdon, 1962), vol. 4, p. 828-38; New Bible Dictionary, ). D.
Douglas (org.), 2. ed. (Downers Grove, 111.: Inter-Varsity, 1982), p. 1245-9; Harper's
Bible Dictionary, Paul J. Achtemeier el al. (orgs.) (San Francisco: Harper and Row,
1985), p. 1126-31 \ Anchor Bible Dictionary, David Noel Freedman et al (orgs.), 6
vols. (Garden City, N.Y.: Doubleday, 1992), vol. 6, p.897-908.
6(1 Talmude babilônico Eruvin 51a.
61 Análises detalhadas sobre o assunto extremamente complexo, cf. M. D. Herr, “The
Calendar”, em Jewish People, Safrai, Stern (orgs.), vol. 2, p. 834-62, e a literatura citada
por ele, p. 862-64; Daniel-Rops,M vida diária·,}. Van Goudoever, Biblical Calendars,
2. ed. (Leiden: E.J. Brill, 1961); James C. Vanderkam, “Calendars: Ancient Israelite
283
and Early Jewish”, cm Anchor Bible Dictionary, vol. l,p . 814-20; Roger T. Beckwith,
Calendar and Chronology, Jewish and Christian (Leiden: E. J. Brill, 1996).
62 Esta situação ocorre em sociedades islâmicas. O jejum, quando seguidores do
Profeta se abstêm de toda comida c bebida durante as horas do dia, é observado
durante o nono mês, o mês santo do Ramadã. As exigências são muito difíceis
em períodos mais frios do ano. Constituem dificuldades especiais durante os anos
em que o Ramadã cai no verão.
63 Portanto, em Mc 1.32, a multidão que procurava Jesus para receber cura se reuniu
no pôr do sol, quando o sábado havia acabado.
284
• A existência de Deus
• Visão de mundo
• A lei e as práticas legalistas
• Atitudes particularistas, elitistas
• Imortalidade e ressurreição
2 PalestinianJudaism, p. 3.
3 Antiquities 1.7.1
289
V isão de m u n d o
Senhor ”; a Septuaginta: “Vá em paz; o seu caminho, pelo qual você vai, está diante
do Senhor”.
292
Figura 6
As fases da história do mundo
Intervenção
de Deus
Fim do mundo
Criação Queda
Mundo
Era passada Era final vindouro
História humana
296
13 Pauland PalestinianJudaism (Philadelphia: Fortress, 1977); idem, Paul, theLaw, and the
Jewish People (Philadelphia: Fortress, 1983). Uma excelente pesquisa e bibliografia
desse movimento pode ser encontrada em: Donald A. Flagner, “Paul and Judaism
— The Jewish Matrix o f Early Christianity: Issues in the Current Debate”, Bulletin
for Biblical Research 3 (1993): 111 -30.
14 Sanders, PalestinianJudaism, p. 236, 420.
15 Hagner, “Paul and Judaism”, p. 118.
298
pelo foco cada vez maior no cumprimento da lei, e que a leitura, o apren-
dizado e a discussão da lei se tornavam partes ainda maiores dos deveres
religiosos dos judeus comuns. Nessa situação, tornou-se difícil observar a
perspecdva apropriada na relação entre a graça divina na aliança e a obser-
vância da lei. A relação entre as duas podia ser invertida com facilidade e
a lei ser vista como algo precedente, o meio para obter e também manter
a graça da aliança. É muito provável que essa seja a situação precisa que
Paulo discute em Gálatas 3.17: “A Lei, que veio quatrocentos e trinta anos
depois, não anula a aliança previamente estabelecida*por Deus, de modo
que venha a invalidar a promessa”.
Quanto tomamos conhecimento das visões religiosas às quais os
autores do N T procuram se opor e das várias declarações dos escritos
intertestamentários e rabínicos, vemos uma imagem muito diferente da
proposta por Sanders. Mas uma consideração é a provável diferença entre
as crenças das pessoas comuns, por um lado, e as dos teólogos, rabinos
e escribas, por outro, mais propensas a estarem refletidas nas fontes que
perduraram. Em suma, embora no AT e no ideal do judaísmo intertesta-
mentário a lei permaneça como resposta à graça da aliança, para muitos,
em especial os judeus comuns, a observância da lei se tornou a essência da
religião hebraica. O zelo equivocado levou alguns a confiar apenas nas ob-
servâncias externas para obter salvação. Outros provavelmente confiaram
nas práticas como meio de adquirir mérito sem entendê-lo com clareza.20
Como eloquentemente atesta a história do cristianismo, o judaísmo não
seria a única religião em que a relação entre lei e graça foi mal entendida
por uma parte considerável dos leigos e alguns dos líderes.21
Im ortalidade e ressurreição
ponto dc vista de muitos, em especial no mundo ocidental. Ter que aceitar a graça
é uma experiência humilhante.
302
22Cf. J. A. Balchin, “Life after Death in the Psalms”, 'theological Students Fellowship
Bulletin 29 (Spring 1961): 1-4.
23Note também que Jesus cita Ex 3.6 para respaldar a existência contínua após a
morte (Mt 22.31,32; Mc 12.26,27; Lc 20.37,38).
303
24 P. ex., lEnoque 51.1,2: “Naqueles dias, o Sheol retornará todos os depósitos re-
cebidos e o inferno devolverá todos os que possui. Ele escolherá os justos e os
santos dentre (os mortos ressurretos), pois chegou o dia em que serão seleciona-
dos e salvos”; Salmos de Salomão 3.12: “Aqueles que temem o Senhor se erguerão
para a vida eterna, e sua vida será à vista do Senhor, e nunca findará”; 14.1-3: “O
Senhor é fiel [...] àqueles que vivem na retidão de seus mandamentos, na Lei, que
ele ordenou para nossa vida. O devoto do Senhor viverá por ela para sempre”;
2Esdrasl .32: “A terra cederá os que dormem nela; e o pó, os que descansam nele
cm silencio; c as câmaras entregarão as almas que estão em sua posse”; o Testamento
deJudá 25.4: “E os que morreram na aflição serão levantados na alegria; e os que
morreram [...] por causa do Senhor serão despertados para a vida”; o Testamento
de Benjamim 10.6-9: “E, então, vocês verão Enoque e Sete e Abraão e Isaque e
Jacó sendo levantados à direita com grande alegria. Depois também seremos le-
vantados, cada um de nós dentre nossas tribos, e nos prostraremos diante do Rei
celestial. Então todos serão transformados, alguns destinados para glória, outros
para desonra, pois o Senhor primeiro julga Israel pelos erros que cometeu e depois
fará o mesmo com todas as nações”; além disso, 2Baruque 50.1— 51.6 registra um
discurso detalhado sobre a ressurreição do corpo.
25Antiquities 18.1.3 (14);Jewish War2.8.14 (163).
26Jewish War 3.8.5 (374).'
27Jewish War 7.8.6 (323-88).
28 O que se segue é uma síntese de F. F. Bruce, “Paul on Immortality”, ScottishJournal
of Theology 24.4 (November 1971): 458-61; v. tb. idem, “Inter-testamental Litera-
ture”, p.97-8.
29 Eclesiástico 44— 50.
304
A era final
2 P. ex., George Foot Moore, Judaism in the First Centuries of the Christian Era, 3 vols.
(Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1927-1930), vol. 2, p. 279-395;
Joseph Klausner, The Messianic Idea in Israeltrad. W. F. Stinespring (New York:
Macmillan, 1955), p. 388-517. Note que a primeira c a segunda partes da obra de
Klausner tratam do material bíblico e dos apócrifos c pseudepigrafos em separado.
’ Receio que isso ocorra às vezes cm Joseph Bonsirvcn, Palestinian Judaism in the
Time ofJesus Christ, trad. William Wolf (New York: Holt, Rinehart and Winston,
1964), p. 163-251. N o entanto, essa obra ainda é um ponto de partida muito útil
para nossa pesquisa.
310
4 History of theJewish People in theAge ofJesus Christ, Geza Vermes etal. (orgs.), 3 vols.
(Edinburgh: T. and T. Clark, 1973-1987), vol. 2, p. 514-47.
5 Os modernos incluem Schürer, History, D. S. Russell, The Method and Message of
Jewish Apocalyptic (Philadelphia: Westminster, 1964), p. 205-390; Sigmund Ο. P.
Mowinckel, He That Cometh, trad. G. W Anderson (New York: Abingdon, 1956),
p. 261-450; Klausner, Messianic Idea e Bonsirven, PalestinianJudaism, p. 172-225.
6 Cf. Schürer, History, vol. 2, p. 497-513; Klausner, Messianic Idea, p. 246-386.
311
דGustaf H. Dalman, The Words of Jesus (Edinburgh: T. and T. Clark, 1902), p. 148-
54, apresenta um exame do contexto intertestamentário. O N T está repleto de
evidências de que o conceito de duas eras havia sido dc alguma forma assumido:
“o fim dos tempos” (Mt 28.20; Hb 9.26); “quando a plenitude do tempo veio” (G1
4.4) e “os últimos dias” (At 2.17). De particular importância é Mc 1.14,15: “Jesus
foi para a Galileia, proclamando as boas novas de Deus: ‘O tempo é chegado’, dizia
ele. Ό Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!”.
A expressão “boas novas” (evangelho) refere-se ao registro do tempo vindouro
de paz, salvação e do Reino de Deus como resultado da intervenção divina (cf. Is
52.7). A palavra grega usada aqui para “tempo” é kairos, um momento importante
específico, um ponto de crise. Refere-se à chegada da crise esperada na história
de salvação, o dia de salvação. A expressão “está próximo” é especialmente im-
portante. O verbo está no tempo perfeito, que vê a ação como tendo chegado ao
ponto de conclusão enquanto os resultados continuam. A própria palavra grega
significa “aproximar-se ou estar em processo de aproximar”. Assim, o sentido
aqui é “acaba de chegar” . Com o início do ministério de Jesus, o ponto de crise
na história da humanidade foi atingido!
8 1Evoque 71.15; 2Baruque 15.7; Mixná Avo/ 4.1; 6.4,7.
9 Alguns dos termos mais comuns são “o dia”, “o dia do Senhor”, “naquele(s)
dia(s)”, “os últimos dias”, “a era final”, “a era messiânica”, “os dias do Messias”,
“o reino (de Deus)”, “a era vindoura”, “o mundo que há de vir”, “a hora” e “o
tempo”.
10Os escritores modernos muitas vezes empregam a palavra eschaton (transliteração
do adjetivo grego que significa “último”) para se referir ao período final da história.
312
alvorecer da era final, Deus reafirmará sua autoridade legítima e seu go-
verno de forma mais positiva e contundente na terra. Considera-se a era
final, portanto, o momento da chegada do Reino de Deus nesse sentido
especial. Por causa da relação singular entre Israel e Deus, esperava-se que
a presença do Reino trouxesse resultados favoráveis (em sentido político,
espiritual e econômico etc.) para Israel.
Além disso, a era final era considerada a era do Messias. A natureza
precisa e a obra do Messias foram debatidas. Diversos pontos de vista
eram defendidos por vários grupos e indivíduos. Alguns esperavam que
o Messias fosse uma pessoa específica ou um grupo de pessoas. Alguns
pensavam que o Messias podería ser um espírito ou talvez apenas um
conceito idealizado. Alguns judeus intertestamentários esperavam que 0
Messias fosse um ser humano; outros, que fosse uma pessoa sobrenatu-
ral ou divina. Além disso, havia pouco consenso sobre as realizações do
Messias. Independentemente da expectativa, parece ter sido consenso que
a chegada da era final indicaria a presença ou o iminente aparecimento
do Reino ou do Messias. D a mesma forma, a chegada do Reino ou do
Messias deveria ser o sinal seguro da era do fim.
A c o n te c im en to s preliminares
derreterão como um favo de mel diante da chama. E a terra será fendida, e tudo
o que está sobre a terra perecerá. E haverá o juízo de todas as coisas, (incluindo)
os justos. E para todo!f os justos ele concederá paz. Ele preservará os eleitos, e
a bondade será sobre eles. Todos eles pertencerão a Deus, prosperarão e serão
bem-aventurados; e a luz divina brilhará para eles”. Tudo isso é o prelúdio do
anúncio da vinda do Senhor: “Eis que ele virá com dez milhões dos santos para
julgar a todos” (v. 9, cit. em Jd 14,15).
13 Oráculos sibilinos 3.796-808; 2Baruque 26-29; 48.38-41; 2Esdras 4.52-5.13; 6.20-24;
9.16; 13.29-32; Testamento de Moisés 10.
14Ml 4.5; Eclesiástico 48.10; cf. Mt 17.10-12; Mc 9.11-13.
15 Is 4 0.15 ;־Ml 3.1-4 (cf. Mt 11.10); Ml 4.5,6; Eclesiástico 48.10; Mixná Uduyot 8.7.
314
16V. tb. Is 4.2; 55.13; 65.25; Am 9.13-15; Testamento de Iievi 18.10-14; Testamento de Da
5.12; 2Baruque 4; 2Enoque 8; 2Bsdras 7.36-44,123.
17Cf. 2Sm 7.13,16; os “salmos régios” (p. ex., 2; 19; 20; 21; 72; 89.19-37; 101; 110;
132.11; 144.1-11); Is 9.6,7; 11.1; Jr 23.5,6; 30.8,9; 33.14, 22; Am 9.11; Zc 12.7-9;
Salmos de Salomão 17.4-10, 21; 2Esdras 12.31,32.
18 lEnoque 45.4,5; 62.15; Oráculos sibilinos 3.371-80.
19 lEnoque 10.17; Jubileus 23.29; Oráculos sibilinos 3.751-80; 2Baruque 73.1.
20 Is 11.6-9; 65.25; 2Baruque 73.6; Fílon, Sobregalardões epunições 15 (85-90).
21Jubileus 23.27,28, 30; 2Baruque 73.2-5, 7; cf. Is 65.20.
22 lEnoque 10.18,19.
315
será revelada e o descanso aparecerá. E a saúde descerá no orvalho, a
doença desaparecerá, o medo, a aflição e a lamentação sumirão do meio
dos homens, e a alegria circundará a terra. Ninguém mais morrerá de
forma prematura, nem qualquer adversidade acontecerá de repente.
Julgamentos, condenações, contendas, vinganças, sangue, paixões, zelo,
ódio e todas essas coisas serão condenados de uma vez, pois serão ex-
tirpados. Essas coisas encheram a terra de males, e, por causa delas, a
vida dos homens tornou-se ainda mais confusa. O s animais selvagens
virão da floresta e servirão aos homens, e víboras e dragões sairão de
suas tocas para se sujeitarem a uma criança. E as mulheres não terão
mais dor quando conceberem nem serão atormentadas quando derem
o fruto de seu ventre.
36 Testamento cie D ã 5.12,13; Salmos de Salomão 17.30; 2Baruque 32.2; 2Esdras 10.44;
Ts 54.11,12; 60; Ez 40—48; Ag 2.7-9; Zc 2.6-12; G1 4.26; Hb 12.22; Ap 3.12;
21— 22.
3 ייEssa era uma premissa comum em Qumran. De acordo com 2Baruque 4, a Jeru-
salém celestial originariamente se encontrava no paraíso, mas, depois de Adão ter
pecado, ela foi levada para o céu e ali preservada. Ela foi mostrado a Abraão cm
uma visão e a Moisés, no monte Sinai. De acordo com 2Esdras 10.44-59, Esdras
também teve uma visão da cidade celestial.
38 lEnoque 53.6; 90.28,29; 2Esdras 7.26; 2Baruque 32.2-4.
39 Shemoneh ‘Esreh 10.
3,"Eclesiástico 36.13; o hebraico do capítulo 51 acrescenta: “Dê graças àquele que
congrega os dispersos de Israel”. V. tb. Is 49.22; 60.4; 66.20.
41 Salmos de Salomão 17.28: “Ele os distribuirá sobre a terra segundo suas tribos; o
estrangeiro não mais viverá perto deles” (cf. Targum Yonatan sobre Jr 33.13).
42 IBaruque (grego) 5.5-9: “Levanta-te, ó Jerusalém, põe-te no alto; olha para o Oriente e
contempla teus filhos reunidos de leste a oeste pela palavra do Santo, regozijando-se
porque Deus se lembrou deles. Pois eles saíram de ti a pé, levados por seus inimigos;
mas Deus os trará de volta a ti, repletos de glória, como em um trono real. Porque
Deus ordenou que todo monte alto e os montes eternos sejam aplainados e os vales,
preenchidos, para nivelá-los com o solo, de modo que Israel possa caminhar com
segurança na glória divina. Os bosques c cada árvore aromática darão sombra a Israel
por ordem divina. Pois Deus conduzirá Israel com alegria, na luz de sua glória, com
a misericórdia e a justiça que vêm dele”. V. tb. 4.36,37; 2Esdras 13.39-47; Salmos de
Salomão 11; Eílon, Sobregalardões epunições 28-29 (164-65).
43 Dn 12.2,3; lEnoque 51; Salmos de Salomão 3.
318
44 lEnoque 62.13,14; Oráculos sibilinos 3.49,50, 767-68; Salmos de Salomão 17.4; cf. Jo
12.34. Λ mesma expectativa parece se refletir na promessa de permanência para
o trono de Davi Or 33.17,20-22; Ez 37.25; cf. Dn 7.27).
4 י׳Um dos escritos rabínicos, o Midrash tanaítico Sifre sobre D t 11.21, faz distinção
entre “os dias do !Messias” e “o mundo vindouro”.
46 V. tb. Talmude babilônico Sanhedrin 99a.
4~ lEnoque 45.4-6; cf. 91.16; Is 65.17; 66.22; M t 19.28; 2Pd 3.13; Ap 21.1-5.
48 P. ex., o Comentário deQumran sobreHabacuque (1 QpPIab 2.3b): “... quando a era final
for prolongada. Pois todas as eras de Deus chegam ao fim determinado conforme
ele lhes determinou nos mistérios de sua sabedoria”. Isso também é o caso claro
de 2Esdras 7.28-33; 12.32-34.
49 2Bantque 44.15; 2Esdras 7.13-16 — note que as expressões era messiânica e era m -
doura não raro eram confundidas ou usadas alternadamente; ambas se referiam
ao futuro do ponto de vista dos escritores judeus pré-cristãos e não cristãos.
319
• Elementos dó contexto
• Alguns pressupostos básicos do século I
• O Reino de Deus e a nação de Israel
• Prenúncios do Reino de Deus
E tu verás do alto.
Sim, tu verás teus inimigos sobre a terra.
E, ao reconhecê-los, tu te alegrarás.
E tu darás graças.
Sim, tu confessarás teu criador”.3
() texto dc Salmos de Salomão 5.18 afirma: “Aqueles que temem 0
Senhor são felizes com as coisas boas. Em seu reino, sua bondade [está]
sobre Israel”; e em 17.3: “O reino de nosso Deus está para sempre sobre
as nações em juízo” (cf. v. 29-46).
O s targumim também contêm referências ao Reino,4 como os manus-
critos do mar Morto. O Manuscrito da guerra (1QM 6.5,6) diz: “O primeiro
batalhão está armado com lanças c escudos e o segundo, com escudos
e espadas, para matar por meio do juízo divino e para vencer a linha do
inimigo pelo poder de Deus, para exigir retribuição da parte deles por
sua maldade sobre todas as nações da vaidade, e o reino será do Deus de
Israel, e ele fará ações valentes por intermédio dos santos de seu povo”.
N o Qaddish, o judeu devoto ora: “Que ele faça com que seu reino governe
[...] rapidamente e logo”.
As vezes há confusão entre a era final, o reino messiânico e o Reino
de Deus. Os dois últimos eram esperados na era final e, nesse sentido,
foram muitas vezes considerados sinônimos dela. A relação entre o Reino
de Deus e o reino messiânico é mais complicada. Algumas fontes pare-
cem mantê-los distintos; com mais frequência parecem estar ligados aos
mesmos fenômenos. Embora, como já notamos, as referências diretas
ao Reino de Deus sejam limitadas, as referências ao reino messiânico,
implícitas e explícitas, são relativamente numerosas.
sas feitas a Davi do reino eterno são a base dessa expectativa (2Sm 7). O
cronista, refletindo os pontos de vista do judaísmo intertestamentário,
cita as palavras de Davi: “Ele [o Sen h o r ] escolheu Salomão para sentar-se
no trono de Israel, o reino do S e n h o r . Ele me disse: ־... Firmarei para
sempre o reino dele’ ” (ICr 28.5-7). Mais tarde, o cronista registra que
o rei Abias, dejudá, repreende o rei Jeroboão, de Israel, por pensar que
pode “resistir ao reino do Se n h o r , que está nas mãos dos descendentes
de Davi” (2Cr 13.8). Além disso, os salmistas e os profetas falam muitas
ve7.es sobre o futuro agente de Deus como filho de Davi (SI 2; Is 9.6,7;
Jr 23.5,6).
N o período intertestamentário criou-se a expectativa de que o Reino se
tornaria uma realidade quando, no início da era final, a intervenção divina
libertasse o povo (a nação hebraica) da opressão exercida pelo poder satâni-
co. Exatamente o que aconteceria quando o Reino de Deus chegasse era o
tema de debate. Esperava-se que trouxesse ampla mudança, mas não havia
acordo sobre qual área recebería a atenção primordial do Rei. A maioria
das pessoas nos dias de Jesus esperava que o Reino de Deus lidasse com
a situação política. A libertação nacional traria liberdade do domínio de
Roma e a restauração do poder político e do prestígio da nação hebraica.
Muitos sentiam que o Reino de Deus também traria uma mudança no mun-
do natural. Como resultado da renovação cósmica, males naturais, pragas
agrícolas e doenças físicas seriam eliminados. O mundo funcionaria com
harmonia, como Deus intentou. A produtividade natural (agrícola) seria
muito maior. Além disso, a ordem social seria alterada quando o Reino de
Deus chegasse. A prosperidade aumentaria muito. Seria estabelecida a paz
entre as pessoas; a justiça prevalecería; os propósitos divinos na história se
cumpriríam. Por fim, a disposição espiritual da humanidade e das nações
seria tão reordenada que todos serviríam, obedeceríam e adorariam a Deus
de forma adequada. A revelação da vontade divina seria reinterpretada ou
reapresentada de tal forma que as pessoas teriam pouca dificuldade em se
conformarem a ela. Os escritores apocalípticos enfatizaram todas essas
características do reino vindouro: políticas, cósmicas, sociais e espirituais.
A esperança messiânica
' James H. Charlesworth (org.), The Messiah. Developments in Earliest Judaism and
Christianity (Minneapolis: Augsburg Fortress, 1992); Jacob Neusner etal (orgs.)
Judaisms and Their Messiahs at the Turn of the Christian Era (New York: Cambridge
University Press, 1987); Emil Schiirer, History of theJewish People in the Age ofJesus
Christ, Geza Vermes etal. (orgs.), 3 vols. (Edinburgh: T. and T. Clark, 1973-1987),
vol. 2, p. 488-554; George A. Riggan, Messianic Theology and Christian Faith (Phila-
delphia: Westminster, 1967); Joseph Bonsirven, PalestinianJudaism in the 'Time of
Jesus Christ, trad. William Wolf (New York: Holt, Rinehart and Winston, 1964),
p. 172-225; Sigmund Ο. P. Mowinckel, He That Cometh, trad. G. W Anderson (New
York: Abingdon, 1956); David Daube, The New Testament and RabbinicJudaism (New
York: Arno, 1973), p. 3-51; Klausner, Messianic Idea.
Alguns estudiosos argumentam que o messianismo entrou no pensamento hebrai-
co graças às fontes assírias, egípcias, babilônicas ou persas (a literatura é citada por
Klausner, Messianic Idea, p. 13 η. 1). Outros sugerem que ele era basicamente um
conceito hebraico, mas diferente quanto à representação de um desenvolvimento
pós-exílico (p. ex., Mowinckel, Pie That Cometh) ou se tem raízes no AT.
333
T ítulos e nom es
que exercitada com menos cuidado que a dos instruídos, parece ter havido
concordância geral com a esperança messiânica dos fariseus.
Em síntese, embora o termo Messias pudesse se referir a qualquer líder
designado por Deus, ele veio a ser usado principalmente em contextos
escatológicos. Com mais frequência, referia-se ao rei davídico vindouro.
O título podia transmitir outras idéias. N a verdade, parece que às vezes
foi usado como term o genérico para designar qualquer agente de Deus —
indivíduo, conceito idealizado ou entidade coletiva — cujo aparecimento
era esperado na era final.
Messias levítico
N o período intertestamentário, a expectativa do Messias davídico da
realeza competia com a esperança, em certos círculos, do Messias da tribo
de Lcvi.7 O texto de IMacabeus reflete o anseio pelo Messias levítico da
realeza. Essa ideia provavelmente surgiu entre os apoiadores da dinastia
dos asmoneus. Havia também a expectativa de que o Messias levítico
fosse sacerdote. A promessa do sacerdócio eterno para Fineias, por causa
de seu zelo por Deus (Nm 25.10-13), é expressa em linguagem similar à
promessa feita a Davi, em que se baseia a expectativa do Messias davídico,
pelo menos em parte (2Sm 7; v. tb. Eclesiástico 45.23-26). O texto de Sal-
mos 110.4, “O S e n h o r jurou e não se arrependerá: ‘Tu és sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque’”, dá motivos para esperar
um agente vindouro de Deus que, como Melquisedeque, seria sacerdote e
rei. Várias passagens nos Testamentos dos do-^epatriarcas apontam na direção
da expectativa do líder sacerdotal da tribo de Levi.8 Nos manuscritos do
mar Morto espera-se que o Messias levítico sacerdotal tenha precedência
sobre o davídico político.9
Filho do homem
Em uma visão, o autor de 2Esdras 13 vê “algo como a figura de um
homem emergindo do coração do mar [...] esse homem voou com as
nuvens do céu” (v. 3). Ele derrota os poderes cósmicos hostis e liberta os
cativos por meio de uma série de ações que precedem a confirmação de
seu governo. As afinidades linguísticas e conceituais entre o homem de
2Esdras e o Filho do homem que aparece em Daniel 7.13,14 e nas Simi-
litudes ou Parábolas de lEnoque (37—71) levam muitos a equipará-los.1״
Em Daniel 7, o profeta vê “alguém semelhante a um filho de um
homem,1011vindo com as nuvens dos céus. Ele se aproximou do ancião e
foi conduzido à sua presença. Recebeu autoridade, glória e o reino; todos
os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio
é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído”.
Aqui a referência é um tanto incerta; “alguém semelhante a um filho de
um homem” pode ser equiparado aos “santos do Altíssimo” (v. 18), pos-
sivelmente a nação de Israel como um Messias coletivo que reina após o
julgamento.
N o livro de lEnoque, o Filho do homem, mais uma vez uma figura
celestial, é personalizado e associado aos “traços da soberania agrupados
em torno do Ultimo Julgamento tradicional e sua execução”.12Deixaremos
as principais referências ao Filho do homem que aparecem na segunda e
terceira parábolas falarem por si mesmas:
Naquele lugar, vi aquele a quem pertence o tem po antes do tempo pit.,
Chefe de dias]. E sua cabeça era branca como a lã, e havia com ele outro
indivíduo, cuja face era com o a de um ser humano. Seu semblante estava
repleto de graça com o o de um entre os santos anjos. E eu perguntei
10O aramaico bar 'ends (no grego, ho hyios tou anthrõpoü) provavelmente significa
“homem” ou “o homem”. Cf. Η. E. Tõdt, The Son of Man in the Synoptic Tradition,
trad. Dorothea M. Barton (Philadelphia: Westminster, 1965).
1' De acordo com sua política de evitar a linguagem sexista, a versão NRSV, em inglês,
traduz o aramaico bar 1ends por “ser humano”. Essa é uma interpretação infeliz.
Podería ser justificada na maioria dos casos em Ezcquiel, em que a expressão “filho
do homem” é a forma padrão de tratamento com a qual Deus chama o profeta
ao ministério (embora mesmo aqui a expressão seja endereçada a uma pessoa do
sexo masculino que é escolhida para um papel e responsabilidades especiais). Em
Daniel, o contexto requer que “o Filho do homem” seja reconhecido como, pelo
menos, uma figura transcendente. Os tradutores da NRSV fizeram um julgamento
interpretativo que remove até mesmo a possibilidade da conexão entre o “filho
do homem” de Daniel e o emprego frequente do título por Jesus (em especial
nos Evangelhos Sinópticos) como forma preferida de se referir a si mesmo.
12Tõdt, Son of Man, p. 29.
337
àquele — dentre os anjos — quem iria comigo e quem havia revelado a
mim todos os segredos a respeito daquele que nasceu dos seres humanos
[o Filho do Homem]: “Quem é este e de onde é aquele que segue como
o protótipo do Antes-do-Tempo |Chefe de dias]?” . E ele me respondeu
e me disse: “Este é o Filho do Homem, a quem pertence a justiça, e com
quem a justiça habita. E ele abrirá todos os depósitos secretos [...] ele
está destinado a ser vitorioso diante do Senhor dos Espíritos em eterna
retidão. Este Filho do Homem [...] é aquele que removia os reis [...] Ele
afrouxará os reinos dos fortes e esmagará os dentes dos pecadores. Ele
destituirá os reis [...] Pois eles não o exaltam nem glorificam, sua fonte
de realeza” |46.1-5].
O s justos e eleitos serão salvos naquele dia [...| O Senhor dos Espíritos
habitará sobre eles; eles comerão, descansarão e se levantarão com aquele
Filho do Homem para todo o sempre [62.13,14].
Haverá extensão de dias com o Filho do Homem, e paz aos justos; seu
caminho é reto para os justos, no nome do Senhor dos Espíritos para
todo o sempre [71.17],
1' Nos Evangelhos Sinópticos, “Filho do homem” é o título favorito usado por
Jesus para se referir a si mesmo. “Messias” e “Filho do homem” são comparados
em Jo 12.34, bem como “Filho”, “Filho de Deus” e “Filho do homem” em [o
5.22-27.
14PalestinianJudaism, p. 189. Nem todos concordam que as fontes judaicas retratem
o Filho do homem como uma figura preexistente; cf. T. W Manson, “The Son
of Man in Daniel, Enoch and the Gospels”, em Studies in the Gospels and Epistles
(Philadelphia: Westminster, 1962), p. 123-45.
339
15A History of the Jewish People in the Time ofJesus Christ, trad. j. MacPherson et al, 5
vols. (Edinburgh: T. and T. Clark, 1897-1898), vol. 2., p. 1,160-1. A nova edição cm
ingles (1973-1987) diz: “() judaísmo pré-cristão — na medida que suas expectativas
messiânicas podem ser conclusivamente documentadas — considerava o Messias
como um indivíduo plenamente humano, uma figura real descendente da casa
de Davi [...] como alguém dotado por Deus com dons e poderes especiais... Em
4Esdras c nas Parábolas de Enoque, sua aparência eleva-se ao nível do sobrenatural
e a ele é atribuída a preexistência” (2.518-9).
16Oscar Cullmann, The Christologyof theNew 'Testament, trad. Shirley C. Guthrie, Char-
les A. M. Hall (Philadelphia: Westminster, 1959), p. 55, resume: “A característica
essencial [...] é que sua representação vicária se dá por meio do sofrimento. O ‘eved
340
[servo] é o Servo sofredor de Deus. Por meio do sofrimento, ele toma o lugar de
muitos que deveríam sofrer no lugar dele. Uma segunda característica essencial
do ‘eved Yahweh é que sua obra representativa restabelece a aliança que Deus havia
feito com o povo”.
1 Por essa razão, o uso da expressão em escritos cristãos: Mt 12.18; At 3.13, 26;
4.27, 30; D idaquêYl\ 10.2; 1Clemente 59.2-4.
18Joachim Jeremias em Walther Zimmerli e Joachim Jeremias, The Servant of God,
trad. Harold (Knight. Naperville, 111: Allenson, 1957), p. 51. Essa é uma tradução
dc “pais theou”, em Theologisches Worterbuch pum Neuen Testament, Gerhard Friedrich
(org.), vol. 5 (Stuttgart: Kohlhammer, 1954).
19 Pierre Prigent, Les Testimonies dans le christianismeprimitif. L’Epitre de Barnabc 1-XVI
et ses sources (Paris: Lecoffre, 1961), p. 215-6, citado em uma análise dc R. A.
Kraft,יJournal of Theological Studies, não especificado, 13 (1962): 403.
211P- ex., 2.10: “Oprimamos o pobre justo; não poupemos a viúva nem consideremos
os cabelos brancos do idoso”.
21 Os textos de Is 42.1-4 e 53.13-15 foram interpretados dc modo messiânico nos
séculos pré-cristãos, como o foram, na ocasião, 43.10 e 49.1-7. Os textos de
Ez 34.23,24 e 37.24,25 referem-se em termos messiânicos a “meu servo Davi”,
como Zc 3.8 a “meu servo, o Renovo”. V. tb os targumim de Is 42.1; 43.10;
Ez 34.23,24; 37.24,25 e Zc 3.8. Em lEnoque 37— 71, o Filho do homem e o Servo
de Deus são associados (sobre isso, cf. Jeremias, Servant, p. 58-60); 2Baruque 70.9
refere-se ao “meu Servo, o Ungido”; os textos de 2Esdras 7.28,29; 13.32,37 e 14.9
talam do “meu filho, o Messias” e “meu Filho”, os quais Jeremias (em Servant,
p. 49) interpreta como referência ao Servo (pais).
341
dc, pelo menos, parte da ideologia do servo de lsaías; cf. Aage Bentzen, King and
Messiah (London: Lutterworth, 1955), p. 65-7. Os samaritanos tinham a doutrina
de um Taheh (Restaurador) que estava baseada em D t 18.15 com D t 34.10-12 (em
que se lê no Pentateuco samaritano: “Nenhum profeta se levantará como Moi-
scs”, em vez de: “Nunca se levantou um profeta em Israel como Moisés”). Eles
acreditavam que Moisés não havia morrido de fato, mas estava escondido até o
tempo determinado. Ele, então, reaparecería como Messias.
’7Cf. Eclesiástico 48.1-11, em especial v. 10,11.
8 יJustino Mártir, Diálogo com Trifio 49.
' ייObserve o contexto apocalíptico na discussão messiânica de Lcl 7.20,21 .
1(1O nome próprio hebraico Josué se traduz para o grego como Ièsous ou Jesus, que
significa “O Senhor salva”. A conexão verbal levanta a possibilidade de alguns
hebreus terem procurado a figura messiânica que seria o salvador-lídcr como Jo-
sué, da mesma forma que alguns esperavam um Profeta como Moisés. O texto de
Hb 4.1-11 pode refletir parte dessa ideia. Uma variante textual cm jd 5 tem “Jesus/
Josuc”, quando a NRSV, cm inglês, traz “o Senhor”; assim, “quero lembrá-los,
embora já estejam plenamente informados, de que Josué [ou Jesus], que uma vez
por todas salvou um povo da terra do Egito, mais tarde destruiu aqueles que não
criam nele”.
345
4(12Sm 23.3; a Septuaginta de Is 3.10; 32.1; 53.11 (cf. 42.6, em que o Senhor diz a seu
servo: “Eu, o Senhor, o chamei para justiça”); lEnoque 38.2; 45.6; 53.6; Salmos
de Salomão 17.26; Sabedoria de Salomão 2.10-20. Nos manuscritos do mar Morto, o
conceito de justiça aparece com frequência; é atribuído a Deus (p. ex., 1QS 10.12),
o Mestre Justo (p. ex., lQ pH ab 5.10), e o “Messias Justo” (4QPBless 1.3); cf. Frank
Moore Cross, The Ancient Library of Qumran, 2. ed. (London: Duckworth, 1961),
p. 80xc. A própria comunidade é chamada “os Justos” (1QH 1.36; 1QS 3.20,22;
9.14; CD 11); entretanto, qèdõsím (santos) c geralmente usado nessa relação em
vez de sadíqim.
47 O Renovo ou Ramo (= descendência) de Davi: Is ll .l ; J r 23.5; 33.15; Zc 3.8; 6.12.
48 Is 42.1; 43.10; 44.1 (= Israel); lEnoque45.3-5; 49.2; 51.3,4; 52.6,9; 53.6; 55.4; 61.8;
62.1.
49 Is 9.6,7; lEnoque 105.2; 2Esdras 7.28,29; 13.32,37,52; 14-9; 4QFlor 1.10-12; v. tb.
Cullmann, Christology, p. 272-5.
50SI 118.22; Is 8.14; 28.16; Dn 2.35,44,45; v. tb. Gn 28.18.
71 Ao que parece, o termo não é usado de forma direta no AT ou nos escritos in-
tertestamentários. Dois dos três usos da construção no N T — artigo definido e
particípio (ho opisõ mou erchomenos, lit., “o que virá atrás de mim”) — ocorrem na
pregação de João Batista (Mt 3.11 [mas não no paralelo lucanoj e Jo 1.27) e, deste
modo, podem ser uma peculiaridade de sua pregação. O termo pode também
refletir um modo comum de se referir à figura cscatológica esperada. O texto dc
Hb 10.37 parece reforçar essa possibilidade.
52 Para obter uma lista e descrição de movimentos messiânicos no scculo I, veja
Richard A. Horsley com John S. Hanson, Bandits, Prophets, and Messiahs: Popular
Movements at the Time ofJesus (New York: Harper and Row, 1985), p. 110-31.
347
A obr a do M essias
A natureza da tarefa messiânica era outro assunto sobre o qual o ju-
daísmo intertestamentário mantinha opiniões diversas. Esperava-se que
o Messias estivesse no centro do grande drama escatológico da era final,
esboçado no Capítulo 14. Ele deveria ser o inaugurador da era, quem
a traria à existência. Esperava-se que ele fosse o fundador do Reino de
Deus, o supremo regente sobre ele. Sobretudo, ele iria “ restaurar o reino
a Israel” (At 1.6). Cada um dos modelos da era final no AT (o Éden, o
Êxodo e a era davídico-salomônica) contava com uma obra messiânica
correspondente. Cada termo ou título escatológico, da mesma forma,
carregava consigo uma obra messiânica única.
58William L. Lane, The GospelAccording to Mark., New International Commentary
on the New Testament (Grand Rapids: Eerdmans, 1974), p. 539-40. Conforme
Lane explica (n. 148), o Talmude babilônico Sanhedrin 93b apresenta Is 11.3,4: “Ele
sente o cheiro [de um homem] e julga, como está escrito: ‘E ele não julgará pela
aparência, nem decidfrá com base no que ouviu; mas com retidão julgará os neccs-
sitados, com justiça tomará decisões em favor dos pobres’ ”. Os rabinos, portanto,
pressupunham que 11.3 dissesse: “Ele sente o cheiro de acordo com o temor do
S e n h o r ” — eles interpretam a palavra hebraica normalmente traduzida por “se
inspirará” como “sentir o cheiro”. A passagem talmúdica logo em seguida fala do
pseudomessias Bar Kochba: “Bar Kochba reinou dois anos e meio, e então disse
aos rabinos: ‘Eu sou o Messias’. Eles responderam: ‘Sobre o Messias está escrito
que ele sente o cheiro e julga: vejamos se ele pode fazer isso’. Quando viram que
ele era incapaz de julgar pelo cheiro, eles o mataram”.
350
'ייΛο que parece, esperava-se que o Filho do homem seria um regente espiritual,
cósmico. Por isso, o ensino de Jesus de que “nem mesmo o Filho do homem veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45)
e de que ele veio “buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19.10) teria sido difícil
para seus discípulos entenderem.
17
1 Jubileus 2.33: “Essa lei e testemunho foram dados aos filhos de Israel como lei
eterna para suas gerações”; v. tb. 6.14; 13.25,26; 15.25,28,29; 16.29,30; 30.10; 49,8.
Jubileus afirma várias vezes que a lei está “escrita em tábuas celestes” (3.31; 6.17;
15.25; 16.29; 49.8). A respeito da presença da era futura, cf. The Apocrypha and
Pseudepigrapba 0J the Old Testament, R. Η. Charles (org.), 2 vols. (Oxford: Clarendon,
1913), vol. 2, p. 9.
353
2 A estrutura fundamental pode ser obtida em J. Julius Scott Jr., “Archêgos in the
Salvation History o f the Epistle to the Hebrews”Journalof the Evangelical Theological
Society 29:1 (March 1986): 47-54.
354
5 Ibid., p. 43; Davies lista lEnnque 5.8; 48.1; 49.1-3; 91.10 e 2Baruque 44.14, e observa
que, na interpretação de R. H. Charles, lEnoque 42.1,2 significa que a Sabedoria
retornará nos tempos messiânicos.
6 Davies, Torah, p. 46, cita o chamado Documento de Damasco (ou Zadoquita) (CD
6): “O poço é a Lei, e os que o cavaram são os penitentes de Israel que saíram da
terra de Judá e peregrinaram na terra de Damasco; eles foram todos chamados
príncipes por Deus, pois eles o buscaram, e a glória divina não foi rejeitada pela
boca de ninguém. O doador da Lei é quem a estuda no que diz respeito a quem
Isaías disse: ‘F.le produz a ferramenta para sua obra’. E os nobres do povo são os
cavadores do poço de acordo com os preceitos nos quais o doador da Lei ordenou
que eles andassem ao longo de todo o período de iniquidade. E salvo eles, eles
não terão nada até que surja o Mestre da Justiça no fim dos dias”.
7 Davies, Torah, p. 44.
356
trumentalidade na criação do mundo, e imutabilidade. N o entanto, ele
prossegue, a literatura rabínica representa “apenas uma tendência da [...]
corrente [do judaísmo]... A possibilidade que deve sempre ser considerada
é a de que muitas ênfases ou tendências no judaísmo do século I não estão
representadas nas fontes que temos; [...] pode ser que grande parte do
material na tradição sobre a natureza e o papel da Torá na era messiânica
tenha sido ignorada ou intencionalmente suprimida ou modificada”.8
Sobre a questão de existir alguma evidência de outro ponto de vista,
Davi responde que alguns grupos estavam cientes da necessidade de várias
modificações da lei na era futura. Ele chama a atenção para os escritos
que sugerem o seguinte: na era messiânica, certos festivais já não seriam
celebrados, leis acerca da pureza e impureza poderíam ser mudadas e alguns
sacrifícios suspensos. Há também a sugestão de que os gentios compar-
filhariam as bênçãos da lei na era messiânica. Era comum a antecipação
de novas interpretações e esclarecimentos da lei. Isso inclui a expectativa
de que as dificuldades e incompreensibilidades seriam explicadas e en-
tendidas. Por exemplo, esperava-se que a era messiânica fosse um tempo
em que Deus explicaria a seu povo as razões para mandamentos para os
quais agora não parece haver nenhuma.
Algumas passagens de um período bem posterior à era intertesta-
mentária afirmam que a lei será alterada ou completamente revogada na
era messiânica ou que surgirá uma nova lei. O Sifre de Deuteronômio 17.8
diz: “M ixná Torá [...] foi destinada a ser alterada”.9*Uma vez que “ensi-
no” é uma possível tradução para Torá, o targum de Isaías 12.3 é relevante
aqui: “E com alegria vocês receberão do escolhido da justiça um novo
ensino”. Além disso, embora o significado exato seja discutido, Davies
acredita que o Talmude babilônico Shabbat 151 b implica que “a Torá já não
se sustenta na era messiânica” .1" O texto em questão diz: “R. Shim‘on b.
E l‘azar (165-200 d.C.) disse: ‘... e que cheguem os anos em que dirás: Não tenho
prazer neles (Ec 12.1), e isso se refere à era messiânica, na qual não haverá
nem mérito nem culpa’. Agora, ele discorda de Samuel, que diz: A única
diferença entre este mundo e a era messiânica tem a ver com a servidão aos
poderes (estrangeiros), pois é dito: Pois o pobre nunca deixará de existir
8 Ibid., p. 53.
9 Toseftá, Sanhedrin 4.7, de igual modo, diz: “A Torá está destinada a ser alterada”.
Davies, Torah, p. 65.
357
sente’ validade dela”.15 Esse assunto era importante para Paulo porque
“não era a ‘lei’ como tal, mas o Messias, sua presença, sua realidade que
estavam em jogo... Quem quer que sustentasse que a lei ainda permanecia,
era incrédulo; esse indivíduo não cria na presença de Cristo”.16 O que quer
que seja dito da visão de Baeck sobre Paulo, ele mostra que o lugar da lei
na era final é um assunto possivelmente significativo em qualquer estudo
do pensamento cristão.
Observamos antes a natureza unificada da lei. Se uma parte for deixada
de lado, toda a lei é afetada; a violação de uma lei-torna o transgressor
culpado de quebrar o conjunto. Tendo isso em mente, devemos observar
o NT. Jesus desafiou a ordenança do sábado, pelo menos do modo como
ela era interpretada em seus dias (Mt 12.1-14; [=Mc 2.23— 3.6;Lc 6.1-11];
Lc 13.10-17; 14.1-6;J0 5.2-18; 7.19-24; 9.14,16]). Sua autoridade para fazer
isso era: “O Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado” (Mc 2.28)
— a presença de uma figura escatológica era autoridade suficiente para
mudar interpretações e práticas passadas. O mesmo era verdade sobre
o desafio da validade das tradições dos líderes religiosos (Mc 7.2-23). A
sentença “Ao dizer isso, Jesus declarou ‘puros’ todos os alimentos” (v. 19)
fala por si só. Ele então continuou a argumentar que a legalidade depende
do que vem “do interior do coração dos homens” (v. 21). Dificilmente
pode-se ignorar o paralelo com o prenuncio de Jeremias de que “depois
daqueles dias [...] porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus
corações” (Jr 31.33). Jesus afirmou que a lei permanece só “até que tudo
se cumpra” — “de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o
menor traço, até que tudo se cumpra” (Mt 5.18).17
Podemos avançar mais, passando para as palavras de Paulo: “Porque
0 fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê” (Rm 10.4), e
“Cristo nos redimiu da maldição da Lei” (G13.13). Lembrando do princí
' “ יFaith o f Paul”, ρ. 106-7; v. tb. idem, The Pharisees (New York: Schocken, 1947),
p. 72-74.
16Baeck, “Faith of Paul”, p. 107.
1 A palavra traduzida por “se cumpra” é a grega gemtai, que significa algo como
“venha a acontecer” ou “aconteça”. Deve ser considerada junto com “cumprir”
(plêrõsai) no versículo anterior (“não vim abolir, mas cumprir”). A mesma palavra
é usada em Mc 1.15 para anunciar o ponto crítico que introduz a nova era (“o
tempo é chegado \peplêrõtai\”). Por isso, suspeito que a expressão “até que tudo
se cumpra”, em Mt 5.18, possa ser uma referência velada à chegada da era final.
359
antiga lei e a nova lei existirão lad o a lado n a era final; 5) a antiga lei será
abolida p o r com p leto, su b stitu íd a p o r um a nova lei escrita e, p o r últim o,
6) o Messias reinará de m aneira direta e pessoal; p o rta n to , apenas a palavra
d o M essias será lei na era final. T am b ém p erm an ecem sem respostas as
perguntas so b re a fo rm a q u e a lei assum iría, seu co n te ú d o e u so (p. ex.,
ela era para salvação o u o u tra coisa?). P o r isso, então, n ão sabem os tanto
q u an to gostaríam o s so b re as m udanças radicais esperadas que a chegada
da era final. E evidente, entretan to , q u e pelo m en o s alguns g ru p o s judaicos
intertestam entários esperavam q u e elas afetassem até m esm o o cerne do
judaísm o: a aliança e a lei.
18
2 Veja, p. cx., o tratado de Fílon contra Flaco e os livros de Ester, Macabeus c Judite.
3 Hirsch, Eisenstein, “Gentiles” 5:616, observam que se as conclusões das escolas
básicas forem aceitas, “os livros de Rute e Jonas são provas documentais de que
o radicalismo hebraico de Esdras foi recebido com oposição estrênua”.
363
6. Não roube;
7. Não coma carne fresca com sangue ou de animal que não tenha
sido abatido segundo o ritual adequado.
Nossa preocupação não é comparar as listas intertestamentárias e rabí-
nicas de regulamentos do AT para os genüos. O importante é a evidência
de que pelo menos alguns judeus estavam abertos a se associar aos gentios,
e que essas associações eram regulamentadas. Os regulamentos estabele-
ciam um padrão mínimo de moralidade para os não judeus e ofereciam
a eles certa proteção contra a contaminação cerimtmial desnecessária.14
general romano que, ameaçado de morte pelos judeus, salvou sua vida ao
prometer se submeter à circuncisão e se tornar prosélito.19
Mesmo sem se engajar em um programa formal de missões, os judeus
se comprometiam a se apresentar de tal forma que ganhassem entendi-
mento, boa vontade e mesmo convertidos dentre as nações. Parece que
não havia métodos regularmente usados para alcançar os não judeus com
a mensagem do judaísmo.2" Havia, entretanto, vários meios pelos quais
as características distintivas dos judeus, em relação às crenças e conduta,
ganhavam exposição. A sinagoga provia um símbolo visível do judaísmo
e um lugar em que curiosos e interessados podiam buscar informações.
Havia intenções apologéticas incorporadas em algumas literaturas judai-
cas, como a Caria de Arisleu, 4Macabeus, grande parte da obra de Fílon e
Jewish War [Guerra dos judeus] e AgainstApion [Contra Apion], dejosefo.
A educação (escolas judaicas frequentadas por gentios) e o estilo de vida
judaico podiam também atrair alguns olhares de não judeus. A percepção
dos judeus e do judaísmo às vezes resultava em escárnio e hostilidade; em
outras, ganhava respeito, admiração e prosélitos.
Prosélitos e te m e n te s a D eus
Prosélitos
Alguns gentios se sentiam atraídos ao judaísmo e se apegavam a ele
cm vários níveis de comprometimento.21Precisamos nos preocupar apenas
com os prosélitos (ou convertidos) e os tementes a Deus. Os primeiros
eram gentios que se convertiam plenamente ao judaísmo. As palavras de
Rute para Noemi: “O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu
Deus!” (Rt 1.16), refletem o tipo de compromisso esperado. Os conver-
tidos aceitavam todas as áreas da vida judaica — lei, lealdade nacional,
costumes sociais e culturais etc.; eles se tornavam judeus naturalizados.22
Ainda que alguns pudessem considerá-los judeus de segunda classe, eles
eram judeus.
48PalestinianJudaism, p. 222.
49 Testamento de Simeão 7.1,2: “Sejam obedientes a Levi ejudá. Não se exaltem sobre
essas duas tribos, [porque delas se levantará o Salvador vindo de Deus]. Pois o
Senhor levantará dc Levi alguém como sumo sacerdote e de Judá, alguém como
rei [Deus e homem]. Ele salvará todos os gentios e as tribos de Israel”.
"’׳A linguagem figurativa de IBnoque 90.30 parece implicar que os gentios que sobre-
viverem honrarão Israel: “Então eu vi todas as ovelhas que haviam sobrevivido,
bem como todos os animais sobre a terra e os pássaros do céu, caindo e adorando
as ovelhas, fazendo petição e obedecendo a elas em todos os aspectos”.
379
modo, Israel possuirá as “riquezas das nações” (Is 61.6; 66.12). Oráculos
sibilinos?>n02-7?)\ indica que, quando os gentios tomarem conhecimento
da paz e do sossego do povo de Deus, eles darão louvor e honra ao único
Deus verdadeiro, enviarão presentes ao templo e obedecerão às suas leis.
Salmos de Salomão 17.31 fala das nações trazendo um presente, mas aqui o
presente são os “ filhos expulsos [de Israel]”. O texto de Isaías 61.5 declara:
“Gente de fora vai pastorear os rebanhos de vocês; estrangeiros trabalharão
em seus campos e vinhas”, o que, de acordo com Bonsirven, a passagem
foi interpretada mais tarde com o sentido de que, na era messiânica, os
gentios se tornariam escravos de Israel.11
Uma questão importante diz respeito à possibilidade de os gentios
serem aceitos como prosélitos na era final. Alguns textos pressupõem
que o Messias será a luz para as nações, ou seja, ele não governará os
gentios apenas por força (Is 42.6; 49.6; 51.4; 1Enoque 48.4; v. tb. Lc 2.30-
32). Portanto, alguns autores acreditavam que pelo menos alguns gentios
se converterão a Deus. Jeremias 16.19 (“S e n h o r , [...] a ti virão as nações
desde os confins da terra”) parece prever que os gentios se tornarão adora-
dores do Senhor (v. tb.Jr 3.17; Sf 2.11; 3.9; Zc 8.20-23). Bonsirven sugere
que os prenúncios sobre os pagãos abandonando seus ídolos (p. ex., Is
2.20,21) são outras evidências.5152 Contudo, pelo menos um texto rabínico
é de opinião contrária. Ele assevera que qualquer gentio que procurar se
tornar prosélito na era final o fará por interesse próprio e, portanto, não
deverá ser aceito.53*5
51 PalestinianJudaism, ρ. 222.
52 Ibid., 221; outras evidências incluem a Mekilta de Rabbi Ishmael sobre Ex 15.11:
“Os ídolos perecerão para sempre”, e o Talmude babilônico Pesahim 118b·. “As na-
ções louvarão a Deus, o Egito e a Etiópia trarão presentes ao Messias, e, uma vez
que ele hesita em aceitá-los, Deus lhe ordena que o faça” (conforme citado por
Bonsirven). , -----
55“R. Yitshaq disse que a única vez em que Deus rirá será no julgamento das nações.
R. Yose acrescentou que, no futuro, os idólatras viríam para se tornar prosélitos.
Mas eles podem ser aceitos, uma vez que a tradição diz que eles não poderíam
ser aceitos no tempo do Messias mais do que poderíam no tempo de Davi e Sa-
lomão? Eles serão convertidos insinceros, mesmo que usem filactérios e franjas, e
coloquem a mezuzá nos umbrais da porta. Mas quando virem a guerra de Gogue
e Magogue, os primeiros perguntarão: ‘Contra quem estão lutando?’. E eles res-
ponderão: ‘Contra o Senhor e o seu Messias’. Pois está escrito (SI 2.1,3): ‘Por que
se amotinam as nações?’. Elas rejeitam os mandamentos: ‘Façamos em pedaços as
suas correntes, lancemos de nós as suas algemas’. Então o Santo, bendito seja ele,
380
estará assentado no céu e sorrirá, como está escrito: ‘Aquele que está assentado no
céu sorri’ ” (Talmude babilônico Avodah Zarab 3b, citado por Bonsirven, Palestinian
Judaism, p. 221-2).
381
eu vou, fisicamente, a dois túmulos sob uma mesma pedra. Essas viagens
são importantes. Embora não possa voltar à casa, preciso me lembrar das
raives das quais brotei. Elas me fazem lembrar de quem eu sou. Elas me
dão maior entendimento do quanto o menino da fazenda que antes existiu
e o professor universitário que agora existe são parecidos e diferentes. Sou
grato pelo que passou, mas não posso mais voltar a casa.
E o mesmo acontece com o judaísmo intertestamentário. Os cristãos o
visitam para compreenderem mais plenamente as raízes espirituais a partir
das quais brotamos, mas também a diferença radical do que foi construído
sobre o fundamento de Jesus, o Messias. Entendemos mais, cremos com
mais firmeza e funcionamos melhor à medida que, conscientemente,
compreendemos a natureza das raízes do cristianismo nos costumes e nas
controvérsias do judaísmo intertestamentário e os apreciamos.
apêndice A
Os livros apócrifos do
Antigo Testamento
Tobias
Judite
Adições de Ester
Sabedoria de Salomão
Eclesiástico, ou a Sabedoria de Jesus, filho de Siraque
Baruque
3Esdras (= 1Esdras)
4Esdras (= 2Esdras)
Carta deJeremias
Oração de Abarias e 0 Cântico dos trêsjovens
Susana
Bel e 0 dragão
IMacabeus
2Macabeus
3Macabeus
4Macabeus
Salmo 151 - ־־־ ־
Os livros pseudepigráficos
Apocalipse de Abraão
Apocalipse de Adão
Testamento deAdão
* Vida de Adão e Eva
* Ahikar
Carta deAristeu
Aristeu, 0 Exegeta
Aristóbulo
Artápano
* 2Baruque
* 3Baruque
4Baruque
Cleodemo Malco
Apocalipse de Daniel
Outros Salmos de Davi
Demétrio, o Cronógrafo
Eldade e Medade
Apocalipse de Elias
* lEnoque
* 2Enoque
3Enoque
392
Eupólemo
Pseudo-Eupólemo
Apócrifo de Ezequiel
Ezequiel, de Tragédias
* 4Esdras
Apocalipse grego de Esdras
Questões de Esdras
Revelação de Esdras
Visão de Esdras
Fragmentos de poetas pseudogregos
Pseudo-Flecateu
Orações sinagogais belenistas
* Martírio e ascensão de Isaías
Escada deJacó
Oração deJacó
Janes eJambres
Testamento deJó
José eAsçenate
História deJosé
Oração deJosé
*
3Macabeus
* 4Macabeus
Oração de Manasses
Menandro Siríaco
* Testamento de Moisés (Assunção de Moisés em Charles)
Órficas
Fílon, 0poeta épico
Pseudo-Fílon
Pseudo- Focílides
A vida dosprofetas
História dos recabitas
Apocalipse de Scdraque
Tratado de Sem
* Os Oráculos sibilinos
Odes de Salomão
* Salmos de Salomão
Testamento de Salomão
Teódoto
Testamentos dos três patriarcas
* Testamentos dos doze patriarcas
Apocalipse de Sofonias
apêndice C
Tratados da Mixná,
do Talmude e da Tosseftá
AS DIVISÕES MIXNAICAS
1. Zeraim (Sementes)
1. Berakot (Bênçãos)
2. Peah (Seleções)
3. Demai (Produto sem dízimo certo)
4. Kilayim (Tipos diversos)
5. Shehiit (O sétimo ano)
6. Terumot (Ofertas levantadas)
7. Maaserot (Dízimos)
8. Maaser sheni (Segundo dízimo)
9. Hallah (Oferta de Massa)
10. Orlah (O fruto de árvores novas)
11. Bikkurim (Primeiros frutos)
3. Nashim (Mulheres)
1. Yevamot (Cunhadas)
2. Ketubot (Certidões de casamento)
3. Nedarim (Votos)
4. N a^ir (Voto do nazireu)
5. Sotah (A suspeita de adultério)
6. Gittin (Certificados de divórcio)
7. Qiddushin (Noivados)
4. Nesjqin (Danos)
1. Baba qamma (O primeiro portão)
2. Baba metsia (O portão do meio)
3. Baba batra (O último portão)
4. Sanhedrin (O Sinédrio)
5. M akkot (Açoites)
6. Shevuot (Juramentos)
7. Eduyot (Testemunhos)
395
6. Tohorot (Purificações)
1. Kelim (Vasos)
2. Ohalot (Tendas)
3. Negaim (Sinais de lepra)
4. Parah (A novilha vermelha)
5. Tohorot (Limpezas)
6. Miqwaot (Tanques para imersão)
7. Niddah (A menstruada)
8. M aqshirin (Os que se predispõem)
9. Zavim (Aquelas que sofrem fluxo)
10. Tevulyom (Aquele que se imergiu naquele dia)
11. Yadayim (Mãos)
12. U qttyn (H a s te s )
A crucificação
’ Tanto a afirmação em Mt 27.37 (Lc 23.38) de que a inscrição foi colocada “por
cima de sua cabeça” quanto às tradições mais antigas sugerem que Jesus foi cru-
cificado em uma cruz latina.
399
andMidrash (Clifton, N. J.: Reference Book, 1966), ρ. 362-81 e 161; George Foot
Moore, Judaism in the First Centuries of the Christian Bra, 3 vols. (Cambridge, Mass.:
Harvard University Press, 1927-1930), vol. 3, p.68-9. Particularmente úteis são
as distinções feitas por Herford (p. 366) entre quatro termos da Tosseftá, Sanhedrin
12.4,5: masorot (delatores, traidores políticos), epiqurosin (pensadores livres, judeus
ou gentios), meshummadim (os que, por livre e espontânea vontade, violam alguma
parte da lei cerimonial e com isso proclamam a apostasia da religião judaica) e minim
(os que, no fundo, são falsos, mas não necessariamente proclamam sua apostasia).
Ele vê acjui uma série de quatro termos que estão no mesmo pé de igualdade.
apêndice F
A literatura apocalíptica e as
Escrituras inspiradas
tem a resposta autom ática de que quem provavelm ente tom ou em prestado
foram os hebreus.2
Segundo, é im p o rtan te ch eg arm o s a conclusões so b re as questões
suscitadas, m as elas n ão devem ser usadas c o m o testes da o rtodoxia tra-
dicional o u crítica. N e n h u m d o s lados está livre d o raciocínio circular, de
arg um en tos especiais e assim p o r diante. H á necessidade de reconhecer
com coragem n o sso s p ressu p o sto s e sua influência, separarm o s dados
de suposições e interp retaçõ es, e o b se rv a rm o s repetidas vezes o s fatos e
a direção p o r eles ap o n tad o s. E sta abo rd ag em não dim inuirá a influência
d o s p ressupo sto s, m as n o s p erm itirá fazer a distinção entre diferenças de
opinião que se baseiam apenas em evidências factuais e as enraizadas em
p ressu p o sto s e co m p ro m etim en to s filosóficos.
A interpretação da literatura
apocalíptica
the Biblefor A ll Its Worth, Grand Rapids: Zondervan, 1982. (Em português: Como
l'era Bíblia livropor livro. Edições Vida Nova.)
409
de que des possam sentir toda a estranheza desse mundo e, então, com um
ponto de vista ampliado, reingressar no próprio mundo e na própria vida.
Por fim, deve-se considerar a questão da relevância do apocaliptis-
mo para o mundo moderno. Os apocaliptistas lidaram com problemas e
questões que consistem em preocupações constantes do drama humano.
O pecado e sofrimento, a prosperidade dos ímpios, o sentido da história,
a natureza e relevância do mundo sobrenatural, e o destino final do uni-
verso e dos que nele estão são questões sempre presentes. Os apocalipses,
como o livro de Jó, oferecem, se não respostas, pelo menos uma maneira
de lidar com essas questões.
Quem acredita que a Bíblia é a revelação divina enfrenta ainda a ques-
tão de como os escritos apocalípticos da Bíblia podem ser normativos
em nosso tempo e lugar. Pelo menos, do século TI em diante, a questão
levou a muitas tentativas de encontrar paralelos exatos entre as imagens
dos apocaliptistas e o mundo do leitor. Obviamente, aqueles nas gerações
anteriores que prenunciaram o retorno de Cristo c o fim do mundo em sua
época estavam errados. Claro está que o apocaliptismo bíblico, em especial
o do NT, lida com a escatologia. Sua mensagem geral condiz com a de
muitos escribas apocalípticos não bíblicos, mas também com a mensagem
cristã distintiva. O povo de Deus é a igreja, a nova Jerusalém, a noiva de
Cristo (Ap 23; 19.7; 21.2,9,10). As várias forças perseguidoras do povo de
Deus são as bestas ou Satanás (Ap 12— 19). Os cristãos são remidos pelo
sangue do Cordeiro e vencem por meio desse sangue; Cristo é o Cordeiro
morto, o agente definitivo da vitória (Ap 1.5; 5.9; 7.14; 12.1l).3A segunda
vinda de Cristo sinalizará a derrota do mal, o juízo, as recompensas para
o povo de Deus e a punição para os ímpios, e o novo céu e terra.
Até que ponto os detalhes do apocaliptismo bíblico se aplicam além
do próprio tempo do escritor é a questão mais difícil. A história de in-
terpretação narra as divergências sobre o ponto. Esperamos que nossos
comentários sejam útçis. Além disso, o leitor deve tomar cuidado ao fazer
interpretações de forma isolada de outros de mesma fé, pois o cristianismo
é comum! Precisamos da ajuda de nossos irmãos, tanto cm pessoa como
por meio de seus escritos. Quanto mais, melhor. É perigoso permitir que
o indivíduo ou um pequeno grupo faça a interpretação por nós. Precisa-
mos nos beneficiar, o máximo possível, com as realizações e os erros do
passado e de nossos contemporâneos.
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institui oes serve como contexto para a meihor compreensao do Novo
Testamento. ( ) fato deste livro nao so oferecer uma visao gcral acessivel
dos dados ( historia, institui ocs , pensamento religiose), mas tambem
^
procurar entender as ideias e controversias surgidas no judaismo desse
periodo e o que o torna especialmente util . Da -se, portanto, ao leitor um
acesso ao fenomeno complexo e diverso conhecido como judaismo
primitive, do qual Jesus, Paulo e a maioria dos outros escritores do Novo
Testamento fizeram parte.”
—
Gordon D Fee
Professor do Novo Testamento, Regent College
.
— Craig L. Blomberg
Themelios
Manchester .
- -
ISBN 978-85-8038 058 3
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Iatcrarura que edifica