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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

Processo n. xxx

CAMILA, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº xxx, CPF nº xxx,


residente e domiciliada no endereço xxx, por seu procurador signatário, vem
propor REVISÃO CRIMINAL, com base no art. 621, III, do Código de Processo
Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I. SÍNTESE DOS FATOS

No dia 18 de outubro de 2017, na cidade de Marechal Cândido Rondon,


no Estado do Paraná, a revisionanda subtraiu o veículo automotor da vítima
Katarina para revendê-lo no Paraguay.
A vítima, avisou a polícia imediatamente do fato, tendo a polícia feito
busca ativa e ininterrupta, mas apenas no dia seguinte a revisionanda foi presa
no momento em que tentava cruzar a fronteira para tentar realizar a venda do
veículo, sendo que este que estava em local não revelado. Um dia após o
crime a vítima faleceu de infarto.
Em 30 de outubro de 2017, a denúncia foi recebida. A revisionanda
Camila confessou o fato em seu interrogatório e todas as testemunhas
arroladas conformaram os fatos.
Ao fim do processo criminal, Camila fora condenada a cinco anos de
reclusão no regime inicial fechado, tendo sido na sentença considerado a
confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as
consequências do crime.
A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o
cumprimento da pena em 05 de maio de 2021.
No dia 15 de novembro de 2021, Gustavo, filho da vítima falecida e que
até então não havia sido mencionado, informa após o crime. No dia 27 de
outubro de 2017, Camila, acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou,
indicando o local onde o veículo estava escondido. O filho foi ao local e pegou
o veículo de volta, sem nenhum embaraço, ficando com o veículo em seu
poder.

II. DO DIREITO

a) DA DESCLASSIFICAÇÃO

Considerando a nova prova, sendo o filho da revisionanda, Gustavo, se


faz necessária a reanálise de alguns aspectos.

A denuncia foi recebida na data de 30.10.2017, porém, de acordo com o


relatado por Gustavo, Camila fez a devolução do veículo no dia 27 de outubro
de 2017, ou seja, antes do recebimento da denúncia.

Sendo assim, há de se considerar o arrependimento posterior, previsto


no art. 16 do Código Penal, já que a devolução caracteriza a redução de pena
em até dois terços.

Ainda, considerando que o veículo foi devolvido sem nenhum tipo de


impedimento, a redução deverá ser concedida em nível máximo.

Então, dessa forma, com base no art. 626 do CPP, requer que seja
modificada e reduzida em nível máximo a pena da revisionanda, já que o
veículo foi restituído integralmente à vítima do fato.

A nova prova deixa claro que Camila fez a devolução do veículo e não o
transportou para realizar a venda, sendo afastada a qualificadora do § 5º do
art. 155 do CP.

Portanto, requer a desclassificação do crime qualificado para o de furto


simples, previsto no caput do art. 155 do Código Penal.

b) DO REGIME SEMIABERTO
Ao desclassificar o crime de furto qualificado para o crime de furto
simples, a pena da revisionanda consequentemente será reduzida para menos
de 4 anos e mesmo que seja reincidente, já que de entendimento do STJ a
possibilidade de cumprir a pena em regime semiaberto os reincidentes que
forem condenados a pena igual ou superior a 4 anos, quando consideras
favoráveis as circunstâncias judiciais, conforme a súmula 269.

Sendo assim, o ato de restituição do bem à vítima, mesmo com maus


antecedentes, se mostra como uma favorável judicial para a imposição do
regime semiaberto.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, com base no art. 626, do CPP, requer:

a) a desclassificação do crime de furto qualificado para o crime de furto


simples;

b) a diminuição da pena privativa de liberdade;

c) a fixação do regime semiaberto.

Nestes termos, pede deferimento,

Marechal Cândido Rondon/PR, 22 de novembro de 2021.

Advogado

OAB

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