Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA

COMARCA DE CAMPINAS/SP

Processo n. ...

MANOEL, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu


procurador signatário, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, interpor o recurso de AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base
no art. 197 da Lei 7.210/84.

Neste sentido, requer o presente recurso seja recebido e a decisão seja reformada, nos termos
do art. 589, do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o
recurso ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, considerando as razões a seguir
expostas.

Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo, data.

Advogado

OAB n. ...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Agravante: Manoel

Agravado: Ministério Público

Processo n. ...

RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça

Colenda Câmara

DOS FATOS

Manoel foi condenado pelo crime disposto no art. 157, caput, do Código Penal, bem como as
suas respectivas penas, sendo pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão
em regime inicialmente fechado. A sentença transitou em julgado na data de 11 de julho de
2018.

Desde a data de 15 de agosto de 2018, o agravante vem cumprindo a sua pen., O agravante,
considerando que nunca havia sido punido por conta de falta grave e tendo preenchido todos
os requisitos, foi beneficiado com a progressão do regime.

No dia 27 de setembro de 2021, o agravante requereu a concessão do livramento condicional,


mas este foi indeferido pelo juiz da Vara de Execução deste Estado, alegando que:

a) considerou o crime de roubo como hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do
requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade;

b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o
benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria
cumprir metade da pena imposta para obtenção do livramento condicional;

c) indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em vista que os crimes de


roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a
sociedade.

DO DIREITO

I. Do crime de roubo simples não ser crime hediondo


Um dos argumentos utilizados pelo juiz para o indeferimento do pedido de livramento
condicional foi que ele considerou o crime de roubo como hediondo, sendo necessário o
cumprimento de 2/3 da pena imposta.

Ocorre que, o art. 1º, da Lei 8.072/90 não traz em seus incisos o roubo como sendo
considerado um crime hediondo. Sendo assim, o agravante que não reincidente, deve cumprir
apenas 1/3 da pena imposta para que lhe seja deferido o livramento condicional, nos termos
do art. 83, I, do CP.

II. Do preenchimento do requisito objetivo

Ainda, como mais um argumento para o indeferimento do livramento condicional, o juiz


alegou que mesmo que o roubo não fosse considerado hediondo, o agravante era portador de
maus antecedentes, e assim deveria cumprir metade da sanção imposta.

Porém, tal alegação não merece prosperar considerando que o agravante praticou o delito de
roubo quando era primário, portanto, na época do fato não era reincidente.

Conforme o disposto no art. 83, I, do CP, para que seja imposto que o acusado cumpra ao
menos metade da pena imposta, o autor precisaria ser reincidente de crime doloso, o que não
procede.

Sendo assim, mesmo o condenado não reincidente com maus antecedentes deve cumprir
apenas 1/3 da sanção imposta à fim de preencher tal requisito para a concessão do
livramento.

III. Da dispensabilidade do exame criminológico.

O juiz indeferiu a concessão do benefício de livramento condicional alegando que o exame


criminológico seria indispensável, considerando que crimes de roubo são extremamente
graves e causam severos prejuízos à sociedade.

Porém, a Lei 10.972/2003 dispõe que o exame criminológico não é mais obrigatório para o
deferimento da concessão de livramento condicional e progressão de regime, sendo
necessário apenas que o condenado apresente bom comportamento durante o cumprimento
de pena, podendo então fazer jus ao livramento condicional.

Sendo assim, considerando que o agravante jamais foi punido com falta grave enquanto
cumpria a pena e tendo ele preenchido os requisitos para a concessão dos benefícios da
execução penal, é cabível o benefício.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente recurso e que a decisão seja
REFORMADA a decisão do juízo a quo, para que seja reconhecido e concedido o livramento
condicional ao agravante, bem como a expedição do alvará de soltura.
São Paulo, data.

Advogado

OAB n.

Você também pode gostar