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POESIA
❖ Concretismo
❖ Poesia-Práxis
❖ Poema-Processo
❖ Poesia Social
❖ Poesia Marginal
Concretismo
Poesia-práxis
A poesia-práxis surgiu em conseqüência de alguns desentendimentos entre os
concretistas. Alguns poetas abandonaram o grupo e voltaram-se para a força energética da
palavra. Segundo eles, a palavra era capaz de gerar outras palavras e significados. Nessa
concepção a palavra é tida como energia, como um corpo vivo. O termo práxis vem do grego
e significa ação.
Em 1962, Mário Charmie lidera em grupo dissidente, contra o radicalismo dos “mais
concretos” e instaura a poesia – práxis. Poesia dinâmica, transformada pela interferência ou
manipulação do leitor, ou seja, por sua prática (práxis) periodicidade e repetição das palavras,
cujo sentido e dicção mudam, conforme sua posição no texto Em sua obra Lavra-lavra faz
uma espécie de manifesto: “as palavras não são corpos inertes, imobilizados a partir de quem
as profere e as usa...”
AGIOTAGEM
Um
Dois
Três
o juro: o prazo
o pôr / o cento / o mês / o ágio
p o r c e n t á g i o.
dez
cem
mil
o lucro: o dízimo
o ágio / a mora / a monta em péssimo
e m p r é s t i m o.
muito
nada
tudo
a quebra: a sobra
a monta / o pé / o cento / a quota
hajanota
agiota. (Mário Chamie)
Siderurgia S.O.S
Se der o outro sidéreo opus horáriO
Sem sol o sal do erário saláriO
Ser der orgia se mistério o empresáriO
Siderurgia do opus o só do eráriO
Se der a via do pus opus erradO
Se der o certo no errado o empregadO
Se der errado no certo o emprecáriO (Mário Chamie)
Poema-processo
Uma outra variante do concretismo foi uma radicalização ainda maior- o poema-
processo-, criação de Wlademir Dias Pino e Álvares de Sá, utilizando sobretudo signos
visuais e dispensando o uso da palavra.
A Poesia social
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira. (Ferreira Gullar)
Poesia marginal
Noite carioca
Diálogo de surdos, não: amistoso no frio.
Atravanco na contramão. Suspiros no
contrafluxo. Te apresento a mulher mais discreta
do mundo: essa que não tem nenhum segredo. (Ana Cristina Cesar)