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ECLESIASTES

ESTRUTURA E Organização

* lnclusio é um recurso literário que se baseia em um princípio concêntrico, ou seja, na

Criação de uma estrutura pelo agrupamento de materiais (palavras ou expressões) similares no

Início e no fim de uma divisão. [N. do R.l

CÂNTICO DOS CÂNTICOS


abordagens interpretativas

1. Dramdtica. A abordagem dramática interpreta o Cântico como uma

peça teatral antiga. Essa teoria, visível na tradição da igreja desde o século

IH d.e., baseia-se em grande parte na analogia à tragédia grega, desenvolvida

no século VI a.e. A poesia é considerada um roteiro dramático para o

entretenimento real. A peça, quer encenada, quer cantada, geralmente se

divide em seis atos, cada um com duas cenas. Os discursos são atribuídos às

personagens principais (duas ou três, caso o pastor não seja equiparado ao

rei), das quais as "filhas de Jerusalém" (ou harém) são representadas pelo

coro feminino.

2. Tipológica. O modelo tipo lógico reconhece a historicidade do livro

(quer celebre o casamento de Salomão com a filha do faraó, quer relate o

cortejo do rei à sulamita), mas subordina a apresentação literal da história

do AI' ;'1 ;t!m.lo do N I, l) llllllprillll'lIll) tradiciollal do "lip!hllltÍlipo" l'

illlnprt'lado LlJllIll o Icl.llloll;llllenlo (Li aliança de Deus com Israel pelo

illll-rprCIl' judeu ou (01110 o rdacionamefico de Cristo com a igreja - como

~lIa noiva - pelo intérprete cristão.

j. Cúltica. A abordagem cúltica ou mitológica considera o Cântico uma

adaptação hebraica da liturgia do culto ITlesopotâmico da fertilidade. Seus

proponentes argumentam que a palavra ffmado é, na verdade, uma referência

ao deus Dode (pelo menos em 5.9). Dode era o equivalente siro-palestino

de Tamuz no culto sumero-acádico d.e Tamuz-Ishtar. O rito anual era a

encenação do antigo mito que relata a busca da deusa Ishtar por seu amante
falecido (Tamuz) no mundo subterrâneo, finalmente restaurando-o à vida

pela união sexual e depois assegurando a fertilidade da criação. Acredita-se

que as associações mitológicas do Cânuco foram esquecidas ou alteradas

propositadamente para tornar o livro aceitável à fé israelita.

4. Ciclo matrimonial. A interpretaçã() do livro como ciclo matrimonial

supõe que o Cântico seja uma coleção ~e poemas nupciais semelhante ao

walf das cerimônias de casamento árabes. A série de cânticos que exaltam a

noiva e o noivo foi formalizada em um ciclo de recitações finalmente incorporadas

à celebração do casamento.

5. Diddtica. A posição didática não nega os aspectos históricos do Cântico.

No entanto, descarta as circunstâncias relativas ao livro a favor de propósitos

morais e didáticos da literatura. Segundo essa abordagem, o livro apresenta

a pureza e beleza do amor sexual, promove ideais de simplicidade,

fidelidade e castidade e ensina as virtudes de afeição humana e a beleza e

santidade do casamento.

6. Alegórica. O método alegórico é o mais antigo e permanece como a

abordagem mais aceita entre as tradições judaica e cristã - embora o

livro não afirme ser alegórico. A alegoria é definida como uma representação

simbólica óbvia na literatura ou simplesmente uma metáfora ampliada.

A alegoria diz uma coisa, mas transmite um significado mais profundo

e oculto. A "alegorização" de um texto ocorre quando o intérprete considera

determinada passagem uma alegoria mesmo não sendo esta a intenção

do autor. O método de alegorização aplicado ao Cântico rendeu

interpretações semelhantes às da abordagem tipológica. A principal distinção

é que a teoria tipológica aceita a base histórica para o contexto e a

alegórica não.

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líllTO-hisl()rica procura equilibrar o senso natural das qllalidades lircLÍria.\

do pocma com a apreciação pelo contexto histórico que inspirou a compo

sic,:ão. Um de nós pressupõe uma história de amor com três personagcll\

principais (o rei Salomão, o pastor amado e a jovem sulamita) e combina a

abordagem lítero-histórica com elementos de didática. Nessa interpretação,

o livro seria considerado uma sátira do Reino do Norte sobre o reinado

de Salomão e a exploração de mulheres praticada por ele (ironicamente seu

fim) e ainda a celebração do caráter exemplar da sulamita que rejeitou o

cortejo do rei por causa da fidelidade ao amado plebeu. O outro adota a

posição literal sem ligações históricas. Segundo esta linha interpretiva, o

Cântico é uma poesia de amor sem enredo definido. Os poemas são unificados

para ilustrar e advertir do poder da sensualidade.

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

Como Salmos, Provérbios e Lamentações, o Cântico dos Cânticos apresenta

uma forma

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