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INTRODUÇÃO

A CANTARES
DE SALOMÃO
Título

Seu título em Hebraico, Shir-hashshirim, "Cântico dos Cânticos" é


uma expressão superlativa denotando o melhor, ou o mais excelente
dos cânticos. Na LXX o título é 'Asma 'Asmáton, e o livro aparece
após Eclesiastes, posição adotada pelas edições da Bíblia católicas e
protestantes. A Vulgata intitulou-o Canticum Canticorum, daí o título
alternativo em por tuguês "Cantares".
Autoria

Segundo o Talmude, a autoria é atribuída a Salomão, visão


amplamente aceita na tradição judaica e mencionada em várias
passagens do Talmude, incluindo o Tratado Baba Batra 15a.
Autoria

Petter Enns, à semelhança de alguns estudiosos, sugere que o livro


de Cantares é uma coleção de poemas de amor escritos por
diferentes autores ao longo do tempo. Ele argumenta que a unidade
do livro é baseada em temas e motivos comuns, em vez de ser um
trabalho singular de autoria de uma única pessoa, como Salomão.
Autoria

De acordo com Enns, Cantares refl ete uma tradição de poesia


amorosa e romântica do antigo Oriente Médio, e os poemas foram
coletados e compilados posteriormente em uma única obra. Enns
enfatiza a impor tância de compreender Cantares dentro de seu
contexto cultural e literário, considerando também as infl uências e
as tradições poéticas da época.
Autoria

Na obra "The Song of Songs and the Ancient Egyptian Love Songs", Fox
propõe que o livro de Cantares seja uma coleção de poemas amorosos
compostos por vários autores ao longo do tempo. Ele argumenta que o livro
de Cantares refl ete uma tradição literária mais ampla de poemas de amor
encontrados em culturas antigas, incluindo o antigo Egito. Ele sugere
paralelos entre Cantares e os textos de amor egípcios, identifi cando
semelhanças temáticas e estilísticas.
Autoria

Em sua obra "Song of Songs" na série Tyndale Old Testament


Commentaries, Hess explora questões históricas, literárias e
teológicas relacionadas ao livro de Cantares. Ele defende que a
tradição judaica e a atribuição histórica de Salomão como autor têm
mérito e são apoiadas por evidências internas e externas.
Autoria
Segundo Segundo o CBA, há quatro pontos que resumem a evidência
interna da autoria Salomônica:

 O conhecimento que tem das plantas, animais e outros seres da


natureza se harmonizam com o que se afi rma sobre Salomão em I
Reis 4:33.

 A demonstração de que possui um amplo conhecimento de produtos


estrangeiros, como os que se importavam em seus dias.

 A semelhança de Cantares com certas partes do livro de Provérbios.

 A linguagem de Cantares corresponde com o que se poderia esperar


do tempo de Salomão.
Canonicidade

A julgar pelas fontes rabínicas, é claro que o livro de Cantares não


obteve inclusão imediata no cânon das Escrituras Hebraicas. A
Mishnah indica que o livro de Cantares não foi aceito no cânon
senão com alguma disputa no tempo do suposto Concílio de
Jâmnia (ca. de 95 AD). Após pareceres favoráveis e desfavoráveis
quanto à inclusão do livro no cânon, o rabino Aqiba pronunciou o
seu famoso dito: "... todos os Escritos são santos; mas o Cântico
dos Cânticos é o Santo dos Santos." Isto mostra que havia muitas
dúvidas se o livro deveria ou não ser incluído no cânon.
Paralelismos Culturais

Michael G. Fox, em sua obra "The Song of Songs and the Ancient
Egyptian Love Songs", traça alguns paralelos entre Cantares e os
textos de amor egípcios, apontando semelhanças temáticas e
estilísticas. Aqui estão alguns exemplos:

1. Imagética natural e agrícola: Tanto Cantares quanto os textos


de amor egípcios usam imagens da natureza e da agricultura para
descrever a beleza física e a sensualidade dos amantes. Essas
imagens incluem referências a jardins, fl ores, videiras e frutas,
evocando um ambiente idílico e romântico.
Paralelismos Culturais

2. Comparação de amantes a animais: Tanto em Cantares quanto


nos textos egípcios, os amantes são frequentemente comparados
a animais, como gazelas, cabritos, leões ou corças. Essas
comparações destacam a paixão, a graça e a força dos amantes.

3. Atos amorosos e encontros furtivos: Tanto Cantares quanto os


textos egípcios retratam encontros amorosos secretos, atos de
sedução e trocas de mensagens entre os amantes. Essas cenas
sugerem um clima de romance e desejo mútuo.
Paralelismos Culturais
4. A fi gura feminina como objeto de desejo: Tanto em Cantares
quanto nos textos egípcios, a fi gura feminina é celebrada como
objeto de desejo, com descrições detalhadas de sua beleza física,
cabelos, olhos e lábios. Essas descrições enfatizam a sensualidade
e a atração física dos amantes.

5 Celebrando o amor e a união: Tanto Cantares quanto os textos


egípcios celebram o amor e a união dos amantes como uma
experiência intensamente emocional e prazerosa. Ambas as
tradições poéticas exaltam a paixão e a alegria encontradas no
amor romântico.
Interpretação

“De acordo com a tradição rabínica, o Cântico dos


Cânticos não deveria ser lido até que alguém atingisse a

idade de trinta anos. ”


Interpretação

“For in all the world there is nothing to equal the day on


which the Song of Songs was given to Israel, for all the
writings are Holy, but the Song of Songs is the Holy of

Holies. ”
Interpretação

“He who trills his voice in the chanting of the Song of


Songs and treats it as a secular song has no share in the

world to come. ”
Interpretação

De acordo com o Targum de Cantares os seguintes períodos


históricos parecem ser os referentes alegóricos das principais
divisões.

1. Êxodo e entrada em Canaan - Cant 1:2-3:6


2. Templo de Solomão - Cant 3:7-5:1
3. Pecado e exílio - Cant 5:2-6:1
4. reconstrução do templo – Cant 6:2-7:11
5. Diáspora Romana e a vinda do Messias - Cant 7:12-8:14
Interpretação

Alegórica: Este sistema surgiu como resultado da fusão da


fi losofi a grega com o cristianismo. Os rabis e Pais da Igreja
resolviam as difi culdades vinculadas à aceitação de um grupo de
poemas de amor no cânon da Escritura interpretando o livro
alegoricamente, uma atitude que ainda encontra algum favor
entre os Judeus Ortodoxos e eruditos Católicos Romanos. Traços
deste método ocorrem na Mishnah e no Talmude, enquanto o
Targum de Cantares interpreta-o em termos do gracioso amor de
Deus para com Seu povo, como manifestado na histórica Hebraica.
Interpretação

Exemplos práticos sugeridos nesta abordagem: o beijo de Cristo, a


encarnação; as cadeias de ouro da esposa, a fé; o nardo, a
humanidade redimida; o cabelo da noiva como um rebanho de
cabras, as nações convertidas ao cristianismo; as 80 esposas de
Salomão, a admissão das nações gentílicas ao cristianismo; os
dois seios, o Antigo e o Novo Testamentos; a cor morena da moça
é interpretada por Orígenes como o resultado do pecado
Interpretação

Dramática: Esta interpretação tem duas formas principais. A


primeira foi defendida por Delitzsch, que sugeriu dois
personagens, Salomão e a Sulamita, no drama. Caindo de amores
por ela, o rei a levou de sua terra para Jerusalém, para se casar
com ela.
Interpretação
Dramática: Uma variação desta abordagem foi popularizada por
Ewald, e se tornou conhecida como a "hipótese do pastor". No
drama de Ewald encontram-se três fi guras: Salomão, a Sulamita e
seu pastor-amante. Ele sugeriu que o rei tinha levado a moça,
contra a vontade desta, para Jerusalém, onde permaneceu fi el ao
seu amado pastor, resistindo às insinuações e tentativas de
Salomão para conquistar o seu afeto. O quadro é de tentativa de
sedução e Salomão é o vilão no drama. O drama assim
interpretado, entretanto, não teria aceitação entre os povos
semitas.
Interpretação
Litúrgica: T. J. Meek fez esta sugestão em 1922, de que
Cantares derivou dos ritos litúrgicos do culto de Adonis-
Tammuz, cuja existência em Israel é aparente ao se considerar
algumas referências nos profetas (Isa. 17:10ss; Ezq. 8:14; Zac.
12:11). Nesse culto o deus (de Babilônia) morria anualmente,
enquanto a deusa descia ao inferno, morrendo também, pois a
natureza toda morre no outono, para só ressuscitar na
primavera. Cantares, pois, representa o casamento dos dois
deuses .
Mensagem

O Cântico dos Cânticos é um retorno ao Éden, mas os amantes no


Cântico não devem ser igualados em todos os aspectos ao casal
antes da queda no jardim. A poesia do Cântico revela a existência
de um mundo de pecado e seus resultados funestos: há os irmãos
raivosos (1:6), o inverno úmido (2:11), "as raposas pequenas, que
arruínam as vinhas" (2:15), a ansiedade da ausência do amado
(3:1-4; 5:6-8; 6:1), a crueldade e brutalidade do vigia (5:7) e a
presença poderosa da morte (8:6). No entanto, os amantes no
Cântico conseguem triunfar sobre as ameaças ao seu amor.

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