CAPÍTULO 6

LIVRO DE CANTARES DE SALOMÃO

 TÓPICO 1
INTRODUÇÃO AO LIVRO DE CANTARES
1. INTRODUÇÃO - O LIVRO É CONHECIDO POR “CÂNTICO DOS
CÂNTICOS” TALVEZ POR SER CONSIDERADO SUPERIOR AOS
OUTROS CÂNTICOS ESCRITOS POR SALOMÃO.
2. TÍTULO – É UM SUPERLATIVO QUE SIGNIFICA “O MELHOR
DOS CÂNTICOS”
3. AUTORIA – ATRIBUÍDA AO REI SALOMÃO.
3.1 ALGUMAS EVIDÊNCIAS DA AUTORIA:
• PRIMEIRA EVIDÊNCIA – ATRIBUI O LIVRO A SALOMÃO COM
O PREFIXO HEBRAICO PARA AUTORIA. (Ct. 1:1)
• SEGUNDA EVIDÊNCIA – ÉPOCA HISTÓRICA ANTERIOR À
DIVISÃO DO REINO. O AUTOR MENCIONA VÁRIAS
LOCALIDADES DO PAÍS, COMO SENDO ÚNICO REINO.
EXEMPLO: JERUSALÉM, LÍBANO...
• TERCEIRA EVIDÊNCIA - A COMPARAÇÃO DA NOIVA COM “AS
ÉGUAS DOS CARROS DE FARAÓ” (Ct. 1:9)
• QUARTA EVIDÊNCIA – O AUTOR MOSTRA-SE CONHECEDOR
DE PLANTAS E ANIMAIS EXÓTICOS (1 Rs 4:33)
• QUINTA EVIDÊNCIA - SALOMÃO ESCREVEU 1005 CÂNTICOS,
SENDO CANTARES O ÚNICO PRESERVADO (1 Rs 4:32)
• SEXTA EVIDÊNCIA – NEGAR A AUTORIA, AFIRMANDO QUE
UM HOMEM POLÍGAMO NÃO PODERIA TER ESCRITO ESTE
CÂNTICO DE FIDELIDADE CONJUGAL É A MESMA COISA QUE
FAZER OBJEÇÃO À AUTORIA SALOMÔNICA DE PROVÉRBIOS,
BASEANDO-SE NO FATO DELE TER VIOLADO TANTOS DOS
SEUS PRÓPRIOS PRINCÍPIOS.
• SÉTIMA EVIDÊNCIA – A TRADIÇÃO JUDAICA CONSIDERA
UNIVERSALMENTE SALOMÃO COMO AUTOR. OS JUDEUS
LEEM LITURGICAMENTE TODOS OS ANOS POR OCASIÃO DA
FESTA DA PÁSCOA, ATRIBUINDO-O A SALOMÃO.
4. DATA - FOI ESCRITO DURANTE OS 40 ANOS DO REINADO DE
SALOMÃO (971-931 a.C), PROVAVELMENTE NOS PRIMEIROS ANOS.

5. PROPÓSITO DO LIVRO
5.1 O PROPÓSITO HISTÓRICO – É UM CÂNTICO NUPCIAL,
EXPRESSÃO DO AMOR DO NOIVO PELA NOIVA. ESTUDIOSOS
JUDEUS E CRISTÃOS TÊM INTERPRETADO COMO UMA PARÁBOLA
DIVINA.

5.2 O PROPÓSITO DIDÁTICO – PARA OS LEITORES QUE VIVEM EM

UM MUNDO DE PECADO, DE PRAZERES E DE PAIXÕES, ONDE
VIOLENTAS TENTAÇÕES NOS ASSALTAM E PROCURAM AFASTAR-
NOS DO TIPO MODELAR DE CASAMENTO, NOS MOLDES DA LEI DE
DEUS, LEMBRA-NOS DE UM MODO PARTICULARMENTE SUBLIME,
QUÃO PURO E QUÃO NOBRE É O VERDADEIRO AMOR.
5.2.1 ALIANÇA MATRIMONIAL - O AMOR PURO E NATURAL ENTRE O
HOMEM E A MULHER, ORIGINÁRIO DA BOA CRIAÇÃO DE DEUS (Gn 2:18-
25)

5.2.2 ALIANÇA DE DEUS COM ISRAEL – AS AFETUOSAS RELAÇÕES ENTRE

O HOMEM E SUA MULHER SÃO REFERIDAS EM MUITAS PASSAGENS DAS
ESCRITURAS PARA DEMONSTRAR A UNIÃO ENTRE DEUS E O SEU POVO
ESCOLHIDO (Os 1:3; 2: 1-23; Is 54: 5; 62:4; Jo 3:29). OS JUDEUS TÊM
CONSIDERADO CÂNTICO DOS CÂNTICOS UMA MANEIRA DE EXALTAR O
AMOR DE DEUS A ISRAEL.

5.2.3 ALIANÇA DE JESUS COM A IGREJA – OS CRISTÃOS TÊM

CONSIDERADO CANTARES COMO UMA EXPRESSÃO DE AMOR QUE EXISTE
ENTRE O SALVADOR JESUS CRISTO E A SUA IGREJA. A VERDADEIRA
ESSÊNCIA DA HISTÓRIA E DO AMOR DA ALIANÇA É REPRODUZIDA EM
JESUS CRISTO (Lc 24:27; Ef 5: 22-25; Mt 9:15; 2 Co 11:2; Ap 21:2).
SE O POETA CANTA O AMOR DE DEUS POR ISRAEL, ENTÃO É UMA
PROFECIA.
 TÓPICO 2
ANÁLISE, CONTEÚDO E INTERPRETAÇÃO
1. INTRODUÇÃO - É UM LINDO POEMA QUE EXPRESSA A ALEGRIA NO AMOR
CONJUGAL. MERECE SEU LUGAR NA PALAVRA DE DEUS, MOSTRANDO
ASSIM A APROVAÇÃO DE DEUS EM UM RELACIONAMENTO PURO E
SINCERO.
2. CONTRIBUIÇÃO PARA O ANTIGO TESTAMENTO – DESDE QUE O
MATRIMÔNIO ESTÁ DE ACORDO COM A VONTADE DE DEUS, O AMOR
SEXUAL VALE COMO SEU PRESSUPOSTO E COMO SEU FUNDAMENTO. O
LIVRO É LIDO NA FESTA DA PÁSCOA PELOS JUDEUS (DEUS DEMONSTRANDO
SEU GRANDE AMOR, COMO DE UM NOIVO PELA NOIVA).
3. CONTRIBUIÇÃO PARA O CÂNON – A VIDA DIÁRIA, DE ACORDO COM A
LITERATURA SAPIENCIAL, É UM DOM DE DEUS. O SÁBIO NÃO PODERIA
SEPARAR O “SECULAR” DO “SAGRADO”. DESTE MODO, O POEMA DE AMOR
É, IGUALMENTE, UM POEMA DE AMOR SENSUAL, NÃO PODENDO FICAR
FORA DAS ESCRITURAS. A BÍBLIA NÃO É UMA COLEÇÃO DE LIVROS
CONTRADITÁRIOS. SE FOSSE INTERPRETADO APENAS COMO DRAMA
CARNAL TERIA SIDO ACEITO COMO INSPIRADO.
4. DIFICULDADE DE INTERPRETAÇÃO - O LIVRO DE
CANTARES SEMPRE FOI ASSUNTO DE CONTROVÉRSIAS ACERCA
DA SUA INTERPRETAÇÃO. É UM IVRO QUE REFERE-SE AO AMOR
DE HOMEM POR UMA MULHER? OU UMA ALEGORIA A IGREJA?
QUATRO LINHAS PRINCIPAIS DE INTERPRETAÇÃO:
4.1 ALEGORIZAÇÃO JUDAICA – É O MAIS ANTIGO DE TODOS.
O LIVRO ESTARIA DESCREVENDO EM LINGUAGEM FIGURADA A
RELAÇÃO ENTRE YAHWEH E ISRAEL.
4.2 ALEGORIZAÇÃO DA IGREJA PRIMITIVA – A IGREJA
PRIMITIVA (ORÍGENES E HIPÓLITO) INTERPRETOU O LIVRO
COMO SENDO UMA DESCRIÇÃO DO AMOR DE CRISTO E A
IGREJA AINDA USADA PELA IGREJA CATÓLICA ROMANA:
• Ct 1: 5 FALA DA COR MORENA, OU NEGRA, PELO PECADO,
MAS BELA PELA CONVERSÃO (ORÍGENES);
• Ct 1: 13 – “ENTRE OS SEUS SEIOS” REFERE-SE ÀS
ESCRITURAS DO AT E NT, ENTRE OS QUAIS SE ENCONTRA
CRISTO (CIRILO DE ALEXANDRIA);
• Ct 2: 12 – ALUDE À PREGAÇÃO DOS APÓSTOLOS
(PSEUDOCASSIODORO);
• Ct 5: 1 – É UMA ALUSÃO À CEIA DO SENHOR (CIRILO DE
ALEXANDRIA);
• Ct 6:8 – REFERE-SE ÀS OITENTA HERESIAS (EPIFÂNIO)

4.3 ALEGORIZAÇÃO NO PERÍODO MODERNOS PELOS

PROTESTANTES – A VERSÃO AUTORIZADA INGLESA EM
SEUS TÍTULOS DE DIVISÃO ADOTA ESTA INTERPRETAÇÃO:
• Ct 1: 3 – O MÚTUO AMOR DE CRISTO E DA SUA IGREJA
• Ct 4 – AS GRAÇAS DA IGREJA
• Ct 5 – O AMOR DE CRISTO PARA COM ELA
• Ct 6-7 – A IGREJA MANIFESTA A SUA FÉ
• Ct 8 – O AMOR DA IGREJA PARA COM CRISTO

5. UMA HERMENÊUTICA CONTEXTUAL - O MÉTODO

GRAMÁTICO-HISTÓRICO- CRÍTICO INTERPRETAM O LIVRO COMO
SENDO UMA DESCRIÇÃO DO AMOR HUMANO, NUM
RELACIONAMENTO DE PUREZA DE SEXUALIDADE, CONFORME DEUS
ESTABELECEU PARA O CASAMENTO DESDE O PRINCÍPIO. O CASAL
SOMENTE DESFRUTA DA SANTIDADE DO SEXO DENTRO DO
CASAMENTO.
5.1 ESTILO
FAZ USO DE METÁFORAS. A LINGUAGEM É CHEIA DE CONHECIMENTO E
SABEDORIA. É CLÁSSICA, ISTO É, SERVE DE MODELO. CANTA DE FORMA
ADMIRÁVEL O AMOR NATURAL E SUAS IMPLICAÇÕES. FAZ USO DE
FIGURAS. EXEMPLO: A PALMEIRA EM 7:7 a, LEMBRAM DO CARÁTER DA
COMUNHÃO DO CRENTE COM O SEU MESTRE (VER Sl 92:12)
O POETA USA TODOS OS MEIOS NATURAIS PARA
ENALTECER A PESSOA AMADA, COMPARANDO-A COM
COISAS QUE DESPERTAM A ATENÇÃO DO OBSEVADOR.
Ec 2:7;3:10 e 8:6 – RELATO DE TRECHOS DA VIDA DOS DOIS
PERSONAGENS.

5.2 A BUSCA DO AMOR AUTÊNTICO – O AMOR É UMA

CRIAÇÃO DE DEUS, PORQUE ELE MESMO É AMOR. A BÍBLIA
AFIRMA QUE DEUS É AMOR, QUER DIZER QUE O AMOR
ESTÁ ACIMA DE TUDO, E QUE NADA LHE É COMPARÁVEL. O
LIVRO É UM RELATO DA FIDELIDADE CONJUGAL. OLHANDO
O AMOR DESCRITO EM CANTARES SOMOS LEVADOS
DIRETAMENTE A VER ESSE AMOR, MAIS SUBLIME E MAIS
PURO QUE O AMOR HUMANO.
5.2.1 CÂNTICO DA FESTA DA PÁSCOA – ERA A PRIMEIRA DO
ANO RELIGIOSO DE ISRAEL QUANDO SE COMEMORA O
LIVRAMENTO DE ISRAEL E O INÍCIO DO RELACIONAMENTO
COM DEUS COMO UMA NAÇÃO SOB A ALIANÇA. CANTARES
DE SALOMÃO ENSINA COM HABILIDADE A VERDADE DIVINA
DO RELACIONAMENTO DO SENHOR COM SEU POVO, AO
DESCREVER O MODELO CARNAL DO MATRIMÔNIO. A
LEITURA DE CANTARES DÁ MAIS ÊNFASE À UNIÃO ESPIRITUAL
DA ALIANÇA.
TÓPICO 3
POESIA NO LIVRO DE CANTARES
1. INTRODUÇÃO - A POESIA É UMA CARACTERÍTICA MARCANTE
NO LIVRO DE CANTARES. SEU ENREDO DESENVOLVE COM
DECLARAÇÕES ROMÂNTICAS DE UM AMANTE PARA O OUTRO.
2. CANTARES COMO POESIA DE AMOR
ESTE GÊNERO É ENCONTRADO EM VÁRIOS SEGMENTOS DO
VELHO TESTAMENTO, VÁRIOS ESTILOS, DIVERSIDADE DE
LUGARES, CONTUDO COMPARTILHAM ELEMENTOS EM COMUM.
ESTES ELEMENTOS INCLUEM PELO MENOS O SEGUINTE:
• QUANDO SE DIRIGE A 3ª PESSOA, USA-SE A FORMA VERBAL DA
3ª PESSOA, MAS A MAIOR PARTE DO TEXTO PERMANECE A
CONSTRUÇÃO “EU-TU”.
• O TEMA MAIS COMUM, QUE APARECE É A ALEGRIA E A
EXCITAÇÃO QUE OS NOIVOS SENTEM QUANDO ESTÃO JUNTOS
(3:4)
• ELEMENTOS FAMILIARES NO POEMA SÃO AS DESCRIÇÕES
ELABORADAS DA BELEZA FÍSICA DA AMADA, ENFEITADAS POR
TERMOS ARDENTES E SENSUAIS. LIGADAS A ESTES ELEMENTOS
HÁ VÁRIAS COMBINAÇÕES DE IMAGENS COM PÁSSAROS E
ANIMAIS, PARALELISMOS FLORAIS, VESTUÁRIO, PERFUMES,
JOIAS, ETC. EXEMPLOS:(Gn 2:23; 4:1-15 e 5:10-16)
• COM FREQUÊNCIA É MENCIONADO “CASA”, OU, “UM
LUGAR ERMO”, MOSTRANDO A INTIMIDADE DO CASAL.
• FREQUENTEMENTE ENCONTRAMOS DESCRIÇÕES DE
EXTREMA ALEGRIA: AO ENCONTRAR-SE (4:9); AO OUVIR A
VOZ UM DO OUTRO (2:8); AO TOCAR-SE (2:6); AO BEIJAR-SE
(1:2); AO CHEIRAR-SE (7:8); AO ACARICIAR-SE (2:6)ETC.
TUDO ISTO CONDUZIDO AO RELACIONAMENTO SEXUAL
(7:12).
• TERMOS COMO “IRMÔ (5:1), “IRMÃO” (8:1), “REI”,
“RAINHA”, ETC. REFEREM-SE AO RESPEITO MÚTUO E
GRANDE INTIMIDADE.

A POESIA DE AMOR NO ANTIGO ORIENTE É MARCADA PELA

FRAQUEZA, PELA ABERTURA, PELA TERNURA, TUDO ISTO
MISTURADO COM ARDENTE EXPECTATIVA E DESCRIÇÕES
SENSUAIS EXPLICÍTAS, OBJETIVANDO O AMADO E A AMADA.
REFLEXÕES