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SUMÁRIO
Introdução
A longevidade do método de parábolas; O significado do termo parábola;
Asváriasdivisõesdalinguagemfigurada
;O v a l o r d a i n s t r u ç ã o p o r parábolas
;A missão da parábola
;A falsa e a verdadeira interpretação daparábola
;As múltiplas formas da parábola
Primeira parte — As parábolas do Antigo Testamento
Introdução
As parábolas dos livros históricos (Gênesis — Jó)
As parábolas de Salomão (Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos)
As parábolas de Isaías
As parábolas de Jeremias
As parábolas de Ezequiel
As parábolas de Daniel
As parábolas de Oséias, de Miquéias e de Habacuque
As parábolas de Zacarias e de Malaquias
Segunda parte — As parábolas do Novo Testamento
IntroduçãoAs parábolas e seu potencial na pregação;Parábolas como retratos falados;
As parábolas de acordo com um esboço ; Parábolas do início doministério; Parábolas
do f inal do ministério ; Parábolas da semana dapaixão.
As parábolas de João Batista
As parábolas do Senhor Jesus Cristo
em Mateus
em Marcos
em Lucas
Ausência de material parabólico em João
Instruções parabólicas em Atos
Instruções parabólicas nas epístolas paulinas
Instruções parabólicas nas epístolas universais
1
Instruções parabólicas em Apocalipse
Bibliografia
índice de assuntos
INTRODUÇÃO
Em todo o âmbito literário não há livro mais rico em
m a t e r i a l alegórico e em parábolas do que a Bíblia. Onde, por exemplo,
podemosencontrar parábolas, emblemas ou figuras de linguagem
comparáveisàquelas que os grandes profetas da antigüidade —dentre os quais Jesus,o
maior de t odos e l es — empregavam quando discursavam aos de
suaépoca? Sabendo do poder e do fascínio da linguagem pictórica, usavame
sserecursoparaaumentaroefeitodeseu
ministério oral. Comod e s c o b r i r e m o s e m noss o
e s t u d o s o b r e a s p a r á b o l a s d a B í b l i a , e s p ec ia lm e n te as
t rans mitidas pelo S enhor Jesus, veremos que são o mais perfeito exemplo
de linguagem figurada para mostrar e reforçar asverdades divinas.Em outro livro meu,
All the miracles of the Bible [Todos os milagresda Bíblia],
tratamos das diferenças entre
milagres
—parábolas em
ação
—e
parábolas
—milagres
em palavras.
N a d a h á d e m i r a c u l o s o n a s parábolas, que, na maior parte, são naturais
e indispensáveis, chamandoa atenção para a graça e para o juízo. Os milagres
manifestam poder emisericórdia. Westcott, no estudo
The gospels [Os evangelhos],
afirmaque a parábola e o milagre " são p er fe it a me n te correlatos entre
s i ; nap a r á b o l a , v e m o s a p e r s o n a l i d a d e e o p o d e r d o G r a n d e
O b r e i r o ; n o milagre, a ação geral e constante da Obra [...] naquela, somos levados
aadmirar as múltiplas formas da
Providência
e n e s t e , a r e c o n h e c e r a instrução vinda do
Universo".
No debate acerca dos vários aspectos do desenvolvimento e da de-m o n s t r a ç ã o
dométodoparabólicoencontradonaBíblia,
é i nteres s ante obs ervar quantos es critores do ass unto mencionam,
deforma elogiosa, a abrangente pesquisa de Trench em seu
Notes on the parables [ A notações sobre as parábolas ] .
O d r . G o r d o n L a n g , p o r exemplo, no "Prefácio" do seu livro
esclarecedor
The parables of Jesus[As parábolas de Jesus],
afirma que o trabalho do dr. Trench foi o únicoq u e e l e c o n s u l t o u a o
p r e p a r a r a s u a o b r a . " S e r i a s i m p l e s m e n t e u m atrevimento
tentar
escrever alguma coisa sobre as parábolas", diz o dr. Lang, "sem a orientação que
advém da perícia e da grande percepção dodr. Trench". Outros estudiosos
de parábolas,
entre os quais me incluo, s ã o u n â n i m e s e m r e c o n h e c e r q u e d e
vemmuitoaodr.Trench.Paraorientarpregadorese
estudiosos, apresentamos a seguir umaindispensável
introdução que trata dos mais variados aspectos da
parábola.
A longevidade do método de parábolas
Embora o uso das parábolas tenha sido característica ímpar do en-sino popular de Jesus,
visto que "Sem parábolas não lhes falava", não foiCristo o criador desse recurso
didático. As parábolas são utilizadas desdea antigüidade. Embora Jesus tenha
contribuído para os escritos sagradoscom parábolas inigualáveis e tenha elevado
esse método de ensino ao
mostraremosquantoaoNT,asepístolaseo
Apocalipsecontêmimpressionantesexemplosda
v e r d a d e d i v i n a r e v e s t i d a e m t r a j e s humanos.Embora os apócrifos
façam grande uso das figuras de linguagem, não há parábolas nos evangelhos
apócrifos. Entre os pais da igreja haviaum ou dois que se ut i l iz avam de
parábolas como meio de expressão. Trench fornece uma seleção desses primeiros
escritores da igreja, cujostrabalhos eram ricos em comparações. Entre os exemplos
citados, estáeste excerto dos escritos de Efraem Siros:
Dois homens iniciaram viagem a certa cidade, localizada acerca de 6 km. Uma
vez percorridos os primeiros q ui nh en to s m et ro s , encontraram um
l ugar j unto à es trada, em que havia b o s q u e s e á r v o r e s f r o n d o s
a s , a l é m d e r i a c h o s ; l u g a r m u i t o agradável. Ambos olharam ao
redor, e um dos dois viajant es , com a i ntenção de continuar a
caminhada
rumo à c idade dos seus desejos, passou apressado por aquele local; mas o
outro p r i m e i r a m e n t e p a r o u p a r a o l h a r m e l h o r e d e p o i s
r e s o l v e u permanecer um pouco mais. Mais t arde, quando começava
aq u e r e r d e i x a r a s o m b r a d a s á r v o r e s , t e m e u o c a l o r e
assimdeteve- s e u m pou c o m ais . A o mes m o tem po ,
a b s o r t o e encantado com a belez a da região, foi s u rp re en di do por
umafera s elvagem que ass ombrava a f l ores ta, sendo capturado
earrastado até a caverna do animal. Seu companheiro, que nãose descuidou em sua
viagem, nem se permitiu demorar naquelelugar, seduz i do pela belez a das
árvores, seguiu diretamente para a cidade.
Comparada com as parábolas da Bíblia, essa que acabamos de verparece um tanto sem
graça e infantil. Como demonstraremos mais tarde,as parábolas de Jesus são
magníficas na aplicabilidade, na concisão, nabeleza e no poder de atração.
Embora Cristo não tenha criado o recursod i d á t i c o d a p a r á b o l a , c e r t a m e
n t e o d o t o u d e e l e v a d a o r i g i n a l i d a d e , conferindo-lhe profunda
importância espiritual, com dimensões até entãodesconhecidas.
O significado do termo parábola
Embora estejamos inclinados a limitar o significado de
parábola
àsparábolas de Jesus encontradas nos três primeiros evangelhos, na verda-de o vocábulo
tem uma flexibilidade de emprego, pois abarca diferentesaspectos da linguagem
figurada, como os símiles, as comparações, osditados, os provérbios e assim por
diante.No AT a palavra hebraica traduzida por
parábola é m_sh_l,
que sig-n i f i ca provérbio, analogia e parábola. Com ampla gama de empregos,
essa palavra "cobre diversas formas de comunicação feitas de modo pi-toresco e
sugestivo —todas aquelas em que as idéias são
apresentadasnuma roupagem figurada. Em virtude de sua aplicação ser tão
variada,encontra-se na versão portuguesa diferentes traduções". A idéia central
de
m_sh_l
é "ser como" e muitas vezes refere-se a "frases constituídasem forma de
parábola", característica da poesia hebraica. O vocábulonunca é usado no
sentido t écnico e específico de seu correspondente neotestamentário.Pode ser
encontrado no discurso figurado de Balaão:
E n tã o p ro fer i u Bal a ã o a s u a p al avra . . . (Nm
2 3 : 7 , 1 8 ; 24:3,15).
O m esm o ter m o é usa d o e m d i t a d o s proverbiais
c u r t o s e substanciais:
Pelo que se tornou em provérbio: Está também Saul entreos profetas? (ISm 10:12).
Salmond observa que "nesse sentido a palavra é usada em referên-cia às máximas de
sabedoria contidas no livro conhecido como Provér-bios"; essas máximas se
apresentam em larga medida na forma de com-paração, como quando se diz:
Os tesouros da impiedade de nada aproveitam, mas a jus-tiça livra da morte
(10:2).M_sh_l
é o termo traduzido por
provérbios
e m 1 : 1 , e m 1 0 : 1 e n a frase:
. . . assim é o provérbio na boca dos t olos ( 26 : 7 , 9 ; v . l Rs 4:32).
Também é usado com respeito à frase de sabedoria ética de Jó:
Prosseguiu Jó em seu discurso... (27:1; 29:1).
É também usado em referência aos ditados obscuros, declaraçõesenigmáticas e
enigmas:
... decifrarei o meu enigma na harpa (Sl 49:4);... proporei enigmas da antigüidade (Sl
78:2).
E usado ainda como correspondente de figura ou alegoria:
Fala aos filhos de Israel... (Nm 17:2; 24:3).
C . W . E m m et , n o
D i c t i o n a r y o f t h e g o s p e l s [ D i c i o n á r i o d o s evangelhos],
organizado por Hastings, observa que "há cinco passagensn o A T g e r a l m e n t e
citadascomo a mais próxima representação da'parábola'
no sentido técnico do termo. Cumpre salientar que em
nenhuma dessas passagens se encontra a palavra parábola.
Como j ávimos, quando temos a referência "não temos o referente (a parábola
propriamente dita); de igual modo, quando temos o refer
e n t e , n ã o encontramos a referência".As parábolas de Nata (2Sm 12:1 -4) e de
Joabe (2Sm 14:6) são umtanto semelhantes, tendo uma história real com uma
aplicação forte. Aprimeira corresponde à
Parábola do credor e dos devedores,
e a de Joabetraz à mente a
Parábola do filho pródigo.
A
Parábola do profeta ferido
(lRs 20:39) conta com o auxílio de umadramatiz ação. " Em t odas as t rês
parábolas ", diz Emmet, " o objetivo é comunicar a verdade da história e
condenar o ouvinte mediante os co-mentários impensados que saem de sua
própria boca". Nos últimos doiscasos, o método t alvez i nclua a sus peita
de t rapaça, modalidad e não u t i l i z a d a p e l o n o s s o S e n h o r ; a
aplicaçãoda
Parábola dos lavradoresmaus
(Mt 21:33) tem sua origem em Isaías 5:1-6.A
Parábola da vinha do Senhor
(Is 5:1-7) é verdadeira, embora ape-nas pouco desenvolvida, e serve de exemplo da
relação entre a parábolae a metáfora. A linha divisória entre a parábola e a alegoria é
estreita (SI80:8).
A Parábola do lavrador
(Is 28:24-28) apresenta uma comparaçãoe n t r e o m u n d o
n a t u r a l e o e s p i r i t u a l , e n ã o há
narração.Conseqüentemente,oATfazgrandeusodas
p a r á b o l a s , m o s t r a n d o algumas vezes serem iguais em espírito, em forma e
em linguagem, comnotáveis semelhanças, às parábolas do NT. Nossa exposição
acerca dasparábolas do AT revela que podem ser divididas em três classes:•
narrativas,
das quais a das
Arvores
é um exemplo (Jz 9:7-15);•
predicantes,
conforme a encontrada na da
Vinha do Senhor
(Is5:1-7);•
simbólicas,
ilustrada pela
Parábola dos dois pedaços de pau
(Ez 37:15-22).No NT, o termo "parábola" assume uma variedade de significados
eformas, sem se restringir às longas narrativas dos
Evangelhos
que co-n h e c e m o s c o m o p a r á b o l a s d e C r i s t o . H á n o g r e g o
d u a s p a l a v r a s traduzidas por "parábola". O termo mais comum é
parábola,
que ocorre48 vezes nos evangelhos sinópticos sem nunca encontrar definição.
Os e u s i g n i f i c a d o s ó s e p o d e c o n j e c - t u r a r , t e n d o s i d o
a p r o v e i t a d o d a Septuaginta, que geralmente traduz o vocábulo hebraico
"parábola" por
parabol_.
Há sobretudo duas idéias presentes na raiz da primeira palavra, asaber,
"representar ou significar algo"; "semelhança ou aparência". Essetermo grego
s i gnifica " ao l ado de" ou " l ançar ou at i rar", t ransmitindoidéia de
proximidade, num cotejamento que visa a verificar o grau
desemelhança ou de diferença. Uma "semelhança" ou "pôr uma coisa ao l ado da
outra". Certo escritor disse que o vocábulo original s ignifica comandar
ou
governar,
como um príncipe cujos preceitos e ordens de justiça devem ser obedecidos pelo povo.
[Sobreadefiniçãodaparábola]
, e m q u e d i f e r e n c i a a p a r á b o l a d a alegoria, da fábula, do provérbio e
do mito.S
ÍMILE
. O vocábulo
símile
significa
parecença
ou
semelhança,
exemplificado no
Salmo dos dois homens:
"Será
como
a árvore plantada junto a ribeiros de águas [...] Os ímpios [...] são
como
a moinha que o vento espalha" (Sl 1:3,4).O
símile
difere da
metáfora
p o r s e r a p e n a s u m e s t a d o d e semelhança, enquanto a
metáfora
transfere a representação de formamais vigorosa, como podemos ver
nestas duas pas s agens : " Todos os homens são como a erva, e toda a sua
beleza como as flores do campo.Seca-se a erva, e caem as flores..." (Is
40:6,7); "Toda a carne é como aerva, e toda a glória do homem como a flor da erva.
Seca-se a erva, e caia sua flor..." (lPe 1:24).No
símile,
a mente apenas repousa nos pontos de concordância enas experiências que se
combinam, sempre alimentadas pela descobertade semelhanças entre coisas que
diferem entre si. O dr. A. T Pierson ob-serva que " a parábola autêntica é , no uso
das Es crituras , um s ímile, geralmente posto em forma de narrativa ou
usado em conexão com al-gum episódio". Portanto, parábolas e símiles se parecem.P
ROVÉRBIO
. Ainda que os princípios da parábola estejam presentes emalguns dos pequenos
provérbios, das declarações proféticas enigmáticase das máximas enigmáticas da
-
B í b l i a ( I S m 1 0 : 1 2 ; S I 7 8 : 2 ; P v 1 : 6 ; M t 24:32; Lc 4:23), no entanto,
diferem do provérbio propriamente dito, queé em geral breve, trata de assuntos menos
sublimes e não se preocupaem contar histórias. Os apócrifos reúnem parábolas e
provérbios num sógrupo: "Os países maravilhar-se-ão diante de seus provérbios e
parábo-las"; " Ele buscará os segredos das sentenças
importantes e estará fa - miliarizado com parábolas enigmáticas" (Ec 47:17;
39:3).Embora
parábola
e
provérbio
se- j am t ermos permutáveis no NT, Trench ressalta "que os chamados
provérbios
do
evangelho
de João ten-dem a ter muito mais afinidade com a parábola do que com o provérbio,e
são de fato alegorias. Dessa forma, quando Cristo demonstra que o re-
lacionamento dele com o seu povo se assemelha ao pa
s t o r c o m a s ovelhas, tal demonstração é denominada
provérbio,
embora os nossostradutores, mais fiéis ao sentido que o autor pretendia, a tenham
traduzi-do por
parábola
(Jo 10:6). Não é difícil explicar essa troca de palavras. Em parte deve-se a um
termo que no hebraico significa ao mesmo tempoparábola e provérbio". ( Cf. Pv
1 : 1 com ISm 10 : 12 e Ez 18 : 2 . ) De modo geral, provérbio é um dito sábio,
uma expressão batida, um adágio.M
ETÁFORA
. A Bíblia é rica em linguagem metafórica. A metáfora afir-ma de modo
inconfundível que uma coisa
é
outra totalmente diferente. Otermo origina-se de dois vocábulos gregos que
significam
estender.
Umobjeto é equiparado a outro. Aqui temos dois exemplos do uso de me-
táforas:
Pois o Senhor Deus é sol e escudo (Sl 84:11);Ele é o meu refúgio e minha fortaleza (Sl
91:2).
Dessa forma, como pode ser observado,
metáfora
é um termo co-nhecido por nós " na área da experiência que faz
sentido, e i ndica que determinado objeto, possuidor de propriedades especiais,
transfere-as ao u t r o o b j e t o p e r t e n c e n t e a u m a á r e a m a i s e l e v a d a ,
d e m o d o q u e o anterior nos dá uma idéia mais completa e realista das propriedades
queo ú l t i m o d e v e t e r " . N a s p a s s a g e n s s u p r a c i t a d a s , t u d o
o q u e é r e - lacionado ao Sol, ao escudo, ao refúgio e à fortaleza é transferido para
oSenhor. O Sol, por exemplo, é fonte de luz, calor e poder. A vida na Terradepende das
propriedades do Sol. Portanto, o Senhor como Sol é a fontede toda a vida.No evangelho
de João não existem parábolas propriamente ditas,mas há, entretanto, uma série de
metáforas impressionantes como:
Eu sou o bom pastor (Jo 10:11).Eu sou a videira verdadeira (Jo 15:1).Eu sou a porta (Jo
10:7).Eu sou o pão da vida (Jo 6:35).Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6).
A
LEGORIA
. Não é fácil distinguir entre
parábola
e
alegoria.
Esta últiman ã o é u m a
metáfora
ampliada
edeladifere
p o r n ã o c o m p o r t a r a transferência de qualidades e de propriedades. Tanto as
parábolas comoas metáforas abrangem expressões e frases, servindo para desvendar
eex pl i car a l gumas verdades ocultas que não poderiam ser
facilm ente compreendidas sem essa roupagem. Num verbete de Fairbairn
sobre as" p a r á b o l a s " , e m s u a r e n o m a d a
Biblical enciclopaedia [Enciclopédiabíblica],
ele diz: "A alegoria corresponde rigorosamente ao
q u e se encontra na origem da palavra. E o ensinamento de uma coisa por
outra,d a s e g u n d a p e l a p rim ei r a ; d ev
e ex ist i r umasem el h an ç ade
p ro pr ie da de s , uma s eqüência de
acontecimentos semelhantes de um lado e de outro; mas a primeira não toma o lugar da
segunda; as duas semantêm inconfundíveis. Considerada dessa forma, a alegoria, em
sentidomais amplo, pode ser tida como um gênero, do qual a fábula, a parábolae o que
geralmente chamamos alegorias são espécies".
A. alegoria,
explica o dr. Graham Scroggie, "... é uma declaração defatos supostos que aceita
interpretação literal, mas ainda assim exige ouadmite, com razão, interpretação moral ou
figurada". A alegoria difere daparábola por conter aquela menos mistérios e coisas
ocultas que esta. Aalegoria se interpreta por si só e nela "a pessoa ou objeto, ilustrado
por
algum objeto natural, é imediatamente identificado com esse objeto". Dizo dr. Salmond:
"Quando nosso Senhor conta a grande alegoria da vinha,do agricultor e dos ramos,
em que ensina aos seus discípulos a verdadesobre o relacionamento que ele
próprio tinha com Deus, começa dizendoque ele próprio é a videira verdadeira e seu
Pai, o agricultor (Jo 15:1).Desejando uma melhor compreens ão das f iguras de
l i nguagem mencionadas na Bíblia, recomendamos ao leitor a obra de grande fôlegodo
dr. E. W . Bullinger sobre o ass unto, a qual, sem dúvida, é o
melhorestudo j á feito sobre o método f i gurado empregado pela
B íblia. O dr. Bullinger lembra que há grande controvérsia sobre a defi nição
e signifi-c a d o e x a t o d e
alegoria
e d e c l a r a q u e , n a v e r d a d e , o s s í m i l e s , a s metáforas e as alegorias
são todos baseados na comparação.
Símile
é a comparação por
semelhança.Metáfora
é a comparação por
correspondência. Alegoria
é a comparação por
implicação.
Na primeira, a comparação é
afirmada;
na segunda, é
substituída;
na terceira, é
subentendida.
A
alegoria
é então diferente da
parábola,
pois esta é um símile continuado, enquanto aquela representa algo ou dáa entender que
alguma coisa é outra.Há uma
alegoria
a que Paulo se refere de modo inequívoco: " . . . Abraão teve dois filhos, um da
escrava, e outro da livre. Todavia, o queera da escrava nasceu segundo a carne, mas, o
que era da livre, por pro-messa. O que se entende por
alegoria..."
(coisas que ensinam ou dizemmais do está escrito — v. Gl
4:22,24). Bullinger chega a provar que
a ale-goria
pode algumas vezes ser fictícia; no entanto, Gaiatas 4 mostra queuma
história verdadeira pode ser a l egoriz ada ( ou seja, pode mostrar algum ensinamento
além daquele que, na verdade, se observa),
sem noentanto anular a verdade da história.
A alegoria é sempre apresentadano
passado
e
nunca no futuro.
Dessa forma, distingue-se da profecia. Aalegoria oferece outro
ensinamento com base nos acontecimentos dop a s s a d o , e n q u a n t o a profecia
t r a t a d e a c o n t e c i m e n t o s f u t u r o s e corresponde exatamente ao que se
diz.Hillyer Straton, em seu
A guide to the parables of Jesus [Guia das p a r á b o l a s d e J e s u s ]
, c o m e n t a q u e " a a l e g o r i a é uma
d e s c r i ç ã o codificada. Ela personifica coisas abstratas; não põe uma
coisa ao ladoda outra, mas faz a s u bs ti tu iç ão de uma pela outra. Cada
aspecto daalegoria se torna i mp or ta nt e ". O dr. S traton, então, acaba
por ci t ar amais famosa alegoria de t oda a l i t eratura,
O peregrino,
em que JohnBunyan usou a sua imaginação notavelm
e n t e f é r t i l p a r a r e s s a l t a r a verdade da peregrinação cristã.F
ÁBULA
. A fábula é uma narração f i ct í cia que pretende i l ustrar um princípio
ou uma verdade (Jz 9:8-15; 2Rs 14:9). A missão primordial dafábula é
reforçar o conceito da prudência. A
fábula,
usada poucas vezesnas Escrituras, está a quilômetros de distância da
parábola,
embora umap o s s a , e m a l g u n s m o m e n t o s , s e r s e m e l h a n t e à o
utranos aspectos
externos. Comparando qualquer das
fábulas
de Esopo com as parábolasde J e s u s , p e r c e b e - s e q u e a f á b u l a é u m
t i p o i n f e r i o r d e l i n g u a g e m figurada e trata de assuntos menos
elevados. Está associada à terra efocaliza a vida e os negócios comuns a todos.
Tem por função transmitirlições de sabedoria prudente e prática e gravar nas mentes
dos ouvintesas virtudes da prudência, da diligência, da paciência e do
autocontrole. T a m b é m t r a t a d o m a l c o m o l o u c u r a e n ã o
c o m o p e c a d o , a l é m d e ridicularizar as falhas e desdenhar os vícios,
escarnecendo deles ou ostemendo. Essa é a razão por que a fábula faz grande uso da
imaginação,dotando plantas e animais de faculdades humanas, fazendo-os raciocinare
falar. A parábola, no entanto, age numa esfera mais
sublime eespiritual e nunca se permite a zombaria
o u a s á t i r a . T r a t a n d o d a s verdades de Deus, a parábola é
naturalmente
sublime, com ilustraçõesque correspondem à realidade —nunca monstruosas
ou anti-natu-rais.Na parábola, nada existe contra a verdade da natureza. Fairbairn diz:
"Aparábola tem um objetivo mais admirável [...] A parábola poderia tomaro
lugar da fábula, mas não o contrário". Desejando informações acerca da
narrativa
mítica,
o leitor deve ler o parágrafo "Os mitos", de Trench. T
IPO
. Significa
marca
ou
impressão
e tem a força da
cópia
ou
do pa-drão
(ICo 10:1-10,11 —"exemplos"; na margem "tipos"). As parábolasunem os
tipos de um lado, e os milagres de outro. Todas as figuras delinguagem que a
Bíblia emprega são elos de uma corrente unida de for-ma inseparável; os elos
como um todo só podem ser desvinculados emdetrimento de alguns. O s
muitos tipos da Bíblia constituem um estudoindependente e fascinante.P
ARÁBOLA
.Apesardejátermostratadodanaturezada
parábola,
retornamos a título de resumo. Na
parábola,
a imagem do mundo visívelé emprestada e se faz acompanhar de uma verdade
do mundo invisívelou espiritual. As parábolas são os portadores, os canais da
doutrina e daverdade espiritual. Cumpre ressaltar que as parábolas não foram
feitaspara ser in te rp re t ad as de uma única forma. Em a l gumas, há
grandes disparidades e aspectos que não podem ser aplicados
espiritualmente.E s t ã o s e m p r e l i g a d a s a o d o m í n i o d o p o s s í v e l
e d o v e r d a d e i r o . O s discursos e as frases, cheios de sabedoria
espiritual e de verdade, sãochamados
parábolas
por dois motivos:1. por infundir um senso de culpa e a compreensão da
autoridadedivina;2. por ser a pedra de toque da verdade —normas que, portanto,devem
ser seguidas.A parábola já foi definida como "a bela imagem de uma bela men-te". A
parábola é também a justaposição de duas coisas que divergem namaioria dos seus
aspectos, mas concordam em alguns. "Os milagres", dizo dr. A.
T. Pierson, " ensinam sobre as forças
da criação; as parábolas, sobre as
formas
da criação. Quando a parábola for profética, estará
Antigo como do NT, foram muito extremistas. Se estavam ou não erradosem pensar
que havia um significado para todas as coisas é o que se temdebatido há
séculos.Agostinho é um exemplo notável dos que espremiam as parábolasp a r a e n s i
nar
algototalmenteforadoslimites.Aotratardo
e n s i n o tradicional da igreja (considerando as parábolas alegorias, em que
cadatermo repres entava o criptogram a de uma i déia, de mo do que o
t odoprecisava ser decodificado em cada termo), C. H. Dodd, em
The parablesof the kingdom [As parábolas do reino],
cita a interpretação de Agostinhoda
Parábola do bom samaritano:D e s c i a u m h o m e m d e J e r u s a l é m p
a r a J e r i c o s e r i a u m a referência ao próprio Adão; J erus além é a c i
dade
celes tia l da paz , cuja bênção Adão perdeu; J ericó é a l ua e repres enta
a nossa m or ta li d ad e, porque nasce, cresce, míngua e morre;os assaltantes são o
diabo e seus anjos;os quais o despojaram, i.e., lhe retiraram a imortalidade;e,
espancando-o, persuadindo-o a pecar;d e i x a n d o - o m e i o m o r t o ,
p o r q u e , q u a n d o o h o m e m compreende e conhece a Deus, vive;
mas, quando se entrega,sendo oprimido pelo pecado, está morto; por
causa disso, é chamado meio morto;o sacerdote e o levita, que o viram e
passaram de largo,r e p r e s e n t a m o s a c e r d ó c i o e o
m i n i s t é r i o d o A T , q u e n ã o continham a riqueza da salvação;o
s a m a r i t a n o s i g n i f i c a o g u a r d i ã o , e o p r ó p r i o J e s u s é conhecido
por esse nome;atou-lhe as feridas é o resgate do pecado;o óleo é o consolo da
esperança;o vinho é a exortação para trabalhar com ardor;a cavalgadura era a carne,
por meio da qual Jesus veio aténós; p o n d o - o s o b r e a su a
c a v a l g a d u r a é a c r e n ç a n a encarnação de Cristo;a
h o s p e d a r i a é a i g r e j a , e m q u e o s v i a j a n t e s r e c e b e m refrigé-rio
no retorno da peregrinação à pátria celestial;o outro dia significa o período
posterior à ressurreição doSenhor;os dois denários são os dois mandamentos
do amor, ou a promessa desta vida e da que está por vir;o hospedeiro é o apóstolo
Paulo.
O arcebispo Trench segue as linhas mestras de Agostinho, com umdetalhamento
ainda mais fértil. Outro exemplo desse tipo de interpre-tação se encontra
entre os intérpretes da Reforma e os católicos roma-nos, que encontraram um
grande significado para o óleo da
Parábola das
Antigo como do NT, foram muito extremistas. Se estavam ou não erradosem pensar
que havia um significado para todas as coisas é o que se temdebatido há
séculos.Agostinho é um exemplo notável dos que espremiam as parábolasp a r a e n s i
nar
algototalmenteforadoslimites.Aotratardo
e n s i n o tradicional da igreja (considerando as parábolas alegorias, em que
cadatermo repres entava o criptograma de uma i déia, de modo que o
t odoprecisava ser decodificado em cada termo), C. H. Dodd, em
The parablesof the kingdom [As parábolas do reino],
cita a interpretação de Agostinhoda
Parábola do bom samaritano:D e s c i a u m h o m e m d e J e r u s a l é m p
a r a J e r i c o s e r i a u m a referência ao próprio Adão; J erusalém é a c i
dade
celes tia l da paz , cuja bênção Adão perdeu; J ericó é a l ua e repres en t a
a nossa m or ta li d ad e, porque nasce, cresce, míngua e morre;os assaltantes são o
diabo e seus anjos;os quais o despojaram, i.e., lhe retiraram a imortalidade;e,
espancando-o, persuadindo-o a pecar;d e i x a n d o - o m e i o m o r t o ,
p o r q u e , q u a n d o o h o m e m compreende e conhece a Deus, vive;
mas, quando se entrega,sendo oprimido pelo pecado, está morto; por
causa disso, é chamado meio morto;o sacerdote e o levita, que o viram e
passaram de largo,r e p r e s e n t a m o s a c e r d ó c i o e o
m i n i s t é r i o d o A T , q u e n ã o continham a riqueza da salvação;o
s a m a r i t a n o s i g n i f i c a o g u a r d i ã o , e o p r ó p r i o J e s u s é conhecido
por esse nome;atou-lhe as feridas é o resgate do pecado;o óleo é o consolo da
esperança;o vinho é a exortação para trabalhar com ardor;a cavalgadura era a carne,
por meio da qual Jesus veio aténós; p o n d o - o s o b r e a su a
c a v a l g a d u r a é a c r e n ç a n a encarnação de Cristo;a
h o s p e d a r i a é a i g r e j a , e m q u e o s v i a j a n t e s r e c e b e m refrigé-rio
no retorno da peregrinação à pátria celestial;o outro dia significa o período
posterior à ressurreição doSenhor;os dois denários são os dois mandamentos
do amor, ou a promessa desta vida e da que está por vir;o hospedeiro é o apóstolo
Paulo.
O arcebispo Trench segue as linhas mestras de Agostinho, com umdetalhamento
ainda mais fértil. Outro exemplo desse tipo de interpre-tação se encontra
entre os intérpretes da Reforma e os católicos roma-nos, que encontraram um
grande significado para o óleo da
Parábola das
PRIMEIRA PARTE
AS PARÁBOLAS DOANTIGO TESTAMENTO
INTRODUÇÃO
É lamentável que quase todos os livros referentes às parábolas seatenham
apenas nas que proferiu o nosso Senhor, esquecendo-se do queo resto da Bíblia —além
dos quatro evangelhos— apresenta em matériade linguagem figurada. Perde tempo
quem procura um estudo expositivodas muitas parábolas do AT. G. H. Lang,
em
The parabolic teaching of Scripture [O ensino parabólico das Escrituras],
dedica cinco páginas aoassunto. O melhor tratamento dado às parábolas do
AT que conheço é
M iracles and parables ofthe Old Tes tament [ Milagres e parábolas
do Antigo Testamento],
p u b l i c a d o p e l a p r i m e i r a v e z e m 1 8 9 0 e a g o r a reimpresso pela
Baker Book House, de Grand Rapids, EUA. Certamentealguns dicionários
bíblicos trazem uma sinopse do ensino parabólico do AT, onde o termo
m_sh_ l
é empregado com ampla gama de significados.Como j á deix amos prever, há
apenas cinco t extos t idos como o equi - valente mais próximo da "parábola" em
sentido estrito, a começar pelaparábola do profeta Nata. Ainda assim, como
demonstrará o estudo quese segue, o AT faz amplo uso das ilustrações parabólicas.
Talvez o estudo mais completo e esclarecedor sobre o simbolismodo AT seja o de
Ada Habershon, em seu livro muito instrutivo The study o f t h e p a r a b l e s [ O e
studodasparábolas],
s í n t e s e d a q u i l o q u e n o s propusemos na presente obra. Aquele que
"falou-lhes de muitas coisaspor meio de parábolas" é o mesmo que inspirou
"homens santos da partede Deus" a escrever o AT; portanto, podemos encontrar
a mesma linhade pensamento em todos os livros. Muitas das parábolas, dos tipos e
dasvisões do AT ilustram e esclarecem os do Novo, provando a
maravilhosaunidade das Es crituras . Os que ouviram as parábolas de
J esus t i nham a l g u m a p e r c e p ç ã o d o e n s i n o q u e e m g e r a l s e
r v i a d e b a s e a o r i t u a l levítico e identificavam o sentido espiritual existente
nas cerimônias quedeviam realizar.Os judeus certamente se lembraram do maná
de Deuteronômio 8quando Jesus, em João 6, referiu-se a si mesmo como "o
maná", e tam-bém quando disse, em Mateus 4, que "não só de pão vive o homem".A
casa construída sobre a rocha com certeza reportou os ouvintes
de Jesus ao cântico de Moisés, em que Deus é considerado a Rocha
(Dt32:4).A
Parábola dos lavradores maus
lhes trazia à mente a
Parábola davinha do Senhor,
numa estrutura t extual praticamente i dêntica à de Isaías 5. Compare também
Isaías 27:3 com João 15.As festas de Levítico 23 devem ser
es tudadas cu id ad os am en t e, junto com as parábolas de Mateus 13 . Há
muitas analogias entre as festas anuais e esse grupo de parábolas.A lei sobre os
animais puros e impuros (Lv 11; Dt 14) passou a terum sentido mais profundo
quando Pedro viu aquele lençol descer do céu.A figura da casa por demolir
encontra correspondente no NT (cf. Jr 33:7 e Ez 36:36 com At 15:15-17 e Rm
11:1,2).A instrução a respeito da ovelha perdida é um maravilhoso comple-mento da
Parábola do Salvador
(cf. Dt 22:1-3 com Lc 15).Muitos acontecimentos da vida de José são ilustrações da
vida e doreinado de nosso Senhor.A narrativa da vinha de Nabote nos faz lembrar da
Parábola dos la-vradores maus,
retratada por Jesus.A
Parábola do juiz iníquo
assemelha-se à experiência da sunamita(2Rs 8), que clamou ao rei pela sua terra e pela
sua casa.A compra de um campo (Jr 32) vincula-se à
Parábola do tesouro es-condido
(Mt 13).A vestimenta do profeta Josué em forma de parábola (Zc 3) pode ser posta
lado a lado com a
Parábola do filho pródigo
(Lc 15).A v i s ã o d e Z a c a r i a s d o e f a c o r r e s p o n d e e m m u
itosaspectos à
Parábola do fermento.
Sobre o simbolismo dos Salmos, 78:2 pode ser associado a Mateus 13:34,35, o Salmo
1 a Mateus 24:45-51 e o Salmo 2 à
Parábola dos lavra-dores maus.
O Salmo 23 fica ainda mais precioso ao lado de João 10. OS a l m o 4 5 ,
q u e d e s c r e v e u m a noi v a e o s e u a t a v i o
e n c a n t a d o r , corresponde às Bodas do Cordeiro (Ap 19). O Salmo 19,
em que o noivosai de seu quarto e se alegra, como um homem forte que
participa deuma corrida, remete à encarnação do Verbo e ao retorno
glorios o do nosso Senhor Jesus.A m a i s b e l a d e t o d a s a s p a r á b o l a s
éada
Pequena cidade,
emEclesiastes 9:13-17, uma maquete do mundo, atacado por Satanás, masliberto pelo
Senhor Jesus. É interessante observar, nos livros de Provér-bios e
Eclesiastes, que muitos versículos contêm a mesma
l i nguagem simbólica das parábolas de nosso Senhor. Compare Provérbios 12:7,
24:3e 14:11 com Mateus 7 e ICoríntios 3. Os versos finais de Provérbios 4 nosfazem
lembrar de muitas parábolas do Senhor, especialmente daquelaque ensina aos
discípulos que a corrupção brota não daquilo que
entra
pela boca em forma de alimento, mas do que sai
da boca, em palavras.Em meio às palavras de Salomão, existem referências à se-
meadura e àsega. Compare Provérbios 11:24 com 2Coríntios 9:6; Provérbios
11:18 e22 : 8 com G aiatas 6 : 7 ; P rovérbios 11 : 4 , 28 com
a P a r á b o l a d o r i c o e Lázaro,
em Lucas 16 ; P rovérbios 12 : 12 com João 15 ; P rovérbios 28 : 19 c o m a
Parábola do filho pródigo;
Provérbios 13:7 faz referência ao quevendeu tudo o que tinha para que pudesse
comprar o campo e a pérola.Além das parábolas propriamente ditas e daquilo que se
aproximado que chamamos parábolas, há centenas de expressões, versículos
epalavras de natureza parabólica. Seria muito proveitoso nos deter-mosnos muitos
títulos dados a Deus no AT, como "Um Pequeno
Santuário","Fortaleza", "Mãe" etc, procurando mostrar o sentido espiritual
dessasf i g u r a s d e l i n g u a g e m . E s p e r a m o s q u e o s e x e m p l o s q u
e s e s e g u e m estimulem o estudo mais profundo desse aspecto envolvente da
verdadebíblica.
vendeu tudo o que tinha para que pudesse comprar o campo e a pérola.Além das
parábolas propriamente ditas e daquilo que se aproximado que chamamos
parábolas, há centenas de expressões, versículos epalavras de natureza
parabólica. Seria muito proveitoso nos deter-mosnos muitos títulos dados a
Deus no AT, como "Um Pequeno Santuário","Fortaleza", "Mãe" etc,
procurando mostrar o sentido espiritual dessasf i g u r a s d e l i n g u a g e m .
E s p e r a m o s q u e o s e x e m p l o s q u e s e s e g u e m estimulem o estudo mais
profundo desse aspecto envolvente da verdadebíblica.
AS PARÁBOLAS DOS LIVROS HISTÓRICOSParábola do monte Moriá
(Gn 22; Hb 11:17-19)E o Espírito Santo quem nos autoriza a classificar como parábola
oepisódio em que Abraão oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado au-tor da carta
aos Hebreus diz que, depois do ato de obediência de Abraão,Deus " em
f i gura o recobrou" ( 11 : 19 ) . A palavra t raduz i da por " f i gura" nesse
versículo é a mesma traduzida por "parábola" nos evangelhos. A
Versão Revisada
( em inglês) diz: " em parábola o recobrou". O ato de depositar Isaque
sobre o altar é uma representação parabólica da morte—parábola em gestos, não em
palavras—, e sua libertação foi, portanto,uma representação da ressurreição de
Cristo. A realização figurada doa t o p a s s a p a r a a n a r r a t i v a h i s t ó r i
c a : " P e g o u n o c u t e l o p a r a i m o l a r o filho..." (Gn 22:10). Essa frase, e o
fato de que Abraão cria que Deus erac a p a z d e r e s s u s c i t a r I s a q u e d a m
o r t e , r e v e l a a g r a n d i o s i d a d e d o sacrifício que o patriarca foi chamado
a fazer. É interessante observarq u e I s a q u e é o ú n i c o n a s E s c r i t u r a s ,
a l é m d e J e s u s , a s e r c h a m a d o "unigênito" (Gn 22:2; Hb 11:17).A fé deu a
Abraão o poder de a t ender à or dem divina ainda que implicasse a morte
de Isaque. Até o tempo de Abraão, ninguém jamaishavia re s s u s c it ad o da
morte, mas o pai da fé, crendo na promes sa de D e u s , t i n h a a
confiançadequeseufilho,umavezmorto,
p o d e r i a ressuscitar. Assim, quando Isaque estava sobre o a l t ar, na sombra
damorte, Abraão recebeu-o de volta à vida, pela graça de Deus.
Quando opatriarca disse aos seus servos " voltaremos a vós" ( Gn
22 : 5 ) , usou o idioma da fé. Abraão nunca duvidou da onipotência de Deus.E s
tanarrativa é uma figura impressionante da oferta do
F i l h o unigênito de Deus, que foi por escolha própria entregue "por todos nós"( R
m8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:1
6)
Adivergência, entretanto, nessa parábola em ação, é o fa
to deque,
o
átrio,
com o altar do holocausto e a pia de bronze,o
Santo Lugar,
com a mesa dos pães da proposição, o candelabrodeouro e o altar do incenso,o Santo
dos Santos,
com a arca da al i ança sobre a qual estava o propiciatório.Nem precisa muita
imaginação para vermos, nessas característicasex pressas, uma parábola sobre a
obra de Cristo na ordem em que se deu, desde o seu sacrifício vicário na cruz
até a descida do Espírito Santoregenerador e santificador, passando por toda a
sua jornada como Luzdo mundo, Pão da vida e nosso Intercessor além do véu, na
presença deDeus.O t abernáculo pode t ambém ser cons iderado uma
parábola quemostra como o crente pode aproximar-se de Deus em Cristo.O
átrio
passa a idéia de dois estados: remissão dos pecados pelosangue da expiação e
regeneração do espírito pela Palavra de Deus epelo Espírito Santo —
condições
da comunhão.O
Santo Lugar
ilustra as três
formas
da comunhão —a vida de luzcomo testemunho, a sistemática consagração interna e
a vida de cons-tante oração.O
Santo dos Santos
retrata o
ideal
eo
objetivo
da comunhão, emque "a obediência perpétua se parece com uma tábua inquebrável da
lei,a beleza do Senhor nosso Deus está sobre nós e todos os seus
atributosestão em perfeita harmonia com os nossos sentimentos e
atividades".Uma análise mais completa desse fascinante aspecto do estudo da
Bí-blia, o leitor encontrará no "Old Testament symbolism" ["O simbolis -
modo Antigo Te s t am en t o" ], capítulo do l i vro
T h e s t u d y o f p a r a b l e s [ O estudo das parábolas],
de Ada Habershon. Essa talentosa autora tem umpequeno livro,
Studies on the tabernacle [Estudos sobre o tabernáculo],
com muitos esboços claros e bíblicos que mostram como os detalhes dotabernáculo
foram "sombra dos bens futuros" e "figuras das coisas que estão no céu" (Hb 10:1; 9:23;
Cl 2:17; Jo 5:45).
As parábolas de Balaão
(Nm 22; 23:7,18; 24:3,15,20-23)Seis das dezoito ocorrências da palavra "parábola" no
AT estão as-sociados aos pronunciamentos de Balaão. George
H. Lang comenta que"as declarações proféticas de Balaão são chamadas
parábolas.
São assimc h a m a d a s p o r q u e o s p r o j e t o s e o s f a t o s l i g a d o s a
I s r a e l s ã o a p r e - sentados por meio de comparações, compostas na maioria de
elementosnão-humanos". Por estranho que pareça, as parábolas proféticas
desseinsignificante profeta estão entre as mais inconfundíveis e admiráveis doAT.
Todas elas "dão testemunho do chamado de Israel para ser o povo escolhido de J
eová," diz Fairbairn, " e das bênçãos que estavam reser - vadas para esse povo, as
quais nenhum encantamento, força adversa ou
maldição poderia t i rar; t ambém dão t estemunho da Estrela que des - pontaria de
Jacó e da destruição de todos os que a ela se opusessem".Qual era o
passado de Balaão, de Petor, e como veio a conhecer Balaque? Balaão praticava a
adivinhação,
que compreendia a leviandadee o engano t ão comuns nos países idolatras .
O fato de ser
ganancioso
fica claro quando ele declara que "o preço dos encantamentos " estava nas
suas mãos e nas dos seus cúmplices . Balaão " amou o
prêmio
dai n j u s t i ç a " . F o i e s s e h o m e m q u e B a l a q u e p r o c u r o u p a r a
r e c e b e r i n - formações. Os israelitas, seguindo viagem rumo a Canaã,
armaram suastendas nas regiões férteis da Arábia. Alarmados com o número
e com acoragem dos hebreus, que haviam recentemente derrotado o rei
Ogue, de
Basã, os moabitas temeram t ornar - se a próxima presa . Balaque, então,
foi até os midianitas, seus vizinhos, e consultou os seus anciãos, mas as
informações que recebeu eram de grande destruição.Esse caso, em que Deus faz
uso de um falso profeta para proferirparábolas divinamente inspiradas — prova
inequívoca do seu amor e dosseus desígnios para o seu povo—, mostra que o
Senhor, se necessário,lança mão do melhor instrumento que puder encontrar, ainda que
esseinstrumento contrarie a sua natureza divina. Deus disse a Balaão: "Vaic o m e s s e
s,masfalasomenteoqueeute
m a n d a r " . A o e n c o n t r a r Balaque, Balaão, já orientado por Deus, disse:
"Porventura poderei euagora falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha
boca, essafalarei". Quando cens urado por Balaque, rei de Moabe, por
t er aben - çoado Is ra e l , Balaão re spondeu: " Como amaldiçoarei o que Deus não
amaldiçoou? E como denunciarei a quem o Senhor não denunciou? [...]P o r v e n t u r
anãotereicuidadodefalaroqueoSenhorpôs
n a m i n h a boca?".E n t ã o , c o m p e l i d o a d e c l a r a r o q u e t
e r i a a l e g r e m e n t e o m i t i d o , Balaão irrompe num rompante de
poesia parabólica e prediz a bênçãoindiscutível do povo para cuja
maldição fora
contratado. Suas parábolassão de fácil identificação.Na primeira, o pensamento
principal é a separação para Deus, a fim de cumprir os seus desígnios:
"Vejo um povo que habitará à parte, eentre as nações não será contado" (Nm 23:9).Essa
escolha divina de Israel era a base das reivindicações de Deussobre o povo e a razão de
todos os ritos e instituições singulares que eledecretara para serem observados, pois
dissera: "Eu sou oS e n h o r v o s s o D e u s q u e v o s s e p a r e i d o s p o v o s .
P o r t a n t o f a r e i s dis tinção entre os animais l impos e os imundos [ . . . ]
Sereis para mims antos , porque eu, o S enhor, sou santo, e vos s eparei
dos povos para serdes meus" (Lv 20:24-26).Há também o cumprimento do antigo
propósito, pelo qual Deus "fi-x ou os l imites dos povos, s egundo o número
dos f i l hos de Is rael " ( Dt 32:8). Nessa parábola, que trata da separação de Israel,
uma ilustração éextraída do
solo
a b a i x o d o s n o s s o s p é s : " Q u e m p o d e c o n t a r o p ó d e Jacó...?" (Nm
23:10). Aqui temos uma referência ao imenso número dosd e s c e n d e n t e s
de Abraão, anteriormente comparad
o s à areia
e às
estrelas
(Gn 22:17). Alguns comentaristas vêem no pó
e na
areia
uma
uma
estrela
(cf. Nm 24:17 com Ap 2:28; 22:16). O
cetro,
símbolo comumda realeza, refere-se à poderosa soberania do Messias de Israel. O
ninho posto na penha
fala da segurança dos quenitas (Nm 24:21). Os
navios
que vinham da costa de Quitim eram uma alusão profética às vitórias deAlexandre, o
Grande (Nm 24:24).Embora de ce pc io na do , Deus ainda assim t i nha t odo o
direito decontar com os f rutos do seu povo no des erto. Não os t i nha
es colhido, redimido e abençoad o , faz endo deles seu t esouro
particular? Quanto mais não espera de nós, que fomos comprados com o precioso
sanguede seu querido Filho? Será que não o glori - f i caremos quando damosmuitos
frutos? (Jo 15:8). Não somos exortados a estar cheios do fruto da j ustiça? ( Fp 1 : 11 )
. Não t em um valor ex t remamente prático o fato desermos separados para ele e
justificados pela graça diante dele? A nossaposição privilegiada não deveria resultar
em sermos frutíferos em todaboa obra? (Cl
1:10).Não é pertinente que a parábola seguinte se volte para a segundavinda de
Cristo? A coroa de vitória é o adorno para a fronte daquele quechamou, separou,
justificou e abençoou o seu povo. "Vê-lo-ei, mas nãoagora; contemplá-lo-ei, mas
não de perto. Uma estrela procederá de J acó, e de Is rael subirá um cetro"( Nm
24 : 17 ) . Segundo certo co - mentarista: " A estrela refere - se à sua
primeira vinda; o cetro, à sua segunda vinda; e, como o falso profeta não o via
como salvador, proferea própria condenação". Trata-se do dia do juízo para os iníquos,
pois "Umd o m i n a d o r s a i r á d e J a c ó , e d e s t r u i r á o s s o b r e v i v e
n t e s d a c i d a d e " . A destruição será arrasadora e terrível, como diz Balaão: "Ai,
quem viverá,quando Deus fizer isto?" (Nm 24:23).
Parábola das árvores
(Jz 9:7-15)Essa parábola contada aos homens de Siquém por Jotão, filho maisnovo de
Gideão e único sobrevivente do massacre de seus 70 irmãos porAbimeleque (outro
irmão) é outra profecia em forma de parábola, umavez que se cumpriu.
Abimeleque, filho bastardo de Gideão, aspirava as e r r e i e p e r s u a d i u o s
ho m e n s d e S i q u é m a m a t a r t o d o s o s 7 0 f i l h o s legítimos de seu pai
(exceto o que escapou) e o proclamarem rei. Jotão,o sobrevivente, subindo
ao monte Gerizim, proferiu a parábola ao rei eao povo, fugindo em
seguida.Muitos estudiosos discordam da natureza parabólica do pronuncia-mento de
Jotão. Por exemplo, o dr. E. W. Bullinger,
em Figures ofspeech[Figuras de linguagem]
, diz: " Não se t rata de parábola, porque não há n e n h u m a
comparação, na qual uma coisa é equiparada a outr
a
[ . . . ] Quando árvores ou animais falam ou pensam, t emos uma fábula;
e,q uando essa fábula é ex pl i cada, t emos uma
alegoria.
S e n ã o f o s s e a oração explicativa 'fazendo rei a Abimeleque' (9:16), o que
a torna uma
alegoria,
teríamos uma
fábula".
O dr. A. T. Pierson refere-se a ela como" a p r i m e i r a e m a i s a n t i g a
a l e g o r i a d a s E s c r i t u r a s [ . . . ] U m a d a s m a i s lindas, de todas
as fábulas ou apólogos de todo o universo literário". O
Outraevidência dodesejodeDeusdetirarDavido
l a m a ç a l depreende-se da incomparável história que ele inspirou Nata a contar aorei.
Graças ao coração de pastor do rei , e le seria t ocado pela
his tória. Quando examina mos essa parábola i ncomparável, f i camos,
antes demais nada, impressionados com "Havia numa cidade dois homens".
Emc e r t o s e n t i d o , e r a m i g u a i s , c o m p a n h e i r o s e c o m p a t r i o t a
s.
P o r " d o i s homens", entendemos Davi e Urias, que, embora estivessem no
mesmonível como seres humanos, ambos sujeitos às leis de Deus, eram
porém,diferentes.Davi era, por nascimento, membro da privilegiada nação de Israel,a
qual Deus tanto abençoou de forma significativa, e dela tornou -se umgrande
rei.Urias era um súdit o do rei e , por opção, habitant e da cidade em que
Davi morava e reinava.Q uanto às qualidades , Davi e Urias eram " numa
c i dade dois ho - mens", visto serem ambos audazes, corajosos e valentes. Desde a
moci-dade, Davi era conhecido pela bravura, da mesma forma q ue
Urias, ohitita. Parte do t r i s t e pecado de Davi foi t er usado a bravura
de Urias para causar-lhe a morte.As diferenças entre os dos dois homens
retratados por Nata eramgritantes. H abitando " numa cidade", eram
como dois pólos quanto à posição social e aos privilégios: "um rico e outro
pobre". Deus, por suamisericórdia, t i nha dado a Davi muitas
r i quez as. Como era próspero! Todavia, essa benevolência divina pode mostrar- se
uma dádiva perigosa:" Riquez a s i gnifica poder para satisfaz er os
des ejos ou para realiz ar avontade". Temos um adágio que diz: "O
dinheiro fala alto". Aposição de Davi como dirigente rico lhe possibilitou regalar-se
em deleites ilícitos.O "pobre" era Urias, soldado do exército de Davi, e portanto obriga-
do a submeter-se à sua soberana vontade. A despeito da posição
menosp r i v i l e g i a d a , U r i a s t e v e a ç õ e s m a i s n o b r e s q u e a s
d o r e i . T a l d i f e - renciação apenas agravava o crime hediondo de Davi.A
parábola de Nata apresenta ainda outra oposição: "O rico tinhaovelhas e gado
em grande número, mas o pobre não tinha coisa nenhu-ma, senão uma pequena
cordeira". Davi, sendo rei e rico, possuía muitase s p o s a s , m a s U r i a s n ã o e
r a p o l í g a m o — t i n h a a p e n a s u m a e s p o s a , a quem dava t odo o
seu
amor. Da mesma forma que o r i co da parábola n ã o s o u b e a v a l i a r a
a f e i ç ã o d o s e u v i z i n h o p o b r e p a r a c o m a ú n i c a cordeirinha que
tinha, Davi também não conhecia o amor puro e exclusi-vo por uma só mulher. Que
contraste chocante há entre a paixão ilícitad e D a v i e o p u r o e
profundoamordeUrias!Comodisseoautorde
M iracles and parables of t he Old Tes tamen t [ M ilagres e parábolas
do Antigo Testamento]:
"O rio que se mantém em seu curso é uma bênçãopara o país em que se
encontra; mas o mesmo rio, quando destrói suasribanceiras e inunda a terra, torna-
se um meio de desolação e de destrui-ção. Assim se dá com a afeição lícita e com a
paixão ilícita".Quando a parábola foi desdobrada e o rei ouviu que o "homem rico[...]
tomou a cordeira do pobre, e a preparou para o homem que lhe ha-via chegado",
"o furor de Davi se acendeu sobremaneira", e consid erou
aquelericodignodemorteemrazãodaqueleatotão
desalmadoeimpiedoso.Ellicott,aocomentaresse
a s p e c t o d i z : " O s i m p u l s o s generos os de Davi não haviam
s i do des truídos pelo pecado, nem seu s e n s o d e j u s t i ç a ; o s e u
c a r á t e r i m p u l s i v o n o m e s m o i n s t a n t e ( I S m 25:13,22,23) o fez
indignar-se sobremaneira". Mas quão cabisbaixo ficouao descobrir que, por
planejar a morte de Urias, ele era o que matara acordeira do pobre.Com ousadia
e sem demora, Nata aplicou a parábola à consciência j á d e s p e r t a d e
D av i e diss e : " T u é s es s e h o m e m " . Davi,
a n t e s s ens ibiliz ado pelo sofrimento que o pobre t eria
e xp er im en t ad o ao versua cordeira t rans formada em al imento na mesa
do r i co, agora t e mc on s c iê nc i a de quanto o ferido Urias não t eria
sofrido naquele ato de sedução da sua amada esposa.2. O p
erdãodeDeus.
Culpado de um grande crime, Davi cons - cientizou-se da necessidade de uma grande
confissão —o que fez, assimque se identificou com a parábola: "Pequei contra o
Senhor". A respostade Nata foi imediata: "O Senhor perdoou o teu pecado. Não morre-
rás".C o n t u d o , e m b o r a o p e c a d o d e D a v i t e n h a s i d o
p e r d o a d o e , e m d e - corrência disso, ele tenha escrito os salmos 32 e 51,
muitas das conseqü-ências do ocorrido se mantiveram: "a espada jamais se
apartará da tuacasa". Será que não poderemos perceber agora o profundo
significado do"refrigera a minha alma" de Davi"? Se nós, como crentes, pecamos,
nãoimporta qual seja o nosso pecado, a promessa é: "Se confessarmos
osnossos
pecados , e l e é f i e l e j usto para nos perdoar os pecados , e nos purificar
de toda injustiça". Davi condenou-se a si mesmo de forma tãoa b s o l u t a
quanto condenara o rico da parábola e, com durad
o u r a e profunda dor, usufruiu mais uma vez do sorriso perdoador de
Deus.
Parábola dos dois filhos
(2Sm 14:1-24)É i nteres s ante comparar a par ábola da mulher de Tecoa
com aparábola acerca da cordeira, que acabamos de analisar. Essa
compa- ração é sobretudo importante porque ressalta as diferenças entre uma
eoutra. Novamente, Davi é o alvo da parábola. A da
Cordeira
foi proferidap o r N a t a , o p r o f e t a i n s p i r a d o ; a d o s
Dois i rmãos,
p o r u m a m u l h e r esperta, instigada por Joabe, que era "astuto, político e
inescrupuloso",capaz de "ler o caráter humano e discernir as motivações
humanas selhe fosse dada uma oportunidade, mesmo que pequena".A parábola de
Nata foi uma ardente condenação ao pecado duplode Davi, de sedução e de
assassinato; a parábola da mulher de Tecoaestava cheia de astúcia e de bajulação.
Aquela se baseava nos princípiosdivinos da verdade, da justiça e da retidão,
sendo proferida com toda asolenidade; esta foi um misto de verdade e de falsidade, e
de conclusõeserradas sobre Deus. A mulher que Joabe subornou para contar a
parábolaq u e e l e a r q u i t e t a r a n ã o s e n t i a d e f a t o o q u e , n a
verdade,erasóencenação.Elaprotagonizouu m
e s p e t á c u l o i m p r e s s i o n a n t e . S ó encenação. Assim, também o objetivo de
cada parábola difere. A de Nata
perguntou: " Que t ens? ". Então e l a contou a tocante his tória dos
doisfilhos que, brigando em um campo, um acabou sendo morto. Por
causad o a s s a s s i n a t o , o r e s t a n t e d a f a m í l i a s e r e v o l t o u e
e x i g i u q u e e l a entregasse o filho vivo para ser morto por causa do crime.
Quando elaclamou pela s egurança do suposto f i lho, Davi se comoveu
e diss e- l heque fosse embora, pois sua petição seria atendida: " não
há de cair no chão nem um cabelo de teu filho".A o d e s t r u i r a s d e f e s
a s e x t e r n a s d o c o r a ç ã o d e D a v i , a m u l h e r , i ns truída pelo
astuto
Joabe, dirigiu - se às defes as internas ; com uma graciosidade, uma sutileza e
uma humildade in-comparáveis, apresentouo apelo para o regresso e a segurança
de Absalão, embora ele tivesseassassinado o irmão. Ao penetrar no disfarce da
mulher, Davi detectou oestratagema de Joabe: "Não é verdade que a mão de Joabe anda
contigoem tudo isto?". A mulher prontamente confessou que todo o
esquemaera do chefe do exército. Davi então mandou chamar a Joabe e designou-o
para fazer "voltar o jovem Absalão". E assim o filho banido retornou.Ainda assim,
porém, não houve re co nc il i a çã o familiar imedia ta. D a v i o
p r o i b i u d e v e r a s u a f ac e e , p o r c a us a desse
r e g r e s s o "incompleto", o mal surgiu. Passaram-se dois anos até que pai e filho
see n c o n t r a s s e m n o v a m e n t e f a c e a f a c e . I r r i t a d o c o m a a ç ã
o d e D a v i , Absalão planejou uma cons piração para derrubar o próprio
pai e l hetomar o trono. Não estaria Davi colhendo com dor as conseqüências
dosseus pecados, nas quais se incluíam as transgressões de seus dois filhos?Amnom
era
culpado de sedução, e Absalão, de as s ass inato; ambos os crimes se vêem
no tratamento de Davi com Urias e com Bate-Seba. Podeser que a cons ciência de
seu duplo pecado l he t enha enfraquecido a determinação. Se tivesse punido o
filho Amnom como merecia, não teriahavido a necessidade de banir Absalão. Davi
estava amargamente certode estar colhendo o que havia semeado, e seus filhos
estavam apenasseguindo seus passos.3.
O significado espiritual da parábola.
M i l a n o s a n t e s d e C r i s t o morrer na cruz, para t raz er os exilados de volta a
Deus, a mulher de Tecoa teve um vislumbre da verdade divina, embora a tenha
aplicado def o r m a e q u i v o c a d a e a t e n h a p e r v e r t i d o p a r a
u m m a u i n t u i t o . " E l e também cria um meio de impedir que os seus
desterrados sejam afas-tados dele". Que poderoso evangelho essa mulher
inconscientementepregou! Deus não se vinga imediatamente, mas "espera para ser
gracio-so". Os pecados baniram o homem da presença de Deus, mas este pro -
porciona os meios de trazer o pecador de volta. Que meios ele criou?
Aencarnação, a morte e a ressurreição de seu amado Filho, com toda a certeza!
Deus amou um mundo de perdidos pecadores, e seu coração foià procura de banidos
que, quando retornam, não são aceitos de meio-coração, como Davi recebeu o
seu filho pródigo Absalão. Uma vez que opecador volte para Deus, a reconciliação
é completa, e o que retorna, salvo, é um com Deus, plenamente aceito no Amado.A
Parábola dos dois filhos,
que Jesus contou em Lucas 15, é o cor-respondente neotestamentário da
Parábola dos dois filhos,
de J oabe. Opai perdera um dos dois filhos, que se tornou um pródigo em
terra longínqua; mas seu amor acompanhou o rapaz obstinado, o qual, em
seur e t o r n o , t e v e u m a r e c e p ç ã o c o m p l e t a e r e c e b e u t a m b
é m a p l e n a e irrestrita bênção paterna e os privilégios de filho. O plano de
perdão e
derestauração de Deus foi mais longe que o de Joabe. Davi enviou o chefe do exército
para trazer Absalão de volta para casa. O coração paterno deDeus o compeliu a enviar
o seu Filho unigênito para morrer pelo pecado,para que os pecadores
pudessem ser plenamente reconciliados com Deus. Que surpreendente graça!
Parábola do profeta ferido
(l Rs 20:35-43)Essa parábola segue o padrão dos escritos proféticos, em que
aspalavras se fazem acompanhar de uma
encenação
parabólica (Jr 27:2; Ez12:7). Estas
parábolas encenadas
devem ter sido marcantes para os queas viram e ouviram.D e a c o r d o c o m
J o s e f o , e s s e " u m d o s h o m e n s " q u e e n c e n o u a pa rábola era
M icaías , f i l ho de In l á . O bviamente era r ep re s e nt an te deuma escola
profética. A morte pelo leão traz à mente a morte do profetade- s ob ed ie nt e,
relatada no capítulo anterior ( 13 : 24 ) . O propós ito da parábola era fazer
com que o próprio Acabe se condenasse. Um aspectosemelhante de condenação
está presente nas duas últimas parábolasque estudamos. Esta parábola, no
entanto, não gerou arrependimentoem Acabe, mas suscitou nele a teimosia e
a indignação característicasque mais tarde viria a demonstrar (21:4).O profeta
a l egou ser de i nspiração divina o seu primeiro pedi do, que teria sido a solicitação
de um louco, se não fosse "a voz de Senhor".Como Lang observa em seu famoso
Commentary [Comentário]:
" A pu- nição do homem que se recusou a obedecer à ordem do profeta prova,sem
dúvida a lguma, que a exigência era acompanhada de uma
expo- sição de motivos e da explicação de ser aquela uma ordem do Senhor".E
raessencialquenãosóaaplicaçãodaparábola
f i c a s s e e s c o n d i d a daquele a quem ela se dirigia, mas que também o que a
contasse nãofosse i de nt if ic a do . Por i sso o dis farce do rosto coberto.
Assim como o pescador procura ocultar tanto a si mesmo como o anzol,
usando paraisso uma isca, aqui, como no caso de Nata, o anzol da intenção
estavaescondido. Acabe não t i nha res peito pelos mens ageiros do
S enhor, equem quisesse enfrentá-lo precisaria disfarçar-se de ferido, para trazer aesse
rei desobediente a sua própria condenação.Quanto ao significado dessa parábola, apesar
de não ser muito cla-ra em todos os seus detalhes, uma coisa é incontestável,
como mostraLang: "o jovem que havia saído à batalha representa Acabe, e o
homemc o n f i a d o a o s s e u s c u i d a d o s , o q u a l e s c a p o u p o r
f a l t a d e a t e n ç ã o , representa Ben-Hadade. Israel tinha acabado de enfrentar
uma batalhadifícil e sangrenta, e tinha conquistado a vitória prometida; mas agora,na
pessoa de Ben-Hadade, o arquiinimigo que Deus havia entregue emsuas mãos, estava
livre e sem punição".Muitas l i ções podem ser extraídas dessa parábola. O profeta da
primeira
parábola,
como Jó chama a sua réplica no original, podem serfacilmente percebidas:1. a
decisão de não negar a sua integridade (27:2-6);2. a avaliação que faz sobre o destino
dos perversos (27:7-23);3. a magnífica avaliação da natureza da sabedoria (28);4 . a
comparação de sua vida antiga com a sua ex periência de então (29 e 30)
(Quão saudosamente Jó relata a sua antiga felicidade!);5. a declaração inequívoca
de inocência e de conduta irreprovável(31). Neste capítulo temos uma esplêndida
confissão de retidão.O termo usado por Jó e às vezes traduzido por "parábola" no que
serefere aos seus eloqüentes discursos, é
m_sh_l,
que significa
similarida-de,
mesmo vocábulo usado nas profecias de Balaão (v. tb. SI 49:4; 78:2).O termo acima é
também usado em sentido amplo e vago, englobandopoesia profética e também
proverbi-al (Nm 21:27).
Parábola da videira trazida do Egito
(Sl 80)Na verdade esse grande salmo apresenta uma variedade de figurasde linguagem
cativantes. Por exemplo, temos:1. A maravilhosa e conhecida metáfora do pastor,
uma das princi-pais des ignações do Senhor usada em relação a Is rael e
à i greia ( Gn 49:24; Jo 10:11).2. O pão de lágrimas (SI 80:5). Quantas provas e
tribulações, sofri-mentos e lutas o povo de Deus havia suportado.3. A vinha (SI 80:8-
11) é usada como emblema de Israel —símbolotão "natural e adequado que não
surpreende encontrá-lo repetidas vezesno AT e adotado no Novo" (Gn 49:22; Jo 15:1).
Israel foi tirado do Egito eplantado em Canaã. Sua sombra cobriu as
montanhas, seus ramos osrios, o que se refere aos l imites da t erra
prometida, do mar a t é o r i o Eufrates.4 . Os cedr os ( SI 80 : 10 ) . Os ramos
da vinha são comparados aos " c e d r o s d e D e u s " . A
p r o s p e r i d a d e d e I s r a e l e r a s e m e l h a n t e à exuberância da
mais magnífica de todas as árvores da floresta.5 . 0 j avali da selva ( SI 80 : 13 ) .
Essa é a única referência ao
javaliselvagem
na Bíbl i a , usada para res s altar o poder devas tador de certo opressor de
Israel, assim como o
crocodilo é
usado em relação ao Egito,e o
leão,
com respeito à Assíria. Mas Deus é capaz de proteger os seus de todas as forças
destrutivas (SI 80:14-19).Visita esta vinha, a videira que a t ua destra
plantou, o s armento que para ti fortificaste [...] Seja a tua mão sobre o
povo da tua destra,sobre o filho do homem, que fortaleceste para ti.A q u i t e m o s
" u m b o m e x e m p l o d e q u a n d o o p e n s a m e n t o p a s s a naturalmente do
sentido figurado para o literal". Esse salmo parabólicotermina em belo estilo ao
dirigir-se a Deus, com o refrão alcançando seutom completo, expressando a mais
plena confiança. Apesar das provasque nos são permitidas, Deus sabe preservar e
libertar os seus, como dizWhittier nestes versos:
O poder de um rei justo para dissipar o mal (20:8) pode ser postoao lado do efeito do
reinado de Jesus quando se assentar em seu trono( Mt 25 : 31 - 46 ) . Um j usto olhar
seu será o suficiente para emudecer os que estão sem as vestes nupciais.O provérbio
"O rei tem deleite no servo prudente" encontra eco
nasp a r á b o l a s e m q u e o s s e r v o s m o s t r a m p r u d ê n c i a p e l a
fidelidadenosnegócios,peladiligênciaemservirepela
constância em vigiar. EmProvérbios 8:34, o próprio S
e n h o r f a l a s o b r e a q u e l e q u e v e l a , a s s i m como Jesus fez nos
evangelhos: "Bem-aventurado o homem que me dáouvidos, velando
diariamente às minhas portas, esperando às ombreirasda minha entrada".Ao
referir-se ao caminho do
perverso e mostrar como evitá-lo (Pv4:20-27), Salomão usa uma linguagem
semelhante àquela utilizada nasp a r á b o l a s d e J e s u s , n a s q u a i s e s t e
e n s i n a a o s s e u s d i s c í p u l o s q u e a contaminação se origina não no
alimento que
entra
pela boca, mas naspalavras que
saem
do coração e dos lábios. "A importância de preservaro coração com toda a
diligência é o pensamento central da cadeia de sete preceitos básicos de Salomão. Esses
preceitos se dividem em doisgrupos: os t rês primeiros
mostram como a Palavra alcança o coração
pelos
ouvidos
e pelos
olhos;
os outros quatro ensinam que o coração governa o caminhar"."Não ensinou nosso
Senhor que 'a boca fala do queestá cheio o coração?'"Ademais, Salomão usa uma
grande quantidade de f i guras sobre semear e
ceifar
(Pv 11:18,24; 22:8; Ec 11:6), todas as quais podem serpostas l ado a l ado
com a
Parábola do semeador
e t ambém com a que Paulo escreveu sobre o mesmo tema (2Co 9:6; Gl 6:7).A P a
ráboladoricoeLázaro
( L c 1 6 : 1 9 - 3 1 ) é u m a e x p a n s ã o d o provérbio: "A riqueza nada vale
no dia da ira [...] Aquele que confia nassuas riquezas cairá" (Pv 11:4,28).Frases
como " os j ustos reverdecerão como a folhagem" e " a raiz dos justos produz o seu
próprio fruto" (Pv 11:28; 12:12) recebem novosignificado quando comparadas com
João 15. "... o que segue os ociososse fartará de pobreza" (Pv 28:19) resume a
experiência do
filho pródigo.
Quanto a Provérbios 13:7, refere-se ao que vendeu tudo o que tinha parac o m p r a r
umcampoeumapérola.Essaéaúnica vez que o termo
parábola
é encontrado em Provérbios (no original), embora, em sentidomais amplo,
seja às vez es ut i l izado em referência ao provérbio. Aqui Salomão diz:
"Como as pernas do coxo, que pendem frouxas, assim é oprovérbio
(parábola) na boca dos tolos", dando a entender que o cegoespiritual não
pode faz er uso de uma parábola para orientação assim como o coxo não pode fazer
uso de suas pernas aleijadas. Não era o que J esus t i nha em mente
quando disse aos seus discípulos: " Avós é dado c o n h e c e r o s m i s t é r i
osdoreinodeDeus,masaosoutrosfala-se
por parábolas, para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não entendam" (Lc8 : 1
0)?Hátambéma
Paráboladojovempobreesábio
(Ec 4:13-16).Embora seja difícil descobrir a ex ata associação
histórica dessa breve parábola, é fácil perceber que, no "rei velho e insensato",
Salomão nosdá um auto-retrato. Na aplicação da parábola, Ada Habershon diz
que "o
para o povo de Israel por ser um presente do seu Deus, sinal inequívocoda sua graça.
Aterra e a fé eram para eles inseparáveis". Essa é a razãode a terra ser retratada de modo
tão vivido. Robert Browning escreveu ar e s p e i t o d o p a í s s o b c u j o s c é u s
a z u i s e l e p a s s o u o s s e u s a n o s m a i s felizes:No meu coração, verás ao abrir,
vaia entalha, Em que outra coisa não se lê, senão
Itália.
Só precisamos l er o que os profetas t inham a diz er sobre a suaterra abundante para
saber que, com o mesmo entusiasmo, t ambém podiam declarar haver entalhado no
coração o nome
Canaã.
Entre os profetas, Isaías se destaca pelo uso de uma
l i nguagem esmerada. Ellicott diz o seguinte sobre esse grande poeta e
profeta deIsrael: "Os provérbios de Salomão, como sempre, de destaque na forma-ção
j udaica, o muniram de um vocabulário é t i co e f i l osófico
( 11 : 1 , 3 ; 33:5,6) e do método do ensino por parábolas (28:23-29), ensinando-
lhe aassentar os fundamentos da moral
no
t emor do Senhor". Isaías apre - senta uma notável versatilidade na escolha dos
paralelismos, das figurase das parábolas para reforç ar e impor sua
mensagem. O fato de que tinha grande inclinação para o uso de simbolismos pode ser
comprovadon o n o m e d e s e u s f i l h o s . E s c r i t o r t a l e n t o s o , c o m o
p a s s a r d o s a n o s o profeta ampliou o seu vocabulário, variando na fraseologia e
no estilo deacordo com a ocasião ou com a intensidade do que sentia. Diante de nósestá
a primeira das marcantes figuras de linguagem de Isaías, na qual oprofeta utiliza os
valores da parábola para contrapor o comportamentode Israel para com Deus aos
sentimentos normais de um relacionamentofamiliar —até os instintos de gratidão dos
animais de carga.Isaías inicia sua grande acusação de ingratidão e de iniqüidade
porparte de Is rael implorando a atenção do univers o: " Ouvi, ó céus, e
dáo u v i d o s , ó t e r r a " ( 1 : 2 ) . D e p o i s c o m p a r a o s f i l h o s d e
D e u s a o s q u e cresceram debaixo do cuidado de um pai amoroso. Deviam
retribuir-lhecom amor f i l i al e com res peito, mas tudo o que f iz eram
foi rebelar - secontra o controle do pai. Usa-se então uma figura de
linguagem muitoforte para ress altar a profunda de s o be di ên ci a e a
degradação de um povo divinamente abençoado. Os animais, que têm
instinto, conhecemos seus donos e obedecem às suas ordens , mas
Is rael recus ava - se areconhecer as leis do Senhor. Se a ingratidão do homem para
com outrohomem produz grande tristeza, a ingratidão do homem para com
Deusproduz profunda dor no coração deste.Com cores vivas, Isaías pinta os
diversos estágios de crescimentoda iniqüidade na nação da qual fazia parte.
Primeiramente o povo aban-donou a Deus, depois o desprezou e por fim apostatou
totalmente. Quãocontrário à natureza divina o povo tinha- se tornado!
O Santo de Israel
éo nome divino que Isaías gostava de usar (ocorre cerca de trinta vezes em
suas profecias) por reunir em si os conceitos de consagração, de pu-reza e de santidade.
Israel tinha sido projetado para ser "a nação santa",
A
provisão.
As " sebes" são uma f i gura de l i nguagem referente àproteção
providenciada, à posição natural de Canaã e aos obstáculos naturais que tornavam a
invasão do país muito difícil.
A preservação.
Quando se diz que Deus "a limpou das pedras", issos i g n i f i c a q u e s e u p o
v o t i n h a s i d o p r e s e r v a d o d e s e r s u b j u g a d o . E l e expulsou as
nações idolatras de Canaã, para que seu povo não deixassede segui-lo.O
privilégio.
P a r a D e u s , a v i n h a e s t a v a r e p l e t a d e " e x c e l e n t e s vidas",
expres s ão que se refere a Abraão, a quem o S enhor passou od i r e i t o
da terra de Canaã em solene aliança, de modo que ele foi
aprimeira videi-ra, da qual brotaria toda a casa de Isra
e l , a v i n h a d o S enhor. A ex press ão t ambém demons tra o
s entimento de Deus pelo povo israelita quando o estabeleceu na terra.A
punição.
Como a degeneração é característica do pecado, a boavinha tornou-se ruim e
repugnante ao seu dono, devendo ser descartada.A religiosidade formal, sem vida e
hipócrita de Israel tornou-se afrontosap a r a D e u s . A a u s ê n c i a d e f r u t o s
f o i a t r a n s g r e s s ã o d a n a ç ã o , e a infertilidade da terra veio a ser a
sua punição. Deus retirou as sebes dasua vinha, o que significa que retirou os
privilégios dos judeus e permitiuque afundassem ao nível dós povos vizinhos. A nação
tinha quebrado ass u a s c e r c a s p r i m e i r a m e n t e p e l a i d o l a t r i a e p o r
negligenciarasleisdivinas.Porcausadisso,osjudeusse
t o r n a r a m " c o m o o s f i l h o s d o s et íopes ", como retrata Amos ( 9 : 7 ) .
Mas Deus não se es quecerá total - mente do seu povo. Um futuro glorioso
aguarda a sua
vinha,
como Isaíasprofetiza de forma tão vivida.E s t e ú l t i m o p e n s a m e n t o é
a p r e s e n t a d o d e m a n e i r a c l a r a p o r Robinson, quando diz: "Isaías vivia
na teologia futura de Israel, enquantoPaulo t ratava dos ens inamentos do
passado. A
predição
é a p r ó p r i a essência de toda a mensagem de Isaías. Seus tempos verbais sãopre-
dominantemente futuros
e
perfeitos proféticos.
Isaías era, acima de tudo,um
profeta do futuro.
Com uma rapidez nunca vista, ele repetidas vezessalta do desespero para a
esperança, da ameaça para a promessa, doc o n c r e t o p a r a o i d e a l [ . . . ]
Olivro de Isaías é o
evangelho anterior aoEvangelho".
Parábola do consolo
(Is 28:23-29)E s s e é u m d o s g r a n d e s c a p í t u l o s d o l i v r o d e I s a í
a s e s e r v e d e introdução à série dos
seis ais
(28-33). Isaías sem dúvida era um profetade muitos
ais,
dos quais seis se encontram no capítulo 5. No capítulo 6, profere um
ai
para si mesmo: "Ai de mim".Aqui, Isaías começa convocando o povo a dar ouvidos à
parábola, aq u a l n ã o i n t e r p r e t a s e m l e v a r e m c o n t a q u e o s j u
í z o s d e D e u s s ã o sempre proporcionais às transgressões dos homens.E l l i c o t
t dizque: "a idéia presente nocerne dessa
p a r á b o l a assemelha-se à de Mateus 16:2-4: para discernir os sinais dos tempos,
oshomens deixam de empregar a sabedoria que utilizam na identificação
devemos entender "as canas de milho deixadas no campo pelo ceifeiro".Esse restolho
quebrado estava sujeito a ser carregado pelo primeiro ven-daval (Is 40:24; 41:2). Os
ventos do deserto varrem tudo e não há obstá-culos que os detenham. A solene
aplicação desse símile é que o castigocorresponde à perversidade do povo. "Como
seus pecados foram cometi-dos nos lugares mais públicos, Deus declarou que os
exporia ao francodesprezo das outras nações " ( Lm 1 : 8 ) . Talvez a
i r remediabilidad e dacondenação seja abrandada pela pergunta: "Ficarás limpo?
Quando?".Embora Jeremias aparecesse para negar a possibilidade de que tão
longoendurecimento no pecado fosse purificado
tão depressa,
havia, contudo,a esperança de que o leopardo pudesse mudar as suas manchas. "Nadahá
que te seja demasiado difícil" (Jr 32:17; Lc 18:27; Jo 1:7).
Parábola do oleiro e do barro
(Jr 18:1-10)Ao contemplar o trabalho do oleiro sobre as rodas, Jeremias passa aaprender
a lição de como Deus lida com as nações. A parábola continuouquando o profeta
foi ao vale do f i l ho de Hinom, para advertir o rei e o povo da destruição
que os acometeria. Assim como o oleiro despedaçavao vaso, eles seriam
condenados por não t er valor ( J r 19 ) . A f i gura do Oleiro j á fora
empregada em referência à obra da criação de Deus ( Is 29:16; 45:9;
64:8). Muito da linguagem figurada de Jeremias tem a in-fluência de Isaías.O
que mais impressionou tanto Isaías (29:16; 45:9) quanto Jeremias(18:4,6) foi o absoluto
domínio da vontade do oleiro sobre o seu barro, omistério e a maravilha de sua
capacidade criadora. Depois de observar ooleiro, Jeremias declarou aos judeus que
eles eram, apesar de tanto se j a c t a r e m d e s u a f o r ç a , t ã o f r á g e i s
q u a n t o o b a r r o e t ã o s u j e i t o s à vontade de Deus quanto o barro ao
oleiro. A posição e todos os privilégi-o s d e q u e d e s f r u t a v a m e r a m
p r o v i d ê n c i a s d i v i n a s , p a r a q u e f o s s e m vasos de honra. Mas, no
processo de formação, resistiram à vontade e aopoder do Oleiro celestial. Não se
deve perder de vista o fato de que "oteor completo dessa parábola, bem como
o conhecido caráter de Deussão
contrários
à conclus ão de que o Senhor t i vesse algum praz er nocaráter
degenerado de Is rael ou de alguma forma t i vesse co nt ri bu íd op ar a
esse estado". O vaso quebrado não era culpa do oleiro.
A lg um as ub s t ân ci a estranha no barro f rus trou seus esforços e
arruinou o seu trabalho.Essa parábola é de atos, não de palavras, visto que não há
registrode conversa entre o profeta e o oleiro. Enquanto Jeremias observava aobra
criada nas rodas, por meio do que
viu
pôde ouvir Deus
falar.
Depronto identificou o significado simbólico do oleiro e do barro, embora opróprio
oleiro não visse nada de parabólico em sua obra. Jeremias, con -tudo, aprendeu a
mensagem no vaso quebrado e assim desafiou a naçãoque frustrara o propósito divino:
"Não posso fazer de vós como fez este
Na
Parábola da botija,
o tema evidente é a
destruição.
Israel estavatão incorrigível no pecado e na rebeldia que parecia já não ter esperançade
recuperação. Aqui o barro já está endurecido. Qualquer remodelagemera impossível e,
por não servir ao propósito para o qual fora criado, nãohaveria outra medida senão
destruí-lo. Que solene e espantoso símbolod a o b s t i n a ç ã o d e I s r a e l ,
q u e r e s u l t o u n o d e c l í n i o d o s e u s i s t e m a nacional, político e
religioso!
Osanciãos,
tantodopovoquantodossacerdotes,eram
o s representantes do governo civil e religioso e, portanto, foram chamadospara
t es temunhar a parábola encenada e a profecia sobre t udo o
q ue co ns id er av am de mais precios o ( 19 : 10 ; Is 8 : 1 , 2 ) . " Deus
espalhou asnações e os seus representantes". Mais tarde, os judeus não
poderiama l e g a r d e s c o n h e c i m e n t o d a s p r o f e c i a s q u e s e u s
anciãos
tinhamrecebido.E algo significativo que o lugar em que o pecado foi praticado
tenhasido escolhido como o local da denúncia divina contra Israel. O própriolugar de
onde aguardavam o socorro dos seus ídolos seria o cenário deseu massacre. No vale
de Hinom a mais abominável forma de idolatriaera praticada. Tofete era o centro dos
sacrifícios a Moloque (2Rs 23:10)—
sacrifícios humanos a que Israel se viciara. Assim,
o l u g a r d e degradação testemunharia o castigo e a destruição,
exatamente comomais tarde aconteceu em Jerusalém, onde Cristo foi crucificado,
fazendoda cidade um lugar de terrível destruição.Quanto à quebra da botija diante
dos homens, esse ato parabólicorealça o direito e o poder divino de quebrar
os homens e as nações empedaços, como a um vaso de oleiro (SI 2:9). As imagens
bem conhecidasexpressam a soberania absoluta de Deus (Jr 18:6; Rm 9:20,21).
"... nãopode mais refazer-se" refere-se de modo trágico à ruína de Israel. Deus,como
divino oleiro,
quebra
o que não pode ser restaurado. Jeremias pro-fetizou o colapso e a dispersão de I
ST
rael —
nação
privilegiada— profeciaq ue se cumpriu plenamente na i nvasão dos romanos
( 70 d . C). Os t er - ríveis infortúnios desse capítulo foram escolha
de Israel; e o castigo porrejeitarem a Deus deveria ser pago.Embora a botija ou o
vaso do oleiro não possa ser restaurado, pode-se fazer outro do mesmo material, de
modo que há, para a felicidade deIsrael, uma profunda compaixão divina que a
parábola de Jeremias nãodeix a de apresentar. Deus recolheu os
f ragmentos do l ixo e fez surgir uma nova semente para os judeus —não
igual aos rebeldes destruídos,cuja ruína o profeta anunciou, mas a colocação
de outra geração no lu-gar deles. Paulo ensina que os f ragmentos
espalhados hão de se unir novamente e Israel se transformará num vaso de grande honra
(Rm 11).
Parábola dos dois cestos de figos
(Jr 24:1-10)Os capítulos de 22 a 24 dizem respeito ao mesmo período, a saber,o
reinado de Zedequias, após a primeira conquista de Jerusalém e o cati-veiro de seus
principais habitantes. Esses acontecimentos formam o ce-
nário da visão simbólica de Jeremias (v. Am 7:1,4,7; 8:1; Zc 1:8; 2:1). Seos cestos de
f i gos foram realmente vistos, então t emos um
ex emplo nessa parábola da capacidade do profeta-poeta de encontrar
parábolase m t o d a s a s c o i s a s — " S e r m õ e s e m p e d r a s e l i v r o s
e m r i a c h o s " . N o entanto, como Jeremias começa a parábola com as
palavras "Mostrou-me o Senhor", concluímos que o profeta recebeu uma mediação
especialde Deus. Seus olhos f í s i cos viram o oleiro nas rodas, mas foram
seusolhos espirituais que tiveram a visão dos figos. Em estado de consciênciae d e r
esponsabilidade,Jeremiasrecebeuamensagemdivina
para
Zedequias.
Figos muito bons
Um cesto continha figos bons, temporãos. Esse "figo que amadure-ce antes do
verão" ou " f ruta t êmpora da f i gueira no seu princípio" ( Is 28:4; Os
9:10; Mq 7:1) era tratado como a mais fina iguaria. No dia dacalamidade,
dois grupos distintos foram achados —os bons e os maus.Os "figos muito
bons" representavam os cativos levados para a Caldéia.Por meio deles, no
futuro, Deus restauraria os seus. Daniel, Ezequiel, ostrês jovens hebreus e
Jeconias (Joaquim) estavam entre os
bons
figos.Como essa parábola-profecia deve ter encorajado os
desesperançososexilados! Também serviu para repreender os que escaparam do
cativei-ro, os quais, julgando-se superiores aos exilados na Babilônia, injuriaramos
antepassados de Deus (Jr 52:31-34).
Figos muito ruinsRuim
é palavra portuguesa que abarca uma infinidade de sentidosde cunho negativo.
Cumpre salientar, porém, as acepções "inútil", "semmérito" e "estragado",
"deteriorado". Hoje, quando dizemos que uma fru-ta é ou está "ruim", em geral nos
referimos à qualidade do seu sabor, aof a t o d e n ã o s e r o u e s t a r m u i t o
p a l a t á v e l ( s e n d o o u e s t a n d o a z e d a , amarga, verde etc). De modo que
as acepções mencionadas acima decerta forma se perderam nas transformações
etimológicas da palavra ou,ao adjetivar outros substantivos, se perdem ainda na
subjetividade, im-precisão e abrangência do vocábulo. Lendo os
c l ássicos da l i t eratura, contudo, poderemos notar o emprego de ruim
com a idéia muito clara, em alguns casos, de "sem valor", "inútil".N o c e s t o d e
f i g o s i m p r e s t á v e i s , t ã o r u i n s q u e n ã o p o d i a m s e r comidos,
temos
um símbolo dos cativos de Zedequias e daqueles judeusrebeldes, indóceis e obstinados
que permaneceram com ele. Sobre essescairia o juízo divino (Jr 24:8-10). Os termos
bons e maus
são usados nãoem sentido abs oluto, mas como comparação e para
mos trar o castigo d o s m a u s . O s b o n s e r a m o l h a d o s p o r D e u s
com favor
(24:5). Deusestimava os exilados na Babilônia como quem vê bons figos com
bonsolhos e desfez o cativeiro "para o seu bem". Levando-os para a Babilônia,Deus
também os salvara da calamidade que sobrevi-ria ao restante danação e os
conduzira ao arrependimento e a uma condição melhor (2Rs 25:27-30).O
retorno do cativeiro babilônico e a volta a Deus eram resultado
animal de carga.
Canzis.
O canz i l em geral era um pedaço de madeira entalhado, fixado, em
cada extremidade, a um jugo. Esses dois jugos, então, eram postos sobre a
cerviz de dois bois a fim de uni-los. O fato de canzil estarno plural (27.1) significa
que Jeremias deveria usar um e dar os outrosaos mensageiros (28:10,12).Não é
mencionado como a ordem chegou a J eremias. O
profetasimplesmente declara: " Assim me disse o Senhor". Ellicott supõe que
Jeremias recebeu uma clara predi-ção simbólica, semelhante à que Isaíast e v e q u
andofoichamadoaandar"nue
d e s c a l ç o " ( I s 2 0 : 2 ) . P a - rabolicamente, Jeremias deveria se ver como
escravo e animal de carga,para ressaltar a aflição que estava por vir, que era a
subjugação do povo( v . At 21 : 11 ) . É muito evidente, entretanto, que
J eremias obedeceu à risca à ordem divina (Jr 28:10).O ato carnal de Hananias de
tomar o canzil do pescoço de Jeremiase quebrá-lo foi uma audácia ímpia e uma
demonstração de que Deus nãocumpriria a sua sentença. Como Hananias, que se dizia
profeta de paz,q u e b r a r a o s í m b o l o d a e s c r a v i d ã o , c o m i s s o
d e c l a r o u q u e o m e s m o aconteceria ao detestável cativeiro que o canzil
representava.A substituição dos "canzis de madeira" pelos "canzis de ferro" (Dt28:48)
realça a verdade de que, quando a aflição leve não é bem aceita,p e r m i t e - s e a f l i
çãomaispesada(Jr28:13,14).Osfalsos
profetasintimaramosjudeus a rebelar-se e desvencilhar-
s e d o c a n z i l d a Babilônia, leve em comparação com o que haveriam de
experimentar. Aoproceder assim, somente atraíram sobre si o jugo mais severo
impostopor Nabucodonosor. "É melhor carregar uma cruz leve pelo caminho
quep u x a r u m a c r u z m a i s p e s a d a s o b r e a c a b e ç a .
P o d e m o s e v i t a r a s providências destrutivas submeten-do-nos às
providências humilhantes.E s p i r i t u a l m e n t e , c o n t r a p o m o s o f a r d o
s u a v e d e C r i s t o a o c a n z i l d o cativeiro da lei" (Mt 11:28-31; At 15:10; Gl
5:1). Quando aceitamos o reto juízo de Deus sobre os nossos pecados, a aflição
passa a ser benéfica es a l u t a r . S e r e m o s s u r p r e e n d i d o s p o r u m j
u í z o a i n d a m a i s s e v e r o , s e , depois da condenação, continuarmos a
pecar (lCo 11:31). Se tivessems u b m e t i d o - s e a o m e r e c i d o c a t i v e i r
o, este
c u r a r i a o s j u d e u s d e s u a i dolatria. Na resistência à escravidão,
morreram.
A s s i m e x p r e s s a o poema inglês:
Conta cada aflição, quer suave, quer grave.Se um mensageiro de Deus for enviado a
ti, Aceita com cortesia a sua visita: desperta-te e inclina-te.E, antes que sua sombra
passe pela tua porta,Suplica permissão antes que seus pés celestiais saiam.Então coloca
diante dele tudo o que tens.N ã o p e r m i t a s q u e n e n h u m a n u v e m d e
s o f r i m e n t o s e apodere do teu semblante;Nem estrague a tua hospitalidade. A
história de amor Corrompeu as filhas de Sião com o mesmo ardor;
Cuja desenfreada paixão no pórtico sagradoFoi vista por Ezequiel.
Parábola das pedras escondidas
(Jr 43:8-13)É m a g n í f i c a a c o r a g e m d e J e r e m i a s d i a n t e d a r e j e
i ç ã o d e s u a mensagem divinamente inspirada. Evidentemente ele sabia que,
apesardas advertências, seu povo iria para o Egito e lá morreria pela espada,
pela fome e pela pestilência. A precisão de sua mensagem manifestou-
seimediatamente, e todos foram para o Egito, inclusive ele próprio, ondec o n t
inuouseu
m i n i s t é r i o d e d e n ú n c i a e d e a d v e r t ê n c i a . N ã o h a v i a declarado ser
completa loucura tentar fugir dos juízos decretados por Deus? T e m o s a q u i
outra das impressionant
e s parábolas encenadas.
Jeremias é instruído por Deus a pegar grandes pedras e escondê-las combarro no
pavimento à entrada do palácio de Faraó, à vista dos homens de Judá. Quão
s i gnificat iva foi essa parábola encenada para aqueles cujas mentes
estavam abertas para receber a implicação divina desseato. Apredição do
profeta fica ainda mais vivida quando nos lembramosque J eremias
escondeu as pedras no barro. Como vemos, esses atos simbólicos são
comuns nas Escrituras (Jr 19:10; 27:2; Ez 12:7 etc). O reise assentaria sobre
as pedras que Jeremias escondera, "não por merapompa real, mas com a
naturez a de um vingador a ex ecutar a i ra do Senhor contra a rebelião".
O símbolo visível do rei sentado nas pedrass i g n i f i c a q u e o t r o n o d e
N a b u c o d o n o s o r s e r i a e s t a b e l e c i d o s o b r e o s destroços do reino de
Faraó.Para os judeus, as
pedras
eram símbolos proféticos e históricos co-nhecidos. Transmitiram à posteridade alguns
fatos consumados e profe-tizavam acontecimentos que ainda iam se dar. Jacó e Labão
erigiram umaltar de pedras (Gn 31). Doze pedras memoriais foram postas por Josuéno
Jordão (Js 4:3,6,9,21). As duas tribos e meia construíram um altar depedra nas margens
do mesmo rio (Js 22). Em todo tempo, muitas pedraspermaneciam como um marco e
teriam a sua mensagem transmitida degeração a geração. Essa era uma antiga maneira
de preservar arquivos.Como as pedras foram t omadas do
solo egípcio, poderiam faz er Israel lembrar-se do cativeiro de seus pais e de
como Deus os livrou com"mão forte, com braço estendido". As pedras escondidas num
pavimentodevem ter lembrado o cativeiro e a perseguição dos antepassados e
decomo Deus fez das pedras um instrumento de castigo aos opressores doEgito ( Êx
9 : 8 ) . Enterrar as pedras s imboliz ava a condição pass ada e p r e s e n t e
dos judeus, enterrados sob a opressiva tirania do
domíniopagão.Aquelaspedras,comoseusignificado
p a s s a d o , p r e s e n t e e futuro, tinham por objetivo induzir os judeus indóceis
a buscar ajuda ep r o t e ç ã o n o ú n i c o l u g a r e m q u e p o d i a m
s e r e n c o n t r a d a s , a s a b e r , naquele para quem o seu povo sempre foi a
menina de seus olhos. Não ét a m b é m s i g n i f i c a t i v o , q u a n d o p e n s a m
os nessaspedras, o fato de a
procedimento com a corrupção reinante na época era tão severo quantoo de Jeremias",
diz Campbell Morgan, "e suas mensagens de condenaçãoeram i gualmente
s everas . Nunca recorria às l ágrimas como J eremias , mas a sua visão da
libertação final do povo pelo triunfo do Senhor eraainda mais nítida".Quanto ao
estilo de Ezequiel, sobejam as repetições, não como or-namento, mas para dar
força e peso. Sempre que as repetições ocorremnas Escrituras, referem-se a algo
que o Senhor deseja ressaltar: "Eu, oSenhor, o disse", "saberão que eu sou o
Senhor". Essas expressões sãousadas inúmeras vezes. "Veio a mim a palavra do
Senhor" é a conhecidaintrodução às profecias de Ezequiel e revela o chamado do
profeta paradeclarar a vontade de Deus e para f i rmar a sua
autoridade. A palavra favorita de Ezequiel em referência aos ídolos é usada perto
de 58 vezes.Em seu livro redundam as imagens, e às vezes t emos um misto de
figu-rado e l i t eral ( 31 : 17 ) . Os parale - l i smos poéticos t i nham por
objetivo e s t i m u l a r a m e n t e a d o r m e c i d a d o s j u d e u s . E z e q u i e l
v i u c o m m u i t a clareza o que estava diante dele e descreveu tudo com figuras cheias
designificado (Ez 29:3; 34:1-19; 37:1-14). Há também uma verdadeira forçal í r i c a
em seus cantos fúnebres (27:26-32; 32:17-32; 34:25-
3 1 ) . Em nenhum outro l ugar da Bíblia se vê uma l inguagem t ão
violenta comrespeito ao pecado quanto a de Ezequiel. Fairbairn, no estudo
On Ezekiel[Sobre Ezequiel],
refere-se ao caráter indiscutivelmente enigmático dealguns de seus
s ímbolos : " As s ociadas de forma ins eparável ao praz er q u e o n o s s o
profeta sentia no uso das parábolas e dos símbolos, ast
revas, se entendidas de forma correta, de modo a l gum divergiam de
seu grande desígnio de profeta. Seu objetivo principal era impressionar —
des pertar e es timular, des pertar pens amentos es pirituais e senti -
mentos nas profundezas da alma, trazendo-a de volta a uma confiançaviva e a
uma fé em Deus. Para tanto, embora fossem necessárias grandeclareza e força de
linguagem, os símbolos misteriosos e as admiráveisdelineações parabólicas
também seriam de utilidade. Por conseguinte, ainda que Ezequiel muitas vezes se
dirija ao povo na linguagem simplesd e a d m o e s t a ç ã o o u d e p r o m e s s a , é
t a m b é m p r ó d i g o d e v i s õ e s b e m elaboradas ( 1 : 8 ; 9 ; 37 ; 40 —
48 ) e ações s imbólicas ( 4 ; 5 ; 12 ) , faz endo u s o t a m b é md e
a n a l o g i a s ( 15 ; 3 3 ; 3 5) , d e p a r á b o l a s ( 17 ) e
d e demoradas alegorias (23); mesmo nas acusações, como a do Egito (29 -
32), ele às vezes se eleva à altura da mais ousada e eficaz poesia".Após essa
i ntrodução, j á estamos aptos a ex aminar a i nstrução p a r a b ó l i c a i n s p i r
adadeEzequiel,oqualsemprebuscoulograr
u m a representação concreta dos pensamentos abstratos. Possuidor de ricafantasia,
ele era no entanto tomado de emoções profundas, e sempre emsua mente estava a
consecução de um resultado prático definido.
Parábola dos seres viventes
(Ez 1:1-28)Embora haja um elemento de mistério associado a essa primeira
1. ...abriram-se os céus...
( Ez 1 : 1 ; v . Mt 3 : 16 ; A t 7 : 56 ; 10 : 11 ; Ap 19:11). Os céus abertos mostram a
aproximação misericordiosa de Deusem relação ao homem. Quando os céus estão
fechados, o homem nãotem acesso a Deus e não pode contar com a sua provisão.
2. ... visões de Deus...
(Ez 1:1; v. Gn 10:9; SI 36:6; 80:10; Jn 3:3; At7:20). O que Ezequiel experimentou
não foi nenhum transe ou alucina-ção, mas visões divinas, ou manifestações
de Deus, dadas pelo próprio Deus (Ez 8:3; 40:2).
3. ... a palavra do Senhor...
(Ez 1:3; 24:24). Somente nesses doiscasos Ez equiel fez menção do seu próprio nome,
e o faz como a lvo de uma comunicação concedida por Deus....
veio expressamente
significa "veio sem sombra de dúvida", comtotal comprovação de sua verdade. A
expressão "a palavra do Senhor",que ocorre repetidas vezes, tem em si a
força da inspiração divina (lTs 4:11).
4. ... ali esteve sobre ele a mão do Senhor...
(Ez 1:3; 3:22; 37:1; v.lRs 18:46; Dn 8:15; 10:15; Ap 1:17). O Senhor, por seu
poderoso toque,fortaleceu Ezequiel para a tarefa sublime e árdua de transmitir de
modopreciso a revelação divina recebida.Examinaremos agora os integrantes da visão
que o profeta teve daglória de Deus, que ocupam o restante do capítulo:1. ...
umventotempestuosoquevinhadonorte...
( Ez l : 4 ; v . J r 1 : 1 4 , 1 5 ; 4 : 6 ; 6 : 1 ) . E z e q u i e l a p r e n d e u c o m
J e r e m i a s q u e o v e n t o tempestuoso significa os justos juízos de Deus
(Jr 22:19; 25:32). O fatode vir do
norte
tem duplo significado. O
norte
era tido como o lugar emque Deus se assentava (Is 14:13,14). E foi do
norte,
ou seja, da Assíria eda Caldéia, que as forças inimigas invadiram Judá.2. ...
uma grande nuvem...
Esse quarto versículo poderia ser tradu-zido da seguinte forma: ". . .vi um vento
tempestuoso vindo do norte queprovocava uma grande nuvem". Ezequiel sabia que a
nuvem simbolizavaa manifestação de Deus e que, no Sinai, representava q
esconderijo damajestade divina ( Êx 19 : 9 - 16 ) . A
nuvem
e r a t u d o o q u e o s o l h o s h u - manos suportavam ver.3. ...
um fogo que emitici labaredas de contínuo...
(Ez 1:4; Êx 9:24).Certo texto bíblico lembra que o
fogo
é expressão da santidade de Deus:"... o nosso Deus é fogo consumidor" (Hb
12:29). O
fogo
toma conta detudo o que o cerca e, tragando para si, a tudo consome. Horrendas tem-
pestades se fazem acompanhar de nuvens negras às vezes iluminadas por relâmpagos.
Essa aparição natural se depreende da frase do profeta,que diz: "um resplendor ao
redor dela".4.
O centro do fogo tinha a aparência do brilho de âm
b a r (Ez1 : 4 , 2 7 ; 8 : 2 ) . O t e r m o o r i g i n a l t r a d u z i d o p o r
brilho
significa também"olho"; o
âmbar,
encontrado somente em Ezequiel, é em geral interpre-tado como alguma
forma de metal brilhante, que resplandecia quandofundido, se assemelhava
ao fogo, ou ainda ao bronze polido (Ez 1:7; Ap1:15), reluzente e
resplandecente pela luz das "labaredas de contínuo". Temos assim
"sobreposto à primeira aparição do fenômeno natural umolho brilhante ou
um centro da nuvem, a reluzir mesmo do centro do fogo.
5. ...
quatro seres viventes...
(Ez 1:5-26). Do centro da nuvem defogo surgiram esses seres simbólicos, não
existentes de fato. Na visão
velação de quatro aspectos".
Quatro
é o número da terra; assim, temos os quatro pontos carde-ais: Aborte, Sul,
Leste e Oeste —tendo o primeiro deles a mesma inicialda palavra novas
ou do vocábulo
notícias. O noticiário
proporciona in-formações desses quatro cantos do mundo. Além disso, os quatro
rostosrepresentam uma múltipla variedade e uma extraordinária distribuição de dons e
de particularidades associadas para um propósito: cada rostosimboliza as diferentes
qualidades da mente e do caráter.
Rosto de homem.
O
homem
é o mais admirável dos quatro seresmencionados, sendo o i deal que serve de
modelo aos outros t rês ( Ez 1:10; 10:14). O rosto é o sinal de inteligência
e de
sabedoria.
O homem éo c a b e ç a d e t o d o s o s a n i m a i s c r i a d o s . " O h o m e m e r a
o s í m b o l o d a manifestação [ . . . ] Manifestação passa a i déia de revelação
do melhor que a vida tem a oferecer, e o
homem
era o ho-mem-símbolo."
Rosto de leão.
Como o l eão é o rei dos animais selvagens, t emos aqui o símbolo da supremacia.
"Supremacia passa a idéia de reinado, e oleão era o símbolo do rei." O leão é também
o símbolo oficial de
poder
ede
coragem.R o s t o d e b o i .
O b o i é r e c o n h e c i d o c o m o o c a b e ç a d o s a n i m a i s domésticos e
simboliza
serviço, esforço perseverante, força
e
paciência.
"Serviço passava a idéia de sacrifício, e o boi era símbolo do servo."
Rosto de águia.
A águia é indiscutivelmente a soberana entre ospássaros, sendo "o emblema do que é
ardente, penetrante, elevado, mo-ralmente sublime e devotado".
Ou ainda: "a águia é símbolo do mistério,que t rans mite a idéia de algo
i nsondável, sendo também s ímbolo da divindade".Desde os pais da
i greja, os comentaristas da Bíblia vêem nesses quatro rostos uma inspirada
representação de Cristo nos quatro evange-lhos. Não é ele o único que reúne todas as
excelências?Em Mateus, vemos sua supremacia como
rei;
em Marcos, vemos seu serviço sacrificial como
servo;
em Lucas, vemos sua perfeita manifestação como
homem;
em João, vemos seu infinito e insondável ministério como
Deus.
Outros detalhes de importância parabólica são:
Cada um tinha quatro asas.
Movimento e rapidez na execução dospropósitos de Deus são as idéias presentes na
simbologia das asas, duasdas quais eram unidas uma à outra (Ez 1:6,11), fazendo supor
que todosse movimentavam de forma harmônica e num só impulso. As duas outrasasas
cobriam o corpo, o que denota reverência (Is 6:2).
Cada um tinha pernas direitas.
"As suas pernas eram direitas", i.e.,s em nenhuma dobra, como a que t emos
nos j oelhos. Por serem retas, e r a m i g u a l m e n t e a d e q u a d a s n ã o
apenasparaaestabilidade,mastambémparamover-seem
q u a l q u e r d i r e ç ã o . O f a t o d e s e r e m " a s plantas dos seus pés como a
planta do pé de um bezerro" implica que aparte do pé que se apoiava no chão "não era
como o pé do ser humano,
formado para mover-se apenas para frente, mas sólido e redondo comoa
planta do pé de um bezerro". "... luziam como o brilh
o d o b r o n z e polido" é um detalhe que contribui para o fulgor e para a
magnificênciageral da visão.
Cada um tinha mãos de homem debaixo das asas.
Essas mãos, àsemelhança de mãos humanas e a representar ação,
ocultavam-se sobas asas.
Asas
e
mãos!
Que combinação interessante! As asas transmitema idéia de
adoração;
as mãos, de
serviço.
As asas, contudo, cobriam asmãos, mostrando que, na vida do crente, o espiritual e o
secular andam juntos, o primeiro sempre prevalecendo sobre o segundo. A rotina
diáriae as t arefas comuns devem glorificar a Deus, da mesma forma que o aposento
de oração.
Cada um andava para diante.
Não se viravam quando i am. Com " q u a t r o r o s t o s " , o s s e r e s
o l h a v a m e m t o d a s a s d i r e ç õ e s ; e o s p é s redondos igualmente lhes
possibilitavam mover-se em qualquer sentido.Q u a l q u e r q u e f o s s e a r u m o
q u e t o m a s s e m , s e g u i a m s e m p r e " p a r a diante". Nunca desviavam do
curso divinamente prescrito. Que lição paranosso indócil coração avaliar!
Cada um tinha aparência de brasas de fogo ardentes e tochas.
Oprofeta não incorreu em
tautologia
ao usar "semelhança" (que denota aforma geral) e "parecer" (que denota o
aspecto particular).
Brasas defogo ardentes
(tochas ou relâmpagos) podem representar a intensa eabrasadora pureza de Deus
consumindo todas as coisas estranhas à suasanta vontade. Os relâmpagos que saíam do
fogo, subindo e descendo, eos seres viventes, saindo e voltando, denotando esplendor e
velocidade,e x p r e s s a m m u i t a s v e r d a d e s p r e c i o s a s . H á o
m a r a v i l h o s o v i g o r d o Espírito de Deus em todos os seus movimentos,
sem jamais descansar,sem nunca se cansar. O fogo ardente simboliza a santidade e a
glória deDeus. Os relâmpagos que saíam do fogo transmitem a solene idéia
deq u e , a s s i m c o m o a r e t i d ã o d e D e u s f a r i a o r a i o d e s u a i r a
c a i r s o b r e Jerusalém, também sobrevirá por fim à terra culpada.
Cada um t inha quatro rodas.
Rodas de imensas proporções são agora acrescidas ao querubim, mostrando que
uma energia gigantesca eterrível haveria de caracterizar as manifestações do
Deus de Israel. U mirres is tível poder apareceria agora nos t ratos de
Deus, que perfaz em uma ação perfeitamente harmoniosa, controlada pela vontade
suprema.Várias verdades podem ser extraídas de mais esse curioso simbo-lismo.Em
primeiro lugar, essas rodas de grande altura estavam na terra( E z 1 : 1 5 ) ,
depoisconectadasaotronocelestial(Ez1:26).As
r o d a s também tinham o brilho do berilo, o que se harmoniza, na visão, com
afreqüente menção de fogo e de luz brilhante. Em segundo l ugar,
umaroda estava dentro da outra. Isso refere-se a uma situação em que háu m
elemento misterioso, e envolvente. Essa roda apresentad
a
porEzequielnãoseriapossívelmecanicamente,eéusada
a p e n a s e m sentido parabólico. Uma roda estava num ângulo exato com a
outra, eseus movimentos eram inex pl i cáveis —" i am em qualquer das
quatro direções".As cambotas —
aros
ou
circunferências
das rodas— eram "cheias de
olhos"(v.Ap4:8:"pordentro,estavamcheiosde
olhos"). Essam u l t i p l i c i d a d e d e olh o s ( E z 1:18;
10:1 2 ) s i m b o l i z a o perfeitoconhecimentodeDeus
acerca de todas as suas obras e a absolutasabedori
a detodos osseusfeitos(2Cr16:9).Jamiesonfez
e s t e interessante comentário a respeito desse detalhe: "Vemos
simbolizadaaqui a
abundância de vida inteligente,
sendo o olho a janela pela qual 'oespírito da criatura vivente' nas rodas
( 1 : 20 ) percorre toda a t erra ( Zc 4:10). Como as rodas significam a
providência de Deus, assim os olhosquerem dizer que ele vê todas as
circunstâncias, e nada faz por impulsocego".Resumindo a mens agem do
mistério e do movimento das rodas, que são redondas para girar, sabemos que Ez
equiel viu o Senhor emmeio às estranhar rodas
giratórias do seu procedimento e em meio à irresistível energia de que
falou na qualidade de Espírito Santo. Comoforam construídas para se mover,
o
movimento
é o estado normal das r o d a s ; o
repouso
é e x c e ç ã o . Q u a n d o p e n s a m o s n a s l e i s d i v i n a s d a providência e da
natureza, percebemos que a sua característica normal éo m o v i m e n t o c o n s t a n t
e.
N a h i s t ó r i a d a s n a ç õ e s e d a s p e s s o a s , u m a co nt ec i m en to s empre
sucede a outro. " Na ordem e nos m ov im en to s g er a is do univers o, há
constante rotação, incessante movimento paradiante,
perfeita regularidade e imperturbável harmonia entre tudo o quepossa parecer obscuro
e complicado. Na qualidade de Intérprete de simesmo, Deus por fim esclarece todas as
coisas". A impressionante liçãon o m e c a n i s m o d a s
r o d a s , e n t ã o , é a r e p r e s e n t a ç ã o d o s i s t e m a d e influências físicas
e materiais e a representação de todo o andamento domundo f í s i co unido à s
i nfluências i ntelectuais e morais, s imboliz adas pelos seres viventes — tudo sob o
controle do trono celestial, existindopara a glória do seu Ocupante divino.P o r ú l t i
mo,temostrêsaspectosespecíficosda
g l ó r i a d i v i n a , observada por Ezequiel em sua visão, a saber: a voz,
o
trono
eo
arco-íris. A v o z .
Amesmapalavrahebraicanesseversículopoder
s e r t raduz ida por " ruído" e por " voz " . Por i sso, " o ruído das suas asas", " o
ruído de muitas águas", "a voz de um estrondo" e "uma voz por cima
dofirmamento" transmitem algo da impressionante "voz do
Onipotente".Quando a sua voz era ouvida, os seres viventes, acabrunhados por
seustons majestosos, s i l enciaram em reverência. " O forte ruído dos
seusmovimentos silenciou-se, e baixavam as asas sem mexê-las, todos ematitude de
reverente atenção".O
trono.
A divindade agora aparece na semelhança de um homementronizado. As
resplendentes referências ao trono, com a sua "aparên-cia de [...] safira", "como
o brilho de âmbar" e "como o aspecto do fogo",contribuem para exaltar a glória, a
santidade, o poder e a soberania da-quele que se assenta no trono. "Se nas profecias de
Isaías vimos o tronocom seus princípios f un da me nt a is ", diz Campbell
Morgan, " e nas de Jeremias descobrimos as at ividades daquele que
se assenta no t rono, nas de Ezequiel temos o desvendar da natureza de Deus".Não
temos aqui uma insinuação ou um prenuncio da encarnação do
Filho de Deus, que se tornou Filho do Homem para fazer dos filhos
doshomens filhos de Deus? Cristo não é apenas o representante da "plenitu-de da
divindade" (Cl 2:9); é igualmente o representante encarnado dahumanidade.
Não são boas novas o fato de o trono ser ocupado por al -guém que se apresenta
como "homem" e como "Salvador" e, ao retornarà t e r r a , a t u a r á c o m o
Juiz (Ap 19:11-16)? O profundosegredo
daesperançadeEzequieleraterconhecidootronoe
o s p r i n c í p i o s go ve rn am en ta i s aplicados por aquele que, como
Deus- homem, atua tanto a favor Deus como do homem.O
arco-íris.
"O arco [...] na [...] chuva" lembra o arco-íris, que Deusapresentou como símbolo da
firme aliança de sua misericórdia para comseus f i l hos, de quem não se
es queceria na condenação dos pervers os (Ap 4:3; 10:1). Além dos atributos
da sua terrível majestade, descrita porEzequiel, havia também a sua misericórdia
e benignidade. O esplendor,assim como o terror, circundam o trono. O "arco
que aparece na nuvemno dia de chuva" não é mera alusão ao fenômeno
natural do arco-íris,mas relaciona a visão de Ezequiel à promessa misericordiosa de
Gênesis9:13.Coberto pela glória do Senhor, que mais o profeta poderia fazer se-não
prostrar-se sobre o rosto e calar enquanto a Voz falava? A manifes-tação
direta e gloriosa de Deus em geral deixa o homem subjugado e sem palavras (Ez 3:23-
25; Is 6:5; Dn 8:17; Lc 5:8; 8:37; At 9:4; Ap 1:17).Vemos
aí também a nossa atitude quando assumimos qualquer trabalhopara Deus. Na
primeira visão de Ez equiel, o S enhor reuniu nessa re - velação inicial
de si próprio a essência de tudo o que haveria de ocuparsua missão profética,
como finalmente se deu na gloriosa visão que Joãoteve no apocalipse (ou na revelação)
de Jesus Cristo.Quanto ao s i gnificado geral das visões parabólicas de
Ez equiel, Ellicott chama a atenção para o fato de que foram vistas quatro
vezespelo profeta em várias associações com a sua vida ministerial:1. Quando chamado
para exercer o ofício profético (1:1-28).2. Quando enviado a decretar juízos sobre um
povo pecador e pre-dizer a destruição de Jerusalém e do templo (3:23 etc).3. Quando,
um ano e meio depois, tem a mesma visão, quando élevado a compreender
as maldades e as aborninações praticadas no templo e também a sua futura
restauração (11:23).4. Quando vê a presença do Senhor voltar e encher o
templo coma sua glória (43:3-5).
Parábola do rolo engolido
(Ez 2 e 3)Esses dois capítulos, que poderiam ser lidos como um, tratam
dochamado de Ezequiel ao seu ofício e das instruções para o serviço. A de-signação
" Filho do homem" é usada cerca de noventa vez es em refe - rência a
Ez equiel, apenas uma vez em relação a Daniel ( Ez 3 : 17 ) , e a mais
nenhum outro profeta. Cristo foi conhecido pelo mesmo título, umavez que veio para
representar o homem. O Espírito apoderou-se do pro-
feta, e, tendo recebido a ordem "põe-te em pé", que lhe enchia de cora-gem, estava
preparado para transmitir uma mensagem de condenaçãoao povo rebelde de Deus.
Como Ezequiel precisava de preparo divino ede coragem para a t uar como porta - voz
do Senhor à nação de Is rael, perversa e de coração
empedernido, que por onz e vez es é chamada "casa rebelde"!Os livros na
antigüidade eram confeccionados em formato de rolo, recebendo inscrição na frente
e no verso. O pergaminho em geral traziainscrições só no
interior,
quando enrolado. Mas esse trazia a mensagemde Deus, repleta de iminentes ais.
Estava escrito também no verso. Emsentido f i gurado, Ez equiel recebeu a
ordem de
comer
esse rolo. Não comer de
fato,
assim como não se come de verdade a carne de Cristonem se bebe o seu
sangue —como ensinam erroneamente os católicosromanos. Essa linguagem
figurada quer mostrar que Ezequiel precisavareceber a mensagem condena-
tória no seu coração e ser inteiramentetomado pelo que lhe estava sendo
transmitido (v. Jr 15:16; Jo 6:53-58; Ap10:9,10). Precisava digerir com a mente, e
o conteúdo desagradável damensagem deveria tornar-se, por assim dizer,
parte de si mesmo, a fimde transmiti-lo de modo mais vivido aos seus ouvintes.O s
doisefeitosdessaapropriação,diferenteumdooutro ,
é apresentado pelo profeta. O que comeu era " doce como o mel", mas, como
também o deixou "amargurado" (3:3,14), Ezequiel tinha primeirode
comer
e depois
falar.
O pregador que
fala
sem antes
comer
a Palavrade Deus é ineficaz. J amieson afirma: " O mensageiro de Deus
precisaapropriar-se internamente da verdade de Deus para transmiti-la". Comoa
ação s imbólica, externa, brotou d o í nt imo, a visão es piritual
t ornou mais impressionante a declaração profética." . . . d o c e c o m o o
mel " . A p r i m e i r a i m p r e s s ã o que
E z e q u i e l experimentou em conseqüência de sua missão profética foi de
deleite:"Deleito-me em fazer a tua vontade". De fato, a mensagem que deveriaentregar
era dolorosa, mas, por assumir a vontade de Deus como sua, oprofeta regozijou-se pelo
grande privilégio de levar aquela palavra aopovo. "O fato de que Deus seria glorificado
era o seu grande prazer"."... eu me fui, amargurado".
Feliz por ter sido chamado para ser o" porta- voz " de Deus, Ezequiel estava t r i
s t e por causa das iminentes calamidades que fora chamado a
anunciar. "... a mão do Senhor era fortesobre mim" mostra o poderoso impulso de Deus,
instando o profeta, seml e v a r e m c o n t a s e e s t a v a a l e g r e o u t r i s t e , a
t r a n s m i t i r a m e n s a g e m divina (Ez 3:14; Jr 15; 16; 20:7 -18; Ap 10:10). "A
ordem do Senhor eradoce; cumpri-la, amargo." Dessa forma, havia um misto de
prazer e detristeza quando Ezequiel executou a tarefa de que fora incumbido. Mas
aPalavra de Deus era fogo abrasador dentro dele; e ele não poderia recuar—
experiência pela qual todo mensageiro fiel de Deus é obrigado, commaior ou menor
amplitude, a passar.O capítulo termina com Ezequiel atônito no momento de
entregar asua mensagem agridoce. Como o povo se recusava a
ouvi-lo, a sua lín-gua se pegou ao céu da boca. Todavia, o Todo-Poderoso prometera
fazercom que pregasse no momento certo: "... abrirei a tua boca". Quanto aos
do corpo de maior des taque) mos trava que o fato de não incorrem
nac o n d e n a ç ã o s e r i a m a n i f e s t o a t o d o s ( J r 1 5 : 1 1 ; 3 9 : 1 1 - 1
8; Ap13:16;14:1,9). Na hora do castigo, Deus faz acepção
de
p e s s o a s . I s s o f i c a evidenciado no fato s entencios o de que o t errível
j uízo apres entado iniciou-se pelo Santuário (9:6). Deus não poupou os
anjos que pecaram,mesmo sendo
anjos.
3.
A visão de um trono
(Ez 10:1-22). O homem com o tinteiro, quepassou pela cidade para
marcar os que sus piravam e gemiam, agora obedece à ordem de passar
por entre as rodas, pegar nas mãos brasasacesas e espalhá-las pela cidade. Os
querubins, já vistos por Ezequiel, re-a p a r e c e m p a r a a s s i n a l a r o r e t o r
n o d a g l ó r i a d o S e n h o r . A q u i e s t ã o intimamente associados ao
processo de
condenação que Ezequiel passaa e x p o r . O h o m e m q u e a p a n h o u o f o g
o eo espalhou por Jerusalémpassou por entre as rodas, e
a g l ó r i a v i s í v e l d o S e n h o r , q u a n d o s e levantou do limiar, agora se
mescla às rodas e aos querubins. O objetivod e s s a v i s ã o e r a e v i d e n c i a r q u
eo
S e n h o r , e n t r o n i z a d o a c i m a d o s querubins, executava os seus justos
juízos por meio dos babilônios. Israela c h a v a - s e c o n d e n a d o d i a n t e d o
S e n h o r , o q u a l , p o r n ã o t o l e r a r o desprezo para com a sua
misericórdia, determinou todo o seu poder, nocéu e na t erra, para punir a
desprez ível ingratidão daqueles a q uem abençoara de modo tão especial.
Avisão revela, na perspectiva correta, alúgubre culpa de Israel e suas horrendas
conseqüências.
Parábola da panela e da carne
(Ez 11:1-25)De modo milagroso, o profeta foi levantado pelo Espírito e levado àúltima
porta, de onde a glória divina se tinha levantado, para testemu-nhar, na
pres ença dessa majes tade, uma nova cena de des truição. O profeta viu
25 homens, liderados pelos chefes do povo, reunidos com o iníquo propósito de
conspirar contra o rei da Babilônia. Esses homens sea c h a v a m s e g u r o s n a
c i d a d e , m a s E z e q u i e l , d i v i n a m e n t e i n s t r u í d o , denunciou - os
por sua l oucura e t ornou manifes ta a vingança de Deus contra eles.A f i
gura da
panela
é usada para ressaltar o decreto divino, peloqual esses homens
morreriam por causa dos seus pecados . Enquanto Ezequiel profetizava,
um dos chefes pereceu. Iludidos, eles achavam-ses e g u r o s d e n t r o d o s
m u r o s d a c i d a d e , c o m o a c a r n e n a p a n e l a é protegida do
fogo. Mas o profeta, sendo o porta-voz divino, afirmou que Jerusalém era
uma panela só no sentido de estar cheia de mortos. Nãohaveria lugar para se
esconder dos invasores. Arrancados de suas casas,os chefes sofreriam os juízos
divinos.O remanescente fiel, saindo de Jerusalém para o exílio, recebe mui-to
encorajamento. Privados da adoração no seu amado templo, o próprioDeus seria
como "um pequeno santuário" para eles. Deus também pro-metera trazê-los
de volta à terra e, uma vez limpos moral e espiritual-mente, reaverem os seus
privilégios.
Parábola da mudança
(Ez 12:1-28)Chegamos agora à segunda série de parábolas de condenação, emações e
em palavras, que se estende até o final do capítulo 14. Lamenta-velmente, também esses
sinais não quebraram o orgulho ímpio dos quese julgavam invencíveis!
Ezequiel recebeu ordens de à vista do povo fa-zer as vezes de um exilado
partindo de sua casa e de seu país, preparan-do os "trastes, como para mudança" e
levando-os de um lugar para ou-tro. O que o profeta retratou foi a casa rebelde de
Israel, com o príncipedeixando tudo para trás, exceto "os trastes", que "levará
aos ombros eàs escuras". O rei Zedequias seria levado cativo para Babilônia, mas
nãoa veria. Cegado, morreria sem ver a t erra dos seus c on qu is ta do re s
( J r 39:4-7; 52:4-11; 2Rs 25:1-7).Ezequiel estava encarregado de fazer ao povo outra
demonstraçãovisual, transmitida por um quadro falado de ações, a saber: comeria pãoe
beberia água com medo e cuidado e, por esse sinal, profetizaria as de-solações cue
sobreviriam a Jerusalém, quando seus habitantes teriam aes cas s ez de
provis ões comum em épocas d e s í t i o . O capítulo t ermina com duas
mensagens da parte de Deus (21 -25; 26-28) com o propósitode refutar
objeções, segundo as quais as profecias de juízo anunciadas havia t anto
t empo não se cumpririam senão num futuro remoto. Dois provérbios
tentam mostrar que a profecia não se cumpriu, sendo adiadapara um período muito
distante. Mas Ezequiel recebe a incumbência deanunciar a iminência do castigo
divino e o cumprimento de cada palavraproferida. Os pecadores que experimentam a
paciência, a tolerância e alonganimidade, escondem-se num falso refúgio se
acreditam que Deusnão executará a sua palavra a respeito da condenação derradeira,
casopersistam e morram em seus pecados ( v . Ec 8 : l l ; Am
6 : 3 ; Mt 24 : 43 ; l Ts 5:3; 2Pe 3:4). No capítulo seguinte, Ezequiel denuncia
os falsos profetase profetisas, que, com mensagens mentirosas, haviam dado ao povo
umf a l s o s e n s o d e s e g u r a n ç a , q u e o p r o f e t a c o m p a r o u a
u m a p a r e d e construída com arga-massa fraca, contra a qual o Senhor trará um
ventotempestuoso paraq ue seja furios amente devasta da com os que a
cons truíram ( Ez 13:10-16). As falsas profetisas, não mencionadas em nenhum outro
lugardo AT, aí se acham para uma menção especial e para um juízo específico( Ez
13 : 17 - 23 ) . O t rato severo de Deus com t odos esses falsos mensa - geiros e
adoradores será motivo de espanto (Ez 14:7-8).
Parábola do pau da videira
(Ez 15:1-8) T e m o s a q u i o u t r a e v i d ê n c i a d a d í v i d a d e E z e q
u i e l p a r a c o m o s grandes profetas anteriores, pois a sua
Parábola do pau da videira é
umsuplemento da
Paráboladavinha do Senhor,
deIsaías(Is5:1-7).
te desvias tanto, mudando o teu caminho?" (Jr 2:36). Ela não conhecia osseus
sentimentos, pois primeiro apaixonou-se pelos assírios (Ez 23:12) edepois enamorou-se
dos caldeus (23:16). Depois os seus sentimentos seafastaram deles (26:17). Tendo
compartilhado do pecado deOolá, Oolibá precisava t ambém incorrer na
mesma sorte ( 23 : 11 - 35). Ela representava Jerusalém, que deveria beber "o copo
de tua irmã[ . . . ] copo de espanto e de des olação" ( 23 : 33 ) . Como se
es queceu de Deus e o lançou para trás de suas costas, o terror e a desolação seriam
asua porção (23:35).As duas irmãs eram filhas da mesma mãe, mostrando que
Israel e Judá eram uma só nação, nascida de uma só ancestral, Sara. Ambas, po-rém,
no início de sua história, praticaram a idolatria (Js 24:14; Ez 26:6-8).A i n d a j o v e n
s,quando recebiam extraordinários benefícios de Deus,
voltaram o coração para outros deuses (16:6). Agora ambas incorrem no juízo divino.
Os pecados de Israel e de Judá são enumerados e, graças àtransgressão em
comum, merecem o mesmo castigo.
As mulheres
signi-f i ca " as nações". Os j uízos que sobre - viess em a Is rae l e a Judá
s eriampara sempre um monumento notável da severa jus tiça de
Deus. Com linguagem forte, Ezequiel refere-se à perversidade das alianças feitascom as
nações vizinhas, referindo-se também à justeza da punição sobreas adúlteras. "Com a
imagem do método hebreu de tratar do pecado deadultério, a saber, o apedre-jamento, o
profeta apresenta o quadro deu m c o n s e l h o c o n t r a
JerusalémeSamariaaexecutaressejuízoeadestruiropovo
p o r c o m p l e t o . " C u l p a e p u n i ç ã o s e m e s c l a m n u m s ó quadro (Ez
23:36-49). O salário do pecado foi completamente pago àsirmãs. Não apenas
elas foram apedrejadas e mortas, mas seus filhos esuas habitações foram
destruídos (Ez 23:43). "A história de Oolá e Oolibád e l i n e i a a t r á g i c a i r o n
iado pecado humano", lemos em
The biblicalexpositor [O comentarista bíblico].
"Assim como os amantes de Samariae de Jerusalém são seus executores, também o
pecado traz dentro de sio aguilhão da morte."Como Israel e Judá trocaram o verdadeiro
Deus por deuses falsos, foram severamente punidos e por isso servem de advertência às
naçõese aos homens. As "cidades da campina" (Gn 13:12), já soterradas, aindafalam do
juízo de Deus ao mundo; da mesma forma, Samaria e Jerusalémhá milhares de anos
anunciam a retidão. Triste é que tenham demoradoa apr ender que
só podem ser feliz es e prósperas t endo o verdadeiro Deus como Senhor.
Parábola da panela fervente
(Ez 24:1-4)Na última profecia dessa seção de seu livro, Ezequiel relaciona
am i s s ã o q u e r e c e b e u d a s m ã o s d e D e u s a o s a c o n t e c i m e n t
o s d e s u a época. No dia exato em que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém,
ofato foi revelado a Ezequiel na Caldéia, o qual também recebeu ordens d e t o
rnar
manifesto,pormeioda
Parábola da panela fervente,
serchegada a hora da condenação de Is r ael. Temos aqui uma parábola
específica;nãoumaaçãoparabólica,masapenasuma
p a r á b o l a proferida ao povo em linguagem que denotava ação. J erusalém j á fora
apresentada como uma
panela
( Ez 11 : 3 ) , num provérbio acerca da autoconfiança do povo, que seguia o
próprio espíritoe não o de Deus: "esta cidade é a panela, e nós a carne". A
linguagem jactanciosa de Israel estava a ponto de se concretizar na história e
naexperiência, mas com um sentido diferente do pretendido pelo povo. Porser bem
fortificada, a cidade foi comparada a uma panela de ferro, e os habitantes sentiam-se
seguros dos ataques externos, assim como a car-ne dentro da panela está defendida
contra a ação do fogo. Infelizmente,no entanto, o povo não acreditaria em quanto
haveriam de ser fervidos!Ez equiel está diz endo em sua parábola,
para t odos os efeitos, " o t eu provérbio se mostrará terrivelmente verdadeiro, mas não
no sentido quepretendes. Assim, longe de beneficiar-se com uma defesa contra o
fogotão potente quanto à da panela de ferro, a cidade será como uma
panelasobre o fogo, e o povo como muitos pedaços de carne
s ubmetidos ao calor intenso" (Jr 50:13).Então o profeta aplica a
Parábola da panela fervente
com t oda a franqueza, declarando que Jerusalém era de fato uma panela. Ele recorreà
figura da segurança utilizada pelo próprio povo e a emprega contra ele,u s a n d o - a
"orno símbolo de juízo, não de segurança. Há prec
i s ã o de linguagem na referência à destruição da cidade e de seus
moradores....
todos os bons pedaços [...] ossos escolhidos...
Aqui o profeta serefere aos mais distintos do povo. Não eram ossos comuns, mas
"esco-lhidos",
dentro
da panela com a carne presa a eles....
debaixo da panela [ . . . ] os seus ossos...
São ossos sem carne, usados como combustível. São os mais pobres, que sofrem
primeiro e deixam de sofrer antes dos ricos, que suportavam o que corresponderiaao
fogo baixo no processo de fervura....
faze-a ferver bem [...] ossos [...] ferrugem...
A palavra traduzidaaqui por
ferrugem
ocorre quatro vezes no capítulo, e em mais nenhumoutro lugar. Talvez queira mostrar
que Jerusalém era como uma panelacorroída e digna de destruição. Então essa ferrugem
prejudicial simbolizaa impregnante perversidade do povo.
Não eram apenas os pobres dacidade, pois tanto ricos quanto pobres haviam
chafurdado na imundíciedo pecado.
Tira dela a carne pedaço a pedaço...
Tanto o refugo quanto o seletoestavam condenados à destruição; o conteúdo da
panela, a carne, seriaretirado no processo de condenação. A cidade e o povo não
seriam des-truídos s imultaneamente, mas numa seqüência de
a t aques. Todas as classes participariam da mesma sina, mas "pedaço a pedaço".
Sofreriamos ardentes horrores do cerco, mas experimentariam a l go muito pior
quando fossem arrancados da cidade por seus conquistadores....
não caia sorte sobre ela...
para determinar quem será salvo dacondenação; todos foram igualmente punidos,
independentemente daclasse, idade ou sexo....
sangue[...]sobreumapenha...
O p ov o hav er i a d e s e r desmascarado, e a condenaç
ãoseria patente a todos.
"Sangue
éa