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E-books Evangélicos

Todas as PARÁBOLASda BíbliA

SUMÁRIO
Introdução
A longevidade do método de parábolas; O significado do termo parábola;
Asváriasdivisõesdalinguagemfigurada
;O v a l o r d a i n s t r u ç ã o p o r parábolas
;A missão da parábola
;A falsa e a verdadeira interpretação daparábola
;As múltiplas formas da parábola
Primeira parte — As parábolas do Antigo Testamento
Introdução
As parábolas dos livros históricos (Gênesis — Jó)
As parábolas de Salomão (Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos)
As parábolas de Isaías
As parábolas de Jeremias
As parábolas de Ezequiel
As parábolas de Daniel
As parábolas de Oséias, de Miquéias e de Habacuque
As parábolas de Zacarias e de Malaquias
Segunda parte — As parábolas do Novo Testamento
IntroduçãoAs parábolas e seu potencial na pregação;Parábolas como retratos falados;
As parábolas de acordo com um esboço ; Parábolas do início doministério; Parábolas
do f inal do ministério ; Parábolas da semana dapaixão.
As parábolas de João Batista
As parábolas do Senhor Jesus Cristo
em Mateus
em Marcos
em Lucas
Ausência de material parabólico em João
Instruções parabólicas em Atos
Instruções parabólicas nas epístolas paulinas
Instruções parabólicas nas epístolas universais

1
Instruções parabólicas em Apocalipse
Bibliografia
índice de assuntos
INTRODUÇÃO
Em todo o âmbito literário não há livro mais rico em
m a t e r i a l alegórico e em parábolas do que a Bíblia. Onde, por exemplo,
podemosencontrar parábolas, emblemas ou figuras de linguagem
comparáveisàquelas que os grandes profetas da antigüidade —dentre os quais Jesus,o
maior de t odos e l es — empregavam quando discursavam aos de
suaépoca? Sabendo do poder e do fascínio da linguagem pictórica, usavame
sserecursoparaaumentaroefeitodeseu
ministério oral. Comod e s c o b r i r e m o s e m noss o
e s t u d o s o b r e a s p a r á b o l a s d a B í b l i a , e s p ec ia lm e n te as
t rans mitidas pelo S enhor Jesus, veremos que são o mais perfeito exemplo
de linguagem figurada para mostrar e reforçar asverdades divinas.Em outro livro meu,
All the miracles of the Bible [Todos os milagresda Bíblia],
tratamos das diferenças entre
milagres
—parábolas em
ação
—e
parábolas
—milagres
em palavras.
N a d a h á d e m i r a c u l o s o n a s parábolas, que, na maior parte, são naturais
e indispensáveis, chamandoa atenção para a graça e para o juízo. Os milagres
manifestam poder emisericórdia. Westcott, no estudo
The gospels [Os evangelhos],
afirmaque a parábola e o milagre " são p er fe it a me n te correlatos entre
s i ; nap a r á b o l a , v e m o s a p e r s o n a l i d a d e e o p o d e r d o G r a n d e
O b r e i r o ; n o milagre, a ação geral e constante da Obra [...] naquela, somos levados
aadmirar as múltiplas formas da
Providência
e n e s t e , a r e c o n h e c e r a instrução vinda do
Universo".
No debate acerca dos vários aspectos do desenvolvimento e da de-m o n s t r a ç ã o
dométodoparabólicoencontradonaBíblia,
é i nteres s ante obs ervar quantos es critores do ass unto mencionam,
deforma elogiosa, a abrangente pesquisa de Trench em seu
Notes on the parables [ A notações sobre as parábolas ] .
O d r . G o r d o n L a n g , p o r exemplo, no "Prefácio" do seu livro
esclarecedor
The parables of Jesus[As parábolas de Jesus],
afirma que o trabalho do dr. Trench foi o únicoq u e e l e c o n s u l t o u a o
p r e p a r a r a s u a o b r a . " S e r i a s i m p l e s m e n t e u m atrevimento
tentar
escrever alguma coisa sobre as parábolas", diz o dr. Lang, "sem a orientação que
advém da perícia e da grande percepção dodr. Trench". Outros estudiosos
de parábolas,
entre os quais me incluo, s ã o u n â n i m e s e m r e c o n h e c e r q u e d e
vemmuitoaodr.Trench.Paraorientarpregadorese
estudiosos, apresentamos a seguir umaindispensável
introdução que trata dos mais variados aspectos da
parábola.
A longevidade do método de parábolas
Embora o uso das parábolas tenha sido característica ímpar do en-sino popular de Jesus,
visto que "Sem parábolas não lhes falava", não foiCristo o criador desse recurso
didático. As parábolas são utilizadas desdea antigüidade. Embora Jesus tenha
contribuído para os escritos sagradoscom parábolas inigualáveis e tenha elevado
esse método de ensino ao

mais alto grau, era sabedor da existência milenar d


e s s e m é t o d o d e apresentar a verdade. Na época e na região em que
Jesus
apareceu, asparábolas eram, como as fábulas, um método popular de
i ns trução, e i s s o e n t r e t o d o s o s p o v o s o r i e n t a i s . O d r . S a l
mond,no manual
The parables of our Lord [ As parábolas do nosso Senhor] ,
faz l embrar, no parágrafo que trata do "Encanto da linguagem figurada", que a
utilizaçãodesse tipo de linguagem exercia:
... atração especial sobre os povos orientais, para quem a i m a g i n a ç ã o
e r a m a i s r á p i d a e t a m b é m m a i s a t i v a q u e a faculdade
lógica. A grande família das nações conhecidas comosemitas, aos quais pertencem os
hebreus, junto com os árabes,os sírios, os babilônios e outras raças notáveis já
demonstrarama es pecial t endênc i a à imaginação, como t ambém um
gosto particular por ela.
Aantigüidadedessemétododisseminadode
l i n g u a g e m s e confirma pelo fato de f i gurar no AT em l arga
medida e sob di fe re nt es fo rm as . A primeira parábola, regis trada, em
forma de fábula, m os tr aá rv or es e s colhendo para s i um rei, retrato dò
que aconteceria entre o p o v o ( J z 9 ) . J o t ã o u s o u e s s a f á b u l a c
omo objetivo de convencer oshabitantes de Siquém sobre a
t o l i c e d e t e r e m e s c o l h i d o p o r r e i o perverso Abimeleque. As parábolas e
os símiles do AT, abordados nestaseção, mostram que era muito comum o método de
instrução por meiode parábolas. Para uma melhor
compreensão da maneira em que os escritores judeus da antigüidade usavam o mundo
visível para ilustrar oreino espiritual, o leitor precisa consultar o capítulo muito
interessantede Trench, chamado "Outras parábolas que não as das Escrituras". Emnota
de rodapé, cita-se a declaração dos judeus cabalis-tas, segundo aqual "a luz celestial
nunca desce até nós sem um véu [...] É impossívelq u e u m r a i o d i v i n o b r i l h e s
obrenós,amenos
q u e v e l a d o p o r u m a diversidade de revestimentos sagrados".Graças à sua
infinidade, Deus tinha de utilizar aquilo com que osseres humanos estivessem
familiarizados, com o objetivo de comunicar àfinita mente humana a sublime
revelação de sua vontade. A revelaçãode preceitos fundamentais era revestida de
parábolas e analogias. Hillele Shammai foram os mais ilustres professores a usar
parábolas antes deCristo. Depois de Jesus veio ainda Meir, com quem, segundo a
tradição, acapacidade de criar parábolas declinou consideravelmente. A figueira dopovo
judeu secou e não pôde mais produzir frutos.Quando o Senhor Jesus apareceu
entre os homens, como Mestre, tomou
a parábola
ehonrou-a, usando-a como veículo para a maissublime
de todas as verdades. Sabedor de que os mestres
j u d e u s i lustravam suas doutrinas com o auxílio de parábolas e comparações,
Cristo adotou essas antigas formas de ensino e deu-lhes renovação deespírito,
com a qual proclamou a transcendente glória e
excelência deseu ens ino. Depois d e Jesus, as parábolas poucas vez es
foram usadas p e l o s a p ó s t o l o s . N ã o e x i s t e m
parábolasemAtos,mas,como

mostraremosquantoaoNT,asepístolaseo
Apocalipsecontêmimpressionantesexemplosda
v e r d a d e d i v i n a r e v e s t i d a e m t r a j e s humanos.Embora os apócrifos
façam grande uso das figuras de linguagem, não há parábolas nos evangelhos
apócrifos. Entre os pais da igreja haviaum ou dois que se ut i l iz avam de
parábolas como meio de expressão. Trench fornece uma seleção desses primeiros
escritores da igreja, cujostrabalhos eram ricos em comparações. Entre os exemplos
citados, estáeste excerto dos escritos de Efraem Siros:
Dois homens iniciaram viagem a certa cidade, localizada acerca de 6 km. Uma
vez percorridos os primeiros q ui nh en to s m et ro s , encontraram um
l ugar j unto à es trada, em que havia b o s q u e s e á r v o r e s f r o n d o s
a s , a l é m d e r i a c h o s ; l u g a r m u i t o agradável. Ambos olharam ao
redor, e um dos dois viajant es , com a i ntenção de continuar a
caminhada
rumo à c idade dos seus desejos, passou apressado por aquele local; mas o
outro p r i m e i r a m e n t e p a r o u p a r a o l h a r m e l h o r e d e p o i s
r e s o l v e u permanecer um pouco mais. Mais t arde, quando começava
aq u e r e r d e i x a r a s o m b r a d a s á r v o r e s , t e m e u o c a l o r e
assimdeteve- s e u m pou c o m ais . A o mes m o tem po ,
a b s o r t o e encantado com a belez a da região, foi s u rp re en di do por
umafera s elvagem que ass ombrava a f l ores ta, sendo capturado
earrastado até a caverna do animal. Seu companheiro, que nãose descuidou em sua
viagem, nem se permitiu demorar naquelelugar, seduz i do pela belez a das
árvores, seguiu diretamente para a cidade.
Comparada com as parábolas da Bíblia, essa que acabamos de verparece um tanto sem
graça e infantil. Como demonstraremos mais tarde,as parábolas de Jesus são
magníficas na aplicabilidade, na concisão, nabeleza e no poder de atração.
Embora Cristo não tenha criado o recursod i d á t i c o d a p a r á b o l a , c e r t a m e
n t e o d o t o u d e e l e v a d a o r i g i n a l i d a d e , conferindo-lhe profunda
importância espiritual, com dimensões até entãodesconhecidas.
O significado do termo parábola
Embora estejamos inclinados a limitar o significado de
parábola
àsparábolas de Jesus encontradas nos três primeiros evangelhos, na verda-de o vocábulo
tem uma flexibilidade de emprego, pois abarca diferentesaspectos da linguagem
figurada, como os símiles, as comparações, osditados, os provérbios e assim por
diante.No AT a palavra hebraica traduzida por
parábola é m_sh_l,
que sig-n i f i ca provérbio, analogia e parábola. Com ampla gama de empregos,
essa palavra "cobre diversas formas de comunicação feitas de modo pi-toresco e
sugestivo —todas aquelas em que as idéias são
apresentadasnuma roupagem figurada. Em virtude de sua aplicação ser tão
variada,encontra-se na versão portuguesa diferentes traduções". A idéia central

de
m_sh_l
é "ser como" e muitas vezes refere-se a "frases constituídasem forma de
parábola", característica da poesia hebraica. O vocábulonunca é usado no
sentido t écnico e específico de seu correspondente neotestamentário.Pode ser
encontrado no discurso figurado de Balaão:
E n tã o p ro fer i u Bal a ã o a s u a p al avra . . . (Nm
2 3 : 7 , 1 8 ; 24:3,15).
O m esm o ter m o é usa d o e m d i t a d o s proverbiais
c u r t o s e substanciais:
Pelo que se tornou em provérbio: Está também Saul entreos profetas? (ISm 10:12).
Salmond observa que "nesse sentido a palavra é usada em referên-cia às máximas de
sabedoria contidas no livro conhecido como Provér-bios"; essas máximas se
apresentam em larga medida na forma de com-paração, como quando se diz:
Os tesouros da impiedade de nada aproveitam, mas a jus-tiça livra da morte
(10:2).M_sh_l
é o termo traduzido por
provérbios
e m 1 : 1 , e m 1 0 : 1 e n a frase:
. . . assim é o provérbio na boca dos t olos ( 26 : 7 , 9 ; v . l Rs 4:32).
Também é usado com respeito à frase de sabedoria ética de Jó:
Prosseguiu Jó em seu discurso... (27:1; 29:1).
É também usado em referência aos ditados obscuros, declaraçõesenigmáticas e
enigmas:
... decifrarei o meu enigma na harpa (Sl 49:4);... proporei enigmas da antigüidade (Sl
78:2).
E usado ainda como correspondente de figura ou alegoria:
Fala aos filhos de Israel... (Nm 17:2; 24:3).
C . W . E m m et , n o
D i c t i o n a r y o f t h e g o s p e l s [ D i c i o n á r i o d o s evangelhos],
organizado por Hastings, observa que "há cinco passagensn o A T g e r a l m e n t e
citadascomo a mais próxima representação da'parábola'
no sentido técnico do termo. Cumpre salientar que em
nenhuma dessas passagens se encontra a palavra parábola.
Como j ávimos, quando temos a referência "não temos o referente (a parábola
propriamente dita); de igual modo, quando temos o refer
e n t e , n ã o encontramos a referência".As parábolas de Nata (2Sm 12:1 -4) e de
Joabe (2Sm 14:6) são umtanto semelhantes, tendo uma história real com uma
aplicação forte. Aprimeira corresponde à
Parábola do credor e dos devedores,
e a de Joabetraz à mente a
Parábola do filho pródigo.
A
Parábola do profeta ferido
(lRs 20:39) conta com o auxílio de umadramatiz ação. " Em t odas as t rês
parábolas ", diz Emmet, " o objetivo é comunicar a verdade da história e
condenar o ouvinte mediante os co-mentários impensados que saem de sua
própria boca". Nos últimos doiscasos, o método t alvez i nclua a sus peita
de t rapaça, modalidad e não u t i l i z a d a p e l o n o s s o S e n h o r ; a
aplicaçãoda
Parábola dos lavradoresmaus
(Mt 21:33) tem sua origem em Isaías 5:1-6.A
Parábola da vinha do Senhor
(Is 5:1-7) é verdadeira, embora ape-nas pouco desenvolvida, e serve de exemplo da
relação entre a parábolae a metáfora. A linha divisória entre a parábola e a alegoria é
estreita (SI80:8).
A Parábola do lavrador
(Is 28:24-28) apresenta uma comparaçãoe n t r e o m u n d o
n a t u r a l e o e s p i r i t u a l , e n ã o há
narração.Conseqüentemente,oATfazgrandeusodas
p a r á b o l a s , m o s t r a n d o algumas vezes serem iguais em espírito, em forma e
em linguagem, comnotáveis semelhanças, às parábolas do NT. Nossa exposição
acerca dasparábolas do AT revela que podem ser divididas em três classes:•
narrativas,
das quais a das
Arvores
é um exemplo (Jz 9:7-15);•
predicantes,
conforme a encontrada na da
Vinha do Senhor
(Is5:1-7);•
simbólicas,
ilustrada pela
Parábola dos dois pedaços de pau
(Ez 37:15-22).No NT, o termo "parábola" assume uma variedade de significados
eformas, sem se restringir às longas narrativas dos
Evangelhos
que co-n h e c e m o s c o m o p a r á b o l a s d e C r i s t o . H á n o g r e g o
d u a s p a l a v r a s traduzidas por "parábola". O termo mais comum é
parábola,
que ocorre48 vezes nos evangelhos sinópticos sem nunca encontrar definição.
Os e u s i g n i f i c a d o s ó s e p o d e c o n j e c - t u r a r , t e n d o s i d o
a p r o v e i t a d o d a Septuaginta, que geralmente traduz o vocábulo hebraico
"parábola" por
parabol_.
Há sobretudo duas idéias presentes na raiz da primeira palavra, asaber,
"representar ou significar algo"; "semelhança ou aparência". Essetermo grego
s i gnifica " ao l ado de" ou " l ançar ou at i rar", t ransmitindoidéia de
proximidade, num cotejamento que visa a verificar o grau
desemelhança ou de diferença. Uma "semelhança" ou "pôr uma coisa ao l ado da
outra". Certo escritor disse que o vocábulo original s ignifica comandar
ou
governar,
como um príncipe cujos preceitos e ordens de justiça devem ser obedecidos pelo povo.

O outro vocábulo traduzido como "paráb


o l a " é paroimia,
quesignifica " adágio, di t ado enigmático, provérbio, a pr es en ta çã o que
sed i s t i n g u e d o s m e i o s n o r m a i s d e
c o m u n i c a ç ã o " . E s s e t e r m o é p ra ti ca m en t e próprio de
João, que o usa quatro vez es ( Jo 16 : 6 - 18 , 25 ; 15:1-18). Esse apóstolo
nunca usa o primeiro termo,
parabol ,
que é oúnico dos dois usados por Mateus, por Marcos e por Lucas. Paroimia,
usado na Septuaginta e por João, denota um provérbio ( ou
parábola) "tirado dos acontecimentos e objetos do dia-a-dia, disponível para o
usopúblico e para esse fim destinado. O que se dizia uma vez em qualquercaso
poderia ser repetido sempre nas mesmas circunstâncias".Encontra-se
flexibilidade no uso do termo "parábola" quando aplica-do a ditos proverbiais concisos:
Sem dúvida me di reis este provérbio ( parábola): Médico, cura-te a ti mesmo (Lc
4:23);Disse-lhes uma parábola (Lc 6:39; 14:7)
É também usado em referência a comparações
ouafirmaçõesilustrativ a s sem a
presença de
n a r r a t i v a . P o r e x e m p l o , o c e g o conduzindo outro cego:
"Explica-nos essa parábola" (Mt 15:15; Lc 6:39). Além disso há ainda a figueira e
seu sinal evidente: "Aprendei agora estaparábola da figueira" (Mt 24:32,33). As
palavras de Jesus Cristo sobre ascoisas que profanam são ci t adas como
" parábolas " : " Seus discí pulos perguntaram-lhe a respeito da parábola" (Lc 7:1-
23). Na nossa versão, otermo
"parabol_
" é traduzido por
figura:
"... e daí [Abraão] também emfigura [parábola] o recobrou" (Hb 11:19).Muitas das
figuras de linguagem
usadas por Jesus contêm a semen-te da parábola. Outras, chamadas parábolas,
são simplesmente símilesou comparações maiores. Pense sobre esta parábola
embrionária: "Podeo cego guiar o cego? " ( Lc 6 : 39 ) . F airbairn diz que
precis amos apenas desenvolver esta pequena indicação, para termos uma história
perfeita." Dois cegos são vistos l evando um ao outro pela estrada e ,
depois del u t a r e m c o n t r a a s d i f i c u l d a d e s , a m b o s c a e m n o
fossoaoladodaestrada".Nesseprovérbiosucinto e
i l u s t r a t i v o d e J e s u s , t e m o s a substância, embora não a forma, da
parábola. Nos episódios acima, osaspectos comuns da vida são empregados
para ressaltar uma verdademais sublime.Se entendermos o uso dos t ermos
j á c i t ados, es taremos prontos para responder à pergunta "O que é exatamente
üma parábola?" O queela
não é
será compreendido quando examinarmos sua natureza. "O usoc o n s t a n t e d e u
mtermo com o significado de
semelhança,
t anto no hebraico como no grego, torna evidente que uma característica essencialda
parábola está em unir duas coisas diferentes, de forma que uma ajude a explicar e a
ressaltar a outra". O estudo das parábolas de Cristonos convence de
que eram mais que uma boa es colha de i lus trações acerca da verdade
que ele queria transmitir. A parábola já foi explicadacomo "um símbolo
externo de uma realidade interna". E também o "seu

O outro vocábulo traduzido como "paráb


o l a " é paroimia,
quesignifica " adágio, di t ado enigmático, provérbio, a pr es en ta çã o que
sed i s t i n g u e d o s m e i o s n o r m a i s d e
c o m u n i c a ç ã o " . E s s e t e r m o é p ra ti ca m en t e próprio de
João, que o usa quatro vez es ( Jo 16 : 6 - 18 , 25 ; 15:1-18). Esse apóstolo
nunca usa o primeiro termo,
parabol ,
que é oúnico dos dois usados por Mateus, por Marcos e por Lucas. Paroimia,
usado na Septuaginta e por João, denota um provérbio ( ou
parábola) "tirado dos acontecimentos e objetos do dia-a-dia, disponível para o
usopúblico e para esse fim destinado. O que se dizia uma vez em qualquercaso
poderia ser repetido sempre nas mesmas circunstâncias".Encontra-se
flexibilidade no uso do termo "parábola" quando aplica-do a ditos proverbiais concisos:
Sem dúvida me direis este provérbio ( parábola): Médico, cura-te a ti mesmo (Lc
4:23);Disse-lhes uma parábola (Lc 6:39; 14:7)
É também usado em referência a comparações
ouafirmaçõesilustrativ a s sem a
presença de
n a r r a t i v a . P o r e x e m p l o , o c e g o conduzindo outro cego:
"Explica-nos essa parábola" (Mt 15:15; Lc 6:39). Além disso há ainda a figueira e
seu sinal evidente: "Aprendei agora estaparábola da figueira" (Mt 24:32,33). As
palavras de Jesus Cristo sobre ascoisas que profanam são ci t adas como
" parábo l as" : " Seus dis cípulos perguntaram-lhe a respeito da parábola" (Lc 7:1-
23). Na nossa versão, otermo
"parabol_
" é traduzido por
figura:
"... e daí [Abraão] também emfigura [parábola] o recobrou" (Hb 11:19).Muitas das
figuras de linguagem
usadas por Jesus contêm a semen-te da parábola. Outras, chamadas parábolas,
são simplesmente símilesou comparações maiores. Pense sobre esta parábola
embrionária: "Podeo cego guiar o cego? " ( Lc 6 : 39 ) . F airbairn diz que
precis amos apenas desenvolver esta pequena indicação, para termos uma história
perfeita." Dois cegos são vistos l evando um ao outro pela estrada e ,
depois del u t a r e m c o n t r a a s d i f i c u l d a d e s , a m b o s c a e m n o
fossoaoladodaestrada".Nesseprovérbiosucinto e
i l u s t r a t i v o d e J e s u s , t e m o s a substância, embora não a forma, da
parábola. Nos episódios acima, osaspectos comuns da vida são empregados
para ressaltar uma verdademais sublime.Se entendermos o uso dos t ermos
j á c i t ados, es taremos prontos para responder à pergunta "O que é exatamente
üma parábola?" O queela
não é
será compreendido quando examinarmos sua natureza. "O usoc o n s t a n t e d e u
mtermo com o significado de
semelhança,
t anto no hebraico como no grego, torna evidente que uma característica essencialda
parábola está em unir duas coisas diferentes, de forma que uma ajude a explicar e a
ressaltar a outra". O estudo das parábolas de Cristonos convence de
que eram mais que uma boa es colha de i lus trações acerca da verdade
que ele queria transmitir. A parábola já foi explicadacomo "um símbolo
externo de uma realidade interna". E também o "seu

uma mesma mão, crescendo a partir da mesma raiz e sendo constituídop a r a o


mes m o f im . Tod o s o s am an te s d a v e r d a d e
r e c o n h e c e m prontamente essas misteriosas harmonias e a força de argumentos
quedelas resultam. Para eles, as coisas da terra são cópias das do céu".Da t a l entosa
pena de um verdadeiro profeta cristão, o dr. John Pulsford, selecionamos a seguinte
contribuição, encontrada em seu livro
Loyalty to Christ [Lealdade a Cristo]:
"As parábolas não são ilustraçõesforçadas, mas reflexos das coisas espirituais.
Terra e céu são obras doú n i c o D e u s . T o d o s o s e f e i t o s
naturais estão ligados às suas causasespirituais e suas c
a u s a s e s p i r i t u a i s e s t ã o l i g a d a s a o s s e u s e f e i t o s naturais. Os
mundos espirituais e os mundos naturais concordam, comoo interno e o
externo". J á
nosdetivemososuficientesobreoassuntodas
a n a l o g i a s existentes entre as obras de Deus na natureza e na providência,
e suasoperações pela graça. Uma conclus ão apropriada para essa
i negável correspondência em muitas das parábolas, quem dá é William M. Taylor,em
Parables ofour Savior [As parábolas do nosso Salvador]
: " O mundo n a t u r a l v e i o e m s u a f o r m a p r i m i t i v a e a i n
d a é s u s t e n t a d o p e l a m ã o daquele que criou a a lma humana;
ea
a dm in is tr a çã o da P r ov id ên ci a continua sendo feita por Aquele que nos deu a
revelação de sua vontaden a s S a g r a d a s E s c r i t u r a s , e n o s o f e r e c e u
a s a l v a ç ã o p o r s e u F i l h o . P ortanto, t alvez encontremos um
princípio de unidade que percorra e s s a s t r ê s á r e a s d e s u a
a d m i n i s t r a ç ã o ; e o c o n h e c i m e n t o d e s u a s operações em qualquer
uma delas pode ser útil em nossa investigação arespeito das demais".Como o t ermo
geralmen te t raduz i do por " parábola" s ignifica pôr ladoa l a d o ,
t r a n s m i t i n d o a idé i a d e c o m p a r a ç ã o , a parábola
é literalmente pôr ao lado ou comparar verdades terrenas com
verdadescelestiais, ou uma semelhança, ou ilustração entre um assunto e
outro.A s p a r á b o l a s d e m o n s t r a m : o q u e h á f o r a d e n ó s é o
e s p e l h o e m q u e podemos contemplar o espiritual e o interno, como Milton nos
revela nestas linhas:
E se a terraE apenas a sombra do céu e das coisas que nele há,E um se parece com o
outro mais do que se supõe na terra?
As várias divisões da linguagem figurada
São várias as figuras de linguagem que a Bíblia emprega, e todas são necessárias
para ilustrar verdades divinas e profundas. Como nossat e n d ê n c i a é a g r u p a r
t o d a s e s s a s p a l a v r a s s e m d i s t i n g u i r u m a s d a s outras,
cada forma, parece - nos, merece atenção especial. Benjamin Keach, na sua obra
antiga e um tanto difícil,
The metaphors [As metáfo-ras],
apresenta uma dissertação introdutória a respeito da distinção decada f i gura
de l i nguagem. Há também o capítulo sobre " As f i guras de linguagem
da Bíblia", do dr. A. T. Pierson. Insisto com o leitor para queleia a obra de
Trench, de elevada perícia,
On the definition of the parable

[Sobreadefiniçãodaparábola]
, e m q u e d i f e r e n c i a a p a r á b o l a d a alegoria, da fábula, do provérbio e
do mito.S
ÍMILE
. O vocábulo
símile
significa
parecença
ou
semelhança,
exemplificado no
Salmo dos dois homens:
"Será
como
a árvore plantada junto a ribeiros de águas [...] Os ímpios [...] são
como
a moinha que o vento espalha" (Sl 1:3,4).O
símile
difere da
metáfora
p o r s e r a p e n a s u m e s t a d o d e semelhança, enquanto a
metáfora
transfere a representação de formamais vigorosa, como podemos ver
nestas duas pas s agens : " Todos os homens são como a erva, e toda a sua
beleza como as flores do campo.Seca-se a erva, e caem as flores..." (Is
40:6,7); "Toda a carne é como aerva, e toda a glória do homem como a flor da erva.
Seca-se a erva, e caia sua flor..." (lPe 1:24).No
símile,
a mente apenas repousa nos pontos de concordância enas experiências que se
combinam, sempre alimentadas pela descobertade semelhanças entre coisas que
diferem entre si. O dr. A. T Pierson ob-serva que " a parábola autêntica é , no uso
das Es crituras , um s ímile, geralmente posto em forma de narrativa ou
usado em conexão com al-gum episódio". Portanto, parábolas e símiles se parecem.P
ROVÉRBIO
. Ainda que os princípios da parábola estejam presentes emalguns dos pequenos
provérbios, das declarações proféticas enigmáticase das máximas enigmáticas da
-
B í b l i a ( I S m 1 0 : 1 2 ; S I 7 8 : 2 ; P v 1 : 6 ; M t 24:32; Lc 4:23), no entanto,
diferem do provérbio propriamente dito, queé em geral breve, trata de assuntos menos
sublimes e não se preocupaem contar histórias. Os apócrifos reúnem parábolas e
provérbios num sógrupo: "Os países maravilhar-se-ão diante de seus provérbios e
parábo-las"; " Ele buscará os segredos das sentenças
importantes e estará fa - miliarizado com parábolas enigmáticas" (Ec 47:17;
39:3).Embora
parábola
e
provérbio
se- j am t ermos permutáveis no NT, Trench ressalta "que os chamados
provérbios
do
evangelho
de João ten-dem a ter muito mais afinidade com a parábola do que com o provérbio,e
são de fato alegorias. Dessa forma, quando Cristo demonstra que o re-
lacionamento dele com o seu povo se assemelha ao pa
s t o r c o m a s ovelhas, tal demonstração é denominada
provérbio,
embora os nossostradutores, mais fiéis ao sentido que o autor pretendia, a tenham
traduzi-do por
parábola
(Jo 10:6). Não é difícil explicar essa troca de palavras. Em parte deve-se a um
termo que no hebraico significa ao mesmo tempoparábola e provérbio". ( Cf. Pv
1 : 1 com ISm 10 : 12 e Ez 18 : 2 . ) De modo geral, provérbio é um dito sábio,
uma expressão batida, um adágio.M
ETÁFORA
. A Bíblia é rica em linguagem metafórica. A metáfora afir-ma de modo
inconfundível que uma coisa
é
outra totalmente diferente. Otermo origina-se de dois vocábulos gregos que
significam
estender.
Umobjeto é equiparado a outro. Aqui temos dois exemplos do uso de me-
táforas:

Pois o Senhor Deus é sol e escudo (Sl 84:11);Ele é o meu refúgio e minha fortaleza (Sl
91:2).
Dessa forma, como pode ser observado,
metáfora
é um termo co-nhecido por nós " na área da experiência que faz
sentido, e i ndica que determinado objeto, possuidor de propriedades especiais,
transfere-as ao u t r o o b j e t o p e r t e n c e n t e a u m a á r e a m a i s e l e v a d a ,
d e m o d o q u e o anterior nos dá uma idéia mais completa e realista das propriedades
queo ú l t i m o d e v e t e r " . N a s p a s s a g e n s s u p r a c i t a d a s , t u d o
o q u e é r e - lacionado ao Sol, ao escudo, ao refúgio e à fortaleza é transferido para
oSenhor. O Sol, por exemplo, é fonte de luz, calor e poder. A vida na Terradepende das
propriedades do Sol. Portanto, o Senhor como Sol é a fontede toda a vida.No evangelho
de João não existem parábolas propriamente ditas,mas há, entretanto, uma série de
metáforas impressionantes como:
Eu sou o bom pastor (Jo 10:11).Eu sou a videira verdadeira (Jo 15:1).Eu sou a porta (Jo
10:7).Eu sou o pão da vida (Jo 6:35).Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6).
A
LEGORIA
. Não é fácil distinguir entre
parábola
e
alegoria.
Esta últiman ã o é u m a
metáfora
ampliada
edeladifere
p o r n ã o c o m p o r t a r a transferência de qualidades e de propriedades. Tanto as
parábolas comoas metáforas abrangem expressões e frases, servindo para desvendar
eex pl i car a l gumas verdades ocultas que não poderiam ser
facilm ente compreendidas sem essa roupagem. Num verbete de Fairbairn
sobre as" p a r á b o l a s " , e m s u a r e n o m a d a
Biblical enciclopaedia [Enciclopédiabíblica],
ele diz: "A alegoria corresponde rigorosamente ao
q u e se encontra na origem da palavra. E o ensinamento de uma coisa por
outra,d a s e g u n d a p e l a p rim ei r a ; d ev
e ex ist i r umasem el h an ç ade
p ro pr ie da de s , uma s eqüência de
acontecimentos semelhantes de um lado e de outro; mas a primeira não toma o lugar da
segunda; as duas semantêm inconfundíveis. Considerada dessa forma, a alegoria, em
sentidomais amplo, pode ser tida como um gênero, do qual a fábula, a parábolae o que
geralmente chamamos alegorias são espécies".
A. alegoria,
explica o dr. Graham Scroggie, "... é uma declaração defatos supostos que aceita
interpretação literal, mas ainda assim exige ouadmite, com razão, interpretação moral ou
figurada". A alegoria difere daparábola por conter aquela menos mistérios e coisas
ocultas que esta. Aalegoria se interpreta por si só e nela "a pessoa ou objeto, ilustrado
por

algum objeto natural, é imediatamente identificado com esse objeto". Dizo dr. Salmond:
"Quando nosso Senhor conta a grande alegoria da vinha,do agricultor e dos ramos,
em que ensina aos seus discípulos a verdadesobre o relacionamento que ele
próprio tinha com Deus, começa dizendoque ele próprio é a videira verdadeira e seu
Pai, o agricultor (Jo 15:1).Desejando uma melhor compreens ão das f iguras de
l i nguagem mencionadas na Bíblia, recomendamos ao leitor a obra de grande fôlegodo
dr. E. W . Bullinger sobre o ass unto, a qual, sem dúvida, é o
melhorestudo j á feito sobre o método f i gurado empregado pela
B íblia. O dr. Bullinger lembra que há grande controvérsia sobre a defi nição
e signifi-c a d o e x a t o d e
alegoria
e d e c l a r a q u e , n a v e r d a d e , o s s í m i l e s , a s metáforas e as alegorias
são todos baseados na comparação.
Símile
é a comparação por
semelhança.Metáfora
é a comparação por
correspondência. Alegoria
é a comparação por
implicação.
Na primeira, a comparação é
afirmada;
na segunda, é
substituída;
na terceira, é
subentendida.
A
alegoria
é então diferente da
parábola,
pois esta é um símile continuado, enquanto aquela representa algo ou dáa entender que
alguma coisa é outra.Há uma
alegoria
a que Paulo se refere de modo inequívoco: " . . . Abraão teve dois filhos, um da
escrava, e outro da livre. Todavia, o queera da escrava nasceu segundo a carne, mas, o
que era da livre, por pro-messa. O que se entende por
alegoria..."
(coisas que ensinam ou dizemmais do está escrito — v. Gl
4:22,24). Bullinger chega a provar que
a ale-goria
pode algumas vezes ser fictícia; no entanto, Gaiatas 4 mostra queuma
história verdadeira pode ser a l egoriz ada ( ou seja, pode mostrar algum ensinamento
além daquele que, na verdade, se observa),
sem noentanto anular a verdade da história.
A alegoria é sempre apresentadano
passado
e
nunca no futuro.
Dessa forma, distingue-se da profecia. Aalegoria oferece outro
ensinamento com base nos acontecimentos dop a s s a d o , e n q u a n t o a profecia
t r a t a d e a c o n t e c i m e n t o s f u t u r o s e corresponde exatamente ao que se
diz.Hillyer Straton, em seu
A guide to the parables of Jesus [Guia das p a r á b o l a s d e J e s u s ]
, c o m e n t a q u e " a a l e g o r i a é uma
d e s c r i ç ã o codificada. Ela personifica coisas abstratas; não põe uma
coisa ao ladoda outra, mas faz a s u bs ti tu iç ão de uma pela outra. Cada
aspecto daalegoria se torna i mp or ta nt e ". O dr. S traton, então, acaba
por ci t ar amais famosa alegoria de t oda a l i t eratura,
O peregrino,
em que JohnBunyan usou a sua imaginação notavelm
e n t e f é r t i l p a r a r e s s a l t a r a verdade da peregrinação cristã.F
ÁBULA
. A fábula é uma narração f i ct í cia que pretende i l ustrar um princípio
ou uma verdade (Jz 9:8-15; 2Rs 14:9). A missão primordial dafábula é
reforçar o conceito da prudência. A
fábula,
usada poucas vezesnas Escrituras, está a quilômetros de distância da
parábola,
embora umap o s s a , e m a l g u n s m o m e n t o s , s e r s e m e l h a n t e à o
utranos aspectos
externos. Comparando qualquer das
fábulas
de Esopo com as parábolasde J e s u s , p e r c e b e - s e q u e a f á b u l a é u m
t i p o i n f e r i o r d e l i n g u a g e m figurada e trata de assuntos menos
elevados. Está associada à terra efocaliza a vida e os negócios comuns a todos.
Tem por função transmitirlições de sabedoria prudente e prática e gravar nas mentes
dos ouvintesas virtudes da prudência, da diligência, da paciência e do
autocontrole. T a m b é m t r a t a d o m a l c o m o l o u c u r a e n ã o
c o m o p e c a d o , a l é m d e ridicularizar as falhas e desdenhar os vícios,
escarnecendo deles ou ostemendo. Essa é a razão por que a fábula faz grande uso da
imaginação,dotando plantas e animais de faculdades humanas, fazendo-os raciocinare
falar. A parábola, no entanto, age numa esfera mais
sublime eespiritual e nunca se permite a zombaria
o u a s á t i r a . T r a t a n d o d a s verdades de Deus, a parábola é
naturalmente
sublime, com ilustraçõesque correspondem à realidade —nunca monstruosas
ou anti-natu-rais.Na parábola, nada existe contra a verdade da natureza. Fairbairn diz:
"Aparábola tem um objetivo mais admirável [...] A parábola poderia tomaro
lugar da fábula, mas não o contrário". Desejando informações acerca da
narrativa
mítica,
o leitor deve ler o parágrafo "Os mitos", de Trench. T
IPO
. Significa
marca
ou
impressão
e tem a força da
cópia
ou
do pa-drão
(ICo 10:1-10,11 —"exemplos"; na margem "tipos"). As parábolasunem os
tipos de um lado, e os milagres de outro. Todas as figuras delinguagem que a
Bíblia emprega são elos de uma corrente unida de for-ma inseparável; os elos
como um todo só podem ser desvinculados emdetrimento de alguns. O s
muitos tipos da Bíblia constituem um estudoindependente e fascinante.P
ARÁBOLA
.Apesardejátermostratadodanaturezada
parábola,
retornamos a título de resumo. Na
parábola,
a imagem do mundo visívelé emprestada e se faz acompanhar de uma verdade
do mundo invisívelou espiritual. As parábolas são os portadores, os canais da
doutrina e daverdade espiritual. Cumpre ressaltar que as parábolas não foram
feitaspara ser in te rp re t ad as de uma única forma. Em a l gumas, há
grandes disparidades e aspectos que não podem ser aplicados
espiritualmente.E s t ã o s e m p r e l i g a d a s a o d o m í n i o d o p o s s í v e l
e d o v e r d a d e i r o . O s discursos e as frases, cheios de sabedoria
espiritual e de verdade, sãochamados
parábolas
por dois motivos:1. por infundir um senso de culpa e a compreensão da
autoridadedivina;2. por ser a pedra de toque da verdade —normas que, portanto,devem
ser seguidas.A parábola já foi definida como "a bela imagem de uma bela men-te". A
parábola é também a justaposição de duas coisas que divergem namaioria dos seus
aspectos, mas concordam em alguns. "Os milagres", dizo dr. A.
T. Pierson, " ensinam sobre as forças
da criação; as parábolas, sobre as
formas
da criação. Quando a parábola for profética, estará

externos. Comparando qualquer das


fábulas
de Esopo com as parábolasd e J e s u s , p e r c e b e - s e q u e a f á b u l a é u m
t i p o i n f e r i o r d e l i n g u a g e m figurada e trata de assuntos menos
elevados. Está associada à terra efocaliza a vida e os negócios comuns a todos.
Tem por função transmitirlições de sabedoria prudente e prática e gravar nas mentes
dos ouvintesas virtudes da prudência, da diligência, da paciência e do
autocontrole. T a m b é m t r a t a d o m a l c o m o l o u c u r a e n ã o
c o m o p e c a d o , a l é m d e ridicularizar as falhas e desdenhar os vícios,
escarnecendo deles ou ostemendo. Essa é a razão por que a fábula faz grande uso da
imaginação,dotando plantas e animais de faculdades humanas, fazendo-os raciocinare
falar. A parábola, no entanto, age numa esfera mais
sublime eespiritual e nunca se permite a zombaria
o u a s á t i r a . T r a t a n d o d a s verdades de Deus, a parábola é
naturalmente
sublime, com ilustraçõesque correspondem à realidade —nunca monstruosas
ou anti-natu-rais.Na parábola, nada existe contra a verdade da natureza. Fairbairn diz:
"Aparábola tem um objetivo mais admirável [...] A parábola pod eria tomaro
lugar da fábula, mas não o contrário". Desejando informações acerca da
narrativa
mítica,
o leitor deve ler o parágrafo "Os mitos", de Trench. T
IPO
. Significa
marca
ou
impressão
e tem a força da
cópia
ou
do pa-drão
(ICo 10:1-10,11 —"exemplos"; na margem "tipos"). As parábolasunem os
tipos de um lado, e os milagres de outro. Todas as figuras delinguagem que a
Bíblia emprega são elos de uma corrente unida de for-ma inseparável; os elos
como um todo só podem ser desvinculados emdetrimento de alguns. Os
muitos tipos da Bíblia constituem um estudoindependente e fascinante.P
ARÁBOLA
.Apesardejátermostratadodanaturezada
parábola,
retornamos a título de resumo. Na
parábola,
a imagem do mundo visívelé emprestada e se faz acompanhar de uma verdade
do mundo invisívelou espiritual. As parábolas são os portadores, os canais da
doutrina e daverdade espiritual. Cumpre ressaltar que as parábolas não foram
feitaspara ser in te rp re t ad as de uma única forma. Em a l gumas, há
grandes disparidades e aspectos que não podem ser aplicados
espiritualmente.E s t ã o s e m p r e l i g a d a s a o d o m í n i o d o p o s s í v e l
e d o v e r d a d e i r o . O s discursos e as frases, cheios de sabedoria
espiritual e de verdade, sãochamados
parábolas
por dois motivos:1. por infundir um senso de culpa e a compreensão da
autoridadedivina;2. por ser a pedra de toque da verdade —normas que, portanto,devem
ser seguidas.A parábola já foi definida como "a bela imagem de uma bela men-te". A
parábola é também a justaposição de duas coisas que divergem namaioria dos seus
aspectos, mas concordam em alguns. "Os milagres", dizo dr. A.
T. Pierson, " ensinam sobre as forças
da criação; as parábolas, sobre as
formas
da criação. Quando a parábola for profética, estará

5. preserva a verdade. Ao escrever acerca desse mérito


emparticular,CosmoLangdisse:"Quandoaspessoa s
p e n s a m p o r s i mesmas, nunca esquecem; o ex ercício da mente produz esse
efeito. Além do mais, a l i nguagem dos s ímbolos —
expres s a por aquilo que o olho pode ver e construída na imaginação— é mais
poderosa e de efeitom a i s d u r a d o u r a d o q u e a l i n g u a g e m q u e
u t i l i z a s o m e n t e p a l a v r a s abs tratas . Ela comunica e t raz de volta
à mente o s i gnificado i nterior c o m r a p i d e z e s e g u r a n ç a ;
tr az consigo uma mensagem rica emsugestões e
associações". As palavras mudam constantemente
de s i g n i f i c a d o , a o p a s s o q u e o s s í m b o l o s u s a d o s p a r a a
v i d a e p a r a a naturez a, como os que foram empregados pelo
Senhor em suas pará - bolas, são tão duradouros quanto a própria natureza e a
vida.Ao comentar acerca das parábolas de Mateus 13 , Finis Dake, emsua
Annotated reference Bible [Bíblia de referências anotada],
apresentasete benefícios do uso das parábolas:1. revelar a verdade de forma
interessante e despertar maior inte-resse (Mt 13:10,11,16);2. tornar conhecidas
novas verdades a ouvintes interessados (Mt13:11,12,16,17);3. tornar conhecidos
os mistérios por comparações com coisas jáconhecidas (Mt 13:11);4. ocultar a
verdade de ouvintes desinteressados e rebeldes decoração (Mt 13:11-15);5.
acrescentar mais conhecimento da verdade aos que a amam eanseiam mais dela (Mt
13:12);6. afastá-la do alcance dos que a odeiam ou que não a desejam(Mt
13:12);7. cumprir as profecias (Mt 13:14-17,35).
A missão da parábola
Os intuitos e a missão da parábola estão intimamente ligados aosseus
métodos de ensino. Quais são as funções ou os objetivos da pará-bola? Já
t ratamos rapidamente do seu poder de a t ração, mas por que Cristo
usou esse método? Para iluminar, exortar e edificar. No prefácio de seu
l i vro e s c la re ce do r
Lectures on our Lor d ' s parables [ Preleções sobre as parábolas do nosso Senhor]
, o dr. John Cumming diz que:A
profecia
é u m e s b o ç o d o f u t u r o , q u e s e r á p r e e n c h i d o p e l o s eventos; os
milagres
são pré- atos do futuro, realiz ados em pequena e s c a l a n o
presente;as
parábolas
s ã o a p r e f i - g u r a ç ã o d o f u t u r o , projetadas em uma página
sagrada. Todos os três crescem diariamente em esplendor, interesse e valor.Em breve,
o Sol Meridional os fará transbordar! Espero que estejamosprontos! Fazendo
uso da parábola, Jesus procurou confiar as verdadesespirituais do seu R eino
ao entendimento e ao coração dos homens. Aoa d o t a r u m m é t o d o
r e c o n h e c i d o p e l o s m e s t r e s j u d e u s , C r i s t o a t r a i u mentes e prendeu
atenções. Os homens tinham de ser conquistados, e a

5. preserva a verdade. Ao escrever acerca desse mérito


emparticular,CosmoLangdisse:"Quandoaspessoa s
p e n s a m p o r s i mesmas, nunca esquecem; o ex ercício da mente produz esse
efeito. Além do mais, a l i nguagem dos s ímbolos —
expressa por aquilo que o olho pode ver e construída na imaginação— é mais
poderosa e de efeitom a i s d u r a d o u r a d o q u e a l i n g u a g e m q u e
u t i l i z a s o m e n t e p a l a v r a s abs tratas . Ela comunica e t raz de volta
à mente o s i gnificado i nterior c o m r a p i d e z e s e g u r a n ç a ;
tr az consigo uma mensagem rica emsugestões e
associações". As palavras mudam constantemente
de s i g n i f i c a d o , a o p a s s o q u e o s s í m b o l o s u s a d o s p a r a a
v i d a e p a r a a naturez a, como os que foram empregados pelo
Senhor em suas pará - bolas, são tão duradouros quanto a própria natureza e a
vida.Ao comentar acerca das parábolas de Mateus 13 , Finis Dake, emsua
Annotated reference Bible [Bíblia de referências anotada],
apresentasete benefícios do uso das parábolas:1. revelar a verdade de forma
interessante e despertar maior inte-resse (Mt 13:10,11,16);2. tornar conhecidas
novas verdades a ouvintes interessados (Mt 13:11,12,16,17);3. tornar conhecidos
os mistérios por comparações com coisas jáconhecidas (Mt 13:11);4. ocultar a
verdade de ouvintes desinteressados e rebeldes decoração (Mt 13:11-15);5.
acrescentar mais conhecimento da verdade aos que a amam eanseiam mais dela (Mt
13:12);6. afastá-la do alcance dos que a odeiam ou que não a desejam(Mt
13:12);7. cumprir as profecias (Mt 13:14-17,35).
A missão da parábola
Os intuitos e a missão da parábola estão intimamente ligados aosseus
métodos de ensino. Quais são as funções ou os objetivos da pará-bola? Já
t ratamos rapidamente do seu poder de a t ração, mas por que Cristo
usou esse método? Para iluminar, exortar e edificar. No prefácio de seu
l i vro esclarecedor
Lectures on our Lor d ' s parables [ Preleções sobre as parábolas do nosso Senhor]
, o dr. John Cumming diz que:A
profecia
é u m e s b o ç o d o f u t u r o , q u e s e r á p r e e n c h i d o p e l o s eventos; os
milagres
são pré- atos do futuro, realiz ados em pequena e s c a l a n o
presente;as
parábolas
s ã o a p r e f i - g u r a ç ã o d o f u t u r o , projetadas em uma página
sagrada. Todos os três crescem diariamente em esplendor, interesse e valor.Em breve,
o Sol Meridional os fará transbordar! Espero que estejamosprontos! Fazendo
uso da parábola, Jesus procurou confiar as verdadesespirituais do seu Reino
ao entendimento e ao coração dos homens. Aoa d o t a r u m m é t o d o
r e c o n h e c i d o p e l o s m e s t r e s j u d e u s , C r i s t o a t r a i u mentes e prendeu
atenções. Os homens tinham de ser conquistados, e a

parábolas! Muitos são culpados de aplicar certas parábolas de


formaa r t i f i c i a l e d e f o r ç a r u m s i g n i f i c a d o q u e o s s e u s a u
t o r e s j a m a i s s o - nharam! Há dois extremos que devem ser evitados na
interpretação daparábola. Um extremo é dar-lhe
muita
importância —o outro é atribuir-lhe
pouca
importância. Cumming, em seu l i vro
Lectures [Preleções],
tratou desse erro duplo desta forma:
Há dois grandes erros na interpretação das parábolas: umconsiste em arrancar
s i gnificado de cada parte, como se não houvesse nada secundário; o outro, em
considerar boa parte da parábola secundária, mera tapeçaria. O primeiro é
repreensível, pois a parábola e a sua verdade não são, como já
dissemos, duas retas que se encontram em todos os pontos, mas sim umareta e uma
esfera que se tocam em grandes momentos. Cada parábola materializa um grande
propósito, que é notoriamenteo principal e o mais nobre, e i sso sempre deve ser l
evado emconta na i nterpretação de todos os
aspectos secundários da Bíblia. O segundo vê pouco sentido na parábola;
percebe em boa parte dela mera intenção de inventar uma
história, sendoseus componentes meros conectivos que mais prejudicam
queapresentam a f inalidade da parábola. Este últ imo t ipo
destróimuitas das r iquez as das Escrituras. Cada parte da
parábola, c o m o e m q u a l q u e r t r e c h o d a B í b l i a , t e m s e u
significado eimportância. Uma pintura perfeita não t
em
p a r t e s q u e n ã o contribuam para o resultado geral, e cada parte a vida
brilha eresplandece de tal forma que a ausência da menor delas já seriauma deficiência.
Desejando um tratamento mais aprofundado acerca dos
prós
e dos
contras
dainterpretação,ointeressadodevelerocapítulo
" T h e interpretation of parables" ["A interpretação das parábolas"], da
obraincomparável de Trench,
The parables of our Lord [As parábolas donosso Senh
or],e "M eth o d s o f i nt e rp r e
t a t i on " ["Método s
d e interpretação"], da obra de Ada Habershon, The s
t udy of parables [ O estudo das parábolas]
. Trench, referindo-se aos extremos acima, diz quetem havido exageros nos dois
sentidos."Os defensores da interpretaçãosuperficial e não detalhada estão
confortavelmente satisfeitos com suamáxima fav orita. Toda comparação deve ser i
nterrompida em algumponto". Trench cita um di tado de
Teofila cto: " A parábola, se for sus - tentada em todos os seus aspectos,
não será parábola, mas o aconteci-mento que a gerou".Quanto ao outro extremo
da interpretação, "Há o perigo de, comuma mente fértil, deixar de atribuir o
devido valor à Palavra de Deus, am e n o s q u e o p r a z e r q u e o
i n t é r p r e t e s ent e n o ex ercíc i o d e s s a "fertilidade
",admirada que é por tantos, não lhe tire de vista que
asantificação do coração pela verdade é o principal
o b j e t i v o d a s Escrituras".Muitos dos pais da igreja, buscando alegorizar
passagens tanto do

Antigo como do NT, foram muito extremistas. Se estavam ou não erradosem pensar
que havia um significado para todas as coisas é o que se temdebatido há
séculos.Agostinho é um exemplo notável dos que espremiam as parábolasp a r a e n s i
nar
algototalmenteforadoslimites.Aotratardo
e n s i n o tradicional da igreja (considerando as parábolas alegorias, em que
cadatermo repres entava o criptogram a de uma i déia, de mo do que o
t odoprecisava ser decodificado em cada termo), C. H. Dodd, em
The parablesof the kingdom [As parábolas do reino],
cita a interpretação de Agostinhoda
Parábola do bom samaritano:D e s c i a u m h o m e m d e J e r u s a l é m p
a r a J e r i c o s e r i a u m a referência ao próprio Adão; J erus além é a c i
dade
celes tia l da paz , cuja bênção Adão perdeu; J ericó é a l ua e repres enta
a nossa m or ta li d ad e, porque nasce, cresce, míngua e morre;os assaltantes são o
diabo e seus anjos;os quais o despojaram, i.e., lhe retiraram a imortalidade;e,
espancando-o, persuadindo-o a pecar;d e i x a n d o - o m e i o m o r t o ,
p o r q u e , q u a n d o o h o m e m compreende e conhece a Deus, vive;
mas, quando se entrega,sendo oprimido pelo pecado, está morto; por
causa disso, é chamado meio morto;o sacerdote e o levita, que o viram e
passaram de largo,r e p r e s e n t a m o s a c e r d ó c i o e o
m i n i s t é r i o d o A T , q u e n ã o continham a riqueza da salvação;o
s a m a r i t a n o s i g n i f i c a o g u a r d i ã o , e o p r ó p r i o J e s u s é conhecido
por esse nome;atou-lhe as feridas é o resgate do pecado;o óleo é o consolo da
esperança;o vinho é a exortação para trabalhar com ardor;a cavalgadura era a carne,
por meio da qual Jesus veio aténós; p o n d o - o s o b r e a su a
c a v a l g a d u r a é a c r e n ç a n a encarnação de Cristo;a
h o s p e d a r i a é a i g r e j a , e m q u e o s v i a j a n t e s r e c e b e m refrigé-rio
no retorno da peregrinação à pátria celestial;o outro dia significa o período
posterior à ressurreição doSenhor;os dois denários são os dois mandamentos
do amor, ou a promessa desta vida e da que está por vir;o hospedeiro é o apóstolo
Paulo.
O arcebispo Trench segue as linhas mestras de Agostinho, com umdetalhamento
ainda mais fértil. Outro exemplo desse tipo de interpre-tação se encontra
entre os intérpretes da Reforma e os católicos roma-nos, que encontraram um
grande significado para o óleo da
Parábola das

Antigo como do NT, foram muito extremistas. Se estavam ou não erradosem pensar
que havia um significado para todas as coisas é o que se temdebatido há
séculos.Agostinho é um exemplo notável dos que espremiam as parábolasp a r a e n s i
nar
algototalmenteforadoslimites.Aotratardo
e n s i n o tradicional da igreja (considerando as parábolas alegorias, em que
cadatermo repres entava o criptograma de uma i déia, de modo que o
t odoprecisava ser decodificado em cada termo), C. H. Dodd, em
The parablesof the kingdom [As parábolas do reino],
cita a interpretação de Agostinhoda
Parábola do bom samaritano:D e s c i a u m h o m e m d e J e r u s a l é m p
a r a J e r i c o s e r i a u m a referência ao próprio Adão; J erusalém é a c i
dade
celes tia l da paz , cuja bênção Adão perdeu; J ericó é a l ua e repres en t a
a nossa m or ta li d ad e, porque nasce, cresce, míngua e morre;os assaltantes são o
diabo e seus anjos;os quais o despojaram, i.e., lhe retiraram a imortalidade;e,
espancando-o, persuadindo-o a pecar;d e i x a n d o - o m e i o m o r t o ,
p o r q u e , q u a n d o o h o m e m compreende e conhece a Deus, vive;
mas, quando se entrega,sendo oprimido pelo pecado, está morto; por
causa disso, é chamado meio morto;o sacerdote e o levita, que o viram e
passaram de largo,r e p r e s e n t a m o s a c e r d ó c i o e o
m i n i s t é r i o d o A T , q u e n ã o continham a riqueza da salvação;o
s a m a r i t a n o s i g n i f i c a o g u a r d i ã o , e o p r ó p r i o J e s u s é conhecido
por esse nome;atou-lhe as feridas é o resgate do pecado;o óleo é o consolo da
esperança;o vinho é a exortação para trabalhar com ardor;a cavalgadura era a carne,
por meio da qual Jesus veio aténós; p o n d o - o s o b r e a su a
c a v a l g a d u r a é a c r e n ç a n a encarnação de Cristo;a
h o s p e d a r i a é a i g r e j a , e m q u e o s v i a j a n t e s r e c e b e m refrigé-rio
no retorno da peregrinação à pátria celestial;o outro dia significa o período
posterior à ressurreição doSenhor;os dois denários são os dois mandamentos
do amor, ou a promessa desta vida e da que está por vir;o hospedeiro é o apóstolo
Paulo.
O arcebispo Trench segue as linhas mestras de Agostinho, com umdetalhamento
ainda mais fértil. Outro exemplo desse tipo de interpre-tação se encontra
entre os intérpretes da Reforma e os católicos roma-nos, que encontraram um
grande significado para o óleo da
Parábola das

narrativa completa, apresenta apenas um ponto de comparação. Não háa intenção de


que os detalhes tenham um significado independente. Jána alegoria, cada detalhe é
uma metáfora independente, com significadopróprio". Dodd então dá um dos dois ex
emplos desse princípio, entre e l e s a
Parábola do semeador:
" A b e i r a d o c a m i n h o e o s p á s s a r o s , o s espinhos e o chão
pedregoso não são criptogramas da perseguição, doengano das riquezas e
assim por diante. Esses símbolos estão ali paraevocar um quadro da grande
quantidade de
trabalho desperdiçado, queo fazendeiro precisa enfrentar, e assim fazer sentir o
alívio da colheita,a p e s a r d e t o d o o t r a b a l h o " . N o
s e u c a p í t u l o " T h e m e t h o d o f interpretation" ["O método da
interpretação"] , Ada Habershon, em
Thestudy of the parables [O estudo das parábolas],
expressa a opinião deque "pode ser verdade que cada detalhe (da parábola
acima) tinha umsignificado, e devemos estar bem preparados para descobrir
que algu-mas delas tinham diversos [...] Nenhuma explicação esgotará os
signi-f i c a d o s d a m a i s s i m p l e s p a r á b o l a
p r o f e r i d a p o r J e s u s e , s e reconhecermos isso, também
estaremos prontos para tirar de cada uma" t o d a s o r t e d e d e s - p o j o s " .
O
c a m i n h o m a i s s e g u r o p a r a l i d a r c o m a parábola é procurar o pensamento
central ou a idéia principal, em tornoda qual todos os elementos subordinados se
agrupam. A idéia principaln ã o d e v e p e r d e r - s e e m m e i o a u m
em a r a n h a d o d e a c e s s ó r i o s c o m - plexos, mesmo que estes tenham
significado espiritual. As parábolas nãodevem ser tratadas como se fossem um
repositório de textos. Cada pará-bola deve ser vista por suas particularidades, e
qualquer analogia feitadeve ser real, não imaginária, sempre subordinada à lição
principal daparábola".Outros aspectos da interpretação, tratados de forma completa
pela
Biblical enciclopaedia [Enciclopédia da Bíblia],
de Fausset, são:1. a parábola, em sua forma externa, deve ser bem compreendida(e.g., o
amor de um pastor do Oriente Médio para com suas ovelhas);2. a situação no
começo da parábola, como em Lucas 15:1,2, é oponto de partida das três
parábolas do capítulo;3. as características que, interpretadas de forma literal,
contrari-am as Escrituras, dão um colorido ao texto, e.g., o número das
virgensprudentes era igual ao das insensatas (Mt 25:1-13).Em seu capítulo "Place
and province of the parables" ["O local e ocampo das parábolas"], o dr. A. T.
Pierson afirma: "As parábolas bíblicassão narrativas factuais ou
f i c t í c i as, usadas para t rans mitir verdades e e n s i n a m e n t o s m o r a i s
e e s p i r i t u a i s . P o d e m s e r h i s t ó r i c a s , é t i c a s e alegóricas ao
mesmo tempo; mas, se o significado mais elevado se perden o m e n o s e l e v a d o o
u é p o r e l e o b s c u r e c i d o , a s s i m c o m o n o c a s o d o es piritual em
relação ao l i t eral, perdem - se t ambém o seu objetivo e o s e u
significado. Em geral a parábola se faz acompanh
a r d e c e r t a s indicações de como deve ser interpretada. A lição
central é o
principalobjeto de interesse; o restante pode ser secundário, como a cortina e ocenário
de um teatro".

As múltiplas formas da parábola


Quanta diversidade há nas parábolas bíblicas! Na verdade, sãoinigualáveis
nas suas imagens descritivas. Sob a orientação do
EspíritoSanto, os escritores da Bíblia exploraram todos os veículos apropriados,para
expressar a verdade divina. De fato, precisaram de todos eles parailustrar a inigualável
maravilha da Palavra de Deus, que é radiante em sua riqueza de material parabólico. O
resumo que o dr. Graham Scroggiefaz das parábolas do NT é aqui aplicado para que
entendamos o alcancedas parábolas bíblicas como um todo. A medida que formos
explicandoas parábolas, remeteremos o leitor para o campo em que cada uma
seenquadra.1.
Reino espiritual:
p a r á b o l a s a s s o c i a d a s c o m c é u , i n f e r n o , querubins e
anjos;2. Feiômenos naturais:
parábolas relacionadas com sol, luz, raios,terremotos, fogo, nuvens, tempestade e
chuva;3.
Mundo animado:
parábolas relacionadas com criaturas (cavalos,animais selvagens, l eões,
águias, camelos, bois, ovelhas, cordeiros, lobos, jumentos, raposas, porcos, cães,
bodes, peixes, pássaros e ser-pentes); parábolas i l ustradas por plantas e árvores,
espinhos, cardos, figos, oliveiras, sicômoros, amêndoas, uvas, juncos, lírios, anis,
menta, vinha, cedro e condimento de amoras pretas;4.
Mundo mineral:
parábolas simbolizadas por metais (ouro, prata,bronze, ferro e latão);5.
Vida humana:
A variedade de ilustrações parabólicas é muitoampla:• física
( carne, sangue, olho, ouvido, mãos, pés; fome, sede, sono, doença, riso, choro e
morte);•
doméstica
( casas, l âmpadas , cadeiras , a l imento, forno, cu - l i n á r i a , p ã o , s
al;nascimento, mães, esposas, irmãs, irmãos, filhos,
afazeres, casamento e tesouros);•
pastoral
(campos, vales, pastores, ovelhas, agricultores, solo, semente, cultivo, semea- dura,
crescimento, colheita e vinhas);•
comercial
(pescadores, alfaiate, construtor, negociante, ba-lança, talentos, dinheiro e
dívidas);•
de interesse público
(escravidão, roubo, violência, julgamento,punição e impostos);•
social
(casamento, hospitalidade, festas, viagens e saudações);•
religiosa
(tabernáculo, templo, esmolas, dízimos, jejuns, oraçãoe o sábado).As páginas
s eguintes servirão para mos trar que as parábolas da Bíblia são
comparações ilustrativas extraordinárias que nos falam sobrea verdade
divina. Podem ser definidas como "narrativas criadas com oo b j e t i v o
específico de representar uma verdade religiosa de
f o r m a pictórica".

PRIMEIRA PARTE
AS PARÁBOLAS DOANTIGO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO
É lamentável que quase todos os livros referentes às parábolas seatenham
apenas nas que proferiu o nosso Senhor, esquecendo-se do queo resto da Bíblia —além
dos quatro evangelhos— apresenta em matériade linguagem figurada. Perde tempo
quem procura um estudo expositivodas muitas parábolas do AT. G. H. Lang,
em
The parabolic teaching of Scripture [O ensino parabólico das Escrituras],
dedica cinco páginas aoassunto. O melhor tratamento dado às parábolas do
AT que conheço é
M iracles and parables ofthe Old Tes tament [ Milagres e parábolas
do Antigo Testamento],
p u b l i c a d o p e l a p r i m e i r a v e z e m 1 8 9 0 e a g o r a reimpresso pela
Baker Book House, de Grand Rapids, EUA. Certamentealguns dicionários
bíblicos trazem uma sinopse do ensino parabólico do AT, onde o termo
m_sh_ l
é empregado com ampla gama de significados.Como j á deix amos prever, há
apenas cinco t extos t idos como o equi - valente mais próximo da "parábola" em
sentido estrito, a começar pelaparábola do profeta Nata. Ainda assim, como
demonstrará o estudo quese segue, o AT faz amplo uso das ilustrações parabólicas.
Talvez o estudo mais completo e esclarecedor sobre o simbolismodo AT seja o de
Ada Habershon, em seu livro muito instrutivo The study o f t h e p a r a b l e s [ O e
studodasparábolas],
s í n t e s e d a q u i l o q u e n o s propusemos na presente obra. Aquele que
"falou-lhes de muitas coisaspor meio de parábolas" é o mesmo que inspirou
"homens santos da partede Deus" a escrever o AT; portanto, podemos encontrar
a mesma linhade pensamento em todos os livros. Muitas das parábolas, dos tipos e
dasvisões do AT ilustram e esclarecem os do Novo, provando a
maravilhosaunidade das Es crituras . Os que ouviram as parábolas de
J esus t i nham a l g u m a p e r c e p ç ã o d o e n s i n o q u e e m g e r a l s e
r v i a d e b a s e a o r i t u a l levítico e identificavam o sentido espiritual existente
nas cerimônias quedeviam realizar.Os judeus certamente se lembraram do maná
de Deuteronômio 8quando Jesus, em João 6, referiu-se a si mesmo como "o
maná", e tam-bém quando disse, em Mateus 4, que "não só de pão vive o homem".A
casa construída sobre a rocha com certeza reportou os ouvintes
de Jesus ao cântico de Moisés, em que Deus é considerado a Rocha
(Dt32:4).A
Parábola dos lavradores maus
lhes trazia à mente a
Parábola davinha do Senhor,
numa estrutura t extual praticamente i dêntica à de Isaías 5. Compare também
Isaías 27:3 com João 15.As festas de Levítico 23 devem ser
es tudadas cu id ad os am en t e, junto com as parábolas de Mateus 13 . Há
muitas analogias entre as festas anuais e esse grupo de parábolas.A lei sobre os
animais puros e impuros (Lv 11; Dt 14) passou a terum sentido mais profundo
quando Pedro viu aquele lençol descer do céu.A figura da casa por demolir
encontra correspondente no NT (cf. Jr 33:7 e Ez 36:36 com At 15:15-17 e Rm
11:1,2).A instrução a respeito da ovelha perdida é um maravilhoso comple-mento da
Parábola do Salvador
(cf. Dt 22:1-3 com Lc 15).Muitos acontecimentos da vida de José são ilustrações da
vida e doreinado de nosso Senhor.A narrativa da vinha de Nabote nos faz lembrar da
Parábola dos la-vradores maus,
retratada por Jesus.A
Parábola do juiz iníquo
assemelha-se à experiência da sunamita(2Rs 8), que clamou ao rei pela sua terra e pela
sua casa.A compra de um campo (Jr 32) vincula-se à
Parábola do tesouro es-condido
(Mt 13).A vestimenta do profeta Josué em forma de parábola (Zc 3) pode ser posta
lado a lado com a
Parábola do filho pródigo
(Lc 15).A v i s ã o d e Z a c a r i a s d o e f a c o r r e s p o n d e e m m u
itosaspectos à
Parábola do fermento.
Sobre o simbolismo dos Salmos, 78:2 pode ser associado a Mateus 13:34,35, o Salmo
1 a Mateus 24:45-51 e o Salmo 2 à
Parábola dos lavra-dores maus.
O Salmo 23 fica ainda mais precioso ao lado de João 10. OS a l m o 4 5 ,
q u e d e s c r e v e u m a noi v a e o s e u a t a v i o
e n c a n t a d o r , corresponde às Bodas do Cordeiro (Ap 19). O Salmo 19,
em que o noivosai de seu quarto e se alegra, como um homem forte que
participa deuma corrida, remete à encarnação do Verbo e ao retorno
glorios o do nosso Senhor Jesus.A m a i s b e l a d e t o d a s a s p a r á b o l a s
éada
Pequena cidade,
emEclesiastes 9:13-17, uma maquete do mundo, atacado por Satanás, masliberto pelo
Senhor Jesus. É interessante observar, nos livros de Provér-bios e
Eclesiastes, que muitos versículos contêm a mesma
l i nguagem simbólica das parábolas de nosso Senhor. Compare Provérbios 12:7,
24:3e 14:11 com Mateus 7 e ICoríntios 3. Os versos finais de Provérbios 4 nosfazem
lembrar de muitas parábolas do Senhor, especialmente daquelaque ensina aos
discípulos que a corrupção brota não daquilo que
entra
pela boca em forma de alimento, mas do que sai
da boca, em palavras.Em meio às palavras de Salomão, existem referências à se-
meadura e àsega. Compare Provérbios 11:24 com 2Coríntios 9:6; Provérbios
11:18 e22 : 8 com G aiatas 6 : 7 ; P rovérbios 11 : 4 , 28 com
a P a r á b o l a d o r i c o e Lázaro,
em Lucas 16 ; P rovérbios 12 : 12 com João 15 ; P rovérbios 28 : 19 c o m a
Parábola do filho pródigo;
Provérbios 13:7 faz referência ao quevendeu tudo o que tinha para que pudesse
comprar o campo e a pérola.Além das parábolas propriamente ditas e daquilo que se
aproximado que chamamos parábolas, há centenas de expressões, versículos
epalavras de natureza parabólica. Seria muito proveitoso nos deter-mosnos muitos
títulos dados a Deus no AT, como "Um Pequeno
Santuário","Fortaleza", "Mãe" etc, procurando mostrar o sentido espiritual
dessasf i g u r a s d e l i n g u a g e m . E s p e r a m o s q u e o s e x e m p l o s q u
e s e s e g u e m estimulem o estudo mais profundo desse aspecto envolvente da
verdadebíblica.

AS PARÁBOLAS DOS LIVROS HISTÓRICOSParábola do monte Moriá


(Gn 22; Hb 11:17-19)E o Espírito Santo quem nos autoriza a classificar como parábola
oepisódio em que Abraão oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado au-tor da carta
aos Hebreus diz que, depois do ato de obediência de Abraão,Deus " em
f i gura o recobrou" ( 11 : 19 ) . A palavra t raduz i da por " f i gura" nesse
versículo é a mesma traduzida por "parábola" nos evangelhos. A
Versão Revisada
( em inglês) diz: " em parábola o recobrou". O ato de depositar Isaque
sobre o altar é uma representação parabólica da morte—parábola em gestos, não em
palavras—, e sua libertação foi, portanto,uma representação da ressurreição de
Cristo. A realização figurada doa t o p a s s a p a r a a n a r r a t i v a h i s t ó r i
c a : " P e g o u n o c u t e l o p a r a i m o l a r o filho..." (Gn 22:10). Essa frase, e o
fato de que Abraão cria que Deus erac a p a z d e r e s s u s c i t a r I s a q u e d a m
o r t e , r e v e l a a g r a n d i o s i d a d e d o sacrifício que o patriarca foi chamado
a fazer. É interessante observarq u e I s a q u e é o ú n i c o n a s E s c r i t u r a s ,
a l é m d e J e s u s , a s e r c h a m a d o "unigênito" (Gn 22:2; Hb 11:17).A fé deu a
Abraão o poder de a t ender à ordem divina ainda que implicasse a morte
de Isaque. Até o tempo de Abraão, ninguém jamaishavia ressu s citado da
morte, mas o pai da fé, crendo na promes sa de D e u s , t i n h a a
confiançadequeseufilho,umavezmorto,
p o d e r i a ressuscitar. Assim, quando Isaque estava sobre o a l t ar, na sombra
damorte, Abraão recebeu-o de volta à vida, pela graça de Deus.
Quando opatriarca disse aos seus servos " voltaremos a vós" ( Gn
22 : 5 ) , usou o idioma da fé. Abraão nunca duvidou da onipotência de Deus.E s
tanarrativa é uma figura impressionante da oferta do
F i l h o unigênito de Deus, que foi por escolha própria entregue "por todos nós"( R
m8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:1
6)
Adivergência, entretanto, nessa parábola em ação, é o fa
to deque,

vendeu tudo o que tinha para que pudesse comprar o campo e a pérola.Além das
parábolas propriamente ditas e daquilo que se aproximado que chamamos
parábolas, há centenas de expressões, versículos epalavras de natureza
parabólica. Seria muito proveitoso nos deter-mosnos muitos títulos dados a
Deus no AT, como "Um Pequeno Santuário","Fortaleza", "Mãe" etc,
procurando mostrar o sentido espiritual dessasf i g u r a s d e l i n g u a g e m .
E s p e r a m o s q u e o s e x e m p l o s q u e s e s e g u e m estimulem o estudo mais
profundo desse aspecto envolvente da verdadebíblica.
AS PARÁBOLAS DOS LIVROS HISTÓRICOSParábola do monte Moriá
(Gn 22; Hb 11:17-19)E o Espírito Santo quem nos autoriza a classificar como parábola
oepisódio em que Abraão oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado au-tor da carta
aos Hebreus diz que, depois do ato de obediência de Abraão,Deus " em
f i gura o recobrou" ( 11 : 19 ) . A palavra t raduz i da por " f i gura" nesse
versículo é a mesma traduzida por "parábola" nos evangelhos. A
Versão Revisada
( em inglês) diz: " em parábola o recobrou". O ato de depositar Isaque
sobre o altar é uma representação parabólica da morte—parábola em gestos, não em
palavras—, e sua libertação foi, portanto,uma representação da ressurreição de
Cristo. A realização figurada doa t o p a s s a p a r a a n a r r a t i v a h i s t ó r i
c a : " P e g o u n o c u t e l o p a r a i m o l a r o filho..." (Gn 22:10). Essa frase, e o
fato de que Abraão cria que Deus erac a p a z d e r e s s u s c i t a r I s a q u e d a m
o r t e , r e v e l a a g r a n d i o s i d a d e d o sacrifício que o patriarca foi chamado
a fazer. É interessante observarq u e I s a q u e é o ú n i c o n a s E s c r i t u r a s ,
a l é m d e J e s u s , a s e r c h a m a d o "unigênito" (Gn 22:2; Hb 11:17).A fé deu a
Abraão o poder de a t ender à or dem divina ainda que implicasse a morte
de Isaque. Até o tempo de Abraão, ninguém jamaishavia re s s u s c it ad o da
morte, mas o pai da fé, crendo na promes sa de D e u s , t i n h a a
confiançadequeseufilho,umavezmorto,
p o d e r i a ressuscitar. Assim, quando Isaque estava sobre o a l t ar, na sombra
damorte, Abraão recebeu-o de volta à vida, pela graça de Deus.
Quando opatriarca disse aos seus servos " voltaremos a vós" ( Gn
22 : 5 ) , usou o idioma da fé. Abraão nunca duvidou da onipotência de Deus.E s
tanarrativa é uma figura impressionante da oferta do
F i l h o unigênito de Deus, que foi por escolha própria entregue "por todos nós"( R
m8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:1
6)
Adivergência, entretanto, nessa parábola em ação, é o fa
to deque,

o
átrio,
com o altar do holocausto e a pia de bronze,o
Santo Lugar,
com a mesa dos pães da proposição, o candelabrodeouro e o altar do incenso,o Santo
dos Santos,
com a arca da al i ança sobre a qual estava o propiciatório.Nem precisa muita
imaginação para vermos, nessas característicasex pressas, uma parábola sobre a
obra de Cristo na ordem em que se deu, desde o seu sacrifício vicário na cruz
até a descida do Espírito Santoregenerador e santificador, passando por toda a
sua jornada como Luzdo mundo, Pão da vida e nosso Intercessor além do véu, na
presença deDeus.O t abernáculo pode t ambém ser cons iderado uma
parábola quemostra como o crente pode aproximar-se de Deus em Cristo.O
átrio
passa a idéia de dois estados: remissão dos pecados pelosangue da expiação e
regeneração do espírito pela Palavra de Deus epelo Espírito Santo —
condições
da comunhão.O
Santo Lugar
ilustra as três
formas
da comunhão —a vida de luzcomo testemunho, a sistemática consagração interna e
a vida de cons-tante oração.O
Santo dos Santos
retrata o
ideal
eo
objetivo
da comunhão, emque "a obediência perpétua se parece com uma tábua inquebrável da
lei,a beleza do Senhor nosso Deus está sobre nós e todos os seus
atributosestão em perfeita harmonia com os nossos sentimentos e
atividades".Uma análise mais completa desse fascinante aspecto do estudo da
Bí-blia, o leitor encontrará no "Old Testament symbolism" ["O simbolis -
modo Antigo Te s t am en t o" ], capítulo do l i vro
T h e s t u d y o f p a r a b l e s [ O estudo das parábolas],
de Ada Habershon. Essa talentosa autora tem umpequeno livro,
Studies on the tabernacle [Estudos sobre o tabernáculo],
com muitos esboços claros e bíblicos que mostram como os detalhes dotabernáculo
foram "sombra dos bens futuros" e "figuras das coisas que estão no céu" (Hb 10:1; 9:23;
Cl 2:17; Jo 5:45).
As parábolas de Balaão
(Nm 22; 23:7,18; 24:3,15,20-23)Seis das dezoito ocorrências da palavra "parábola" no
AT estão as-sociados aos pronunciamentos de Balaão. George
H. Lang comenta que"as declarações proféticas de Balaão são chamadas
parábolas.
São assimc h a m a d a s p o r q u e o s p r o j e t o s e o s f a t o s l i g a d o s a
I s r a e l s ã o a p r e - sentados por meio de comparações, compostas na maioria de
elementosnão-humanos". Por estranho que pareça, as parábolas proféticas
desseinsignificante profeta estão entre as mais inconfundíveis e admiráveis doAT.
Todas elas "dão testemunho do chamado de Israel para ser o povo escolhido de J
eová," diz Fairbairn, " e das bênçãos que estavam reser - vadas para esse povo, as
quais nenhum encantamento, força adversa ou

maldição poderia t i rar; t ambém dão t estemunho da Estrela que des - pontaria de
Jacó e da destruição de todos os que a ela se opusessem".Qual era o
passado de Balaão, de Petor, e como veio a conhecer Balaque? Balaão praticava a
adivinhação,
que compreendia a leviandadee o engano t ão comuns nos países idolatras .
O fato de ser
ganancioso
fica claro quando ele declara que "o preço dos encantamentos " estava nas
suas mãos e nas dos seus cúmplices . Balaão " amou o
prêmio
dai n j u s t i ç a " . F o i e s s e h o m e m q u e B a l a q u e p r o c u r o u p a r a
r e c e b e r i n - formações. Os israelitas, seguindo viagem rumo a Canaã,
armaram suastendas nas regiões férteis da Arábia. Alarmados com o número
e com acoragem dos hebreus, que haviam recentemente derrotado o rei
Ogue, de
Basã, os moabitas temeram t ornar - se a próxima presa . Balaque, então,
foi até os midianitas, seus vizinhos, e consultou os seus anciãos, mas as
informações que recebeu eram de grande destruição.Esse caso, em que Deus faz
uso de um falso profeta para proferirparábolas divinamente inspiradas — prova
inequívoca do seu amor e dosseus desígnios para o seu povo—, mostra que o
Senhor, se necessário,lança mão do melhor instrumento que puder encontrar, ainda que
esseinstrumento contrarie a sua natureza divina. Deus disse a Balaão: "Vaic o m e s s e
s,masfalasomenteoqueeute
m a n d a r " . A o e n c o n t r a r Balaque, Balaão, já orientado por Deus, disse:
"Porventura poderei euagora falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha
boca, essafalarei". Quando cens urado por Balaque, rei de Moabe, por
t er aben - çoado Is ra e l , Balaão re spondeu: " Como amaldiçoarei o que Deus não
amaldiçoou? E como denunciarei a quem o Senhor não denunciou? [...]P o r v e n t u r
anãotereicuidadodefalaroqueoSenhorpôs
n a m i n h a boca?".E n t ã o , c o m p e l i d o a d e c l a r a r o q u e t
e r i a a l e g r e m e n t e o m i t i d o , Balaão irrompe num rompante de
poesia parabólica e prediz a bênçãoindiscutível do povo para cuja
maldição fora
contratado. Suas parábolassão de fácil identificação.Na primeira, o pensamento
principal é a separação para Deus, a fim de cumprir os seus desígnios:
"Vejo um povo que habitará à parte, eentre as nações não será contado" (Nm 23:9).Essa
escolha divina de Israel era a base das reivindicações de Deussobre o povo e a razão de
todos os ritos e instituições singulares que eledecretara para serem observados, pois
dissera: "Eu sou oS e n h o r v o s s o D e u s q u e v o s s e p a r e i d o s p o v o s .
P o r t a n t o f a r e i s dis tinção entre os animais l impos e os imundos [ . . . ]
Sereis para mims antos , porque eu, o S enhor, sou santo, e vos s eparei
dos povos para serdes meus" (Lv 20:24-26).Há também o cumprimento do antigo
propósito, pelo qual Deus "fi-x ou os l imites dos povos, s egundo o número
dos f i l hos de Is rael " ( Dt 32:8). Nessa parábola, que trata da separação de Israel,
uma ilustração éextraída do
solo
a b a i x o d o s n o s s o s p é s : " Q u e m p o d e c o n t a r o p ó d e Jacó...?" (Nm
23:10). Aqui temos uma referência ao imenso número dosd e s c e n d e n t e s
de Abraão, anteriormente comparad
o s à areia
e às
estrelas
(Gn 22:17). Alguns comentaristas vêem no pó
e na
areia
uma

referência figurada a Israel —os descendentes terrenos de Abraão—, enas estrelas,


u m a r e f e r ê n c i a s i m b ó l i c a à i gre j a d e Deus
— o s descendentes espirituais de Abraão. Mas, como George H. Lang afirma:"Faço
uma advertência contra o tratamento fantasioso das parábolas edos símbolos, pois
por três vezes Moisés usa as
estrelas
como símbolo doIsrael terreno (Dt 1:10; 10:22; 28:62; v. lCr 27:23).De uma coisa
estamos certos: a mesma escolha separadora e sobe-rana de Deus é o fundamento do
chamado cristão nesta dispensação dagra ça. Fomos " chamados para ser
santos", ou seja,
separados.
Fomoseleitos em Cristo "antes da fundação do mundo". Fomos salvos e chama-dos
"com uma santa convocação [...] segundo o seu propósito e a graça,que nos foi
dada em Cristo J esus antes dos t empos e t ernos". Essas e outras
referências características compõem a verdadeira igreja. Sepa-rados do mundo,
devemos viver nele como forasteiros e peregrinos.A p a r á b o l a s e g u i n t e
ressaltaa
justificação
do povo
separado.
Percebesse a progressão dos pronunciamentos e das predições parabóli-ca s de
Balaão na f rase " Então proferiu Balaão a sua palavra", que se repete cinco vezes.
Ao escolher Israel, Deus não poderia voltar atrás emsua decisão;
então encontrou Balaão e pôs na sua boca esta palavra para Balaque: "Deus não é
homem para que minta, nem filho do homempara que se arrependa. Porventura
tendo ele dito não o fará, ou tendofalado não o realizará? Recebi
ordem de abençoar; ele abençoou, e não oposso revogar. Não vi iniqüidade em
Jacó, nem desventura observei em I s r a e l . O S e n h o r s e u D e u s
está com ele, e entre eles se ouvemaclamações ao seu
r e i " ( N m 2 3 : 1 9 - 2 1 ) . A h i s t ó r i a d o p o v o e s c o l h i d o mostra
que havia
i n i q ü i d a d e , d a q u a l o v e r d a d e i r o J a c ó e s t a v a d o - lorosamente
consciente; e havia t anta perversidade em Is rael, que o mundo pagão ao redor ficava
surpreso. Mas a maravilha disso tudo é queos olhos de Deus
estavam sobre o seu povo pela l uz que emanava dagraça divina,
depois pelo sangue dos sacrifícios ofertados pelo povo a favor de si mesmo e por
fim pela morte expiatória do seu muito amado Filho.A natureza novamente
contribui para a inspirada e instrutiva pará-b o l a d e B a l a ã o , p o i s
r e f e r e - s e a D e u s c o m o " f o r ç a s [ . . . ] c o m o a s d o unicórnio",
enquanto Israel é retratado com a força do boi selvagem e anaturez a
as s us tadora do l eão e da l eoa ( Nm 23 : 22 , 24 ; 24 : 8 , 9 ) . Ten dosido
justificados gratuitamente pela graça divina, justificados pelo san-gue de
Jesus, justificados pela fé e, portanto justificados de todas as coi-sas, nós, os cristãos,
não temos força em nós mesmos. Nossa força estána graça de Jesus Cristo, nosso
Senhor (2 Tm 2:1).Na terceira parábola, Balaão declara que produzir frutos para Deusé
o res ultado i nevitável de sermos s eparados para e l e e
j us tificados perante ele. Quão bela e expressiva é essa explicação inspirada
sobre opovo es colhido de Deus! " Que boas são t uas t endas, ó J acó! E
as tuas moradas, ó Israel! Como vales que se estendem, como jardins ao lado deum
rio, como árvores de sândalo que o Senhor plantou, como os cedros j u n t o
àságuas!"(Nm24:3-14).Alinguagemfiguradaque
B a l a ã o empregou forma um estudo à parte. O soberano do céu é comparado
a

uma
estrela
(cf. Nm 24:17 com Ap 2:28; 22:16). O
cetro,
símbolo comumda realeza, refere-se à poderosa soberania do Messias de Israel. O
ninho posto na penha
fala da segurança dos quenitas (Nm 24:21). Os
navios
que vinham da costa de Quitim eram uma alusão profética às vitórias deAlexandre, o
Grande (Nm 24:24).Embora de ce pc io na do , Deus ainda assim t i nha t odo o
direito decontar com os f rutos do seu povo no des erto. Não os t i nha
es colhido, redimido e abençoad o , faz endo deles seu t esouro
particular? Quanto mais não espera de nós, que fomos comprados com o precioso
sanguede seu querido Filho? Será que não o glori - f i caremos quando damosmuitos
frutos? (Jo 15:8). Não somos exortados a estar cheios do fruto da j ustiça? ( Fp 1 : 11 )
. Não t em um valor ex t remamente prático o fato desermos separados para ele e
justificados pela graça diante dele? A nossaposição privilegiada não deveria resultar
em sermos frutíferos em todaboa obra? (Cl
1:10).Não é pertinente que a parábola seguinte se volte para a segundavinda de
Cristo? A coroa de vitória é o adorno para a fronte daquele quechamou, separou,
justificou e abençoou o seu povo. "Vê-lo-ei, mas nãoagora; contemplá-lo-ei, mas
não de perto. Uma estrela procederá de J acó, e de Is rael subirá um cetro"( Nm
24 : 17 ) . Segundo certo co - mentarista: " A estrela refere - se à sua
primeira vinda; o cetro, à sua segunda vinda; e, como o falso profeta não o via
como salvador, proferea própria condenação". Trata-se do dia do juízo para os iníquos,
pois "Umd o m i n a d o r s a i r á d e J a c ó , e d e s t r u i r á o s s o b r e v i v e
n t e s d a c i d a d e " . A destruição será arrasadora e terrível, como diz Balaão: "Ai,
quem viverá,quando Deus fizer isto?" (Nm 24:23).
Parábola das árvores
(Jz 9:7-15)Essa parábola contada aos homens de Siquém por Jotão, filho maisnovo de
Gideão e único sobrevivente do massacre de seus 70 irmãos porAbimeleque (outro
irmão) é outra profecia em forma de parábola, umavez que se cumpriu.
Abimeleque, filho bastardo de Gideão, aspirava as e r r e i e p e r s u a d i u o s
ho m e n s d e S i q u é m a m a t a r t o d o s o s 7 0 f i l h o s legítimos de seu pai
(exceto o que escapou) e o proclamarem rei. Jotão,o sobrevivente, subindo
ao monte Gerizim, proferiu a parábola ao rei eao povo, fugindo em
seguida.Muitos estudiosos discordam da natureza parabólica do pronuncia-mento de
Jotão. Por exemplo, o dr. E. W. Bullinger,
em Figures ofspeech[Figuras de linguagem]
, diz: " Não se t rata de parábola, porque não há n e n h u m a
comparação, na qual uma coisa é equiparada a outr
a
[ . . . ] Quando árvores ou animais falam ou pensam, t emos uma fábula;
e,q uando essa fábula é ex pl i cada, t emos uma
alegoria.
S e n ã o f o s s e a oração explicativa 'fazendo rei a Abimeleque' (9:16), o que
a torna uma
alegoria,
teríamos uma
fábula".
O dr. A. T. Pierson refere-se a ela como" a p r i m e i r a e m a i s a n t i g a
a l e g o r i a d a s E s c r i t u r a s [ . . . ] U m a d a s m a i s lindas, de todas
as fábulas ou apólogos de todo o universo literário". O

professorSalmond igualmente refere-se a ela como "um


exemplolegítimo de fábula [...] os elementos grotescos e
i m p r o v á v e i s q u e a t ornam um meio inadequado para ex pressar a
mais sublime verdade religiosa".Ellicott comenta: "nesse capítulo temos o primeiro 'rei'
israelita e oprimeiro massacre de irmãos; dessa forma, temos aqui a primeira fábula.As
fábulas são ex t remamente populares no Oriente, onde são
muitas vezes identificadas com o nome do escravo-filósofo Lokman, o
congênerede Esopo [ . . . ] A ' fábula' é uma narrativa imaginár ia usada
para
f ix arp r u d ê n c i a m o r a l n a s m e n t e s " . J u n t o c o m o u t r o s
c o m e n t a r i s t a s , entretanto, inclino-me para o aspecto parabólico do
discurso de Jotão, oqual, como disse Stanley, "falou como o autor de uma ode
inglesa". Langtambém.vê o discurso como uma
parábola
e faz três observações:
1 . o m a t e r i a l d a p a r á b o l a p o d e s e r v e r d a d e i r o , a s s i m como
as árvores são objetos reais;2 . o uso d ess e material
p od e s er
c o m p l e t a m e n t e imaginário; como quando mostra as árvores em uma
reunião, propondo a eleição de um rei e convidando aquelas que estão em
crescimento —a oliveira, a figueira, a videira e o es-pinheiro— a reinar sobre as árvores
mais altas, como o cedro;3 . o s d e t a l h e s i m a g i n á r i o s p o d e m
c o r r e s p o n d e r ex atamente aos homens que precis avam ser
i ns truídos e aos s e u s f e i t o s [ . . . ] O c e d r o e r a o m a i s a l t o e
i m p o n e n t e ; a s s i m também eram os homens de Siquém, que foram fortes o
sufi - ciente para levar adiante o terrível massacre.
Ainda, quanto à diferença entre
interpretação
e
aplicação,
cumpredizer que a primeira se relaciona com o problema em questão, a saber, arelação
entre Israel e Abimeleque, sendo histórica e local; a segunda ép ro fé ti ca , e
d is pe ns ac io na l. A
interpretação
imedia ta da parábola de Jotão seria: as diferentes árvores são
a pr es en ta da s em ' busca de um n o v o r e i ' , e s u c e s s i v a m e n t e
a p r e s e n t a m - s e a o l i v e i r a , a f i g u e i r a , a videira e, por último, o
espinheiro. Nessas árvores desejosas de um rei,t e m o s a
apresentaçãofiguradadopovodeSiquém,que
e s t a v a descontente com o governo de Deus e ansiava por um líder nominal
ev i s í v e l , c o m o t i n h a m a s n a ç õ e s p a g a s v i z i n h a s . O s f i l h o s
mortosdeGideãosãocomparadosa Abimeleque, como as
á r v o r e s b o a s a o espinheiro. A palavra traduzida por
reina sobre
dáaidéiade
pairar
eencerra t ambém a idéia da falta de soss ego e de i ns egurança. Keil
e Delitzsch, em seus estudos sobre o AT, afirmam: "Quando Deus não era a
base da monarquia, ou quando o rei não edificava as fundações de seureinado sobre a
graça divina, ele não passava de uma árvore, pairandos o b r e o u t r a s s e m
l a n ç a r r a í z e s p r o f u n d a s e m s o l o f r u t í f e r o , s e n d o completamente
incapaz de produzir frutos para a glória de Deus e para obem dos homens. As palavras
do espinheiro, 'vinde refugiar-vos debaixoda minha sombra', contêm uma profunda
ironia, o que o povo de Siquémlogo descobriria".

Então, como observaremos, a vida da nação israelita é retratadapela


semelhança com as árvores ci t adas na parábola, cada qual
compropriedades especialmente valiosas ao povo do Oriente. Muito poderiaser
dito a respeito das árvores, sendo a vida de cada uma diferente umada outra.
Embora t odas recebam sustento do mesmo solo, cada
umat o m a d a t e r r a o q u e é c o m p a t í v e l c o m a s u a p r ó
p r i a n a t u r e z a , p a r a produzir os respectivos frutos e atender às
suas
necessidades. São asárvores diferentes no que se refere ao tamanho, à forma e ao
valor. Cada árvore possui glória própria. As fortes protegem as mais fracas docalor
intenso e das tempestades ferozes (v. Dn 4:20,22 e Is 32:1).A oliveira
éumadasárvoresmaisvaliosas.Osolivais
eramnumerosos na Palestina. Winifred Walker, em seu
l i v r o l i n d a m e n t e ilustrado
Ali the plants of the Bible [Todas as plantas da Bíblia],
diz que"uma árvore adulta produz anualmente meia tonelada de óleo". O
óleoproporcionava a l uz artificial ( Êx 27 : 20 ) e era usado como
a l imento, sendo também um ingrediente da
oferta de manjares.
O fruto tambémera comido, e a madeira, usada em cons truções ( l Rs
7: 23 , 31 , 32 ) . As folhas da oliveira simbolizam a paz.A
figueira,
famosa por sua doçura, era também altamente aprecia-da. Seu fruto era muito
consumido, e seus ramos frondosos forneciamum excelente abrigo (ISm 25:18). Adão
e Eva usaram folhas de figueirapara cobrir a sua nudez (Gn 3:6,7).
Os figos são os primeiros frutos men-cionados na Bíblia.A
videira
era i gualment e es timada por causa dos seus im en s o s c ac ho s de uva,
que produziam o vinho — grande fonte de r iquez a na Palestina (Nm
13:23). O "vinho, que alegra Deus e os homens". Sentar-sedebaixo da própria
figueira ou videira era uma expressão prover-bial quedenotava paz e prosperidade
(Mq 4:4).O cedro,
a maior de todas as árvores bíblicas, era famosa por suanotável a l t ura, pois
muitas vez es " media 37 m de al t ura e 6 m de diâ - metro". Por
causa da qualidade da madeira, o cedro foi usado na cons-trução do t emplo
e do palácio de S alomão. Altivos e fortes , e l es s im - bolizavam os
homens de Siquém, poderosos o suficiente para levar adi-ante o terrível
massacre dos filhos de Gideão. Lang fez a seguinte apli-cação: "Assim como
um espinheiro em chamas poderia atear fogo numaf l o r e s t a d e c e d r o s e
a s s i m c o m o u m c e d r o e m c h a m a s c a u s a r i a a destruição de todos
os espinheiros à sua volta, também Abimeleque e oshomens de Siquém eram
mutuamente destrutivos e trocaram entre si arecompensa da ingratidão e da
violência das duas partes".O
espinheiro
é um poderoso arbusto que cresce em qualquer solo. Não produz frutos valiosos,
e sua árvore, da mesma forma, não serve deabrigo. Sua madeira é usada pelos habitantes
como combustível. O dr. A. T. Pierson lembra-nos que "o espinheiro é o
sanguinheiro ou ramno" eque "o fogo que sai do espinheiro refere-se à sua
natureza in-flamável,u m a v e z q u e p o d e f a c i l m e n t e e e m p o u c o
t e m p o s e r c o n s u m i d o " . A aplicação é por demais óbvia. O nobre
Gideão e seus respeitáveis filhosh a v i a m r e j e i t a d o o r e i n o q u e l h e s
fora
o f e r e c i d o , m a s o b a s t a r d o e desprezível Abimeleque o aceitara e se afiguraria
aos seus súditos como

espinheiro incômodo e feroz destruidor; seu caminho acabaria da mesmaforma que o


espinheiro em chamas no reinado mútuo dele para com osseus súditos (Jz 9:16-20). O
fogo a sair do espinheiro talvez se refira aof a t o d e q u e o
incêndio muitas vezes se inicia no arbusto seco, pelafr
icçãodos galhos, formando assim um emblema apropriad
o para
aguerra das obsessões, que geralmente destroem as ali
a n ç a s e n t r e homens perversos.E m b o r a a h a b i l i d a d e d e J o t ã o n o e
mprego
d a s i m a g e n s t e n h a a t raído a atenção dos homens de Siquém e t enha agido
como um es - pelho a refletir a t ol i ce criminosa deles, esse
reflex o não os faz arre - p e n d e r - s e d a p e r v e r s i d a d e . O s
s i q u e m i t a s n ã o p r o f e r i r a m s e n t e n ç a contra si próprios, como fez
Davi após ouvir a tocante parábola de Nata,o u c o m o f i z e r a m m u i t o s d o
s que
o u v i r a m a s p a r á b o l a s d e J e s u s ( M t 21:14). Eloqüência eficaz é a que move
o coração a agir. Os ouvintes daparábola de Jotão ainda toleraram o reinado de
Abimeleque por mais trêsanos.Para nós a lição é clara: "O doce contentamento com a
nossa esferade atuação e o privilégio de estarmos na obra de Deus, estando no lugarem
que o Senhor nos pôs; e a inutilidade da cobiça por mera promoção".Como a oliveira, a
figueira, a videira e o espinheiro são muitas vezes usa-dos como símbolos de Israel,
será proveitoso reportarmo-nos de modoresumido a essa aplicação:
A oliveira
fala dos privilégios e das bênçãos pactuais de Israel (Rm 11:17-25). E
corretamente chamada o primeiro "rei" das árvores, porque,por manter - se sempre
verde, fala da duradoura al i ança que Deus fez com Abraão, antes
mesmo de Israel se formar. Na parábola de Jotão, aoliveira é caracterizada
por sua
gordura
e , quando usada, t anto Deuscomo o homem são honrados ( Êx
27 : 20 , 21 ; Lv 2 : 1 ) . Os privilégios dos i s r a e l i t a s ( s u a g o r d u r a
) s ã o e n c o n t r a d o s e m R o m a n o s 3 : 2 e 9 : 4 , 5 . Nenhuma outra nação
foi tão abençoada quanto Israel.O fracasso de Israel (oliveira) se vê no fato de
que alguns de seusramos foram arrancados, e certos galhos selvagens foram
enxertados nolugar. Os gentios estão desfrutando de alguns dos privilégios e
das bên - çãos da oliveira. De todas as bênçãos recebidas por Israel, a principal foio
dom da
P alavra de Deus e o dom do seu Filho. Hoje os gentios rege - nerados
estão pregando sobre o Filho de Deus a Israel, levando até essanação a Palavra de
Deus. A restauração dos judeus, entretanto, é vista em sua gordura, no dia em
que "todo Israel será salvo [...] se sua quedafoi riqueza para o mundo [...] quanto mais
sua plenitude".
A figueira fala dos privilégios nacionais de Israel (Mt 21:18-20; 24:32,33; Mc 11:12-
14; Lc 13:6-8).
O que caracter iz a a f i gue i ra é a sua doçura e seus bons f rutos. Deus
plantou Is rael, sua f i gueira, mas o seu f ruto se corrompeu e , no lugar
da doçura, houve amargor. Foi o que aconteceu quando o nosso Senhor veio
a Is rael, pois os seus ( o seu povo) não o receberam. Com amargor, os
judeus o consideraram um endemo-ninhado e "formaram

Outraevidência dodesejodeDeusdetirarDavido
l a m a ç a l depreende-se da incomparável história que ele inspirou Nata a contar aorei.
Graças ao coração de pastor do rei , e le seria t ocado pela
his tória. Quando examina mos essa parábola i ncomparável, f i camos,
antes demais nada, impressionados com "Havia numa cidade dois homens".
Emc e r t o s e n t i d o , e r a m i g u a i s , c o m p a n h e i r o s e c o m p a t r i o t a
s.
P o r " d o i s homens", entendemos Davi e Urias, que, embora estivessem no
mesmonível como seres humanos, ambos sujeitos às leis de Deus, eram
porém,diferentes.Davi era, por nascimento, membro da privilegiada nação de Israel,a
qual Deus tanto abençoou de forma significativa, e dela tornou -se umgrande
rei.Urias era um súdit o do rei e , por opção, habitant e da cidade em que
Davi morava e reinava.Q uanto às qualidades , Davi e Urias eram " numa
c i dade dois ho - mens", visto serem ambos audazes, corajosos e valentes. Desde a
moci-dade, Davi era conhecido pela bravura, da mesma forma q ue
Urias, ohitita. Parte do t r i s t e pecado de Davi foi t er usado a bravura
de Urias para causar-lhe a morte.As diferenças entre os dos dois homens
retratados por Nata eramgritantes. H abitando " numa cidade", eram
como dois pólos quanto à posição social e aos privilégios: "um rico e outro
pobre". Deus, por suamisericórdia, t i nha dado a Davi muitas
r i quez as. Como era próspero! Todavia, essa benevolência divina pode mostrar- se
uma dádiva perigosa:" Riquez a s i gnifica poder para satisfaz er os
des ejos ou para realiz ar avontade". Temos um adágio que diz: "O
dinheiro fala alto". Aposição de Davi como dirigente rico lhe possibilitou regalar-se
em deleites ilícitos.O "pobre" era Urias, soldado do exército de Davi, e portanto obriga-
do a submeter-se à sua soberana vontade. A despeito da posição
menosp r i v i l e g i a d a , U r i a s t e v e a ç õ e s m a i s n o b r e s q u e a s
d o r e i . T a l d i f e - renciação apenas agravava o crime hediondo de Davi.A
parábola de Nata apresenta ainda outra oposição: "O rico tinhaovelhas e gado
em grande número, mas o pobre não tinha coisa nenhu-ma, senão uma pequena
cordeira". Davi, sendo rei e rico, possuía muitase s p o s a s , m a s U r i a s n ã o e
r a p o l í g a m o — t i n h a a p e n a s u m a e s p o s a , a quem dava t odo o
seu
amor. Da mesma forma que o r i co da parábola n ã o s o u b e a v a l i a r a
a f e i ç ã o d o s e u v i z i n h o p o b r e p a r a c o m a ú n i c a cordeirinha que
tinha, Davi também não conhecia o amor puro e exclusi-vo por uma só mulher. Que
contraste chocante há entre a paixão ilícitad e D a v i e o p u r o e
profundoamordeUrias!Comodisseoautorde
M iracles and parables of t he Old Tes tamen t [ M ilagres e parábolas
do Antigo Testamento]:
"O rio que se mantém em seu curso é uma bênçãopara o país em que se
encontra; mas o mesmo rio, quando destrói suasribanceiras e inunda a terra, torna-
se um meio de desolação e de destrui-ção. Assim se dá com a afeição lícita e com a
paixão ilícita".Quando a parábola foi desdobrada e o rei ouviu que o "homem rico[...]
tomou a cordeira do pobre, e a preparou para o homem que lhe ha-via chegado",
"o furor de Davi se acendeu sobremaneira", e consid erou

aquelericodignodemorteemrazãodaqueleatotão
desalmadoeimpiedoso.Ellicott,aocomentaresse
a s p e c t o d i z : " O s i m p u l s o s generos os de Davi não haviam
s i do des truídos pelo pecado, nem seu s e n s o d e j u s t i ç a ; o s e u
c a r á t e r i m p u l s i v o n o m e s m o i n s t a n t e ( I S m 25:13,22,23) o fez
indignar-se sobremaneira". Mas quão cabisbaixo ficouao descobrir que, por
planejar a morte de Urias, ele era o que matara acordeira do pobre.Com ousadia
e sem demora, Nata aplicou a parábola à consciência j á d e s p e r t a d e
D av i e diss e : " T u é s es s e h o m e m " . Davi,
a n t e s s ens ibiliz ado pelo sofrimento que o pobre t eria
e xp er im en t ad o ao versua cordeira t rans formada em al imento na mesa
do r i co, agora t e mc on s c iê nc i a de quanto o ferido Urias não t eria
sofrido naquele ato de sedução da sua amada esposa.2. O p
erdãodeDeus.
Culpado de um grande crime, Davi cons - cientizou-se da necessidade de uma grande
confissão —o que fez, assimque se identificou com a parábola: "Pequei contra o
Senhor". A respostade Nata foi imediata: "O Senhor perdoou o teu pecado. Não morre-
rás".C o n t u d o , e m b o r a o p e c a d o d e D a v i t e n h a s i d o
p e r d o a d o e , e m d e - corrência disso, ele tenha escrito os salmos 32 e 51,
muitas das conseqü-ências do ocorrido se mantiveram: "a espada jamais se
apartará da tuacasa". Será que não poderemos perceber agora o profundo
significado do"refrigera a minha alma" de Davi"? Se nós, como crentes, pecamos,
nãoimporta qual seja o nosso pecado, a promessa é: "Se confessarmos
osnossos
pecados , e l e é f i e l e j usto para nos perdoar os pecados , e nos purificar
de toda injustiça". Davi condenou-se a si mesmo de forma tãoa b s o l u t a
quanto condenara o rico da parábola e, com durad
o u r a e profunda dor, usufruiu mais uma vez do sorriso perdoador de
Deus.
Parábola dos dois filhos
(2Sm 14:1-24)É i nteres s ante comparar a par ábola da mulher de Tecoa
com aparábola acerca da cordeira, que acabamos de analisar. Essa
compa- ração é sobretudo importante porque ressalta as diferenças entre uma
eoutra. Novamente, Davi é o alvo da parábola. A da
Cordeira
foi proferidap o r N a t a , o p r o f e t a i n s p i r a d o ; a d o s
Dois i rmãos,
p o r u m a m u l h e r esperta, instigada por Joabe, que era "astuto, político e
inescrupuloso",capaz de "ler o caráter humano e discernir as motivações
humanas selhe fosse dada uma oportunidade, mesmo que pequena".A parábola de
Nata foi uma ardente condenação ao pecado duplode Davi, de sedução e de
assassinato; a parábola da mulher de Tecoaestava cheia de astúcia e de bajulação.
Aquela se baseava nos princípiosdivinos da verdade, da justiça e da retidão,
sendo proferida com toda asolenidade; esta foi um misto de verdade e de falsidade, e
de conclusõeserradas sobre Deus. A mulher que Joabe subornou para contar a
parábolaq u e e l e a r q u i t e t a r a n ã o s e n t i a d e f a t o o q u e , n a
verdade,erasóencenação.Elaprotagonizouu m
e s p e t á c u l o i m p r e s s i o n a n t e . S ó encenação. Assim, também o objetivo de
cada parábola difere. A de Nata

a rr ep en di me n to verdadeiro; a da mulher t inha por objetivo apoiar


osp l a n o s d e J o a b e , c h e i o s d e i n t e r e s s e s p r ó p r i o s e d e u m
s e n s o d e autopreservação.1.
O ambiente da parábola.
Ahis-tória inventada por uma "mulherhumilde e desconhecida, de uma vila também
pouco conhecida de Israel,quase 3 mil anos atrás", foi atentamente ouvida por Davi,
porque sentianela uma correspondência com a sua própria história.
Embora Deus lhetivesse feito descansar dos seus inimigos, Davi ainda estava
dominadopela lembrança de sua dolorosa queda e, nos pecados e crimes de
seusfilhos, escutava o triste eco das transgressões que ele mesmo cometera.Sua harpa,
tantas vezes um consolo, para ele estava "pendurada no sal-gueiro" (SI 137.2).
Absalão, seu filho amado, estava no exílio havia trêsanos, por ter assassinado
seu irmão Amnom, que havia violentado Tamar( i r m ã d e A b s a l ã o e m e i a -
i r m ã d e A m n o m ) . A p e s a r d o s p e c a d o s d e Absalão, Davi ansiava
por vê-lo: "o rei Davi sentiu saudades de Absalão".Em seu l ivro, cheio de
vividos sermões bi og rá fi co s , Clarence E. Macartney, ao tratar da
"Mulher de Tecoa", mostra com forte realismo oconflito que Davi passou
naquele momento. De um lado estava o Davirei, guardião da justiça; do outro, o
Davi pai, saudoso do filho que come-tera aquele crime:"O Davi rei, sustentáculo da
lei, está dizendo: 'Absalão, você é umass ass ino. Você matou de forma
t raiçoeira o seu próprio i rmão. Você sujou as mãos com o sangue de Amnom. Violou
a lei de Deus e a lei doshomens. Absalão, permaneça no exílio. Nunca mais veja o meu
rosto'."Mas o Davi pai está falando de maneira muito diferente: 'Absalão,volte para
casa. Sem você, os banquetes não têm o mesmo sabor; semvocê, a minha harpa fica
sem melodia; sem você, as salas do palácio sãotristes; sem você, os cerimoniais de
guerra nada mais são que um espe-t á c u l o
vazio.Vocêmatouseuirmão,mas,apesardetodasas
s u a s falhas, eu ainda o amo. Absalão, meu filho, meu filho, volte para
casa'".Então se passaram os dias, as semanas, os meses e os anos.2.
A essência da parábola.
Ao perceber o desejo de Davi de trazerde volta a Absalão, embora a justiça o
houvesse obrigado a ser severo, J oabe, chefe do exército, cons elheiro e
amigo do rei , sabia que havia apenas uma solução para a dor que estava
impedindo Davi de cumprirseus deveres reais. Ele teve a idéia da parábola, e sabia
que uma mulherpoderia contá - l a melhor que um homem. E vi de nt e me n te
a mulher de Tecoa tinha sabedoria, sutileza e eloqüência, e a parábola foi criada
como propósito claro de não se assemelhar tanto à história de Absalão. En -
tão, cobrindo-se com a máscara da dor e da aflição, a mulher transmitiua mensagem
que Joabe l he pusera nos l ábios. Para M acartne y, essa narrativa: "é um
dos quatro ou cinco grandes discursos da Bíblia [...] Emnenhum lugar da Bíblia se vê,
em tão curto espaço, uma passagem commetáforas t ão l i ndas quanto essas,
t ão em oc io na n te s , apaix onadas e eloqüentes".O l amento da mulher, em
evidente sofrimento, tocou o coração b o n d o s o e c o r d a t o d e
Davi,que,mandandoqueselevantasse,

perguntou: " Que t ens? ". Então e l a contou a tocante his tória dos
doisfilhos que, brigando em um campo, um acabou sendo morto. Por
causad o a s s a s s i n a t o , o r e s t a n t e d a f a m í l i a s e r e v o l t o u e
e x i g i u q u e e l a entregasse o filho vivo para ser morto por causa do crime.
Quando elaclamou pela s egurança do suposto f i lho, Davi se comoveu
e diss e- l heque fosse embora, pois sua petição seria atendida: " não
há de cair no chão nem um cabelo de teu filho".A o d e s t r u i r a s d e f e s
a s e x t e r n a s d o c o r a ç ã o d e D a v i , a m u l h e r , i ns truída pelo
astuto
Joabe, dirigiu - se às defes as internas ; com uma graciosidade, uma sutileza e
uma humildade in-comparáveis, apresentouo apelo para o regresso e a segurança
de Absalão, embora ele tivesseassassinado o irmão. Ao penetrar no disfarce da
mulher, Davi detectou oestratagema de Joabe: "Não é verdade que a mão de Joabe anda
contigoem tudo isto?". A mulher prontamente confessou que todo o
esquemaera do chefe do exército. Davi então mandou chamar a Joabe e designou-o
para fazer "voltar o jovem Absalão". E assim o filho banido retornou.Ainda assim,
porém, não houve re co nc il i a çã o familiar imedia ta. D a v i o
p r o i b i u d e v e r a s u a f ac e e , p o r c a us a desse
r e g r e s s o "incompleto", o mal surgiu. Passaram-se dois anos até que pai e filho
see n c o n t r a s s e m n o v a m e n t e f a c e a f a c e . I r r i t a d o c o m a a ç ã
o d e D a v i , Absalão planejou uma cons piração para derrubar o próprio
pai e l hetomar o trono. Não estaria Davi colhendo com dor as conseqüências
dosseus pecados, nas quais se incluíam as transgressões de seus dois filhos?Amnom
era
culpado de sedução, e Absalão, de as s ass inato; ambos os crimes se vêem
no tratamento de Davi com Urias e com Bate-Seba. Podeser que a cons ciência de
seu duplo pecado l he t enha enfraquecido a determinação. Se tivesse punido o
filho Amnom como merecia, não teriahavido a necessidade de banir Absalão. Davi
estava amargamente certode estar colhendo o que havia semeado, e seus filhos
estavam apenasseguindo seus passos.3.
O significado espiritual da parábola.
M i l a n o s a n t e s d e C r i s t o morrer na cruz, para t raz er os exilados de volta a
Deus, a mulher de Tecoa teve um vislumbre da verdade divina, embora a tenha
aplicado def o r m a e q u i v o c a d a e a t e n h a p e r v e r t i d o p a r a
u m m a u i n t u i t o . " E l e também cria um meio de impedir que os seus
desterrados sejam afas-tados dele". Que poderoso evangelho essa mulher
inconscientementepregou! Deus não se vinga imediatamente, mas "espera para ser
gracio-so". Os pecados baniram o homem da presença de Deus, mas este pro -
porciona os meios de trazer o pecador de volta. Que meios ele criou?
Aencarnação, a morte e a ressurreição de seu amado Filho, com toda a certeza!
Deus amou um mundo de perdidos pecadores, e seu coração foià procura de banidos
que, quando retornam, não são aceitos de meio-coração, como Davi recebeu o
seu filho pródigo Absalão. Uma vez que opecador volte para Deus, a reconciliação
é completa, e o que retorna, salvo, é um com Deus, plenamente aceito no Amado.A
Parábola dos dois filhos,
que Jesus contou em Lucas 15, é o cor-respondente neotestamentário da
Parábola dos dois filhos,
de J oabe. Opai perdera um dos dois filhos, que se tornou um pródigo em
terra longínqua; mas seu amor acompanhou o rapaz obstinado, o qual, em
seur e t o r n o , t e v e u m a r e c e p ç ã o c o m p l e t a e r e c e b e u t a m b
é m a p l e n a e irrestrita bênção paterna e os privilégios de filho. O plano de
perdão e
derestauração de Deus foi mais longe que o de Joabe. Davi enviou o chefe do exército
para trazer Absalão de volta para casa. O coração paterno deDeus o compeliu a enviar
o seu Filho unigênito para morrer pelo pecado,para que os pecadores
pudessem ser plenamente reconciliados com Deus. Que surpreendente graça!
Parábola do profeta ferido
(l Rs 20:35-43)Essa parábola segue o padrão dos escritos proféticos, em que
aspalavras se fazem acompanhar de uma
encenação
parabólica (Jr 27:2; Ez12:7). Estas
parábolas encenadas
devem ter sido marcantes para os queas viram e ouviram.D e a c o r d o c o m
J o s e f o , e s s e " u m d o s h o m e n s " q u e e n c e n o u a pa rábola era
M icaías , f i l ho de In l á . O bviamente era r ep re s e nt an te deuma escola
profética. A morte pelo leão traz à mente a morte do profetade- s ob ed ie nt e,
relatada no capítulo anterior ( 13 : 24 ) . O propós ito da parábola era fazer
com que o próprio Acabe se condenasse. Um aspectosemelhante de condenação
está presente nas duas últimas parábolasque estudamos. Esta parábola, no
entanto, não gerou arrependimentoem Acabe, mas suscitou nele a teimosia e
a indignação característicasque mais tarde viria a demonstrar (21:4).O profeta
a l egou ser de i nspiração divina o seu primeiro pedi do, que teria sido a solicitação
de um louco, se não fosse "a voz de Senhor".Como Lang observa em seu famoso
Commentary [Comentário]:
" A pu- nição do homem que se recusou a obedecer à ordem do profeta prova,sem
dúvida a lguma, que a exigência era acompanhada de uma
expo- sição de motivos e da explicação de ser aquela uma ordem do Senhor".E
raessencialquenãosóaaplicaçãodaparábola
f i c a s s e e s c o n d i d a daquele a quem ela se dirigia, mas que também o que a
contasse nãofosse i de nt if ic a do . Por i sso o dis farce do rosto coberto.
Assim como o pescador procura ocultar tanto a si mesmo como o anzol,
usando paraisso uma isca, aqui, como no caso de Nata, o anzol da intenção
estavaescondido. Acabe não t i nha res peito pelos mens ageiros do
S enhor, equem quisesse enfrentá-lo precisaria disfarçar-se de ferido, para trazer aesse
rei desobediente a sua própria condenação.Quanto ao significado dessa parábola, apesar
de não ser muito cla-ra em todos os seus detalhes, uma coisa é incontestável,
como mostraLang: "o jovem que havia saído à batalha representa Acabe, e o
homemc o n f i a d o a o s s e u s c u i d a d o s , o q u a l e s c a p o u p o r
f a l t a d e a t e n ç ã o , representa Ben-Hadade. Israel tinha acabado de enfrentar
uma batalhadifícil e sangrenta, e tinha conquistado a vitória prometida; mas agora,na
pessoa de Ben-Hadade, o arquiinimigo que Deus havia entregue emsuas mãos, estava
livre e sem punição".Muitas l i ções podem ser extraídas dessa parábola. O profeta da

narrativa era dirigido pela Palavra de Deus, e t eve de sofrer por


obe- decer a ela. A obediência ao S enhor a l gumas vez es nos l eva a
um ca- minho doloroso. Os que vão contra a verdade divina trazem condenaçãosobre
si. A sentença de Acabe sobre o homem foi executada contra elepróprio. Ele
recebeu o pagamento na mesma moeda. Então, na soleneincumbência fei t a
ao profeta pelo homem que voltara da batalha, há uma verdade a mais
para observar: "me trouxe outro homem, e disse:Guarda-me este homem". A
coragem e o sacrifício do herói nunca sãoem vão. Cristo s acrificou a s i
mes mo, para que a presa saísse da mãodo s poderos os e para que os
cativos fossem l ibertos; ele mesmo não morreu em vão, como podem atestar
miríades de almas redimidas, tantono céu como na terra.Além do mais, a falta de
intenção e de atenção por parte do rei nãofoi reprovada com as palavras: "Estando
o teu servo ocupado de uma ede outra parte, o homem desapareceu"? Por acaso
estamos condenadosn a q u e s t ã o d a v i g i l â n c i a ? O h o m e m q u e
havia efetuado a fuga naparábol a tin h a i d o e m b o r a .
Q u e p o s s a m o s s e r p r e s e r v a d o s d a negligência em
n o s s a s s o l e n e s r e s p o n s a b i l i d a d e s ! M u i t o s d e n ó s s e ocupam
por demais aqui e acolá, em mis sões de menos i mp or tâ nc i a, deixando
que uma incumbência de maior valor lhes escape. Precisamosde maior
concentração
como também de
consagração
— mais
atenção
e
intenção.
Parábola de Micaías
(lRs 22:13-28)O profeta Micaías, dirigindo-se aqui a Zedequias, não era homemde
profanar o seu chamado. Não contribuiu para a idéia supersticiosa deque, uma vez
que se cresse que a inspiração dos profetas vinha de Deus,essa inspiração ainda
assim poderia ser alterada conforme os profetasachassem melhor, e
assim podiam ser subornados, enganados ou obri-gados a profetiz ar coisas mais
aceitáveis. Micaías foi um verdadeirodiscípulo de Elias, e a
aus tera res pos ta que deu mostrou ser ele um inimigo da corrupção.A
parábolaproféticadeMicaías,expressanuma
m e t á f o r a impressionante e numa visão simbólica, parece-se com a referência de
Jóà convers a de Satanás com o Senhor ( 1 : 6 - 12 ) . Ellicott diz que a
i déiaexpressa pela parábola "é o engano dos falsos profetas por um
espíritom a l i g n o , n u m a c o n d e n a ç ã o d e D e u s p e l o s p e c a d o s d
e
A c a b e e p e l a degradação que esses falsos profetas provocaram ao ofício. As
imagenssão t omadas por empréstimo à ocasião. São obviamente extraídas da
analogia com uma corte real, onde, como no caso perante os olhos deMicaías, o rei
procura conselho contra os seus inimigos".
Parábola do cardo e do cedro
(2Rs 14:8-14)

militar do adversário, Amazias encontrou a derrota. Depois disso fez o


insolente desafio a Jeoás: "Vem, encontremo-nos face a face".As duas metáforas
extraídas da natureza são
o cedro e
o cardo,
que expressam o sentimento de superioridade de Jeo
á s a o r e p r o v a r Amazias. O
cedro,
árvore de crescimento lento e de vida longa, usadapara os deveres
s ac ri fi ci a is do t emplo, repres enta a força de Is rael. O
cardo,
identificado por Ellicott com o espinheiro, a sarça ou o abrunheiro-bravo, é uma
planta que cresce como erva daninha e não tem nenhumvalor, transmitindo de
maneira vivida o desdém de Jeoás por seu rival. "Ocedro de mil anos não po de ser
arrancado nem e l iminado pela maior força deste mundo, ao passo que o cardo de
ontem está à mercê do pri-meiro animal da floresta que passar por seu
caminho".Depois temos uma ilustração extraída da vida familiar: "Dá tua filhapor
mulher a meu filho". Trata-se de um costume oriental em que o ho-m e m , a o
pedir a filha de outro em casamento, devia ter as
m e s m a s condições sociais ; senão, a s ol ic i ta ç ão seria cons iderada um
i nsulto. H a b i l m e n t e , J e o á s m o s t r a q u e a p r o p o s t a d o
c a r d o a o c e d r o e r a semelhante à do pobre, que pede ao r i co
permis s ão para casar com a s u a f i l h a . D e s s a m a n e i r a , " o d e s t i n o
d o c a r d o m o s t r a o q u e s e r i a o resultado da auto-estima do rei de Judá se não
aceitasse o conselho 'ficaem tua casa! Por que te in-trometerias no mal, para
caíres tu?', que é aaplicação de toda a palavra".A p a r á b o l a , e n t ã o , e r a u
m a i m a g e m v e r d a d e i r a d o c a r á t e r d e Amazias que, infelizmente, não
estava disposto a se ver nela. Um caráterdeformado não tem o desejo de se ver
refletido em um espelho fiel. Asincomparáveis parábolas de Jesus geralmente não
eram bem- suce-didasq u a n t o à a p r o v a ç ã o d e s e u s o u v i n t e s . A
i n s o l ê n c i a e o o r g u l h o d e Amazias foram a sua ruína. Se tivesse
ficado satisfeito com a conquistade Edom, teria sido poupado da humilhação de ser
derrotado pelas mãosde Jeoás, rei de Israel. O tema central da parábola é: "A soberba
precedea ruína, e a altivez de espírito, a queda" (Pv 16:18).
Parábola de Jó
(27:1; 29:1)E m b o r a a s o i t o r e s p o s t a s d e J ó a s e u s a m i g o s s e
a c h e m n o s capítulos de 26 a 31 e sejam cheias de linguagem simbólica e
cativante,na verdade a seção não contém nenhuma parábola de fato, ainda que otermo
seja usado duas vezes nos diálogos. As partes que compõem sua

primeira
parábola,
como Jó chama a sua réplica no original, podem serfacilmente percebidas:1. a
decisão de não negar a sua integridade (27:2-6);2. a avaliação que faz sobre o destino
dos perversos (27:7-23);3. a magnífica avaliação da natureza da sabedoria (28);4 . a
comparação de sua vida antiga com a sua ex periência de então (29 e 30)
(Quão saudosamente Jó relata a sua antiga felicidade!);5. a declaração inequívoca
de inocência e de conduta irreprovável(31). Neste capítulo temos uma esplêndida
confissão de retidão.O termo usado por Jó e às vezes traduzido por "parábola" no que
serefere aos seus eloqüentes discursos, é
m_sh_l,
que significa
similarida-de,
mesmo vocábulo usado nas profecias de Balaão (v. tb. SI 49:4; 78:2).O termo acima é
também usado em sentido amplo e vago, englobandopoesia profética e também
proverbi-al (Nm 21:27).
Parábola da videira trazida do Egito
(Sl 80)Na verdade esse grande salmo apresenta uma variedade de figurasde linguagem
cativantes. Por exemplo, temos:1. A maravilhosa e conhecida metáfora do pastor,
uma das princi-pais des ignações do Senhor usada em relação a Is rael e
à i greia ( Gn 49:24; Jo 10:11).2. O pão de lágrimas (SI 80:5). Quantas provas e
tribulações, sofri-mentos e lutas o povo de Deus havia suportado.3. A vinha (SI 80:8-
11) é usada como emblema de Israel —símbolotão "natural e adequado que não
surpreende encontrá-lo repetidas vezesno AT e adotado no Novo" (Gn 49:22; Jo 15:1).
Israel foi tirado do Egito eplantado em Canaã. Sua sombra cobriu as
montanhas, seus ramos osrios, o que se refere aos l imites da t erra
prometida, do mar a t é o r i o Eufrates.4 . Os cedr os ( SI 80 : 10 ) . Os ramos
da vinha são comparados aos " c e d r o s d e D e u s " . A
p r o s p e r i d a d e d e I s r a e l e r a s e m e l h a n t e à exuberância da
mais magnífica de todas as árvores da floresta.5 . 0 j avali da selva ( SI 80 : 13 ) .
Essa é a única referência ao
javaliselvagem
na Bíbl i a , usada para res s altar o poder devas tador de certo opressor de
Israel, assim como o
crocodilo é
usado em relação ao Egito,e o
leão,
com respeito à Assíria. Mas Deus é capaz de proteger os seus de todas as forças
destrutivas (SI 80:14-19).Visita esta vinha, a videira que a t ua destra
plantou, o s armento que para ti fortificaste [...] Seja a tua mão sobre o
povo da tua destra,sobre o filho do homem, que fortaleceste para ti.A q u i t e m o s
" u m b o m e x e m p l o d e q u a n d o o p e n s a m e n t o p a s s a naturalmente do
sentido figurado para o literal". Esse salmo parabólicotermina em belo estilo ao
dirigir-se a Deus, com o refrão alcançando seutom completo, expressando a mais
plena confiança. Apesar das provasque nos são permitidas, Deus sabe preservar e
libertar os seus, como dizWhittier nestes versos:

De Deus o caminho escuro, sem tardança,Os brilhantes píncaros da alva pode


alcançar.O mal não pode tolerar a esperança;O bem, esse sim, não tem pressa de
esperar.
AS PARÁBOLAS DE SALOMÃO
Os apócrifos concordam com o fato, difundido entre os judeus daantigüidade,
de que Salomão escreveu em parábolas. Sobre ele lemos:" Tua a lma cobriu
t oda a t erra, e a enches - t e com obscuras parábolas . T e u n o m e
penetrou as ilhas, e por tua paz foste amado. Por
t e u s cânticos, provérbios, parábolas e interpretações, foste amado por toda aterra"
(Eco 47:15,17). Só precisamos ler os livros que Salomão escreveu—
Provérbios, Eclesiastes
e
O Cântico dos Cânticos
— para perceber queh a b i l i d a d e o r e i t i n h a d e e x p r e s s a r - s e
p o r p a r á b o l a s , q u e n ã o e r a m senão r i cas e variadas . Como
disse
Habershon: " Graças à l uz do NT, algumas das parábolas de Salomão deix am de ser
enigmáticas, pois podemos ver nelas as profecias daquele que é maior que Salomão".
O dr.R. K. Harrison, em seu
History of Old Testament times [História dos diasd o Antigo Testamento]
, d i z q u e " S a l o m ã o t i n h a e n o r m e h a b i l i d a d e intelectual e se tornou
lendário em uma idade relativamente jovem. Ele étido como o criador de muitas
composições poéticas, e tinha a habilidadee s p e c i a l d e c r i s t a l i z a r o s
v a r i a d o s a s p e c t o s d a v i d a e m p r o v é r b i o s literários".
Parábola da inutilidade
(Pv 26:7)O l i v r o d e P r o v é r b i o s é i n i g u a l á v e l n o e m p r e g o d a s
i l u s t r a ç õ e s parabólicas. É um livro repleto de ilustrações, de metáforas e de
figurasextraídas de todos os aspectos da vida. O capítulo de Habershon sobreesse
fato é muito esclarecedor. No meio de algumas dessas jóias que aautora enumera
estão a
Parábola da casa com alicerce e a
Parábola dacasa sem a l i cerce
( 9 : 1 ; 2 4 : 3 , 2 7 ; v . 1 2 : 7 ; 1 4 : 1 ) . C o m o n o s l e m b r a m Mateus 7:24-29 e
ICoríntios 3:11-15! A casa aparentemente forte de umnão é tão segura quanto a tenda
frágil de outro.A passagem sentenciosa sobre aqueles que recebem com desprezoo
convite para o banquete (Pv 1:24-27) deve ser comparada com a pará-bola de Jesus
sobre a recusa dos convidados para irem a um grande ban-quete (Mt 22).O parágrafo
sobre a humildade na presença da realeza e diante dosgrandes (Pv 25:6,7) é quase
idêntico ao que o nosso Senhor disse-quantoa o s q u e c o b i ç a m o s m e l h o r e s
l u g a r e s q u a n d o d e v e r i a m p r o c u r a r o s inferiores. Ao adaptar a exortação
parabólica de Salomão, Jesus chama aatenção para o seu próprio exemplo (Lc 14:10; Mt
20:26).
O poder de um rei justo para dissipar o mal (20:8) pode ser postoao lado do efeito do
reinado de Jesus quando se assentar em seu trono( Mt 25 : 31 - 46 ) . Um j usto olhar
seu será o suficiente para emudecer os que estão sem as vestes nupciais.O provérbio
"O rei tem deleite no servo prudente" encontra eco
nasp a r á b o l a s e m q u e o s s e r v o s m o s t r a m p r u d ê n c i a p e l a
fidelidadenosnegócios,peladiligênciaemservirepela
constância em vigiar. EmProvérbios 8:34, o próprio S
e n h o r f a l a s o b r e a q u e l e q u e v e l a , a s s i m como Jesus fez nos
evangelhos: "Bem-aventurado o homem que me dáouvidos, velando
diariamente às minhas portas, esperando às ombreirasda minha entrada".Ao
referir-se ao caminho do
perverso e mostrar como evitá-lo (Pv4:20-27), Salomão usa uma linguagem
semelhante àquela utilizada nasp a r á b o l a s d e J e s u s , n a s q u a i s e s t e
e n s i n a a o s s e u s d i s c í p u l o s q u e a contaminação se origina não no
alimento que
entra
pela boca, mas naspalavras que
saem
do coração e dos lábios. "A importância de preservaro coração com toda a
diligência é o pensamento central da cadeia de sete preceitos básicos de Salomão. Esses
preceitos se dividem em doisgrupos: os t rês primeiros
mostram como a Palavra alcança o coração
pelos
ouvidos
e pelos
olhos;
os outros quatro ensinam que o coração governa o caminhar"."Não ensinou nosso
Senhor que 'a boca fala do queestá cheio o coração?'"Ademais, Salomão usa uma
grande quantidade de f i guras sobre semear e
ceifar
(Pv 11:18,24; 22:8; Ec 11:6), todas as quais podem serpostas l ado a l ado
com a
Parábola do semeador
e t ambém com a que Paulo escreveu sobre o mesmo tema (2Co 9:6; Gl 6:7).A P a
ráboladoricoeLázaro
( L c 1 6 : 1 9 - 3 1 ) é u m a e x p a n s ã o d o provérbio: "A riqueza nada vale
no dia da ira [...] Aquele que confia nassuas riquezas cairá" (Pv 11:4,28).Frases
como " os j ustos reverdecerão como a folhagem" e " a raiz dos justos produz o seu
próprio fruto" (Pv 11:28; 12:12) recebem novosignificado quando comparadas com
João 15. "... o que segue os ociososse fartará de pobreza" (Pv 28:19) resume a
experiência do
filho pródigo.
Quanto a Provérbios 13:7, refere-se ao que vendeu tudo o que tinha parac o m p r a r
umcampoeumapérola.Essaéaúnica vez que o termo
parábola
é encontrado em Provérbios (no original), embora, em sentidomais amplo,
seja às vez es ut i l izado em referência ao provérbio. Aqui Salomão diz:
"Como as pernas do coxo, que pendem frouxas, assim é oprovérbio
(parábola) na boca dos tolos", dando a entender que o cegoespiritual não
pode faz er uso de uma parábola para orientação assim como o coxo não
pode fazer uso de suas pernas aleijadas. Não era o que J esus t i nha em mente
quando disse aos seus discípulos: " Avós é dado c o n h e c e r o s
mistériosdoreinodeDeus,masaosoutrosfala-se
por parábolas, para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não entendam" (Lc8 : 1
0)?Hátambéma
Paráboladojovempobreesábio
(Ec 4:13-16).Embora seja difícil des cobrir a ex ata ass ociação
histórica dessa breve parábola, é fácil perceber que, no "rei velho e insensato",
Salomão nosdá um auto-retrato. Na aplicação da parábola, Ada Habershon diz
que "o

De Deus o caminho escuro, sem tardança,Os brilhantes píncaros da alva pode


alcançar.O mal não pode tolerar a esperança;O bem, esse sim, não tem pressa de
esperar.
AS PARÁBOLAS DE SALOMÃO
Os apócrifos concordam com o fato, difundido entre os judeus daantigüidade,
de que Salomão escreveu em parábolas. Sobre ele lemos:" Tua a lma cobriu
t oda a t erra, e a enches - t e com obscuras parábolas . T e u n o m e
penetrou as ilhas, e por tua paz foste amado. Por
t e u s cânticos, provérbios, parábolas e interpretações, foste amado por toda aterra"
(Eco 47:15,17). Só precisamos ler os livros que Salomão escreveu—
Provérbios, Eclesiastes
e
O Cântico dos Cânticos
— para perceber queh a b i l i d a d e o r e i t i n h a d e e x p r e s s a r - s e
p o r p a r á b o l a s , q u e n ã o e r a m senão r i cas e variadas . Como
disse
Habershon: " Graças à l uz do NT, algumas das parábolas de Salomão deix am de ser
enigmáticas, pois podemos ver nelas as profecias daquele que é maior que Salomão".
O dr.R. K. Harrison, em seu
History of Old Testament times [História dos diasdo Antigo Testamento]
, d i z q u e " S a l o m ã o t i n h a e n o r m e h a b i l i d a d e intelectual e se tornou
lendário em uma idade relativamente jovem. Ele étido como o criador de muitas
composições poéticas, e tinha a habilidadee s p e c i a l d e c r i s t a l i z a r o s
v a r i a d o s a s p e c t o s d a v i d a e m p r o v é r b i o s literários".
Parábola da inutilidade
(Pv 26:7)O l i v r o d e P r o v é r b i o s é i n i g u a l á v e l n o e m p r e g o d a s
i l u s t r a ç õ e s parabólicas. É um livro repleto de ilustrações, de metáforas e de
figurasextraídas de todos os aspectos da vida. O capítulo de Habershon sobreesse
fato é muito esclarecedor. No meio de algumas dessas jóias que aautora enumera
estão a
Parábola da casa com alicerce e a
Parábola dacasa sem a l i cerce
( 9 : 1 ; 2 4 : 3 , 2 7 ; v . 1 2 : 7 ; 1 4 : 1 ) . C o m o n o s l e m b r a m Mateus 7:24-29 e
ICoríntios 3:11-15! A casa aparentemente forte de umnão é tão segura quanto a tenda
frágil de outro.A passagem sentenciosa sobre aqueles que recebem com desprezoo
convite para o banquete (Pv 1:24-27) deve ser comparada com a pará-bola de Jesus
sobre a recusa dos convidados para irem a um grande ban-quete (Mt 22).O parágrafo
sobre a humildade na presença da realeza e diante dosgrandes (Pv 25:6,7) é quase
idêntico ao que o nosso Senhor disse-quantoa o s q u e c o b i ç a m o s m e l h o r e s
l u g a r e s q u a n d o d e v e r i a m p r o c u r a r o s inferiores. Ao adaptar a exortação
parabólica de Salomão, Jesus chama aatenção para o seu próprio exemplo (Lc 14:10; Mt
20:26).

O poder de um rei justo para dissipar o mal (20:8) pode ser postoao lado do efeito do
reinado de Jesus quando se assentar em seu trono( Mt 25 : 31 - 46 ) . Um j usto olhar
seu será o suficiente para emudecer os que estão sem as vestes nupciais.O provérbio
"O rei tem deleite no servo prudente" encontra eco
nasp a r á b o l a s e m q u e o s s e r v o s m o s t r a m p r u d ê n c i a p e l a
fidelidadenosnegócios,peladiligênciaemservirepela
constância em vigiar. EmProvérbios 8:34, o próprio S
e n h o r f a l a s o b r e a q u e l e q u e v e l a , a s s i m como Jesus fez nos
evangelhos: "Bem-aventurado o homem que me dáouvidos, velando
diariamente às minhas portas, esperando às ombreirasda minha entrada".Ao
referir-se ao caminho do
perverso e mostrar como evitá-lo (Pv4:20-27), Salomão usa uma linguagem
semelhante àquela utilizada nasp a r á b o l a s d e J e s u s , n a s q u a i s e s t e
e n s i n a a o s s e u s d i s c í p u l o s q u e a contaminação se origina não no
alimento que
entra
pela boca, mas naspalavras que
saem
do coração e dos lábios. "A importância de preservaro coração com toda a
diligência é o pensamento central da cadeia de sete preceitos básicos de Salomão. Esses
preceitos se dividem em doisgrupos: os t rês primeiros
mostram como a Palavra alcança o coração
pelos
ouvidos
e pelos
olhos;
os outros quatro ensinam que o coração governa o caminhar"."Não ensinou nosso
Senhor que 'a boca fala do queestá cheio o coração?'"Ademais, Salomão usa uma
grande quantidade de f i guras sobre semear e
ceifar
(Pv 11:18,24; 22:8; Ec 11:6), todas as quais podem serpostas l ado a l ado
com a
Parábola do semeador
e t ambém com a que Paulo escreveu sobre o mesmo tema (2Co 9:6; Gl 6:7).A P a
ráboladoricoeLázaro
( L c 1 6 : 1 9 - 3 1 ) é u m a e x p a n s ã o d o provérbio: "A riqueza nada vale
no dia da ira [...] Aquele que confia nassuas riquezas cairá" (Pv 11:4,28).Frases
como " os j ustos reverdecerão como a folhagem" e " a raiz dos justos produz o seu
próprio fruto" (Pv 11:28; 12:12) recebem novosignificado quando comparadas com
João 15. "... o que segue os ociososse fartará de pobreza" (Pv 28:19) resume a
experiência do
filho pródigo.
Quanto a Provérbios 13:7, refere-se ao que vendeu tudo o que tinha parac o m p r a r
umcampoeumapérola.Essaéaúnica vez que o termo
parábola
é encontrado em Provérbios (no original), embora, em sentidomais amplo,
seja às vez es ut i l izado em referência ao provérbio. Aqui Salomão diz:
"Como as pernas do coxo, que pendem frouxas, assim é oprovérbio
(parábola) na boca dos tolos", dando a entender que o cegoespiritual não
pode faz er uso de uma parábola para orientação assim como o coxo não pode fazer
uso de suas pernas aleijadas. Não era o que J esus t i nha em mente
quando disse aos seus discípulos: " Avós é dado c o n h e c e r o s m i s t é r i
osdoreinodeDeus,masaosoutrosfala-se
por parábolas, para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não entendam" (Lc8 : 1
0)?Hátambéma
Paráboladojovempobreesábio
(Ec 4:13-16).Embora seja difícil descobrir a ex ata associação
histórica dessa breve parábola, é fácil perceber que, no "rei velho e insensato",
Salomão nosdá um auto-retrato. Na aplicação da parábola, Ada Habershon diz
que "o

contém nem sequer uma simples linha de sentimento


r e l i g i o s o o u espiritual. No
cântico
de Salomão não há o nome de Deus e nenhuma menção de ordenanças
ou de ritos sagrados, quaisquer que sejam. Noentanto, como diz Bunsen
em seu estudo sobre este l i vro, " H averia a f a l t a d e a l g u m a c o i s a
n a B í b l i a , s e n ã o s e e n c o n t r a s s e n e l a u m a expressão do mais
profundo e mais forte de todos os sentimentos huma-nos".
O Cântico dos Cânticos
é uma valiosa c on tr ib ui ç ão à Bíblia, pois ensina que o sentimento do
amor é enobrecedor quando associado aossentimentos morais. Dessa forma ,
esse belo idílio, que retrata a união ea c o m u n h ã o e n t r e o s a m a n t e s
d o l i v r o , é u m a p a r á b o l a d o p r e c i o s o vínculo entre o Amado celestial e
sua Noiva: "Eu sou do meu amado e eleé meu".O poema profético de Salomão
termina com duas pequenas estro-f e s q u e r e s u m e m t u d o o q u e t e m s i d
o
r e l a t a d o , v e z a p ó s v e z , s o b diferentes metáforas, a saber, o namoro e o
casamento de dois coraçõesfeliz es: " Vem depressa, amado meu". Não é
esse o pedido dos nossoscorações quando pensamos em nosso Amado ausente? Mas t
emos aesper ança de que em breve e l e virá por sobre
os montes dos aromas para buscar a sua Noiva. AS
PARÁBOLAS DE ISAIAS
Parábola do dono da manjedoura
(Is 1:2-9)Os escritos proféticos, como veremos, são célebres pela linguagemfigurada de
forte realismo. Esses grandes profetas eram patriotas e, como anunciadores da justiça e
do juízo, sabiam usar as forças naturaispara chamar atenção para as suas mensagens.
Muitas vezes recorriamao vento e ao mar, às tempestades e aos terremotos —símbolos
muitoapropriados para os
as s untos agitados de que t ratavam. Cenas mais amenas da terra de Israel
também apareciam em seus escritos. A gene-rosidade de Deus é semelhante a "uma
vinha num outeiro fértil" (Is 5:1).O p r á t i c o M i q u é i a s f a l a d e " c h u v i
s c o s o b r e a e r v a " ( 5 : 7 ) . J e r e m i a s , conhecedor dos hábitos dos
pássaros de sua t erra natal, usava - os em suas ilustrações com grande efeito (8:7;
17:11). Tantas vezes se recorrea montanhas, cedros, pastagens, rebanho, nuvem e
fogo, aplicando-setodas essas figuras, que é difícil examinar todas.A
sublime n aturez a parabólica e profética dos l i vros proféticos , j unto
com seu i ndis cutível valor es piritual, faz com que seus es critos sejam
classificados entre a melhor literatura do mundo. Com base nosescritos
desses porta-vozes de Deus, podemos construir um panoramade Canaã, a
terra muito cobiçada. "Para os hebreus, o sangue dos seusanimais machos e a
associação com o passado histórico santifícaram osolo de Canaã [...] Canaã era
duplamente querida e duplamente sagrada

para o povo de Israel por ser um presente do seu Deus, sinal inequívocoda sua graça.
Aterra e a fé eram para eles inseparáveis". Essa é a razãode a terra ser retratada de modo
tão vivido. Robert Browning escreveu ar e s p e i t o d o p a í s s o b c u j o s c é u s
a z u i s e l e p a s s o u o s s e u s a n o s m a i s felizes:No meu coração, verás ao abrir,
vaia entalha, Em que outra coisa não se lê, senão
Itália.
Só precisamos l er o que os profetas t inham a diz er sobre a suaterra abundante para
saber que, com o mesmo entusiasmo, t ambém podiam declarar haver entalhado no
coração o nome
Canaã.
Entre os profetas, Isaías se destaca pelo uso de uma
l i nguagem esmerada. Ellicott diz o seguinte sobre esse grande poeta e
profeta deIsrael: "Os provérbios de Salomão, como sempre, de destaque na forma-ção
j udaica, o muniram de um vocabulário é t i co e f i l osófico
( 11 : 1 , 3 ; 33:5,6) e do método do ensino por parábolas (28:23-29), ensinando-
lhe aassentar os fundamentos da moral
no
t emor do Senhor". Isaías apre - senta uma notável versatilidade na escolha dos
paralelismos, das figurase das parábolas para reforç ar e impor sua
mensagem. O fato de que tinha grande inclinação para o uso de simbolismos pode ser
comprovadon o n o m e d e s e u s f i l h o s . E s c r i t o r t a l e n t o s o , c o m o
p a s s a r d o s a n o s o profeta ampliou o seu vocabulário, variando na fraseologia e
no estilo deacordo com a ocasião ou com a intensidade do que sentia. Diante de nósestá
a primeira das marcantes figuras de linguagem de Isaías, na qual oprofeta utiliza os
valores da parábola para contrapor o comportamentode Israel para com Deus aos
sentimentos normais de um relacionamentofamiliar —até os instintos de gratidão dos
animais de carga.Isaías inicia sua grande acusação de ingratidão e de iniqüidade
porparte de Is rael implorando a atenção do univers o: " Ouvi, ó céus, e
dáo u v i d o s , ó t e r r a " ( 1 : 2 ) . D e p o i s c o m p a r a o s f i l h o s d e
D e u s a o s q u e cresceram debaixo do cuidado de um pai amoroso. Deviam
retribuir-lhecom amor f i l i al e com res peito, mas tudo o que f iz eram
foi rebelar - secontra o controle do pai. Usa-se então uma figura de
linguagem muitoforte para ress altar a profunda de s o be di ên ci a e a
degradação de um povo divinamente abençoado. Os animais, que têm
instinto, conhecemos seus donos e obedecem às suas ordens , mas
Is rael recus ava - se areconhecer as leis do Senhor. Se a ingratidão do homem para
com outrohomem produz grande tristeza, a ingratidão do homem para com
Deusproduz profunda dor no coração deste.Com cores vivas, Isaías pinta os
diversos estágios de crescimentoda iniqüidade na nação da qual fazia parte.
Primeiramente o povo aban-donou a Deus, depois o desprezou e por fim apostatou
totalmente. Quãocontrário à natureza divina o povo tinha- se tornado!
O Santo de Israel
éo nome divino que Isaías gostava de usar (ocorre cerca de trinta vezes em
suas profecias) por reunir em si os conceitos de consagração, de pu-reza e de santidade.
Israel tinha sido projetado para ser "a nação santa",

profeta segue então retratando como o pecado, uma epidemia


mortal,espalha- se e t orna - se uma t errível e desventurada doença:
" Desde aplanta do pé até a cabeça não há nele coisa sã". A descrição da podridão( Is
1 : 5 , 6 ) é " uma das parábolas naturais da é t i ca, faz endo l embrar
dadescrição que Platão faz das almas dos tiranos: cheias de úlceras".A pa r t i r daí,
Isaías amontoa analogias sobre analogias. Teríamos u m
proveitoso estudo à parte, se quiséssemos ajuntar
todas asmetáforas, analogias e dizeres parabólicos q
ue o
profeta emprega.Embora a profecia seja o que se salien
ta emseu livro dramático, asprofecias, como também as v
isões,
carregam aspectos próprios daparábola. Por exempl
o, ospecados são apresentados como de cor
escarlata,
mas os que pecaram podem ficar
brancos como a neve
(1:18).Duas imagens referem-se à degradação dos soberanos, cuja negligênciae r a
responsável pela desordem de que Isaías trata: "A tua p
r a t a se tornou em escórias, o teu vinho se misturou com água" (Is 1:22).
Essalinguagem s imbólica é retomada adiante: " purificarei
i nt ei ra m en t e as tuas escórias, e tirarei de ti toda impureza" (Is 1:25). Deus, oGrande
Purificador, pode purificar metais degradados (Ml 3:2,3). Opecado
faz murchar
e também
queima
(Is 1:30,31). "Na glória manifestado Senhor, os homens podem encontrar, da mesma
forma que o viajanteem sua tenda, proteção contra todas as formas de perigo, contra o
calorabrasador do meio dia e contra a tor-rencial tempestade" (4:5,6).Um es tudo
sobre a versatilidade ex pressiva de Isaías nos l eva a concordar com Driver, em
seu magistral livro
Isaiah [Isaías],
quando dizque seu " ta l ento poético é ex t ra or di ná ri o" . O estilo
i ncomparável do profeta marca o apogeu da arte literária hebraica.
Jerônimo compara oorador e poeta do AT a Demóstenes. Quanto ao
esplendor de suas ima-gens, Isaías era insuperável: "Cada palavra sua
emociona e cumpre seuobjetivo. A belez a e a força são ca ra ct er í s t i c as
de seu l i vro como um t o d o . E l e é u m p e r f e i t o a r t i s t a d a s
p a l a v r a s " . P a r a o e s t u d o m a i s aprofundado do leitor, agrupamos algumas
das características que o dr. George N. Robinson ressalta em seu manual muito útil
The book of Isaiah[O livro de Isaías]
:1. Nenhum outro escritor do AT usa tantas ilustrações pitorescas ebelas (5:1-7; 12:3;
28:23-29; 32:2).2. Epigramas e metáforas, principalmente sobre inundações, tem-
pestades e sons (1:13; 5:18-22; 8:8; 10:22; 28:17,20; 30:28,30).3. Interrogação e
diálogo
(6:8; 10:8).4. Antítese e aliteração (1:18; 3:24; 17:10,12).5. Hipérbole e parábola (2:7;
5:17; 28:23-29).6. Paronomásia ou jogo de palavras (5:7; 7:9).7. Ele é também famoso
pelo seu vocabulário e riqueza de sinôni-mos. Ezequiel usa 1 525 vocábulos;
Jeremias, 1 653; o salmista, 2 170; Isaías, 2
186.
8. Ele elabora freqüentemente as suas mensagens em estilo rítmi-co e poético (12:1- 6;
25:1-5; 26:1-12; 38:10-20; 42:1-4; 49:1-9; 50:4-9;

52:13-53; 22:60-62; 65:5-24).9 . E m v á r i a s o c a s i õ e s I s a í a s


i n c l i n a - s e p a r a u m r i t m o d e l amentaç ão. Por ex emplo, há um
t enso poema sobre S e na qu er ib e em 37:22-29, e, em 14:4-21, há outro sobre o
rei de Babilônia.Sem dúvida, o livro desse profeta de grande importância se
destacacomo obra-prima da literatura hebraica.
Parábola da vinha do Senhor
(Is 5:1-7)U m o u d o i s p e n s a m e n t o s i n t r o d u t ó r i o s
i n e v i t a v e l m e n t e s e apresentam para consideração quando examinamos essa
linda parábolasobre a vinha, intimamente relacionada com a parábola anterior e com
aposterior. Na verdade, Isaías proporciona duas parábolas em uma —
aprimeira, sobre o cuidado protetor sem retorno; a segunda, sobre
umasentença implacável, sem recursos nem conciliações. Todo o possível
ját inha s i do fei to para propiciar a fertilidade da vinha e assegurar o de-
senvolvimento das possibilidades latentes. Mas todo o cuidado dispen -
sadoàvinhatinhasidoemvão.Israel,avideira,havia
r e j e i t a d o a atenção do viticultor e conseqüentemente tornou-se planta sem valor —
erva daninha. O primeiro pensamento é este:
Isaías era em primeiro lugar um profeta.
Desde que foi chamado ecomissionado por Deus, considerou a profecia como
o ministério de suavida e, com notável prontidão, aceitou a tarefa que, desde o
princípio, seafiguraria inútil: advertir e condenar (6:9 -13). Todas as suas
profeciasg i r a m e m t o r n o d e " J u d á e J e r u s a l é m " ( 1 : 1 ) . O
" p r o f e t a u n i v e r s a l de Israel" entremeava suas profecias com a história sempre
que a ocasiãoexigisse (Is 7:20,36 -39). "Nenhum profeta do AT", diz Robinson,
"alioutão perfeitamente quanto Isaías visão terrena e sagacidade, coragem econvicção,
diversidade de talentos e unidade de propósitos, de um lado,com amor pela retidão e
um aguçado entendimento da santidade e damajestade do Senhor, do outro". Por isso
era capaz de transmitir o seuensino profético em forma de parábolas. As parábolas
eram usadas parapredizer acontecimentos da história. Quando se aproxima o
cumprimentoda profecia, o significado, até então pouco nítido, torna-se mais claro, oe s
boçocompleta-se,atéqueopleno
desenrolar do que havia sidoprofetizado nos possi
b i l i t e e n t e n d e r c o m c l a r e z a a q u i l o q u e v i n h a revestido
em roupagem
parabólica. O outro pensamento que sobressaltano estudo da linguagem parabólica é
que:
As parábolas têm sempre um correspondente. A Parábola da vinhado Senhor,
de Isaías, assemelha-se muito com a
Parábola dos lavradoresmaus,
do nosso Senhor Je sus ( Mt 21 : 33 ) . Notavelmente parecidas
ema l g u n s d e t a l h e s , a m b a s c o n t ê m u m a p r o f e c i a a c e r c a d o
d e s t i n o d a nação judaica, ainda em cumprimento. Estudioso diligente que era
doAT, tendo a mente repleta das suas figuras de linguagem, Jesus devia terem mente
a
Parábola da vinha do Senhor,
de Isaías, quando proferiu suaparábola sobre um tema semelhante. Muitos escritores
já trataram dessea s p e c t o d u p l o d a s p a r á b o l a s , s o b r e t u d o H a b e
rshon,cuja obra, no

apêndice, trata das semelhanças e das diferenças entre pares d e pará-bolas


correspondentes, sobretudo no NT. Ainda outra característica, àqual já demos atenção,
merece ser realçada, a saber:
As parábolas têm em geral uma lição principal
Aqui na
P arábola da vinha do Senhor,
de Isaías, embora muitos detalhes denotem o cuidado satisfatório do dono da vinha
para com ela,nem todas as informações têm um significado à parte. Nem todo
detalhedeve obrigatoriamente ensinar uma lição. Como diz Lang: "As parábolassão
como as t e l as, que neces s itam de detalhes para a compos ição do todo
da pintura, mas sem que cada detalhe tenha necessariamente umalição própria e
especial". O único propósito da vinha é produzir frutos. Enisso Israel
falhou.Quando o Senhor esperou que sua vinha produzis s e f rutos,
t udoque ela gerou foram "uvas bravas"; quando esperou justiça, encontrouopressão;
quando esperou a retidão, ouviu clamor. Com um jogo de pala-
vras (5:7), Isaías a seguir apresenta alguns tipos de "uvas bravas", ou pecados
da nação, como mostra Robinson:1. Cobiça insaciável; mas a colheita será
apenas um décimo daseme-adura (5:8-10).2. Anulação e desrespeito para com a
palavra e a obra do Senhor;mas os banquetes e a bebedice os levarão ao cativeiro (5:11-
17).3. Provocação ousada ao Senhor e desprezo propositado para comas denúncias
do profeta, fortemente demonstrados no fato de desa - fiarem o "dia do Senhor" a
chegar (5:18,19).4. Hipocrisia e dissimulação, engano e confusão moral (5:20).5.
Presunção astuta que não se digna submeter-se à correção deDeus (5:21).6. Poder
mal - empregado: valentes nas beb edices, mas f racos perante o suborno, no castigo
dos malfeitores (5:22,23).A punição por tais transgressões seria a retirada da
provisão e dap r o t e ç ã o d i v i n a . A v i t a l i d a d e d a
n a ç ã o s e r i a m i n a d a e r o u b a d a ; o s ladrões atacariam o povo e os
animais selvagens o devorariam, como aAssíria já tinha feito a Israel. Não
haveria como escapar desse merecido juízo divino (Is 5:24-30). A parábola,
então, era uma profecia acerca dapunição vindoura do povo judeu pelos
as s írios e por N a bu co do no s o r, c u j o s d e t a l h e s s ã o e n c o n t r a d o s
n o s c a p í t u l o s 7 e 8 . O s i g n i f i c a d o completo da parábola,
entretanto, não podia ser entendido até que osacontecimentos anunciados se
tornassem fatos da história.Quanto ao significado da figura da vinha, cada
família sendo umaplanta e cada pessoa sendo um ramo, cumpre ressaltar o seguinte:
Aposição.
Mostrou-se cuidado na seleção do lugar em que a vinhase encontraria. Seria
num "outeiro fértil", que ilustra as abundantes van-tagens naturais de Canaã, a terra que
Israel foi possuir.

A
provisão.
As " sebes" são uma f i gura de l i nguagem referente àproteção
providenciada, à posição natural de Canaã e aos obstáculos naturais que tornavam a
invasão do país muito difícil.
A preservação.
Quando se diz que Deus "a limpou das pedras", issos i g n i f i c a q u e s e u p o
v o t i n h a s i d o p r e s e r v a d o d e s e r s u b j u g a d o . E l e expulsou as
nações idolatras de Canaã, para que seu povo não deixassede segui-lo.O
privilégio.
P a r a D e u s , a v i n h a e s t a v a r e p l e t a d e " e x c e l e n t e s vidas",
expres s ão que se refere a Abraão, a quem o S enhor passou od i r e i t o
da terra de Canaã em solene aliança, de modo que ele foi
aprimeira videi-ra, da qual brotaria toda a casa de Isra
e l , a v i n h a d o S enhor. A ex press ão t ambém demons tra o
s entimento de Deus pelo povo israelita quando o estabeleceu na terra.A
punição.
Como a degeneração é característica do pecado, a boavinha tornou-se ruim e
repugnante ao seu dono, devendo ser descartada.A religiosidade formal, sem vida e
hipócrita de Israel tornou-se afrontosap a r a D e u s . A a u s ê n c i a d e f r u t o s
f o i a t r a n s g r e s s ã o d a n a ç ã o , e a infertilidade da terra veio a ser a
sua punição. Deus retirou as sebes dasua vinha, o que significa que retirou os
privilégios dos judeus e permitiuque afundassem ao nível dós povos vizinhos. A nação
tinha quebrado ass u a s c e r c a s p r i m e i r a m e n t e p e l a i d o l a t r i a e p o r
negligenciarasleisdivinas.Porcausadisso,osjudeusse
t o r n a r a m " c o m o o s f i l h o s d o s et íopes ", como retrata Amos ( 9 : 7 ) .
Mas Deus não se es quecerá total - mente do seu povo. Um futuro glorioso
aguarda a sua
vinha,
como Isaíasprofetiza de forma tão vivida.E s t e ú l t i m o p e n s a m e n t o é
a p r e s e n t a d o d e m a n e i r a c l a r a p o r Robinson, quando diz: "Isaías vivia
na teologia futura de Israel, enquantoPaulo t ratava dos ens inamentos do
passado. A
predição
é a p r ó p r i a essência de toda a mensagem de Isaías. Seus tempos verbais sãopre-
dominantemente futuros
e
perfeitos proféticos.
Isaías era, acima de tudo,um
profeta do futuro.
Com uma rapidez nunca vista, ele repetidas vezessalta do desespero para a
esperança, da ameaça para a promessa, doc o n c r e t o p a r a o i d e a l [ . . . ]
Olivro de Isaías é o
evangelho anterior aoEvangelho".
Parábola do consolo
(Is 28:23-29)E s s e é u m d o s g r a n d e s c a p í t u l o s d o l i v r o d e I s a í
a s e s e r v e d e introdução à série dos
seis ais
(28-33). Isaías sem dúvida era um profetade muitos
ais,
dos quais seis se encontram no capítulo 5. No capítulo 6, profere um
ai
para si mesmo: "Ai de mim".Aqui, Isaías começa convocando o povo a dar ouvidos à
parábola, aq u a l n ã o i n t e r p r e t a s e m l e v a r e m c o n t a q u e o s j u
í z o s d e D e u s s ã o sempre proporcionais às transgressões dos homens.E l l i c o t
t dizque: "a idéia presente nocerne dessa
p a r á b o l a assemelha-se à de Mateus 16:2-4: para discernir os sinais dos tempos,
oshomens deixam de empregar a sabedoria que utilizam na identificação

dos fenômenos comuns da naturez a e no cultivo do solo. Assim


comoesse cultivo apresenta ampla variedade de processos, variando conformeo t i p o
devegetação,tambémasemeaduraeadebulhada
l a v o u r a espiritual de Deus apresentam uma diversidade de
operações. O que essa diversidade denota em detalhes é o que o profeta passa a
mostrar,com o que podemos chamar novamente de minuciosidade dantesca".
Os j u í z o s d e D e u s n ã o s ã o a r b i t r á r i o s . O s m é t o d o s e m p r e g
a d o s p e l o s camponeses na agricultura são uma parábola do propósito de
Deus aodisciplinar os seus. "O lavrador não ara e grada a terra o ano todo; ara egrada
para que possa semear e ceifar. Da mesma forma Deus não punepara sempre; um
futuro glorioso aguarda os redimidos". Isaías, o Profetada Esperança, assegura aos que
ouvem os seus "ais" que, assim como olavrador não debulha todos os tipos de
grãos com a mesma severidade,assim t ambém ele não enviará mais o seu
povo
para o deserto. Não é essa de fato uma verdade consoladora?P o d e r í a m o s
a t e r - n o s l o n g a m e n t e n o u s o q u e I s a í a s f a z d a linguagem
metafórica e parabólica. Há, por exemplo, seu maravilhosocapítulo 40, tão
cheio de cativantes símiles, no qual refere-se à eternamajestade e ao glorioso
poder do Senhor, o qual "'mediu com a conchadas mãos as águas [...] ou
pesou os montes e os outeiros em balanças[...] Certamente as nações são
consideradas por ele como a gota de umbalde [ . . . ] está ass entado sobre o
c í rculo da t erra [ . . . ] que faz sair o exército de estrelas, uma por uma, e as
chama pelo nome [...]' e faz comque o povo suba com asas como as águias".
Acreditamos já ter escrito osuficiente para aguçar o apetite do leitor para um estudo
mais completos o b r e o e s t i l o p i t o r e s c o d e I s a í a s . Q u a n t o a m i m ,
d e i x o I s a í a s c o m o sentimento expresso por Valeton, que assim descreve
o profeta em seutrabalho
The prophecies oflsaiah [As profecias de Isaías]:
"Talvez nuncahouve profeta como Isaías, que tinha a cabeça nas nuvens e os
pés emterra firme; o coração nas coisas da Eternidade e as mãos e a boca
nast e m p o r a i s ; o e s p í r i t o n o c o n s e l h o e t e r n o d e D e u s
e o c o r p o n u m momento bem específico da história".
AS PARÁBOLAS DE JEREMIAS
Como Is aías , J eremias profetiz ou p ri nc ip al m en t e para o reino
de J u d á , e s u a p a l a v r a a o p o v o , e n v o l t a n u m a m e n s a g e
m
s i m b ó l i c a d e impacto, era mais um anúncio de que Deus rejeitou a nação
por causade sua apostasia e de seu pecado. Jeremias também recebeu ordens
deprofetizar acerca do cativeiro babilônico como a vontade de Deus para op o v o q u e
forachamadopararejeitartodasasalianças
m u n d a n a s , especialmente com o Egito, ao qual os líderes se voltaram em busca
desocorro contra os assírios. Esse ministério pertinente tornou o
profetaextremamente impopular, sendo constantemente perseguido por sua
ousada mensagem.É graças à grande semelhança entre Jeremias e Jesus que o
profetatem fascinação pelos santos de Deus. Ambos eram homens
sofridos e familiarizados com o sofrimento; ambos vieram para os seus e os seusnão
os receberam; ambos suportaram horas de rejeição, de desolação ede abandono. De
todos os profetas do AT, Jeremias parece ter padecidoos mais atrozes sofrimentos.
Não houve dor igual à sua (Lm 1:12; 3:1). Era popularmente conhecido como o
Profeta das Lágrimas
e foi retratadopor Miquelângelo cabisbaixo, em meditação sofredora. Jeremias teve
agraça e o dom das lágrimas. Possuidor de um temperamento
ascético,e r a " f e r v o r o s o , s e n s í v e l , f a c i l m e n t e d e p r e s
s i v o , d e s c o n f i a d o d e s i mesmo, facilmente tomado de severa e
irada indignação". As páginasdas suas profecias trazem as manchas das
suas
lágrimas.Sabemos mais da história de Jeremias que de qualquer outro pro - feta.
Foi di to a seu respeito que, " mais do que qualquer outro, da
res- peitável companhia dos profetas , a sua vida toda está diante de
nóscomo um l i vro aberto". C hamado desde a t enra i dade para servir
ao S e n h o r , J e r e m i a s r e c o n h e c i a c o m g r a n d e p e r s p i c á c i a s u
a
c o n d i ç ã o quando disse "não passo de uma criança", referindo-se, sem dúvida,
àsua idade. Ele estava consciente da sua imaturidade e fragilidade dianteda
enormidade de sua grande e solene tarefa. Também declarou que nãopodia falar, o
que significa que lhe faltava eloqüência, embora falar erae x a t a m e n t e o m i n i
stérioparaoqualforachamado.Aocomentar
a co ns ci ên ci a que J eremias t i nha de sua l imitação dis curs iva, o dr. F.
B. Meyer diz: "Os melhores pregadores para Deus são freqüentemente
osmenos dotados de eloqüência humana; pois, se essa eloqüência
estivermuito presente —a poderosa capacidade de comover—, há o risco po-
tencial de confiar nela, atribuindo-lhe os resultados do seu encantamentomagnético.
Deus não pode dar sua glória a outro. Não divide seu louvorcom os homens. Não ousa
expor seus servos à tentação de sacrificar a simesmos, ou confiar em suas próprias
habilidades".In felizmente, a l guns são grandes demais para que Deus os use, uma
vez que são propensos a buscar toda a glória para si! São aquelesque, como J eremias,
são f racos, nada sendo aos próprios
olhos, que o Senhor escolhe para realiz ar façanhas por e l e ( Jz 6 : 11 - 16 ; Is 6 : 5 ;
ICo 1:27,28). Os lábios de Jeremias foram consagrados a Deus; ele não eratão e
loqüente quanto Isaías, nem t ão elevado quanto
Ez equiel, mastímido e retraído, consciente de sua completa debilidade. Deus,
porém, ot o m o u e u s o u c o m o u m i n s t r u m e n t o e s c o l h i d o
p a r a p r o c l a m a r a mensagem divina à sua geração corrupta e
degenerada. Por naturezaa c a n h a d o e m r a z ã o d e s u a d e b i l i d a d
e,
Jeremiastornou-sefortenoSenhor(2Co12:9,10).Houve
ocasiõesemque,diantedoSenhor,esquivava-sedas
t a r e f a s a e l e c o n f i a d a s , m a s , q u a n d o d e f a t o s e apres entava
ao povo, enchia - se de coragem. Deus tocou os l ábios doprofeta, para
que, purificado e cheio de poder, pudess e t rans mitir a sverdades a ele
confiadas.O fato de estar imers o na l e i e nos escritos de Is r ael a judou
emmuito o estilo de Jeremias ao transmitir a mensagem de Deus. Os
Salmos
estilo da estrutura das suas
Lamentações,
emformade acróstico. Afamiliaridade com a maior parte
d a s p r o f e c i a s d e I s a í a s t a m b é m contribuiu para as yi-gorosas imagens
de Jeremias. Às vezes parece queele copia algumas das suas ilustrações parabólicas .
A leitura do livro de Jeremias impressiona por uma característica, a saber, que o
seu estilocorresponde ao seu caráter. Ele era e s p ec ia lm e n te marcado por
um s e n t i m e n t o p a s s i o n a l e p o r u m a e m p a t i a c o m o s
m i s e r á v e i s , c o m o mostram suas
Lamentações.
A s é r i e c o m p l e t a d e s u a s p a r á b o l a s e elegias tinha apenas um
objetivo: expressar a tristeza por seu país tãoarruinado e desgraçado pelo
pecado. Existem numerosas expressões ea b u n d a n t e s r e p e t i ç õ e s ,
à m e d i d a q u e J e r e m i a s e x p r e s s a s e u s sentimentos
abalados. Os judeus o veneravam tanto, que acreditavamna sua ressurreição
dentre os mortos para ser o precursor do Messias (Mt16:14).
Parábola da vara de amendoeira e da panela a ferver
(Jr 1:11-19)Sobre a linguagem figurada desse capítulo, Ellicott diz que,
"Comoantes, vemos aí o elemento do êxtase e das visões, símbolos não esco -
lhidos pelo profeta, mas —disso podemos ter certeza— adaptados à suaformação, às
suas inclinações e, por assim dizer, ao seu temperamento. A poesia dos símbolos
é de extraordinária beleza".A dupla parábola diante de nós era para os olhos e para os
ouvidose faz lembrar uma das parábolas do nosso Deus. Como comenta
certoautor, "na instituição da ceia do Senhor e quando ele lavou os pés
dosdiscípulos, temos parábolas que chamam a atenção pelos olhos, não peloouvido,
ambas de caráter mais impressivo do que as meras palavras. Quando Cristo l avou os
pés dos apóstolos,
encenou
uma parábola, e temos no AT muitos casos em que os profetas recebem
ordens de fazeresse tipo de encenação". No Memorial da ceia, a
encenação
não recebetanto realce, mas pode ser considerada uma parábola em visões, umavez
que, por meio de um s ímbolo ( I Co 11 : 26 ) , serviu de
predição aos discípulos e de declaração para nós da "morte do Senhor".A v i s ã o q u
eJeremiastevenessecapítulodeaberturade
s u a profecia era parabólica e contém
um pensamento
em diferentes estágiosde desenvolvimento. A mudança na metáfora da
agricultura
para a
arqui-tetura
é digna de nota. Lemos sobre "extirpar", "demolir" e "edificar", oque dá a entender
que a restauração depende do arrependimento. Aspredições de
Jeremias eram sobretudo denunciadoras; dessa forma, adestruição das nações
é apresentada em primeiro lugar e com grandevariedade de termos para só depois
mencionar a restauração delas.
A vara de amendoeira.
Em c on tr ap os iç ão às palavras i niciais de terror, mas ainda em harmonia com
a mensagem de esperança, Jeremiasv ê u m a v a r a d e a m e n d o e i r a ,
c o m s e u s v i v o s e r o s a d o s b r o t o s , florescendo em janeiro e
dando o seu fruto em março; e vê suas folhasverde-claros, sinal do começo
da primavera, surgindo da melancolia do

inverno. No original, o nome que Jeremias dá à amendo


e i r a , n o m e poético e raro, torna o símbolo mais expressivo. Significa literalmente
"aárvore vigilante", ou "a vigia", ou a árvore "que se apressa em acordar",porque
des perta de sua hibernação antes das outras árvores . Nessa parábola,
Deus mostrou a
rápida
ex ecução do seu propósito: " eu velo (em hebraico, apresso-
me)
sobre a minha palavra, para a cumprir" ( J r 1:12). Jeremias faz um jogo entre a
palavra traduzida por
amendoeira,
que em hebraico também significa "vigia", e velo
(ou
me apresso),
quedenota a ação daquele que vigia. Os juízos decretados contra a nação
judaica estavam próximos do cumprimento (Am 8:2).
A panela a ferver.
Nessa ilustração parabólica, o profeta revela olado sombrio do seu ministério. Numa
visão, Jeremias viu, num monte delenha em chamas, uma grande panela de metal,
fervente e fumegante,
inclinadaparaonorte ,
d e o n d e p o d e r i a d e s p e j a r s e u c o n t e ú d o escaldante sobre o
sul. Aqui temos o instrumento que executaria outrap a l a v r a d e D e u s .
A f e r v u r a f o i p o s s í v e l p e l a s c h a m a s s o b a p a n e l a , mantidas
por um sopro —símbolo oriental da fúria da guerra. A afliçãoestava vindo do
norte. "A panela voltava-se para o norte, com a boca aponto de des pejar o
seu conteúdo em direção ao sul, a saber, sobre a Judéia."Os judeus
foram comparados a uma panela fervente, mostrandoq u e D e u s p e r m i t i u
q u e f o s s e m l a n ç a d o s c o m o c a r n e n u m a p a n e l a e fervessem até ser
reduzidos a quase nada. Primeiramente, Deus usou ap u n i ç ã o b r a n d a d a v a r
a
( R m 2 : 4 ) , m a s s e m r e s u l t a d o . R e c o r r e u a o castigo mais severo
da fervura ( Êx 20 : 5 ; SI 7 : 12 ; Hb 10 : 31 ) . O cas tigo i n t e n s i f i c o u
- s e p o r t e r - s e a g r a v a d o o p e c a d o d a n a ç ã o . Q u e f o r t e contras te
existe entre a beleza primaveril da vara de amendoeira e apanela
fervente, sendo esta a i l ustração dos terrores das regiões ao norte do seu país, Assíria
e Caldéia, terrores esses que Israel podia darcomo inevitáveis (Mq 3:12).O capítulo
termina referindo-se a Jeremias como cidade fortificada:coluna de ferro, muros de
bronze. Essas imagens de fortaleza, sobrepos-tas umas às outras, asseguravam ao
profeta a presença e a proteção da-quele que o comissionara a
t estemunhar em seu nome. Os rei t erados encorajamentos foram necessárias à
temerosidade própria da constitui-ção de Jeremias (v. ITm 4:12; 6:13; 2Tm 2:3).
Parábola do cinto apodrecido
(Jr 13:1-11)Ellicott não acredita que haja significado parabólico nessa e em ou-t r a s
representaçõesfiguradasdaverdade:"Nãohá
a b s o l u t a m e n t e nenhum fundamento em considerar o cinto uma visão ou
parábola, assimcomo também não há razão em considerar o uso simbólico da
'botija deoleiro' (19:1), ou das 'brochas e canzis' (27:2), ou do fato de Isaías andar'nu
e descalço' (Is 20:2)". Mas, usando o termo
parábola
no sentido maisamplo, é evidente que Jeremias recebeu ordens de
encenar
mais uma

estilo da estrutura das suas


Lamentações,
emformade acróstico. Afamiliaridade com a maior parte
d a s p r o f e c i a s d e I s a í a s t a m b é m contribuiu para as yi-gorosas imagens
de Jeremias. Às vezes parece queele copia algumas das suas ilustrações parabólicas .
A leitura do livro de Jeremias impressiona por uma característica, a saber, que o
seu estilocorresponde ao seu caráter. Ele era e s p ec ia lm e n te marcado por
um s e n t i m e n t o p a s s i o n a l e p o r u m a e m p a t i a c o m o s
m i s e r á v e i s , c o m o mostram suas
Lamentações.
A s é r i e c o m p l e t a d e s u a s p a r á b o l a s e elegias tinha apenas um
objetivo: expressar a tristeza por seu país tãoarruinado e desgraçado pelo
pecado. Existem numerosas expressões ea b u n d a n t e s r e p e t i ç õ e s ,
à m e d i d a q u e J e r e m i a s e x p r e s s a s e u s sentimentos
abalados. Os judeus o veneravam tanto, que acreditavamna sua ressurreição
dentre os mortos para ser o precursor do Messias (Mt16:14).
Parábola da vara de amendoeira e da panela a ferver
(Jr 1:11-19)Sobre a linguagem figurada desse capítulo, Ellicott diz que,
"Comoantes, vemos aí o elemento do êxtase e das visões, símbolos não esco-
lhidos pelo profeta, mas —disso podemos ter certeza— adaptados à suaformação, às
suas inclinações e, por assim dizer, ao seu temperamento. A poesia dos símbolos
é de extraordinária beleza".A dupla parábola diante de nós era para os olhos e para os
ouvidose faz lembrar uma das parábolas do nosso Deus. Como comenta
certoautor, "na instituição da ceia do Senhor e quando ele lavou os pés
dosdiscípulos, temos parábolas que chamam a atenção pelos olhos, não peloouvido,
ambas de caráter mais impress i vo do que as meras palavras . Quando
C risto l avou os pés dos após tolos ,
encenou
uma parábola, e temos no AT muitos casos em que os profetas recebem
ordens de fazeresse tipo de encenação". No Memorial da ceia, a
encenação
não recebetanto realce, mas pode ser considerada uma parábola em visões, umavez
que, por meio de um s ímbolo ( I Co 11 : 26 ) , serviu de
predição aos discípulos e de declaração para nós da "morte do Senhor".A v i s ã o q u
eJeremiastevenessecapítulodeaberturade
s u a profecia era parabólica e contém
um pensamento
em diferentes estágiosde desenvolvimento. A mudança na metáfora da
agricultura
para a
arqui-tetura
é digna de nota. Lemos sobre "extirpar", "demolir" e "edificar", oque dá a
entender que a restauração depende do arrependimento. Aspredições de
Jeremias eram sobretudo denunciadoras; dessa forma, adestruição das nações
é apresentada em primeiro lugar e com grandevariedade de termos para só depois
mencionar a restauração delas.
A vara de amendoeira.
Em c on tr ap os iç ão às palavras i niciais de terror, mas ainda em harmonia com
a mensagem de esperança, Jeremiasv ê u m a v a r a d e a m e n d o e i r a ,
c o m s e u s v i v o s e r o s a d o s b r o t o s , florescendo em janeiro e
dando o seu fruto em março; e vê suas folhasverde-claros, sinal do começo
da primavera, surgindo da melancolia do

inverno. No original, o nome que Jeremias dá à amendo


e i r a , n o m e poético e raro, torna o símbolo mais expressivo. Significa literalmente
"aárvore vigilante", ou "a vigia", ou a árvore "que se apressa em acordar",porque
des perta de sua hibernação antes das outras árvores . Nessa parábola,
Deus mostrou a
rápida
ex ecução do seu propósito: " eu velo (em hebraico, apresso-
me)
sobre a minha palavra, para a cumprir" ( J r 1:12). Jeremias faz um jogo entre a
palavra traduzida por
amendoeira,
que em hebraico também significa "vigia", e velo
(ou
me apresso),
quedenota a ação daquele que vigia. Os juízos decretados contra a nação
judaica estavam próximos do cumprimento (Am 8:2).
A panela a ferver.
Nessa ilustração parabólica, o profeta revela olado sombrio do seu ministério. Numa
visão, Jeremias viu, num monte delenha em chamas, uma grande panela de metal,
fervente e fumegante,
inclinadaparaonorte ,
d e o n d e p o d e r i a d e s p e j a r s e u c o n t e ú d o escaldante sobre o
sul. Aqui temos o instrumento que executaria outrap a l a v r a d e D e u s .
A f e r v u r a f o i p o s s í v e l p e l a s c h a m a s s o b a p a n e l a , mantidas
por um sopro —símbolo oriental da fúria da guerra. A afliçãoestava vindo do
norte. "A panela voltava-se para o norte, com a boca aponto de des pejar o
seu conteúdo em direção ao sul, a sa ber, sobre a Judéia."Os judeus
foram comparados a uma panela fervente, mostrandoq u e D e u s p e r m i t i u
q u e f o s s e m l a n ç a d o s c o m o c a r n e n u m a p a n e l a e fervessem até ser
reduzidos a quase nada. Primeiramente, Deus usou ap u n i ç ã o b r a n d a d a v a r
a
( R m 2 : 4 ) , m a s s e m r e s u l t a d o . R e c o r r e u a o castigo mais severo
da fervura ( Êx 20 : 5 ; SI 7 : 12 ; Hb 10 : 31 ) . O castigo i n t e n s i f i c o u
- s e p o r t e r - s e a g r a v a d o o p e c a d o d a n a ç ã o . Q u e f o r t e contras te
existe entre a beleza primaveril da vara de amendoeira e apanela
fervente, sendo esta a i l ustração dos terrores das regiões ao norte do seu país, Assíria
e Caldéia, terrores esses que Israel podia dar como inevitáveis (Mq 3:12).O capítulo
termina referindo-se a Jeremias como cidade fortificada:coluna de ferro, muros de
bronze. Essas imagens de fortaleza, sobrepos-tas umas às outras, asseguravam ao
profeta a presença e a proteção da-quele que o comissionara a
t estemunhar em seu nome. Os rei t erados encorajamentos foram necessárias à
temerosidade própria da constitui-ção de Jeremias (v. ITm 4:12; 6:13; 2Tm 2:3).
Parábola do cinto apodrecido
(Jr 13:1-11)Ellicott não acredita que haja significado parabólico nessa e em ou-t r a s
representaçõesfiguradasdaverdade:"Nãohá
a b s o l u t a m e n t e nenhum fundamento em considerar o cinto uma visão ou
parábola, assimcomo também não há razão em considerar o uso simbólico da
'botija deoleiro' (19:1), ou das 'brochas e canzis' (27:2), ou do fato de Isaías andar'nu
e descalço' (Is 20:2)". Mas, usando o termo
parábola
no sentido maisamplo, é evidente que Jeremias recebeu ordens de
encenar
mais uma

devemos entender "as canas de milho deixadas no campo pelo ceifeiro".Esse restolho
quebrado estava sujeito a ser carregado pelo primeiro ven-daval (Is 40:24; 41:2). Os
ventos do deserto varrem tudo e não há obstá-culos que os detenham. A solene
aplicação desse símile é que o castigocorresponde à perversidade do povo. "Como
seus pecados foram cometi-dos nos lugares mais públicos, Deus declarou que os
exporia ao francodesprezo das outras nações " ( Lm 1 : 8 ) . Talvez a
i r remediabilidad e dacondenação seja abrandada pela pergunta: "Ficarás limpo?
Quando?".Embora Jeremias aparecesse para negar a possibilidade de que tão
longoendurecimento no pecado fosse purificado
tão depressa,
havia, contudo,a esperança de que o leopardo pudesse mudar as suas manchas. "Nadahá
que te seja demasiado difícil" (Jr 32:17; Lc 18:27; Jo 1:7).
Parábola do oleiro e do barro
(Jr 18:1-10)Ao contemplar o trabalho do oleiro sobre as rodas, Jeremias passa aaprender
a lição de como Deus lida com as nações. A parábola continuouquando o profeta
foi ao vale do f i l ho de Hinom, para advertir o rei e o povo da destruição
que os acometeria. Assim como o oleiro despedaçavao vaso, eles seriam
condenados por não t er valor ( J r 19 ) . A f i gura do Oleiro j á fora
empregada em referência à obra da criação de Deus ( Is 29:16; 45:9;
64:8). Muito da linguagem figurada de Jeremias tem a in-fluência de Isaías.O
que mais impressionou tanto Isaías (29:16; 45:9) quanto Jeremias(18:4,6) foi o absoluto
domínio da vontade do oleiro sobre o seu barro, omistério e a maravilha de sua
capacidade criadora. Depois de observar ooleiro, Jeremias declarou aos judeus que
eles eram, apesar de tanto se j a c t a r e m d e s u a f o r ç a , t ã o f r á g e i s
q u a n t o o b a r r o e t ã o s u j e i t o s à vontade de Deus quanto o barro ao
oleiro. A posição e todos os privilégi-o s d e q u e d e s f r u t a v a m e r a m
p r o v i d ê n c i a s d i v i n a s , p a r a q u e f o s s e m vasos de honra. Mas, no
processo de formação, resistiram à vontade e aopoder do Oleiro celestial. Não se
deve perder de vista o fato de que "oteor completo dessa parábola, bem como
o conhecido caráter de Deussão
contrários
à conclus ão de que o Senhor t i vesse algum praz er nocaráter
degenerado de Is rael ou de alguma forma t i vesse co nt ri bu íd op ar a
esse estado". O vaso quebrado não era culpa do oleiro.
A lg um as ub s t ân ci a estranha no barro f rus trou seus esforços e
arruinou o seu trabalho.Essa parábola é de atos, não de palavras, visto que não há
registrode conversa entre o profeta e o oleiro. Enquanto Jeremias observava aobra
criada nas rodas, por meio do que
viu
pôde ouvir Deus
falar.
Depronto identificou o significado simbólico do oleiro e do barro, embora opróprio
oleiro não visse nada de parabólico em sua obra. Jeremias, con -tudo, aprendeu a
mensagem no vaso quebrado e assim desafiou a naçãoque frustrara o propósito divino:
"Não posso fazer de vós como fez este

oleiro, ó casa de Israel?".Nenhuma das parábolas do AT nos fala de modo mais


direto, pesso-al e abrangente do que essa. Embora a primeira interpretação
refira - seao Israel de então, a parábola tem aplicação muito mais abrangente.
Osprofetas do AT foram antes de tudo mensageiros da época em que vivi-am
— anunciadores
antes de atuar como
prenunciadores
ou mensageirosdas gerações seguintes. A
Parábola do oleiro e do barro,
então,
era
todaacerca de Deus e de
Israel. É
toda acerca de Deus e de
nós mesmos.
Deus, contudo, é o Deus da segunda oportunidade, o que Jeremiasaprendeu ao observar
o oleiro amassando o barro que o decepcionara etransformando-o em um vaso
encantador. Que excelente parábola sobreo que o t ratamento que Deus
dis pens a aos homens e às nações! ( Rm 9:21; 2Tm 2:20). Acaso o Senhor não
é capaz de reconstruir o caráter, avida e a esperança? Sua vida está deformada
por resistir à modelagemdas mãos de Deus? Bem, sendo dele, você est á ainda em suas
mãos (Jo1 0 : 2 8 , 2 9 ) , e e l e e s p e r a m o l d á - l o o u t r a v e z , d a
mesma maneira quetransformará Israel em vaso de gr
a n d e h o n r a q u a n d o r e t o r n a r p a r a introduzi - l o em seu
reino. Então,
como nunca antes, Is rael será a sua glória. Enquanto permanecermos em
suas mãos como barro submisso,nada t emos a t emer. Ainda que s ejamos
f racos e sem valor, e l e pode fazer de nós vasos de honra, próprios para ele usar.
Mas de Ti preciso, como antes,De Ti, Deus, que amaste os errantes;E como, nem
mesmo nos piores turbilhões,Eu —à roda da vida,Multiforme e
multicolorida, Atordoadamente absorto— errei meu alvo, para abrandar Tua
sede,Então toma e usa a Tua obra!Conserta toda falha que sobra, As distorções da
matéria, as deformações do alvo!Meus momentos estão em Tua mão: Arremata o vaso
segundo o padrão!Q u e o s a n o s r e v e l e m o s j o v e n s , e a
m o r t e o s d ê p o r consumados.
Parábola da botija quebrada
(Jr 19:1-13)Essa outra parábola
encenada
não pode ser confundida com a queacabamos de analisar, embora Jeremias possa ter
usado uma botija domesmo oleiro. Essa parábola dramatiz ada representa o l ado
negro da p a r á b o l a a n t e r i o r , d o o l e i r o . A
e v i d e n t e d i f e r e n ç a e n t r e a s d u a s parábolas revela a irremediabilidade
da condição e da posição de Israel.Na
Parábola do oleiro
há a idéia de
construção.
O barro, apesar deimpuro, a inda estava maleávei, podendo ser
remodelado no formato desejado. Assim "o oleiro tornou a fazer dele outro vaso".

Na
Parábola da botija,
o tema evidente é a
destruição.
Israel estavatão incorrigível no pecado e na rebeldia que parecia já não ter esperançade
recuperação. Aqui o barro já está endurecido. Qualquer remodelagemera impossível e,
por não servir ao propósito para o qual fora criado, nãohaveria outra medida senão
destruí-lo. Que solene e espantoso símbolod a o b s t i n a ç ã o d e I s r a e l ,
q u e r e s u l t o u n o d e c l í n i o d o s e u s i s t e m a nacional, político e
religioso!
Osanciãos,
tantodopovoquantodossacerdotes,eram
o s representantes do governo civil e religioso e, portanto, foram chamadospara
t es temunhar a parábola encenada e a profecia sobre t udo o
q ue co ns id er av am de mais precios o ( 19 : 10 ; Is 8 : 1 , 2 ) . " Deus
espalhou asnações e os seus representantes". Mais tarde, os judeus não
poderiama l e g a r d e s c o n h e c i m e n t o d a s p r o f e c i a s q u e s e u s
anciãos
tinhamrecebido.E algo significativo que o lugar em que o pecado foi praticado
tenhasido escolhido como o local da denúncia divina contra Israel. O própriolugar de
onde aguardavam o socorro dos seus ídolos seria o cenário deseu massacre. No vale
de Hinom a mais abominável forma de idolatriaera praticada. Tofete era o centro dos
sacrifícios a Moloque (2Rs 23:10)—
sacrifícios humanos a que Israel se viciara. Assim,
o l u g a r d e degradação testemunharia o castigo e a destruição,
exatamente comomais tarde aconteceu em Jerusalém, onde Cristo foi crucificado,
fazendoda cidade um lugar de terrível destruição.Quanto à quebra da botija diante
dos homens, esse ato parabólicorealça o direito e o poder divino de quebrar
os homens e as nações empedaços, como a um vaso de oleiro (SI 2:9). As imagens
bem conhecidasexpressam a soberania absoluta de Deus (Jr 18:6; Rm 9:20,21).
"... nãopode mais refazer-se" refere-se de modo trágico à ruína de Israel. Deus,como
divino oleiro,
quebra
o que não pode ser restaurado. Jeremias pro-fetizou o colapso e a dispersão de I
ST
rael —
nação
privilegiada— profeciaq ue se cumpriu plenamente na i nvasão dos romanos
( 70 d . C). Os t er - ríveis infortúnios desse capítulo foram escolha
de Israel; e o castigo porrejeitarem a Deus deveria ser pago.Embora a botija ou o
vaso do oleiro não possa ser restaurado, pode-se fazer outro do mesmo material, de
modo que há, para a felicidade deIsrael, uma profunda compaixão divina que a
parábola de Jeremias nãodeix a de apresentar. Deus recolheu os
f ragmentos do l ixo e fez surgir uma nova semente para os judeus —não
igual aos rebeldes destruídos,cuja ruína o profeta anunciou, mas a colocação
de outra geração no lu-gar deles. Paulo ensina que os f ragmentos
espalhados hão de se unir novamente e Israel se transformará num vaso de grande honra
(Rm 11).
Parábola dos dois cestos de figos
(Jr 24:1-10)Os capítulos de 22 a 24 dizem respeito ao mesmo período, a saber,o
reinado de Zedequias, após a primeira conquista de Jerusalém e o cati-veiro de seus
principais habitantes. Esses acontecimentos formam o ce-

nário da visão simbólica de Jeremias (v. Am 7:1,4,7; 8:1; Zc 1:8; 2:1). Seos cestos de
f i gos foram realmente vistos, então t emos um
ex emplo nessa parábola da capacidade do profeta-poeta de encontrar
parábolase m t o d a s a s c o i s a s — " S e r m õ e s e m p e d r a s e l i v r o s
e m r i a c h o s " . N o entanto, como Jeremias começa a parábola com as
palavras "Mostrou-me o Senhor", concluímos que o profeta recebeu uma mediação
especialde Deus. Seus olhos f í s i cos viram o oleiro nas rodas, mas foram
seusolhos espirituais que tiveram a visão dos figos. Em estado de consciênciae d e r
esponsabilidade,Jeremiasrecebeuamensagemdivina
para
Zedequias.
Figos muito bons
Um cesto continha figos bons, temporãos. Esse "figo que amadure-ce antes do
verão" ou " f ruta t êmpora da f i gueira no seu princípio" ( Is 28:4; Os
9:10; Mq 7:1) era tratado como a mais fina iguaria. No dia dacalamidade,
dois grupos distintos foram achados —os bons e os maus.Os "figos muito
bons" representavam os cativos levados para a Caldéia.Por meio deles, no
futuro, Deus restauraria os seus. Daniel, Ezequiel, ostrês jovens hebreus e
Jeconias (Joaquim) estavam entre os
bons
figos.Como essa parábola-profecia deve ter encorajado os
desesperançososexilados! Também serviu para repreender os que escaparam do
cativei-ro, os quais, julgando-se superiores aos exilados na Babilônia, injuriaramos
antepassados de Deus (Jr 52:31-34).
Figos muito ruinsRuim
é palavra portuguesa que abarca uma infinidade de sentidosde cunho negativo.
Cumpre salientar, porém, as acepções "inútil", "semmérito" e "estragado",
"deteriorado". Hoje, quando dizemos que uma fru-ta é ou está "ruim", em geral nos
referimos à qualidade do seu sabor, aof a t o d e n ã o s e r o u e s t a r m u i t o
p a l a t á v e l ( s e n d o o u e s t a n d o a z e d a , amarga, verde etc). De modo que
as acepções mencionadas acima decerta forma se perderam nas transformações
etimológicas da palavra ou,ao adjetivar outros substantivos, se perdem ainda na
subjetividade, im-precisão e abrangência do vocábulo. Lendo os
c l ássicos da l i t eratura, contudo, poderemos notar o emprego de ruim
com a idéia muito clara, em alguns casos, de "sem valor", "inútil".N o c e s t o d e
f i g o s i m p r e s t á v e i s , t ã o r u i n s q u e n ã o p o d i a m s e r comidos,
temos
um símbolo dos cativos de Zedequias e daqueles judeusrebeldes, indóceis e obstinados
que permaneceram com ele. Sobre essescairia o juízo divino (Jr 24:8-10). Os termos
bons e maus
são usados nãoem sentido abs oluto, mas como comparação e para
mos trar o castigo d o s m a u s . O s b o n s e r a m o l h a d o s p o r D e u s
com favor
(24:5). Deusestimava os exilados na Babilônia como quem vê bons figos com
bonsolhos e desfez o cativeiro "para o seu bem". Levando-os para a Babilônia,Deus
também os salvara da calamidade que sobrevi-ria ao restante danação e os
conduzira ao arrependimento e a uma condição melhor (2Rs 25:27-30).O
retorno do cativeiro babilônico e a volta a Deus eram resultado

do efeito punitivo da escravidão, um tipo da completa restauração


dos j u d e u s . E n t ã o , q u a n d o o M e s s i a s r e t o r n a r , s e r ã o c o m o
u m a n a ç ã o renas cida em um dia. Tendo - se voltado para Deus de t odo
o
coração, todo o povo será um cesto de f i gos muito bons. No Commentary
[Co-mentário]
de Lange encontramos esta aplicação: "Os prisioneiros e os decoração quebrantado
são como os figos bons, agradáveis a Deus porque:1. conhecem o Senhor e voltam-se
para ele;2. ele é o Deus deles, e eles são o seu povo.Aqueles que se mantêm
arrogantes e confiantes desagradam a Deus e são como os figos ruins
porque:1. vivem na cegueira tola;2. desafiam o julgamento de Deus.Essa
Parábola dos dois cestos de figo
pode ser comparada de formaproveitosa com a
Parábola do joio e do trigo,
de Jesus. Jeremias era um "figo bom", um profeta de verdade, mas os falsosprofetas,
"figos ruins", tentavam influenciar os cativos na Babilônia e osque estavam em
Jerusalém; e o restante da mensagem
divinamenteinspirada de Jeremias a Zedequias desmentia a autoridade e a
inspiraçãodos falsos mestres e mostrava a exatidão da visão dos cestos de
figosdados por Deus.
Parábola do copo do furor
(Jr 25:15-38)Esse capítulo sentencioso t rata da profecia dos setenta
anos d ec at iv e ir o, bem como da des truiçã o da Babilônia e de t odas as
nações o p r e s s o r a s d o s j u d e u s . A c o n d e n a ç ã o d e
J ud á r e s u l t o u d a s u a persistência em pecar. Apesar
dosreiteradosapelos divinosao arrependimento, a
n a ç ã o j u d a i c a n ã o d e u o u v i d o s a D e u s , s e n d o co nq ui s t ad a
pela B abilônia e l evada ao exílio. Então t emos a pr of ec ia s o br e a
condenação da Babilônia após os setenta anos de cativeiro, ex ecutada por uma al i ança
de nações e reis. Ao contemplar o futuro, Jeremias profetizou o inescapável juízo que
cairia sobre todas as nações,quando a punição divina se destinaria a cada uma delas, até
uma grandetempestade surgir dos confins da terra
com severos golpes sobre os reise a u t o r i d a d e s . N e s s a p r o f e c i a
Z e d e q u i a s i d e n t i f i c a a i n e v i t á v e l destruição que ameaça a si e a
Jerusalém.N ã o t o m a r e m o s o " c o p o d o f u r o r " e m s e n t i d o l i t e
r a l , c o m o s e Jeremias de fato oferecesse uma taça de vinho aos
embaixadores dasnações citadas e reunidas em Jerusalém. Esse "copo" refere
-se ao queDeus revelou à mente do profeta com respeito aos seus justos
juízos.
Ataça de vinho simbolizava punição embriaga-dora (Jr 13:12,13;
49:12;5 1 : 1 7 ) . C o m o j á m e n c i o n a m o s , J e r e m i a s m u i t a s v e
zes
i n c o r p o r a a linguagem parabólica de Isaías em suas profe-, cias (cf. Lm 4:21
com Is

51:17-22; v. Jó 21:20; SI 75:8; Ap 16:19; 18:6).As nações, quando bebessem


do copo do furor, cambaleariam e enlouqueceriam como os que se embriagam. Elicott
diz que "as palavrasfalam do que a história já testemunhou muitas vezes: o pânico e o
terrorde nações pequenas diante do avanço de um grande
conquistador — ficam como que tomadas de uma louca embriaguez e o seu
desesperoou a sua resistência são igualmente ensandecidos. As imagens já são co-
muns a profetas anteriores" (SI 60:5; Ez 23:21; He 2:16)."... se não quiserem tomar o
copo" (Jr 25:28) parece insinuar quen e n h u m e s f o r ç o e v i t a r i a a
d e s t r u i ç ã o . " S e n ã o p o u p o n e m o s m e u s eleitos por causa dos seus
pecados, muito menos a vocês" (Ez 9:6; Ob 6;Lc 23:31; lPe 4:17). A consumação
da fúria divina sobre um mundo ímpioe perverso dar-se-á na grande tribu-lação,
quando os copos do furor deDeus serão derramados sobre a terra (Ap 6:16;
14:10,19; 16:19 etc). Jeremias conclui o capítulo com uma referência aos
magistrados ereis que se julgam "vasos agradáveis" ou vasos do desejo.
Seriam que-brados e inutilizados. Jeconias fora idolatrado pelos judeus, e
Jeremias,falando em nome deles, manifesta a perplexidade diante daquele comquem
tanto contavam, mas que foi completamente derrubado (Jr 22:28;Sl 31:12; Os 8:8).
Que solene lição para o seu coração e o meu!
Parábola das brochas e dos canzis
(Jr 27 e 28)Agrupamos esses dois capítulos porque os dois tratam de "brochase canzis"
ou, como prefere certo comentarista,
tiras e ripas.
O capítulo27 fala da inutilidade de resistir ao domínio de Nabucodonosor.
Jeremias,que mostrara na visão dos cestos de figos o castigo determinado contra
Judá pela Babilônia, agora proclama o parecer divino sobre esse assunto.O profeta
recebeu ordens para faz er brochas e canzis, enviando
umamensagem aos embaixadores dos reis que queriam que o rei de Judáentrasse em
aliança com eles. Zedequias e os demais são intimados a serender, porque o
cativeiro era o plano divino para a reconstrução. "Meteio s v o s s o s
pescoços no jugo do rei de Babilônia [..'.] e vivereis"
( J r 27:12,13). Mas o povo rejeitou o plano de Deus e o conselho de Jeremias,sofrendo
por isso (Jr 39:6-8).O s c a p í t u l o s 2 8 e 2 9 c o n t ê m p r o f e c i a s
r e l a c i o n a d a s à s d o s capítulos anteriores e diz em respeito ao
relacionamento f ranco entre Jeremias, o verdadeiro profeta, e os falsos
profetas, dos quais o homemde Deus tão solenemente advertira a Zedequias. Hananias
falsamentep r o f e t i z a r a q u e D e u s q u e b r a r i a o j u g o d a
B a b i l ô n i a e m d o i s a n o s e quebrou os canzis , querendo s imboliz ar
com i sso a quebra do jugo do conquistador. Jeremias recebeu ordens divinas de
contradizer a profeciade Hananias e declarar que canzis de ferro substituiriam os de
madeira eo falso profeta morreria, como de fato aconteceu depois de imposta aforma
mais severa de cativeiro.
Brochas.
Era por meio dessas correias que o canz i l era a t ado ao

animal de carga.
Canzis.
O canz i l em geral era um pedaço de madeira entalhado, fixado, em
cada extremidade, a um jugo. Esses dois jugos, então, eram postos sobre a
cerviz de dois bois a fim de uni-los. O fato de canzil estarno plural (27.1) significa
que Jeremias deveria usar um e dar os outrosaos mensageiros (28:10,12).Não é
mencionado como a ordem chegou a J eremias. O
profetasimplesmente declara: " Assim me disse o Senhor". Ellicott supõe que
Jeremias recebeu uma clara predi-ção simbólica, semelhante à que Isaíast e v e q u
andofoichamadoaandar"nue
d e s c a l ç o " ( I s 2 0 : 2 ) . P a - rabolicamente, Jeremias deveria se ver como
escravo e animal de carga,para ressaltar a aflição que estava por vir, que era a
subjugação do povo( v . At 21 : 11 ) . É muito evidente, entretanto, que
J eremias obedeceu à risca à ordem divina (Jr 28:10).O ato carnal de Hananias de
tomar o canzil do pescoço de Jeremiase quebrá-lo foi uma audácia ímpia e uma
demonstração de que Deus nãocumpriria a sua sentença. Como Hananias, que se dizia
profeta de paz,q u e b r a r a o s í m b o l o d a e s c r a v i d ã o , c o m i s s o
d e c l a r o u q u e o m e s m o aconteceria ao detestável cativeiro que o canzil
representava.A substituição dos "canzis de madeira" pelos "canzis de ferro" (Dt28:48)
realça a verdade de que, quando a aflição leve não é bem aceita,p e r m i t e - s e a f l i
çãomaispesada(Jr28:13,14).Osfalsos
profetasintimaramosjudeus a rebelar-se e desvencilhar-
s e d o c a n z i l d a Babilônia, leve em comparação com o que haveriam de
experimentar. Aoproceder assim, somente atraíram sobre si o jugo mais severo
impostopor Nabucodonosor. "É melhor carregar uma cruz leve pelo caminho
quep u x a r u m a c r u z m a i s p e s a d a s o b r e a c a b e ç a .
P o d e m o s e v i t a r a s providências destrutivas submeten-do-nos às
providências humilhantes.E s p i r i t u a l m e n t e , c o n t r a p o m o s o f a r d o
s u a v e d e C r i s t o a o c a n z i l d o cativeiro da lei" (Mt 11:28-31; At 15:10; Gl
5:1). Quando aceitamos o reto juízo de Deus sobre os nossos pecados, a aflição
passa a ser benéfica es a l u t a r . S e r e m o s s u r p r e e n d i d o s p o r u m j
u í z o a i n d a m a i s s e v e r o , s e , depois da condenação, continuarmos a
pecar (lCo 11:31). Se tivessems u b m e t i d o - s e a o m e r e c i d o c a t i v e i r
o, este
c u r a r i a o s j u d e u s d e s u a i dolatria. Na resistência à escravidão,
morreram.
A s s i m e x p r e s s a o poema inglês:
Conta cada aflição, quer suave, quer grave.Se um mensageiro de Deus for enviado a
ti, Aceita com cortesia a sua visita: desperta-te e inclina-te.E, antes que sua sombra
passe pela tua porta,Suplica permissão antes que seus pés celestiais saiam.Então coloca
diante dele tudo o que tens.N ã o p e r m i t a s q u e n e n h u m a n u v e m d e
s o f r i m e n t o s e apodere do teu semblante;Nem estrague a tua hospitalidade. A
história de amor Corrompeu as filhas de Sião com o mesmo ardor;
Cuja desenfreada paixão no pórtico sagradoFoi vista por Ezequiel.
Parábola das pedras escondidas
(Jr 43:8-13)É m a g n í f i c a a c o r a g e m d e J e r e m i a s d i a n t e d a r e j e
i ç ã o d e s u a mensagem divinamente inspirada. Evidentemente ele sabia que,
apesardas advertências, seu povo iria para o Egito e lá morreria pela espada,
pela fome e pela pestilência. A precisão de sua mensagem manifestou-
seimediatamente, e todos foram para o Egito, inclusive ele próprio, ondec o n t
inuouseu
m i n i s t é r i o d e d e n ú n c i a e d e a d v e r t ê n c i a . N ã o h a v i a declarado ser
completa loucura tentar fugir dos juízos decretados por Deus? T e m o s a q u i
outra das impressionant
e s parábolas encenadas.
Jeremias é instruído por Deus a pegar grandes pedras e escondê-las combarro no
pavimento à entrada do palácio de Faraó, à vista dos homens de Judá. Quão
s i gnificat iva foi essa parábola encenada para aqueles cujas mentes
estavam abertas para receber a implicação divina desseato. Apredição do
profeta fica ainda mais vivida quando nos lembramosque J eremias
escondeu as pedras no barro. Como vemos, esses atos simbólicos são
comuns nas Escrituras (Jr 19:10; 27:2; Ez 12:7 etc). O reise assentaria sobre
as pedras que Jeremias escondera, "não por merapompa real, mas com a
naturez a de um vingador a ex ecutar a i ra do Senhor contra a rebelião".
O símbolo visível do rei sentado nas pedrass i g n i f i c a q u e o t r o n o d e
N a b u c o d o n o s o r s e r i a e s t a b e l e c i d o s o b r e o s destroços do reino de
Faraó.Para os judeus, as
pedras
eram símbolos proféticos e históricos co-nhecidos. Transmitiram à posteridade alguns
fatos consumados e profe-tizavam acontecimentos que ainda iam se dar. Jacó e Labão
erigiram umaltar de pedras (Gn 31). Doze pedras memoriais foram postas por Josuéno
Jordão (Js 4:3,6,9,21). As duas tribos e meia construíram um altar depedra nas margens
do mesmo rio (Js 22). Em todo tempo, muitas pedraspermaneciam como um marco e
teriam a sua mensagem transmitida degeração a geração. Essa era uma antiga maneira
de preservar arquivos.Como as pedras foram t omadas do
solo egípcio, poderiam faz er Israel lembrar-se do cativeiro de seus pais e de
como Deus os livrou com"mão forte, com braço estendido". As pedras escondidas num
pavimentodevem ter lembrado o cativeiro e a perseguição dos antepassados e
decomo Deus fez das pedras um instrumento de castigo aos opressores doEgito ( Êx
9 : 8 ) . Enterrar as pedras s imboliz ava a condição pass ada e p r e s e n t e
dos judeus, enterrados sob a opressiva tirania do
domíniopagão.Aquelaspedras,comoseusignificado
p a s s a d o , p r e s e n t e e futuro, tinham por objetivo induzir os judeus indóceis
a buscar ajuda ep r o t e ç ã o n o ú n i c o l u g a r e m q u e p o d i a m
s e r e n c o n t r a d a s , a s a b e r , naquele para quem o seu povo sempre foi a
menina de seus olhos. Não ét a m b é m s i g n i f i c a t i v o , q u a n d o p e n s a m
os nessaspedras, o fato de a

tradição afirmar que Jeremias foi apedrejado até a mort


e p o r s e u s compatriotas em Tafnes?
AS PARÁBOLAS DE EZEQUIEL
Nada sabemos da história do grande profeta Ezequiel, a não ser oque pode ser
concluído com base no l i vro que l eva o seu nome e com base nas
circunstâncias dos dias em que viveu. Ele não é mencionadoem nenhum outro l i
vro do AT, e no Novo não há nenhuma c i t ação de s e u s
escritos. Quanto ao fato de que grande parte das imag
e n s de Ez equiel se encontra no l ivro de Apocalips e é o que
veremos quando chegarmos ao último livro da Bíblia.O nome Ez equiel s
i gnifica Deus fortalecerá
e era singularmenteapropriado à sua vida e ministério. "... a mão do Senhor Deus caiu
sobremim" (Ez 1:3; 8:1; 37:1; 40:1), que ocorre reiteradas vezes no livro, re - vela como
Ezequiel estava consciente de que Deus o havia comissionadoe capacitado.
Embora fosse cativo, vivia em casa própria às margens dorio Quebar e serviu a Deus
e ao povo por bem mais de 22 anos (Ez 1:2;3:15). Um vislumbre da glória
divina resultou no chamado de Ezequielpara o minis tério profético ( Ez
1 : 1 , 3 ) . Sua repetida ex pressão " casa r e b e l d e " d á a
i d é i a d e q u e a s u a m e n s a g e m e r a às
v ez e s desdenhosamente rejeitada (Ez 3:7). Chamado m
u i t a s v e z e s p a r a admoes tar os i s raelitas , estes não se deix avam
i nfluenciar por suas palavras (Ez 33:30-33). Todavia, existiam alguns
companheiros de exílioque o consideravam um verdadeiro profeta e iam à sua
casa em buscade aconselhamento (Ez 8:1; 14:1; 20:1). Era pastor tanto quanto
profeta,p o i s t a n t o c u i d a v a d a s a l m a s c o m o i n t r e p i d a m e n t e
p r o c l a m a v a a mensagem de Deus.Ez equiel, l evado cativo para a
B abilônia j unto com o rei Joaquim (1:2; 33:21), no oitavo ano do reinado
de Nabucodonosor, era casado. Quando a esposa morreu subitamente por volta do
nono ano do seu cati-veiro (24:1,16,17), Deus o proibiu de prantear essa morte. Dessa
forma oprofeta exilado t eve de suportar na solidão as grandes provas
de suavida profética.Sua vida, especialmente em sua primeira parte, foi
acompanhadade muita provação. Teve de lutar contra grandes dificuldades em meio
àabundante maldade, morrendo sem conseguir ver o pleno resultado de s e u
trabalho infatigável e fiel. Hengstenberg, em sua monument
a l Christology of the Old Testament [Cristologia do Antigo Testamento],
dizque: "Ezequiel foi um Sansão espiritual que, com braço forte, agarrou asc o l u n a
sdo templo dos ídolos e as derrubou ao chão; enérgico e gi-
gantesco caráter que, por essa mesma razão, estava perfeitamente aptopara combater
o espírito dos tempos babilônicos, que amava manifestar-se de formas violentas ,
gigantes cas e grotes cas : a l guém que estava sozinho, mas valia por cem
profetas".Por ser homem de notável caráter, Ezequiel chamava a atenção. " Sua
coragem moral era impressionante ( 3 : 8 ) ; e l e sempre agiu como

'subordinado', aceitando uma desagradável missão e dedicando-se a ela,a p e s a r d o


sofrimentorápidoeconstante(3:14,18;33:7).
Q u a n d o suspirava, era por ordem de Deus" (21:6,7). Sendo
inconfundivelmenteum profeta, relacionava-se com os aspectos
interiores
do reino de Deus.A qualidade das suas profecias era contundente, porque podia
falar a Israel
por meio dos
exilados
epor meio de
Israel aos homens de todas asnacionalidades e épocas . Tinha i gualmente
capacidad e de ver p el as ci rc un s t ân c i as reinantes na época, o
fundamento e os princípios das v e r d a d e s e t e r n a s . E m t o d a s a s
suas profecias, a nota de esperançaressoa clara e jubila
nte.Como diz o dr. Campbell Morgan, em sua
Message ofEzekiel [Mensagem de Ezequiel}:
"Com toda a probabilidade,f o r a m a s p r o f e c i a s d e e s p e r a n ç a d e
J e r e m i a s q u e i n s p i r a r a m a s d e Ezequiel, mas pode ser que a ausência de
lágrimas e de lamentações namensagem de Ezequiel se dava ao fato de que a sua visão
de Deus doprocesso e da vitória definitiva era mais nítida que a de Jeremias".George
Herbert cantou:
O homem que olha o espelho, Seus olhos nele se podem fixar;Mas, se desejar ver
mais além, O Céu então há de avistar.
"Ezequiel viu o espelho, mas olhou para além dele. Por ter obser-vado com precisão
o transitório, certamente percebeu além dele o eter-no. Percebia com muita argúcia o
mundo material, mas t inha supre - mamente mais consciência do mundo
espiritual."Ezequiel era também
sacerdote
—"sacerdote em traje de profeta".Refere- se a s i mesmo como " f i l ho de
Buz i , o sacerdote" ( Ez 1 : 3 ) , e a consciência da sua herança arônica coloria a sua
missão e as suas men-sagens. " Sendo um ' cristão' em todos os
as pectos ", um forte caráter eclesiástico permeia as suas profecias e lhes dá
o tom. Pensamentos ep r i n c í p i o s d o s a c e r d ó c i o c o n t r o l a v a m a s
ua
c o n d u t a ( E z 4 : 1 4 ) e e n - r iqueceram seu minis tério vigoros o, o que
se manifes ta na des crição detalhada do templo, no final do seu livro. "Como
sacerdote, quando exi-lado, seu serviço foi apenas transferido do templo visível
de Jerusalémpara o templo espiritual da Caldéia". Impossibilitado de
desempenharoficialmente as funções sacerdotes, Ezequiel exerceu um ministério
vital,tanto profético como pastoral.O e s t i l o p a r a b ó l i c o e s i m b ó l i c o
d o p r o f e t a c a r a c t e r i z a a s u a mensagem oral e escrita. Falava em
parábolas com o propósito expressode despertar a atenção do povo para o real
sentido de sua mensagem:"eles dizem de mim: Não é ele um contador de
parábolas?" (Ez 20:49).Sem dúvida e l e foi influenci ado pelo es tilo das
profecias de J eremias . E z e q u i e l é c h a m a d o " o
p r o l o n g a m e n t o d a v o z d e J e r e m i a s " , e a influência deste
sobre ele é evidente. Embora o estudo dos dois profetasr e v e l e í n t i m a h a r m o n
i a d a v e r d a d e d e a m b o s , n a s c a r a c t e r í s t i c a s pessoais eram
largamente opostos. "Jeremias era queixoso, sensível àsf a l h a s e mei
go;
Ez equi e l e r a a b r u p t o , i n t r a n s i g e n t e ,
r e s o l u t o , demonstrando z elo sacer - dotal contra os que se opunham a e
l e. Seu

procedimento com a corrupção reinante na época era tão severo quantoo de Jeremias",
diz Campbell Morgan, "e suas mensagens de condenaçãoeram i gualmente
s everas . Nunca recorria às l ágrimas como J eremias , mas a sua visão da
libertação final do povo pelo triunfo do Senhor eraainda mais nítida".Quanto ao
estilo de Ezequiel, sobejam as repetições, não como or-namento, mas para dar
força e peso. Sempre que as repetições ocorremnas Escrituras, referem-se a algo
que o Senhor deseja ressaltar: "Eu, oSenhor, o disse", "saberão que eu sou o
Senhor". Essas expressões sãousadas inúmeras vezes. "Veio a mim a palavra do
Senhor" é a conhecidaintrodução às profecias de Ezequiel e revela o chamado do
profeta paradeclarar a vontade de Deus e para f i rmar a sua
autoridade. A palavra favorita de Ezequiel em referência aos ídolos é usada perto
de 58 vezes.Em seu livro redundam as imagens, e às vezes t emos um misto de
figu-rado e l i t eral ( 31 : 17 ) . Os parale - l i smos poéticos t i nham por
objetivo e s t i m u l a r a m e n t e a d o r m e c i d a d o s j u d e u s . E z e q u i e l
v i u c o m m u i t a clareza o que estava diante dele e descreveu tudo com figuras cheias
designificado (Ez 29:3; 34:1-19; 37:1-14). Há também uma verdadeira forçal í r i c a
em seus cantos fúnebres (27:26-32; 32:17-32; 34:25-
3 1 ) . Em nenhum outro l ugar da Bíblia se vê uma l inguagem t ão
violenta comrespeito ao pecado quanto a de Ezequiel. Fairbairn, no estudo
On Ezekiel[Sobre Ezequiel],
refere-se ao caráter indiscutivelmente enigmático dealguns de seus
s ímbolos : " As s ociadas de forma ins eparável ao praz er q u e o n o s s o
profeta sentia no uso das parábolas e dos símbolos, ast
revas, se entendidas de forma correta, de modo a l gum divergiam de
seu grande desígnio de profeta. Seu objetivo principal era impressionar —
des pertar e es timular, des pertar pens amentos es pirituais e senti -
mentos nas profundezas da alma, trazendo-a de volta a uma confiançaviva e a
uma fé em Deus. Para tanto, embora fossem necessárias grandeclareza e força de
linguagem, os símbolos misteriosos e as admiráveisdelineações parabólicas
também seriam de utilidade. Por conseguinte, ainda que Ezequiel muitas vezes se
dirija ao povo na linguagem simplesd e a d m o e s t a ç ã o o u d e p r o m e s s a , é
t a m b é m p r ó d i g o d e v i s õ e s b e m elaboradas ( 1 : 8 ; 9 ; 37 ; 40 —
48 ) e ações s imbólicas ( 4 ; 5 ; 12 ) , faz endo u s o t a m b é md e
a n a l o g i a s ( 15 ; 3 3 ; 3 5) , d e p a r á b o l a s ( 17 ) e
d e demoradas alegorias (23); mesmo nas acusações, como a do Egito (29 -
32), ele às vezes se eleva à altura da mais ousada e eficaz poesia".Após essa
i ntrodução, j á estamos aptos a ex aminar a i nstrução p a r a b ó l i c a i n s p i r
adadeEzequiel,oqualsemprebuscoulograr
u m a representação concreta dos pensamentos abstratos. Possuidor de ricafantasia,
ele era no entanto tomado de emoções profundas, e sempre emsua mente estava a
consecução de um resultado prático definido.
Parábola dos seres viventes
(Ez 1:1-28)Embora haja um elemento de mistério associado a essa primeira

parábola de Ez equiel, essa visão envolvente revela uma profunda ex - periência de


manifestação.
Campbell Morgan faz lembrar que "A palavra-ch ave da visão é
semelhança.
Semelhança é aquilo que revela algo. Aidéia da raiz do termo hebraico é a de
comparação. E exatamente a mes-ma idéia presente no vocábulo grego que
traduzimos por
parábola.
Nãoestou afirmando que o s i gnificado da raiz seja o mesmo, mas s im
q ue tr an s m it e a mesma idéia. A parábola é a l go posto ao l ado de
a l gumac o i s a , c o m o f i t o d e
explicar.
É u m a f i g u r a q u e t e m p o r o b j e t i v o interpretar algo que, sem ela,
não poderia ser claramente compreendido.Essa é a tônica da visão. Trata-se de
comparação, analogia, parábola, f i g u r a . E z e q u i e l n ã o v i u o q u e
a l g u m o u t r o h o m e m j á v i r a , m a s contemplou uma visão do Senhor
na forma de uma semelhança".O que ele viu começa na terra e termina no céu,
com um Homemassentado no trono. A linguagem altiva e maravilhosa do profeta
revestiua realidade suprema e central dos quatro seres viventes, que constituem"uma
revelação ou manifestação do infinito mistério do Ser que ocupa ot rono acima do
f i rmamento — visão que t ambém constitui a raz ão da esperança de Ezequiel".
Antes de examinarmos a visão em todos os seuspormenores, há t rês
as pectos que merecem des taque nessa visão da Inteligência Suprema:1. Por
ser infinito, Deus teve de revestir a revelação de si mesmoem l i nguagem ou
em formas compreens íveis ao nosso en te nd im e nt o f i n i t o . P o r e s s e
m o t i v o r e v e s t e r e a l i d a d e s e t e r n a s e i n v i s í v e i s c o m elementos
temporais e visíveis. Ezequiel esforçou-se para representar oque
inevitavelmente ultrapassa a capacidade humana de expressão; daí as repetições e a
falta de clareza nos pormenores. "Toda as descriçõesde manifestações
divinas", diz Ellicott, "são, como essa, marcadas, commaior ou menor força,
pelas mesmas características" (v. Êx 24:9,10; Is 6:1-4; Dn 7:9,10; Ap 1:12-20;
4:2-6).2 . A v i s ã o p a r a b ó l i c a d e E z e q u i e l i n c l u i t o d a s
a s f o r m a s d e manifestação divina conhecidas até a sua época. São elas:O
fogo,
que apareceu a Abraão, a Moisés e a Israel no Sinai.O
vento tempestuoso,
do meio do qual Deus falou a Jó. Um ventoassim também fendeu as montanhas
diante de Elias.O
arco-íris,
sinal da aliança de Deus com Noé.A
nuvem(deglória)comresplen-doraoredor,
c o m o a q u e repousava sobre o tabernáculo e sobre o templo.As
teofanias
ou
formas humanas
com as quais o Juiz de toda a terraapareceu a Abraão.E um símbolo novo:as
rodas que brilhavam como o berilo,
"cheias de olhos" e "altas eformidáveis".3. Há quatro expressões usadas em
referência à revelação de Deusfeita a Ezequiel. As três primeiras dizem respeito
a elementos externos,que assegurariam ao profeta a verdade da revelação. A quarta
expressãorelaciona-se ao preparo interior de Ezequiel para receber a revelação.

1. ...abriram-se os céus...
( Ez 1 : 1 ; v . Mt 3 : 16 ; A t 7 : 56 ; 10 : 11 ; Ap 19:11). Os céus abertos mostram a
aproximação misericordiosa de Deusem relação ao homem. Quando os céus estão
fechados, o homem nãotem acesso a Deus e não pode contar com a sua provisão.
2. ... visões de Deus...
(Ez 1:1; v. Gn 10:9; SI 36:6; 80:10; Jn 3:3; At7:20). O que Ezequiel experimentou
não foi nenhum transe ou alucina-ção, mas visões divinas, ou manifestações
de Deus, dadas pelo próprio Deus (Ez 8:3; 40:2).
3. ... a palavra do Senhor...
(Ez 1:3; 24:24). Somente nesses doiscasos Ez equiel fez menção do seu próprio nome,
e o faz como a lvo de uma comunicação concedida por Deus....
veio expressamente
significa "veio sem sombra de dúvida", comtotal comprovação de sua verdade. A
expressão "a palavra do Senhor",que ocorre repetidas vezes, tem em si a
força da inspiração divina (lTs 4:11).
4. ... ali esteve sobre ele a mão do Senhor...
(Ez 1:3; 3:22; 37:1; v.lRs 18:46; Dn 8:15; 10:15; Ap 1:17). O Senhor, por seu
poderoso toque,fortaleceu Ezequiel para a tarefa sublime e árdua de transmitir de
modopreciso a revelação divina recebida.Examinaremos agora os integrantes da visão
que o profeta teve daglória de Deus, que ocupam o restante do capítulo:1. ...
umventotempestuosoquevinhadonorte...
( Ez l : 4 ; v . J r 1 : 1 4 , 1 5 ; 4 : 6 ; 6 : 1 ) . E z e q u i e l a p r e n d e u c o m
J e r e m i a s q u e o v e n t o tempestuoso significa os justos juízos de Deus
(Jr 22:19; 25:32). O fatode vir do
norte
tem duplo significado. O
norte
era tido como o lugar emque Deus se assentava (Is 14:13,14). E foi do
norte,
ou seja, da Assíria eda Caldéia, que as forças inimigas invadiram Judá.2. ...
uma grande nuvem...
Esse quarto versículo poderia ser tradu-zido da seguinte forma: ". . .vi um vento
tempestuoso vindo do norte queprovocava uma grande nuvem". Ezequiel sabia que a
nuvem simbolizavaa manifestação de Deus e que, no Sinai, representava q
esconderijo damajestade divina ( Êx 19 : 9 - 16 ) . A
nuvem
e r a t u d o o q u e o s o l h o s h u - manos suportavam ver.3. ...
um fogo que emitici labaredas de contínuo...
(Ez 1:4; Êx 9:24).Certo texto bíblico lembra que o
fogo
é expressão da santidade de Deus:"... o nosso Deus é fogo consumidor" (Hb
12:29). O
fogo
toma conta detudo o que o cerca e, tragando para si, a tudo consome. Horrendas tem-
pestades se fazem acompanhar de nuvens negras às vezes iluminadas por relâmpagos.
Essa aparição natural se depreende da frase do profeta,que diz: "um resplendor ao
redor dela".4.
O centro do fogo tinha a aparência do brilho de âm
b a r (Ez1 : 4 , 2 7 ; 8 : 2 ) . O t e r m o o r i g i n a l t r a d u z i d o p o r
brilho
significa também"olho"; o
âmbar,
encontrado somente em Ezequiel, é em geral interpre-tado como alguma
forma de metal brilhante, que resplandecia quandofundido, se assemelhava
ao fogo, ou ainda ao bronze polido (Ez 1:7; Ap1:15), reluzente e
resplandecente pela luz das "labaredas de contínuo". Temos assim
"sobreposto à primeira aparição do fenômeno natural umolho brilhante ou
um centro da nuvem, a reluzir mesmo do centro do fogo.
5. ...
quatro seres viventes...
(Ez 1:5-26). Do centro da nuvem defogo surgiram esses seres simbólicos, não
existentes de fato. Na visão
velação de quatro aspectos".
Quatro
é o número da terra; assim, temos os quatro pontos carde-ais: Aborte, Sul,
Leste e Oeste —tendo o primeiro deles a mesma inicialda palavra novas
ou do vocábulo
notícias. O noticiário
proporciona in-formações desses quatro cantos do mundo. Além disso, os quatro
rostosrepresentam uma múltipla variedade e uma extraordinária distribuição de dons e
de particularidades associadas para um propósito: cada rostosimboliza as diferentes
qualidades da mente e do caráter.
Rosto de homem.
O
homem
é o mais admirável dos quatro seresmencionados, sendo o i deal que serve de
modelo aos outros t rês ( Ez 1:10; 10:14). O rosto é o sinal de inteligência
e de
sabedoria.
O homem éo c a b e ç a d e t o d o s o s a n i m a i s c r i a d o s . " O h o m e m e r a
o s í m b o l o d a manifestação [ . . . ] Manifestação passa a i déia de revelação
do melhor que a vida tem a oferecer, e o
homem
era o ho-mem-símbolo."
Rosto de leão.
Como o l eão é o rei dos animais selvagens, t emos aqui o símbolo da supremacia.
"Supremacia passa a idéia de reinado, e oleão era o símbolo do rei." O leão é também
o símbolo oficial de
poder
ede
coragem.R o s t o d e b o i .
O b o i é r e c o n h e c i d o c o m o o c a b e ç a d o s a n i m a i s domésticos e
simboliza
serviço, esforço perseverante, força
e
paciência.
"Serviço passava a idéia de sacrifício, e o boi era símbolo do servo."
Rosto de águia.
A águia é indiscutivelmente a soberana entre ospássaros, sendo "o emblema do que é
ardente, penetrante, elevado, mo-ralmente sublime e devotado".
Ou ainda: "a águia é símbolo do mistério,que t rans mite a idéia de algo
i nsondável, sendo também s ímbolo da divindade".Desde os pais da
i greja, os comentaristas da Bíblia vêem nesses quatro rostos uma inspirada
representação de Cristo nos quatro evange-lhos. Não é ele o único que reúne todas as
excelências?Em Mateus, vemos sua supremacia como
rei;
em Marcos, vemos seu serviço sacrificial como
servo;
em Lucas, vemos sua perfeita manifestação como
homem;
em João, vemos seu infinito e insondável ministério como
Deus.
Outros detalhes de importância parabólica são:
Cada um tinha quatro asas.
Movimento e rapidez na execução dospropósitos de Deus são as idéias presentes na
simbologia das asas, duasdas quais eram unidas uma à outra (Ez 1:6,11), fazendo supor
que todosse movimentavam de forma harmônica e num só impulso. As duas outrasasas
cobriam o corpo, o que denota reverência (Is 6:2).
Cada um tinha pernas direitas.
"As suas pernas eram direitas", i.e.,s em nenhuma dobra, como a que t emos
nos j oelhos. Por serem retas, e r a m i g u a l m e n t e a d e q u a d a s n ã o
apenasparaaestabilidade,mastambémparamover-seem
q u a l q u e r d i r e ç ã o . O f a t o d e s e r e m " a s plantas dos seus pés como a
planta do pé de um bezerro" implica que aparte do pé que se apoiava no chão "não era
como o pé do ser humano,

formado para mover-se apenas para frente, mas sólido e redondo comoa
planta do pé de um bezerro". "... luziam como o brilh
o d o b r o n z e polido" é um detalhe que contribui para o fulgor e para a
magnificênciageral da visão.
Cada um tinha mãos de homem debaixo das asas.
Essas mãos, àsemelhança de mãos humanas e a representar ação,
ocultavam-se sobas asas.
Asas
e
mãos!
Que combinação interessante! As asas transmitema idéia de
adoração;
as mãos, de
serviço.
As asas, contudo, cobriam asmãos, mostrando que, na vida do crente, o espiritual e o
secular andam juntos, o primeiro sempre prevalecendo sobre o segundo. A rotina
diáriae as t arefas comuns devem glorificar a Deus, da mesma forma que o aposento
de oração.
Cada um andava para diante.
Não se viravam quando i am. Com " q u a t r o r o s t o s " , o s s e r e s
o l h a v a m e m t o d a s a s d i r e ç õ e s ; e o s p é s redondos igualmente lhes
possibilitavam mover-se em qualquer sentido.Q u a l q u e r q u e f o s s e a r u m o
q u e t o m a s s e m , s e g u i a m s e m p r e " p a r a diante". Nunca desviavam do
curso divinamente prescrito. Que lição paranosso indócil coração avaliar!
Cada um tinha aparência de brasas de fogo ardentes e tochas.
Oprofeta não incorreu em
tautologia
ao usar "semelhança" (que denota aforma geral) e "parecer" (que denota o
aspecto particular).
Brasas defogo ardentes
(tochas ou relâmpagos) podem representar a intensa eabrasadora pureza de Deus
consumindo todas as coisas estranhas à suasanta vontade. Os relâmpagos que saíam do
fogo, subindo e descendo, eos seres viventes, saindo e voltando, denotando esplendor e
velocidade,e x p r e s s a m m u i t a s v e r d a d e s p r e c i o s a s . H á o
m a r a v i l h o s o v i g o r d o Espírito de Deus em todos os seus movimentos,
sem jamais descansar,sem nunca se cansar. O fogo ardente simboliza a santidade e a
glória deDeus. Os relâmpagos que saíam do fogo transmitem a solene idéia
deq u e , a s s i m c o m o a r e t i d ã o d e D e u s f a r i a o r a i o d e s u a i r a
c a i r s o b r e Jerusalém, também sobrevirá por fim à terra culpada.
Cada um t inha quatro rodas.
Rodas de imensas proporções são agora acrescidas ao querubim, mostrando que
uma energia gigantesca eterrível haveria de caracterizar as manifestações do
Deus de Israel. U mirres is tível poder apareceria agora nos t ratos de
Deus, que perfaz em uma ação perfeitamente harmoniosa, controlada pela vontade
suprema.Várias verdades podem ser extraídas de mais esse curioso simbo-lismo.Em
primeiro lugar, essas rodas de grande altura estavam na terra( E z 1 : 1 5 ) ,
depoisconectadasaotronocelestial(Ez1:26).As
r o d a s também tinham o brilho do berilo, o que se harmoniza, na visão, com
afreqüente menção de fogo e de luz brilhante. Em segundo l ugar,
umaroda estava dentro da outra. Isso refere-se a uma situação em que háu m
elemento misterioso, e envolvente. Essa roda apresentad
a
porEzequielnãoseriapossívelmecanicamente,eéusada
a p e n a s e m sentido parabólico. Uma roda estava num ângulo exato com a
outra, eseus movimentos eram inex pl i cáveis —" i am em qualquer das
quatro direções".As cambotas —
aros
ou
circunferências
das rodas— eram "cheias de

olhos"(v.Ap4:8:"pordentro,estavamcheiosde
olhos"). Essam u l t i p l i c i d a d e d e olh o s ( E z 1:18;
10:1 2 ) s i m b o l i z a o perfeitoconhecimentodeDeus
acerca de todas as suas obras e a absolutasabedori
a detodos osseusfeitos(2Cr16:9).Jamiesonfez
e s t e interessante comentário a respeito desse detalhe: "Vemos
simbolizadaaqui a
abundância de vida inteligente,
sendo o olho a janela pela qual 'oespírito da criatura vivente' nas rodas
( 1 : 20 ) percorre toda a t erra ( Zc 4:10). Como as rodas significam a
providência de Deus, assim os olhosquerem dizer que ele vê todas as
circunstâncias, e nada faz por impulsocego".Resumindo a mens agem do
mistério e do movimento das rodas, que são redondas para girar, sabemos que Ez
equiel viu o Senhor emmeio às estranhar rodas
giratórias do seu procedimento e em meio à irresistível energia de que
falou na qualidade de Espírito Santo. Comoforam construídas para se mover,
o
movimento
é o estado normal das r o d a s ; o
repouso
é e x c e ç ã o . Q u a n d o p e n s a m o s n a s l e i s d i v i n a s d a providência e da
natureza, percebemos que a sua característica normal éo m o v i m e n t o c o n s t a n t
e.
N a h i s t ó r i a d a s n a ç õ e s e d a s p e s s o a s , u m a co nt ec i m en to s empre
sucede a outro. " Na ordem e nos m ov im en to s g er a is do univers o, há
constante rotação, incessante movimento paradiante,
perfeita regularidade e imperturbável harmonia entre tudo o quepossa parecer obscuro
e complicado. Na qualidade de Intérprete de simesmo, Deus por fim esclarece todas as
coisas". A impressionante liçãon o m e c a n i s m o d a s
r o d a s , e n t ã o , é a r e p r e s e n t a ç ã o d o s i s t e m a d e influências físicas
e materiais e a representação de todo o andamento domundo f í s i co unido à s
i nfluências i ntelectuais e morais, s imboliz adas pelos seres viventes — tudo sob o
controle do trono celestial, existindopara a glória do seu Ocupante divino.P o r ú l t i
mo,temostrêsaspectosespecíficosda
g l ó r i a d i v i n a , observada por Ezequiel em sua visão, a saber: a voz,
o
trono
eo
arco-íris. A v o z .
Amesmapalavrahebraicanesseversículopoder
s e r t raduz ida por " ruído" e por " voz " . Por i sso, " o ruído das suas asas", " o
ruído de muitas águas", "a voz de um estrondo" e "uma voz por cima
dofirmamento" transmitem algo da impressionante "voz do
Onipotente".Quando a sua voz era ouvida, os seres viventes, acabrunhados por
seustons majestosos, s i l enciaram em reverência. " O forte ruído dos
seusmovimentos silenciou-se, e baixavam as asas sem mexê-las, todos ematitude de
reverente atenção".O
trono.
A divindade agora aparece na semelhança de um homementronizado. As
resplendentes referências ao trono, com a sua "aparên-cia de [...] safira", "como
o brilho de âmbar" e "como o aspecto do fogo",contribuem para exaltar a glória, a
santidade, o poder e a soberania da-quele que se assenta no trono. "Se nas profecias de
Isaías vimos o tronocom seus princípios f un da me nt a is ", diz Campbell
Morgan, " e nas de Jeremias descobrimos as at ividades daquele que
se assenta no t rono, nas de Ezequiel temos o desvendar da natureza de Deus".Não
temos aqui uma insinuação ou um prenuncio da encarnação do

Filho de Deus, que se tornou Filho do Homem para fazer dos filhos
doshomens filhos de Deus? Cristo não é apenas o representante da "plenitu-de da
divindade" (Cl 2:9); é igualmente o representante encarnado dahumanidade.
Não são boas novas o fato de o trono ser ocupado por al -guém que se apresenta
como "homem" e como "Salvador" e, ao retornarà t e r r a , a t u a r á c o m o
Juiz (Ap 19:11-16)? O profundosegredo
daesperançadeEzequieleraterconhecidootronoe
o s p r i n c í p i o s go ve rn am en ta i s aplicados por aquele que, como
Deus- homem, atua tanto a favor Deus como do homem.O
arco-íris.
"O arco [...] na [...] chuva" lembra o arco-íris, que Deusapresentou como símbolo da
firme aliança de sua misericórdia para comseus f i l hos, de quem não se
es queceria na condenação dos pervers os (Ap 4:3; 10:1). Além dos atributos
da sua terrível majestade, descrita porEzequiel, havia também a sua misericórdia
e benignidade. O esplendor,assim como o terror, circundam o trono. O "arco
que aparece na nuvemno dia de chuva" não é mera alusão ao fenômeno
natural do arco-íris,mas relaciona a visão de Ezequiel à promessa misericordiosa de
Gênesis9:13.Coberto pela glória do Senhor, que mais o profeta poderia fazer se-não
prostrar-se sobre o rosto e calar enquanto a Voz falava? A manifes-tação
direta e gloriosa de Deus em geral deixa o homem subjugado e sem palavras (Ez 3:23-
25; Is 6:5; Dn 8:17; Lc 5:8; 8:37; At 9:4; Ap 1:17).Vemos
aí também a nossa atitude quando assumimos qualquer trabalhopara Deus. Na
primeira visão de Ez equiel, o S enhor reuniu nessa re - velação inicial
de si próprio a essência de tudo o que haveria de ocuparsua missão profética,
como finalmente se deu na gloriosa visão que Joãoteve no apocalipse (ou na revelação)
de Jesus Cristo.Quanto ao s i gnificado geral das visões parabólicas de
Ez equiel, Ellicott chama a atenção para o fato de que foram vistas quatro
vezespelo profeta em várias associações com a sua vida ministerial:1. Quando chamado
para exercer o ofício profético (1:1-28).2. Quando enviado a decretar juízos sobre um
povo pecador e pre-dizer a destruição de Jerusalém e do templo (3:23 etc).3. Quando,
um ano e meio depois, tem a mesma visão, quando élevado a compreender
as maldades e as aborninações praticadas no templo e também a sua futura
restauração (11:23).4. Quando vê a presença do Senhor voltar e encher o
templo coma sua glória (43:3-5).
Parábola do rolo engolido
(Ez 2 e 3)Esses dois capítulos, que poderiam ser lidos como um, tratam
dochamado de Ezequiel ao seu ofício e das instruções para o serviço. A de-signação
" Filho do homem" é usada cerca de noventa vez es em refe - rência a
Ez equiel, apenas uma vez em relação a Daniel ( Ez 3 : 17 ) , e a mais
nenhum outro profeta. Cristo foi conhecido pelo mesmo título, umavez que veio para
representar o homem. O Espírito apoderou-se do pro-

feta, e, tendo recebido a ordem "põe-te em pé", que lhe enchia de cora-gem, estava
preparado para transmitir uma mensagem de condenaçãoao povo rebelde de Deus.
Como Ezequiel precisava de preparo divino ede coragem para a t uar como porta - voz
do Senhor à nação de Is rael, perversa e de coração
empedernido, que por onz e vez es é chamada "casa rebelde"!Os livros na
antigüidade eram confeccionados em formato de rolo, recebendo inscrição na frente
e no verso. O pergaminho em geral traziainscrições só no
interior,
quando enrolado. Mas esse trazia a mensagemde Deus, repleta de iminentes ais.
Estava escrito também no verso. Emsentido f i gurado, Ez equiel recebeu a
ordem de
comer
esse rolo. Não comer de
fato,
assim como não se come de verdade a carne de Cristonem se bebe o seu
sangue —como ensinam erroneamente os católicosromanos. Essa linguagem
figurada quer mostrar que Ezequiel precisavareceber a mensagem condena-
tória no seu coração e ser inteiramentetomado pelo que lhe estava sendo
transmitido (v. Jr 15:16; Jo 6:53-58; Ap10:9,10). Precisava digerir com a mente, e
o conteúdo desagradável damensagem deveria tornar-se, por assim dizer,
parte de si mesmo, a fimde transmiti-lo de modo mais vivido aos seus ouvintes.O s
doisefeitosdessaapropriação,diferenteumdooutro ,
é apresentado pelo profeta. O que comeu era " doce como o mel", mas, como
também o deixou "amargurado" (3:3,14), Ezequiel tinha primeirode
comer
e depois
falar.
O pregador que
fala
sem antes
comer
a Palavrade Deus é ineficaz. J amieson afirma: " O mensageiro de Deus
precisaapropriar-se internamente da verdade de Deus para transmiti-la". Comoa
ação s imbólica, externa, brotou d o í nt imo, a visão es piritual
t ornou mais impressionante a declaração profética." . . . d o c e c o m o o
mel " . A p r i m e i r a i m p r e s s ã o que
E z e q u i e l experimentou em conseqüência de sua missão profética foi de
deleite:"Deleito-me em fazer a tua vontade". De fato, a mensagem que deveriaentregar
era dolorosa, mas, por assumir a vontade de Deus como sua, oprofeta regozijou-se pelo
grande privilégio de levar aquela palavra aopovo. "O fato de que Deus seria glorificado
era o seu grande prazer"."... eu me fui, amargurado".
Feliz por ter sido chamado para ser o" porta- voz " de Deus, Ezequiel estava t r i
s t e por causa das iminentes calamidades que fora chamado a
anunciar. "... a mão do Senhor era fortesobre mim" mostra o poderoso impulso de Deus,
instando o profeta, seml e v a r e m c o n t a s e e s t a v a a l e g r e o u t r i s t e , a
t r a n s m i t i r a m e n s a g e m divina (Ez 3:14; Jr 15; 16; 20:7 -18; Ap 10:10). "A
ordem do Senhor eradoce; cumpri-la, amargo." Dessa forma, havia um misto de
prazer e detristeza quando Ezequiel executou a tarefa de que fora incumbido. Mas
aPalavra de Deus era fogo abrasador dentro dele; e ele não poderia recuar—
experiência pela qual todo mensageiro fiel de Deus é obrigado, commaior ou menor
amplitude, a passar.O capítulo termina com Ezequiel atônito no momento de
entregar asua mensagem agridoce. Como o povo se recusava a
ouvi-lo, a sua lín-gua se pegou ao céu da boca. Todavia, o Todo-Poderoso prometera
fazercom que pregasse no momento certo: "... abrirei a tua boca". Quanto aos

resultados da mensagem divina, alguns a ouviriam e


o u t r o s s e recus ariam a recebê - l a. Essa foi a reação que o Mestre
recebeu, e é a mesma que recebe todo mensageiro enviado por Deus (Ap 22:11).
Parábola do tijolo entalhado
(Ez 4:1-17) Todo esse capítulo está repleto de ações simbólicas que relatam
aseveridade do cerco de Jerusalém que estava por acontecer. Tijolos come n t a l h e s ,
emgeralmedindo61cmdecomprimentopor30cm
d e largura, sobejavam nas ruínas da Babilônia. O barro macio e,
portanto,m a l e á v e l t r a n s f o r m a v a - s e e m t i j o l o s e m q u e s e
faziam inscriçõescuneiformes. Depois, com a secage
m aosol, o objeto ou a inscriçãoesboçada no tijolo ali se
c o n s e r v a v a p a r a s e m p r e . M u i t o s e x e m p l o s dessa arte babilônica
podem ser vistos em vários museus nacionais pelomundo afora. Se Ez equiel de
fato
des enhou J erus além no t i j olo a i nda molhado, retratando o desenrolar do
cerco, ou se isso diz respeito a umato simbólico, é um assunto em que as
autoridades divergem. O mesmose pode dizer de todas as ações mencionadas nessa
visão parabólica quetrata da difícil situação em que Jerusalém logo se veria.Instando o
profeta a edificar uma fortificação contra o cerco, Deusinstruiu seu mensageiro
a tomar uma sertã de ferro e pô-la como paredeentre si e a cidade. Kiel, em seu
estudo sobre Ezequiel, diz que "a sertãde ferro, posta como pare de, não
representa nem os muros da cidade,nem os baluartes dos inimigos, uma vez
que isso já está representadopelo t i j olo; mas s i gnifica um f i rme e
i nex pugnável muro de separaçãoque o profeta, como mensageiro e representante
de Deus, l evantou entre si e a cidade sitiada". Ezequiel, então,
representando a Deus, mos-tra que "a parede de separação entre ele e o povo era
como que de fer-ro, e o exército da C aldeia, que estava por atacar —sendo o
instrumentode separação entre eles e Deus—, era indestrutível".Depois temos a outra
ação parabólica de Ezequiel, em que se deitasobre o seu l ado es querdo por 390
dias e sobre o direito por 40 dias, simbolizando com isso o carregar da
iniqüidade do número correspon-d e n t e d e a n o s e p r o f e t i z a n d o
c o n t r a J e r u s a l é m d u r a n t e t o d o e s s e período. "Era um processo longo
e maçante levar a iniqüidade da casa doSenhor, no sentido de confessá-la, assim
revelando o motivo do cerco eda condenação." Levar a maldade de alguém
(Nm 14:34) é expressãobíblica que denota incorrer na punição devida ao
pecado. Dei-tando-sesobre o seu l ado es querdo, o profeta mos trou
como o povo sofreria o castigo divino por seus pecados. A importância do lado
esquerdo
está no"hábito, no Oriente, de olhar para o Leste a fim de indicar as direções nabússola;
o Reino do Norte estava, portanto, à esquerda". Por isso "a casade Is rael" é
d if er en ci ad a da " casa de Judá", que corres ponde ao " l ado direito" (4:6),
o mais honroso.Outras ações simbólicas eram dirigir o rosto para o cerco de Jerusa-
lém e ter o braço descoberto. A expressão hebraica
traduzidapor

Dirigirás o teu rosto


(também traduzida em outras passagens por
voltar-se para, pôr a face contra,
etc.) é comum nas Escrituras no sentido defirmeza de propósito (Lv 26:17).
Sendo expressão favorita de Ezequiel(15:7; 20:46 etc), implica firmeza de
propósito a ser aplicada "quanto aocerco de Jerusalém". Não haveria
abrandamento; a condenação divinasobreviria à cidade conforme decretada." . . .
com o teu braço descoberto". Essa ação faria uma
v i v i d a impressão. As longas roupas orientais, que em geral cobriam os
braços,impediam que se agisse com rapidez (Is 52:10). Então, adapatando
aspalavras às suas ações, Ezequiel profetizou contra a cidade. Quanto
às" cordas" sobre o profeta, impedindo - o de virar - se da esquerda para adireita até o f
im do cerco, o comentário de Ellicott é esclarecedor.
" Emais um aspecto do caráter inflexível da condenação preconiz ada.
Opoder de Deus interviria para garantir a missão do profeta. Era
precisoevitar que, não apenas a comis eração, mas mesmo a
debilidad e e afadiga, próprias do homem, representassem algum impedimento. Fala-
sede um cerco do profeta porque foi o que fez figuradamente."A seguir, apresenta-se
o rigor do cerco de modo muito pitoresco.Em vez da farinha usada na
confecção de delicados bolos (Gn 18:6), os judeus teriam uma mistura não-
refi-nada de seis espécies diferentes degrãos, em geral consumidos somente
pelos mais pobres. Os grãos, dosmelhores aos piores, deviam ser misturados
numa vasilha —violação doespírito da lei (Lv 19:19; Dt 22:9)— simbolizando com
isso as severidadedo cerco e a implacável privação sobre os sofredores. A comida devia
serpreparada de modo que l embrass e imundíci e. As l eis al imentar es
quet r a t a v a m d o s a l i m e n t o s p u r o s e i m p u r o s n ã o f o r a m
o b s e r v a d a s ( O s 9:3,4). A escassez de pão e de água para suprir as
necessidades físicasafligiria os habitantes da cidade (Ez 4:11; 16:17; v. Lm
1:2; 2:11,12), in-tensificando assim a complet a ruína que se s eguiria à
condenação de Jerusalém. Comer pão por peso e beber água por medida
falam da ter-rível penúria comum em períodos de fome. Em razão de seus
pecadospersistentes, o povo experimentaria grande sofrimento e angústia.
Nãoadmira que se espantariam "uns com os outros", expressão que denota aaparência
chocante da carência desespendora.
Parábola da cabeça e da barba rapada
(Ez 5:1-17)O amplo emprego que o profeta faz das ações parabólicas exigenossa
cuidadosa atenção. Nenhum outro autor recorreu com tanta fre -
qüência ao método parabólico de i nstrução quanto Ez equiel. Intima - mente
relacionado com o capítulo anterior, esse que agora passamos
aestudar intensifica, com novos s ímbolos, a denúncia de
condenaçãocontra os judeus. Juíz os mais severos que as afl i ções do Egito viriam
sobre o povo por causa de seus pecados.A " faca afiada [ . . . ] como navalha de
barbeiro" s i gnifica qualquerinstrumento cortante, como a espada, por ex emplo, e é
usada como símbolo das armas do inimigo (Is 7:20).
Uma espada, então, afiada como

navalha de barbeiro, devia ser usada para rapar o cabelo e a barba


dop r o f e t a . S e n d o e l e r e p r e s e n t a n t e d o s j u d e u s , a e s
pada
d e v e r i a s e r passada sobre a "cabeça" dele, servindo de sinal do tratamento severo
eh u m i l h a n t e , s o b r e t u d o p a r a u m s a c e r d o t e ( 2 S m 1 0 : 4 , 5 ) .
Sendoos
cabelos
sinaldeconsagração,ossacerdoteseram
e x p r e s s a m e n t e proibidos pela lei de rapar tanto o cabelo como a barba (Lv 21:5).
Rapá-los representaria o mais desolador castigo.Os cabelos que tinham sido cortados
deveriam ser pesados e dividi-dos em três partes. A primeira seria queimada no meio da
cidade no fimdo cerco, a segund a seria ferida pela espada ao redor da
c i dade e a terceira seria espalhada ao vento. Por fim Ezequiel apresenta o
sentidoda parábola: uma t erça parte do povo morreria de
peste
n o m e i o d a c i dade, outra t erça parte cairia à espada
e a última t erça parte seria espalhada ao vento. Isso aconteceu aos remanescentes.
Uns poucos fiosd e c a b e l o d e v e r i a m s e r r e c o l h i d o s e
a t a d o s n a s a b a s d a s v e s t e s d o profeta, sendo o restante atirado ao fogo. Os
poucos que escaparam aosseveros juízos não se salvaram da prova de fogo??? (Jr 41:12;
44:14). Emdias melhores, Deus assegurara ao seu povo que os cabelos da
cabeças e r i a m c o n t a d o s , p r o v a d o c u i d a d o e d a
p r o v i s ã o d i v i n a . A g o r a , arrancadas de Deus e separadas de sua
presença, as cabeças rapadasanunciavam o afastamento da bondade e da proteção
divina.Resumindo as ações simbólicas desse capítulo e do anterior,
Thebiblical expositor [O comentarista bíblico]
afirma que essas ações devemt e r a t r a í d o u m c í r c u l o d e c u r i o s o s
e s p e c t a d o r e s , a q u e m E z e q u i e l explicou o que significavam: "Não foi
Babilônia nem a sua queda que re-tratou, mas os juízos muito merecidos e
irrevogáveis sobre a ímpia Je-rusalém. Em vez de ser o centro de onde a
salvação irradiaria para asnações, ela excedeu os gentios na perversidade. Assim,
Deus não mais apouparia, nem teria compaixão dela. Sua punição seria severa
por terpisoteado os grandes dons da graça de Deus".
Parábola da imagem de ciúmes
(Ez 8:1-18)Depois do simbolismo que se conclui em Ezequiel 5:4, nos capítulos6 e 7 o
profeta pela primeira vez apresenta as suas profecias em lingua-gem clara. Seu estilo
passa da prosa para a forma mais comum de apre-sentação profética: cheia de parale-
lismos —característicos da poesiahebraica. No capítulo 8, Ezequiel retoma o método
parabólico com a suanova série de profecias. O m a i s
surpreendente autor dentre todos os profetas, Ezequiel, manifesta uma força e uma
energia em suas denún-c i a s q u e n ã o e n c o n t r a m
p r e c e d e n t e s . S u a s f r e q ü e n t e s r e p e t i ç õ e s apresentam ao leitor os
próprios juízos de que ele é porta-voz.Como os cativos na Babilônia reclamaram de
que Deus os trataracom severidade (Ez 8:15), o Senhor concedeu a
Ezequiel uma visão doque estava-se passando no templo de Jerusalém, a despeito
dos terríveis juízos impostos sobre eles. A idolatria era praticada de todas as formas

Dirigirás o teu rosto


(também traduzida em outras passagens por
voltar-se para, pôr a face contra,
etc.) é comum nas Escrituras no sentido defirmeza de propósito (Lv 26:17).
Sendo expressão favorita de Ezequiel(15:7; 20:46 etc), implica firmeza de
propósito a ser aplicada "quanto aocerco de Jerusalém". Não haveria
abrandamento; a condenação divinasobreviria à cidade conforme decretada." . . .
com o teu braço descoberto". Essa ação faria uma
v i v i d a impressão. As longas roupas orientais, que em geral cobriam os
braços,impediam que se agisse com rapidez (Is 52:10). Então, adapatando
aspalavras às suas ações, Ezequiel profetizou contra a cidade. Quanto
às" cordas" sobre o profeta, impedindo - o de virar - se da esquerda para
adireit a até o f im do cerco, o comentário de Ellic ot t é es clarecedor.
" Emais um as pecto do caráter inflexíve l da condenação preconiz ada.
Opoder de Deus interviria para garantir a missão do profeta. Era
precisoevitar que, não apenas a comis eração, mas mesmo a
debilidade e a fadiga, próprias do homem, representassem algum impedimento. Fala-
sede um cerco do profeta porque foi o que fez figuradamente."A seguir, apresenta-se
o rigor do cerco de modo muito pitoresco.Em vez da farinha usada na
confecção de delicados bolos (Gn 18:6), os judeus teriam uma mistura não-
refi-nada de seis espécies diferentes degrãos, em geral consumidos somente
pelos mais pobres. Os grãos, dosmelhores aos piores, deviam ser misturados
numa vasilha —violação doespírito da lei (Lv 19:19; Dt 22:9)— simbolizando com
isso as severidadedo cerco e a implacável privação sobre os sofredores. A comida devia
serpreparada de modo que l embrass e imundíci e. As l eis al imentar es
quet r a t a v a m d o s a l i m e n t o s p u r o s e i m p u r o s n ã o f o r a m
o b s e r v a d a s ( O s 9:3,4). A escassez de pão e de água para suprir as
necessidades físicasafligiria os habitantes da cidade (Ez 4:11; 16:17; v. Lm
1:2; 2:11,12), in-tensificando assim a complet a ruína que se s eguiria à
condenação de Jerusalém. Comer pão por peso e beber água por medida
falam da ter-rível penúria comum em períodos de fome. Em razão de seus
pecadospersistentes, o povo experimentaria grande sofrimento e angústia.
Nãoadmira que se espantariam "uns com os outros", expressão que denota aaparência
chocante da carência desespendora.
Parábola da cabeça e da barba rapada
(Ez 5:1-17)O amplo emprego que o profeta faz das ações parabólicas exigenossa
cuidadosa atenção. Nenhum outro autor recorreu com tanta fre -
qüência ao método parabólico de i ns trução quanto Ez equiel. Intima -
mente relacionado com o capítulo anterior, esse que agora passamos
aestudar intensifica, com novos s ímbolos, a denúncia de
condenaçãocontra os judeus. Juíz os mais severos que as afl i ções do Egito viriam
sobre o povo por causa de seus pecados.A " faca afiada [ . . . ] como navalha de
barbeiro" s i gnifica qualquerinstrum ento cortante, como a espada, por ex emplo, e é
usada como símbolo das armas do inimigo (Is 7:20).
Uma espada, então, afiada como

navalha de barbeiro, devia ser usada para rapar o cabelo e a barba


dop r o f e t a . S e n d o e l e r e p r e s e n t a n t e d o s j u d e u s , a e s
pada
d e v e r i a s e r passada sobre a "cabeça" dele, servindo de sinal do tratamento severo
eh u m i l h a n t e , s o b r e t u d o p a r a u m s a c e r d o t e ( 2 S m 1 0 : 4 , 5 ) .
Sendoos
cabelos
sinaldeconsagração,ossacerdoteseram
e x p r e s s a m e n t e proibidos pela lei de rapar tanto o cabelo como a barba (Lv 21:5).
Rapá-los representaria o mais desolador castigo.Os cabelos que tinham sido cortados
deveriam ser pesados e dividi-dos em três partes. A primeira seria queimada no meio da
cidade no fimdo cerco, a segunda seria ferida pela espada ao redor da
c i dade e a terceira seria espalhada ao vento. Por fim Ezequiel apresenta o
sentidoda parábola: uma t erça parte do povo morreria de
peste
n o m e i o d a c i dade, outra t erça parte cairia à espada
e a última t erça parte seria espalhada ao vento. Isso aconteceu aos remanescentes.
Uns poucos fiosd e c a b e l o d e v e r i a m s e r r e c o l h i d o s e
a t a d o s n a s a b a s d a s v e s t e s d o profeta, sendo o restante atirado ao fogo. Os
poucos que escaparam aosseveros juízos não se salvaram da prova de fogo??? (Jr 41:12;
44:14). Emdias melhores, Deus assegurara ao seu povo que os cabelos da
cabeças e r i a m c o n t a d o s , p r o v a d o c u i d a d o e d a
p r o v i s ã o d i v i n a . A g o r a , arrancadas de Deus e separadas de sua
presença, as cabeças rapadasanunciavam o afastamento da bondade e da proteção
divina.Resumindo as ações simbólicas desse capítulo e do anterior,
Thebiblical expositor [O comentarista bíblico]
afirma que essas ações devemt e r a t r a í d o u m c í r c u l o d e c u r i o s o s
e s p e c t a d o r e s , a q u e m E z e q u i e l explicou o que significavam: "Não foi
Babilônia nem a sua queda que re-tratou, mas os juízos muito merecidos e
irrevogáveis sobre a ímpia Je-rusalém. Em vez de ser o centro de onde a
salvação irradiaria para asnações, ela excedeu os gentios na perversidade. Assim,
Deus não mais apouparia, nem teria compaixão dela. Sua punição seria severa
por terpisoteado os grandes dons da graça de Deus".
Parábola da imagem de ciúmes
(Ez 8:1-18)Depois do simbolismo que se conclui em Ezequiel 5:4, nos capítulos6 e 7 o
profeta pela primeira vez apresenta as suas profecias em lingua-gem clara. Seu estilo
passa da prosa para a forma mais comum de apre-sentação profética: cheia de
parale-lismos —característicos da poesiahebraica. No capítulo 8, Ezequiel retoma
o método parabólico com a suanova série de profecias . O mais
surpreend ente autor dentre todos os profetas, Ezequiel, manifesta uma força e uma
energia em suas denún-c i a s q u e n ã o e n c o n t r a m
p r e c e d e n t e s . S u a s f r e q ü e n t e s r e p e t i ç õ e s apresentam ao leitor os
próprios juízos de que ele é porta-voz.Como os cativos na Babilônia reclamaram de
que Deus os trataracom severidade (Ez 8:15), o Senhor concedeu a
Ezequiel uma visão doque estava-se passando no templo de Jerusalém, a despeito
dos terríveis juízos impostos sobre eles. A idolatria era praticada de todas as formas

do corpo de maior des taque) mos trava que o fato de não incorrem
nac o n d e n a ç ã o s e r i a m a n i f e s t o a t o d o s ( J r 1 5 : 1 1 ; 3 9 : 1 1 - 1
8; Ap13:16;14:1,9). Na hora do castigo, Deus faz acepção
de
p e s s o a s . I s s o f i c a evidenciado no fato s entencios o de que o t errível
j uízo apres entado iniciou-se pelo Santuário (9:6). Deus não poupou os
anjos que pecaram,mesmo sendo
anjos.
3.
A visão de um trono
(Ez 10:1-22). O homem com o tinteiro, quepassou pela cidade para
marcar os que sus piravam e gemiam, agora obedece à ordem de passar
por entre as rodas, pegar nas mãos brasasacesas e espalhá-las pela cidade. Os
querubins, já vistos por Ezequiel, re-a p a r e c e m p a r a a s s i n a l a r o r e t o r
n o d a g l ó r i a d o S e n h o r . A q u i e s t ã o intimamente associados ao
processo de
condenação que Ezequiel passaa e x p o r . O h o m e m q u e a p a n h o u o f o g
o eo espalhou por Jerusalémpassou por entre as rodas, e
a g l ó r i a v i s í v e l d o S e n h o r , q u a n d o s e levantou do limiar, agora se
mescla às rodas e aos querubins. O objetivod e s s a v i s ã o e r a e v i d e n c i a r q u
eo
S e n h o r , e n t r o n i z a d o a c i m a d o s querubins, executava os seus justos
juízos por meio dos babilônios. Israela c h a v a - s e c o n d e n a d o d i a n t e d o
S e n h o r , o q u a l , p o r n ã o t o l e r a r o desprezo para com a sua
misericórdia, determinou todo o seu poder, nocéu e na t erra, para punir a
desprez ível ingratidão daqueles a q uem abençoara de modo tão especial.
Avisão revela, na perspectiva correta, alúgubre culpa de Israel e suas horrendas
conseqüências.
Parábola da panela e da carne
(Ez 11:1-25)De modo milagroso, o profeta foi levantado pelo Espírito e levado àúltima
porta, de onde a glória divina se tinha levantado, para testemu-nhar, na
pres ença dessa majes tade, uma nova cena de des truição. O profeta viu
25 homens, liderados pelos chefes do povo, reunidos com o iníquo propósito de
conspirar contra o rei da Babilônia. Esses homens sea c h a v a m s e g u r o s n a
c i d a d e , m a s E z e q u i e l , d i v i n a m e n t e i n s t r u í d o , denunciou - os
por sua l oucura e t ornou manifes ta a vingança de Deus contra eles.A f i
gura da
panela
é usada para ressaltar o decreto divino, peloqual esses homens
morreriam por causa dos seus pecados . Enquanto Ezequiel profetizava,
um dos chefes pereceu. Iludidos, eles achavam-ses e g u r o s d e n t r o d o s
m u r o s d a c i d a d e , c o m o a c a r n e n a p a n e l a é protegida do
fogo. Mas o profeta, sendo o porta-voz divino, afirmou que Jerusalém era
uma panela só no sentido de estar cheia de mortos. Nãohaveria lugar para se
esconder dos invasores. Arrancados de suas casas,os chefes sofreriam os juízos
divinos.O remanescente fiel, saindo de Jerusalém para o exílio, recebe mui-to
encorajamento. Privados da adoração no seu amado templo, o próprioDeus seria
como "um pequeno santuário" para eles. Deus também pro-metera trazê-los
de volta à terra e, uma vez limpos moral e espiritual-mente, reaverem os seus
privilégios.

Parábola da mudança
(Ez 12:1-28)Chegamos agora à segunda série de parábolas de condenação, emações e
em palavras, que se estende até o final do capítulo 14. Lamenta-velmente, também esses
sinais não quebraram o orgulho ímpio dos quese julgavam invencíveis!
Ezequiel recebeu ordens de à vista do povo fa-zer as vezes de um exilado
partindo de sua casa e de seu país, preparan-do os "trastes, como para mudança" e
levando-os de um lugar para ou-tro. O que o profeta retratou foi a casa rebelde de
Israel, com o príncipedeixando tudo para trás, exceto "os trastes", que "levará
aos ombros eàs escuras". O rei Zedequias seria levado cativo para Babilônia, mas
nãoa veria. Cegado, morreria sem ver a t erra dos seus c on qu is ta do re s
( J r 39:4-7; 52:4-11; 2Rs 25:1-7).Ezequiel estava encarregado de fazer ao povo outra
demonstraçãovisual, transmitida por um quadro falado de ações, a saber: comeria pãoe
beberia água com medo e cuidado e, por esse sinal, profetizaria as de-solações cue
sobreviriam a Jerusalém, quando seus habitantes teriam aes cas s ez de
provis ões comum em épocas d e s í t i o . O capítulo t ermina com duas
mensagens da parte de Deus (21 -25; 26-28) com o propósitode refutar
objeções, segundo as quais as profecias de juízo anunciadas havia t anto
t empo não se cumpririam senão num futuro remoto. Dois provérbios
tentam mostrar que a profecia não se cumpriu, sendo adiadapara um período muito
distante. Mas Ezequiel recebe a incumbência deanunciar a iminência do castigo
divino e o cumprimento de cada palavraproferida. Os pecadores que experimentam a
paciência, a tolerância e alonganimidade, escondem-se num falso refúgio se
acreditam que Deusnão executará a sua palavra a respeito da condenação derradeira,
casopersistam e morram em seus pecados ( v . Ec 8 : l l ; Am
6 : 3 ; Mt 24 : 43 ; l Ts 5:3; 2Pe 3:4). No capítulo seguinte, Ezequiel denuncia
os falsos profetase profetisas, que, com mensagens mentirosas, haviam dado ao povo
umf a l s o s e n s o d e s e g u r a n ç a , q u e o p r o f e t a c o m p a r o u a
u m a p a r e d e construída com arga-massa fraca, contra a qual o Senhor trará um
ventotempestuoso paraq ue seja furios amente devasta da com os que a
cons truíram ( Ez 13:10-16). As falsas profetisas, não mencionadas em nenhum outro
lugardo AT, aí se acham para uma menção especial e para um juízo específico( Ez
13 : 17 - 23 ) . O t rato severo de Deus com t odos esses falsos mensa - geiros e
adoradores será motivo de espanto (Ez 14:7-8).
Parábola do pau da videira
(Ez 15:1-8) T e m o s a q u i o u t r a e v i d ê n c i a d a d í v i d a d e E z e q
u i e l p a r a c o m o s grandes profetas anteriores, pois a sua
Parábola do pau da videira é
umsuplemento da
Paráboladavinha do Senhor,
deIsaías(Is5:1-7).

Ezequiel, realçando a condição natural de Israel, mostra que, como umav i d e i r a , e l


ese mostrou inútil e não pode ter proveito algum.
N e s s a magnífica parábola, ele expressa com muita força, como nunca antes,
opecado (15:3—16:34), a rejeição (16:35-52) e a restauração definitiva deIsrael
(16:53-63). A imensidão do pecado da nação é apresentada pelof a t o d e
Israelnãoteraprincípionenhumdireitoaofavorde
Deus,tampouco nada que o tornasse atraente. Agora se
podiaver o querealmente era: uma criança rejeitada e rep
ulsiva
(15:3-5). Por suamisericórdia, contudo, Deus a salvo
u e c u i d o u d e l a ( 1 6 : 6 , 7 ) e , n a maioridade, fez com ela uma aliança,
abençoando-a sobremaneira (16:8-14). Infelizmente, ela se mostrou de todo infiel
à aliança, esposa infiel eincomparavelmente libertina; portanto, merecedora
de castigo (16:15-63).Essa parábola, então, ensina a respeito do fim da
existência de Is-rael como nação. Deus a criara e a escolhera com
a l egria ( Sl 105 : 45 ) , mas, não obstante todo o seu cuidado e trabalho, a videira
não produziufrutos. Como outras árvores, tinha
folhas,
mas não
frutos
(Lc 13:6-9).Como a videira não tem valor senão pelos seus frutos, assim
Israel eramais i nútil para o mundo que as nações pagas ao redor. Em
conseqü - ência dessa inegável inutilidade, Israel devia ser destruído como
nação.O Viticultor não tinha alternativa, senão permitir que o fogo do
castigodestruísse a videira infrutífera (2Rs 15:29; 23:30,35). Como a videira va-z i a
,
Is rael dera f rutos para s i mesmo ( Os 10 : 1 ) ; m as, vivendo para
sipróprio, tornou-se desprezado pelo mundo.A parábola ensina, de forma clara, que,
quando Deus nos escolhecomo ramos da Videira, acredita que
f rutificaremos para a sua glória. Não é essa a verdade personificada nos ditos e nos
atos parabólicos de João Batista e do Senhor Jesus? (Mt 21:33-41; Mc 11:12-14).
Abençoadosp o r D e u s c o m o s m a i s a l t o s p r i v i l é g i o s ,
j a m a i s s e j a m o s c u l p a d o s d e decepcioná-lo. Sua graça nos faça frutificar
em toda boa obra!
Parábola de Jerusalém como esposa infiel
(Ez 16:1-63)D e c e r t o m o d o , e s s a p a r á b o l a e s t á l i g a d a à a n t e r
i o r , n a q u a l o profeta demonstrou que Israel, por não cumprir a sua
finalidade comonação escolhida, foi queimada e consumida pelos juízos divinos. Por
nãoter correspondido à bondade e à graça de Deus, Ezequiel agora empregaa parábola
de uma esposa libertina para realçar o motivo do merecidocastigo. Israel
tornara-se infrutífera por ser infiel, e por seu pecado serultrajante. Não é
agradável o quadro que Ezequiel traça. Ele mostra comtodas as letras como o
pecado é negro, pútrido e repulsivo para Deus. Jerusalém é acusada por suas
abominações, e Ezequiel refere-se a elasusando a figura do adultério e da
prostituição espiritual, de que Oséiastambém faz uso de modo tão vivido e
poderoso.Se analisarmos essa parábola, veremos que a matéria-prima
dasparábolas pode ser real ou fictícia, tomada de empréstimo à natureza ou

à vida humana. A videira provém da naturez a , a adúltera, da vida


hu- m a n a . L a n g o b s e r v a q u e , s e e n t e n d e r m o s o s e n t i d o d o
q u a d r o q u e Ezequiel apresenta, teremos "uma valiosa formação no estudo
das pa-rábolas [...] Discernir a história e a profecia manifestas nessa alegoria
éobter a chave do passado, do presente e do futuro, da forma como são vistos
por Deus, e assim entender que as principais partes do AT servemde fundamento para o
NT".Nessa parábola, Ezequiel não se contenta em usar uma
expressãometafórica aqui e ali; ele ocupa todo o longo capítulo traçando um para-lelo
entre uma adúltera e os judeus; a série de quadros que utiliza confe-rem gra nde
força às suas repreensões. Toda a história de Is rael apre - senta-se deste modo:1.
A menina
(1-5). Ainda na primeira infância, foi exposta e lançadapara morrer —retrato da situação
precária do novo povoado fundado porum amorreu e uma hetéia. Israel origina-se da
terra dos cananeus, tendoum amorreu por pai e uma hetéia por mãe. Por sua estreita
ligação comos vizinhos pagãos, não tinha qualidades naturais que lhe dessem direitoà
posição de povo escolhido de Deus, tampouco tinha be
l e z a q u e o t ornasse desejáv e l ou força i nterior para continuar a ex i
s t i r . Era umacriança desamparada, abandonada (16:1-14).2.
O passante
(6-7). Temos aqui uma referência terna e comoventede Deus nutrindo a rejeitada ao
encontrá-la. Como Deus criou Israel ecuidou dessa nação! E repleto de
beleza esse quadro de Deus inclinan-do-se e tirando-a da ignóbil extinção.
Acaso não fez de Israel objeto dee s p e c i a l p r e o c u p a ç ã o , p a r a q u e
s e t o r n a s s e c é l e b r e p e l a " g r a n d e formosura" que ele lhe dera?
Deus também determinou que Jerusalémseria o centro na terra, dele e de Israel.3.
O marido
(8-14). Ao alcançar a maturidade, a menina escolhidatornou-se esposa de seu Benfeitor,
que lhe presenteou com toda sorte deornamentos e de luxos. Sendo o marido, encheu-
lhe de privilégios quefizeram dela objeto de admiração e de inveja de todos os que a
contem-plavam. Por causa da condição sublime, sua fama "Correu [...] entre asn a ç õ e
s".Tudoissomostraaorigemhumilde
d e I s r a e l e m C a n a ã , o cuidado de Deus por ela no Egito, o dia em que de
lá a libertou e o quese passou até a sua prosperidade, nos dias de Davi e de
Salomão.4.
A adúltera
(15-25). A parábola agora apresenta uma virada trági-ca, pois, em vez de
retribuir ao marido o amor, a honra e a f i delidade que lhe dera, essa
esposa ricamente presenteada entrega-se à prostitui-ção sem restrições. Confiante
em sua beleza e em seus bens, voltou-separa a p ros ti tu i çã o e , de modo
i ngrato e infiel, passou as r i quez as do marido para os falsos amantes.
Era culpada de seduzi-los e de atraí-losc o m o u m a m e r e t r i z v u l g a r ,
a l é m d e c e d e r à s t e n t a ç õ e s d e l e s . O s presentes, fartamente
recebidos do marido em amor, foram usados porela como meios de
continuar na sua conduta pervers a. Esse p er fe it or ea l i s m o revela as
" a bo mi na çõ es " e a des prez ível his tória de Is rael. E l e v a d a e n t r e
asnações, do nada, à condição de importante, Israelr e j
e i t o uo Senh o r e m tro c a de d eu se s f a
l so s e,
m e r g u l h o u n a s profundezas da iniqüidade, prostituiu os dons de Deus
aos seus desejos

a bo mi ná ve i s . Em virtude do pr oc ed im en t o l i cencioso e i nfame,


Is rael havia obrigado Deus a afastá-la e a retirar dela todas as vantagens
quelhe concedera.5.
Os falsos amantes
(35-43). Em virtude do terrível pecado dessaadúltera, o castigo seria por demais
severo. A i niqüidade de Is rael se agravou por suas alianças
políticas com as nações estrangeiras cujo pa-ganismo havia copiado ( 26 -
34 ) . Seus amantes eram os egípcios e os a s s í r i o s , q u e e l a
hav i a s u b o r n a d o e m tro c a d e ajud a
p o l í t i c a , demonstrando assim falta de confiança em Deus como fonte de
proteçãoe d e p r o v i s ã o . E s s e s f a l s o s a m a n t e s v o l t a r a m -
s e c o n t r a I s r a e l e tornaram-se os seus destruidores; numa terrível
vingança, privaram an a ç ã o d a s p o s s e s d e q u e t a n t o s e j a c t a v a ,
e x p o n d o - a à v e r g o n h a . Ez equiel j á não havia usado de rodeios para
se referir ao f racas so e à loucura de Israel, e agora anuncia a sua punição
em termos igualmentea t e r r a d o r e s : " P a r a E z e q u i e l , a d e s t r u i ç ã
o d e J e r u s a l é m j á e r a f a t o consumado. Quando de fato se cumpriu na
história, a ironia da estultíciahumana se tornou manifesta: Deus destrói o orgulho
dos homens pelospróprios ídolos dos seus desejos".6.
Asduasirmãs
( 44 - 49 ) . Embora as t rês cidades — Jerusalém, Samaria e Sodoma— são
apresentadas como
irmãs
—e todas culpadasde " adulterar" e de apos tatar do verdadeiro Deus —
Ez equiel i ntroduz duas nações-irmãs nesse momento como personagens
coadjuvantes noenredo da parábola. As três
irmãs
tinham um parentesco espiritual, masa culpa de uma —Jerusalém— era maior e mais
hedionda, uma vez que,d i z endo - se servir de modelo para as
irmãs,
fora mais abominável queelas. " Mede - se o pecado na proporção da
graça rejeit ada. S odoma e Samaria nunca foram t ão honradas e
e nr iq ue ci da s por Deus quanto Jerusalém. Ainda assim a apóstata Samaria
e a perversa Sodoma foramassoladas pela fúria de Deus. Portanto, poderia
tardar o dia do juízo de J e r u s a l é m ? A s d u a s i r m ã s , e n t ã o , e n t r a m
n a h i s t ó r i a p a r a r e v e l a r o pecado de J erusalém na pers pectiva
correta de maior cu lp ab il i da d e e para realçar a misericórdia de Deus".7.
A restauração da esposa
(60-63). Embora se mostre que as três
irmãs
se beneficiam da severa punição e, arrependidas, são restauradas,o último ato dessa
vergonhosa parábola é aquele em que o profeta anun-cia a restauração da esposa
pecado-ra, ocorrida graças ao fato de Deuster- se l embrado da al i ança e a
t er re s t ab el ec i do ( J r 31 ; Hb 8 : 6 - 13 ) . Agraça permeia a j us t i ça do
marido
ferido. Onde abundou o pecado da apostasia (Samaria), da soberba (Sodoma) e
da infidelidade (Jerusalém),s u p e r a b u n d o u a g r a ç a ( R m 5 : 2 0 ) . U m a v
ezque o juízo atinge o seupropósito, Deus mostra-se pronto
a
l e v a r o p e n i t e n t e a r e a v e r a c o - munhão (Rm 11:32).
Parábola da grande águia
(Ez 17:1-24)Cumprindo ordens divinas, Ezequiel propõe um enigma em
formaparabólica, para ressaltar a soberania de Deus sobre as nações e sobre

os homens. Nesse capítulo, a parábola se compõe de quatro reis e


dosrespectivos reinos. Todos os soberanos tinham diferenças entre si,
coma l g o , p o r é m , e m c o m u m . C o m d u a s á g u i a s , u m a v i d e
ira eramosacomporaparábola,vamosprocurarentender a
s i t u a ç ã o e a s u a importância.E m b o r a o s c r i m e s d e I s r a e l
t i v e s s e m s i d o d e s m a s c a r a d o s e s e tivessem decretado juízos em razão
deles, essa "casa rebelde" recusava-se a ser a l ertada. " Is rael estava certo de
que a ameaça da Babilônia poderia ser debelada se entrasse no jogo do poder
político internacional.S e r i a s a l v o s e r o m p e s s e o
a c o r d o c o m o r e i d a B a b i l ô n i a , Nabucodonosor,
e caso se aliasse ao Egito, que disputava a supremaciamundial com os caldeus."
O propósito dessa parábola era desmascarar oengano dessa falsa esperança, mostrando
que as promessas garantidasde Deus só podem cumprir-se na restauração da casa de
Davi.1 . O p r i m e i r o r e i , c o m p a r a d o a u m a g r a n d e
á g u i a , e r a o governante da Babilônia, Nabucodonosor, que arrancou a ponta
do cedro— J o a q u i m , r e i d e J u d á , — e o c o n d u z i u a u m a t e r r a
decomércio, aBabilônia (Jr 22:23; 48:40; 49:22). A sem
ente daterra foi levada eplant ad a e m s
ol o fért i l , o nd e s et o r n o u v id ei r a
m u it o l a r g a . N a bu co do no s o r, a
primeira grande águia, era poderoso e governava sobre muitas nações, o que se
evidencia pelo tamanho de suas asas epela variedade de cores de suas penas.2. O
segundo rei, também representado por uma grande águia, eraFa raó, rei
do Egito, cujo t amanho das asas e cujo poder não eram t ão grandes
quanto os da primeira águia. Nessa época, o Egito já perdera oapogeu de seu
poder. A decadência era inegável. Seu domínio não eratão amplo quanto o da
Babilônia. Foi para essa segunda grande águiaque Judá, a videira, lançou as
raízes para que fossem regadas. Esse atotraiçoeiro foi denunciado por
Deus, para quem a videira deveria ser arrancada, se-cando-se com o vento
oriental.3. O terceiro rei era Matanias, a quem Nabucodonosor denominou
Zedequias.
C oroado em l ugar de J econias , seu t i o, esse rei - vass alo de Judá era a
videira de baixa es tatura, plantada pela primeira águia —
Nabucodonosor, que lhe permitiu desfrutar de todos os direitos e honrasd a
realeza,nãocomo soberano independente, mas apenas
comotributário do rei da Babilônia. Esse ato de
c l e m ê n c i a d a p a r t e d e Nabucodonosor impôs a Zedequias as mais
inescapáveis obrigações desubmissão confirmada por um solene juramento.M a s
Z e d e q u i a s b u s c o u a p r o t e ç ã o d a s e g u n d a g r a n d e á g u i a , o Egito, e
mereceu o castigo de Deus. Desatento ao seu juramento, buscoua ajuda egípcia, pois
pensou poder ser liberto da infame vassalagem ee x p e r i m e n t a r u m a
s o b e r a n i a i n d e p e n d e n t e e l i v r e . E s s a t r a i ç ã o é retratada na
parábola pela imagem de um galho arrancado da ponta docedro por uma grande
águia e plantado como uma videira larga e baixa— u m t r o n c o b o m q u e ,
p o r é m , e r a a i n d a i n f e r i o r a o q u e o o r i g i n a r a . Descontente
com a sua condição, a videira lançou as suas raízes para aoutra grande águia,
na esperança de conquistar ainda maior importânciae fertilidade. Graças a essa
violação, contudo, experimentou irreparável

a bo mi ná ve i s . Em virtude do pr oc ed im en t o l i cencioso e i nfame,


Is rael havia obrigado Deus a afastá-la e a retirar dela todas as vantagens quelhe
concedera.5.
Os falsos amantes
(35-43). Em virtude do terrível pecado dessaadúltera, o castigo seria por demais
severo. A i niqüidade de Is rael se agravou por suas alianças
políticas com as nações estrangeiras cujo pa-ganismo havia copiado ( 26 -
34 ) . Seus amantes eram os egípcios e os a s s í r i o s , q u e e l a
hav i a s u b o r n a d o e m tro c a d e ajud a
p o l í t i c a , demonstrando assim falta de confiança em Deus como fonte de
proteçãoe d e p r o v i s ã o . E s s e s f a l s o s a m a n t e s v o l t a r a m -
s e c o n t r a I s r a e l e tornaram-se os seus destruidores; numa terrível
vingança, privaram an a ç ã o d a s p o s s e s d e q u e t a n t o s e j a c t a v a ,
e x p o n d o - a à v e r g o n h a . Ez equiel j á não havia usado de rodeios para
se referir ao f racas so e à loucura de Israel, e agora anuncia a sua punição
em termos igualmentea t e r r a d o r e s : " P a r a E z e q u i e l , a d e s t r u i ç ã
o d e J e r u s a l é m j á e r a f a t o consumado. Quando de fato se cumpriu na
história, a ironia da estultíciahumana se tornou manifesta: Deus destrói o orgulho
dos homens pelospróprios ídolos dos seus desejos".6.
Asduasirmãs
( 44 - 49 ) . Embora as t rês cidades — Jerusalém, Samaria e Sodoma— são
apresentadas como
irmãs
—e todas culpadasde " adulterar" e de apos tatar do verdadeiro Deus —
Ez equiel i ntroduz duas nações-irmãs nesse momento como personagens
coadjuvantes noenredo da parábola. As três
irmãs
tinham um parentesco espiritual, masa culpa de uma —Jerusalém— era maior e mais
hedionda, uma vez que,d i z endo - se servir de modelo para as
irmãs,
fora mais abominável queelas. " Mede - se o pecado na proporção da
graça rejeit ada. S odoma e Samaria nunca foram t ão honradas e
e nr iq ue ci da s por Deus quanto Jerusalém. Ainda assim a apóstata Samaria
e a perversa Sodoma foramassoladas pela fúria de Deus. Portanto, poderia
tardar o dia do juízo de J e r u s a l é m ? A s d u a s i r m ã s , e n t ã o , e n t r a m
n a h i s t ó r i a p a r a r e v e l a r o pecado de J erusalém na pers pectiva
correta de maior cu lp ab il i da d e e para realçar a misericórdia de Deus".7.
A restauração da esposa
(60-63). Embora se mostre que as três
irmãs
se beneficiam da severa punição e, arrependidas, são restauradas,o último ato dessa
vergonhosa parábola é aquele em que o profeta anun-cia a restauração da esposa
pecado-ra, ocorrida graças ao fato de Deuster- se l embrado da al i ança e a
t er re s t ab el ec i do ( J r 31 ; Hb 8 : 6 - 13 ) . Agraça permeia a j ustiça do
marido
ferido. Onde abundou o pecado da apostasia (Samaria), da soberba (Sodoma) e
da infidelidade (Jerusalém),s u p e r a b u n d o u a g r a ç a ( R m 5 : 2 0 ) . U m a v
ezque o juízo atinge o seupropósito, Deus mostra-se pronto
a
le v a r o p e n i t e n t e a r e a v e r a c o - munhão (Rm 11:32).
Parábola da grande águia
(Ez 17:1-24)Cumprindo ordens divinas, Ezequiel propõe um enigma em
formaparabólica, para ressaltar a soberania de Deus sobre as nações e sobre

os homens. Nesse capítulo, a parábola se compõe de quatro reis e


dosrespectivos reinos. Todos os soberanos tinham diferenças entre si,
coma l g o , p o r é m , e m c o m u m . C o m d u a s á g u i a s , u m a v i d e
ira eramosacomporaparábola,vamosprocurarentender a
s i t u a ç ã o e a s u a importância.E m b o r a o s c r i m e s d e I s r a e l
t i v e s s e m s i d o d e s m a s c a r a d o s e s e tivessem decretado juízos em razão
deles, essa "casa rebelde" recusava-se a ser a l ertada. " Is rael estava certo de
que a ameaça da Babilônia poderia ser debelada se entrasse no jogo do poder
político internacional.S e r i a s a l v o s e r o m p e s s e o
a c o r d o c o m o r e i d a B a b i l ô n i a , Nabucodonosor,
e caso se aliasse ao Egito, que disputava a supremaciamundial com os caldeus."
O propósito dessa parábola era desmascarar oengano dessa falsa esperança, mostrando
que as promessas garantidasde Deus só podem cumprir-se na restauração da casa de
Davi.1 . O p r i m e i r o r e i , c o m p a r a d o a u m a g r a n d e
á g u i a , e r a o governante da Babilônia, Nabucodonosor, que arrancou a ponta
do cedro— J o a q u i m , r e i d e J u d á , — e o c o n d u z i u a u m a t e r r a
d e co m é r c i o , a B a b i l ô n i a ( J r 2 2 : 2 3 ; 4 8 : 4 0 ; 4 9 : 2 2 ) . A s e m e n
te da
terra foi levada eplant ad a em solo férti l, ond e s e
t o r n o u v i d e i r a m u i t o l a r g a . N a bu co do no s o r, a
primeira grande águia, era poderoso e governava sobre muitas nações, o que se
evidencia pelo tamanho de suas asas epela variedade de cores de suas penas.2. O
segundo rei, também representado por uma grande águia, eraFa raó, rei
do Egito, cujo t amanho das asas e cujo poder não eram t ão grandes
quanto os da primeira águia. Nessa época, o Egito já perdera oapogeu de seu
poder. A decadência era inegável. Seu domínio não eratão amplo quanto o da
Babilônia. Foi para essa segunda grande águiaque Judá, a videira, lançou as
raízes para que fossem regadas. Esse atotraiçoeiro foi denunciado por
Deus, para quem a videira d everia ser arrancada, se-cando-se com o vento
oriental.3. O terceiro rei era Matanias, a quem Nabucodonosor denominou
Zedequias.
C oroado em l ugar de J econias , seu t i o, esse rei - vass alo de Judá era a
videira de baixa es tatura, plantada pela primeira águia —
Nabucodonosor, que lhe permitiu desfrutar de todos os direitos e honrasd a
realeza,nãocomo soberano independente, mas apenas
comotributário do rei da Babilônia. Esse ato de
c l e m ê n c i a d a p a r t e d e Nabucodonosor impôs a Zedequias as mais
inescapáveis obrigações desubmissão confirmada por um solene juramento.M a s
Z e d e q u i a s b u s c o u a p r o t e ç ã o d a s e g u n d a g r a n d e á g u i a , o Egito, e
mereceu o castigo de Deus. Desatento ao seu juramento, buscoua ajuda egípcia, pois
pensou poder ser liberto da infame vassalagem ee x p e r i m e n t a r u m a
s o b e r a n i a i n d e p e n d e n t e e l i v r e . E s s a t r a i ç ã o é retratada na
parábola pela imagem de um galho arrancado da ponta docedro por uma grande
águia e plantado como uma videira larga e baixa— u m t r o n c o b o m q u e ,
p o r é m , e r a a i n d a i n f e r i o r a o q u e o o r i g i n a r a . Descontente
com a sua condição, a videira lançou as suas raízes para aoutra grande águia,
na esperança de conquistar ainda maior importânciae fertilidade. Graças a essa
violação, contudo, experimentou irreparável

entretinham do que se instruíam com as enérgicas parábolas de Ezequiel(20:45-49).


Ainda julgavam ter direito ao favor divino como escolhidos,mesmo sem eliminar a
abominação da idolatria. Assim, com ainda maissímbolos, Ezequiel refere-se à
inevitabilidade do juízo prestes a se abaters o b r e e l e s , a i n d a q u e
t i v e s s e m s i d o o p o v o p r i v i l e g i a d o d e D e u s . A destruição, como fogo
inextinguível, os alcançaria. A espada os devoraria(20:45; 21:32). Na
Canção da espada
(21:8-17), o profeta mostra que éimpossível resistir ao massacre. Ezequiel devia
suspirar "com quebran-tamento dos [ . . . ] l ombos e com amargura" para deixar bem
claro aos seus céticos ouvintes que a espada sem dúvida exterminaria todos
oshabitantes (21:1 -7). O profeta vê o fogo da ira divina derramado sobretodas as
classes sociais por causa da corrupção total. Os príncipes, osprofetas, os sacerdotes e o
povo, todos seriam igualmente surpreendidospelo holocausto da ira de Deus.As
últimas parábolas relatam o juízo sobre a nação. A primeira de-las é a alegoria das
duas irmãs,
Oolá
e
Oolibá.
A rejeição de Deus porparte de seus es colhidos é mais uma vez
retratada como a quebra dasagrada união do matrimônio ( cap. 16 ) .
Primeiramente, analisemos a identidade dessas duas irmãs libertinas da parábola: Oolá,
cujo significado é
sua própria tenda,
mostra que a adoraçãoem S amaria, a capital do reino do Norte, era uma
i nvenção do l ocal, nunca t endo s i do s ancionada por Deus. Ao
contrário, essa a d o r a ç ã o a u t o c o n c e b i d a era objeto da i ra divina. As
t r i bos do Norte, s eparadas a p ó s a m o r t e d e S a l o m ã o ,
e s t a b e l e c e r a m u m a t e n d a o u s a n t u á r i o próprio. Samaria, representada
por
Oolá,
era mais corrupta que a irmã. Prostituiu - se com a Assíria e com o Egito, rejeitando as
promessas de Deus e buscando segurança na força armada dos falsos deuses dos
seusvizinhos. "Ela se tornou um provérbio" ou, mais corretamente "objeto der i d í c u l
o".AconquistadeSamariafezdelauma
v e r g o n h a e n t r e a s nações.Samaria também é acusada na parábola de ser
a primeira a trans-gredir (Ez 23:5-10). Sua proximidade com a Síria, intimamente
associadaaos assírios, contribuiu para a sua apostasia em primeiro lugar, a qual
seiniciou com a adoração ao bezerro de ouro, sob o reinado de
Jeroboão(28:3; lRs 12:28). Ela é chamada
a mais velha,
ou maior, por preceder J u d á e m s u a a p o s t a s i a e c a s t i g o . O p r o f
e t a v ê S a m a r i a t o t a l m e n t e destruída. "Acusada de infidelidade pela aliança
com os assírios, uma vezque se deixou seduzir pelas riquezas e pelo poder deles,
abandonando asua lealdade ao Senhor", é advertida pelo profeta quanto à sua
antiga aliança com Judá. Por seu duplo pecado, os assírios tiveram permissão
deaprisioná-la e dominá- la.
Oolibá
significa "minha tenda nela" e faz supor que Judá ainda con-servava o santuário do
Senhor, em Jerusalém, sua capital. A adoraçãoem Betei (em Samaria) era de invenção
própria, não determinada porDeus. No entanto, a adoração em Jerusalém foi
especialmente instituídapelo Senhor, que
habitou
lá, estabelecendo o seu tabernáculo entre opovo como sua habitação ( Êx
25 : 8 ; Lv 16 : 11 , 12 ; SI 76 : 2 ) . Mas Oolibá, como a irmã, Oolá, prostituiu-
se. O Senhor disse a respeito dela: "Por que

te desvias tanto, mudando o teu caminho?" (Jr 2:36). Ela não conhecia osseus
sentimentos, pois primeiro apaixonou-se pelos assírios (Ez 23:12) edepois enamorou-se
dos caldeus (23:16). Depois os seus sentimentos seafastaram deles (26:17). Tendo
compartilhado do pecado deOolá, Oolibá precisava t ambém incorrer na
mesma sorte ( 23 : 11 - 35). Ela representava Jerusalém, que deveria beber "o copo
de tua irmã[ . . . ] copo de espanto e de des olação" ( 23 : 33 ) . Como se
es queceu de Deus e o lançou para trás de suas costas, o terror e a desolação seriam
asua porção (23:35).As duas irmãs eram filhas da mesma mãe, mostrando que
Israel e Judá eram uma só nação, nascida de uma só ancestral, Sara. Ambas, po-rém,
no início de sua história, praticaram a idolatria (Js 24:14; Ez 26:6-8).A i n d a j o v e n
s,quando recebiam extraordinários benefícios de Deus,
voltaram o coração para outros deuses (16:6). Agora ambas incorrem no juízo divino.
Os pecados de Israel e de Judá são enumerados e, graças àtransgressão em
comum, merecem o mesmo castigo.
As mulheres
signi-f i ca " as nações". Os j uízos que sobre - viess em a Is rae l e a Judá
s eriampara sempre um monumento notável da severa jus tiça de
Deus. Com linguagem forte, Ezequiel refere-se à perversidade das alianças feitascom as
nações vizinhas, referindo-se também à justeza da punição sobreas adúlteras. "Com a
imagem do método hebreu de tratar do pecado deadultério, a saber, o apedre-jamento, o
profeta apresenta o quadro deu m c o n s e l h o c o n t r a
JerusalémeSamariaaexecutaressejuízoeadestruiropovo
p o r c o m p l e t o . " C u l p a e p u n i ç ã o s e m e s c l a m n u m s ó quadro (Ez
23:36-49). O salário do pecado foi completamente pago àsirmãs. Não apenas
elas foram apedrejadas e mortas, mas seus filhos esuas habitações foram
destruídos (Ez 23:43). "A história de Oolá e Oolibád e l i n e i a a t r á g i c a i r o n
iado pecado humano", lemos em
The biblicalexpositor [O comentarista bíblico].
"Assim como os amantes de Samariae de Jerusalém são seus executores, também o
pecado traz dentro de sio aguilhão da morte."Como Israel e Judá trocaram o verdadeiro
Deus por deuses falsos, foram severamente punidos e por isso servem de advertência às
naçõese aos homens. As "cidades da campina" (Gn 13:12), já soterradas, aindafalam do
juízo de Deus ao mundo; da mesma forma, Samaria e Jerusalémhá milhares de anos
anunciam a retidão. Triste é que tenham demoradoa apr ender que
só podem ser feliz es e prósperas t endo o verdadeiro Deus como Senhor.
Parábola da panela fervente
(Ez 24:1-4)Na última profecia dessa seção de seu livro, Ezequiel relaciona
am i s s ã o q u e r e c e b e u d a s m ã o s d e D e u s a o s a c o n t e c i m e n t
o s d e s u a época. No dia exato em que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém,
ofato foi revelado a Ezequiel na Caldéia, o qual também recebeu ordens d e t o
rnar
manifesto,pormeioda
Parábola da panela fervente,
serchegada a hora da condenação de Is r ael. Temos aqui uma parábola

específica;nãoumaaçãoparabólica,masapenasuma
p a r á b o l a proferida ao povo em linguagem que denotava ação. J erusalém j á fora
apresentada como uma
panela
( Ez 11 : 3 ) , num provérbio acerca da autoconfiança do povo, que seguia o
próprio espíritoe não o de Deus: "esta cidade é a panela, e nós a carne". A
linguagem jactanciosa de Israel estava a ponto de se concretizar na história e
naexperiência, mas com um sentido diferente do pretendido pelo povo. Porser bem
fortificada, a cidade foi comparada a uma panela de ferro, e os habitantes sentiam-se
seguros dos ataques externos, assim como a car-ne dentro da panela está defendida
contra a ação do fogo. Infelizmente,no entanto, o povo não acreditaria em quanto
haveriam de ser fervidos!Ez equiel está diz endo em sua parábola,
para t odos os efeitos, " o t eu provérbio se mostrará terrivelmente verdadeiro, mas não
no sentido quepretendes. Assim, longe de beneficiar-se com uma defesa contra o
fogotão potente quanto à da panela de ferro, a cidade será como uma
panelasobre o fogo, e o povo como muitos pedaços de carne
s ubmetidos ao calor intenso" (Jr 50:13).Então o profeta aplica a
Parábola da panela fervente
com t oda a franqueza, declarando que Jerusalém era de fato uma panela. Ele recorreà
figura da segurança utilizada pelo próprio povo e a emprega contra ele,u s a n d o - a
"orno símbolo de juízo, não de segurança. Há prec
i s ã o de linguagem na referência à destruição da cidade e de seus
moradores....
todos os bons pedaços [...] ossos escolhidos...
Aqui o profeta serefere aos mais distintos do povo. Não eram ossos comuns, mas
"esco-lhidos",
dentro
da panela com a carne presa a eles....
debaixo da panela [ . . . ] os seus ossos...
São ossos sem carne, usados como combustível. São os mais pobres, que sofrem
primeiro e deixam de sofrer antes dos ricos, que suportavam o que corresponderiaao
fogo baixo no processo de fervura....
faze-a ferver bem [...] ossos [...] ferrugem...
A palavra traduzidaaqui por
ferrugem
ocorre quatro vezes no capítulo, e em mais nenhumoutro lugar. Talvez queira mostrar
que Jerusalém era como uma panelacorroída e digna de destruição. Então essa ferrugem
prejudicial simbolizaa impregnante perversidade do povo.
Não eram apenas os pobres dacidade, pois tanto ricos quanto pobres haviam
chafurdado na imundíciedo pecado.
Tira dela a carne pedaço a pedaço...
Tanto o refugo quanto o seletoestavam condenados à destruição; o conteúdo da
panela, a carne, seriaretirado no processo de condenação. A cidade e o povo não
seriam des-truídos s imultaneamente, mas numa seqüência de
a t aques. Todas as classes participariam da mesma sina, mas "pedaço a pedaço".
Sofreriamos ardentes horrores do cerco, mas experimentariam a l go muito pior
quando fossem arrancados da cidade por seus conquistadores....
não caia sorte sobre ela...
para determinar quem será salvo dacondenação; todos foram igualmente punidos,
independentemente daclasse, idade ou sexo....
sangue[...]sobreumapenha...
O p ov o hav er i a d e s e r desmascarado, e a condenaç
ãoseria patente a todos.
"Sangue
éa

consumação de todos os pecados e pressupõe todas as outras formas deculpa. Deus


propositadamente deixou o povo derramar, para vergonhadeles, o sangue sobre
a penha descalvada, a fim de que esta clame maisenfática e abertamente ao alto por
vingança, e para que a relação entrea culpa e o j uízo se torne mais palpável.
O sangue de Abel", continua J a m i e s o n , " e m b o r a j á r e c e b i d o p
e l a t e r r a , ' c l a m a a m i m [ D e u s ] ' ( G n 4 : 10 , 11 ) — quanto mais o
sangue v er go nh os am en te exposto sobre a penha descalvada."...
pusoseusangue...
I s r a e l r e c e b e r i a n a m e s m a m o e d a . Derramando sangue em
abundância, teria o próprio sangue em farturaderramado (Mt 7:2).
Amontoaalenha,acendeo fogo...
I l u s t r a o s m a t e r i a i s h o s t i s usados na destruição da cidade....
engrossa o caldo...
Que toque irônico! Os sitiadores haveriam dedeleitar-se no sofrimento de suas vítimas,
como se sentassem para umasaborosa refeição....
brilhe o seu cobre...
Não era suficiente o conteúdo da panela serdestruído; a própria panela, infectada pela
ferrugem, deveria serd e s t r u í d a . S e u s f o c o s d e f e r r u g e m n ã o
c e d e r a m à p u r i f i c a ç ã o ( E z 24:12,13). A própria casa infectada com lepra
deveria ser consumida (Lv14:34,35)....
cansou-me com suas mentiras...
A despeito dos esforços de Deuspor purificar seu povo, a sua oferta de misericórdia
não foi aceita. Assim,teve de permitir que lhes sobrevies-sem os juízos pela iniqüidade
delibe-rada. Por meio dos profetas e da lei, com suas promessas, privilégios eameaças,
Deus procurara a t ar o povo a s i , mas t odas as
i ntervenções misericordiosas de nada aproveitaram. Assim, foram abandonados
à suasorte, e sofreriam as últimas conseqüências. Paciente e longânimo, Deusa g o r
avem condenar e não pode recuar, poupar nem arrepen
d e r - se (24:14).
Parábola da esposa do profeta
(Ez 24:15-24)Essa comovente parábola é um exemplo da combinação do factualcom o
simbólico. Hengstenberg, contudo, acha que a morte da esposa deEzequiel não
ocorreu de fato: "Se a primeira ação simbólica do capítulorefere-se a um
problema interior, o mesmo se pode dizer, sem sombrade dúvida, da segunda.
Assim como o fato de Ezequiel estar dentro deuma panela era apenas uma
f i gura, do mesmo modo a morte de sua esposa foi também simbólica. A idéia
nos versículos 16 e 17 não é que oinfortúnio público fosse tão grande que superasse a
pior das perdas indi-viduais, mas o profeta apenas pre-figurava a condição
futura do povo.Ele é tipo da nação, e a esposa o equivalente de tudo o que era
estimadoe precios o para o povo — a saber, o t emplo, no qual t udo o
mais se i n - c l u í a . N ã o s e l a m e n t a r i a m p e l a r u í n a d o
t e m p l o , p o r q u e s e r i a m totalmente tomados pela angústia de sua
desgraça".

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