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11.08 Formação para o Ensino de Língua Nas Séries Iniciais em Cursos de Pedagogia.
11.08 Formação para o Ensino de Língua Nas Séries Iniciais em Cursos de Pedagogia.
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Introdução
Este texto toma como referência dados construídos na pesquisa “Formação para
o ensino da língua escrita nas séries iniciais em cursos de Pedagogia”, desenvolvida no
Programa de Pós-graduação em Educação da PUC – Rio, como tese de doutoramento.
O estudo realizado partiu do pressuposto de que a aprendizagem profissional
docente, em grande medida, depende da qualidade da formação inicial que é oferecida
pelas instituições em que ela pode ocorrer. Nessa perspectiva trazia subjacente o
entendimento de que dentre os diferentes contextos nos quais, a partir da LDBEN/96,
essa formação ocorre, os cursos de Pedagogia se colocam como um lócus privilegiado
para a incorporação de disposições favoráveis, por parte dos estudantes, na construção
de conhecimentos necessários ao desenvolvimento do trabalho docente.
Tendo em vista isso, duas razões que justificaram a opção por realizar o estudo,
se impuseram. A primeira levou em conta a instituição das Novas Diretrizes
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Situando o estudo
Desde o início do propalado processo de democratização do acesso à escola, o
ensino de língua - indiscutivelmente uma das mais fundamentais responsabilidades da
educação escolar - ou uma determinada maneira de compreendê-lo e desenvolvê-lo vem
sendo, permanentemente, considerado um grave problema. Ao longo dos anos, as
tentativas que buscam contribuir para a superação dessa estreita associação entre
fracasso da/na escola e o ensino de língua, como já alertava Soares (1988) há mais de
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permanecem merecendo atenção privilegiada. O que leva a pensar em o que fazer não
só para que as instituições de formação inicial possam contribuir para melhorar a
qualidade da aprendizagem docente daqueles que pretendem atuar como professores,
bem como para que o contexto no qual esses novos professores vão atuar possa ser um
lócus produtivo para o seu desenvolvimento profissional.
Como observa Soares (2004) se por um lado, atualmente há um diagnóstico
amplamente aceito de que os atuais modelos de formação não se colocam adequados ao
atendimento das demandas da escola, por outro é urgente avançar na busca por
encontrar caminhos que indiquem um acordo de como proceder para alcançar as
mudanças necessárias nesse campo.
No que se refere às questões que têm permeado o debate em torno da formação
de professores responsáveis pelo ensino da leitura e da escrita nos anos iniciais da
escolaridade, tomando por base a visão de ensino e aprendizagem da língua escrita que
hoje se aponta como necessária, pode-se argumentar com Soares (1999) que, certamente
muito mais que as concepções que a precederam, esta nova concepção
exige uma direção e uma orientação pedagógicas que só podem
ser exercidas se fundamentadas em um seguro conhecimento
tanto do processo de aprendizagem quanto do objeto desse
objeto – a língua escrita. O grande desafio atual, portanto, é
socializar entre os professores, esse conhecimento (SOARES,
1999, p. 73).
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A preparação dos estudantes para o ensino da Língua nas séries iniciais, segundo
as professoras formadoras
Sem qualquer pretensão de realizar uma tipologia quanto à forma como as
formadoras entrevistadas atuam, na análise de suas respostas à pergunta que indagou a
respeito de como percebem e conduzem sua atuação em sala de aula na preparação dos
estudantes para o trabalho de ensinar a ler e escrever nas séries iniciais, um primeiro
aspecto a destacar diz respeito às concepções que fundamentam e orientam suas visões
em relação à Língua e ao seu ensino.
Tendo em vista isso, como se pode observar a partir das informações
relacionadas aos autores com os quais trabalham, de modo geral, percebe-se uma clara
tendência, a priorizarem uma concepção dialógica de linguagem com base na
perspectiva enunciativa-discursiva de Bakhtin e nos aportes da psicologia sócio-
interacionista do desenvolvimento vygotskiana. Articulado a isso, referências às idéias
que advém das contribuições dos estudos baseados em abordagens do campo da
lingüística, sociolingüística e psicolingüística também foram evidenciadas. Na direção
de um trabalho que coloca em foco reflexões sobre a dimensão político-ideológica-
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Considerações Finais
Como se pode observar a apresentação e a análise dos dados permitiu perceber
que aspectos importantes relacionados à aprendizagem da docência e à preparação para
ensinar a ler e escrever nas séries iniciais parecem estar sendo considerados nas
experiências de formação desenvolvidas nas cinco instituições pesquisadas. Constatação
que se confirma quando se retoma os resultados obtidos quanto a isso revelados nas
respostas dadas ao questionário pelos 100 estudantes que participaram da pesquisa a
qual este texto se refere, pois conforme se verificou deste total, 87% indicaram a
confirmação de que o curso tem contribuído para que compreendam o que deve ser
ensinado e como deve ser desenvolvido esse ensino, tanto na alfabetização quanto nas
séries subseqüentes. O que sem dúvida, em parte, pode ser atribuído ao perfil
profissional que caracteriza as formadoras entrevistadas. Como identificado na
pesquisa, trata-se de um grupo de professoras que - além de uma titulação adequada ao
trabalho que realizam, pelas experiências adquiridas anteriormente, na formação inicial
e no exercício profissional nos níveis mais elementares do ensino -, carrega em sua
trajetória matrizes de percepção e de apreciação sobre o curso e sobre os estudantes que
muito certamente orientam de forma favorável suas ações no ato de ensinar.
Quanto a isso, se tomarmos como referência a produção de conhecimento que
analisa e discute os diferentes modelos/tipos de formação para o exercício da profissão
que, orientam/orientaram as práticas formativas em diferentes períodos da nossa
história, a partir dos depoimentos das professoras formadoras, podemos observar que as
mesmas encontram-se comprometidas com concepções que têm por base perspectivas
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