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Nº15
3ºA
ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO 3
II. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA MARIMBA 4
II.1 A ORIGEM ETNOMUSICAL DA MARIMBA 4
II.2 A VIAGEM DA MARIMBA ATÉ AO CONTINENTE AMERICANO 5
II.3 DIFUSÃO DA MARIMBA MODERNA NOS ESTADOS UNIDOS 6
II.4 O INÍCIO DA UTILIZAÇÃO FREQUENTE DE QUATRO BAQUETAS NA
MARIMBA 6
III. BURTON E STEVENS: OS ROSTOS DO PROGRESSO E
CRIADORES DA TÉCNICA 8
III.1 GARY BURTON 8
III.1.1 Gary Burton: Biografia 8
III.1.2 Metodologia de Burton: Considerações de execução 8
III.2 LEIGH HOWARD STEVENS 10
III.2.1 Leigh Howard Stevens: Biografia 10
III.2.2 Metodologia de Stevens: Considerações de execução 11
IV. ATUALIDADE DAS METODOLOGIAS DE QUATRO BAQUETAS 12
V. CONCLUSÃO 14
VI. BIBLIOGRAFIA 17
VII. ANEXOS 17
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Introdução
A origem da marimba de madeira é incerta, mas a teoria mais bem aceite é que
esta variante da Marimba é uma criação das tribos africanas do grupo Bantu que habitam
as regiões africanas entre o Sahara e a África do Sul. No dialeto destas tribos, o radical
“ma” significa “muitos” e o radical “rimba” significa “objeto liso que fica de fora”. A
junção destes radicais explica aquilo que seria uma marimba africana, que era então
constituída por lâminas de madeira dispostas em sucessão horizontal estando a mais grave
à esquerda e a mais aguda à direita de quem toca (ver figura 1 do anexo). Cada lâmina
estaria então assente sobre uma cabaça limpa, seca e aberta no seu topo que atua como
ressoador. Estas marimbas (ou balafons) começaram com apenas três lâminas até
atingirem a oitava diatónica completas. (Rager, 2008)
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Á medida que a Marimba se tornou mais conhecida nas regiões mais para norte
do México, as cabaças que atuavam como ressoadores começaram a ser equipadas com a
típica tripa de puerco (a membrana retirado do interior do estômago do porco e colocada
na cabaça, que vibra quando as lâminas são percutidas), surgindo o famoso buzz
caraterístico no som da marimba tradicional mexicana. (Rager, 2008)
Assim que o instrumento se começou a espalhar pelo país, devido ao início da produção
em massa em fábricas como a J.C. Deagan, foram criadas variadas orquestras de
marimbas, dirigidas por percussionistas que eram profissionais nas orquestras e bandas
sinfónicas norte-americanas e que demostraram interesse em desenvolver o recém-
chegado instrumento. Alguns desses percussionistas e xilofonistas acabaram por se
dedicar também a formar a primeira geração de marimbistas, encabeçada por Clair Omar
Musser. (Berkowitz, 2011)
A grande influência de Musser acabou por ser transmitida para a sua melhor aluna,
Vida Chenoweth, que se tornou a primeira solista em marimba a atingir grande sucesso e
a cativar grandes audiências. Para além disso, foi ela que encomendou e a quem foi
dedicado um dos primeiros Concertos para Marimba Solo: o Concerto de Robert Kurka,
estreados em palco com grande sucesso com a Orchestra of America, sob direção de
Richard Korn, no Carnegie Hall. (Strain, 2018)
A carreira solista de Vida Chenoweth pode então ser vista como uma plataforma
impulsionadora do mundo marimbista, que deixa aos compositores e aos futuros músicos
um exemplo de que a marimba é um instrumento viável e capaz, no que respeita a
performances a solo ou acompanhadas por orquestra.
Apesar desta constatação, Vida confessou nos anos seguintes ao fim da sua
carreira a solo que tinha sido de extrema dificuldade executar com sucesso qualquer uma
das obras mais emblemáticas que tocou, principalmente os concertos, devido as
limitações da técnica que Musser lhe tinha transmitido, mais especificamente porque era
de superlativa complexidade conseguir tocar passagens que implicavam saltos entre uma
abertura de segunda maior ou menor e logo a seguir uma abertura maior que uma sexta
ou vice-versa, como por exemplo no Concerto de Kurka. Chenoweth admitiu ainda que o
método de Musser era muito desconfortável e doloroso, mas que nunca pensou em criar
uma maneira própria de manusear as baquetas. (Berkowitz, 2011)
Dessa tarefa encarregaram-se Gary Burton e Leigh Howard Stevens anos mais
tarde, criando ambos uma metodologia própria que conseguisse resolver os problemas
indicados à técnica de Musser. As motivações que os levaram a criar as suas técnicas, as
especificações dessas técnicas e a justificação para essas mesmas especificações serão
abordadas no próximo capítulo.
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Gary Burton
Durante a sua carreira de cinquenta anos, que terminou em 2017, Burton atuou ao
lado de um variados nomes de referência do jazz, sendo considerado um inovador tanto
como intérprete como professor. (2018)
Gary Burton é ainda reconhecido por ser o inventor da sua própria metodologia
de quatro baquetas, que criou para satisfazer as necessidades das suas virtuosas
performances no Vibrafone, mas que atualmente é reconhecida e aceite na interpretação
em Marimba.
Burton utilizou o Cross Grip nas suas aulas e performances aquando dos anos de
formação em Boston, mas notou que este lhe trazia limitações no que respeita à fluidez e
construção de uma linha melódica, assim como na qualidade das suas improvisações,
comparativamente com aquelas em que utilizava apenas duas baquetas. (Berkowitz,
2011)
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Burton acreditava fortemente que devia utilizar sempre quatro baquetas nas suas
performances, pois tinha a oportunidade de tocar acordes completos a todo o momento e
possuía maior qualidade de som em toda a extensão do instrumento. Assim, Burton
começou a experimentar com o objetivo de encontrar um modo de agarrar as baquetas
que lhe possibilitasse juntar o lirismo melódico e a maior qualidade sonora providenciada
pela utilização das quatro baquetas à facilidade de movimento que sentia com apenas duas
baquetas. (Burton, 1968)
O resultado dos esforços de Gary Burton é um método em que, nas duas mãos, a
baqueta exterior é colocada entre o dedo indicador e o dedo do meio, mesmo por baixo
da articulação central dos dedos, devendo manter-se sempre nesta posição na mão. A
baqueta interior é então posicionada entre o dedo indicador e o dedo polegar, com o cabo
da baqueta a passar sob a articulação central do dedo indicador. Os cabos das baquetas
devem então estar cruzados, com o cabo da baqueta direita (exterior) por cima da esquerda
(interior). Os dedos indicador e mindinho envolvem depois o cabo da baqueta interior,
enquanto que o dedo do meio e o anelar envolvem as duas baquetas no ponto em que se
cruzam (ver figura 3, 4 e 5 do anexo). (Berkowitz, 2011)
As mais notórias diferenças entre os dois métodos são consequência direta das
matrizes de funcionamento de ambas. Enquanto que o método de Burton pertence à
categoria dos métodos de cabos cruzados, visto que na utilização desta técnica os cabos
das baquetas se cruzam na zona da palma da mão, a metodologia de Stevens está
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Conclusão
Terminada esta recolha de informação, cabe-me agora apresentar as ilações que
consegui retirar deste projeto de investigação, focando-me nos objetivos que me propus
a cumprir.
Pode concluir-se que a marimba é muito provavelmente nativa das zonas africanas
habitadas pelas tribos Bantú. Como estas tribos foram levadas para a América do Sul
devido à troca de escravos negros na época dos Descobrimentos, entraram em contacto
com as civilizações ameríndias que se acostumaram e acolheram as tradições e ritos
musicais dos africanos.
musical solístico, graças aos esforços de pioneiros como Clair Omar Musser e Vida
Chenoweth. Este duo de professor e aluna acabou por popularizar e divulgar a
metodologia de Musser, o primeiro método ensinado às gerações estudantes de percussão,
em substituição do tradicional Cross Grip.
outros instrumentos, orquestra). A mesma escolha pode ainda ser feita para passagens
com diferentes necessidades e dificuldades.
O aparecimento das técnicas de Leigh Howard Stevens e Gary Burton marca então
um enorme salto qualitativo na execução técnica, musicalidade, conforto e segurança nas
performances em marimba. Desde então despontou uma nova geração de percussionistas
formados desde a sua iniciação musical no seio de ambas as técnicas, que tem alcançado
grande sucesso junto do público e dos críticos assim como trabalhado com o intuito de
continuar a acumulação de repertório correspondente à realidade percussiva atual.
Bibliografia
Anexos