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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA ± UNEB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E
CONTEMPORANEIDADE ± PPGEDUC
LINHA PROCESSO CIVILIZATÓRIO: EDUCAÇÃO, MEMÓRIA E
PLURALIDADE CULTURAL
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Salvador
2010
Educação como proposta de inclusão social para detentos e egressos do sistema
penitenciário é tema ainda pouco estudado e que exige pesquisas e reflexões,
especialmente no que se refere às alternativas de trabalho e educação para qualificar um
contingente de pessoas tão heterogêneas, tanto do ponto de vista sociocultural quanto
educacional. No atual mercado de trabalho, em que a escolarização é primordial para se
obter oportunidades, os apenados, que em sua maioria têm baixo nível educacional, na
volta à sociedade na condição de ex-detento não terão muitas possibilidades de entrarem
no competitivo mercado que exige cada vez mais qualificação técnica e educacional.
Entretanto, a política de educação para esses apenados norteará a sua volta a sociedade,
com seus direitos e deveres.
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A questão racial tem que ser levada em conta quando se trata de uma população
carcerária, onde a maioria é composta por pessoas negras e/ou afro-brasileiras. Nesse
ponto, entram duas dimensões de discriminação: uma é ser ex-detento e a outra é ser
negro. Podemos destacar que o racismo representa a hierarquia reinventada em uma
sociedade supostamente igualitária. O racismo é um tema da agenda da modernidade,
que, apesar de tão globalizada, encontra-se marcada por ódio histórico, nomeado a partir
da raça, da etnia e da origem. Incluir o apenado de volta à sociedade compreendendo o
conflito racial velado de nossa sociedade é ponto crucial (SCHWARCZ, 2001, p, 81). A
autora demonstra ainda que ³somos racistas, mas nosso racismo é melhor, porque é
µmais brando que os outros¶, eis uma das novas versões de um mito que não pára de
crescer entre nós´ (SCHWARCZ, 2001, p. 237).
No Brasil, país de larga convivência com a escravidão, o cativeiro vigorou durante mais
de três séculos e sabe-se que a diáspora foi de tal vulto que um terço da população
africana deixou, compulsoriamente, seu continente de origem rumo às Américas e
acabou alterando cores, costumes e a própria estrutura da sociedade. Além disso, o
trabalho manual acabou ficando limitado exclusivamente aos escravizados, e a violência
se disseminou nessa sociedade das desigualdades, onde se acreditava, como dizia o
provérbio colonial, ³que os escravos eram os pés e as mãos do Brasil (SCHWARCZ,
2001, p 38-39).
Os desafios postos pela diversidade na educação básica estão a exigir medidas políticas
que garantam para todos os grupos sociais, principalmente para aqueles que se
encontram histórica e socialmente excluídos, o acesso a uma educação de qualidade.
Para tal, é preciso desencadear ações articuladas entre o Estado, a comunidade, as
escolas e os diversos movimentos sociais que considerem (GOMES, 2007, p. 32). Entre
esses desafios destacamos a criação de condições políticas e pedagógicas que garantam
a implementação da Lei nº 10.639/03 (obrigatoriedade do ensino de História da África e
da Cultura Afro-brasileira na Educação Básica) e as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
brasileira e Africana, as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do
Campo e as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.