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SÃO PAULO: SEGREGAÇÃO URBANA E DESIGUALDADE

Flavio Villaça, 2011

Resumo
O artigo aborda a segregação urbana em São Paulo, destacando a produção social do espaço urbano e
a influência da desigualdade econômica e de poder político na formação das cidades. Villaça argumenta
que a segregação é a principal manifestação espacial da desigualdade na sociedade brasileira,
especialmente nas metrópoles. Ele critica abordagens tradicionais que veem a segregação em termos de
centro X periferia e defende uma análise mais complexa que considere a segregação por regiões da
cidade. O autor também destaca a necessidade de entender a segregação além da dimensão residencial,
considerando também a segregação dos empregos, comércio e serviços.
Principais pontos:
• espaço urbano é socialmente produzido e não é um dado natural.
• A desigualdade econômica e de poder político é fundamental para entender a formação das cidades
brasileiras.
• A segregação é a principal manifestação espacial da desigualdade.
• Crítica às abordagens tradicionais de segregação baseadas em centro versus periferia.
• Necessidade de analisar a segregação por regiões da cidade e não apenas por bairros.
• A segregação deve ser entendida além da dimensão residencial, considerando também a segregação
dos empregos, comércio e serviços.

O artigo de Villaça oferece uma perspectiva crítica sobre a forma como a segregação urbana é
tradicionalmente entendida e analisada. Ao argumentar pela necessidade de uma abordagem mais
complexa e abrangente, ele influencia o debate sobre políticas urbanas e planejamento na cidade de São
Paulo e em outras metrópoles brasileiras. Seu trabalho destaca a importância de considerar a
desigualdade econômica e de poder político na formação das cidades e na produção do espaço urbano.
As principais referências e conceitos tirados:
• Espaço socialmente produzido: O espaço urbano é resultado do trabalho humano e das relações
sociais, e não é um dado natural.
• Desigualdade e poder político: A formação das cidades brasileiras é profundamente influenciada pela
desigualdade econômica e pelas relações de poder.
• Segregação por regiões da cidade: Villaça defende uma análise da segregação que considere
grandes regiões da cidade, em vez de focar apenas em bairros específicos.
• Segregação além da dimensão residencial: O autor argumenta que é necessário entender a
segregação em termos de empregos, comércio e serviços, e não apenas onde as pessoas moram.

Fichamento
O livro aborda a questão da segregação e desigualdade na cidade de São Paulo. A seguir, você
encontrará um resumo dos principais pontos e temas abordados no livro:
 Contexto Urbano de São Paulo: O livro situa a cidade de São Paulo em seu contexto urbano e
histórico, destacando seu crescimento acelerado e as transformações ao longo do tempo.
 Segregação Espacial: Villaça explora a segregação espacial em São Paulo, descrevendo como
diferentes grupos sociais estão distribuídos de maneira desigual na cidade. Ele analisa como bairros
e regiões se tornaram segregados em termos de renda, raça, acesso a serviços e qualidade de vida.
 Desigualdade Social: O autor discute as profundas desigualdades sociais presentes em São Paulo,
que são evidenciadas pela segregação espacial. Ele destaca como a falta de acesso a oportunidades
econômicas e sociais é agravada pela segregação.
 Políticas Públicas: O livro examina as políticas públicas implementadas em São Paulo ao longo dos
anos e como elas influenciaram a segregação urbana e a desigualdade. Villaça discute como algumas
políticas podem ter contribuído para a intensificação da segregação.
 Mobilidade Urbana: A questão da mobilidade urbana é discutida em relação à segregação,
especialmente no contexto do acesso desigual aos sistemas de transporte.
 Evolução do Espaço Urbano: Villaça analisa a evolução do espaço urbano de São Paulo, incluindo
o desenvolvimento de bairros periféricos, favelas e áreas de ocupação irregular. Ele explora como
essas áreas refletem a segregação e a desigualdade na cidade.
 Desigualdade Urbana: O autor analisa a desigualdade urbana, que se refere às disparidades sociais
e econômicas dentro das cidades.
 Políticas de Habitação: O livro discute políticas de habitação, incluindo programas governamentais
que afetam o acesso à moradia e seu impacto na segregação.
 Planejamento Urbano: O livro examina o papel do planejamento urbano na configuração das cidades
e na ampliação ou redução da segregação.
 História Urbana: O livro traz a história urbana de São Paulo e como eventos passados moldaram a
cidade e contribuíram para a segregação.
 Economia Urbana: Villaça examina a relação entre a economia urbana e a segregação, destacando
como fatores econômicos influenciam a distribuição da população na cidade.
 Desenvolvimento Sustentável: O livro também discute como o desenvolvimento sustentável está
relacionado à questão da segregação, considerando a necessidade de equidade social nas políticas
urbanas.
 Justiça Espacial: A ideia de justiça espacial é discutida em relação à necessidade de garantir que
todos os cidadãos tenham acesso igualitário aos recursos e oportunidades urbanas.
 Perspectivas Futuras: O livro conclui com uma reflexão sobre as perspectivas futuras para São Paulo,
destacando a importância de políticas públicas mais inclusivas e da conscientização sobre a
segregação e a desigualdade.

No geral o texto oferece uma análise aprofundada da realidade urbana de São Paulo, evidenciando as
complexas questões de segregação e desigualdade que afetam a cidade. O livro contribui para a
compreensão desses desafios e pode servir como um ponto de partida para discussões e ações em busca
de um ambiente urbano mais equitativo e inclusivo.

Como o livro influenciou no urbanismo e nas políticas públicas brasileiras


O livro teve uma influência significativa no campo do urbanismo e nas políticas públicas no Brasil,
especialmente no que diz respeito à conscientização sobre a segregação urbana e desigualdade nas
cidades brasileiras. Aqui estão algumas maneiras pelas quais o livro influenciou essas áreas:
 Conscientização e Discussão pública: O livro trouxe à tona a questão da segregação urbana e
desigualdade em São Paulo, levando a uma maior conscientização pública sobre esses problemas.
 Influência Acadêmica: O livro e tornou uma referência acadêmica na análise da segregação urbana
no Brasil.
 Impacto nas Políticas Públicas: O livro contribuiu para uma compreensão mais profunda dos
desafios urbanos em São Paulo e em outras cidades brasileiras, influenciando na formulação de
políticas públicas mais orientadas para enfrentar a segregação e a desigualdade, incluindo a revisão
de planos diretores e políticas de habitação.
 Participação Comunitária: A conscientização sobre a segregação e a desigualdade incentivou a
participação ativa das comunidades afetadas.
 Visão Mais Crítica do Urbanismo: O livro influenciou a maneira como urbanistas e planejadores
abordam o planejamento urbano no Brasil, incentivando uma visão mais crítica e uma maior
consideração das dimensões sociais e de justiça espacial.

Retirado do texto
 O espaço urbano é socialmente produzido, ou seja, não dado pela natureza e sim produto do trabalho
humano.

 “Nenhum aspecto do espaço social brasileiro poderá ser jamais explicado/compreendido se não forem
consideradas as especificidades da segregação social e econômica que caracteriza nossas
metrópoles, cidades grandes e medias. (Villaça, 2011, p.37)

 A reflexão sobre segregação urbana (Villaça, 2009) se desenvolve com a desigualdade e dominação
baseados em tais aspectos:
1. Negar a forma clássica de segregação que se apresentaria sob a forma de círculos concêntricos,
com os mais ricos no centro e os mais pobres na periferia.
2. Historicizar a segregação. A falta de inserção histórica é uma das responsáveis por várias das
limitações nas análises atuais sobre segregação urbana.
3. Mostrar como se dá a relação entre a segregação e a totalidade das estruturas social e urbana.
Sem isso, os estudos sobre segregação ficam incompletos e por isso inaceitáveis.
4. Mostrar a relação entre a dominação e a segregação, esclarecendo as especificidades da
dominação através do espaço urbano, ou seja, mostrar o papel do espaço urbano no processo de
dominação.
5. Abordar a segregação, não mais por bairro, mas por região geral da cidade; essa abordagem traz
um enorme potencial explicativo muito maior que o da segregação por bairro, e só ela é capaz de
explicar as relações aqui indicadas.
6. Finalmente, e em síntese, avançam no sentido de explicar a segregação, e não apenas no de
denunciá-la, descrevê-la ou medi-la.

 Estudar a segregação urbana pelo “lado social” onde se divide entre os mais ricos e os mais pobres,
e o “lado espacial” o estudo é feito por regiões da cidade (com características similares).
 Aplicando a metodologia de estudo na cidade de São Paulo nos faz entender que sobre a ótica do
por lado social se torna evidente que as camadas de mais alta renda ocupam as áreas com maior
sistema de mobilidade. Já do lado espacial se torna evidente que o mercado de terras e a atividade
imobiliária fomenta um custo de terra maior nas áreas onde se inserem as dinâmicas sociais de
classes mais altas.

 No momento em que o centro deixa de ser patrocinado apenas pelas elites, e passa a ser patrocinado
pela maioria popular, se cria a ideia de que ele está se deteriorando e em decadência e fomenta a
idealização de que aquele não é mais o centro da cidade, e é preciso procurar um novo centro.

 A dominação do espaço urbano se dá pela desigualdade de distribuição de vantagens e desvantagens


do espaço urbano (vantagens manipuladas pela classe dominante), dos tempos gastos nos
deslocamentos espaciais dos habitantes pela cidade.

 A estrutura urbana e os deslocamentos espaciais:

1. A segregação dos empregos: o espaço – Essa dinâmica se desenvolve no senário onde os ricos
trabalhando e (criam espaços) residem na mesma área de concentração, quanto no caso dos
pobres eles residem em determinados locais (com menos acesso a infraestrutura de mobilidade
ativa) e trabalham em áreas de concentração distintas.
2. Deslocamento espacial: o tempo – A otimização do tempo é o fator mais explicativo da
organização do espaço urbano e da dominância social, onde as classes dominantes se organizam
espacialmente priorizando sempre a otimização de seus tempos.

 O controle do tempo de deslocamento é a força mais poderosa que atua sobre a produção do espaço
urbano como um todo, ou seja: sobre a forma de distribuição da população e seus locais de trabalho,
compras, serviços, lazer etc. Não podendo atuar diretamente sobre o tempo, os homens atuam sobre
o espaço como meio de atuar sobre o tempo. Daí decorrem a grande disputa social em torno da
produção do espaço urbano e a importância do sistema de transporte como elemento da estrutura
urbana.

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