Você está na página 1de 57

Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Geológica
Curso de Licenciatura em Engenharia Geológica

Semestre I, Turma do 4º ano

Material de Apoio Pedagógico

Disciplina:

PETRÓLEO & GÁS (E&P)


(Capítulo II - Unidade 2.2:)

Propriedade dos fluidos em condições de Reservatório

Por/Docente:
Eng. Paulo M. R. Nguenha, MSc.

Pemba, Abril de 2020


PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

@2020 Direitos de autor

Este material foi compilado no sentido de disponibilizar um Suporte de Apoio


Pedagógico aos estudantes do 4º ano Curso de Engenharia Geológica da
Faculdade de Engenharia da Universidade Lúrio, durante o período de
interrupção de aulas presencias devido ao Estado de Emergência em vigência
por causa do Covid-19.

Este material é de uso restrito e destinado ao nível académico para o qual foi
concebido.

• Está proibida toda e qualquer alteração do conteúdo sem a aprovação


do autor.
• Está interdita toda e qualquer forma de ganho monetário a partir deste
suporte.

Caso ocorra violação destas clausulas, o visado será responsabilizado perante


a Lei.

Página 2 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

CAPÍTULO II: PROPRIEDADE DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO

2.2. Propriedades Físicas de fluido de reservatório......................................... 4

2.2.1. Ocorrência de petróleo, gás e água ......................................................... 4

2.2.2. Propriedades físicas do petróleo, gás, água e fluidos visco plásticos ...... 5

2.2.2.1. Propriedades de gases naturais......................................................... 5

2.2.2.1.2. Comportamento de gases ideais ................................................. 6

2.2.2.1.3. Comportamento de gases reais ................................................ 10

2.2.2.2. Propriedades dos sistemas de Petróleo Bruto .............................. 20

2.2.2.3. Propriedades da água do reservatório .......................................... 38

2.2.3. Termodinâmica de fluidos e Diagrama de fases (PVT) .......................... 41

2.2.3.1. Diagrama de fases .................................................................... 41

2.2.3.1.1. Diagrama Pressão-Temperatura ............................................... 41

2.2.3.1.2. Classificação de reservatórios em função das fases ................. 44

Página 3 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

• Objectivo:

O objectivo desta Unidade é abordar de maneira breve e orientada os princípios


básicos as propriedades e o comportamento termodinâmico dos fluidos de
reservatório de petróleo e gás e, ilustrar o uso de diagramas de fases na
classificação dos tipos de reservatórios e nos sistemas de hidrocarbonetos
naturais.

2.2. Propriedades Físicas de fluido de reservatório

Por que estudar o comportamento dos fluidos de reservatório?

O conhecimento das propriedades físicas dos fluidos de permite prever o


comportamento volumétrico dos reservatórios de petróleo e gás em função da
pressão. Essas propriedades do fluido são geralmente determinadas por
experimentos de laboratório realizados em amostras de fluidos de reservatório
reais. Na ausência de propriedades medidas experimentalmente, é necessário
que o Engenheiro de Petróleo determine as propriedades a partir de correlações
obtidas empiricamente.

O estudo das diferenças no comportamento de fase, juntamente com as


propriedades físicas da rocha do reservatório permitem determinar facilmente os
parâmetros técnicos e científicos com a qual o gás e o líquido é transmitido ou
retido. De onde resultam em muitos tipos diversos de reservatórios de
hidrocarbonetos com comportamentos complexos. Frequentemente, os
engenheiros de petróleo têm a tarefa de estudar o comportamento e as
características de um reservatório de petróleo e determinar o curso do
desenvolvimento e produção futuros que maximizem o lucro.

2.2.1. Ocorrência de petróleo, gás e água

Os sistemas de hidrocarbonetos de ocorrência natural encontrados em


reservatórios de petróleo são misturas de compostos orgânicos que apresentam
comportamento multifásico em amplas faixas de pressões e temperaturas. Essas
acumulações de hidrocarbonetos podem ocorrer no estado gasoso, líquido,
sólido ou em várias combinações de gás, líquido e sólido.

Página 4 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

2.2.2. Propriedades físicas do petróleo, gás, água e fluidos visco plásticos

2.2.2.1. Propriedades de gases naturais

Um gás é definido como um fluido homogêneo de baixa viscosidade e densidade


que não possui volume definido, mas se expande para encher completamente o
vaso em que é colocado. Geralmente, o gás natural é uma mistura de gases de
hidrocarbonetos e não-hidrocarbonetos. Os gases de hidrocarbonetos
normalmente encontrados em um gás natural são: metano (C1), etano (C2),
propano (C3), butano (C4), pentano (C5) e pequenas quantidades de hexano
(C6) e outros mais pesados. Os gases não-hidrocarbonetos (isto é, impurezas)
incluem dióxido de carbono (Co2), sulfeto de hidrogênio (H2S) e nitrogênio (N2).

Os gases naturais frequentemente contêm outros materiais que não os


componentes de hidrocarbonetos, como nitrogênio, dióxido de carbono e sulfeto
de hidrogênio. Os gases de hidrocarbonetos são classificados como doces ou
ácidos, dependendo do teor de sulfeto de hidrogênio. Os gases agridoces podem
conter nitrogênio, dióxido de carbono ou ambos. Um gás de hidrocarboneto é
denominado gás azedo se contiver um grão de H2S por 100 pés cúbicos.

O conhecimento das relações pressão-volume-temperatura (PVT) e outras


propriedades físicas e químicas dos gases é essencial para resolver problemas
na engenharia de reservatórios de gás natural. Essas propriedades incluem:

Peso molecular aparente, Ma


Densidade específica, g
Fator de compressibilidade, Z
Densidade, ρg
Volume específico, V
Coeficiente de compressibilidade isotérmica do gás, Cg
Fator de volume de formação de gás, Bg
Fator de expansão de gás, Eg
Viscosidade, μg

As propriedades do gás acima podem ser obtidas a partir de medições diretas


em laboratório ou por previsão a partir de expressões matemáticas
generalizadas.

Página 5 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

2.2.2.1.2. Comportamento de gases ideais

Teoria Cinética dos Gases

A Teoria Cinética dos Gases postula que os gases são compostos por um
número muito grande de partículas chamadas moléculas. Para um gás ideal, o
volume dessas moléculas é insignificante em comparação com o volume total
ocupado pelo gás. Supõe-se também que essas moléculas não tenham forças
atraentes ou repulsivas entre elas e que todas as colisões de moléculas são
perfeitamente elásticas.

Com base na teoria cinética dos gases acima, uma equação matemática
chamada equação de estado pode ser obtida para expressar a relação existente
entre a pressão P, o volume V e a temperatura T para uma dada quantidade de
mols n de gás. Essa relação para gases perfeitos é chamada lei dos gases ideais
e é expressa matematicamente pela seguinte equação:

PV = nRT Eq. (2-1)

Onde:

P: pressão absoluta, psia;

V: volume, ft3;

T: temperatura absoluta, ° R;

n: número de mols de gás, lb-mole;

R: constante universal de gás, que, para as unidades acima, tem o valor 10.730
psia ft3 / lb-mole ° R.

O número de libras-moles de gás, isto é, n, é definido como o peso m do gás


dividido pelo peso molecular M, ou:

n =m/ M Eq. (2-2)

Combinando a Equação 2-1, com 2-2 obtém-se:

Onde m = peso do gás, lb;

Página 6 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

M = peso molecular, lb / lb-mol.

Como a densidade é definida como a massa por unidade de volume da


substância, a Equação 2-3 pode ser reorganizada para estimar a densidade do
gás a qualquer pressão e temperatura:

Onde ρg é densidade do gás, lb / ft3.

Os engenheiros de petróleo geralmente estão interessados no comportamento


das misturas e raramente lidam com gases de componentes puros. Como o gás
natural é uma mistura de componentes de hidrocarbonetos, as propriedades
físicas e químicas gerais podem ser determinadas a partir das propriedades
físicas dos componentes individuais da mistura usando regras de mistura
apropriadas.

As propriedades básicas dos gases são comumente expressas em termos de


peso molecular aparente, volume padrão, densidade, volume específico e
densidade específica. Essas propriedades são definidas da seguinte maneira.

Peso Molecular Aparente

Uma das principais propriedades do gás que frequentemente interessa aos


engenheiros é o peso molecular aparente. Se yi representa a fração molar do i-
ésimo componente em uma mistura gasosa, o peso molecular aparente é
definido matematicamente pela seguinte equação:

Onde Ma = peso molecular aparente de uma mistura gasosa;

Mi = peso molecular do i-ésimo componente na mistura;

yi = fração molar do componente i na mistura.

Página 7 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Volume Padrão

Em muitos cálculos de engenharia de gás natural, é conveniente medir o volume


ocupado por 1 lb-mole de gás a uma pressão e temperatura de referência. Essas
condições de referência são geralmente 14,7 psia e 60 ° F e são comumente
referidas como condições padrão. O volume padrão é então definido como o
volume de gás ocupado por 1 lb-mol de gás em condições padrão. A aplicação
das condições acima na Equação 2-1 e a resolução do volume, ou seja, o volume
padrão, fornece a Equação (2-6):

Em que:

Vsc: volume padrão, scf / lb-mol;

scf: Pés cúbicos padrão;

Tsc: Temperatura padrão, ° R;

Psc: Pressão padrão, psia.

Densidade do gás

A densidade de uma mistura gasosa ideal é calculada simplesmente substituindo


o peso molecular do componente puro na Equação 2-4 pelo peso molecular
aparente da mistura gasosa para fornecer:

Onde ρg: densidade da mistura gasosa, lb / ft3;

Ma: peso molecular aparente.

Página 8 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Volume específico

O volume específico é definido como o volume ocupado por uma massa unitária
do gás. Para um gás ideal, essa propriedade pode ser calculada aplicando a
Equação 2-3:

Onde V = volume específico, ft3 / lb;

ρg = densidade do gás, lb / ft3.

Densidade específica

A densidade específica é definida como a razão entre a densidade do gás e a do


ar. Ambas as densidades são medidas ou expressas na mesma pressão e

temperatura. Geralmente, a pressão padrão Psc e a temperatura padrão Tsc são


usadas na definição da densidade específica do gás:

Assumindo que o comportamento da mistura de gases e do ar seja descrito pela


equação do gás ideal, a densidade específica pode ser expressa como:

Onde g é a densidade específica do gás;


ρair: densidade do ar;

Mair: peso molecular aparente do ar = 28,96;

Ma: peso molecular aparente do gás;

Psc: pressão padrão, psia

Tsc: temperatura padrão, ° R.

Página 9 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

2.2.2.1.3. Comportamento de gases reais

Ao lidar com gases a uma pressão muito baixa, a relação ideal de gás é uma
ferramenta conveniente e geralmente satisfatória. Em pressões mais altas, o uso
da equação de estado ideal do gás pode levar a erros de até 500%, em
comparação com erros de 2 a 3% na pressão atmosférica.

Basicamente, a magnitude dos desvios dos gases reais nas condições da lei
ideal dos gases perfeitos aumenta com o aumento da pressão e da temperatura
e varia amplamente com a composição do gás. Os gases reais se comportam de
maneira diferente dos gases ideais. A razão para isso é que a lei dos gases
ideias foi obtida sob a suposição de que o volume de moléculas é insignificante
e que não existe atração ou repulsão molecular entre elas. Este não é o caso de
gases reais.

Numerosas equações de estado foram desenvolvidas na tentativa de


correlacionar as variáveis pressão-volume-temperatura para gases reais com
dados experimentais. Para expressar uma relação mais exata entre as variáveis

P, V e T, um fator de correção chamado fator de compressibilidade do gás, fator


de desvio de gás ou simplesmente fator-Z deve ser introduzido na Equação 2-1
para levar em conta idealidade dos gases. A equação tem a seguinte forma:

Em que o fator de compressibilidade do gás Z é uma quantidade adimensional e


é definida como a razão entre o volume real de n-moles de gás em T e P e o
volume ideal do mesmo número de moles nos mesmos T e P:

Estudos de fatores de compressibilidade do gás para gases naturais de várias


composições mostraram que os fatores de compressibilidade podem ser

generalizados com precisões suficientes para a maioria dos propósitos de


engenharia quando expressos em termos das duas propriedades adimensionais
a seguir:

• Pressão pseudo-reduzida.
• Temperatura pseudo-reduzida.

Página 10 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Esses termos sem dimensão são definidos pelas seguintes expressões:

Onde P é a pressão do sistema, psia;

Ppr: pressão pseudo-reduzida, sem dimensão;

T: temperatura do sistema, ° R;

Tpr: temperatura pseudo-reduzida, sem dimensão;

Ppc, Tpc são a pressão e temperatura pseudo-críticas, respetivamente, e


definidos pelas seguintes relações:

Deve-se ressaltar que essas propriedades pseudo-críticas, isto é, Ppc e Tpc, não
representam as propriedades críticas reais da mistura gasosa.

Essas pseudos propriedades são usadas como parâmetros de correlação na


geração de propriedades dos gases como ilustrado na figura abaixo.

Figura 1: Propriedades pseudo-críticas de gases naturais.


Fonte: GPSA e GPA Engineering Data Book, 10ª edição, 1987.
Página 11 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Este gráfico foi preparado a partir de dados sobre misturas binárias de metano
com propano, etano e butano e sobre gases naturais, cobrindo assim uma ampla
faixa na composição de misturas de hidrocarbonetos contendo metano. Não
foram incluídas misturas com pesos moleculares superiores a 40 na preparação
deste gráfico.

Ele representa os fatores de compressibilidade do gás natural doce em função


de Ppr e Tpr. Este gráfico é geralmente confiável para o gás natural com menor
quantidade de não-hidrocarbonetos. É uma das correlações mais amplamente
aceitas na indústria de petróleo e gás.

Nos casos em que a composição de um gás natural não está disponível, as


propriedades pseudo-críticas, isto é, Ppc e Tpc, podem ser previstas apenas a
partir da densidade específica do gás usando o gráfico da Fig.1.

Conhecendo-se a densidade especifica dos gases, para os casos de sistemas


de gases naturais e ou gases condensados, faz-se o uso das seguintes relações
matemáticas:

Caso 1: Sistemas de Gás Natural

Caso 2: Sistemas de Gás-Condensados

Onde Tpc é a temperatura pseudo-crítica, ° R;

Ppc: pressão pseudo-crítica, psia;

g: densidade específica da mistura gasosa;

Efeito das impurezas no fator de compressibilidade Z

A ocorrência de pequenas percentagens de nitrogênio e dióxido de carbono em


concentrações de até 5% não afetarão seriamente a precisão. Erros nos cálculos
Página 12 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

do fator de compressibilidade de até 10% podem ocorrer em concentrações mais


altas de componentes não-hidrocarbonetos em misturas gasosas.

E, para corrigir as propriedades pseudo-críticas dos gases que contem a


presença de impurezas foram desenvolvidos dois métodos de correção, que são:

• Método de correção Wichert-Aziz


• Método de correção de Carr-Kobayashi-Burrows

Método de correção Wichert-Aziz

Gases naturais que contêm H2S e ou Co2 frequentemente exibem


comportamento de fator de compressibilidade diferente dos gases doces.

Este método permite o uso da Figura.1, usando um fator de correção de


temperatura pseudo-crítico, que é uma função da concentração de CO2 e H2S
no gás ácido. Esse fator de correção é então usado para ajustar a temperatura
e pressão pseudo-críticas de acordo com as seguintes expressões:

Onde Tpc é a temperatura pseudo-crítica, ° R;

Ppc: pressão pseudo-crítica, psia;

T′pc: temperatura pseudo-crítica corrigida, ° R;

P′pc: pressão pseudo-crítica corrigida, psia;

B: fração molar de H2S na mistura gasosa;

ε: fator de ajuste de temperatura pseudo-crítica e é definido matematicamente


pela seguinte expressão:

Em que o coeficiente A é a soma da fração molar H2S e CO2 na mistura gasosa.

A = yH2S + yCO2

Página 13 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Método de correção de Carr-Kobayashi-Burrows

Este método pode ser usado quando a composição do gás natural não estiver
disponível. E se baseia nas seguintes etapas:

Etapa 1. Conhecendo a densidade específica do gás natural, calcule a


temperatura e pressão pseudo-críticas aplicando Equações 2-18 e 2-19.

Etapa 2. Corrige as propriedades pseudo-críticas estimadas usando as duas


expressões a seguir:

Onde T′pc é a temperatura pseudo-crítica corrigida, ° R;

Tpc: temperatura pseudo-crítica não corrigida, ° R;

yCO2: fração molar de Co2;

yH2S: fração molar de H2S na mistura gasosa;

yN2: fração molar de nitrogênio;

P′pc: pressão pseudo-crítica corrigida, psia;

Ppc: pressão pseudo-crítica não corrigida, psia;

Etapa 3. Use a temperatura e pressão pseudo-críticas ajustadas para calcular


as propriedades pseudo-reduzidas.

Etapa 4. Calcule o fator Z a partir da Figura 1.

Cálculo direto de fatores de compressibilidade Z

Diversas correlações empíricas para o cálculo de fatores-Z foram desenvolvidas


ao longo dos anos. As três correlações empíricas usadas actualmente:

• Correlação de Hall-Yarborough;

• Correlação de Dranchuk-Abu-Kassem;

• Correlação de Dranchuk-Purvis-Robinson.

Página 14 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Compressibilidade de gases naturais

O conhecimento da variabilidade da compressibilidade de fluidos em relação a


pressão e a temperatura é essencial para a realização de muitos cálculos de
engenharia de reservatórios.

a. Para uma fase líquida, a compressibilidade é pequena e geralmente


assumida como constante.

b. Para uma fase gasosa, a compressibilidade não é pequena nem


constante.

Por definição, a compressibilidade do gás isotérmico é a variação no volume por


unidade de volume para uma alteração na unidade de pressão ou, na forma de
equação:

Onde Cg é a compressibilidade de gás isotérmico, 1 / psi.

Da equação de estado do gás real:

Pela sua diferenciação parcial em relação à pressão, mantendo a temperatura


(T) constante obtém-se:

Substituindo na Equação 2-44 obtém-se:

Para um gás ideal, Z = 1 e (∂z / ∂p) T = 0, portanto:

Página 15 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Deve-se ressaltar que a Equação 2-46 é útil para determinar a ordem de


magnitude esperada da compressibilidade do gás isotérmico.

A equação 2-45 pode ser convenientemente expressa em termos de pressão e


temperatura pseudo-reduzidas, simplesmente substituindo P por (Ppc .Ppr):

Ao multiplicar-se a equação acima por Ppc obtém-se:

O termo Cpr é chamado compressibilidade isotérmica pseudo-reduzida e é


definido pelo relacionamento:

Onde:

Cpr: compressibilidade isotérmica pseudo-reduzida;

Cg: compressibilidade do gás isotérmico, psi-1;

Ppc: pressão pseudo-reduzida, psi.

Os valores de (∂z / ∂Ppr)Tpr podem ser calculados a partir da inclinação da


isoterma Tpr no gráfico de fator-Z da Figura 1.

Fator de volume de formação de gás

O fator de volume de formação de gás é usado para relacionar o volume de gás,


medido em condições de reservatório, com o volume de gás medido em
condições padrão, isto é, 60 ° F e 14,7 psia. Essa propriedade de gás é então
definida como o volume real ocupado por uma certa quantidade de gás a uma

Página 16 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

pressão e temperatura especificadas, dividido pelo volume ocupado pela mesma


quantidade de gás em condições padrão. Como expressado a seguir:

Onde:

Bg: é o fator de volume de formação de gás, ft3 / scf

Vp, T: volume de gás à pressão P temperatura, T, ft3

Vsc: volume de gás em condições padrão, scf

A aplicação da equação de estado do gás real, isto é, a Equação 2-11, e a


substituição do volume V, permite de obter:

Onde:

Zsc: fator Z em condições padrão = 1,0;

Psc, Tsc: pressão e temperatura padrão.

E supondo-se que as condições padrão sejam representadas por Psc = 14.7psia


e Tsc = 520, a expressão acima pode ser reduzida para o seguinte
relacionamento:

Onde:

Bg: fator de volume de formação de gás, ft3 / scf;

Z: fator de compressibilidade do gás;

T: temperatura, ° R;

A equação 2-53 pode ser expressa em termos da densidade do gás ρg se


combinada com a equação 2-17, para fornecer:

Página 17 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Onde:

g: densidade do gás, lb / ft3;

Ma: peso molecular aparente do gás.

Em outras unidades de campo, o fator de volume de formação de gás pode ser


expresso em bbl / scf para fornecer:

Da mesma forma, a Equação 2-54 pode ser expressa em termos da densidade


do gás ρg para se obter:

O recíproco do fator de volume de formação de gás é chamado de fator de


expansão de gás e é designado pelo símbolo Eg, ou:

Ou em termos da densidade do gás ρg:

Em outras unidades:

Ou:

Página 18 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Viscosidade do gás natural

A viscosidade de um fluido é uma medida do atrito interno do fluido (resistência)


ao fluxo. Se o atrito entre as camadas do fluido é pequeno, isto é, baixa
viscosidade, uma força de cisalhamento aplicada resultará em um grande
gradiente de velocidade. À medida que a viscosidade aumenta, cada camada de
fluido exerce um atrito de atrito maior nas camadas adjacentes e o gradiente de
velocidade diminui.

A viscosidade de um fluido é geralmente definida como a razão entre a força de


cisalhamento por unidade de área e o gradiente de velocidade local. As
viscosidades são expressas em termos de poises, centipoise ou micropoises.
Um equilíbrio é igual a uma viscosidade de 1 dine / s / cm2 e pode ser convertido
em outras unidades de campo pelos seguintes relacionamentos:

1 poise = 100 centipoises;

= 1 × 106 micropoises;

= 6,72 × 10−2 lb de massa / pés-seg;

= 2,09 × 10−3 lb-seg / ft2;

A viscosidade do gás não é comumente medida em laboratório, porque pode ser


estimada precisamente a partir de correlações empíricas. Como todas as
propriedades intensivas, a viscosidade de um gás natural é completamente
descrita pela seguinte função:

μg = (P,T,yi)

Onde:

μg é viscosidade da fase gasosa.

A relação acima simplesmente afirma que a viscosidade é uma função da


pressão, temperatura e posição de compressão. Muitas das correlações de
viscosidade de gás amplamente utilizadas podem ser vistas como modificações
dessa expressão.

Métodos de cálculo da viscosidade de gases naturais

Dois métodos populares são comumente usados na indústria do petróleo:


• Método de correlação de Carr-Kobayashi-Burrows;
• Método Lee-Gonzalez-Eakin.

Página 19 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

2.2.2.2. Propriedades dos sistemas de Petróleo Bruto

O petróleo (um termo equivalente é petróleo bruto) é uma mistura complexa


composta predominantemente por hidrocarbonetos e contendo enxofre,
nitrogênio, oxigênio e hélio como constituintes secundários. As propriedades
físicas e químicas dos petróleos brutos variam consideravelmente e dependem
da concentração dos vários tipos de hidrocarbonetos e constituintes menores
presentes.

Uma descrição precisa das propriedades físicas dos petróleos brutos é de


considerável importância nos campos da ciência aplicada e da teoria e,
especialmente, na solução de problemas de engenharia de reservatórios de
petróleo.

As propriedades físicas de interesse primário nos estudos de engenharia de


petróleo incluem:

Densidade do fluido;
Densidade específica do gás da solução;
Solubilidade do gás;
Pressão no ponto de bolha;
Fator de volume de formação de petróleo;
Coeficiente de compressibilidade isotérmica de petróleo subsaturados;
Densidade do petróleo bruto;
Fator de volume total de formação;
Viscosidade do petróleo bruto;
Tensão superficial;

Os dados sobre a maioria dessas propriedades do fluido são geralmente


determinados por experimentos de laboratório realizados em amostras de fluidos
de reservatório reais. Na ausência de propriedades medidas experimentalmente
dos petróleos brutos, é necessário que o engenheiro de petróleo determine as
propriedades das correlações empiricamente.

Densidade do fluido

A densidade do fluido é definida como a massa de um volume unitário do fluido


a uma pressão e temperatura especificadas. Geralmente é expresso em libras

Página 20 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

por pés cúbicos. A densidade específica de um fluido é definida como a razão


entre a densidade do fluido e a da água. Ambas as densidades são medidas a

60 ° F e pressão atmosférica:

Onde:

o: densidade específica do fluido;

ρo: densidade do fluido, lb / ft3;

ρw: densidade da água, lb / ft3;

Deve-se ressaltar que a densidade específica do líquido é adimensional, mas


tradicionalmente são dadas as unidades 60 ° / 60 ° para enfatizar o fato de que
ambas as densidades são medidas em condições padrão. A densidade da água
é de aproximadamente 62,4 lb / ft3, ou:

Embora a densidade e a densidade específica sejam amplamente utilizadas na


indústria do petróleo, a densidade da API é a escala de densidade preferida.
Essa escala de densidade está precisamente relacionada à densidade
específica pela seguinte expressão:

As densidades API dos petróleos brutos geralmente variam de 47 ° API para os


petróleos brutos mais leves a 10 ° API para os petróleos brutos asfálticos mais
pesados.

Densidade específica do gás de solução

A densidade específica do gás de solução g é descrita pela média ponderada


das densidades específicas do gás separado de cada separador.

Página 21 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Essa abordagem da média ponderada é baseada na razão separador gás-


petróleo, ou:

Onde:

n: número de separadores;

Rsep: razão separador gás-petróleo, scf / STB

sep: densidade do gás separador;

Rst: razão gás-petróleo do tanque de armazenamento, scf / STB;

st : densidade do gás do tanque de armazenamento.

Solubilidade de gás de solução

A solubilidade do gás Rs é definida como o número de pés cúbicos padrão de


gás que se dissolverá em um barril de petróleo bruto a uma certa pressão e
temperatura. A solubilidade de um gás natural em um petróleo bruto é uma forte
função da pressão, temperatura, densidade API e densidade do gás.

Para que um determinado gás e petróleo bruto existam a uma temperatura


constante, a solubilidade deverá aumentar com a pressão até que a pressão de
saturação seja atingida.
Na pressão de saturação (pressão do ponto de bolha), todos os gases
disponíveis são dissolvidos no petróleo e a solubilidade do gás atinge seu valor
máximo.

Em vez de medir a quantidade de gás que se dissolverá em um determinado


petróleo bruto do tanque de armazenamento à medida que a pressão for
aumentada, é habitual determinar a quantidade de gás que sairá de uma amostra
de petróleo bruto do reservatório à medida que a pressão diminui.

Uma curva típica de solubilidade do gás, em função da pressão de um petróleo


bruto insaturado, é:

Página 22 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Figura 2: Diagrama de pressão de solubilidade em gás.

À medida que a pressão é reduzida da pressão inicial do reservatório Pi para a


pressão do ponto de bolha Pb, nenhum gás evolui do petróleo e,
consequentemente, a solubilidade do gás permanece constante no seu valor
máximo de Rsb. Abaixo da pressão do ponto de bolha, o gás da solução é
liberado e o valor de Rs diminui com a pressão.

As cinco correlações empíricas a seguir são usadas para estimar a solubilidade


do gás:

• Correlação de Standing;
• Correlação de Vasquez-Beggs;
• Correlação de Glaso;
• Correlação de Marhoun;
• Correlação de Petrosky-Farshad.

Página 23 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Correlação de Standing

Esta é uma correlação gráfica para determinar a solubilidade do gás em função


da pressão, densidade específica do gás, densidade API e temperatura do
sistema. A correlação foi desenvolvida a partir de um total de 105 pontos de
dados determinados experimentalmente em 22 misturas de hidrocarbonetos de
petróleos crus e gases naturais da Califórnia. A correlação proposta tem um erro
médio de 4,8%. E expressa-se pela seguinte forma matemática:

Com X = 0,0125 API - 0,00091 (T - 460)

Onde:

T: temperatura, ° R;

P: pressão do sistema, psia;

g: densidade específica do gás de solução;

A Equação 2-69 é válida para aplicações em e abaixo da pressão do ponto de


bolha do petróleo bruto.

Pressão do ponto de bolha

A pressão do ponto de bolha Pb de um sistema de hidrocarboneto é definida


como a pressão mais alta na qual uma bolha de gás é primeiramente liberada do
petróleo. Essa importante propriedade pode ser medida experimentalmente para
um sistema de petróleo bruto, realizando um teste de expansão de composição
constante.

Na ausência da pressão do ponto de bolha medida experimentalmente, é


necessário que o engenheiro faça uma estimativa dessa propriedade do petróleo
bruto a partir dos parâmetros de produção medidos prontamente disponíveis.

Várias correlações gráficas e matemáticas para determinar o Pb foram propostas


nas últimas quatro décadas. Essas correlações são essencialmente baseadas
no pressuposto de que a pressão do ponto de bolha é uma forte função da

Página 24 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

solubilidade do gás Rs, densidade do gás g, densidade API do petróleo e


temperatura T, ou:

Pb = f (RS, g, API, T)

Várias maneiras de combinar os parâmetros acima em forma gráfica ou


expressão matemática são propostas por vários autores.

Fator de Volume de Formação de Petróleo

O fator de volume de formação de petróleo, Bo, é definido como a razão entre o


volume de petróleo (mais o gás em solução) na temperatura e pressão
predominantes no reservatório e a pressão em relação ao volume de petróleo
em condições padrão. Bo é sempre maior ou igual à unidade. O fator de volume
de formação de petróleo pode ser expresso matematicamente como:

Onde:

Bo: fator de volume de formação de petróleo, bbl / STB;

(Vo) p, T: volume de petróleo sob pressão P e temperatura T do reservatório, bbl;

(Vo) sc: volume de petróleo medido em condições padrão, STB;

Uma curva típica do fator de formação de petróleo, em função da pressão de um


petróleo bruto insaturado (Pi> Pb), é:

Página 25 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

À medida que a pressão é reduzida abaixo da pressão inicial do reservatório Pi,


o volume de petróleo aumenta devido à expansão do petróleo. Esse
comportamento resulta em um aumento no fator de volume de formação de
petróleo e continuará até que a pressão do ponto de bolha seja atingida. Com a
Pb, o petróleo atinge sua expansão máxima e, consequentemente, atinge um
valor máximo Bob para o fator de volume de formação de petróleo Bo.

À medida que a pressão é reduzida abaixo de Pb, o volume do petróleo e da Bo


diminuem à medida que o gás da solução é liberado. Quando a pressão é
reduzida para a pressão atmosférica e a temperatura para 60 ° F, o valor de Bo
é igual a 1.

A maioria das correlações empíricas de Bo utilizam a seguinte relação


generalizada:

Cinco métodos diferentes de previsão do fator de volume de formação de


petróleo são apresentados abaixo:

• Correlação de Standing

• Correlação de Vasquez-Beggs

• Correlação de Glaso

• Correlação de Marhoun

• Correlação Petrosky-Farshad

Deve-se notar que todas as correlações poderiam ser usadas para qualquer
pressão igual ou abaixo da pressão do ponto de bolha.

Correlação de Standing

Esta é uma correlação gráfica para estimar o fator de volume de formação de


petróleo com a solubilidade do gás, a densidade do gás, a densidade do petróleo
e a temperatura do reservatório como parâmetros correlatos. Essa correlação
gráfica teve origem no exame de um total de 105 pontos de dados experimentais
em 22 sistemas diferentes de hidrocarbonetos da Califórnia. Um erro médio de
1,2% foi relatado para a correlação.

Página 26 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

E a sua expressão matemática é:

Onde:

T: temperatura, ° R;

o: densidade específica do petróleo do tanque de armazenamento

g: densidade específica do gás em solução.

Coeficiente de compressibilidade isotérmica do Petróleo Bruto

Os Coeficientes Isotérmicos de Compressibilidade são necessários para resolver


muitos problemas de engenharia de reservatórios, incluindo problemas
transitórios de fluxo de fluido, e também são necessários na determinação das
propriedades físicas do petróleo bruto insaturado.

Por definição, a compressibilidade isotérmica de uma substância é definida


matematicamente pela seguinte expressão:

Para um sistema de petróleo bruto, o coeficiente de compressibilidade isotérmica


da fase oleosa Co é definido para pressões acima do ponto de bolha por uma
das seguintes expressões equivalentes:

Onde:
Página 27 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Co: compressibilidade isotérmica, psi-1;

ρo: densidade do petróleo lb / ft3;

Bo: fator de volume de formação de petróleo, bbl / STB;

A pressões abaixo da pressão do ponto de bolha, a compressibilidade do


petróleo é definida como:

Onde:

Bg: fator de volume de formação de gás, bbl / scf.

Existem várias correlações que são desenvolvidas para estimar a


compressibilidade do petróleo a pressões acima da pressão do ponto de bolha,
isto é, sistema de petróleo bruto subsaturados.

Três dessas correlações são apresentadas abaixo:

• A correlação de Vasquez-Beggs;

• A correlação Petrosky-Farshad;

• correlação de McCain.

Página 28 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Fator de volume de formação de petróleo para petróleos insaturados

Com pressões crescentes acima da pressão do ponto de bolha, o fator de volume


de formação de petróleo diminui devido à compressão do petróleo, conforme
ilustrado esquematicamente:

Figura 4: Relação volume versus pressão.

Para explicar os efeitos da compressão de petróleo em Bo, o fator de volume de


formação de petróleo na pressão do ponto de bolha é primeiro calculado usando
qualquer um dos métodos descritos anteriormente. O Bo calculado é então
corrigido para levar em conta o efeito se aumentar-se a pressão acima da
pressão do ponto de bolha. Esta etapa de correção é realizada usando o
coeficiente de compressibilidade isotérmica, conforme descrito abaixo.

O coeficiente de compressibilidade isotérmica (conforme expresso


matematicamente pela Equação 2-94) pode ser escrito de forma equivalente em
termos do fator de volume de formação de petróleo:

Página 29 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

A relação acima pode ser reorganizada e integrada para se obter:

Avaliando Co na pressão média aritmética e concluindo o procedimento de


integração obtém-se:

Onde:

Bo: fator de volume de formação de petróleo à pressão de interesse, bbl / STB;

Bob: fator de volume da formação de petróleo à pressão do ponto de bolha, bbl /


STB;

p: pressão de interesse, psia;

pb: pressão do ponto de bolha, psia;

Substituindo Co pela Equação 2-98, e integrando a equação, obtém-se

Onde:

A = 10−5 [−1433 + 5 Rsb + 17,2 (T - 460) - 1180 gs + 12,61 API]

Substituindo Co na Equação 2-107 pela expressão da Equação 2-99) e


concluindo a integração obtém-se:

Tendo o parâmetro de correlação A, conforme definido por:

Página 30 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Onde:

T: temperatura, ° R;

P: pressão, psia;

Rsb: solubilidade do gás à pressão do ponto de bolha;

Densidade do Petróleo Bruto

A densidade do petróleo bruto é definida como a massa de um volume unitário


do petróleo bruto a uma pressão e temperatura especificadas. Geralmente é
expresso em libras por pés cúbicos. Várias correlações empíricas para o cálculo
da densidade de líquidos de análises composicionais desconhecidas foram
propostas. As correlações empregam dados limitados de PVT, como a
densidade do gás, a densidade do petróleo e a solubilidade do gás como
parâmetros de correlação para estimar a densidade do líquido na pressão e
temperatura predominantes no reservatório.

A Equação 2-93 pode ser usada para calcular a densidade do petróleo na


pressão abaixo ou igual à pressão do ponto de bolha. A resolução da Equação
2-93 para a densidade do petróleo fornece:

Onde:
o: densidade específica do petróleo do tanque de armazenamento;

Rs: solubilidade do gás, scf / STB;

ρo: densidade do petróleo, lb / ft;

Página 31 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

A densidade de um petróleo a uma pressão e temperatura especificadas pode


ser calculada a partir da seguinte expressão:

Onde:

T: temperatura do sistema, ° R;

o: Densidade específica do petróleo do tanque de armazenamento.

Fator de volume de formação total

Quando se pretende descrever a relação pressão-volume de sistemas de


hidrocarbonetos abaixo da pressão do ponto de bolha, é conveniente expressar
essa relação em termos do fator de volume de formação total em função da
pressão.

Essa propriedade define o volume total de um sistema, independentemente do


número de fases presentes. O fator de volume de formação total, denominado
Bt, é definido como a razão do volume total da mistura de hidrocarbonetos (isto
é, petróleo e gás, se presente), à pressão e temperatura prevalecentes por
unidade de volume do petróleo do tanque de armazenamento.

Como os sistemas de hidrocarbonetos de ocorrência natural geralmente existem


em uma ou duas fases, o termo fator de volume de formação de duas fases
tornou-se sinônimo do volume total de formação.

Matematicamente, Bt é definido pela seguinte relação:

Onde:
Bt: fator de volume de formação total, bbl / STB;

Página 32 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

(Vo) p, T: volume do petróleo em P e T, bbl;

(Vg) p, T: volume do gás liberado em P e T, bbl;

(Vo)sc: volume do petróleo em condições padrão, STB;

É interessante observar que acima da pressão do ponto de bolha, não existe gás
livre e a expressão é reduzida à equação que descreve o fator de volume de
formação de petróleo, ou seja:

O gráfico abaixo a seguir mostra a curva típica de Bt em função da pressão para


um petróleo bruto insaturado:

Figura 5: Bt e Bo vs. Pressão.

A curva do fator de volume de formação de petróleo também está incluída na


ilustração. Como apontado acima, Bo e Bt são idênticos a pressões acima ou
iguais à pressão do ponto de bolha, porque apenas uma fase, a fase oleosa,
existe a essas pressões.

Deverá observar-se que, a pressões abaixo da pressão do ponto de bolha, a


diferença nos valores das duas propriedades do petróleo representa o volume
do gás da solução evoluída, medido nas condições do sistema por barril de
petróleo do tanque de armazenamento.

Página 33 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Existem várias correlações que podem ser usadas para estimar o fator de volume
de formação em duas fases quando os dados experimentais não estão
disponíveis. Três desses métodos são:

• Correlação de Standing;
• Método de Glaso;
• Correlação de Marhoun.

Correlação de Standing

Para desenvolver esta correlação Standing utilizou um total de 387 pontos de


dados experimentais desenvolvendo assim uma correlação gráfica para prever
o fator de volume de formação de duas fases com um erro médio relatado de
5%. A correlação proposta utiliza os seguintes parâmetros para estimar o fator
de volume de formação de duas fases:

✓ Solubilidade do gás à pressão de interesse, Rs;


✓ Densidade do gás em solução, gs;
✓ Densidade do petróleo, 60 ° / 60 °;
✓ Temperatura do reservatório, T;
✓ Pressão de interesse, P.

No desenvolvimento de sua correlação gráfica, Standing usou um parâmetro de


correlação combinado que é dado por:

Com o expoente C definido da seguinte forma:

C = (2.9) 10−0.00027Rs

Podendo daí expressar-se a correlação de Standing da seguinte forma:

Página 34 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Viscosidade do Petróleo Bruto

A viscosidade do petróleo bruto é uma propriedade física importante que controla


e influencia o fluxo de petróleo através de meios porosos e tubos. A viscosidade,
em geral, é definida como a resistência interna do fluido a fluir.

A viscosidade do petróleo é uma forte função da temperatura, pressão,


densidade do petróleo, densidade do gás e solubilidade do gás. Sempre que
possível, a viscosidade do petróleo deve ser determinada por medições de
laboratório à temperatura e pressão do reservatório. A viscosidade é geralmente
relatada em análises PVT padrão. Se esses dados de laboratório não estiverem
disponíveis, os engenheiros podem se referir às correlações publicadas, que
geralmente variam em complexidade e precisão, dependendo dos dados
disponíveis sobre o petróleo bruto.

De acordo com a pressão, a viscosidade dos petróleos brutos pode ser


classificada em três categorias:

a) Viscosidade do dead-oil

A viscosidade do dead-oil é definida como a viscosidade do petróleo bruto à


pressão atmosférica (sem gás na solução) e à temperatura do sistema.

b) Viscosidade de petróleo saturado

A viscosidade do petróleo saturado (ponto de bolha) é definida como a


viscosidade do petróleo bruto na pressão do ponto de bolha e na temperatura do
reservatório.

c) Viscosidade de petróleo insaturado

A viscosidade do petróleo insaturado é definida como a viscosidade do petróleo


bruto a uma pressão acima do ponto de bolha e da temperatura do reservatório.

Estimativa da viscosidade do petróleo a pressões iguais ou inferiores à pressão


do ponto de bolha é um procedimento de duas etapas:

Etapa 1. Calcule a viscosidade do petróleo sem gás dissolvido (dead-oil), μob, na


temperatura do reservatório.

Página 35 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Etapa 2. Corrija a viscosidade do dead-oil para levar em consideração o efeito


da solubilidade do gás na pressão de interesse.

Etapa 3: a pressões maiores que a pressão do ponto de bolha do petróleo bruto,


deve ser calculada à viscosidade do petróleo do ponto de bolha, μob, para
explicar a compressão e o grau de subsaturação no reservatório.

Tensão Superficial

A tensão superficial é definida como a força exercida no limite camada entre uma
fase líquida e uma fase de vapor por unidade de comprimento. Essa força é
causada por diferenças entre as forças moleculares na fase de vapor e as da
fase líquida e também pelo desequilíbrio dessas forças na interface. A superfície
pode ser medida em laboratório e é incomumente expressa em dines por
centímetro.

A tensão superficial é uma propriedade importante nos cálculos de engenharia


de reservatórios e no design de projetos aprimorados de recuperação de
petróleo.

Pode-se determinar a tensão superficial ou interfacial a partir de uma relação


que correlaciona a tensão superficial de um líquido puro em equilíbrio com seu
próprio vapor. Os parâmetros de correlação da relação proposta são o peso
molecular M do componente puro, as densidades de ambas as fases e um novo
parâmetro independente Pch, independente da temperatura. A relação é
matematicamente expressa da seguinte forma:

Onde:

σ: tensão superficial;

Pch: parachor, parâmetro independente da temperatura.

Página 36 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

O parachor é uma característica constante adimensional de um composto puro


e é calculado impondo dados de tensão e densidade de superfície medidos
experimentalmente na Equação (2-124):

Onde:

xi: fração molar do componente i na fase oleosa;

yi: fração molar do componente i na fase gasosa;

n: número total de componentes no sistema.

Os valores de parachor para um número selecionado de compostos puros são


apresentados na Tabela 1 abaixo:

Correlacionando o parachor com o peso molecular obtém-se uma equação linear


simples, válida apenas para componentes mais pesados que o metano, com a
seguinte forma:

Onde:

Mi: peso molecular do componente i;

(Pch) i: parachor do componente i.

Para uma mistura complexa de hidrocarbonetos emprega-se a correlação da


Equação (2-124) com os parâmetros A e B, definidos por:

Página 37 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Onde:

o: densidade da fase oleosa, lb / ft3;

Mo: peso molecular aparente da fase oleosa;

ρg: densidade da fase gasosa, lb / ft3;

Mg: peso molecular aparente da fase gasosa.

2.2.2.3. Propriedades da água do reservatório

Fator de volume de formação de água

O fator de volume de formação de água pode ser calculado pela seguinte


expressão matemática:

Onde os coeficientes A1 - A3 são dados pela seguinte expressão:

Ai = a1 + a2 (T - 460) + a3 (T - 460) 2

Com a1-a3 dada para água sem gás e saturada com gás dadas pelas tabelas
abaixo:

Gas-free water / Água sem gás

Página 38 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Água saturada com gás / Gas-Saturated Water

A temperatura T na Equação 2-127 é dada em ° R.

Viscosidade da água

pode-se determinar a viscosidade da água, que explica os efeitos da pressão e


da salinidade pela seguinte correlação:

Com:

Onde:

μwT: viscosidade da salmoura a 14,7 psi e temperatura do reservatório T, cp

ws: percentagem em peso de sal em salmoura;

T: temperatura em ° R.

O efeito da pressão P na viscosidade da salmoura pode ser estimado de:

μw = μwT (0.9994 + 4.0295 × 10−5 P + 3.1062 × 10−9 P2)

Onde:

μw é viscosidade da salmoura à pressão e temperatura.

Página 39 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Podendo-se, também, fazer uso de uma outra equação mais simples, que
considera apenas os efeitos da temperatura:

onde T está em ° F e μw está em cp.

Solubilidade do gás na água

A seguinte correlação pode ser usada para determinar a solubilidade do gás na


água:

Onde:

A temperatura T nas equações acima é expressa em ° F.

Compressibilidade isotérmica da água

Para estimar a compressibilidade isotérmica da água, ignorando as correções


de gases e sólidos dissolvidos pode se usar a seguinte equação:

Onde:

Página 40 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

2.2.3. Termodinâmica de fluidos e Diagrama de fases (PVT)

2.2.3.1. Diagrama de fases

Os fluidos de reservatórios de petróleo são misturas complexas que contêm


muitos componentes de hidrocarbonetos que variam em tamanho, desde gases
leves como metano (C1) e etano (C2) a hidrocarbonetos muito grandes,
moléculas contendo 40 ou mais átomos de carbono. Componentes não
hidrocarbonetos como nitrogênio, H2S ou Co2 também podem estar presentes.

A água está presente em essencialmente todos os reservatórios. A uma dada


temperatura e pressão, os componentes se distribuem entre as fases sólida,
líquida e de vapor presentes em um reservatório.

Uma fase é a parte de um sistema homogêneo, delimitada por uma superfície e


fisicamente separável de outras fases.

Os diagramas de fase de equilíbrio oferecem representações convenientes das


faixas de temperatura, pressão e composição nas quais coexistem várias
combinações de fases.

O comportamento das fases desempenha um papel importante em uma


variedade de aplicações de engenharia de reservatório, variando da manutenção
da pressão ao projeto do separador, aos processos de recuperação de petróleo
aprimorada (EOR).

2.2.3.1.1. Diagrama Pressão-Temperatura

Estes diagramas de pressão-temperatura multicompetentes são essencialmente


usados para:

• Classificar reservatórios;
• Classificar os sistemas de hidrocarbonetos que ocorrem naturalmente;
• Descrever o comportamento da fase do fluido do reservatório.

As condições sob as quais essas fases existem são uma questão de


considerável importância prática. As determinações experimentais ou
matemáticas dessas condições são convenientemente expressas em diferentes

Página 41 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

tipos de diagramas, comumente chamados de diagramas de fases. Um desses


diagramas é chamado diagrama de pressão-temperatura.
Embora um sistema de hidrocarboneto diferente tenha um diagrama de fases
diferente, a configuração geral é semelhante. De seguida podemos observar um
diagrama típico de pressão-temperatura de um sistema multicomponente com
uma composição geral específica.

Figura (A): Diagrama P-T típico de um sistema multicomponente.

Figura (B): Diagrama P-T típico de um Black-oil comum.

Página 42 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Para entender completamente o significado dos diagramas de pressão-


temperatura, é necessário identificar e definir os seguintes pontos-chave nesses
diagramas:

• Cricondentherm (Tct):

O Cricondentherm é definido como a temperatura máxima acima da qual o


líquido não pode ser formado, independentemente da pressão (ponto E). A
pressão correspondente é denominada de pressão da Cricondentherm pCt .

• Cricondenbar (pcb):

O Cricondenbar é a pressão máxima acima do qual nenhum gás pode ser


formado, independentemente da temperatura (ponto D). A temperatura
correspondente é denominada temperatura de Cricondenbar Tcb.

• Ponto crítico:

O ponto crítico para uma mistura multicomponente é referido como o estado de


pressão e temperatura em que todas as propriedades intensivas das fases
gasosa e líquida são iguais (ponto C). No ponto crítico, a pressão e a temperatura
correspondentes são denominadas pressão crítica pc e temperatura crítica Tc da
mistura.

• Envelope de fase (região bifásica):

A região envolvida pela curva do ponto de bolha e pela curva do ponto de orvalho
(linha BCA), em que gás e líquido coexistem em equilíbrio, é identificada como
o envelope de fase do sistema de hidrocarbonetos.

• Linhas de qualidade:

As linhas tracejadas no diagrama de fases são chamadas de linhas de qualidade.


Eles descrevem as condições de pressão e temperatura para volumes iguais de
líquidos. Observe que as linhas de qualidade convergem no ponto crítico (ponto
C).

Página 43 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

• Curva de ponto de bolha:

A curva de ponto de bolha (linha BC) é definida como a linha que separa a região
de fase líquida da região de duas fases.

• Curva do ponto de orvalho:

A curva do ponto de orvalho (linha AC) é definida como a linha que separa a
região da fase de vapor da região de duas fases.

2.2.3.1.2. Classificação de reservatórios em função das fases

Os reservatórios de petróleo são amplamente classificados como reservatórios


de petróleo ou gás. Essas classificações são subdivididas, dependendo de:

▪ A composição da mistura de hidrocarbonetos do reservatório;


▪ Pressão e temperatura iniciais do reservatório;
▪ Pressão e temperatura da produção da superfície;

Em geral, os reservatórios são convenientemente classificados com base na


localização do ponto que representa a pressão inicial pi do reservatório e a
temperatura T em relação ao Diagrama Pressão-Temperatura do fluido do
reservatório. Consequentemente, os reservatórios podem ser classificados em
basicamente dois tipos:

a) Reservatórios de petróleo

Se a temperatura T do reservatório for menor que a temperatura crítica Tc do


fluido do reservatório, o reservatório será classificado como reservatório de
petróleo.

b) Reservatórios de gás

Se a temperatura do reservatório for superior à temperatura crítica do fluido


(hidrocarboneto), o reservatório é considerado um reservatório de gás.

Página 44 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Reservatórios de petróleo

Dependendo da pressão inicial do reservatório pi, os reservatórios de petróleo


podem ser subclassificados nas seguintes categorias:

A. Reservatório de petróleo insaturado:

Se a pressão inicial do reservatório pi (conforme representada pelo ponto 1 na


Figura A) for maior que a pressão do ponto de bolha pb do fluido do reservatório,
o reservatório será rotulado como um reservatório de petróleo insaturado.

B. Reservatório de petróleo saturado:

Quando a pressão inicial do reservatório é igual à pressão do ponto de bolha do


fluido do reservatório, conforme mostrado na (Figura A) pelo ponto 2, o
reservatório é chamado de reservatório de petróleo saturado.

C. Reservatório com chapéu de gás:

Se a pressão inicial do reservatório estiver abaixo da pressão do ponto de bolha


do fluido do reservatório, conforme indicado no ponto 3 da Figura A, o
reservatório será denominado chapéu de gás ou reservatório bifásico, no qual a
fase de gás ou vapor é subjacente por uma fase oleosa. A linha de qualidade
apropriada fornece a proporção entre o volume do chapéu de gás e o volume do
petróleo do reservatório.

Os petróleos brutos cobrem uma ampla variedade de propriedades físicas e


composições químicas, e geralmente é importante poder agrupá-los em amplas
categorias de petróleos relacionados. Em geral, os petróleos brutos são
geralmente classificados nos seguintes tipos:

✓ Black-oil comum (Ordinary black oil);


✓ Petróleo bruto de baixa contracção (Low-shrinkage crude oil);
✓ Petróleo bruto de alta retração (volátil), (High-shrinkage crude oil);
✓ Petróleo bruto quase crítico (Near-critical crude oil).

Página 45 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

As classificações acima são essencialmente baseadas nas propriedades


exibidas pelo petróleo bruto, incluindo propriedades físicas, composição, razão
gás-petróleo, aparência e diagramas de fase pressão-temperatura.

1. Black-oil comum (Ordinary Black oil)

Um diagrama de fase pressão-temperatura típico para o Black-oil comum é


mostrado na Figura B.

Deve-se notar que as linhas de qualidade, que são aproximadamente igualmente


espaçadas, caracterizam esse diagrama de fases do Black-oil.

Seguindo o caminho de redução de pressão como indicada pela linha vertical


EF na Figura B, a curva de retração do líquido, como mostra a Figura C:

Página 46 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

É preparada plotando a percentagem do volume de líquido em função da


pressão.

A curva de retração do líquido se aproxima de uma linha reta, exceto em


pressões muito baixas. Quando produzido, o Black-oil comum geralmente
produzem relações gás-petróleo entre 200 e 700 scf / STB e Densidades de
petróleo de 15 ° a 40 ° API. O petróleo do tanque de armazenamento é
geralmente de cor marrom a verde escuro.

2. Petróleo de baixa retração

Um diagrama de fase típico da pressão-temperatura para o petróleo de baixa


retração é mostrado na Figura D:

O diagrama é caracterizado por linhas de qualidade espaçadas próximo à curva


do ponto de orvalho. A curva de retração do líquido, conforme apresentada na
Figura E:

Página 47 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

Ela mostra as características de retração dessa categoria de petróleos brutos.


As outras propriedades associadas a esse tipo de petróleo são:

▪ Fator de volume de formação de petróleo menor que 1,2 bbl / STB;

▪ Relação gás-petróleo menor que 200 scf / STB;

▪ Densidade do petróleo menor que 35 ° API;

▪ Preto ou profundamente colorido;

▪ Recuperação substancial de líquido nas condições do separador,

conforme indicado no ponto G na linha de qualidade de 85% Figura D.

3. Petróleo bruto volátil

O diagrama de fases para um petróleo bruto volátil (alta contracção) é


apresentado na Figura F:

Observe que as linhas de qualidade estão próximas umas das outras perto do
ponto de bolha e são mais espaçadas a pressões mais baixas. Esse tipo de
petróleo é comumente caracterizado por uma alta contracção líquida
imediatamente abaixo do ponto de bolha, como mostra a Figura G (curva típica
de retração líquida para um petróleo bruto volátil):

Página 48 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

As outras propriedades características deste petróleo incluem:

✓ Fator de volume de formação de petróleo menor que 2 bbl / STB;

✓ Razões gás-petróleo entre 2.000 e 3.200 scf / STB;

✓ Densidades do petróleo entre 45 ° e 55 ° API;

✓ Menor recuperação de líquido das condições do separador, conforme

indicado no ponto G na Figura G;

✓ De cor esverdeada a laranja.

Outra característica dos reservatórios de petróleo voláteis é que a Densidade


API do líquido do tanque de armazenamento aumentará na vida útil posterior dos
reservatórios.

4. Petróleo bruto quase crítico

Se a temperatura T do reservatório estiver próxima da temperatura crítica Tc do


sistema de hidrocarbonetos, como mostra a Figura H (diagrama de fase
esquemático para o petróleo bruto quase crítico):

Página 49 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

A mistura de hidrocarbonetos é identificada como um petróleo bruto quase


crítico. E como todas as linhas de qualidade convergem no ponto crítico, uma
queda de pressão isotérmica (como mostra a linha vertical EF na Figura H)
pode reduzir o petróleo bruto de 100% do volume de poros de hidrocarbonetos
no ponto de bolha para 55% ou menos a uma pressão de 10 a 50 psi abaixo do
ponto de bolha.

O comportamento característico de retração do petróleo bruto quase crítico é


mostrado na Figura I:

Página 50 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

O petróleo bruto quase crítico é caracterizado por um GOR alto, superior a 3.000
scf / STB com um fator de volume de formação de petróleo de 2,0 bbl / STB ou
superior. As composições de petróleos quase críticos são geralmente
caracterizadas por 12,5 a 20% em mol de heptanos mais, 35% ou mais de etano
através de hexanos e o restante metano.

A Figura J (Contração líquida para sistemas de petróleo bruto) compara a forma


característica da retração do líquido curva para cada tipo de petróleo bruto.

Reservatórios de Gás Natural

Em geral, se a temperatura do reservatório estiver acima da temperatura crítica


do sistema de hidrocarbonetos, o reservatório é classificado como um
reservatório de Gás Natural. Com base em seus diagramas de fases e nas
condições prevalecentes dos reservatórios, os gases naturais podem ser
classificados em quatro tipos:

• Condensado a gás retrógrado;


• Condensado a gás quase crítico;
• gás húmido;
• gás seco.

Página 51 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

1. Reservatório de gás condensado retrógrado.

Se a temperatura T do reservatório estiver entre a temperatura crítica Tc e o


termocondutor Tct do fluido do reservatório, o reservatório é classificado como
um reservatório condensado a gás retrógrado.

Esta categoria de reservatório de gás é um tipo único de acumulação de


hidrocarbonetos, em que a termodinâmica especial do comportamento do fluido
do reservatório é o fator de controle no desenvolvimento e no processo de
depleção do reservatório. Quando a pressão diminui nessas misturas, em vez de
se expandir (se for um gás) ou vaporizar (se for um líquido), como seria de se
esperar, elas se evaporam em vez de se condensar.

Considere que a condição inicial de um reservatório de gás retrógrado é


representada pelo ponto 1 no diagrama de fases pressão-temperatura da
Figura K (diagrama de fases típico de um sistema retrógrado):

Como a pressão do reservatório está acima da pressão do ponto de orvalho


superior, o sistema de hidrocarboneto existe como uma fase única (isto é, fase
de vapor) no reservatório.

Como a pressão do reservatório diminui isotérmica durante a produção da


pressão inicial (ponto 1) para a pressão do ponto de orvalho superior (ponto 2),
a atração entre as moléculas dos componentes leves e pesados faz com que

Página 52 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

eles se afastem. À medida que isso ocorre, a atração entre as moléculas de


componentes pesados se torna mais eficaz; assim, o líquido começa a
condensar.

Esse processo de condensação retrógrada continua com a diminuição da


pressão até que a queda de líquido atinja seu máximo no ponto 3. Uma redução
adicional na pressão permite que as moléculas pesadas iniciem o processo
normal de vaporização. Esse é o processo pelo qual menos moléculas de gás
atingem a superfície do líquido, o que causa a saída de mais moléculas do que
a entrada na fase líquida. O processo de vaporização continua até que a pressão
do reservatório atinja a pressão mais baixa do ponto de orvalho. Isso significa
que todo o líquido que se formou deve vaporizar porque o sistema é
essencialmente todo os vapores no ponto de orvalho mais baixo.

A Figura L: mostra uma curva típica de volume de retração de líquido para um


sistema de condensado. A curva é comumente chamada de curva de evasão
líquida.

Na maioria dos reservatórios de gás condensado, o volume de líquido


condensado raramente excede mais de 15% a 19% do volume de poro. Essa
saturação de líquido não é grande o suficiente para permitir qualquer fluxo de
líquido. Deve-se reconhecer, no entanto, que ao redor do poço onde a queda de
pressão é alta, pode haver acúmulo de líquido suficiente para gerar fluxo bifásico
de gás e líquido retrógrado.

Página 53 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

As características físicas associadas a esta categoria são:

• Razões gás-petróleo entre 8.000 e 70.000 scf / STB. Geralmente, a


razão petróleo-gás para um sistema de condensado aumenta com o
tempo devido à queda de líquido e à perda de componentes pesados
no líquido;
• Densidade condensada acima de 50 ° API
• O líquido do tanque de estoque é geralmente branco-água ou
ligeiramente colorido.

Existe uma linha divisória bastante nítida entre petróleos e condensados do


ponto de vista da composição. Os fluidos do reservatório que contêm heptanos
e são mais pesados em concentrações superiores a 12,5 mol% estão quase
sempre na fase líquida do reservatório. Foram observados petróleos com
heptanos e concentrações mais pesadas de 10% e condensados de 15,5%.
Esses casos são raros, no entanto, e geralmente têm densidades líquidas de
tanque muito altas.

2. Reservatório de gás condensado quase crítico

Se a temperatura do reservatório está perto da temperatura crítica, como mostra


a Figura M (diagrama de fase típico para um reservatório de condensado de gás
quase crítico):

Página 54 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

A mistura de hidrocarbonetos é classificada como um condensado gasoso quase


crítico. O comportamento volumétrico dessa categoria de gás natural é descrito
através dos declínios isotérmicos da pressão, como mostra a linha vertical 1-3
na Figura N (Curva de retração de líquido para um sistema de gás condensado
quase crítico):

E também pela curva de queda de líquido correspondente. Como todas as linhas


de qualidade convergem no ponto crítico, um rápido acúmulo de líquido ocorrerá
imediatamente abaixo do ponto de orvalho conforme a pressão é reduzida para
o ponto 2.

Esse comportamento pode ser justificado pelo fato de várias linhas de qualidade
serem atravessadas muito rapidamente pela redução isotérmica da pressão. No
ponto em que o líquido deixa de acumular e começa a encolher novamente, o
reservatório passa da região retrógrada para uma região normal de vaporização.

Página 55 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

3. Reservatório de gás húmido

Um diagrama de fase típico de um gás húmido é mostrado na Figura O:

De acordo com a (Figura O) a temperatura do reservatório está acima do


termocondutor da mistura de hidrocarbonetos.

Como a temperatura do reservatório excede o termocondutor do sistema de


hidrocarbonetos, o fluido do reservatório sempre permanecerá na região da fase
de vapor, à medida que o reservatório é esvaziado isotermicamente, ao longo da
linha vertical AB.

A temperatura do gás diminuirá se o gás entrar na região de duas fases, uma


fase líquida será condensada para fora do gás e será produzida a partir dos
separadores de superfície. Isso é causado por uma diminuição suficiente na
energia cinética de moléculas pesadas com queda de temperatura e sua
subsequente mudança para líquido através das forças atrativas entre as
moléculas.

Os reservatórios de gás húmido são caracterizados pelas seguintes


propriedades:

• Razões de gas-petróleo entre 60.000 e 100.000 scf / STB;


• Densidade do petróleo do tanque de estoque acima de 60 ° API;
• O líquido é de cor branco-água;
• As condições do separador, isto é, pressão e temperatura do separador,
ficam dentro da região bifásica.

Página 56 de 57
PETRÓLEO E GÁS | CAPÍTULO II: MECÂNICA DOS FLUIDOS EM MEIO POROSO
Unidade 2.2. Propriedades dum fluido nas condições de reservatório

4. Reservatório de gás seco

A mistura de hidrocarbonetos existe como gás, tanto no reservatório quanto nas


instalações de superfície. O único líquido associado ao gás de um reservatório
de gás seco é a água. Um diagrama de fase de um reservatório de gás seco é
apresentado na Figura P:

Normalmente, um sistema com uma relação gás-petróleo superior a 100.000 scf/


STB é considerado um gás seco.

A energia cinética da mistura é tão alta e a atração entre moléculas é tão


pequena que nenhuma delas se une a um líquido nas condições de temperatura
e pressão do tanque de armazenamento.

É importante salientar que a classificação dos fluidos de hidrocarbonetos


também pode ser caracterizada pela composição inicial do sistema.

Os componentes pesados nas misturas de hidrocarbonetos têm o efeito mais


forte nas características dos fluidos.

O diagrama ternário, com triângulos equilaterais, pode ser convenientemente


usado para definir aproximadamente os limites de composição que separam
diferentes tipos de sistemas de hidrocarbonetos.

A partir das observações anteriores, pode-se observar que misturas de


hidrocarbonetos podem existir no estado gasoso ou líquido, dependendo do
reservatório e das condições operacionais às quais estão sujeitas.

Página 57 de 57

Você também pode gostar