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Nikolas: O ladrão de raios

Tags História

Temas: Ciência e tecnologia

Eu tremia de nervoso em uma rua escura, iluminada apenas pela lua, toda a estrutura de ringue
que estava aqui antes sumiu em um estalar de dedos. Em frente a mim, estava o organizador da
luta clandestina de robôs que eu participava, um local mágico, onde qualquer pessoa endividada,
com muito tempo livre e disposta a arriscar sua vida pode vir se divertir colocando seus robôs
para batalhar até a morte com outros da mesma espécie. Só existe apenas um problema, o
perdedor deve pagar uma quantia ao Organizador caso perca, e ela acumula com as suas derrotas.
E bem... hoje foi a minha quinta derrota consecutiva. Não me julguem, eu sou apenas um garoto
de 17 anos que descobriu as lutas clandestinas ano passado para ganhar dinheiro, e como vocês
podem ver, não deu muito certo.

O organizador era um cara legal, ele andava com um grande casaco de penas pretas em cima
da sua blusa branca, tinha várias tatuagens espalhadas pelo seu corpo, usava uma máscara de gás
que brilhava em neon roxo e um olhar que diz "Cale-se ou eu te mato com todo o meu dinheiro",
um pouco assustador. Mas, ele gosta de mim, após me encontrar na rua correndo de uns caras
armados e usando uma arma de choque improvisada para fugir, o Organizador decidiu me
convidar para as batalhas. Acredito que tenha sido a primeira caridade dele.
— Você não pode continuar me devendo, garoto. — Ele disse, parecia estar hesitando em me
ameaçar.
— Calma... Calma... Eu sei que vou conseguir ganhar alguma batalha — Eu disse, tentando não
parecer desesperado. — Me dê mais algum tempo, eu te prometo.

— Você tem que ganhar na próxima, não me traga prejuízo — Ele disse, antes de se virar e ir
embora. Me deixando com a única companhia do breu e do frio da noite.
Eu precisava de um robô melhor, e rápido. E eu tinha uma ideia para isso. Existia um projeto
que eu havia abandonado. Eu chamo ele de módulo elétrico, com ele eu podia basicamente fazer
um robô que solta raios, irado, não? Entretanto, tem um probleminha, para isso eu precisaria de
um fonte de energia quase infinita, o que estraga todos os meus planos.
Começo a andar pelas ruas de Ilhéus até a minha casa, pisava nas poças de chuva melancólico,
enquanto afundava a mão nos bolsos do meu moletom. A algum tempo atrás a cidade havia se

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tornado um polo de tecnologia mundial. Devido a cientistas da USP que descobriram uma forma
de gerar energia com biomassa de uma forma extremamente rentável, podendo até doar a comida
depois. E a fruta mais rentável era o cacau, então vieram para cá, e as outras empresas
tecnológicas se aproveitaram do polo energético para se estalarem.
Eu morava na periferia da cidade, um bairro esquecido por Deus. Lá os meus pais tinham uma
oficina, foi assim que adquiri meu passatempo. E ele devia estar trazendo dinheiro pra nossa
casa, para nos mudarmos, mas meus pais insistem que eu devo focar na escola. Que saco!
[...]
Cheguei em cassa e fui direto para o meu quarto, não vi nenhum dos meus pais no caminho,
deviam estar na oficina. Peguei a minha mochila e uma máscara, não poderia ser reconhecido no
que iria fazer.
Peguei meu relógio inteligente, como eu havia esquecido dele? Era basicamente um celular de
pulso, com uma tela que parecia um foguete apontando para a minha mão, eu achava isso
engraçado. Quando estava quase saindo, o meu pai aparece. Ele vestia seu macacão cinza da
oficina, com a logo escrita "Mr. Robot", sua careca parecia brilhar, mas seu humor não.
— Nikolas? — Ele disse, parecia surpreso por me ver — Por que estava fora de casa? Vou
começar a te proibir de sair sem permissão!
— Desculpa pai, é que uns amigos me chamaram para jogar — Menti, eu nem tinha amigos —
Aliás, estou voltando para lá agora.
Meu pai suspirou e me deixou ir, ele havia desistido de me segurar em casa. Eu não culpo ele,
ando saindo quase todas as noites, e me controlar pioraria a situação. Agora, vamos ao que
interessa

[...]
Eu estava invadindo uma empresa, a tal maior empresa energética mundial. Eu havia
descoberto a um tempo uma falha no sistema, com ela eu podia entrar pela porta dos fundos
basicamente. De madrugada não havia nenhum cientista trabalhando, e já havia programado as
câmeras para me reconhecerem como um funcionário.
Era aqui onde eu conseguia as minhas peças, todas de altíssima qualidade. Invadi um
laboratório com meu cartão de funcionário falso e comecei a colocar tudo que eu precisava na
mochila, mas algo me chamou atenção. Uma bateria transparente com um "laser" dentro.

Me aproximei cuidadosamente, ao lado dela havia um holograma, que devia ser um relatório
de testes, analisei cuidadosamente e... não é possível... Analisei novamente, o mito era real?

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O nome do projeto era "Gerador de energia com antimatéria", então os boatos da internet eram
reais? Até hoje nunca haviam conseguido uma forma rentável de criar antimatéria, mas pelo
visto os mitos de provam reais quando você menos espera.
Toda matéria possui sua antimatéria, com as mesmas propriedades, mas cargas opostas. Como
o elétron que possuí o pósitron. E quando você colide os dois, uma energia absurda é liberada.
Com um grama de antimatéria você poder mandar uma lâmpada acesa por 59 anos, isso é muito
tempo.
Com isso eu finalmente poderia concluir meu projeto do módulo sem um limite de energia, eu
ia me tornar o Tony Stark, o herói homem de ferro das histórias em quadrinhos, que possuí um
reator de energia infinita que o permite fazer armaduras muito legais.
Sem pensar, eu apenas peguei a bateria. Eu me senti segurando a coisa mais preciosa que eu já
vi. Copiei os arquivos do holograma para um cartão de memória o mais rápido que eu pude e saí
correndo do lugar, era hora de recuperar todo o dinheiro que eu perdi.

[...]
E não é que estava funcionando? Eu estava agora na final do torneio, meu robô que parecia um
caminhão com uma bobina de tesla no topo da cabeça estava destruindo todos em um só golpe,
menos este. Eu mexia nervosamente no controle, droga, esse cara tinha me pegado.
Ele havia instalado um para-raios no robô, obviamente fez isso após me ver derrotar todos
com apenas um raio. Claro, isso era contra às regras, mas aqui ninguém se importa com quem
rouba no jogo, apenas com quem vence ele.
Então eu tentei destruir ele na força bruta, nossos robôs se chocaram violentamente, o dele
soltava chamas, e em pouco tempo isso iria super aquecer a minha máquina. Então, eu decidi
adiantar o trabalho. A grande arena portátil, protegida por grades de titânio se tornou quase como
uma cerca elétrica, de tantos raios que a minha máquina começou a soltar.

E a minha bobina explodiu, o robô dele capotou para trás e o meu continuou parado, esse era
meu plano "D", plano destrutivo. Meu robô atacou o inimigo até ele parar de funcionar, eu sorria
vitoriosamente, como um verdadeiro vencedor.

[...]
Após a minha vitória eu decidi comemorar, o dinheiro só cairia na minha conta no dia seguinte
devido às minhas dívidas, então eu comemorei me enfiando na garagem. Havia uma luva na
minha mão, ela tinha um design tecnológico, com a bateria e seus componentes expostos. Esse

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era um dos meus projetos, todos eu fazia na garagem escondido dos meus pais, eu tinha minhas
técnicas.
Porém, esse era especial, a luva possuía o módulo elétrico e com isso eu podia fazer quase
mágica. Estendi meu braço direito, que estava com a luva, para a parede. Na minha mão
esquerda havia outra luva, com botões no lado do indicador, que eu podia apertar com o dedão.

Apertei um deles e um raio saiu das pontas do meu dedo, eu gritei de felicidade, o raio acertou
a parede, deixando uma marca bem feia nela. Eu nem me importei, meu projeto havia finalmente
funcionado!
Mas, o mundo sempre tenta derrubar quem é um gênio. A energia da casa caiu, maldita
energia volátil. Eu comecei a pensar, como eu vou explicar isso para os meus pais?

Antes que eu pudesse continuar a me perguntar, eu ouvi um grito. Era a minha mãe em casa,
arregalei os olhos, assustado.

— Mãe?! — Gritei, isso não acontecia com frequência.

Ouvi outro grito, agora do meu pai, corri para a porta da garagem. Contudo, eu fiquei
paralisado. Tiros, um dos maiores medos da raça humana, atirar é um ato que pode destruir o
mundo com um simples, e agora, o meu mundo foi destruído.

Eram das gangues das lutas? Estavam atrás de mim? Como? Eles não sabem onde eu moro.
Essas dúvidas circulavam a minha mente, e elas foram interrompidas pelo estouro da porta da
garagem que explodiu repentinamente.

Voei para trás e caí de costas no chão. Quando olhei para frente fiquei extremamente
assustado. Uma máquina de forma humanoide, com canhões de laser no lugar das mãos me
encarava com seu único e brilhante olho vermelho. Eu tinha certeza de que isso significava morte
na certa.

Me levantei o mais rápido que pude, o robô mirou o canhão e atirou na minha direção, porém
eu consegui desviar por muito pouco. Estendi a mão direita trêmula em direção a mesa de
ferramentas, apertei um botão na luva esquerda e todas as ferramentas voaram para a minha mão
direita. Eu havia criado um campo eletromagnético nela, que soltava faíscas, fazendo todos os
objetos metálicos da mesa serem atraídos. Girei a mão na direção do robô e todos os objetos
voaram para seu olho feioso.

Seu olho quebrou, mas antes que eu pudesse comemorar outro apareceu rapidamente. Eu
estava ficando sem ideias. Decidi usar a minha arma secreta. O robô estava se atrapalhando para

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entrar, porque o outro que estava cego andava loucamente em voltas tentando achar algo para ser
seu novo alvo de lasers.

Peguei um parafuso e o segurei com a mão direita, era hora de utilizar do meu canhão
eletromagnético portátil. Um canhão eletromagnético funciona com dois trilhos energizados, o
que cria um campo magnético em volta de cada um deles, de acordo com a "regra da mão
direita". Uma vez que a corrente ocorre em direções opostas em cada trilho, o campo magnético
resultante entre os trilhos é direcionado verticalmente. Isso produz uma força de Lorentz, e com
isso o projétil desliza na direção oposta a fonte de energia. Com isso um projétil pode atingir
8.800 km/h, o que causa um estrago dos grandes. Normalmente eu precisaria de cerca de 9kW/h
por disparo, porém, agora eu tenho a bateria de antimatéria, não é incrível?

Minha luva começou a simular o mesmo processo, e o prego voou como um raio, o que dava
um efeito muito bonito, e fez um buraco no peito dos dois robôs, que caíram no chão.

— Não mexam com o incrível mestre dos raios! — Gritei, tentei parecer intimidador — Ou
ficaram chocados!
O meu novo amiguinho que surgiu por cima dos cadáveres de seus irmãos, não gostou nada
disso. Seu canhão de laser começou a carregar em potência máxima.

— Eu estava brincando! — Disse, assustado — Podemos ser amigos cara, eu te dou quanta
energia você precisar!

Eu não esperava que ele fosse me responder, mas acho que energia era exatamente o que a
máquina queria.
— Nos dê a bateria de antimatéria — Ele disse, com sua voz robótica assustadora, parecia sair
diretamente daqueles filmes de ficção científica antigos que meu pai me mostrava.

— Foi mal lata velha, sem negociações.

Usei novamente o truque do campo magnético para puxar um dos cadáveres robóticos para a
minha mão. Seu irmão nada simpático atirou, e eu usei meu novo escudo humano. Ele não
aguentaria muitos tiros, então eu comecei a correr para fora da garagem.
Apertei o botão que abria o portão e saí em disparada para as ruas. Eu não sabia se meus pais
estavam bem, entretanto, aqueles feiosos estavam atrás de mim, não devem perder tempo com
velhotes. Eu precisava pensar, eu podia resolver esse problema, sozinho.
[...]

Eu estava deitado em uma cama que não era minha. A maioria dos edifícios era feitos de
metais, então eu me aproveitei disso para escalar um deles usando magnetismo, carreguei o

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cadáver do robô para dentro com extrema dificuldade, eu acabei caindo no chão umas 5 vezes.
Quebrei a janela e me joguei no que deveria ser a cama de alguém.

Era um quarto comum, mas a pessoa que morava aqui precisava de umas dicas ótimas de
higiene, tinha até uma caixa de pizza jogada no chão.

Após descansar o suficiente eu me levantei e decidi invadir o sistema desse robô. Não foi fácil.
Por sorte eu estava com a minha mochila que eu levava para as arenas, nela eu levava meu
notebook, então eu liguei ele. Enfiei a mão no buraco do robô e comecei a retirar os cabos.
Peguei um dispositivo retangular, nele você conectava fios e ele os reconhecia, com isso eu podia
descobrir qual leva ao sistema operacional do robô.

Conectei o fio certo no notebook usando um adaptador e comecei o meu trabalho. Foi cerca de
2 horas trabalhando nisso. Eu finalmente consegui acesso aos dados dele, nesse processo eu
descobri que eu seus comandos viam de uma fonte externa, alguém tava mandando neles.

Eles queriam a bateria, claro, alguém devia estar planejando um roubo, a única forma de terem
me encontrando era colocando um rastreador na bateria. Mas por que não roubaram logo? Talvez
tivessem um infiltrado que pôs o rastreador, e ele não devia saber das mesmas falhas de
segurança que eu.

Enquanto analisava o robô a fundo eu me assustei, era a mesma tecnologia do Organizador.


Muitos não sabem disso, porém o Organizador tem sua assinatura. Todas as máquinas dele
possuem a mesma base de software, deve ser para organizar melhor. Sabe, Organizador,
organizar, vocês entenderam.

— Organizador, por que se meter nisso? — Falei para mim mesmo — Talvez quando ele souber
que sou eu, ele possa negociar comigo. Isso, Nikolas você é um gênio!

Então comecei o trabalho, retirei o rastreador que havia sido implantado no sistema
operacional da bateria e comecei a enviar mensagens para o Organizador. Mas, logo eu me
arrependi. Isso mesmo crianças, não mandem mensagem para o maluco que está tentando te
matar.

Tempos após eu avisá-lo, a porta do quarto explodiu. Guardei o notebook na minha mochila, e
segurei um parafuso na mão.

— Organizador! — Gritei para a máquina ameaçadora que entrou no quarto — Eu pensei que
éramos amigos!

Usei o truque do canhão eletromagnético novamente, destruindo a cabeça do meu inimigo.


Claro, outros começaram a aparecer. Olhei para a janela destruída, que eu destruí quando entrei,

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e só vi uma alternativa, pular na morte certa.
Claro, não tentem pular de janelas de casas que vocês invadiram, na verdade, não invadam
casas por favor. Corri, e pulei. Era bem alto, coloquei minha mão na parede para tentar grudar
por magnetismo. Eu tremia de tensão, o vento frio nos meus ossos não colaborava com a
situação.

— Funciona! — Gritei para a luva.

E funcionou, ela grudou na parede instantaneamente. Acho que Deus me ama. Porém, com
milagres vem consequências, a bíblia mentiu para mim. Senti uma dor imensa no meu braço, a
força resultante da queda deu um tranco nele. Se eu der sorte, o osso continua no lugar.

[...]
Decidir poupar vocês do processo chato de fuga. Eu sou incrível, não se preocupem, conheço
essas ruas como o microcontrolador do meu robô. Me enfiei em um beco e liguei meu relógio
inteligente que eu nunca tirava do pulso. Meus pais deviam estar preocupados, provavelmente
em alguma delegacia agora.
Liguei para o meu pai, e ele não atendeu, liguei mais três vezes, continuou não atendendo.
Então, liguei para minha mãe.
— Filho? — Ela disse, seu som parecia meio abafado, o supressor de ruídos do microfone do
relógio devia estar fazendo seu trabalho — Meu Deus, você está bem?!

— Sim mãe, cadê o meu pai? — Perguntei, estava preocupado de que algo havia acontecido com
ele.
— Ele... — Eu congelei, não... não pode... — Ele foi atingido pelas máquinas malucas! Está em
estado grave agora.
— Desculpa... — Lágrimas lentamente rolaram pelo meu rosto — Isso é culpa minha...
— Está louco?! Deve ser um daqueles bandidos — Ela parecia mais calma do que deveria,
provavelmente para me consolar — Venha logo eu estou preocupada, não invente de sumir!
E eu desliguei a ligação. A culpa havia atingido o meu peito, a minha irresponsabilidade, tudo
isso era culpa minha. Eu não devia ter roubado, eu não devia ter me enfiado em coisas ilegais...
Não... Eu ainda posso consertar, sozinho, eu posso destruir a base desses idiotas e continuar com
a bateria!
— Mãe, essa vai ser pelo meu pai!

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Estava na hora de planejar, peguei meu notebook e entrei no sistema operacional do
Organizador. Eu terei a minha vingança. Tá, soou meio idiota desse jeito, como um personagem
clichê, mas eu tenho meus motivos.
[...]
Meu plano estava pronto, passei dois dias dormindo em uma cafeteria com internet que
funcionava por 24 horas, por sorte o dinheiro havia caído na minha conta então consegui
comprar tudo que era necessário.
Meu plano consistia em usar a minha luva como um PEM, uma bomba eletromagnética que
iria desativar todo o sistema eletrônico do armazém principal do Organizador. Porém, isso iria
fazer a minha luva quebrar, então não pode falhar. Com isso, posso invadir o armazém e
implantar meu vírus que irá corromper todo o sistema operacional do Organizador.

Por sorte eu havia trabalhado para ele algumas vezes, em troca de não precisar pagar a taxa.
Então foi mais fácil invadir o sistema para descobrir a localização do armazém e criar o vírus.
Agora, eu só precisava chegar lá.

Saí da cafeteria com a minha mochila e pedi um motorista por aplicativo. O armazém
ironicamente ficava em uma instalação abandonada da maior empresa energética mundial. Mais
especificamente, no subsolo da instalação.
[...]

Não foi difícil entrar na instalação abandonada, até porque, bem, ela estava abandonada.
Olhando a planta eu consegui achar uma porta, o Organizador nem se preocupou em esconder,
afinal todos têm medo dele. Mas eu, sou suicida.

A porta tinha algum sistema de reconhecimento, nem me preocupei em analisar. Apenas usei a
luva para eletrificar e dar pane no sistema, abrindo a porta. Eu entrei e percebi ser um elevador,
cliquei no último andar e tomei um susto dos grandes. Ele desceu tão rápido que eu podia jurar
que voei. Agora entendi o motivo dos corrimões, aproveitei e me segurei em um deles com os
olhos arregalados.
Assim que cheguei no andar de baixo a porta de abriu, havia um corredor branco e extenso na
minha frente. Provavelmente com um ótimo sistema de segurança, então eu decidi usar meu
PEM portátil. Assim que eu usei, todas as luzes se apagaram e o lugar todo ficou escuro.
Peguei a minha lanterna, comprei uma antiga sem nenhum componente eletrônico para eu
conseguir usar. Liguei a e segui pelo corredor.
[...]

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Depois de um bom tempo andando eu cheguei no local principal, e era assustador. Estava na
frente de um computador com vários monitores, atrás tinha uma janela de vidro que mostrava o
deposito de máquinas. Várias réplicas daqueles que tentaram me matar estavam enfileiradas em
um espaço enorme, ainda bem que meu PEM os desligou.

Tirei uma caixa da minha mochila, ela estava coberta de papel alumínio. Tudo isso para
proteger meu cartão de memória do PEM. Conectei ele ao computador e suspirei, pronto, quando
a energia voltasse o vírus iria destruir o sistema operacional do Organizador. Pronto. Tudo
terminado, pelo menos era o que deveria ter acontecido.

Na verdade, o computador tinha energia, e eu tomei um susto quando percebi isso. Que
bruxaria contra PEM ele possui? Tá, isso não importa, meu vírus já deve estar agindo, certo?
Também não. Todas as máquinas se ligaram ao mesmo, provavelmente reagindo ao meu vírus,
mas de um jeito negativo. Percebi meu egocentrismo ao pensar que sozinho poderia destruir isso
tudo, foi um erro eu entrar aqui, foi um erro eu roubar a bateria. Novamente, a culpa era minha.
O exército começou a atirar na minha direção, eu me abaixei e comecei a correr desesperado,
me cortando com o vidro que caía da janela. Eu não podia simplesmente voltar pelo caminho que
eu entrei, eu seria morto rapidamente.
Pensa Nikolas, pensa. Olhei para a minha luva, claro, a ironia do destino, era a única forma de
eu sair.
Saí correndo para o corredor, alguns tiros a laser passaram de raspão em mim, o que quase me
fez cair no chão de dor. Tirei a minha luva da mão direita, a bateria, meu projeto, tudo iria para
os ares agora. Joguei ela no meio do exército e continuei correndo.

Quando fiquei longe o suficiente, apertei um botão extra na luva esquerda, o botão de auto-
destruição. Ouvi a explosão, que deve ter feito um estrago enorme e caí no chão com o ouvido
zumbindo. A bateria estava destruída, o armazém também, e a minha amizade com o
Organizador. Uau, muita coisa. E agora, o que eu vou fazer?

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