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09/11/2014 Positivismo lógico – Wikipédia, a enciclopédia livre

Positivismo lógico
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Positivismo lógico é um modelo filosófico geral, também denominadaempirismo


lógico ou neopositivismo, desenvolvida por membros do Círculo de Viena com base no pensamento
empírico tradicional e no desenvolvimento dalógica moderna.

O positivismo lógico restringiu o conhecimento à ciência e utilizou o verificacionismo para rejeitar


a Metafísica não como falsa, mas como destituída de significado. A importância da ciência levou
positivistas lógicos proeminentes a estudar o método científico e explorar a lógica da teoria da
confirmação.

O positivismo lógico hoje em dia é desconsiderado pela maioria dos filósofos. Mas, as correntes
filosóficas desdobradas de Kuhn (que estabelece o caráter paradigmático da ciência) e Paul
Feyerabend (demonstrando que na prática científica a ciência não evolui segundo normas pré-
estabelecidas) geraram graves problematizações de suas idéias.

Índice [esconder]
1 História
2 Principais Temas
2.1 Verificacionismo
2.2 Conhecimento analítico e sintético
2.3 Ciência Unificada
3 Críticas ao Positivismo Lógico
4 Estado atual dentro da Filosofia
5 Veja também
5.1 Pessoas
6 Referências

História [ editar | editar código-fonte ]

O positivismo lógico surgiu no início do século XX com o Círculo de Viena. Em princípio, o Círculo de
Viena, liderado por Moritz Schlick, era um grupo de discussão constituído por cientistas e filósofos com
o objetivo de criar uma nova filosofia da ciência com uma rigorosa demarcação do científico e do não-
científico. 1 Teve influências de Ernst Mach, Percy Bridgman e Ludwig Wittgenstein, sendo este último
autor do Tractatus Logico-Philosophicus, que os membros do Círculo se inspiraram expressamente
neste livro para a construção das suas doutrinas. 2 A partir de 1929, o positivismo lógico começou a ter
reconhecimento internacional e já possuía vários defensores, entre eles estavam filósofos e cientistas
escandinavos, polacos, britânicos, alemães e norte-americanos. Um grupo que se destacou foi o
Círculo de Berlim, liderado por Hans Reichenbach, em resposta à metafísica hegeliana. 1

No fim dos anos 30, os membros do Círculo de Viena se dispersaram devido a morte de Schlick e na
Alemanha o grupo também se desfez devido aos avanços do nazismo. Enquanto isso, o positivismo
lógico estava sendo difundido por Alfred Jules Ayer na Inglaterra. 3

Após a II Guerra Mundial, as doutrinas do positivismo lógico eram cada vez mais atacadas por
pensadores como Willard Van Orman Quine, Karl Popper, Thomas Kuhn, Peter Strawson e Hilary
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Putnam, chegando a sua total decadência por volta dos anos 60. 3

Principais Temas [ editar | editar código-fonte ]

Como um movimento em reação à filosofia idealista que rondava as Universidades alemãs da época, o
positivismo lógico teve como características marcantes a busca por uma ciência unificada, a anti-
metafísica, através do verificacionismo, e a definição de conhecimentos analítico e sintético.

Verificacionismo [ editar | editar código-fonte ]

Para definir se uma asserção era significativa ou não, os positivistas lógicos se utilizaram do critério de
verificacionismo para fazer a demarcação entre o que era científico e o que não era. Assim, uma
asserção somente era "cognitivamente significativa" se existisse um procedimento finito para
determinar conclusivamente sua verdade. Uma consequência disso, é que afirmações metafísicas,
teológicas e da ética falhavam nesse ponto, então eram considerados como "pseudo-problemas".3 4

Mas o problema de saber realmente o que era empiricamente verificável fez surgir algumas vertentes
entre os positivistas lógicos. As mais importantes foram o verificacionismo forte e o verificacionismo
fraco.

Verificacionismo forte: Afirmava que uma asserção é verificável somente se a sua verdade podia
ser conclusivamente estabelecida pelo experimento. Mas essa vertente foi bastante criticada
porque era muito restritiva. Principalmente porque não verificava asserções negativas ou
universais. Schlick era o maior defensor deste tipo de verificacionismo.
Verificacionismo fraco: Em resposta ao verificacionismo forte, Ayer propôs uma versão mais fraca.
Afirmava que uma asserção era verificável se era possível a experiência para torná-la provável.
Mas também recebeu críticas por ser abrangente demais. 1

Conhecimento analítico e sintético [ editar | editar código-fonte ]

Utilizando como base a concepção de verificacionismo, os positivistas lógicos consideravam que


apenas dois tipos de proposições tinham significado: as proposições analíticas e as proposições
sintéticas.

O conhecimento analítico é tautológico (pode ser explicado por ele mesmo), e portanto pode ser
validado a priori. Exemplos disso são a matemática pura e a própria lógica. Para entender melhor,
pode-se dizer: "Todo homem solteiro é não-casado". Esta frase é verdadeira, e pode-se comprovar
isso apenas analisando os elementos da frase.
O conhecimento sintético são afirmações sobre o mundo real, e de acordo com os positivistas só
pode ser validado a posteriori, ou seja, pela observação. Um exemplo disso é a frase: "Hoje está
um dia frio", que é verdadeira somente se tem uma comprovação experimental, que nesse caso,
seria o próprio locutor da frase sentindo frio naquele dia. 3

Ciência Unificada [ editar | editar código-fonte ]

Uma outra característica dos positivistas lógicos era que buscavam uma "teoria unificada da ciência",
que pudessem usar para defender a ciência e diferenciá-la do que fosse metafísico e religioso,
considerado por eles como bobagem não-científica. Eles buscavam o desenvolvimento de uma
linguagem comum em que todas as afirmações científicas pudessem ser expressas.

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Essa ciência unificada era caracterizada pelo reducionismo, onde se acreditava que tudo podia ser
reduzido pelas explicações científicas, criando uma ciência mais fundamental. Alguns positivistas
lógicos afirmavam que o desenvolvimento dessa ciência e seus métodos de maneira satisfatória seria
aquela que mais correspondesse à física exemplar. 5

Críticas ao Positivismo Lógico [ editar | editar código-fonte ]

As primeiras críticas ao positivismo lógico surgiram quando alguns filósofos afirmaram que seus
princípios fundamentais não podiam ser formulados de forma consistente. O próprio critério de
verificabilidade não era verificável e, assim, não era consistente. 1 Havia também problemas com as
afirmações universais. Por exemplo, a frase "Todos os homens são mortais." não é possível ser
verificada, mas é verdade de fato. E isso levou a um enfraquecimento do movimento.6

Percebendo o problema, Karl Popper afirmou que o critério de verificabilidade era um termo muito forte
para a ciência, e substituiu pelo critério de falseabilidade. 4Porém, Popper acreditava que o fato de
simplesmente substituir o critério de demarcação utilizado pelos positivistas lógicos não era suficiente
para manter o movimento, pois o mesmo já estava "morto", devido à muitos outros enganos
fundamentais na filosofia positivista.6

Outros filósofos também atacaram o positivismo lógico com críticas, como Willard Van Orman Quine,
que criticou a distinção entre conhecimentos analítico e sintético e definiu como "dois dogmas do
empirismo" 7 , e também Thomas Kuhn, que criticou o fato dos positivistas lógicos não darem atenção
suficiente para a História da Ciência. 4

Estado atual dentro da Filosofia [ editar | editar código-fonte ]

Após receber várias críticas de alguns filósofos, o positivismo lógico foi cada vez mais "abandonado"
pelos seus defensores. Ao final dos anos 60, o movimento já tinha praticamente seu fim. No fim dos
anos 70, um de seus principais defensores, Ayer, disse em uma entrevista: "Acho que o mais
importante defeito dele... era que quase tudo nele era falso.".8 Mas esse movimento mantém um lugar
importante na história da filosofia da ciência como antecedente de filosofias contemporâneas, como o
neopositivismo.

Veja também [ editar | editar código-fonte ]

Pessoas [ editar | editar código-fonte ]


Alfred Jules Ayer Alfred Tarski Carl Gustav Hempel
David Rynin Ernest Nagel Friedrich Waismann
Hans Hahn Hans Reichenbach Herbert Feigl
Jan Lukasiewicz Karl Raimund Popper Kazimierz Ajdukiewicz
Kazimierz Twardowski Kurt Grelling Ludwig Wittgenstein
Moritz Schlick Otto Neurath Philipp Frank
Stanislaw Lesniewski Tadeusz Kotarbinski Thomas Kuhn

Referências
1. ↑ a b c d Pedro Galvão (2006). Positivismo Lógico. Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo_l%C3%B3gico 3/4
09/11/2014 Positivismo lógico – Wikipédia, a enciclopédia livre

Visitado em 21 de abril de 2013.


2. ↑ BARBOSA FILHO, B. Sobre o positivismo de Wittgenstein - Wittgenstein no Brasil, 2008. Páginas 141 -
162.
3. ↑ a b c d Thomas Uebel (2011). Vienna Circle Stanford Encyclopedia of Philosophy. Visitado em 19 de
abril de 2013.
4. ↑ a b c MOREIRA, M. A. ; MASSONI, N. T. Epistemologias do Século XX, 2011. Páginas 10 - 12.
5. ↑ CHALMERS, A. A Fabricação da Ciência, 1939. Páginas 14 - 17.
6. ↑ a b POPPER, K. R. Autobiografia Intelectual, 1986. Páginas 95 - 98.
7. ↑ SILVA, E. D.; ALENCAR M. S. D.; MORAIS J. A.; BARBOSA I. S. (2012). A epistemologia de Willard
van Orman Quine e suas contribuições para o ensino de ciências. Revista Amazonense de Ensino de
Ciências. Visitado em 26 de abril de 2013.
8. ↑ MAGEE, B. Mens of Ideas: Some Creators of Contemporary Philisophy, 1978. Página 131

http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo_l%C3%B3gico 4/4

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