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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CÁLCULO II - PROJETO NEWTON


AULA 09

Assunto:Gráco de funções de duas variáveis, funções de três variáveis reais a valores reais,
superfícies de nível,funções limitadas
Palavras-chaves: gráco, variáveis, superfícies de nível,funções limitadas

Gráco de funções de duas variáveis


As curvas de nível e o correspondente mapa de contorno de uma função de duas variáveis f : A ⊂ R2 −→ R
ajudam a melhor compreender a ação de uma função. Outra ferramenta que também é utilizada para esse
propósito é o gráco de f .

O gráco de uma função f : A ⊂ R2 −→ R é o conjunto

Gf = {(x, y, f (x, y)) ∈ R3 ; (x, y) ∈ Df }


Em geral o gráco de f é uma superfície no R3 que tema a propriedade de que toda reta paralela ao eixo
z pode tocar tal superfície em apenas um ponto.

Não é fácil esboçar o gráco de uma função de duas variáveis. Consideraremos apenas casos de funções
em que é possível fazer os esboços do gráco seguindo estes quatro passos:

1. Esboço da intersecção do gráco com o plano xz

2. Esboço da intersecção do gráco com o plano yz

3. curvas de nível e

4. curvas de contorno

O que são curvas de contorno de f : A ⊂ R2 −→ R?

A cada curva de nível de f corresponde a uma curva de contorno. A curva de contorno de f correspondente
a curva de nível f (x, y) = c é constituída pelos pontos do R3 que satisfaz
(
f (x, y) = c
z = c

ou ainda

{(x, y, c) ∈ Gf ; f (x, y) = c}

Esta curvas está sobre o gráco de f e é projetada em f (x, y) = c no plano xy .

Exemplo 1 Esboce o gráco da função dada

2
f (x, y) = x2 + y 2 (ou) z = x2 + y 2

• Intersecção com o plano xz

y = 0 ⇒ z = x2 (parábola)

• Intersecção com o plano yz

x = 0 ⇒ y = z 2 (parábola)

• Curvas de nível

Imf = [0, +∞)

Temos que

x2 + y 2 = 0 ⇒ x = y = 0

Portanto, (0, 0) é a curva de nível correspondente ao nível zero. Também temos que


c > 0, x2 + y 2 = c ⇒ x2 + y 2 = ( c)2

Logo, são as circunferências de centro na origem e raio c.

3
• Gráco

Exemplo 2 Esboce o gráco das seguintes funções

1. z = y 2 − x2

• Intersecção com o plano xz

y = 0 ⇒ z = −x2 (parábola com concavidade para baixo)

4
• Intersecção com o plano yz

x = 0 ⇒ y = z 2 (parábola)

• Curvas de nível

Imf = R

Temos que

c = 0 ⇒ y 2 − x2 = 0 ⇒ y 2 = x2 ⇒ y = ± x2 ⇒ y = ±|x| ⇒ y = |x| ou y = −|x|

Também temos que

√ √
c > 0, y 2 − x2 = c (hipérbole que toca o eixo y em c e − c)

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Finalmente temos que

√ √
c < 0, y 2 − x2 = c (hipérbole que toca o eixo x em c e − c)

• Curvas de contorno

• Gráco

2. f (x, y) = k, k constante
O gráco de f é um plano paralelo ao plano xy que corta o eixo z em k

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3. f (x, y) = x2
A função f independe da variável y

z = x2

• Intersecção com o plano xz

y = 0 ⇒ z = x2 (parábola)

• Intersecção com o plano yz

x=0⇒z=0

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• Curvas de nível

Imf = [0, +∞)

Temos que

√ √
c > 0, x2 = c ⇒ x = c ou x = − c

• Curvas de contorno

• Gráco

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De uma maneira análoga mostra-se que o gráco de uma função que independe de uma variável é obtido
pelo deslocamento do gráco da função de uma variável a qual ela é igual na direção do eixo correspon-
dente a variável ausente.
4. f (x, y) = y 2

5. f (x, y) = sin y

6. f (x, y) = sin x cos y

3y
7. f (x, y) = −
x2 + y2 + 1

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Funções de três variáveis reais
O gráco de uma função f : A ⊂ R3 −→ R de três variáveis reais a valores reais é o conjunto Gf denido
por

Gf = {(x, y, z, f (x, y, z)) ∈ R4 : (x, y, z) ∈ Df }

Assim, o gráco de f é um subconjunto do R4 , não sendo possível fazer um esboço do mesmo.

Para termos uma compreensão geométrica de uma função de três variáveis, podemos usar as suas superfí-
cies de nível, que é análogo as curvas de nível para funções de três variáveis.

Sejam f : A ⊂ R3 −→ R uma função de três variáveis e c ∈ Imf . O conjunto de todos os pontos de Df


que tem c como valor pela função f é a superfície de nível de f associada ao nível c é constituído pelos pontos
do domínio de f que satisfazem a equação

f (x, y, z) = c

Exemplo 3 Esboce as superfícies de nível da função dada

1. f (x, y, z) = z − x2 − y 2

Imf = R

Temos que

c ∈ R, z − x2 − y 2 = c ⇒ z = x2 + y 2 + c

Parabolóide com vértice no ponto (0, 0, c)

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2. f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2

Imf = [0, +∞)

Temos que

c = 0, x2 + y 2 + z 2 = 0 ⇒ x = y = z = 0

Portanto, a superfície de nível de f correspondente ao nível zero é a origem.

c > 0, x2 + y 2 + z 2 = c

Esfera de centro na origem e raio c.

Concluímos que as superfícies de nível de f é a origem e esferas (concêntricas) com centro na origem.

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Funções Limitadas
Uma função f : A ⊂ Rn −→ R é limitada se existe um número real positivo µ que satisfaz

|f (x1 , x2 , ..., xn )| ≤ µ

para qualquer (x1 , x2 , ..., xn ) ∈ Df .

A condição anterior é equivalente a

−µ ≤ f (x1 , x2 , ..., xn ) ≤ µ (∀(x1 , x2 , ..., xn ) ∈ Df )

Assim, uma função limitada de duas variáveis reais a valores reais tem seu gráco compreendido entre dois
planos paralelos ao plano xy , a saber, z = µ e z = −µ.

Observemos que toda função constante é limitada.

Exemplo 4 Mostre que cada uma das seguintes funções é limitada

x2
1. f (x, y) = .
x2 + y 2

Resolução:

x2
2
x
x2 ≤ x2 + y 2 ⇒ + 2
≤ 1 ⇒ x+ y 2 ≤ 1

x y

y2
Portanto, f é limitada. Analogamente, a função g(x, y) = é limitada.
x2 + y 2
x
2. f (x, y) = p .
x2 + y 2

Resolução:

√ s
x |x| x2 x2 √
= p =p = ≤ 1=1

x2 + y 2
p
x2 + y 2 | x2 + y 2 | x2 + y 2

Portanto, f é limitada.
x
3. f (x, y) = .
x2 + y 2 + 1

Resolução:

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r
x |x| |x| x2 x2 1
x2 + y 2 + 1 = x2 + y 2 + 1 ≤ x2 + y 2 = p(x + 1)2 = x2 + 1 x2 + 1 ≤ 1.1 = 1

y
Portanto, f é limitada. Analogamente, a função f (x, y) = é limitada.
x2 + y 2 + 1
xy
4. f (x, y) = ;
x2 + y 2

Resolução:

s s

p
xy |xy| (xy) 2 x 2 y2 x2 y2
x2 + y 2 = x2 + y 2 = p(x2 + y 2 )2 = (x2 + y 2 )2 = x2 + y 2 x2 + y 2 ≤ 1.1 = 1

Portanto, f é limitada. Na verdade, podemos mostrar que



xy 1
x2 + y 2 ≤ 2

x(y + z)
5. f (x, y, z) = .
x2 + y 2 + z 2

Resolução:


x(y + z) xy + xz xy xz
x2 + y 2 + z 2 = x2 + y 2 + z 2 x2 + y 2 + z 2 + x2 + y 2 + z 2
=


xy xz |xy| |xz|
≤ x2 + y 2 + z 2 x2 + y 2 + z 2 = x2 + y 2 + z 2 + x2 + y 2 + z 2
+

|xy| |xz|
≤ + 2 ≤1+1=2
x2 + y 2 x + z2

Portanto, f é limitada.

Exemplo 5 Mostre que a função

x
f (x, y) =
x2 + y2

não é limitada.

Resolução:

Se considerarmos apenas pontos do R2 da forma (x, 0) com x 6= 0, temos

x x 1
f (x, 0) = = 2 =
x2 + 02 x x

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1
Tomando x próximo de zero, assume valores arbitrariamente grandes. Logo, f (x, y) não é limitada.
x
Proposição 1 Sejam, f, g : A ⊂ Rn −→ R e k ∈ R. Se f e g são limitadas, então kf, f + g, f − g, f g são
limitadas.

Demosntração:

Se f e g são limitadas, então existem números positivos µ1 e µ2 tais que

|f (x1 , ..., xn )| ≤ µ1 e |g(x1 , ..., xn )| ≤ µ2 ,

para quaisquer (x1 , ..., xn ) ∈ A. Logo,

• |kf (x1 , ..., xn )| = |k||f (x1 , ..., xn )| ≤ |k|µ1

• |f (x1 , ..., xn ) + g(x1 , ..., xn )| ≤ |f (x1 , ..., xn )| + |g(x1 , ..., xn )| ≤ µ1 + µ2

• |f (x1 , ..., xn ) − g(x1 , ..., xn )| ≤ |f (x1 , ..., xn )| + |g(x1 , ..., xn )| ≤ µ1 + µ2

• |f (x1 , ..., xn )g(x1 , ..., xn )| = |f (x1 , ..., xn )||g(x1 , ..., xn )| ≤ µ1 µ2

Portanto, kf, f + g, f − g, f g são limitadas.

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