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1 INTRODUÇÃO

Embora a diferença morfológica entre as expressões “desastre ambiental” e


“desastre natural” esteja apenas no segundo termo, no ponto de vista semântico,
elas podem tomar significados bastante diferentes. Enquanto a segunda refere-se às
transformações de alta periculosidade, resultantes da geomorfologia do planeta, nas
quais o homem não possui controle, a primeira, na maioria das vezes, tem como
causa primária, a interação promíscua entre os humanos e o ecossistema. Essas
interações variam de acordo com a finalidade, e algumas delas incluem o
extrativismo e a mudança do espaço natural para abrigar assentamentos. É
justamente a primeira expressão que será aprofundada, e discorrida ao longo deste
trabalho acadêmico.
A princípio, é axiomático que desastres ambientais ocorrem no mundo inteiro,
e o Brasil não é diferente. Entretanto, por se tratar de um país de dimensões
continentais, as quais segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) formam mais do que oito milhões de Km², os impactos podem afetar até
mesmo o panorama global. Tendo isso em mente, uma região estratégica de
extremo risco é a Norte do país. Além de ela ser a maior em extensão territorial, a
qual segundo dados de 2020, também do IBGE, supera a marca de quatro milhões
de Km², é nela que se localiza mais da metade da floresta Amazônica, como mostra
o gráfico abaixo.
Figura 1-proporção da floresta amazônica nos países sul-americanos

Fonte: www.BBC.com (2009)


A floresta Amazônica, segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (FAPESP) se formou durante o período Eoceno, devido a mudanças
climáticas e a chegada de nutrientes provenientes da cordilheira dos Andes.
Conforme a organização, a vegetação é a maior do seu tipo no mundo, e possui a
fauna e flora mais diversificadas, muita delas ainda não identificadas pela ciência.
Devido o seu porte, a floresta realiza diversos papeis na caracterização do
clima, tanto nacionalmente quanto no cenário global. Ademais, devido seus recursos
naturais, ela é a base econômica da região a sua volta e um importante centro para
a indústria farmacêutica.

1.1 Importância econômica da Amazônia e uma alternativa para sua


valorização no futuro

A priori, devido à complexidade da rede amazônica, sua aplicabilidade no âmbito


econômico é bastante diversificada. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia (IPAM), a floresta atua em setores como o turismo, o extrativismo e o
biotecnológico.
Isso permite que os estados, nos quais ela é presente, possam usar de suas
muitas partes para conseguir lucro. Segundo o IBGE, em 2017 a região gerou mais
de 430 bilhões de reais em Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, o somatório de
todos os bens e produtos gerados em um ano dos estados que compõem o Norte,
com a maior parte do dinheiro proveniente da floresta.
Das principais atividades exploradas, está à retirada de minérios, área liderada
pelo estado do Pará, com foco na Serra dos Carajás, e a de madeira, com o
Amazonas em evidência. Entretanto, pelo que aponta agências de monitoramento,
como a Imazon, essa extração tem levado a danos desnecessários a floresta.
Segundo ela, à medida que a exploração cresce, mais desorganizada ela fica, o que
resulta em estragos.
Para contornar esses problemas, a Imazon sugere que as atividades sejam
manejadas. Ou seja, que haja um intervalo de tempo entre as explorações, de modo
que o meio natural possa se reestabelecer. Embora possa parecer nada rentável, a
organização diz que em longo prazo é. Ao usar a exploração madeireira como
exemplo, e usar de simulações, a instituição chegou à conclusão que a colheita
seletiva de madeira após o manejo chega a gerar uma receita líquida 48% maior.
Ademais, como apontado por eles, à medida que a extração manejada é aplicada,
ela cria benefícios. Estima-se que esses proveitos possam gerar um volume de 68%
maior em colheitas futuras.
Ou seja, embora a importância econômica da Amazônia seja marcante, com a
técnica de manejamento ela pode ser ainda maior. E como mostrado anteriormente,
não seria tão evasivo para a floresta, resultando em até efeitos positivos, como a
recuperação do solo e das árvores.

1.2 Importâncias ecológicas da Amazônia e o comprometimento delas pela


ação humana

A Amazônia, por ser a maior floresta tropical do mundo, desempenha papeis


ecológicos importantíssimos, como o controle da temperatura e a distribuição de
água. Como mostra a IPAM essa manutenção é realizada principalmente pelos
mecanismos de fotossíntese e evapotranspiração, ambos ocorrentes nas folhas das
árvores e plantas.
O primeiro é responsável pela retirada do gás carbônico da atmosfera (CO2),
principal atuante no aumento do efeito estufa. Segundo a Nature, revista científica
de prestígio internacional, a floresta armazena quase 94 bilhões de toneladas do
composto anualmente, quantia que de acordo com a NASA, age consideravelmente
na redução da temperatura global.
O segundo é um fenômeno participante do ciclo hídrico das plantas. Ele
corresponde à parcela de água que é evaporada das folhas e do solo. A Nature
estima que quase toda a água absorvida pela vegetação da floresta é perdida dessa
maneira. Em média, pelo que aponta a revista, a mata lança na atmosfera mais de
20 bilhões de toneladas de água. Essa enorme quantia, associada aos fenômenos
atmosféricos, resulta nos famosos rios voadores.
Esses “rios” rumam praticamente todo o país, e em seu caminho umidificam o
solo. Sem eles, como afirma Antônio Donato Nobre, pesquisador do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a região Sul e Sudeste seriam desertos, à
medida que todas elas ficam próximas a faixa conhecida como “Cinturão da seca”.
Esse “cinturão” é uma faixa observável por satélites nas quais é visível a formação
de áreas vegetativas secas e até mesmo desérticas. A seguir, as figuras mostram o
caminho que os rios voadores fazem e o cinturão da seca.
Figura 2-caminho dos rios voadores

Fonte: www.blogs.canalrural.com.br (2017).

Figura 3-cinturão da seca

Fonte: www.joseensegeografia.com (2014).


Com base nisso, é possível relacionar secas no Sudeste e Sul com problemas
ocorrentes na floresta. De acordo com Antônio Nobre, parte da questão da falta de
estiagem que a região vem enfrentando há mais de uma década, especialmente São
Paulo, pode ser relacionada com o desmatamento e queimadas na Amazônia.
Segundo ele, o Brasil vem economizando esforços para impedir a derrubada da
vegetação, à medida que não é necessário apenas confrontar o desmatamento
acumulado, mas reconstruir o que foi perdido. Se a situação permanecer, como
apontou o mesmo, atividades como a pecuária e agronomia podem se colapsar,
levando a mais crises no futuro.
Além disso, com o progresso do desmatamento, a possibilidade de desastres
ambientais, como queimadas, acontecerem se tornam ainda maiores. A priori, à
medida que ocorrem as derrubadas das árvores, menos será a umidade disponível,
o que associado ao clima quente da região, devido à proximidade com a linha do
equador, e as estações secas, podem gerar focos de incêndio.
Em 2019, pelo que aponta o INPE, a região amazônica teve incríveis 59.601
focos de incêndio,

1.3 Influências do desmatamento na ocorrência de desastres naturais

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