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SOCIALISMO
EA
EDUCAÇÃO DOS FILHOS
SUMÁRIO
Nota Sobre o Autor .................................................................................. 3
Primeira Conferência - Condições Gerais da Educação Familiar ............ 26
Segunda Conferência - A Autoridade dos Pais ....................................... 39
Terceira Conferência - A Disciplina ........................................................ 54
Quarta Conferência - Os Jogos ............................................................... 72
Quinta Conferência - A Economia e a Vida Familiar ............................... 87
Sexta Conferência - Educação para o Trabalho .................................... 102
Sétima Conferência - A Educação dos Hábitos Culturais...................... 118
Oitava Conferência - A Educação Sexual .............................................. 133
NOTA SOBRE O AUTOR
Ao julgar Makarenko, podemos incorrer em dois erros
opostos. Podemos cometer o erro de considerá-lo como o criador
de um "sistema pedagógico” pessoal, de uma "experiência
pedagógica” ligada essencialmente à sua personalidade, e que, por
isso mesmo poderia ter-se desenvolvido em Genebra ou em Paris,
Poltava ou Karkov, e tanto há cinquenta anos como em nossos dias.
Também se pode cometer o erro oposto: o de reduzir toda a
pedagogia soviética ao pensamento de Makarenko, identificando-
a com suas ideias e suas experiências educativas, é certo que a
pedagogia de Makarenko é uma parte, e muito importante, da
pedagogia soviética: suas experiências e suas conclusões são
fundamentais e, podemos dizer, modelares no desenvolvimento da
escola e da pedagogia socialistas. Mas são sempre uma parte, não
tudo; uma experiência e uma fase, não um surpreendente sistema
fechado e definitivo. Em poucas palavras, pensamos que Anton S.
Makarenko pode ser definido como a mais forte e rica
personalidade da escola e da pedagogia soviéticas em suas
primeiras fases de desenvolvimento, desde a Revolução de
Outubro até a vitória da edificação do socialismo (1936).
4 | ANTON MAKARENKO
Anton S. Makarenko continua uma grande tradição
pedagógica progressista da Rússia e vem somar-se também — não
sem atravessar duras polêmicas — à pedagogia de vanguarda da
Europa Ocidental dos últimos cento e cinquenta anos.
6 | ANTON MAKARENKO
"Os rapazes ouviram-na prendendo a respiração e
pedindo que continuássemos a leitura, mesmo que
fosse ‘até às doze horas’. A princípio, não me
acreditavam quando lhes contava a história da vida
real de Górki. Ela os deixava estupefatos; mas, logo
se sentiram atraídos por esta pergunta: — ‘Então,
Górki é como nós? Isto é formidável!’ Isto
despertou neles profunda e alegre emoção. A vida
de M. Górki tornou-se parte integrante de nossa
vida. Alguns de seus episódios se transformaram
em elementos de comparação, base para diversos
apelidos, temas para discussões, escalas para
medição da qualidade humana.” (Poema
Pedagógico.)
8 | ANTON MAKARENKO
"Vivi durante alguns anos — diz Makarenko em um
de seus discursos em 1938 — cheio de ódio contra
os pedólogos (como a si próprios chamavam os que
apoiavam a teoria naturalista e libertária). Foi o
período em que escrevi a primeira parte do Poema
Pedagógico. Em particular, meu sentimento se
voltava diretamente contra Rousseau.”
10 | ANTON MAKARENKO
compreensível e praticamente indispensável; a
disciplina deve ser acompanhada da compreensão
de sua necessidade, utilidade, de seu caráter
obrigatório, de seu sentido de classe. A teoria
pedagógica dava-lhe sentido completamente
diverso; a disciplina não devia surgir da experiência
social nem da atividade prática e amistosa da
coletividade, mas da consciência pura, do mero
convencimento intelectualista, da emanação da
alma, das ideias. Depois, os teóricos continuaram
aprofundando e decidiram que a ‘disciplina
consciente’ de nada serve, se provier da influência
dos adultos; que, desse modo, deixava de ser uma
disciplina verdadeiramente consciente para
converter-se em disciplina forçada, em uma
violência, que significaria propriamente, violentar a
exalação da alma. Da mesma forma inútil e perigosa
era toda espécie de organização de crianças, sendo
imprescindível a auto-organização.” (Poema
Pedagógico.)
12 | ANTON MAKARENKO
"deve ser capaz de subordinar-se ao companheiro e
deve ser capaz de dar-lhe ordens... deve saber
dominar-se e influenciar os demais”.
14 | ANTON MAKARENKO
todo o país.” Com efeito: "O que estamos
acostumados a admirar principalmente no homem,
é o valor e a beleza... Quanto mais ampla é a
coletividade cujas perspectivas são para o homem
perspectivas pessoais, tanto mais elevado e belo
será o resultado.” (Poema Pedagógico.)
16 | ANTON MAKARENKO
escritor, orador, organizador da pedagogia, de educador dos
educadores e pais. Inicia-se uma nova etapa na vida de Makarenko:
uma etapa breve mais intensa, que a morte interrompe quando
Anton Semiônovitch atingia a plena maturidade (1939). Poderia
parecer que no período de que falamos, isto é, nos quinze anos que
vão de 1920 a 1935, (o período da Colônia Górki e da Comuna
Dzerjinski), Makarenko não passasse de um genial especialista em
menores delinquentes, em crianças abandonadas, em
adolescentes difíceis ou transviados. Este ponto merece um breve
parêntese. A experiência pedagógica viva tinha feito de Makarenko
um decidido, adversário, como já vimos, da teoria da liberdade, da
não-intervenção e do mito do desenvolvimento natural. Essa
experiência viva de quinze anos entre crianças consideradas difíceis
(ladrões, e prostitutas, desordeiros e ratoneiros) fez de Makarenko
um furibundo opositor do determinismo biológico e da escola de
criminologia positivista de Lombroso e Ferri.
18 | ANTON MAKARENKO
um discípulo da escola criminalista "positiva" teria classificado
como delinquentes por conformação craniana e taras hereditárias.
Isto fez com que as experiências da Colônia Górki e da Comuna
Dzerjinski servissem de base para enfrentar o problema geral da
educação.
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me necessário fazer com que se usassem medidas
exatas e se comportasse diante dele com o máximo
sentido de responsabilidade e consciência, não
mais enfrentando sua educação com métodos
primitivos e histéricos. Esta profunda analogia entre
produção e educação não significava para mim
envilecer o homem: ao contrário, esta ideia me
enchia de particular respeito humano, uma vez que
o apreço maior e complicado necessita atenção
respeitosa.”
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aldeias, percorrendo milhas e milhas descalço e
seminu. Com um pedaço de pão, uma cebola crua,
sentindo assobiar os spranels, combateu, lutou com
toda sua inteligência, conduzindo ao ataque uma
multidão de rapazes.”
24 | ANTON MAKARENKO
Notas de rodapé:
26 | ANTON MAKARENKO
educação correta desde a mais tenra infância não é uma tarefa tão
difícil como muitos acreditam. Não há pai nem mãe que não possa
realizá-la com facilidade se realmente se empenhar em fazê-lo e é,
por outro lado, uma tarefa grata, agradável e feliz. A reeducação é
uma coisa completamente diferente. Se o processo educativo
sofreu sérias falhas e omissões, se foi realizado improvisadamente,
de modo negligente ou leviano, será necessário reformar e corrigir
muita coisa. E a tarefa de correção, de reeducação já não é coisa
fácil. Exige esforços, conhecimentos e paciência que nem todos os
pais possuem. Em certos casos a família se sente impotente para
aplainar as dificuldades da reeducação e se vê obrigada a internar
o filho ou a filha em uma colônia de trabalho. Por vezes, até mesmo
a colônia nada mais pode fazer, daí resultando um homem
inadaptado para a vida. E mesmo no caso de a reforma ter sido
eficaz e dela resultar um homem trabalhador, todos ficariam
satisfeitos porque vêem a parte positiva, mas ninguém calcula o
quanto se perdeu. Se a educação do mesmo indivíduo tivesse sido
correta desde o início, teria aproveitado mais experiências
construtivas da vida e seria melhor dotado, mais preparado e,
portanto, mais feliz. Além disso, o trabalho de reeducar, de
reformar, não só é difícil como também penoso. Mesmo no caso
de completo êxito, ocasiona constante amargura aos pais, desgasta
seu sistema nervoso e altera frequentemente seu caráter.
28 | ANTON MAKARENKO
capacidade e preparo e não as possibilidades materiais da família.
Nossos filhos, assim, gozam de possibilidades incomparáveis. E isso
o sabem pais e filhos. Em tais condições torna-se impossível
qualquer arbitrariedade paterna e existe a necessidade de uma
direção mais racional, cuidadosa e hábil.
30 | ANTON MAKARENKO
são completamente diferentes — e a capacidade de partilhar com
eles as coisas e os afetos. Numa família numerosa a criança se
acostuma a cada passo, até nos brinquedos, a viver em ambiente
social, fator importantíssimo para a educação soviética. Este
problema não tem a mesma influência na família burguesa, uma
vez que a sociedade é estruturada em princípio egoísta.
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simplesmente como secundário. Envergonhamo-nos quando, em
nossa fábrica ou estabelecimento, produzimos artigos inferiores.
Muito mais vergonhoso é produzir para a sociedade homens
deficientes ou daninhos!
34 | ANTON MAKARENKO
Também existem pais que acreditam poder resolver o
problema por meio de uma inteligente receita educativa. Pensam
que com essa receita um ocioso pode educar de modo construtivo,
um patife poderá formar um cidadão honesto, um mentiroso uma
criança que ame a verdade.
36 | ANTON MAKARENKO
A verdadeira essência do trabalho educativo não consiste, na
realidade — como se deverá ter depreendido — nas conversas com
a criança, na influência direta sobre ela, mas na organização da
família, na organização da vida da criança e no exemplo nue se lhe
dá com a vida privada e social. O trabalho educativa é acima de
tudo um trabalho de org?,nização. Neste assunto não existem, por
isso, pequenezas. Nunca se deve considerar uma coisa como sem
importância e relegá-la ao esquecimento. É lun erro grosseiro
pensar que se deva concentrar a atenção numa coisa que se iulgue
importante, deixando de lado tudo o mais. Não há pequenezas na
tarefa educativa. Uma fita aue se amarra nos cabelos da menina,
um chapeuzinho, um brinquedo, tudo isso são coisas que podem
desempenhar um papel de grande importância em sua vida. Uma
boa organização consiste precisamente em não omitir as menores
minúcias e circunstâncias. Os pormenores agem com regularidade,
diàriamenfe, em todas as horas, e são os componentes da vida.
Guiar e organizar essa vida é o problema paterno de maior
responsabilidade.
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SEGUNDA CONFERÊNCIA
A AUTORIDADE DOS PAIS
Dissemos, na conferência anterior, que a família soviética
diferia muito da família burguesa. Essa diferença está, acima de
tudo, no caráter da autoridade dos pais. A sociedade conferiu aos
pais a missão de formar os futuros cidadãos de nossa pátria e a
responsabilidade que isto encerra serve de base à sua autoridade
diante dos filhos.
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Autoridade Pela Repressão
Autoridade do Orgulho
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roupa muito original, relações importantes, uma estação de águas,
tudo lhes serve de pretexto para se vangloriarem, ocasião de se
afastarem dos demais e de seus próprios filhos.
Autoridade Pedante
44 | ANTON MAKARENKO
Os pais vigiam ciumentamente o olhar da criança e exigem dela
carinho e amor. A mãe conta sempre a seus amigos, diante das
crianças: «Ele adora o pai e me adora, é uma criança tão
carinhosa.»
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Autoridade pelo Suborno
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destacados de nosso país. Seus pais devem surgir em sua
imaginação como membros de uma longa linhagem de homens de
ação.
50 | ANTON MAKARENKO
A autoridade do conhecimento levará obrigatoriamente à
autoridade da ajuda. Na vida da criança ocorrem frequentemente
casos em que ela não sabe o que deve fazer, em que necessita de
conselhos e de ajuda. Não vos pedirá que a ajude, muitas vezes
porque não sabe fazê-lo, cabendo a vós acorrer em sua ajuda.
52 | ANTON MAKARENKO
• A verdadeira autoridade apóia-se na
atividade e nos sentimentos cívicos dos pais, em
seu conhecimento da vida da criança, na
assistência que lhes prestam e na
responsabilidade por sua educação.
54 | ANTON MAKARENKO
útil e necessário à nossa sociedade, à nossa pátria, e que não recue
diante de nenhuma dificuldade ou obstáculo. Ao contrário,
exigimos que nosso cidadão saiba se abster de qualquer conduta
ou ação que sejam úteis ou agradáveis apenas a ele próprio, e que
possam ser prejudiciais aos outros ou à toda a sociedade.
Por isso, todos os pais devem saber que ao dar a seu filho ou
filha um livro, ao apresentá-los a novos amigos, ao conversar com
eles sobre problemas internacionais ou sobre sua fábrica ou os
êxitos stakhanovistas, estão procurando, entre outras coisas,
comunicar-lhes uma disciplina mais ou menos elevada.
56 | ANTON MAKARENKO
entre regime e disciplina é muito importante e os pais a devem
estabelecer perfeitamente.
58 | ANTON MAKARENKO
Esse regime deve ser observado regularmente; os pais nunca
devem esquecê-lo, devem velar por sua execução, ajudar as
crianças quando estas não podem fazer uma determinada coisa,
exigir dos filhos uma boa qualidade na execução dessas tarefas. Se
tudo isso for bem organizado, será muito útil, pois chegará o tempo
em que os hábitos de limpeza e de ordem se fixaram, em que as
próprias crianças se negam a sentar-se à mesa com as mãos sujas.
Então pode-se dizer que o objetivo foi alcançado» O regime
necessário para isso torna-se supérfluo, o que não quer dizer
absolutamente que deva ser abolido da noite para o dia.
60 | ANTON MAKARENKO
Conhecemos casos de pais que exigem que "seus filhos façam
silêncio à mesa; as crianças se submetem a isso, mas nem elas, nem
os pais sabem porque essa regra foi adotada. Quando perguntam
aos pais, estes explicam que se as crianças falam durante as
refeições, podem se sufocar com a comida, o que é evidentemente
absurdo, pois se sabe que todo mundo permite que se fale à mesa,
sem que por isso tenha havido acidentes.
62 | ANTON MAKARENKO
diferenças de princípios. Se exigis que vossos filhos não leiam à
mesa, também não o devereis fazer. Se insistes com vossos filhos
para que lavem as mãos antes das refeições, deveis exigir o mesmo
de vós. Procurai arrumar vós próprios vossa cama; é um trabalho
que nada tem de difícil ou vergonhoso. Esses detalhes são mais
importantes do que se pensa em geral.
64 | ANTON MAKARENKO
seu filho ou filha. Muitos casos de mau procedimento da criança e
mais ainda de manifestações de despreocupação por parte da
criança teriam sido evitados se os pais conhecessem bem os amigos
de seus filhos, os pais desses amigos, se acompanhassem de vez
em quando os brinquedos das crianças, ou mesmo tomassem parte
neles, passeando com elas, indo ao cinema ou ao circo. Esta
aproximação ativa dos pais à vida dos filhos não é nada difícil e lhes
daria prazer. Ela permite que o pai ou a mãe conheçam melhor a
natureza das relações de amizade, permite aos pais se ajudarem
mutuamente, e sobretudo lhes dá a possibilidade de trocar suas
impressões com os filhos ou de exprimir em conversa com eles uma
opinião sobre seus companheiros, sobre sua conduta, sobre o
aspecto certo ou errado de um ato determinado, sobre a utilidade
ou o aspecto prejudicial deste ou daquele divertimento infantil.
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1. Não devem ser dadas colericamente, com gritos ou
enervamento, mas também de forma que não se assemelhem à
súplica;
5. uma ordem dada deve ser cumprida. Não se deve dar uma
ordem e esquecê-la.
68 | ANTON MAKARENKO
tempo para consegui-lo, mas é preciso ser paciente e esperar
tranquilamente os resultados.
70 | ANTON MAKARENKO
Notas de rodapé:
72 | ANTON MAKARENKO
respeito da vida futura da criança. Nesta fase a criança ainda brinca
muito, gosta de brincar e passa mesmo por conflitos bastante
complexos por achar os folguedos mais atraentes que o trabalho,
por querer abandonar o trabalho para brincar. Se tais conflitos
surgem, isto quer dizer que não se processa bem a educação da
criança no que diz respeito aos jogos e ao trabalho, que os pais
cometeram erros de orientação. Isto torna evidente a importância
de orientar com acerto os jogos infantis.
74 | ANTON MAKARENKO
proporciona esta mesma alegria. Nisso também, a analogia é
completa.
76 | ANTON MAKARENKO
Outros pais imaginam que o importante é que haja muitos
brinquedos, gastam muito comprando toda espécie de brinquedos
e o lugar onde a criança brinca fica parecendo um bazar. Esses pais
geralmente gostam de brinquedos mecânicos engenhosos e
enchem com eles a vida do filho. Desse medo, no melhor dos casos,
convertem-no num colecionador e, no pior — que é o mais
frequente — a criança deixa um brinquedo por outro, sem nenhum
interesse, estraga e quebra os brinquedos, e exige outros novos.
78 | ANTON MAKARENKO
de nenhuma coletividade, senão a familiar, e não recebe diretivas
outras que não a dos pais. Mas a influência destes pode ser muito
grande e muito útil igualmente nos outros estágios.
80 | ANTON MAKARENKO
revela já possuir uma elevada capacidade de brincar e nela se
desenvolve uma atividade cultural mais elevada. Os materiais para
brincar possuem muito realismo sadio e, ao mesmo tempo, abrem
amplas perspectivas para a imaginação, não a simples imaginação,
mas a verdadeira fantasia criadora. Com um pedaço de vidro ou de
mica, pode-se fazer uma janela, mas para isto necessita-se do
caixilho, o que suscita o problema da construção de uma casa. Se
se dispõe de argila e de pequenas plantas, pode-se pensar num
jardim.
82 | ANTON MAKARENKO
São estes os aspectos gerais de nossos princípios relativos ao
primeiro estágio da atividade lúdica.
84 | ANTON MAKARENKO
organização, o treino e a disciplina da equipe. Finalmente, deve-se
conseguir uma atitude serena diante das vitórias e das derrotas.
Nos três estágios os pais devem zelar de perto para que o jogo
não absorva toda a vida espiritual da criança, a fim de que seus
hábitos de trabalho se desenvolvam paralelamente. Os filhos
devem ser educados de tal modo que busquem satisfações mais
completas que as da contemplação passiva ou do simples prazer.
Deve-se ensinar os filhos a vencer as dificuldades corajosamente,
desenvolvendo sua imaginação e seu entusiasmo. No segundo e no
terceiro estágio não se deve esquecer que o filho já está
ingressando na sociedade. Não se deve exigir apenas que saiba
brincar e jogar bem, mas que se comporte devidamente em relação
aos outros.
86 | ANTON MAKARENKO
QUINTA CONFERÊNCIA
A ECONOMIA E A VIDA FAMILIAR
Cada família tem seu orçamento. A família soviética,
diferentemente do que se passa na sociedade burguesa, baseia-se
numa economia de trabalho que não tem por objetivo a exploração
de outrem. Esta economia cresce e desenvolve-se não porque a
família perceba lucros, mas, exclusivamente, em virtude do
aumento dos salários dos seus membros. A família soviética possui
apenas objetos de uso pessoal, com exclusão de todo meio de
produção, que em nosso país é propriedade social.
88 | ANTON MAKARENKO
de hoje não poderemos mencioná-las todas. Limitemo-nos às
principais.
COLETIVISMO
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deve-se mostrar aos filhos o próprio local de trabalho e explicar-
lhes o processo de produção.
HONESTIDADE
92 | ANTON MAKARENKO
Os pais devem zelar cuidadosamente pelo desenvolvimento
da honestidade da criança. Nada devem esconder dela, mas
habituá-la a nada apanhar sem pedir, mesmo se o objeto cobiçado
estiver à vista. Pode-se deixar propositalmente coisas tentadoras
ao seu alcance e habituar a criança a vê-las tranquilamente, sem
avidez. Deve-se desenvolver esta atitude tranquila em relação às
coisas desde a primeira infância, mas, ao mesmo tempo, é
necessário cuidar de que haja ordem, de que em casa se saiba onde
está cada coisa. De fato, é na desordem que se desenvolve a falta
de disciplina em relação às coisas. A criança faz delas o que quer
sem falar com ninguém, habituando-se assim a dissimular suas
relações com as objetos. Quando se encarrega a criança de fazer
uma compra, deve-se verificar a compra e o troco, até que nela se
arraiguem sólidas normas de honestidade. Esta verificação deve ser
feita de forma discreta para que a criança não pense que se duvida
dela.
PREVISÃO
94 | ANTON MAKARENKO
chame a atenção da criança para minúcias importantes e suas
relações recíprocas. Por vezes um objeto de valor se deteriora
simplesmente porque lhe falta um nada e é sobre isto que se deve
chamar a atenção do proprietário.
CUIDADO
RESPONSABILIDADE
96 | ANTON MAKARENKO
bom, mas convém dá-lo novamente a você? Você não vai ser
novamente descuidado e não vai quebrá-lo mais uma vez?»
A PERSPICÁCIA
ESPÍRITO PRÁTICO
98 | ANTON MAKARENKO
alguns casos, também nos gastos da família. Para isso deve-se
entregar-lhe, uma ou várias vezes no mês, determinadas quantias
estipulando-se com precisão em que devem ser empregadas. A
lista das despesas deve variar de acordo com a idade da criança e
os recursos da família. Eis um exemplo de incumbências adequadas
a um jovem de 14 anos; compra de cadernos, despesas de
transporte, compra de pão, açúcar ou qualquer outro gênero para
toda a família, gastos de cinema para ele e seu irmão mais moço. A
lista será mais complexa e envolverá maior responsabilidade
conforme a idade da criança. Ao mesmo tempo, é indispensável
zelar pela maneira por que o menino ou menina se desincumbem
de suas tarefas, certificar-se de que não abusam de sua liberdade
de gastar, prejudicando outras tarefas. Às vezes esses erros têm
origem na insuficiência da quantia dada, mas pode também
acontecer que o jovem não cumpra suas tarefas com seriedade.
Neste caso, basta falar-lhe, chamar a atenção para seus erros e
aconselhá-lo a corrigir-se. Não se deve absolutamente incomodar
a criança com verificações intermináveis e, menos ainda, com uma
permanente desconfiança. O importante é saber como se conduz
nas atividades que lhe foram confiadas.
• A responsabilidade, ou o sentimento de
culpa, de acanhamento por ter estragado ou
quebrado um objeto.
OS JORNAIS
OS LIVROS
MUSEUS E EXPOSIÇÕES
Por outro lado, é preciso ver que a criança não tem nem pode
ter qualquer interesse especial pelos problemas sexuais. Esse
interesse vem a surgir verdadeiramente na puberdade, mas,