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DIRETOR RESPONSÁVEL Henriciue* Cordeiro


SÃO PAULO, D£ 31 DE DEZEMBRO DE 1980 a 8 DE TANEIRO DE 1981-ANO I- ®39~Cr$ 30,0

í
Soberania e democracia
Mais de três dezenas de compromisso democrático recente de obscurantismo. E trabalhadores das cidades — das
personalidades — políticos, explicito no manifesto protestam contra as punições fálfricas e dos escritórios — e dos
intelectuais, empresários e decorrentes do Manifesto, campos. E a via para essa pressão
militares, entre eles dois generais, Os comunistas tem, sobre o reveladora do modo faccioso como conjugada, para desespero de
um da ativa e um da reserva — assunto, uma posição muito clara, é aplicado o já draconiano todos os sectários e dogmáticos, se
lançaram manifesto ''Em Defesa consideram que o l'Í.xo em torno do Estatuto dos Militares, pois desenha nas conversações que
da Nação Ameaçada". Nele. qual se organiza a vida política nenhum,foi jamais punido por dizer representantes da Federação das
'criticam a crescente da Nação, uí/ueie eixo que interessa bobagens ou defender u governo. Indústrias do Estado de São Paulo
internacionalização de nossa às grandes massas trabalhadoras c/o O manifesto "Em Defesa da Nação (FIESP) estão eniabulando com
economia, apontam os perigos da campo e da cidade, é o eixo da Ameaçada" soma-se às numerosas destacados líderes sindicais
recessão, advertem contra novas luto pela denwcrucia, pelas mais tomados de posição do operários paulistas, entre eles
exigências do Fundo Monetário amplas liberdades, que.se expressa' empresariado — iiulustrial e Arnaldo Gonçalves, facó Sitiar,
Internacional e clamam contra na reivindicação da Assembléia comercial — contra a recessão, Joaquim dos Santos Andrade e
renovadas ameaças a nossa cultura, Nacional Constituinte e passa pela contra o recurso ao FMI, por uma Hugo Perez.
à própria nacionalidade. Além realização de eleições limpas para nova política econômica que
disso, consideram inseparáveis a o governo dos Estados, em 1982. preserve o nível dos negócios e dos O caminho da defesa da Nação ê a
"reconguisla da identidade Ao lado disso, têm uma longa empregos, afrouxando o crédito, etc.
nacional" e a abertura política. democracia. Não há atalhos que
história de luta efetiva em defesa da A reação dos empresários levou diminuam o percurso. Para trilhar
As reações ao manifesto foram soberania nacional, e compreendem o presidente à irritação, em sua esta estrada, a ampla convergência
variadas: o governo puniu, que não se pode avançar, conversa de fim de ano com os de todas as forças sociais e
' brandamente, os generais concreiamente, hoje, na luta pela jornalistas credenciados no políticas que aspiram, no
signatários:' dois dias de prisão soberania, fora de um quadro Planalto. Mais irritação certamente momento, à democracia" e ao
domiciliar para Andrada Serpa, democrático definido. Assim sendo, haverá para ser mostrada, no prosseguimento do
repreensão escrita para Euler os comunistas só podem saudar a momento em que, às pressões
Bentes. órgãos da imprensa liberal desenvolvimento econômico, com
iniciativa dos signatários do empresariais, se somarem as dos que seus frutos distribuídos de
chegaram a falar num "aspecto manifesto, observando que alguns mais vêm sofrendo os resultados modo menos injusto e com seus
mórbido desse nacionalismo", e deles vêm incorporando a temática do desenvolvimento "selvagem" do
apontaram certa magreza do
centros do controle dentro do pais,
democrática, apesar de um passado capitalismo no Brasil, os é fundamental.
J
4e 1980 a 08/01 de 1981

CARTAS
"O que exigem os comunistas
para a convocação de uma Poesia para a Hoje o feijão
Assinaturas
Assembléia Nacional Constituinte
livre, soberana e democrática,
festa proibida é o sonho
são as mais amplas liberdadcs_ São Paulo 548
Ainda a democráticas, com a legaltzaçao Rio de Janeiro 174
de todos os partidos políticos, "Sou aqui de Campo Grande, Pernambuco 96
inclusive u PCB, e mais, ampla e tenho mania de mexer com arte,
Recebemos um grão dc feijão
Constituinte diseussâo de bairro c demais mas nunca me esqueço que esta com os dizercs: "Muitos destes Minas Gerais 51
entidades representativas. não está separada do contexto grãos iriam ser vendidos na festa Bahia 47
"Parece difícil às correnttis geral. Como sou jovem, ainda do seu aniversário, para te
"Torna-se necessária a discussão "esquerdistas" a compreensão de ■ não me defini bem em que setor ajudar e mais uma vez é negado Paraná 42
que um regime cora amplas o direito do povo de comprar
sobre a nossa posição quanto artístico vou atuar, por isto
feijão. Nem mesmo um grão, Rio Grande do Sul 36
à convocação de uma Assembléia liberdades democráticas não é uma faço de tudo, teatro, música e
Constituinte, a partir de ditadura, exista ou não um como este. Mas, como disse Goiás 17
"João" no "governo de transição". poesia, também já trabalhei Mário Lago ao comprar um destes
artigos contraditórios publicados no movimento estudantil, onde de grãos: O Feijão é o Sonho, _ Amazonas 16
no "Voz da Unidade". Fica claro, portanto, que a
Um destes artigos diluía Constituinte marca o fim do
vez cm quando dou uma força. romance dc Origencs Lessa. Hoje Outros 44
infantilmente a luta pela regime militar, e abre uma "Não tenho preconceito a o feijão c um sonho, uma
comunistas c acho que todos nós -realidade brasileira. Exterior 19
Constituinte, colocando como uraa perspectiva de um regiitte
não devíamos ficar excessivamente "E como sempre lutei pelo
"vitória parcial" a convocação democrático, que pode ter maior
preocupados com adjetivos, feijão de cada dia aqui vai este TOTAL íiÜ
de uma A.N.C. que nao ou menor cunho popular de
corresponda ao que exigem as acordo com os esforços das mas antes disso saber quem está grão de esperança para 1981."
forças democráticas, ou seja, livre, correntes e organizações que certo c quem está errado.
soberana e democrática^ Não nos lutam para isto. Para tanto o PCB "A poesia que segue é a rainha
parece ser esta a posição do humilde contribuição, se interessar Aparecida Rodrigues Azedo
exige a abertura das dicussões para o momento, desejo que Rio dc Janeiro - Rf
Comitê Central do PCB. sobre uma nova Constituição publiquem, coloquei alguns dados
"O que vem sendo colocado
insistentemente pelos comunistas,
c a falsidade de questão que
para o país, em bases realmente
populares, com a participação
das entidades de massa neste
meus por que talvez interesse,
e já ia me esquecendo de dois, VOZWda unidade
coloca a necessidade ou não de menos importantes: sou
processo. estudante de farmúcia-bioquímica
um novo governo provisório, a "Devemos deixar, portanto,
"derrubada" ou não de c dou aulas de química no DIRETOR RESPONSAVELi
clara a nossa posição c convocar científico c pré-vcstibular. Henrique Cordeiro
Figueiredo do poder. as organizações da esquerda que Recebemos, agradecemos e
"Ora. devemos deixar claro que "Congratulo-me com vocês na Reg. Prof. n.° 8.955-RI
hoje se perdem em discussões luta de libertação que ora realizam retribuímos os votos dí Boas CONSELHO DE DIREÇÃO:
o "João" não é a ditadura, cie inúteis, e acusações sectárias,
a representa, e quando algumas e espero poder colaborar Festas de: Sindicato dos Con Lindolfo Silva
a preparar junto aos setores cada vez mais."
correntes políticas insistem na dutores de Veículos Rodoviá Tcodoro Mello
populares a discussão para EDITOR:
"Constituinte sem íoão", estão elaboração de uma Constituição rios de Santos; Siiidicato dos
abrindo espaço para a convocação A FESTA Gildo Marçal Brandao
que conduza o país a um caminho Trabalhadores na Indijsíria de
de uma Constituinte vazia e progressista rumo à democracia SECRETÁR.IA. DE
sem efeito, pelo sucessor do c ao socialismo. A gente ia prá festa, Panificação e Confeitaria de REDAÇÃO:
"joio", ou seja, pelo próximo "Constituinte com João. sim, passando pela fresta São Paulo; Sindicato dos Tra Ruth Tegon
"ditador de plantão". Estará, então, que todo mundo abriu. CONSELHO EDITORIAL:
com o João Povão." balhadores na' Indústria de
sendo realizada a tal da Sérgio Pardal FreudeniJia! Íamos ver o que gosta, São Paulo: Antonio Gaspar, Ar
"Constituinte sem João"??? ouvir £ aorendcr o
Artefatos de Papel, Papelão e mênio Guedes, Cláudio Guedes,
Santos • SP
que se. sente Cortiça de São Paulo; Livra David Capistrano Filho, Emílio
mas não se viu. ria'Carila, de Londres; Fede.- Bonfame Demaria, Francisco Al
meida, Leny Lainetti, Luiz Arturo
Porém num telefonema, ração dos Trabalhadores nas Obojcs, Marco A. Coelho Filho,
ouvc-sc o alarme da sirena,
indústrias do Papel, Papelão c Marco, Aurélio Nogueira, Marco
festa não há mais.
O choque. Cortiça do Estado de São Pau Damiani, Marco Moro, Nilton Ho-
Sempre o "o choque". lo; Deputado Estadual Fer riia, Pedro Célio, Rachel Soares.
Rcinaldo BelimanI. S. Ramos.
todo mundo tava arrurhado nando Morais (PMDB/SP); Rio; Agenor cie Andrade. Carlos
com us irapiiihu muis ajeitados
Roberto 1. Motla; advogado Alberto Lopes, Carlos Nelson Cou-
que a gente reservou.
n comidinha mais gostosa, Walter do Amaral; Deputado tinho, Ivan Ribeiro, Leandro Kon-
que as meninas preparou. Federal íoão Cunha (PT/SP). der, Luiz Werneck Vianna, Mauro
Ia ser a festa,
Malin, Nemésio Salles, Rogério
Senador Orestes Quércia Marques Gomes, Sylvia Moretz-
o banho de cultura, (PMDB/SP); Ibipapa de Oli sohn, Teresa Otloni.
maior cmpolgação.
O artista daqui que ia veira Martins; Criando Leme REPRESENTANTES:

de olhos encharcados, Franco; . W. A. Trigo, pre Manaus — Rui Brito da Silva


Rua Turumã, 1061
fez lembrar o pantanal feito municipal de Serlãozi- Belém — Jocelyn Brasil
e falava mal,
de ter que assim viver. nho, SP; ]. A. Marques, vice- Rua Tamoios, 1592
tel.: 222-7286
prefeito de Sertãozinho; Dis São
viver arrastado peta correnteza, Luís — Maria Aragão
mas nadando pra atravessar. tribuidora de Papéis Alagoas Rua De Santana, 189
Pois lá cm casa, Ltda.; Eng. Rubens Puccetti, tel.: 222-5181
me esperam os bingudinhos,
que a gente deve criar. diretor do DOSM de São Cae Recife — Paulo Cavalcanti
tano do Sul, SP; Federação dos Rua do Hospício - Edif. Olímpia
Mas agora, nem de graça, saía 709
a gente pode sc apresentar. Trabalhadores na Agricultura Londrina — Jussara Rezende
A festa acabou; do Estado de Pernambuco; Goiânia — Elias Moreira Borges
faz tempo que a festa acabou,
e era por isto que ia ter festa.
Confederação Nacional dos Brasília — Paulo Afonso
Trabalhadores em Estabeleci Bracarense
Mas de repente, Florianópolis — Nitdo josé Martins
vê se o consolo do lindo céu, mentos de Educação e Cultu Porto Alegre — João B. Avelino
que pintado de nuvens vermelhas, ra: Deputado Federal Samir Fortaleza — Caboclinho Farias
permanece azul, Salvador — H. Casaes e Silva
e 8 gente ainda chega a crer Achôa (PMDB/SP); Jeanette
1óP^ que vai ter paz,
aí e aqui
no nosso Mato Grosso do Sul."
Gouveia (PR); Deputado Fe
deral Tidei de Lima (PMDB/
SP); Luis Tenório de Lima;
R. Conde Pereira Marinha, 38 —
Garcia
Santos — S.P.
Rua Conselheiro Néblas, 368-A,
Cajila Fotolito Ltda.; Deputa sala 511
João Bosco Rasslíin Câmara Taubaté — SP — Dalton Moreira
Campo Grande • MS do Federal Tidei de Lima CORRESPONDENTE
(PMDB/SP); Poligráfica Li INTERNACIONAL:
mitada. Roma — Danilo S. Galletti
ADMINISTRAÇÃO:
Lindolfo Silva
Aos leitores Aureiiano Gonçalves Ccrqueira
DISTRIBUIÇÃO:
Os organizadores cia Coteç.ío Voz Sérgio Cordeiro de Andrade
Operaria, inaugurada com o IcMo dc Propriedade da Editora Juruá Ltda.
Jcan Knnapa, «O Movimetilo Comu ERRATA - Rua Cesário Mota Jr., 369 - 2.' a.
nista Internacional Ontem c Hoje», c Fones: administração: 256-2591'
publicada pela Editora Juruã Ltda., Por um erro técnico foi es
vêm .1 público esclarecer que o rele- redação: 231-2926
rido folheto não reflete os pontos dc quecido o crédito da foto do CEP: 01221 São ?au\o ■ SP.
vista do conjunto da Edilora c é con Fortuna que ilustra sua en Impresso nas oficinas da Cia. Edi
trovertido cm rclngâo ã orietitaç.ão e trevista publicada no número
posições que ela sc propõe a seguir. tora Joruês, Rua Gastão da Cunha,
Os problemas que envolveram a pu 57 do nosso iornal. A foto loi 49 - tel.: 531-8900 ■ São Paulo.
blicação do testo levam os organizado feita pelo fotógrafo Dirceu
res da Colcç.ão Voz Operária n suspen Vieira Lente.
der a edição do mencionado volume.
São Paulo. 29-12-80.

C GERAL
>
Be 31/12 de igSO a 08/01 de 1981

1980
abertura

Já é tempo de as oposições começarem a trabalhar com a idéia opressivo do regime. A resistência


das forças democráticas quando bem
de um governo de transição, integrado pelas mais amplas forças orientada tem, em muitas ocasiões,
atrapalhado a estratégia. do regime,
políticas e capaz de dar início à reorganização democrática do país. ajudando a avançar o processo de
abertura.

AMPLIAÇÃO

O impasse político e De qualquer forma, os dados de que


sé dispõe indicam que o período de
transição, longe de ser linear, tende
a continuar em ziguezague e pode se
prolongar por uni, tempo mais-longo

a saída democrática do que seria desejável. As forças de


mocráticas para avançarem precisam
estar bem conscientes das possibilida
des, de recuos — de fechamento e de
Aiinênio Guedes volta aos tempos do AI-5 — que o
momento e as tensões aluais encer
O ano que acaba de terminar não ram. É uma situação que exije firme
foi nada pródigo para a política de za, habilidade e prudência. E em que
abertura do governo. Nem também pa as convergências e a unidade das opo
ra a unidaae de ação das forças da PADO/ sições são indispensáveis! Mas esse es
forço de unidade e convergência não
Oposição
No começo do aiüal governo houve deve, na conjuntura presente, limitar-
a atividade desenvolvida por Petrônio
Poriela A linha por ele esboçada —
errad^ se ao universo das oposições. Tem que
ir mais longe e, num trabalho pacien
c mesmo alguns Jus passos que deu te e prolongado, abarcar correntes,
conto ministro políiieo do governo — grupos e pessoas qu». apesar de ainda
deixava ver >ua nitenção de conseguir, permanecerem no sistema de força do
medianii acoivli com cenas forças in governo começam a questionar o auto-
termediárias c médio prazo, a for rilarismo do regime e a exigir a am
mação de um governo -ii- iransição. pliação das liberdades públicas.
Um govi-fiii' .pti ao aJaigai- as bases
política-- 1" aiiial Poder, se lornasse
GOVERNO DE TRANSIÇÃO
capaz lie Miperyi as Instituições e há
bitos aiHoriiártos criados pela ditadu
Mo Ha uma oiiira nbscr*. ação que pode
vcr feita a pariii da i'i'i"üliaridade do
ra c cli 'ornav possível u liparecimcn- momento poliiico t|iir atravessamos.
to da> condições essenciais para a ! que. lalve/. nu caso hrasilciro, a
ri-organi/açàü democrática da vida >üpv.iiiçào du auioritarismo d n con
brasileiiii quista dc um regime deniocrálico pos
Nada mxs garante, contudo, que ca sa ocorrer sem mudanças bruscas e
so continuasse vivo, Portela fosse ca violentas Resultarão antes de uma
paz de concretizar suas intenções, que guerra de posições — no bom sentido
fosse capaz de vencer os partidários da tese gramsciana. Mas haverá, ne-
do imobolismo no âmago do regime ecssariumcnie. um momento de rup
e das Forças armadas. Mas é um fato tura das instituições autoritárias e re
— e o tomamos ames de tudo como pressivas, que se dará pela pressão
um ponto de referência — que a mor conjugada da opinião pública e de um
te do ministro marca um ponto de in- Por sua parte, as oposições. caindo da abertura projetada pelo regime im amplo movimento de massas.
voluçãü na política de abertura do go rnuitas vezes nas malhas da política plantado em 1964. A aliernaiivã da É com tal visão que hoje devemos
verno Figueiredo. divisionisia do governo, nem sempre ■"distensão lenta, gradual c segura" trabalhar. E é por ela não estar pre
souberam dar conlinuidãde e colocar impôs-se, num determinado momento, sente, até aqui, no pensamento e na
INVOLUÇÒES num nível mais elevado o processo de como único projeto viável para a sua prática das forças democráticas e do
A partir desse momonio e sob a convergência e unidade iniciado nos auio-rcforma. desde que. dando anis- movimento operário que os diferentes
pressão dos "duros" do regime, o go meados dos anos 70. O certo é que no lia c restabelecendo certas liberdades, segmentos da oposição se perdem ou
verno vem enveredando por caminhos ano que findou foi muito difícil um conservasse a iniciativa política e o em propostas muito gerais, a médio e
que dificultam a ação das forças de- entendimento e aliança mais profun controle do processo, dividindo a opo longo prazo, ou em reivindicações
rnocráiícas e de oposição e amortecem dos entre as forcas que se esforçam sição c neutralizando o movimento que se esgotam em questões particu
o ritmo do processo político iniciado para dar fim ao regime autoritário. operário. lares e corporativas.
com a anistia Somam-se. na ação do Chegamos assim em 1981. tanto pe Daí a originalidade do período de Toda a reflexão até aqui desenvol
Poder. Os aiü> e medidas eivados de lo que ocorre no campo do governo iransição que vivemos desde a segun vida induz a afirmar que os grandes
arbítrio e autoritarismo. Estão neste como pelo que se passa no lado das da metade de 1979. Pouco definida, problemas do país situam-se hoje nos
casü a suspensão das eleições munici oposições. a uma situação complica ou "abertura insossa" como preferem termos concretos de um período de
pais de novembro passado, a aprova da. Uma situação de impasse político ehamá-Ia outros jornalistas, trata-se, transição, ainda que ambíguo e pou
ção da lei cünira os estrangeiros, a ou, quando menos, próxima disso. na verdade, de uma transição em que co definido. E é neste contexto, por
demissão de ministros que leniarnm Além de tudo, seriamente agravada pe não houve (como em Portugal e na tanto, que terão de ser resolvidos. Não
realizar uma pulitica liberal, a polí la crise econômica em que vive o país. Grécia, para citar apenas os casos seria fora de propósito que as forças
tica de recessão econômica nos mol É dentro desse quadro complexo e mais recentes de ditaduras que sucum democráticas, que não têm interesse
des do FMI. cic. No meio de tudo isso, carregado de tensões sociais que as biram) uma ruptura brusca das insti nem na continuação do impasse e nem
e como único ponto positivo, resta oposições e as correntes democráticas tuições autoritárias e repressivas. De no confronto — que seriam desastro
apenas a aprovação da eleição direta terão que atuar no ano que agora co pois da abolição do Al-5 e da conces sos para o futuro de nossa luta e da
para governadores em 1982, conquis meça. são da anistia, as marchas e contra Nação — comecem a pensar na opor
ta que deve ser defendida com unhas marchas do governo têm sido sempre tunidade ou não de se trabalhar com
e dentes, principalmente no sentido RUPTURA
orientadas pela tentativa de reconstru a idéia de um governo de transição,
de impedir que sua importância seja Antes de tudo, e para evitar qual-, ção do autoritarismo sob novas for integrado pelas mais amplas forças e
J diminuída pela legislação eleitoral ca- quer passo em falso, é preciso anali mas, mantendo intacto, desde que isso capaz, por isso mesmo, de dar come
I suisííca pretendida pelo regime. sar e avaliar com precisão o caráter seja possível, o núcleo reacionário e ço à reorganização política do país.

c POLÍTICA
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De 31/12 de 1980 a 08/01 de 1981

1980
partidos

Os novos
partidos
e a democracia
Um dos reflexos da fraqueza da sociedade eivil td
brasileira tem sido a ausência permanente de
partidos políticos modernos,de massa,que
funcionem como instrumentos privilegiados na
organização de vontades coletivas e estejam
presentes em todas as esferas da vida social.
Carlos Nelson Coutinho - Entãoficamos assim: um por quase todos;
todos por. eventualmente, um ou outro ...
Um dos reflexos da fraqueza da sutie- do o MDB. Mais uma vez. porém, o feitiço
dade civil brasileira foi a pcrmanenic au pode virar contra o feiticeiro: o fim do
sência, em nosso país. de partidos pulíii- bipartidarismo forçado, sc por um lado
cos no sentido moderno da palavra. Ou :c- tornou mais complexa a tarefa da conser Charge de Chico Caruso reproduzida do livro Chico "natureza morta" e outros
ja: de partidos dc massa, com uma presen vação da (rente democrática unitária, por desenhos do Jornal do Brasil, editado pela Muro.
ça permanente e organizada nas várias es outro abriu espaço para uma expressão
feras da vida -ocial. e que funcionassem mais autêntica c pluralista da nova socie
como instrumentos privilegiados na forma dade civil. Os partidos surgidos do seio do ao grupo de Ivete Vargas (cujas verdadei Porém, apesar disso, o PT ceprcsenta —
ção e agregação de vontades coletivas. Fa MDB. mais homogêneos social e Ideologi ras intenções no quadro político atual ain sob muitos aspectos — uma proposta vá
lar em partidos políticos no Império ou camente, podem ganhar maior autonomia da não estão claras), o projeto partidário lida de organização das massas populares.
na República Velha é contundir o nome de iniciativa política. E. ao mesmo tempo, dc Leonel Brizola perdeu força. Assim, a Sc souber se liberiar dessas tendências cor-
com a realidade. E. mesmo no período que superando qualquer espírito dc seita, po possibilidade dc se criar em nosso país um porativistas c csponianeístas, eliminando o
vai Jc .1945 i ilM, embora já começassem dem e devem formar uma frente democrá homogêneo e moderno partido social-çlcmo- csquerdismo que ainda marca muitas de
a apresentar certos traços do partido mo tica mais rica c mais ampla, na medida craia. centrado na valorização da questão' suas formulações, o PT poderá desempe
derno.- os nossos pariidos eram ainda em em que a unidade a ser agora alcançada democrática e num projeto político de tipo nhar no futuro uni papel destacado — ao
gnmde parte simples correias de iransrnis- terá por base a diversidade real c o plura reformista, parece ter sido adiada: o PDT lado dos demais partidos de exiraçao ope
sãü do Poder Executivo, ou. no melhor dos lismo efetivo da sociedade. não revela ter forças, hoje. para ocupar o rária e popular — na construção dc uma
casos, correntes de opinião mais ou menos espaço que a sociedade brasileira já abriu efetiva hegemonia dos trabalhadores sobre
amorfas. com uma presença que poucas OS NOVOS PARTIDOS o conjunto da vida.nacional. E esse papel
para uma organização social-democraia. O
vezes transcendia os períodos eleitorais. Nesse sentido, parccc-me prova de in caráter Frentisia do PMDB faz com que será líinio maior qtianio mais o PT for ca
Uma grande exceção foi o PCB: fundado compreensão considerar apenas o PMDB esse partido ainda contenha em seu inte paz de dar expressão aos anseios das rnas-
cm 1922, de baixo para cima. como tim como herdeiro da frente cmedcbista. como rior a parcela maior e mais significativa sas populares católicas, de cuja participa
partido articulado e orientado por uma in o único verdadeiro partido de oposição. É da corrente social-democraia. E vai depen ção organizada na vida política depende
terpretação unitária da realidade. O PCB certo que, pela sua expressão numérica e, der das vicissiiudes -da transição para a • a criação dc uma sociedade democrática c
ressentiu-se. porém, da sjjtuação de ilegali sobretudo, pelo fato dc ter conservado (o democracia^saber sc, no final do processo, socialista cm nosso país.
dade a que quase sempre foi coagido, ra que deverá durar enquanto durar o atual o PMDB poderá converter-se definitiva
zão por que só em poucas oportunidades OS COMUNISTAS
período de transição) um caráter mais mente num partido sociai-democraia homo
pôde apresentar um dos traços essenciais acentuadamente freniista, o PMDB tende gêneo, quando perder o seu caráter fren- Ao mesmo tempo cm que lutam para
do partido moderno, ou seja, o caráter de a ocupar uma posição central no processo tisla: ou SC a formação dc um partido des conquistar a plena legalidade do seu par
massa. de agregação da frente política democrá se tipo irá exigir uma aliança qualquer tido, os comunistas brasileiros sc esforçaiii
O GOLPE DE 1964
tica no momento atuai. com os grupos que hoje formam o PDT. hoje por unir esses novos partidos liberais
Mas, ao contrário do que alguns procla e democráticos, sem discriminações c sem
O" regime militar implantado em 1964 O PAPEL DO PT privilégios injustificados, numa ampla fren
tudo fez para reprimir e esvaziar as nas mam, o PP não deve ser considerado co te democrática, capaz não apenas de pôr
mo um partido alternativo do regime, co Na quadro dessa primeira etapa da re
centes instituições da sociedade civil (en formulação partidária, um lugar dc desta fim ao regime autoritário, mas dc construir
tre as quai sos partidos) surgidos no pe mo um simples "partido de banqueiros". e consolidar as bases do novo regime de
O PP tem tudo para representar, no mo que — pela originalidade de suas propos-
ríodo 1945-1964. particularmente cm seus -tas, de sua gênese e dc.^suas intenções — mocrático e plurolisia, aberto à permanente
últimos anos. Porém ao promover uma mo mento. uma importante corrente dc opi Tcnovação social c econômica. Os comu
nião e de interesses na vida brasileira, ou cabe certamente ao PT. É certo que o PT
dernização das delações capitalistas, ainda surgiu marcado por alguns vícios de ori nistas sabem que uma frente partidária é
que uma modernização conservadora (isto seja, o liberalismo dc vastos setores da insuficiente para agregar essa vontade co
burguesia (e mesmo de segmentos dps ca gem. De modo csqueraático, podemos resu
é, a serviço das muUinácíonais e concilia mi-los assim: 1) uma visão cprporativa da letiva renovadora; cia deve envolver tam
da com o latifúndio), esse regime lançou madas médias) que têm revelado disposi bém uma vasta rede de movimentos de
ção em contribuir para a implantação de ação das classes trabalhadoras (que o^lp*.
— independentemente dos seus desígnios vá, por exemplo, a recusar a luta unitária massa, de organjsmos de base, de institu
— os fundamentos de uma nova sociedade um regime de liberdades democráticas en tos da sociedade civil. Mas isso de modo
tre nós. Tudo indica que o PP terá um pela Constituinte, sem ver que só agregan
civil diversificada e pluralista. Assihi. sua
importante papei a desempenhar^ na cons do amplos segmentos cm torno de palavras- algum- significa subestimar a função deci
tentativa de criar dc cima para baixo dois dc-ordem gerais é que a classe operária siva que os partidos políticos devem ter
partidos dependentes do Estado, um dos trução de um governo dc transição, sem o na Formação da vontade coletiva numa de
quais deveria conter (nos dois sentidos da qual o período de transição que estamos pode se converter em classe nacional c he mocracia de massas. Por isso, o fortaleci
palavra) a "oposição" legal, revelou-se um vivendo não conhecerá uma saída efetiva gemônica); 2) uma concepção excessiva mento dos partidos democráticos atualmen
mente democrática. Por outro lado. o fato mente espontaneista c "populista" do pro
fracasso; o MDB, de partido da oposição cesso de formação da vontade política co te existentes — assim como. a plena lega
consentida, tornou-se —- graças às pressões de que o PP apresente uma razoável lio- lização dos que continuam impedidos de
mogeneidade social e política parece indi letiva, ou seja. uma subestimação da fuji-
da sociedade civil — uma poderosa fretite çâo unificadora e sintcniizadora da direção funcionar abertamente (em particular do
de oposição efetiva ao regime, um decisi car que estamos diante de um partido des PQ3) aparecem como momentos ineli-
tinado a durar, a sc tornar expressão de consciente, da vanguarda, cm sua relação
vo instrumento na convergência dos vários com os movimentos de massa; 3) sua pre mináveis dc processo de fortalecimento da
segmentos sociais, políticos e culturais que parcela ponderável de nossa sociedade sociedade civil brasileira e, por conseguin
tensão baluartista e anti-histórica de se^ o
desejavam o fim do autoritarismo. civil.
primeiro e único partido dos trabalhadores te, dos pressupostos de um regime efetiva
Não foi outra a razão que levou o regi Golpeado duramente pelas manobras go mente democrático.
vernamentais que deram a legenda do PTB brasileiros.
me a tentar dividir as oposições, extinguin

POLÍTICA
>

;V.
De 31/12 de 1980 a 08/01 de 1981

igneja/partidos
Para assegurar continuisjiio, o governo joga Lembram-se? Em 1962 a coligação
partidária que apoiava Carvalho Pin
para dividir e reinar, Mas a recíproca é to, dividida entre Jânio e Bonifácio
deu a vitória a Adhemar. E agora as
válida para a oposição: unir jiara vencer. oposições dwididas entre Setúbal, Jâ
nio e Montoro atropelado por dentro
por Quércia, não darão a vitória ao
candidato de Maluf? É bom lembra

Oposições devem rem-se 03 dirigentes oposicionistas que


Adhemar foi governador duas vezes
sem obter mais de 30% dos votos dos
paulistas.
Bom para o povo seria a fusão. Mas,

criar comitê Senador Franco Montoro, PMDB - SP.


com ela os caciques não concordam.
Já que as ambições não a permite,
não seria o caso de se criar em cada
Estado um comitê Ínterpartidário, de

ínterpartidário tão profunda a dissenção que em São


Paulo surgiram, como candidatos á
governador, ao lado dos "clássicos"
Montoro e Quércia, Setúbal, lãnio,
um ou dois elementos de cada parti
do para também pensarem, planejarem
e executarem a política de união das
oposições?
Na máxima de Maquiavel "dividir
Roberto Cardoso Alves do presidente da República de. a seu Lula e os que se encontram, ainda, para reinar" está implícita a recípro
tempo, propor idêntica medida. nas provetas partidárias e governa ca: unir para vencer. É muito difícil
Para garantir seu continuismo, o É que o staff governamental plane mentais; no Paraná, além do candi dobrar-se a ela. Enfim, depois de 16
governo federal mantém um grupo java, antes, pulverizar a Oposição, se dato do PDS, seus opositores Richa, anos de arbítrio os chefes da Oposição
planejando constantemente sua ação guindo o princípio do Príncipe: "Di Cannet e Alencar Furtado; no Rio sabem o risco que correm e que po
política. Por isso suas artimanhas e vidir para reinar". Assim foi. Em fins Grande do Sul. o incógnito candidato derá ser usado pelo povo contra eles.
casuísmos são tão surpreendentes e de 1979 o presidente obteve a extin do PDS mais Brizolla, Brossard, Pe
eficazes. A emenda Lobão estabele ção dos partidos. Transformou a Are dro Simon, Guazellí: em Minas, o
Roberto Cardoso Alves foi deputado esta»
cendo as eleições diretas para gover na em PDS e o MDB em PMDB, PP, PDS de um lado c, de outro, losé Apa dual duas vezes (1958-1962/671, presidente do
nador, mesmo com sua aprovação ga PTB. PDT, PT e, agora, ainda se re recido, Iiamar Franco, Hélio Garcia, Diretório Regional do POC e seu secretário
rantida no Congresso Nacional,, foi cria um PDC guaxo. Renato, Azeredo e talvez outros mais nacional; deputado federai cassado em 1969,
vereador e presidente da Câmara Municipal de
afastada sob a alegação de inoportu- Partilhada a Oposição, chegou a mineiros. Fiquemos apenas com nos São Paulo (77 a 79). Atualmente é deputado
nidade. Ao arredá-Ia o líder do gover prometida emenda e foram aprovadas sos vizinhos. Em quase todos os Es federal pelo PMDB-SP. -
no transmitiu à Casa o compromisso as eleições diretas para governador. É tados a oposição é um quebra-cabeças.

admiração que seja sua nobre revolta, Por maiores que fossem os esfor
Na Igreja, houve uma eles jamais arrastarão a Igreja como
um todo no caminho que decidiram
trilhar. E é importante que os setores
ços e os recursos da direita, não houve
jeito de evitar que as massas cristãs
percebessem a incompatibilidade que

consolidação da de vanguarda dentro da Igreja não se.


isolem politicamente, que eles contri
buam para ajudar a instituição a evo
se manifestava entre o pensamento de
Wojtyla e o regime implantado no
Brasil a partir- de 1964. Todos viram
luir, a desempenhar um papel compa que o discurso do Papa aos operários
tendência democrática tível com sua natureza institucional
e, ao mesmo tempo, ccrrespondeilte
paulistas era inconciliável com a polí
tica econômica de concentração do ca
aos anseios mais profundos das mas pital e da «renda, praticada pela dita
Direita não conseguiu usar visita do Papa e sas populares e das forças democráti dura, aqui, nos anos que precederam
cas, em geral. Fidel soube reconhecer a visita do sucessor de São Pedro.
bispos reagiram com firmeza à expulsão de padre a imensa significação do movimento Por outro lado, no lamentável epi
de renovação da: Igreja em seu coat sódio da expulsão do padre Vito Mi-
junto, como organização, de massas e racapillo, houve uma reação de firme
como órgão destacado (fundamentall) za da hierarquia: os homens do Pla
Leandro Konder rarquia tenha assumido, no passado, da sociedade civil. nalto que acionaram arbitrariamente o
posições bastante reacionárias, a Igre No Brasil, neste ano de 1980, a tra aparelho de Estado para expulsar o
ja conseguiu, por seu trabalho, esta jetória da Igreja pode não ter ido tão. padre Vito esperavam certamente o
No recente Congresso do Partido belecer ligações significativas com as longe como nós desejaríamos, porém protesto das forças democráticas mais
Comunista Cubano, Fidel Castro des massas populares. E — sobretudo de-' no essencial ela foi assinalada por aguerridas, mas ficaram surpreendidos
tacou a importância das modificações pois do Vaticano II e de Medellin — uma consolidação muito importante com a atitude unitária e coesa do epis-
políticas que vêm ocorrendo no com sua atuação passou a ter uma dimen de posições democráticas. A visita de copado, com a solidariedade que até
portamento da Igreja Católica, como são de crítica social enérgica (a "opção João Paulo 11 ao nosso país não pôde mesmo bispos reconhecidamente "mo
instituição, na América Latina, ao lon preferencial pelos pobres"), que vem ser instrumentalizada pela direita, ape derados" prestaram ao sacerdote "in
go destas duas últimas décadas. A acarretando desgostos e contrarieda- sar dos ingentes esforços das forças cômodo".
Igreja tem dois mil anos' de história, des para os detentores da riqueza e conservadoras, dentro e fora da Igreja. Apesar de suas contradições inter
dois mil anos de experiências acumu do poder. Em seus pronunciamentos, o Papa nas (qual é a instituição que não as
ladas. Sua insuprimível preocupação Como instituiJção, a Igreja não é, não cedeu às poderosas pressões no tem?), a Igreja Católica, no Brasil,
com o Além e a Eternidade, seu com nem pretende ser, intrinsecamente re sentido de condenar os bispos chama mostrou que — como um todo — não
promisso com valores transcendentais volucionária; não tem sentido esperar dos de "progressistas"; chegou, inclu está disposta a aceitar uma involução
e seu caráter religioso nunca a impe- (ou cobrar) dela que desempenhe o sive, em Belo Horizonte, no Rio, em política de caráter antidemocrático,
jáiram, até agora, de transformar-se e papel de um partido político ou exer São Paulo, em Pernambuco, a endos entre nós. E essa disposição à resis
de se adaptar aos novos tempos, acom ça uma função de vanguarda revolu sar posições socialmente avançadas e tência democrática, por parte da Igre
panhando as marchas (e contramar cionária conseqüente. Padres-guerri- a criticar expressamente os regimes ja, tornou-se um dos dados mais signi
chas) da história. Iheiros como Camilo Torres são e sem que desrespeitam .as liberdades indivi ficativos da vida política brasileira
Na América Latina, embora a hie pre serão exceções: por mais digna de duais. neste sofrido 1980.

EDUCAÇÃO
>
VSS.d. De 31/12 de 1980 a 08/01 de 1981

Solidariedade
Eu não vejo nenhuma razão lógica para
que SC proíba uma fesia. Acho mesmo que.
total à Voz
Nossa solidariedade no golpe contra o
jornal Voz da Unidade. A democracia ven
mais veemente repúdio a este ato contra
as liberdades democráticas, e o firme pro
dição fundamentai para a conquista de um
regime de liberdades democráticas.
no momento difícil que atravessamos, cora pósito _dc lutar contra toda a violência do Diante do ocorrido, o IBA vem a públi
cerá o autoritarismo. Luciano Ribeiro - De
problemas econômicos de toda natureza, putado Estadual - PMDB/BA. governo para o cerceamento da liberdade co expressar sua solidariedade a esse Se
uma festa como esta deveria até ser esti de imprensa. * manário, repudiando, desta maneira, qual
mulada, porque representaria um momento Todo apoio à imprensa independente! quer tentativa dc cerceamento da liberdade
O Partido dos Trabalhadores vem ma Associação de Servidores da Unicamp; As dc organização e expressão. Direção do Ins
de confraternização, de descontração. de nifestar sua solidariedade aos jornalistas da
divertimemo para o povo. Por isso não ve sociação dos Servidores do Instituto de tituto Baiano de Administradores.
Voz da Unidade e seu protesto contra o
jo tazáo de ordem política nem jur/dica Pesquisas Energéticas e Nucleares; Asso
ato arbitrário que proibiu a festa dc arre A Frente Democrática da Mulher Londri-
que justifique a proibição da festa do jor ciação dos Servidores da USP; Núcleo dos
cadação de fundos desse semanário.
Servidores da Secretaria da Saúde; Asso
nense quer, diante da proibição -da Festa
nal. Carlos Orumraond de Andrade.
Em defesa da liberdade de expressão, de
ciação dos Servidores do Hospital das Clí do jornal Voz drf Unidade, solidarizar-se e
imprensa, da liberdade de reunião, e, prin nicas; Associação dos Médicos do Hospital ao mesmo tempo repudiar esta medida dc
O Partido Comunista Francês pede res cipalmente, da liberdade de organização arbítrio cometida pelo sistema contra as
partidária para todas as correntes políticas, das Clínicas; Associação dos Pixífessores
peito às liberdades democráticas, de expres do Estado de São Paulo (APEOESP); As
iniciativas da oposição brasileira.
são e de organização. Neste sentido protes nós, do PT, nos associamos a iodos quan Dentro de nossos objetivos prioritários
sociação dos Servidores do Instituto Bulan-
ta contra proibição da festa da Voz da tos repudiam os atos repressivos do regime lã; Associação dos Docentes da USP; está a luta pela liberdade de expressão e
Unidade. Maxim Grcmetz • Pela Sccçâo In* arbitrário que oprime os Irobalhadores. Associação dos Médicos do Servidor Pú manifestação c para nós a proibição da
ternactonal do PCF. Luiz Inácio da Silva • Presidente Nacional
blico; Núcleo dos Funcionários Públicos
festa representou mais um cone profundo
do Partido dos Trabalhadores. em nossos anseios democráticos. Este fato
indignados pela odiosa proibição impos Federais; Associação dos Médicos Sanita- vem comprovar que o arbítrio c o regime
ta à manifestação de vosso jornal, os jorna Nosso repúdio ao ato dc violcnclfi con ristas; Grupo de Saúde Mental; União Na dc força continuam instalados, justificando
listas e os lipógrafos do "L'Unitá" expri cional dos Servidores Públicos; Comissão todo nosso empenho e unidade na luta pe
tra a liberdade de imprcnSa, atravé> d;> proi
mem toda a sua solidariedade e o seu em Pró Entidade Livre dos Funcionários Mu la conquista de uma democracia plena e
bição da lesta do jornal Voz da Unidade.
penho na batalha comum pela liberdade e Nossa total solidariedade aos companhei nicipais; Associação dos Docentes da iJni- verdadeira. Frente Democrática da Mulher
ticíriOCfá'óc2i da venidade Fsiadiial de SSn Paulo; Associa Londríncnac • Londrina - PR.
ros desse jortiíd. Partido dos Trabalhadores
dade brasileira, lornalistas e Tipógrafos do - Bahia • Comissão Regional.
ção dos Servidores Públicos do Hospital
Mandaqui. Estamos solidários com os companheiros
"L'limtà'* • Órgão Oficiai do PCI.
da Voz da Unidade diante de mais este
Mais uma vez sc dosmasciira a abertura As cncidadcs abaixo solidarizam-se com üto arbitrário deste regime anti-popular e
Proiesiamos comra proibição anii-demo- os companheiros do jornal Voz da Unidade anti-democrático. A proibição da festa do
çráiico dsi testa organizada pelo jornal Voz promovida pelo Cçncra! Figueiredo. Dcsia
vez a política proibiu a festa que seria rea diantcda brutal proibição dc sua, fesia de jornal contra as forças democráticos e po
da Unidade. Associação França-América mocrática. Tal proibição fere a liberdade pulares no seu conjunto.
Laiina - Phitíppe Texier - Presidente. lizada pelo jornal Voz da Unidade cm São
Paulo. Isto demonstra a insegurança da di dc imprensa c de organização e consiiiui Este fato SC junta o tantos outros que
tadura que usurpou o poder em 64. Uma um perigoro precedente. Movimento Traba ocorreram nestes 16 anos de regime mi
O Partido Socialista Francês protesta lhista do PMDB/PA; Coordenador dos litar.
simples festa faz tremer os ditadores.
conira os atentados à liberdade de expres Nós. do Partido dos Trabalhadores dc Anisiíados da Peirobrás; Movimento de De Isto mostra que sob este regime não po
são e particularmente comra a proibição Mato Grosso do Süí, reunidos cm sessão fesa da Amazônia (MDA); Assoctaçãa-Pro-- de havei- liberdade dc marrifestação, liber
da festo organização pela Voz da Unidade. plenária, protestamos contra esta arbitra fisslonaJ de Assistentes Sociais; Diretório dade de organização e que o caminho a
L. fospin - Secretário Nacional das Rela riedade e deixamos cloro que somente o Acadêmico da IPAR; Secretário Regional ser seguido pelo povo brasileiro é a luta
ções Internacionais • PSF. fim deste governo dc patrões e generais do PMDB; Centro Acadêmico Serviço So pelo fim do regime militar e convocação
permitirá a liberdade de manifestação, que cial; Coordenador do Comitê dc Anistia de uma Constituinte livre, soberana c de
tem como maiores interessados nos traba da SDDH; Associação de Docentes da Uni mocrática convocada por um governo que
'■ Fala-se em abertura, mas o? fatos não lhadores. Abaixo a ditadura. Pelas liberda versidade Federal do Pará; Partido Demo saiba conviver com as festas que o povo
correspondem às palavras. Acena-sc com a des democráticas. Partido dos Trabalhado crático Trabalhista; Centro Acadêmico de brasileiro programar. Cjue 1981 seja um ano
democracia, mas às intenções respondem-se de lutas e vitórias! Diretório Central dos
res • MS. Biologia; Sociedade Paraense de Defesa dos
com a truculência. O recente episódio, im Estudantes da Universidade Federal de fuiz
Direitos Humanos; Associação Regional dos
pedindo a realização da festa da Voz, é Sociólogos; Grupo de Apoio ao Índio (CAI- de Fora - MG.
Tomando conhecimento das medidas ar
mais um dos muitas acontecimentos a de PA); Belém - PA. A proibição da festa que seria realizada
bitrárias da Polícia Federal dc São Paulo,
monstrar que as palavras e as intenções do pelo jornal Voz da Unidade nos dias 13 c
sistema dominante não estão ..cro sintonia
proibindo a festa que o jornal Voz da Uni
dade programou para os dias 13 c 14 deste Protestamos contra mais este ato de ar 14 dc dezembro, em São Paulo, atenta, sem
com as intenções e as palavras do povo bítrio que. dirigido à fésiá da Voz da Uni dúvida, contra a liberdade dc expressão,
brasileiro. Por isso mesmo, porque a demo mCs naquela cidade c também a proibição
do -samba-show que seria realizado no dia
dade, atinge a todos os que lutam pela de organização e até de diversão. Atinge, de
cracia tem que ser conquistada e não ou mocracia, na defesa do direito à livre ex maneira mais crônica, o direito à liberdade
torgada, ú que se faz necessária, cada vez 13 em Guaurlhos, SP. pelo jornal Tribuna
da Lula Operária, levantamos o nosso mais pressão, manifestação e reunião. Entende de imprensa conquistado com muito sacri
mais. a mobilização de todos os setores da mos ser cada vez mais necessária a uni fício pela oposição brasileira. Sabemos que
enérgico repúdio a tais medidas ditatoriais
sociedade brasileira, inconformada com _a
e hipotecamos nossa irrestrita solidariedade
dade das forças comprometidas, hoje no o verdadeiro objetivo desta proibição c o
situação a que fomos levados, para que se a esses valorosos órgãos da imprensa alter Brasil, com as conquistas democráticas e de amordaçar as parcelas da população que
consiga, afinal, a efetiva participação do as itielhorias das condições de vida do povo se manifestam contra a política anti-popu
povo na vida política do pafs. propugnan- nativa.
Deixamos claro a denúncia sobro o en
brasileiro. Associação Bahíana de Medicina; lar traçada pela -ditadura militar após o
do pela liberdade e por melhores condi Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia; golpe dc 64, e que de certa formo conti
ções de vida a todos os sofridos desta in volvimento do DEOPS, 11 Exército, o IV
Ceiílro Brasileiro de Estudos da Saúde - nua a vigorar no país.
feliz Nação. Comando Aéreo Regional e o Centro de Núcleo Bahia; Associação de Profissionais Mais que a proibição de uma festa, esta
Francisco Amaral Informações da PM paulista que. articula de Saúde Pública da Bahia. medida c um atentado oficial -contra a li
Prefeito de Campinas dos, mantiveram p local da festa da Voz berdade de expressão. Ê um primeiro pas
da Unidade sob o cerco policial ostensivo, O Sindicato dos [ornalisias Profissionais so para acabar com a pouca liberdade de
impedindo até o fluxo de veículos para da Bahia solidariza-sc com Voz da Unida imprensa existente no país.
Aos companheirós da Voz: quando os bairros adjacentes. de, repudiando o ato arbitrário. Mais uma O Diretório Central dos Esiudantes-Li-
inimigos do povo nos atacam, é sinal de Ao repudiarmos esses acintes, conclama vez assistimos a violência contra a demo vrc, da Universidade Estadual dc Londrina,
que devemos estar indo no sentido corre mos todos os democratas a seguirem fir cracia e a impunidade de seus autores. repudia esta medida anii-dcmocrática e an
to. ajudando o trabalhador a se informar, mes na luta pela revogação da Lei de Se Resta-nos continuar a luta até a democra ti-popular, que procura atingir todos aque
ajudando o trabalhador a se conscientizar gurança Nacional que é e seguirá sendo o cia no pais. Nenhuma ditadura é duradou les jornais que se opõem ao atual regime,
e a se organizar. substrato da ditadura. Convenção Munici ra. .Anísio Felix • Presidente. principalmente aqueles da imprensa alter
Tudo fizeram para impedir nossá festa; pal do PMDB - Setor Jovem • Campina nativa. DCE-Livre da Universicíade Esta
eles. os inimigos da alegria, do amor e da Grande - PB. Além de se constituir num crime contra dual de Londrina - PR.
vida. Temem nosso jornal, apavorados com a liberdade de imprensa, a proibição da
as notícias, as verdades, a história. festa comemorativa do primeiro aniversá A absurda proibição da festa da Vòz,
Ainda assim, continua a lula do povo pe A Coordenação Geral Permanente do rio do jornal Voz da Unidade, representa deixou-nos um gosto de insulto. Considero-
la liberdade, pela democracia. Liberdade Funcionalismo do Estado de São Paulo, um rude golpe contra todas as forças de me particularmente insultada, pois vejo
com muita notícia, com imprensa livre; de que congrega diversas entidades do fun mocráticas do país. mais uma vez a utilização do "perigo co
mocracia com muita festa, muita alegria e cionalismo, em sua reunião do dia 13-12-80. Tal demonstração de autoritarismo, por munista" para sufocar uma simples c bela
com muita vida. sabedora de mais um ato arbitrário da di parte dos inimigos da democracia, vem re festa de confraternização. Mas cá para nós:
Minha integral solidariedade aos compa tadura militar, proibindo as festas dos jor forçar a exigência, no momento político vocês não esperavam algo semelhante?
nheiros da Voz da Unidade. Deputado Rai nais Voz da Unidajle e Tribuna da Luta atual, da unidade de todas as forças vivas Crianças, a realidade é esta, infelizmente.
mundo «te Oliveira - PMDB/RI. Operária, vem através desta manifestar seu que SC batem contra o arbítrio, como con Jeanette Gouveia - Londrina - PR.

NACIONAL
>
31/12 de 1980 a 08/01 de 1981

movimento operário
Em 80,a paralisação foi objeto de cuidadosas
investigações, mas a maioria das lideranças
sindicais não foi capaz de responder às
críticas e indagações levantadas, adiando o
necessário aprofundamento da autocrítica.

ABC: uma greve FIM DA ÍNTERVENÇAONosSINDimoS,

heróica e
problemática '::y

Democratas exigem a devolução dos sindicatos aos trabalhadores


Celso Frederico* tada pelos militantes nas assembléias Operária (Ed. Hucitec), que nos apre ças de orientação entre Osmar, Ale
sindicais. Os desdobramentos são co senta uma versão apologética da gre mão., Wagner e Hércules Corrêa, eles
nhecidos: o ciclo de greves em 73/74 ve. Visão radicalmente diversa nos é concordam em alguns pontos centrais.
Neste ano de 80 a classe operária que a censura tentou, mas não conse dada pelo dirigente comunista Hér Os mais importantes são: o baluartis-
de São Bernardo viveu 41 dias de guiu abafar, e o acúmulo de forças cules Corrêa (O ABC dc Í980, Ed. mo de uma greve "por tenipo indeter
greve, cujos ensinamentos ainda estão que desaguou nas grandes lutas que Civilização Brasileira) e pelos artigos minado", que deixou o movimento
sendo digeridos pelos setores da so se travaram a partir de 78. que Luiz Werneck Vianna publicou sem possibilidade de negociação; a
ciedade que estiveram combatendo ao na Voz da Unidade e.que foram pos ingenuidade em se pretender vencer
lado dos metalúrgicos. REFLEXÕES teriormente reeditados no n.° 9 da im o inimigo no plano meramente eco
A heróica c problemática greve SOBRE A GREVE portante revista Temas de Ciências nômico (como SC os patrões fossem se
deste ano deve ser vista, hisioríca- Humanas (Ed. Ciências Humanas). ajoelhar diante dos grevistas. . .); e o
mente, como o ponto de inflexão Apesar da proximidade histórica Finalmente, entre os líderes operá isolamento político e sindical de uma
de um processo que leve o seu início que dificulta uma visão mais serena rios de São Bernardo apenas três tor greve localizada, sem possibilidade de
.em 1972, quando a classe leniou sc dos fatos, a greve do ABC já foi, neste naram públicas suas posições em for desdobramento.
ano de 80, objeto dc cuidadosas inves Aprofundar a autocrítica é uma ne
reorganizar após o duro golpe sofrido ma de autocrítica: Osmar Mendonça
tigações. cessidade vital para os trabalhadores
com a decretação do Aio institucio e Alemão (Enílson Simões de Mou
nal n.® 5. A partir dai, uma série dc O registro mais minucioso do dia-a- ra) redigiram juntos o folheto O ABC de São Bernardo que iniciarão 1981
día do movimento paredista foi reali com o seu sindicato ainda sob inter
indícios anunciavam a futura irrupção da Greve e Wagner Lino Alves escre
que teria por base a crise do "milagre zado pelo Centro Ecumênico de Do venção, vendo os patrões tomando a
veu o texto Greve no ABC. Como é
brasileiro", naqueles anos negros em cumentação e Informação no número iniciativa no campo das relações de
sabido, essas duas autocríticas causa
que a esquerda viu desabar o plano especial da revista Acoiifeccii. Os firo- trabalho (vide as eleições na Volks,
ram um certo'mal-estar entre muitos
romântico da derrubada do regime nunciamentos do personagem central que se repetirão em outras fábricas),
militantes sindicais de São Bernardo,
do movimento foram publicados re e o fantasma da recessão e do desem
pela força das armas. Após o refluxo que se recusaram a fazer qualquer re
retomou-se o trabalho de base nas fá centemente numa cuidadosa antologia visão em suas posições triunfalistas, prego espreitando no horizonte.
bricas e bairros e fortaleceram-se as preparada pelo PT (Lula., F.nirevistas bem como a colocar no papel uma * Celso Frederico é professor do Departamen
entidades sindicais. Com o apoio de e Discursos). resposta às indagações e críticas levan to de Fundamentos Filosóficos e Científicos
cisivo da Igreja criaram-se as condi da Educação da Universidade Federai de São
Quanto a interpretação propria tadas.
Carlos (SP). Autor de Consciência Operária
ções para que tivesse continuidade a mente dita, o arguto sociólogo Octa- Quais foram os erros no encaminha no Brasil (Atica, 1978] e A Vanguarda Ope
proposta de operação-tariaruga levan vio lanni publicou O ABC da Classe mento da greve? Apesar das diferen rária (Símbolo, 1979).

mobilizar as suas categorias para ten dos trabalhadores para as "campa


Renovação da tar a obtenção de índices superiores
aos fixados pelo regime. Da melhor
nhas salariais" tornou-se mais difícil.
A derrota dos metalúrgicos do ABC
vida sindical ou pior preparação da categoria, do
nível de organização em cada local, e
demonstrou, por sua vez, que dificil
mente uma categoria isolada transpo
da correlação de forças existente, de
é o grande pendia o sucesso ou fracasso da cam
rá os limites da legislação vigente.
panha. O grande desafio para 1981 é a
desafio Com a entrada em vigor, em no
vembro de 1979, da nova política sa
renovação e democratização da vida
sindical. Como as campanhas anuais
larial, este quadro sofreu substancial centradas no reajuste semestral ten
Os rígidos mecanismos do chamado alteração'. Bem ou mal o grosso dos derão a perder forças, será preciso que
"arrocho salarial", mantido a ferro e assalariados brasileiros passou a ter o movimento sindical encontre novas
fogo pelo regime, determinaram que seus salários corrigidos automatica formas permanentes de mobilização.
a resistência dos trabalhadores se ex mente a cada seis meses. Com isso as Para tanto deverão equipar-se de as-
pressasse fundamentalmente nas cam campanhas anuais, no que se refere ao sessorias capacitadas, dando novas di
panhas salariais. reajuste salarial, ficaram limitadas à mensões à sua imprensa e organizan-
A cada ano, por ocasião das datas- discussão dos índices de produtivida do-se em cada local de trabalho.
base, as direções sindicais buscavam de. Nestas condições, a sensibilização (M.M.)

■{ SINDICALISMO "y
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma. • ■■

Todos os sentidos alerta funcionam.


A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-repticia.
"Passagem do Ano" integra
o livro
A Rosa do Povo (1943-1945) e
foi transcrito
de Reunião: 10 livros de poesia.
Nona edição, Rio
de Janeiro, José
Olympio, 1978.

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O último dia do ano


não é o último dia do tempo. '
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.

Passagem do ano Beijarás, bocas, rasgarás papéis,


farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte
com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor, ^
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.

Carlos Drummond de Andrade


O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
►V 1.1 I
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
^ÍfM- •-■ uma mulher e seu pé,
t ' um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
'.I.
■r^v, uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus. . . A.
- *'1
V •■ J ' ,^
. I

Recebe com simplicidade este presente do acaso.


Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos secu os.
Teu pai morreu, teu avô também
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.

O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
■"ríA.--» ;:í^,V- 5-': o recurso da bola colorida,
..' ♦ „T* >• ''A... -u.■-«.. •
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles. . . e nenhum resolve.

tT-'-
. ..t
Surge a manhã de um novo ano.
.\. .^v' .?•• • .' C ''21
HESS» De 31/12 de 1980 a 08/01 de 1981
10

1980

nos capacitam amplamente para o


Diante do quadro crítico, melhor alternativa é a adoção de uma êxito daquela estratégia defensiva.
Resta saber se dispomos das cor
estratégia defensiva que afaste a recessão aberta, renegocie respondentes condições políticas para
executá-la. Creio, modestamente, que
a dívida externa e garanta a expansão do emprego o desenvolvimento da crise tem reve
lado as condições de sua solução. Des
ta Vez, muito mais do que nos anos
trinta, estão amalgamadas a questão

A economia mundial e nacional e a questão da democracia.


Não será possível "a defesa da nação
ameaçada" sem a convocação das for
ças sociais que dão conteúdo à nacio

as saídas para a crise nalidade, dentro de um marco político


que permita a expressão dos interes
ses. Em suma, o Estado necessita que
a sociedade se movimente, para que
externa, a intensificação dos progra ele mesmo possa se mover e, assim,
LüU Gonzaga de Meilo Belhizzo" evitar o dilaceramento que o encami-
mas de substituição energética, a di
versificação de nossas relações comer nhamenlõ da crise internacional^ pa
Muita tinia tem sido gasta, neste ciais (sobretudo dentro da América rece pressagiar.
finai de ano. para avaliar o desem Latina e especialmente com México,
penho da economia em 1980 e prog Venezuela e Argentina) e a adoção de
nosticar o que nos espera em 1981. " Luiz Gonzaga de Mello Beiluzzo e pro
políticas de gasto público que garan fessor da Universidade Estadual de Campi-
Um pesado clima de pessimismo en tam a expansão do emprego, sem com {ia,s. Auior de numerosos ensaios, publicou
volve as análises e as conjecturas. São prometer a balança comercial. Tam rccenremenie Valor c Capitalismo (Brasi-
poucos os que duvidam de que cami bém não é preciso dizer que nossa íiensc. I98U) Integra o Conselho de Eco*
nhamos para uma etapa recessiva, for nomiu da Federação das Indijstrias do Es
posição econômica, do pontó de vista tado dc São Paulo (FIESP).
temente condimentada pela permanên da disponibilidade real de recursos,
cia de elevadas taxas de inflação. As
perçpectiva.4 <de cocvtrole do desequilí
brio externo — apesar da anunciada
redução do ritmo de crescimento —
estarão certamente comprometidas pe
la conta-petróleo, pela elevação dos
custos financeiros da dívida externa'
O aparelho de repressão
e pelas difÍLuldades que a recessão
mundial ira!.: a expansão das expor-
laeõos, O minisiro l>elfim Netto foi E como tu tenho dito < repetido: nem tudo ejià perdido
contínua aí, intacto
inci-.rvú om sua palavra de ordem: "É
hora de trabalhai' para pagar."
mos cm 1981 uni balanço que conclua ter
As palavras, do ministro encerram da "reacomodação" da ordem econô
David Capistrano Filho sido o ano vindouro um "ano dos pro
algo mais do que o simples enuncia mica mundial. Não é preciso insistir Um correto e corajoso juiz reconheceu
cessos"...

do de uma regra moral dos negócios. no fato de que esta csiralégia defen o que todos sabiam: a União é culpada pe 1980 relembrou Herzog. com a brilhan
Exprimem, na verdade, a forma que siva supõe a renegociação da dívida la morie de Manoel Fiel Filho, ocorrida te sentença do Conselho Regional de Me
cm janeiro de 1976 nas sinistras dependên dicina de São Paulo que cassou o direito
vai assumindo o processo de resolu não permitiram qu ■ esta política ad cias do DOI-CODI de São .Paulo. O ássas- do médiio Harry Shibata, cúmplice dos
ção da crise que se abateu sobre a quirisse a sisieni,;!!«dadc requerida. sínio de Fiel, perpetrado dois meses depois torturadores e assassinos, continuar exer
economia mundial, desde o início dos Mas a "vocaçàu " aa administração do de VIadimir Herzog. assinalou o ponto cendo a profissão. 1980 assistiu o juiz Jor
anos setenta. Está cada vez mais cla de inflexão da feroz repressão desencadea ge Flacqueh Scartezini dar ganho de causa
Reagan é para o aprofundamento des da contra o Partido Comunista Brasileiro à viúva de Fiel. 1980 foi um áno em que
ro que os Estados Unidos estão pouco tas medidas. desde 1974. que Jhc custou tantos presos, cinco "desaparecidos" (Mércio Beck Ma
dispostos a permitir a erosão de sua tantos torturados, tantos mortos e tantos chado, Maria Augusta Tomaz, Luís Tejcra
supremacia econômica e financeira, Neste caso. será ineviiável a perpe desaparecidos. A reação da sociedade, de Lisboa. Dênis Anionio Cascmiro c Sônia
promovida, aliás, pelo próprio movi tuação do movimento ascendente das um amplíssimo arco de forças democráti Maria de Moraes Angel jones) tiveram
mento de "internacionalização" de taxas de inros — já bastante eleva cas ou simplesmente humanistas levou o seus corpos encontrados, os três últimos
governo de Geiscl a demitir o comandante no cemitério de Perus, em São Paulo.
seu grande capital industrial e bancá das — i. a desesiabilização da posição do II Exército, general Ednardo D'Avila Mas 1980 ainda não trouxe à luz do dia
rio: Mas se é verdade que a metástese comercial e financeira dos parceiros Mello, substituído pelo "aberturtsia" Diler- a solução da esmagadora maioria dos ca
do sistema produtivo americano — em europeus, sobretudo da Alemanha e mando, Comes Monteiro, cm cujo gestão sos dc "desaparecimentos" dc democratas
sua dimensão industrial e financei do lapào. cujas contas correntes apre ainda pereceriam dirigentes do PC do B, e revolucionários, ocorridos nos piores
na chamada "chacina da Lapa". anos de terror da ditadura que sofremos
ra — determinou o enfraquecimento sentaram este ano resultados desfavo Desde então, parece ter melhorado a si há 16 anos. 1980 não foi ainda ò ano em
da hegemonia econômica da nação ráveis. O ajustamento a estas condi tuação dos direitos humanos no país, pelo que as forças democráticas conseguiram
americana, também é verdade que a ções "externas" exigirá um maior ri menos no que diz respeito aos "delitos" desarticular o aparelho de repressão, e res
políticos. As cadeias csvaziaram-se. sem ponsabilizá-lo pelos terríveis crimes que
reconstrução uma "ordem" econô gor na adminisiraçáü interna daquelas praticou. 1980 continuou uiríivessado pelos
dúvida, e a tortura não é mais praticada
mica capitalista deverá passar necessa economias, u que significa, naturai- em larga escala contra os opositores do re horrendos crimes do "Lsquadrão da Mor
riamente pelo revigoramento da ca menie, uma propagação, em cadeia, da gime. Mas prospeguem os processos à base te". pela prática rotineira c bárbara da tor
pacidade de ordenação do Estado ondá recessiva. da rejuvenescida (e por issu ..sais perigosa) tura, do espancamento e dos assa.ssinatos
Lei de Segurança Nacional, processos-forsa nas delegacias de polícia c nas penitenciá
americano. rias do país inteiro.
Este é u quadro que deveremos en- como os que condenaram o professor Da
vid Maximiliano e o vereador Vilanova. Pelas razões expostas e outras que ao
A primeira condição para a recupe ; frentar nos próximos anos. E é a par processos igualmente absurdos eoino o mo longo do ano a Voz publicou, destaca-se
ração desta capacidade de ordenação tir dele que deveremos imaginar nos vido contra Lula e os demais líderes da entre a starcfas democráticas de 1981 a lu
é o fortalecimento do dólar como pa sas alternativas. Para falar com simpli greve do ABC na 2." Auditoria dc Guerra ta para enraizar na eonsciência do nosso
de São Paulo. Esses processos indicam a povo uma visceral repulsa pela utilização
drão monetário. Nos últimos dois cidade, ou nos submetemos passiva do terror como arma política, e mais que
necessidade de ampla mobilização para Im
anos, apesar das flutuações, a tendên mente às condições do "ajuste" inter pedir que. gradativamcnte. as cadeias vol isso, um profundo apego à preservação da
cia das autoridades do Federal Reser nacional e deflagramos — interna tem a ser "recheadas" de adversários do integridade fisicii e mental dos jiomens —
regime. Indicam :• necessidade de luta re mesmo dos acusados dos piores crimes. Um
ve System tem sido a de c.xecutar uma mente — uma política de recessão arraigado amor ã vida é, afinal, ingredien
dobrada, muito mais eficaz que a travada
política de proteção do dólar como aberta, ou executamos uma estratégia cm 1980, para obter a revogação da Lei de te indispensável ao regime democrático que
moeda-reserva. As eleições americanas defensiva que nos subtraia aos azares Segurança Nacional. c_ impedir que faça- queremos construir em nosso Brasil.

ECONOMIA
>
De Sl/12 de 1980 a 08/01 de 1981
VSSL 11

abe

No sindicalismo,
renovar é preciso
Em 1980 ocorreram profundas mudanças no país
e nem sempre o movimento sindical soube se
preparar para enfrentá-las.E freqüentemente
só se manifestou depois que os fatos se deram.
Em Í980 ocorreram profundas mu A nova política salarial acarretou Arnaldo Gonçalves, '
danças na vida política, social e econô mudanças sensíveis e causou impacto presidente do Sindicato j
mica do país. mas nem sempre o mo- junto aos trabalhadores. Como nós a dos Metalúrgicos de Santos. 4^
vimenlo sindical brasileiro soube se discutimos pouco, ela apesar de não — Temos lido opiniões de que a — Que medidas você propõe para
preparar e enfrentá-las adequadamen ler resolvido ém nada a situação do Unidade Sindical, tal qual ela existe que a CONCLAT corrija os seus ru
te. E^sa opinião é de Arnaldo Gon trabalhador, acabou servindo de ele hoje, é cupuiista, sem ligações e mos e seja realmente representativa?
çalves, presidente do Sindicato dos mento desmobilizador. influência efetiva juntos às bases. Os — Bem, a primeira coisa é fazer
Metalúrgicos de Santos, que em entre — Você falou cm divisões e cor que lhe são contrários não se fundam com que os dirigentes sindicais que
vista a Voz da Unidade reconheceu rentes que se degladiam no movi- nisso? lhe são favoráveis a assumam efetiva
que o movimento sindica! "quase sem menlo sindical. Como se expressam — Isjo realmente acontece e está mente. Para isso é preciso que uma
pre ficou distante dos acontecimentos, estas divisões? muito relacionado com a maneira de reunião nacional preparatória seja con
só.se manifestando depois que os fatos — .4 chamada reformulação parti Irahnlhar de rndn sindicato. Entretan vocada. designe a Comissão Organi
se deram". dária levou a divisão inclusive para to. é preciso dei.xar claro que a Uni zadora, elabore os documentos bási
Defendendo a transformação da dentro do movimento sindical. As vá dade Sindical não pode questionar a cos, prepare as normas de seu funcio
Unidade Sindical numa organização rias correntes que dela resultaram maneira de agir de cada dirigente sin namento e elabore os projetos de teses,
que mobilize grandes massa.s e onde trataram de se organizar e de influir dical. Se ele â dirigente de sua cate que para representarem de fato o pen
"todas as discussões e resoluções sejam no itíovímento sindical. Até aí nada de goria. se foi escolhido para represen samento e a vontade das bases, devem
amplamente discutidas pelas bases". mais. É. justo e até mesmo necessário tá-la junto a Unidade Sindical, não ser discutidos e aprovados por cada
Arnaldo Gonçalves disse que o movi que todos nós, dirigentes sindicais ou cabe a nós questionarmos os seus mé categoria individualmente, que por sua
mento sindical brasileiro deveria se não, façamos a nossa escolha partidá todos. Este é um problema que cada vez, deverá eleger os delegados que a
pronunciar unitariainente a respeito da ria. Mas quando se procura transfor categoria deve solucionar no interior representarão nas CONCLATs muni
crise econômica e defender intransi mar os sindicatos, que são organizações de sua própria categoria. cipais, regionais e estaduais.
gentemente as liberdades democráticas. de massa que reúnem indistintamente Se quisermos, entretanto, que a Uni Só assim, trabalhando organizada e
pessoas de todas as tendências e cor dade Sindical tenha uma presença democraticamente, será possível supe
A ENTREVISTA rentes, em aparelhos partidários, esta ativa, que mobilize e organize gran rarmos os entrechoques que hoje a
mos,instaurando a clissenção e o divt- des massas, é preciso fazer com que paralisam.
Essa é a íntegra da entrevista do sionismo. As attálises e as ações prá todas as suas discussões e resoluções — Seria essa a maneira de promo
presidente do Sindicato dos Metalúr ticas passam a serem feitas'em função sejam amplamente discutidas também ver a unidade política dos trabalhado
gicos de Santos: de se conseguir vantagens para deter nas bases. Aliás, devo acrescentar que res? O programa a ser aprovado pela
— Arnaldo, o que foi o ano de minados partidos e em razão de suas este problema nos preocupa e estamos CONCLAT deve resultar do consenso
80 para o movimento sindical?
posições. O resultado é que o que de tratando de encontrar formas e meca entre as várias correntes que atuam no
— Ruim. Muito ruim. O movimen veria ser uma tomada de posição de nismos que. sem ferir a autonomia de movimento sindical?
to sindical vinha acumulando forças e toda uma categoria, passa a ser algo cada sindicato filiado, permita a Uni — Nossa esperança é de que desta
se organizando. Entretanto, por não de uma minoria partidária. dade Sindical cobrar de cada um deles discussão toda, de baixo para cima,
ter se atualizado, por não ter se pre — Dentro deste quadro que você a sua responsabilidade. resulte uma proposta unitária de alter
parado para a formulação de propos está traçando, a Unidade Sindical não — E a CONCLAT não poderia ser nativa a este modelo econômico que
tas-concretas e daí traçar seu plano de teria um papel positivo a desempe este grande fórum de discussão e dela todos nós condenamos. Nele caberiam
ação, ele sofreu um retrocesso. Quase nhar? não poderia sair o programa e projeto todas as grandes questões que afligem
sempre ficamos distantes dos aconteci — Penso que o grande papel que para enfrentar a crise e as dificulda os trabalhadores: a questão da saúde,
mentos e nos manifestamos depois que está reservado à Unidade Sindical â des atuais? a questão do emprego, a questão da
os fatos se deram. Além disso persis exatamente o de grupar, reunir os sin — Indiscutivelmente a CONCLAT liberdade e da autonomia sindical e
tiu e agravou-se a divisão. As corren dicatos. para discutir, traçar e coorde- será um grande acontecimento para os
tes passaram o ano se degladiando, fundamentalmente a questão da demo
nar a ação sindical. O próximo ano trabalhadores e o movimento sindical. cracia.
querendo impor seus pontos-de-vista, será sem dúvida muito difícil. A eco Entretanto, ao mesmo tempo estou — Arnaldo, você colocou a ques
sem se preocupar com o principal: res nomia nacional passa por uma crísc bastante preocupado. Está havendo um tão das liberdades democráticas como
ponder aos novos desafios. séria. O desemprego deixa de ser uma número enorme de reuniões para esse uma das preocupações prioritárias pa
Ocorreram mudanças profundas na ameaça para se tornar uma realidade fim com pouquíssimos resultados. Mais ra o movimento sindical. Como você
vida política, econômica e social do concreta. Há uma expectativa de re ainda. Penso que se os preparativos vê a participação dos trabalhadores na
país e no entanto o movimento sindi cessão que atingirá, em primeiro lugar para a CONCLAT e a sua própria
cal não se preparou e se situou para sua consolidação e ampliação em 1981?
os assalariados, e no entanto, até concepção não forem corrigidos, ela — O ano de 1981, como já disse
enfrentá-las. Por exemplo, nas greves agora, ninguém escutou um só pronun poderá ser uma coisa mal feita, repre mos, será de agravamento da crise eco
de maio de 1978 os empresários e o ciamento do movimento sindical.
próprio governo estavam desprepara sentando mal os trabalhadores e de nômica, a inflação não será contida e
As deficiências e dificuldades atuais resultados duvidosos. Nesse caso, se mesclará com a recessão. Com- isso,
dos, }á nas de novembro de 79 os do movimento sindical refletem-se tam penso que é melhor que não se realize a situação política tenderá também a
trabalhadores foram encontrá-los nou bém na Unidade Sindical. Sobretudo agora. Apesar destas minhas preocu agravar. Cabe a nós investirmos toda
tras condições. O resultado de uma e a questão partidária. Muitos dirigen
de outra, naturalmente foram dife pações acho que não devemos de ma a nossa-energia na luta pela democra
tes. por problemas partidários, ficam neira nenhuma abandonar o projeto cia, porque ela ô fundamental para os
rentes.
contra ou fazem corpo mole. da CONCLAT. trabalhadores.

c SINDICALISMO
> J
estudantes/mulheres
favor das reivindicações básicas não exis
tiu porque as lideranças estudantis disi?u- TuDo ÕRM/?
tavam entre si a diretoria da União Nacio
l/yi \/l6oPioSo MOt//MBMro
Lideranças para nal dos Estudantes, de algumas UNEs. e
de diversos DCEs; diretórios e centros aca
dêmicos por tbdo o país, na maior demons
tração de divisão e "partidarismo" da his
tória recente ,destas entidades.
eSTuifWT/L; uoemuç/^j
âqITACXo."BoMS Moisis
Houve muito mais que um "cochilo" dos rvlMTA; ,

um lado e bases dirigentes e ativistas do movimento estu


dantil: ao invés de unir, organizar e mobi
lizar os estudantes para lutar por seus di
reitos e reivindicações — com básc, inclu
sive, na experiência das lutas dc lodo o
menoAL ^uju/aomio!
o ntí5 fIBSMO

para o outro ano —, transformaram suas entidades cm


palcos para sectárias disputas entre gru
pos 9 organizações políticas, alguns aber
tamente empenhados em conferir ao mo-
vimcnlü unitário e democrático dos estu
yW/t... of^oeeu
//Ãb.Rtvz/t-íe -
dantes um caráter "revolucionário" que ele
Mas houve notável ampliação da parlieipaçao não tem ,apesar do sugestivo, romântico e
nostálgico cartaz eleitoral onde um casal
do estudantado nos iiiovinientos reivindicatórios de jovens flerta em plena "batalha" con
tra a polícia parisiense, nas barricadas de
maio. de 1968.
Sem dúvida este foi um desfecho ines
Luiz Carlos Azedo O recente congresso da União Nacional
perado para o balanço do movimento estu
dos Estudantes, em Piracicaba," definiu
dantil este ano, que registrou notável am acertadamente os objetivos dp movimento
o movimento estudantil cncetrou o ano pliação da participação do estudantado nos
ao eleger como prioritárias a luta contra
letivo aflito com as provas finais e perple movimentos reivindicatórios: no primeiro os aumentos de anuidade, por mais verbas 40% por semestre e agravamento da situa
xo diante da queda do minisiro. Eduardo semestre, 600 mil estudantes realizaram para os estabelecimentos oficiais e por 12% ção financeira dos estabelecimentos ofi
Portela, substituído no Ministério da Edu greves localizadas e espontâneas; no segun do orçamento da União para a educação, ciais, entre outros problemas que continua
cação e Cultura por un general que nego do semestre, 1 milhão compareceu à greve mas errou ao convocar as eleições diretas rão perturbando a vida dos universitários.
ciou o fim da greve dos professores dos nacional convocada pela UNE, simultanea para sua diretoria. Com isso, esvaziou o O que há de novo são os métodos a se
estabelecimentos federais atendendo par mente à greve de advertência dos profes Dia Nacional de Luta, marcado para 5 dc rem adotados pelo governo para aplicar sua
cialmente suas reivindicações específicas e sores. Juntamente com o fim dos abusivos novembro, que seria o ponto de partida política, pois o novo ministro, o general
inais imediatas e rechaçando as reivindica aumentos de anuidades nos estabelecimen para um vigoroso processo dc mobilização, Ludwig, promete diálogo e faz ameaças,
ções de "caráter geral", como ele mesmo tos privados, as reivindicações de mais. ver e originou um processo sectário c divísio- separa reivindicações particulares-e secun
fe7 questão de classificar: mais verbas pa- bas para as universidade governamentais e nisia de "rachas" que atingiu o movimento dárias de reivindicações gerais • e funda
vú 3s universidades ^vernameniais e 12% 12% do Orçamento da União ppa a Edu de alto a baixo, até as eleições de 13 c 14 mentais, procura manobrar para dividir.'
dü orçamento da União para a educação, cação foram insistentemente repetidas em* de novembro, deixando seqüelas que per Trata-se de um estilo diferente do adotado
entre outras. reuniões, assembléias e manifestações, bem sistem até hoje. ^ por Eduardo Portela para administrar a
Na mnmpnfo em que a crise fio ensino como cm milhões de panfletos díetribuídoe O esvazlamenio das cniidaües, o aban cibc du ciiMiiu c da ufitvcrsídadc, sciii mu-
superior atingiu em cheio o próprio go por todo o território nacional. dono do trabalho permanente c diversifi; dificar a política dc privatização dos esta
verno, provocando a mudança ministerial, cado, a supcrfícialtdade com que se enca belecimentos oficiais e concentração do's
os estudantes não foram capazes de sus ü movimento estudantil, que nos últimos
anos sempre andou na expectativa de um ra os problemas do ensino superior, o arti- estabelecimentos privados, exciudentc dos
tentar. dar araplituüc e força ao movimen interesses dos estudantes, dos professores
"grande momento" para fazer valer suas ficiallsmo das divergências entre os grupos
to por mais verbas, permitindo ao novo e da população em geral.
ministro descartar, entre promessas de diá bandeiras de luta. indiscutivelmente per de ativistas, o aviltamento dos critérios de
deu a oportunidade dc encerrar o ano rea representatividade para a composição das Sem dúvida o próximo ano será promis
logo e ameaças de repressão, as reivindica sor para o movimento estudantil, mas esié
lizando grandes manifestações unitárias entidades, a discriminação das lideranças
ções que uniam professores e estudantes, e autênticas c independentes são algumas precisa mudar seu modo de enfrentar ta
que sensibilizavam toda a população. Lirn- com os professores para fortalecer as rei
vindicações específicas destes, reforçar as dessas seqüelas. No balanço do movimen refas e problemas, adotar uma postura que
pando o terreno para a adoção de medi preserve seu caráter unitário e democráti
das governamentais futuras, o novo minis suas próprias reivindicações imediatas e le to. existe um. descompasso entre a_tcndên-
var adiante as palavras de ordem de "ca cia da grande maioria dos estudantes, que co, mobilizando assim centenas de milhares
tro criou uma situação onde a ação unitá de estudantes. Para isso, necessita, entre
ráter geral" — exatamente as que exigem se mobiliza, se organiza e se une a partir
ria e coordenada de professores e estudan outras coisas, de um calendário mais aca
amplo e vigoroso movimento de toda a co dc seus interesses concretos, e o comporta
tes fica mais difícil, o que aliás correspon dêmico, que não arranque os ativistas e
de a um dos conselhos do general Golbery munidade universitária e o apoio ostentivo mento de suas lideranças e entidades.
da população para serem conquistadas. Es Para o ano, as previsões indidam aumen líderes das salas de aula c que não cs obri
do Couto c Silva em sua famosa palestra gue a perder cadeiras.
na Escola Superior de Guerra. te vigoroso e democrático movimento em tos mínimo^ de anuidades cm torno de

de Bairro, etc ), nos pa^líc^l'^^. nos sindicatos, no processo dc dinamizaçáo e agrupamento

A questão feminina palestras, debates e enc.oniros >obiv .i ques


tão feminina, Começou assim a ser suprida
:< necessidade dc unta maior discussão sobre
a questão da opressão feminina.
A percepção desse novo nível de exigên
das diversas entidades feministas cni torno
de ações comuns. Causaram emocao nos
populares que costumeiramcnle circulam
pelo Viaduto do Chá e Praça Patriarca no
riiutl da tarde, as cerca de 500 mulheres ves

ganhou vuito em 80 cias por parle de uma série dc entidades


feministas (ti míiioriu das quais vem desen-'
volvendo seu lrnb:i!hi> desde 1975). levou-as
à compreensão da necessidade dc uma acàc
tidas dc negro, crii repúdio à visita do-gc-
.ncral Vidcla ao Brasil. O negro simbolizava
a dor das milhares de mães (chamadas "as
locas da Plaza de iMayo") que viram seus
menos tímida. Nesse semiüo. promoveram filhos desaparecidos no terror da ditadura
o Encontro dc Valinhos. SP. no mês dc argentina. ,.
O movimento de mulheres marcou o iní do papel da Coordenação, como instrumen-" junho- último, para começar a romper as Apesar da dispersão que marcou varias
cio do ano dc 1980 com a preparação e or- to unificador. e na pouca discussão organi fronteiras entre os vários grupos. São cria outras iniciativas durante o ano. não resta
ganiJtação do II Congresso da Mulher zada sobre o caráter do movimento. Essa das duas comissões unificadas de trabalho a menor dúvida que 1980 marcou um salto
Paulista. Contando- com massiva participa clareza, entretanto, só poderia surgir a par sob a inspiração das bandeiras^ definidas dc qualidade no movimento de' mulheres.
ção de cerca de quatro mil mulheres, cic tir dc uma vivência cotidiana, no trabalho como prioritárias a partir do Documento A necessidade do cquacionamento da posi
revelou o grande potencial da luta femi de mobilização e organização das mulheres Pinai do II Congresso. ção que ocupa a mulher em todos os setp-
nina. embora tenha sido marcado por in- nos bairros. locais de trabalho e demais seto Desse trabalho nasce o SOS Mulher, um rcs da sociedade e a análise critica da .re
compreensões e falta de clareza suficientes res organizados da sociedade (partidos polí serviço dc alcndínienlo às mulheres que so lação homem/mulher tem levado a discus
para impedir um maior avanço de uma ação ticos. sindicatos, escolas, universidades, etc.). frem qualquer tipo dc violência. A segunda são da questão feminina a amplos setores
organizada dessas mulheres em torno de comissão — Estudos sobre o Controle da da sociedade.
seus problemas específicos. A falta dessa ação organizada nas várias Natalidade — elaborou importante docu As perspectivas que se apresentam para
Realizado o Congresso, malgrado as inú entidades, ames da realização do Congresso, mento. que deverá ser publicado breve o ano vindouro poderão impulsionar mais
meras reuniões que deveriam elaborar o do foi o que gerou seu mal aproveitamento e mente, que visa fundamentar um plano de o movimento a partir do realização dc en
cumento final e definir o papel da Coorde funcionamento. Mas a compreensão de que nçãü ofciiíivo junto a todos os setores intc- contros preparatórios regionais e setoriais
nação, esta não se mostrou capaz de enca Congressos e Encontros não dcvetn ser vis re.ssados na questão e que procurará dcfe_n- (sindicatos, partidos, etc.) que, partindo do
minhar as lutas a partir das resoluções do tos como um fim cm si. mas como aconie- dcr o direito da mulher de optar ou nao documento final do II Congresso, estuda-"
Congresso. A explicação para isto i atribuí cimehlos capazes de incentivar c dar nova pela maternidade, lendo para isso garanti rão formas de organização mais avançadas
da. por muitos, aos tumultos ocorridos du força à organização das mulheres foi assi das as condições necessárias. que permitam lutar cm torno dc bandeiras
rante o Congresso e ao seu conseqüente des milada por uma série de entidades c por Outro importante passo foi dado com a comuns, conservando cada entidade sua
gaste. Pensamos, porém, que não é por aí novos setores que se incorporaram durante elaboração dc um projeto do Novo Estatuto identidade própria. Dessa forma, a come- .
que deve passar a análise da incapacidade o ano dc 80 à luta da mulher por seus di da Mulher, que será tema de_ um dos de moração do 8 de março dc 81 poderá, sem
em capitalizar os frutos dessa demonstra reitos. bates do Fórum da Frenlc Feminista dc Mu dúvida, ser o grande marco de uma ação
ção massiva que foi o H Congresso. A raiz Multiplicaram-se por toda a cidade, nos lheres. no Teatro'Ruili E.scobar. organizada dc milhares de mulheres.
(MT/RT)
reside, no nosso entender, na pouca clareza bairros (Clube de Mães, Sociedade Amigos O mês dc agosto marcou níais um lento

C POLÍTICA
>
Pe 31/12 de 1980 a 08/01 de 1981

distensão

A luta em defesa da paz que "a guerra nuclear poderá terminar força, que deve deitar profundas raf- 2. Memorando sòbre as propostas
"Apesar de todas as reuniões e me
canismos, p desarmamento se apre em apenas uma hora. após exterminar - zes em todas as camadas da popula feitas pela URSS durante vários anos
senta como uma meta ainda mais dis uma parte considerável da vida no ção, a começar pelas classes trabalha sobre os problemas mais -importantes
tante do que nunca antes, e o mundo Hcmisfcrio Boreal", ou seja. Estados doras, sempre as mais atingidas pelos da paz e do desarmamento;^
continua vivendo à sombra da des Unidos, Canadá, Europa (Leste e Oes governos, e monopólios interessados
nas tensões da guerra fria e na prcpn- 3. Documento sobre a responsabi
truição nuclear... A estratégia do te), União Soviética, lapão e outros lidade ' dos Estados pela conservação
desarmamento, aprovada pela Assem países próximos. •ração da guerra quente. da natureza diante das gerações pre
bléia Geral Extraordinária da ONU, Muitos povos e governos lutam pela
Este pesadelo custa mais caro ain paz há bastante tempo e não esmore
sentes e futuras.
em maio de 1978, que poderia ser um da, pois rouba recursos fabulosos que Vejamos quais são as medidas ur
marco no caminho da redução da car cem, apesar das dificuldades c das po
poderiam ser utilizados nos países gentes para reduzir o perigo de guerra:
ga armamentista. ainda não se mate derosas investidas militaristas, como a
subdesenvolvidos para terminar com a que se verifica neste momento, sob
1. Os Estados que integram blocos
rializou em ações substanciais; em fome, as doenças infecciosas* e o anal militares deveriam renunciar a qual
troca prosseguiu a escalada da carrei a liderança dos Estados Unidos c da
fabetismo. Setecentüs milhões de pes quer plano no sentido de atrair novos
ra armamentista. Em 1980. o mundo OTAN. Os países da comunidade so
soas passam fome e sofrem de enfermi membros para seus agrupamentos po-
investirá em armamento a incrível so cialista e do Terceiro Mundo são os
dades causadas pela falta dc proteínas. responsáveis pela maioria absoluta das lítico-militares. Os Estados que hoje
ma de mais de 500 bilhões de dólares. As crianças são as mais atingidas, co não fazem parte dos blocos renuncia-
Continuam o aumento quantitativo e iniciativas concretas em favor da paz,
mo se pode verificar aqui mesmo no da cooperação pacífica, contra a cor rialn a ingressar neles. Esta medida
o aperfeiçoamento qualitativo das ar Brasil. Anualmente. 15 milhões de. não invalida a proposta de liquidação
mas*. especialmente as nucleares." rida armamentista, o aumento e aper
menores de cinco anos morrem por
feiçoamento dos arsenais nucleares e
simultânea da OTAN c da Organiza
Eis parle do informe do secrelário- causa da fome ou da desnutrição, so ção do Tratado dc Varsóvia, que não
geral da ONU, K.urt Waldhcim, para a política de força e guerra fria.
bretudo nos países do Terceiro Mun Os Estados Unidos e a OTAN têm
foi retirada em momento algum;
o atual período de sessões da Assem do. E, no entanto, o que se gasta na 2. Todos os Estados, a começar pe
bléia Geral das Nações Unidas. Aí se oposto sistematicamente às propo
construção de um único foguete inter sições apresentadas, embora elas se los membros permanentes do Conse
está sintetizado o mais grave proble continental móvel bastaria para ali lho de Segurança da ONU (Estados
ma do mundo atual, que ameaça a jam parciais e não afetem dc jeito ne
mentar 50 milhões de famintos. Sa Unidos, URSS, Inglaterra, França e
própria existência da humanidade. nhum a segurança dos países envol
be-se também que o tratamento e-
vidos. A URSS já formulou mais de China) e países a eles ligados através
Que pensam sobre eles os líderes da fornecimento de água pura nos países de acordos militares, deveriam assu
_c1asse operária? 100 propostas no .sentido de reduzir
subdesenvolvidos diminuíram em 80% mir o compromisso de não aumentar
ou proibir armas nucleares c convi-ii-
Gormley, presidente do Sindica o número de casos de doenças infec clonais (de. grande poder destrutivcO suas Forças armadas e armamentos
to Nacional dos Mineiros da Ingla ciosas. Obras neste sentido exigiram c sempre encontrou invariável reris- convencionais, a partir de uma deter
terra, declarou recentemente: "Acha nove bilhões de dólares, de acordo tcncia das potências ocidentais. O minada data, 1."^ de janeiro, por exem
mos que chegou a hora dos operários com cálculos da Organização Mundial mesmo aconteceu com a idéia de (li
plo. Seria o primeiro passo para a pos
dizerem sua palavra de peso em defe- da Saúde. Pois bem. Isto rcprcsenla mar um~ tratado limitando de, alguma terior redução dos mesmos;
íJa psz. ^0 eles que rriam com um bilhão e meio a menos do que sc
forma o contínuo apcifciçoam.cn(o das 5- Para fortalecer as garantias de
suas mãos as riquezas dos povos. Lo pretende gastar na fabricação dos no armas de destruição em massa. segurança dos países não nucleares e
go, não podem ficar impassíveis quan vos tanques norte-americanos MX-l. A despeito da violenta onda de de um acordo neste sentido, todos os
do os frutos de seu trabalho e o futuro Durante séculos ouvimos dizer que guerra fria levantada pelos Estados países nucleares deveriam fazer decla
de seus filhos são expostos a um peri "se queres a paz, prepara-te para a Unidos sob o governo Carter, as ini rações solenes, assumindo o compro
go mortal. A experiência nos ensina guerra", isto hoje soa como uma te ciativas pacifistas da URSS e demais misso de não empregar armas nuclea
que os políticos do Ocidente falam meridade, um disparate, uma loucura, países socialistas não cessaram. É im res contra os países não nucleares que"
demais sobre o desarmamento e não não possuem tais armas em seus terri
que ninguém mais, em sã consciência, perioso defender a distensão mundial
fazem quase nada para passar das pa pode. defender. A corrida armamen como o rumo principal da história tórios;
lavras aos fatos. Só as ações massivas 4. Elaboração de um acordo inter
tista é o cúmulo da irracionalidade, contemporânea, impedindo o ressurgi
de todos os interessados em acabar nacional proibindo totalmente a reali
tanto em termos de estratégia militar, mento do clima de tensão e intolerân
com a insensata emulação para acu pelos perigos incomensuráveis que en zação de explosões nucleares.
cia que tanto mal fez ao mundo nos
mular mais meios de destruição e em Concretizadas estas medidas, um
cerra. como em termos sócio-econômi- tempos do macartismo, de John Pôs
canalizar os recursos financeiros para
cos, pelo imenso desperdício de pre ter Dulies e outros reacionários furi- novo clima se estabeleceria nas rela
fins pacíficos podem obrigar a que se ções internacionais, de modo a per
ciosos recursos, que chega a ser um bundos. Neste sentido, foram apresen
dêem passos reais na direção do de mitir avanços mais importantes. Um
sarmamento."
crime de lesa-humanidade. O ditado tadas as seguintes propostas,,para tirar
mudou. Assim como, quanto pior, é a distensão do atoleiro: resultado palpável poderia ser a di
Não apenas as grandes potências ou pior mesmo, se queres a paz. prépa- 1 . Realização de um encontro de minuição dos gastos militares, mesmo
os países deste ou daquele continente ra-te par^ a paz. E bem mais do que cúpula com a presença dos dirigentes que não muito grande.
serão exterminados de uma hora para isto, luta pela paz, põe todo o teu de todos os Estados do mundo, a fim Aí está um quadro resumido da luta
outra se estourar uma guerra nuclear. empenho e talento em defesa da paz de examinar as providências necessá pela paz e pelo desarmamento. O povo
Todos os povos, todos os países, todos e do desarmamento, pois o que está rias para liquidar os focos de tensão brasileiro, desde a classe operária até
os continentes sofrerão danos, priva em jogo é a própria sobrevivência da internacional; os setores mais lúcidos do empresa
ções, enfermidades e perdas, como ja espécie. Ou seja. a simples possibili 2. Adoção de medidas destinadas a riado, passando pela legião dos pro
mais se viu na história humana. E dade de vida, na sua acepção orgâni deter a corrida armamentista e lograr fissionais de diferentes áreas e pelo
esta ameaça não pára de crescer, ano ca. Por isto, a luta pela paz e contra um desarmamento na Europa; amplo leque dos intelectuais, artistas
após ano. No início da década de 70 a desvairada corrida armamentista po 3. Redução dos efetivos norte-ame 'e homens de cultura, tem um rele-
os Estados Unidos tinham quatro mil de contar com o apoio da maioria es ricanos na Europa Ocidental em 13 ' vante papel a desempenhar nesta luta
ogivas nucleares estratégicas. Hoje, já magadora dos povos e países do mun mil homens e dos efetivos da URSS histórica, cuja vitória abrirá uma pers
têm 10 mil. E em 1990 terão 19 mil. do inteiro. Esta força gigantesca é em 20 mil homens na Europa Central. pectiva inusitada na trajetória da hu
Mas, basta uma única bomba nuclear capaz de neutralizar as minorias beli-
de 20 megatons para eliminar com- cistas e seu complexo industrial-mili- A Assembléia Geral da ONU estu manidade. A medida que formos con
dou três projetos de documentos en quistando e consolidando as liberda
, pletamente do mapa uma cidade gran tar, que auferem os maiores lucros de caminhados pela delegação soviética,
de como o Rio de Janeiro ou São des democráticas no país, ntelhores
que se tem notícia na história do capi sobre os quais a imprensa praticamen condições teremos de aumentar nossa
Paulo. Seisccntos e cinqüenta médicos talismo ao arrastar o planeta para a te nada noticiou. São eles: contribuição à conquista da paz que
e cientistas norte-americanos enviaram beira de uma catástrofe nuclear. Mas.
carta a Carter e Brejnev, advertindo 1. Algumas medidas urgentes des irá befteficiar todos os povos do mun
é preciso despertar e construir está tinadas a reduzir o perigo de guerra; do. (JM.F.)

INTERNACIONAL ^
De 31/12 de 1980 a 08/01 de 1981

1980

Censura deixou de castrar tudo, mas espetáculos perderam vigor da


contestação e capacidade de levantar problemas vinculados à realidade
objetiva do país. Ressurgiu um teatro que se pretende «político», mas
que é inútil e desinteressante pela pobreza e ingenuidade de seus argumentos.

Em fase de transição, teatro


ainda não testou a abertura
Fernando Peixoto*

Tcjiirc. em 80: uma questão cerianieiv


te complexa, difícil de traduzir cm
Nelson vai
pütka.- linhas. Até mesmo porque
nâií se pode perder a consciência de
que Cl pais é imenso c diversificado
fazer falta
c que um esforço de generalizzação corre
.'wMos rispos de colaborar para uma visão
A morte de Nelson Rodrigues re
misiüicadora do problema. presenta, sem di4vida, uma perda séria
Em 80, inclusive, eu viajei muito: en para a cultura brasileira. Sabemos
contrei resultados íntegros e bem encami todos que ele era — e se proclamava,
nhados em rrabalhos >emi-prol"issiona:s no
Riu Grande do Sul e me surpreendi cmn com orgulho — reacionário. Conhece
:in:it criulivifhrít^ flúriH» pr/mifív-T ui;- mos o esíreiteza ppqueno-hmguesa de
^heia de contagiantc vitalidade em traba suas idéias sobre as mulheres, de sua
lhos produzidos no Acre.
A vcidade ó que um esiimulante traba concepção do Mal (assim mesmo, com
lho teatral pulsa no pais: mesmo do forma maiúscula) e das suas crises de irri
L.onfuã'ü o íriqüentemeiilc desorganizada, tação anticomunista. Essa visão críti
.um movimento existe no cotidiano brasi ca, entretanto, não nos impede de
leiro. cujo.s contornos mais nítidos só po-
Jwrãü ser revelados por um trabalho jorna-
reconhecer as qualidades do escritor,
hsiicü exaustivo e demorado, fim cada Es seu grande talento. Vamos sentir falta
tado, em cada pequena cidade, nos bairros do humor de suas crônicas de futebol,
.; periferias tanto de São Paulo ou Rio co do sarcasmo masoquista de suas
me. dc Rio Branco ou )oão Pessoa.
Esta força constitui um poderoso aspecto (auio)-anâlises suburbanas, do bichei
Marllena Ansaldi estrelou "Geni". de Chtco Buarque. ro "Boca de Ouro", da extraordinária
ü.: ..'sisiénciQ da atividade teatral no país.
E poderá transformar-se. -se conseguir man- vivacidade- dos seus melhores diálogos,
tcr->c apoiada em movimentos populares e público, os riscos lorniim-sc qu"sc Inviá co-financeira e a da definição dc um pro
da autenticidade do seu testemunho
demo:raticos. ac conseguir desenvolver um veis. os produiuic> vivem um cotidiano dc jeto ideológico e progniinático de trabalho
trabiilho regular, e sem esquecer que o medo, a falência ronda iib montagens. A para a comunidade mi qual se inserem. teatral. Estamos conscientes de que
teatro #6 se constitui em instrumento efi produção puramente coinercitil c a único Nelson vai nos fazer falia — até mes
Hoje, temüí um teatro quase sem cen
caz para um esforço de conscientização e saída acessível a muitos, o sisienta de pro
sura, mas até o momento ainda não foi pos
mo para discordarmos de suas posi
aprofundamenfo da anáii>c socio-oolítica se dução por empresas capitalistas traiisfor- ções. (LK)
mançlü-sc praduaimenic numa armadilha sível, por diferentes razões, nem mesmo
não abdicar de sua qualidade e de sua tea-
que faz crescer o desemprego dos artistas testar o grau desta "iiberiura": nenhum
iralidade. Por isso. os grupos não profis- espetáculo desafiou os vaiures oficiais, rea
-lonais tem hoje uma tarefa decisiva pura e o desespero dos putrõe.s.
Crise econômiea e crise ideológica se in- lizando uma análise critica da realidade a
desempenhar, tanto no terreno do trabalho partir de uma perspectiva nacional e popu gintir que tis. soluções não irão sev logo
político, como no da pesquisa e renovação lerpcnetnim numa situação bastante grave: encoiuradas. Vivemos um insiuine de tran
o públieu não encontra interesse nos espc- lar, capaz de transformar-se num centro de
da linguagem cênica e dramatúrgica, reflexão política, num divertimento fasci sição. certamente.
làciilos. que inclusive perderam quase que Como conclusão, creio que posso repro
O proíissionalismo. praticamente reduzi por completo qualquer manifestação viva nante para redespcrtar o público e interes
do o São Paulo e Rio, vive hoje. o que nau sá-lo na magia do teatro e na estimulante e duzir o parágrafo final dc meu livro O
de teairalidadc. Ao nível das interpreta que c teatro: ■'Ccriamontc a retoinadti ,dc
O surpresa, uma de sues crises cíclicas. Tal ções. por e.xemplo. registra-se o ereseimen- necessária aventura de translormação da
vez esta. manifestada cm 80. apresente al sociedade.
uma atividade inuis conseqüente e lúcida,
lü dc uma espécie dc adaptação no palco útil c pariicipame. a partir dc uma análise
guns dados novos. Neste ano. dentro viu de um estilo pscudo-naiuralistii padronizado
projeto de auio-refonna do :>istcma autori- Acontecimentos, houveram muitos: bas científica da realidade que tios fasia do
pela televisão, uma forma de atuação que. ta lembrar que em Manaus a nova direção dileiíimismo, dependerá bastante dos im
lãrio; a censura deixou de casirui tudo. de
humilhar, com sua brutal ignorância, os
em certos detalhes, por incrível que pareça, do SESC tornou impossível a eoiuinuação previsíveis rumos do processo histórico na
homens que fazem teatro no país. Nâvi dei nasceu e se firmou inclusive fundamentada do expressivo trabalho do grupu dirigido cional. No instante cm que parecem res
xou de existir, isto é importante Irisai. mas em pausas e pseudo-intcriorizaçòes provo por Márcio Souza; crises e indefinições en surgir possibilidades de rciiistauraçSo do
recolheu-se a uma situação indefinida, in cadas pelo fato dos atores não terem tempo tre Ministérios continuam fazendo do fun- processo democrático, c essencial que as
clusive juridicamente. de decorarem seus papéis. . .). Mais ainda: eiunanienio do Serviço Nacional dc Teatro forças culturais, ao lado dos trabalhadores
.Apesar disto, algo causou cerin perplexi os homens que fazem espetáculos, encena um quase milagre, mantido sobretudo pela c tios setores lie oposição progressista e
dade. embora previsto por iilguns; Os espe dores ou atores, dramaturgos ou cenógra dedicação e pela paixão desmedida dc Or democrática, sc organizem e se dediquem,
táculos perderam o vigor- de contestação, a fos, vivem num estado de insatisfação c lando Mirunda c de seus colaboradores; sem ciiKilquer tipo dc rigidez dogmático.
capacidade de levantar e discutir proble tédio em relação ao que fazem nos úilimos dias do ano. a morte de Nelson íiir.Tvés dc uma unititide política paciente c
Sintetizando um panorama. 80 pareceu Rodrigues, itm dramaturgo certamente bas lúcido, à cüiisolidtiçãü c ampliação deste
mas vinculados direiamc-nie a realidade pb- imprescindível espaço democrático. Sem dú
jciiva do país. Naiurulmeiilc ressurgiu um mostrar a vitalidade dos grupos jovens, o tante discutível sob muitos aspectos, é uma
esforço entusiástico e muitas vezes surpre perda irrecusável, assinalando o desapareci vida c:ibc ao teatro brasileiro, sc souber
teatro que se propõe a ser político, mas c.xtviiir conseqüências leórictis c práticas de
que SC torna inútil e desinteressante em de endente de ^ experiências de comunidades mento de uma inteligência vigorosa c po-
de bairros e associações de periferia, a ICMiiica. corajosa e desaforada, um homem seu passado mais recente, uma não despre
corrência da pobreza dc seus argumentos zível parcela desin responsabilidodc".
c do ingenuidade de suas análises. busca incessante de um teatro que recusa justamente vinculado a um instante mar
4oie. está patente a existência dc uma o profissionalismo c se dirige às camadas cante da renovação do teatro nacional nes
crL-iC de pensamento e ação que evdente- menos favorecidas da população. te século; a perda também foi grande com * Fernando Peixoto é escritor e diretor de
mcnte se prolongo em sua conseqüência Mas as dificuldades e inuefinições são a moittí do excelente Jayme Barcelos. teatro (Ponto de Partida, de Guarnlerl, e
mais lógico; a crise de público. As exce grandes. Em São Paulo, por exemplo, as Este quadro geral pode parecer pessi Calabar. de Chico Buarque e Ruy Guerra,
ções apenas confirmam a regra: o panora chamadas cooperativas batalham por um mista; não é esta sua iiiieiiçâo. Nti verdade, entro outras)- Autor de Brecht. Maiakovskl
ma teatral, jü nível dc icairo_ profissional, espaço c apresentam uma diversificação de os problemas que afligem a atividade tea e Sade na coleção Vida e Obro da Paz e
c monóiono c repetitivo, cansado e cansa produções que tem seu aspecto positivo, tral no país hoje se vcvealm em certo sem Terra. Teatro em Pedaços (Hucitec. 1980) e
tivo. A inHação faz o ingresso crescer além raas até agora não resolveram duas ques lido tão nítidos, a insatisfação dc todos é O que é Teatro (Brasilienso, 1980).
dos limites do razoável, o espetáculo perde tões básicas: a da continuidade econômi- tão grande, que seria injusto e errado iina-

< CULTURA
>
De 31/12 de 1980 a ()R/OI de 1981
15

1980
Cinema

O cinema brasileiro é como um


corpo equilibrado por pres tência de salas de elite, que abriga um
sões de iodos os lados: man
tém-se de pé, produz obras de
qualidade c interesse, amplia o mer
Um cinema entre público de alto consumo, levado ao
cinema por grandes eventos interna
cionais (tipo Í900) já esperados ou
eventos crjados aqui, como Sete gali
cado interno e ainda por cima avança
nhas, Pixote, etc., independente de sua
sobre o mercado externo com certa
voracidade e procura.
Em 1980, saindo de um marasmo de
o elitlsmo e qualidade intrínseca.
E lá em baixo, as salas marcadas
pela pornografia, antigas exibidoras de
mais de 10 anos, assistimos a geração pornochanchadas, Kung-Fus e outros
de um conjunto dè filmes preocupados
com a realidade brasileira, com o pú
blico, com a atualidade. Em filmes
como Gaijin, Pixote. Terra dos índios,
a pornografia rebüialhos, salas definidas sempre
como "populares", mas cujo público é
incapaz de prestigiar qualquer eoisa i
que seja verdadeir.-iir.ente popular. Sen-
como Os Anos )K, Bye bye Brasil, ".do há luüiio tempo mas só agora
temas importantes como o índio, os denunciado, esse fenômeno é tremen
menores, os migrantes, a política, a
história, a. TV. foram tratados, refle
O cinema brasileiro vem crescendo ê aprofundando damente prejudicial ao cinema brasi
leiro, que se propõe a ser um cinema
tidos. mostrando que a abertura che a percepção das eossíradíçÕes de nossa sociedade. popular: as salas que compõem os
gou também às telas e que o cinema chamados "cinemas populares" estão
brasileiro tem capacidade de resposta Mas dcvé enfrentar a ameaça do capital estrangeiro tomadas pela pornografia e são susten
às exigências da socieuíidc brasileira, e lutar para democratizar um mercado tadas em boa pane por desemprega
3pçS2r uc rocias as dificuldades e de dos. subempregados manipulados em
tantos inimigos (c de tão poucos ami «esquizofrênico», dividido entre as salas de seu desespero, seu irracionalismo, sua
gos atuantes). elite-e as «populares» que só exibem poiru^rafia. precária ligação com a sociedade, seu
gosto sofrido pela violência e pela
Ao lado do mercado tradicional, opressão de um indivíduo sobre o outro
tivemos um intenso movimento de pro (no caso, do macho sobre a mulher).
dução de filmes (documentários) de
circulação especial (em sindicatos, João Batista de Andrade* CONTRADIÇÕES
escolas, cineclubes, etc.), revelando um
potencial inesperado e criando verda Essa a questão que ainda não foi
deiros sucessos de público não-tradi- enfrentada com seriedade pelos cineas
cíonal. Foi o que aconteceu com os tas brasileiros, embora na prática
filmes L'rn dia L\'uòàido. <ic Renato burjaiii LciiUcnciüs que resvalam pelo
Tapajós. Os Libertários, de Lauro Es problema: de um lado. o crescimento
corei, O sonho não acabou, de Cláudio quantitativo e qualitativo dos docu
Khans, Greve, de joão Batista de An mentários. fora do mercado tradicio
drade. Jari, de lorge Bodansky, Máqui nal; de outro, o das produções cada
nas Paradas. Braços Cruzados, de Sér- vez mais caras e sofisticadas, buscando
gio-Segail e Roberto Gertiiz, e outros. p público sofisticado das grandes cida
Essa produção, de baixo custo, des e, nestas, dos centros de alto con
constitui a grande novidade do cinema sumo.
brasileiro e, inevitavelmente marcará Por trás de tudo isso. e para tornar
o seu futuro, incorporando experiên viável essa produção diante da impos
cias novas no plano estético, aprofun sibilidade prática da Embrafilme finan
dando a presença do realizador junto ciar vôos tão altos, cada vez mais se
aos problemas do povo brasileiro, bus fala na participação direta do capital
cando um conhecimento direto da estrangeiro, tábua de salvação do opor
realidade concreta, do dia a dia, do tunismo de muitos por aí.
como e do onde os fatos e os grandes Não seria mais razoável lutar pela
acontecimentos da atualidade se dão, democratização do mercado (o povo
particularmente com relação ao movi brasileiro tem direito ao cinema, como
mento operário. bem cultural), pela ampliação do
número de salas por todo o país, pelo
MERCADO controle da entrada do rebotalho inter
nacional do cinema (limitação de fil
Mas a "explosão" desse novo cami- mes importados) e pela diversificação
^ nho do cinema brasileiro também re da produção? Não seria mais correto
vela a "esquizofrenia" peculiar ao mergulhar de cabeça na solução do
mercado cinematográfico, que é o pro problema do mercado, enfrentando .a
blema crucial do setor no momento. miséria e o colonialismo cultural, em
Ela revela ao mesmo tempo o crescente vez de dar o braço ao inimigo que nos
interesse de amplas camadas da popu oprime e descaracteriza?
lação pelo cinema, particularmente da A lógica do capitalismo brasileiro,
população mais organizada, e também dependente, de portas escancaradas
que essa população não está indo ao
para o capital monopolista internacio
cinema; ao contrário, é o cinema que nal, tende a me contestar. O capital
está indo a ela, seja nos bairros, nos
estrangeiro vai entrar, pelas mãos de
cineclubes, nos sindicatos, nas asso
ciações, seja nas comunidades de hábeis e muitas vezes bons cineastas.
base, etc. A não ser que, organizadamente se
formado. A contradição é evidente: a maioria dos longa-metragem- se dão lute contra essa violação a mais.
Isto quer dizer: o mercado cinema enquanto filmes corpo o meu Greve mal no mercado tradicional para o
tográfico vai perdendo seus vínculos se realizam junto aos setores conside qual foram feitos, e não chegam ao * João Batista de Andrade é cineasta, autor
com a sociedade brasileira real, cami rados representativos da sociedade público organizado. de Doramundo, Wílsinho Gaiiléia (ainda ho]e
nhando para um público especializado brasileira hoje, mas- não atingem o No mercado tradicional, essa proibido), Greve, O homem que virou suco
e, em alguns casos, profundamente de- (este último em cartaz em São Paulo],
grande público das salas comerciais, "esquizofrenia" é marcado pela exis

CULTURA
>
%M-[2ãe: 1980 a 08/01 de 19^

Fale-me da monumental orgia


que vocês estão organizando.
Vai ser apenas uma festinha co

Carlos Eduardo Novaes


Festa mo outra qualquer, delegado.
— Soube que vocês compraram 30
quilos de sarapatel.
— Sim, é verdade.
Então corao e que voce vem
com essa conversa de que é uma fes
tinha como outra qualquer. Pensa
JÈ0O fÜB £Srüí)Al2. COM que não sei que sarapatel é afrodisia-
Os comunistas brasileiros sempre co?, o delegado estava irritado. —
foram muito ingênuos. Só porque o
Governo vive alardeando por aí que LüTft ipeouf&cA coAimA Vá, diga o que mais terá na festi-
nha"?
estamos em fase de abertura demo
crática, os comunistas pensam que ]á 0<s — Bem, teremos filmes...
podem organizar uma festa. Logo uma — Pornográficos, com certeza.
festa! Se ainda fosse um comício, uma ^ Livros... _ , ,,
passeata, uma convenção, como fazem — Os mais eróticos, nao tenho du
as outras correntes políticas, tudo bem. vida.
>/!as uma festa! Convenhamos, assim — Cerveja...
=
C GClJlcLiS.
A «abertura ainda „
-- -
não deu — Claro, vocês têm que botar todo
para lanlo. No moiiicnlO o Governo mundo bêbado. E quanto às drogas?
apenas autorizou os comunistas a uSr Pode falar, nós estamos na abertu
declarações nos jornais, ir à feira, um ra...

cincminha de vez em quando, andar j — Não usamos drogas, delegado.


de patins e promover pequenas reu Teremos muitas barraquinhas...
niões por ocasião de aniversários, en ?{íuaT€<>J(C.o 0 delegado abriu um leve sorriso
terros e batizados — desde que, na irônico.
turalmente, não excedam 12 pessoas. Fii 5f-i • • • depois que vocês es
Pelo :|uc consta na agenda do DOPS, tiverem bêbados, correm ícdos par?
íesta de comunista só lá pelo ano trás da barraquinha.
3Ü1Ü, Os dois conversaram durante algum
Foi por isso tudo que o delegado tempo. Finalmente o comunista pro
Tuna Lusa, do DOPS, se assustou vou ao delegado que a festa era séria.
quando 143 policiais que vivera se Quando o comunista saiu da sala o
guindo os comunistas brasileiros (an delegado chamou sua rapaziada.
tes eram 150, mas com a abertura, — Será uma festa séria — afir
vocês sabem, já deu para reduzir o mou — e por isso nós vamos proibí-la.
número) entraram em sua sala anun rio. A festa vai ser lá na Sociedade — O convite não especifica. Cada
um vai como quiser. — Mas se eles não vão atentar con
ciando a realização de uma festa Paulista de Trote...
— Era o que eu imaginava. Vão tra os costumes, chefe..,
marxisra-Ieninista. — De trote? Tá vendo! Esses co
cfpMece'! Tfü-i. dtTnc-TiSliaí — Vãn fazer pinr. Vãn atentar con
— Comunista dando festa? — o munas slio à'ia'DÒ*ncos. Como sáoem
que o Presidente Figueiredo gosta de implícita e inequivocamente que a in tra o Poder. Será que vocês não per
delegado lançou um olhar de descon cebem. a gravidade da situação? O
fiança — isso não está me cheirando cavalos, arrumara logo. uma festinha tenção é investir contra os costumes.
Esses comunistas só pensam em dro aniversário da Voz é mero pretexto.
bem... no meio dos eqüinos. Mas a mim eles
ga, sexo e violência. Vocês não viram Os nossos comunistas at>andonaram
— Os comunistas não podem se não levam na conversa não... Tá tu
do muito estranho... Algum de vo que na União Soviética mataram aque os velhos métodos de luta. Agora es
divertir, chefe? — ponderou seu se tão querendo chegar ao Poder através
cretário. ura liberal. cês recebeu convite? le músico que fazia parte do conjunto
— Minha cunhada recebeu, chefe. dos Bitclsnikovsky? de festas. Temos que agir, rápido!
— Desde quando comunista se di
verte em festa? Deixe de ser idiota, Se o senhor me der licença, estou com O delegado mandou chamar o co Transcrito do Jornal do Brasil dé
rapaz. Comunista só se diverte quando vontade de ir. munista que organizava a festa. 18/12/80

está reunido fazendo planos para to — Faça um relatório na volta. E,


mar o Poder. Estou achando tudo se você quer um conselho, deixe suas
.crianças em casa, Você sabe... festa llu3tração de Chico Caruso, publicada pelo Jornal do Brasil em 14/12/80
muito estranho. . .
— Não vejo nada demais, che de comunista... pode faltar comi
fe — voltou o secretário — se ainda da....
fosse um comício... — Ouvi dizer que eles compraram
— Um comício é que não teria na 300 quilos de carne.
da demais, seo idiota. Você não sabe . — Humana, com certeza! — o de
que os comunas transam na base da legado pensou um momento. — Tre
dialética? Dizem que vão fazer uma zentos quilos? Mas como comem esses,
festa pra nós pensarmos que é uma comunistas!
festa mesmo, mas na realidade eles — Eles distribuíram sete mil con
estão fazendo um comício. Além do vites.
mais, comunista não gosta de festa. — Sete mil? — espantou-se o de
De 64 para cá já fui a dezenas de legado. — Eles já são sete mil? Mas
festas. Nunca encontrei um comunis ainda ontem nós acabamos com todos
ta. Tem alguma coisa errada nessa eles! Bem que avisei em 75 para se
história... fazer vasectomia em todos os comu
O delegado Tuna abriu a gaveta, nistas!
tirou um caderninho preto, consul Um policial adiantou-se e mostrou
tou-o e depois resmungou: para o delegado uns folhetos de pro
— Não é aniversário da revolução paganda e os posters da festa. Ambos
russa, nem da chinesa, nem dá cuba ilustrados com uma foto de mulher.
na. Não é aniversário de Marx, nem — Quer dizer que vocês acham que
de Lenine, nem de Stalin... — Dia sete mil comunistas vão se reunir para
bos! Essa relação está incompleta. fazer uma festinha? — perguntou o
Alguém sabe aí quando é o aniversá delegado, irônico. Vocês são uns idio
rio de Brejnev? tas. Vejam, reparem bem na foto desse
— A festa é para comemorar o pri posters. Essa mulher com os braços
meiro aniversário do jornal Voz da erguidos, esse. sorriso obsceno, esse
Unidade. Os comunistas acham que olhar de desejo, esses bustos... Isso
no ritmo que vai essa abertura, o jor vai ser uma cvgia, uma bacana!, ra — Atenção! O sonho acabou! Vamos circular!
nal não completa o segundo aniversá- pazes! Qual é o traje?

c GERAL
>
I

da unidade
DIRETOR RESPONSÁVEL; Henrique Cordeiro
•Zà kA''

SÃO PAULO,DE 69 a 15 DE JANEIRO DE 1981 - ANO II - Cr$-30,00 '%\^Q

Contra o casuísmo e o
golpismo do Planalto
Numa semana especialmente marcada
pelo rescaldo das festas natalinas e pelo
recesso parlamentar, a vida política brasileira
foi extemporaneameníe agitada pela

II Congresso do PC discussão em torno das ostensivas intenções ■


governamentais de alterar a legislação
eleitoral.
Provocou-o a emenda apresentada pelo

Cubano malfadado deputado pedeiniaíu Anísio


de Souza, de Goiás, voltada para o
estabelecimento do voto distrital e vinculado,
da proibição de coligações partidárias, etc.,
numa clara manobra para salvar o PDS

reafirma e o governo de uma inevitável e fragorosa


derrota nas próxintas eleições de 1982.
No episódio, a tática do governo é a
de sempre. Apresentada por um
deputado, o Planalto não se compromete
seu caráter ostensivam&tte com ela que, por outro
lado, serve como uma luva aos seus objetivos.
Assim, desmentidos, tergiversações,
hipocrisias para dar e vender marcaram as

revolucionário intervenções das lideranças pedessisías


e das fontes oriundas do Planalto.
Por outro lado, uma surpresa, a
reversão apresentada pela positiva
Em seu discurso, Fídel
entrevista do vice-presidente da República,
Castro enfatizou opção Âureliano Chaves, que, pondo o dedo na
- infernacionalisfa de ferida, defendeu o arquivamento de
Cuba e afirmou que os qualquer hipótese golpista ou manipulatória,
isto ê, a mudança das regras do jogo
princípios são inegociáveis eleitoral antes de 82. "Eleições se ganham nas
págs. 8 e 9 urnas e não com mágicas", disse
Âureliano Chaves.
Tais contradições e aparentes paradoxos,
se revelam-as divisões existentes no
interior do bloco de forças sociais e políticas
que estão no poder, e deste com o regime
como um todo, não foram suficientes,
até agora, para eliminar a predominância
clara e ostensiva da tendência que
busca dividir e confundir as oposições.
Do nosso lado, reconhecemos a
existência de debilidades na articulação
unitária das oposições. com vistas ao avanço
do processo de democratização e à
luta pela garantia das eleições de 82. Uma
resposta firme e enérgica às contínuas
demonstrações do casuísmo e do golpismo
governamental passa pelo reforço —
parlamentar e extraparlamentar — da frente
democrática,,que precisa contagiar e
galvanizar o conjunto do pais. i
De 09 15/01/1981

CARTAS O terror como Festas de; Jeanette Gouveia, da dos jornais que constavam Assinaturas
de Londrina, PR; João Marga- de uma relação apócrifa, dis
arma polftica rio Mendec, de Porto Alegre, tribuída no mês de setembro, São Paulo 567
RS; Henry Winston e Gus contendo também ameaças. Rio de Janeiro 180
''A APEOESP está "A matéria escrita por David Hall, respectivamente presi- Da reunião do dia 2 saiu um
Capistrauo Filho na última VU Pernambuco 97
sidente nacional e secretário-ge- ofício ao presidente da Asso
de pé'' (d.® 9); veio em boa hora ral do Partido Comunista dos ciação dos Jornaleiros de Bahia 77
para Mato Grosso do Sul pois Minas Gerais 58
aqui em nosso Estado a utilização Estados Unidos; Centro de Goiânia, João Bosco, solicitan
"As vitórias obtidas pelos do terror como arma política Defesa dos Direitos Huma- do a convocação de uma assem Paraná 42
professores através de sua continua sendo usada pelos nos/Assessória e Educação Po bléia para debater o assunto. Rio Grande do Sul 40
/Associação mais representativa, no "homens do Poder". pular; deputado Goro Hama O texto do documento denun
sentido objetivo do termo, têm "Neste fim de ano o deputado Mato Grosso do Sul 38
Sérgio Cruz, líder do PMDB (PMDB/SP); Federação Nacio ciava o terror que ameaça a
sido mais de ordem moral do
nal dos Jornalistas Profissio liberdade e a vida, além do Amazonas 22
na Assembléia Legislativa,
que material. Goiás 17
"Talvez seja por isso que a sofreu um atentado contra sua nais. "direito da população de infor
grande maioria dos associados e vida sendo atingido por três tiros. mar e ser informada". Outros Estados 46
Vale ressaltar que este deputado
dos professores em geral tenha
tem uma prática política Os jornaleiros consultados Exterior 20
se negado a comparecer às manifestaram-se inteiramente
voltada para os interesses da Em Goiânia,
assembléias e às manifestações
população, denunciando sempre as favoráveis à venda dos alterna TOTAL 1204
ãe ma promovidas pela APEOESP.
"De fato, em virtude do injustiças e os absurdos que jornais voltam tivos, dizendo, inclusive, que
limitado poder de barganha ocorrem aqui no "feudo do sr. "só basta que os distribuidores
que nossa Associação possui, em Pedrossian". Será que ainda às bancas
estamos vivendo na época negra entreguem os jornais". Decla
face do todo-poderoso governo
de Mediei onde fazer raram também que a procura
VOZ
estadual, os dividendos ganhos
em decorrência dos movimentos
oposição significava arriscar a Os jornais da imprensa alter dos jornais alternativos é gran
própria vida? nativa deverão ser vendidos no
rcivindicativos da categoria
"Penso que todos aqueles de e que "não há mais nada a Wdauiüd
têm sido muito modestos, o que
engajados na luta pela democracia vamente nas bancas de jornais temer".
desestimula a mobilização, e revistas de Goiânia, dentro
quando deveria acontecer em nosso país devem repudiar DIRETOR RESPONSÁVEL:
exatamente o contrario. Sabemos tais atos fazendo dos próximos dias, de acordo Henrique Cordeiro
unidade contra a ditadura. com entendimentos dos repre Reg^Prof. n." 8.955-RJ
que quanto maior for o número
de companheiros presentes aos
"Um abraço a todos da Voz
sentantes de cinco .desses jor
Solidariedade CONSELHO DE DIREÇÃO:
e um 81 sem bombas e tiros."
atos programados pela Associação, nais cora 05 proprietários de Lindolfo Silva
maior será a nossa possibilidade
Cecília da Rocha à Voz Teodoro Mello
Campo Grande - MT bancas, em reunião realizada EDITOR:
dc êxito.
".A APEOESP está de pé. no último dia 2. Gildo Marçal Brandão
Suas divergências internas são NOTAS A disposição dos jomalei- Recebemos e agradecemos a SECRETARIA DE
discutidas democraticamente solidariedade dos companhei REDAÇÃO:
e a situação financeira está sob
ros, no entanto, dependerá da Ruth Tegon
controle, já que o desconto em assembléia da categoria, em ros da comissão provisória do CONSELHO EDITORIAL:
folha se acha restabelecido por Boas Festas data ainda a ser fixada, para PT de Osasco e seu protesto Sao Paulo; Anlonio Gaspar, Ar
sentença unânime dc instância anular decisão anterior, quan contra o ato arbitrário que mênio Guedes, Cláudio Guedes,
superior.
Recebemos, agradecemos e David Capistrano Filho, Emílio
retribuímos os votos de Boas do se decidiu suspender a ven proibiu a festa da Voz. Bonfante Demaria, Francisco Al
"Resta esperar que os
companheiros compreendam que meida, Leny Lainettí, Luiz Arturo
para se conseguir alguma coisa Obojes, Marco • A. Coelho Filho,
é necessário muito esforço, Marco Aurélio Nogueira, Marco
Damiani, Marco Moro, Nilton Ho-
mormente se levarmos em conta Após os rescaldos da festa e da passagem de ano, entramos em 81 a to rita, Pedro Célio, Rachel Soares,
que o nosso empregador, o
governo do Estado de São Paulo, do vapor para o aumento da vendagem de jornais e assinaturas. Para obtermos Reinaldo Belintani, 8. Ramos.
Rio: Agenor de Andrade, Carlos
tem-se negado sistematicamente êxito é importante que todos os amigos e colaboradores da Voz redobrem o em Alberto Lopes, Carlos Nelson Cou-
a atender as nossas mais
eleihentares solicitações." penho na organização dos contatos e discussão do jornal, fazendo com que ele tinho, Ivan Ribeiro, Leandro Kon-
João Roque Moriano der, Luiz Werneck Vianna, Mauro
SC afirme cada vez mais como iiisii uiuenio de participação c de unidade da fren Malin, Nemésio Salles, Rogério
Caçapava - SP
te democrática. Marques Gomes, Sylvia Morelz-
sohn, Teresa Ottoni.
Nesse primeiro momento contamos com uma vantagem que pode faci REPRESENTANTES:
Mensagem de litar aos interessados em assinar a Voz. Estamos conseguindo manter os preços Manaus — Rui Brito da Silva
Rua Turumâ, 1061
fim do ano do ano passado, apesar das retumbantes subidas inflacionárias. Até quando, não Belém — Jocelyn Brasil
podemos garantir. Rua Tamoios, 1592
tel.: 222-7286
"Justiça e Paz a todos os Portanto, pessoal, toda a força, mpíta disposição e pau na máquina. São Luís — Maria Aragão
homens e mulheres, neste 1981 Rua De Santana, 189
que se avizinha. tel.: 222-5181
São os nossos votos. Recife — Paulo Cavalcanti
"Aos companheiros que Rua do Hospício - Edif. Olímpia
ombrearam conosco neste ano dc
sala 709
lutas, nossas mais fraternas Londrina — Jussara Rezende
saudações democráticas.
Que a longa noite de arbítrio seja
definitivamente sepultada e que
Leia 6 assine Voz da Unidade Goiânia — Elias Moreira Borges
Brasília — Paulo Afonso
Bracarense
a sociedade que sonhamos Florianópolis — Nildo José Martins
'esteja mais prõóxima de nós, Porto Alegre — João B. Avelino
como está próximo
o alvorecer de um novo ano.
□ Anual de apoio (52 números consecutivos) CfS 3 000,00 Fortaleza — Caboclinho Farias
Salvador — H. Casaes e Silva
"'Pranteemos os nossos heróis
e mártires.
□ Anual Simples (52 números consecutivos) CrS 1 500,00 R. Conde Pereira Marinha, 38 —
Garcia
"Homenageemos 750,00
□ Semestral Simples (26 números consecutivos^ . Cr$ Santos — S.P.
os nossos mortos. Rua Conselheiro Nébias, 368-A,
*'Eles dizem cada vez mais: 60,00
Presente!I!
□ Assinatura para o Exterior (anual) USS sala 511
Taubaté — SP — Dalton Moreira
"Suas memórias estiveram
conosco no ano que se finda e seu ENDEREÇO PARA REMESSA: CORRESPONDENTE
INTERNACIONAL:
exemplo nos guia no ano Roma — Danilo S. Galletti
que surge.
Nome -
ADMINISTRAÇÃO:
"Eles foram imolados nas trevas Lindolfo Silva
da repressão, por ura ideal Endereço
Aureliano Gonçalves Cerqueira
de amor. Mas vivem em nossos
passos e em nossas tarefas
CEP Cidade Êstadò - DISTRIBUIÇÃO:
Sérgio Cordeiro de Andrade
cotidianas.
Anexo cheque n.* contra o Banco n. Propriedade da Editora Juruá Ltda.
"Que o sorriso de nossos filhos, - Rua Cesário Mota Jr., 369 - 2.' a.
fotografados nesta homenagem ATEffÇAO: Os cheques tfevfr ASSinatUrS: Fones: administração: 256-2591 •
esteja presente no lar de cada rio ser enviados em nome redação: 231-2926
companheiro e companheira ds EOITOAA JUnUA LTDA. CEP: 01221 São Paulo • SP.
neste 1981. Impresso nas oficinas da Cia. Edi
"Boas Festas. Feliz Ano Novo." tora Joruês, Rua Gastão da Cunha,
Ricardo Brandão 49 - tel.: 531-8900 - São Paulo.
(Do Movimento Matogrossense
pela Anistia e Direitos Humanos)
Ponta Porã • MS

< GERAL
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De 09 a 15/01/1981

A coalízação democrática existente no país se encontra a pique de


incorporar os empresários. Se isso se concretizar, o processo de
transição à democracia se tornará irresistível. Os encontros entre
empresários e sindicalistas devem concluir por acordo para mudar o regime-

Em defesa do compromisso
histórico com os liberais
Eslá hoje mais do que evidente que Luiz Wemeck Viaiina
a questão dos empresários no Brasil
se revestiu de caráter nacional. Não
são mais apenas os grandes empresá ditam sinceramente na supremacia do
rios de São Paulo que se manifestam capitalismo como modo de produção,
em favor da democracia. Nesse movi nos valores da livre empresa, e aparen
mento incluem-se os dirigentes das pe tam o viço das classes jovens ambicio
quenas e médias empresas de todo o sas de organizar o mundo.
país, que constituem não só o segmen Sozinhos, porém, não podem mais
to mais numeroso da classe, como tam organizá-lo. Chegaram tarde. Seu li
bém aquele socialmente mais impor beralismo se defronta, de saída, com a
tante,'pela profundidade e extensão questão democrática, trazida pelas
dos seus vínculos com a população e massas crescentemente mobilizadas pa
com a formação da opinião- pública. ra a participação na vida social. £ aí
Na conjuntura atual, esse é o fato po está o eixo de um problema que não
lítico dominante. só nos diz respeito a curto prazo — a
derrota do regime —, mas também a
Sucessivos pronunciamentos e longo prazo — a institucionalização
promissores encontros desses empre de uma democracia no país.
sários com líderes dos partidos políti Com sua apropriação pelo empre
cos, culminam agora com a ação ofen sariado, o liberalismo acaba de ga obrigatoriamente passam pela solução
siva em tomo de ura pacto social com nhar sua verdadeira dimensão política. da questão liberal. Aqui, o que impor
influentes sindicalistas. Tudo isso de Conta, além disso, com a hegemonia ta são os fatos: o liberalismo é uma
monstra a importância política da no mente do capitalismo entre nós, prin difusa que exerce sobre a consciência idéia emergente. Para a política da
va orientação do empresariado. cipalmente a partir de 1964. daí massas nesse pais; com a produ classe operária, nos dias que correm,
ção intelectual de expressivas persona O que interessa é associá-lo à demo
Não há exagero em dizer que esta Por outro lado, a tradição política
do empresariado brasileiro, em rela lidades e instituições acadêmicas, e cracia. Praticar, porém, uma política
mos diante de uma situação no míni com o posicionamento das principais
ção ao liberalismo, sempre se caracte conseqüente de aliança com os libe
mo incomum, especialmente num país associações dé classe dos profissionais
rizou pela ambigüidade. Liberal em rais implica em que a política da clas
como o nosso, onde os empresários liberais — a ABI, a OAB, o Clube de
sempre viveram melhor sob a proteção economia, nossa burguesia tem sido se operária se manifeste positivamente
Engenharia, etc. Aqui, no Brasil, é im quanto à forma da institucionalização
de um Estado autoritário. Essa é, oligárquica e autoritária em política.
pensável uma aliança entre socialistas, democrática.
aliás, mais uma razão para que se es- Daí que um dos seus traços básicos
comunistas e a corrente cristã solida- Dito de outro modo: num certo sen
conjure todo esquematismo e precon foi o de se situar distante dos partidos
rista, que seja realizada às custas dos tido, o liberalismo político não signifi
ceitos doutrinaristas. Temos pela fren políticos, para se encastelar em câ
liberais, tal como ocorreu na Itália ca outra coisa senão uma dada forma
te uma circunstância complexa e iné maras corporativas do Estado, seu
com a Constituinte de 1947, que de lização de procedimentos, de relações
dita. que atualiza um momento talvez partido político real.
decisivo para as lutas democráticas, e Ao menos era nosso caso, o que se mocratizou o país. e de regulação de conflitos. A poÜtica
para cujo desdobramento importará o tem verificado é que, para cumprir sua da classe operária deve lutar para que
tipo de intervenção política realizada finalidade quanto às classes economi a forma da institucionalização expres
pelos partidos. camente dominantes, uma relação des se nela^mesma a substância democrá
se tipo entre economia e política, en tica, garantindo-lhe flexibilidade e per
Numa palavra: a coalizão democrá tre Estado e sociedade exige tanto uma meabilidade, a fim de que as reivindi
tica existente no país se encontra a certa homogeneidade entre eles como cações das massas, quaisquer que elas
pique de incorporar os empresários. ciclos expansivos em economia. Senão, sejam, encontrem canais próprios por
Se isso se concretizar, o processo de com a crise, até elas se vêm sob amea onde transitem e efetivas possibilida
transição para a democracia se torna ça do arbítrio da política econômica des de atendimento. E deve lutar para
rá irresistível. dd Estado — e é aqui que a aludida impedir o ardi! pelo qual uma forma
contradição formal se faz real —,em política liberal enrustiu as marcas
CAPITALISMO E LIBERALISMO particular quando esse Estado visa principais das instituições autoritá
mais a fins políticos de perpetuação rias, como na Constituinte de 1946
Nas duas últimas décadas, o acele do regime que aí está, do que a de em relação ao Estado Novo.
rado avanço do capitalismo no Brasil servir à lógica da acumulação capita Os encontros entre empresários e
pôs a nu, entre outros efeitos, a vicio lista. sindicalistas, ora em pauta, podem e
sa assimetria entre as dimensões dr devem se constituir num balão de en
política e da economia. Temos, ao LIBERALISMO E POLÍTICA saio na direção de um amplo compro
mesmo tempo, uma economia moder misso histórico que compreenda os li
na, plenamente capitalista, dinamica Nesse quadro, e com a pressa de berais, os católicos e os marxistas. E
mente ajustada ao seu mercado, e um quem se atrasou bastante, os empre que se converta em algo que transcen
sistema político autocrático, oligárqui- sários brasileiros assumem o liberalis da a contingência da atuai crise eco
co e excludente. Sem dúvida, visto de mo como ideologia política. E nisso, ^ Luiz Eulállo^presidente da Flesp nômica, que avance para impor um
fora do contexto recente, essa contra desempenham um papel inédito entre ritmo acelerado à transição à demo
dição é formal, pois, como se .sabe, a as burguesias contemporâneas, princi Derrotar o regime e estabelecer uma cracia e já determine as linhas mes
violência política consistiu num dos palmente quando se considera nossa institucionalização democrática são, tras da nova ordem política democrá
recursos básicos para o desenvolvi- condição de capitalismo tardio. Acre nas nossas condições, tarefas que tica na qual iremos conviver.

c POLÍTICA
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De 09 a 15/01/1981

CAMPANHA

Em SP, candidato
independente
sai fortaiecido
Em ato promovido na Assembléia Legislativa,
Djalma Marinho recebeu apoio claro de políticos
e parlamentares de todos os partidos de oposição <09
O)

e afirmou que sua candidatura representa a <

valorização do Legislativo e a possibilidade de


consolidação de unia ampla frente parlamentar
Djalma Marinho, em S. Paulo, é recebido por Ulisses Guimarães

gional do PP paulista. Olavo Setúbal, debatidos e discutidos, não consigam posição vantajosa de seu partido. Ho
Fátima Murad
e no mesmo dia. em Minas, o presi se iornar leis, como hoje se permite, je a situação mudou, não só porque o
O deputado fedeiul Djalmu Marinho dente nacional do partido, senador sem quorum e sem votação, através partido oficial se enfraqueceu bastan
veio a São Paulo, na semana passada, Tancredo Neves, garantia que todo o do decurso de prazo. te numericamente, mas também por
para o lançamento de sua campanha PP votará com Djalma Marinho. "Uma Câmara que não vota, diz que certos setores começam a ceder a
pela eleição à presidência da Câmara Diante disso, correm já especula ele, em que os projetos são aprovados pressões de suas bases eleitorais. Em
Federal contra a candidatura do líder ções em torno das reações à uma der pelo silêncio, é tudo, menos poder." todas as últimas votações importantes
do governo. Nelson Marchcsan, apoia rota do cundidato do Planalto. .São os do Congre.s.so, isso ficou patente: na
do pelo Planailo. O candidato inde próprios fiéis do governo que come TRADIÇÃO DEMOCRÁTICA votação da Lei do Estrangeiro, da no
pendente fui recebido por dirigentes çam, como sempre, a acenar com va política salarial e do projeto do
e representantes de todos os partidos ameaças de um retrocesso político, Djalma "Marinho é considerado, pe deputado FIávio Marcílio que restabe
de oposição que lhe prestaram total hipótese totalmente descartada pelo la unanimidade dos partidos de opo lecia ás prerrogativas do Congresso,
apoio. deputado Djalma Marinho na entre sição, como o candidato natural à pre o governo só conseguiu fazer preva
O presidente do PMDB» deputado vista coletiva que concedeu na As sidência da Câmara dos Deputados, lecer suas decisões graças aos recur
Ulisses Guimarães, falando em nome sembléia de São Paulo. por ter incorporado à sua atividade sos espúrios contra os quais se volta
de seu pahido, num ato promovido "A ameaça de retrocesso caso eu como deputado federal desde 1960 as hoje a campanha do deputado Djal
na Assembléia Legislativa, na última seja eleito — e eu estou certíssimo da melhores tradições forjadas pelo Par ma Marinho e de toda a oposição.
quarta-feira, 6 de janeiro, afirmou minha vitória — é coisa de fazer me lamento brasileiro.
do às crianças, afirma. Nós vivemos Mesmo tendo pertencido à Arena, Mas o que deve garantir mesmo
que a luta de Djalma Marinho à pre uma ampla repercussão à campanha
sidência da Câmara merece o apoio hoje uma época de transição política, desde a sua fundação, e sendo hoje do
democrática. É hora de fazer conces PDS, o velho parlamentar do Rio pela presidência da Câmara é a iden
de todos os democratas, porque se tificação da candidatura do deputado
identifica plenamente com a luta pela sões. E o governo sabe disso." Grande do Norte sempre se manteve
fiel às suas convicções liberais e cons- Djalma Marinho com eleições livres e
reconquista das prerrogativas parla "Não há porque um retrocesso po limpas em 19821 e em contrapartida,
mentares. condição fundamental para titucionalistas.
lítico. Minha candidatura não é de a do deputado Nelson Marchesan às
a valorização da atividade política e confronto. Apenas não podemos acei Em 1968, como presidente da Co manobras eleitoreiras que o governo
do Poder Legislativo. tar mais a subserviência do Legislati missão de Constituição e Justiça, sus pretende implantar (como proibição
Djalma Marinho, por outro lado, vo ao Executivo e eu. como presidente tentou com dignidade a decisão do de coligações partidárias, voto distri
defendeu a participação de seu parti da Câmara, pretendo lutar por isso, Parlamento de negar licença para o tal, voto vinculado e sublegenda para
do, o PDS, numa ampla frente parla pela paridade dos poderes." julgamento do então deputado Márcio governador) para garantir a vitória do
mentar porque, segundo ele, "todos os Moreira Alves por supostas ofensas PDS.
partidos pressupõem o interesse par Um dos pontos-chave da campanha aos militares, episódio que acabou
tidário de reerguer -o Legislativo, de do deputado Djalma Marinho é a luta Embora o deputado Djalma Mari
sendo a gota d'água para a decretação
recuperar sua plena independência pela reformulação da emenda consti nho afirme que pretenda limitar seus
do AI-5 e a, intervenção no Parla contatos aos partidos políticos, alguns
frente ao governo, dc recolocá-lo na tucional de 1969 que regula a atuação mento.
sua posição de poder de Estado". setores da oposição entendem como
do Poder Legislativo, que segundo ele inevitável que a área de 'apoio à can
"é a maior humilhação já imposta ao Quando lhe perguntam se' pretende
VITÓRIA CERTA Congresso brasileiro". deixar o PDS em conseqüência'das didatura se estenda aos movimentos
pressões que vem sofrendo para re-- sociais extrapartidários. Muito mais
"Nossa lula — diz ele — é pela
Uma vitória do candidato indepen anistia do Poder Legislativo. A emen nunciar à sua candidatura, Djalma do que a mera solidariedade a um
dente à eleição que se realiza no início da de 69 é uma punição imposta pelo Marinho responde que lutará até o candidato democrata, esse apoio pode
de março é quase certa. Se todos os governo. Cabe a nós suprlmi-Ia." fim para que seu partido se autovalo- significar um forte instrumento de
parlamentares da oposição (207) vo rize, deixando de ser mero serviçal pressão sobremos deputados pedessis-
tarem cora Djalma Marinho, serão ne A luta pelo restabelecimento das do governo. tas ainda vulneráveis às imposições
cessários apenas mais cinco votos do prerrogativas do Parlamento, segundo do governo.
PDS para sua eleição; e o candidato ele, já começa na sua campanha, "por FRUTOS POLÍTICOS
garante que já conta"com a adesão de que a Câmara precisa se autogover- De qualquer modo, a campanha de
uma parcela ponderável do seu parti har, escolher um dos seus para pre Daqui até março, a campanha do Djalma Marinho já gerou resultados
do. Do lado das oposições, as dúvi sidi-la por sua própria conta e não deputado Djalma Marinho deve ga políticos altamente positivos para a
das que ainda persistiam quanto à por influências estranhas". E a luta nhar uma repercussão política inédita continuidade da luta democrática nb
possibilidade do apoio do grupo cha- deve levar necessariamente a que os nestes últimos anos, quando a escolha país, ao consolidar a frente parlamen
guista ao deputado Nelson Marchesan projetos do governo, mesmo que te dos dirigentes do Congresso sempre tar que o governo pretendeu destruir
foram afastadas pelo presidente re nham concessão de .tempo para serem foi decidida pelo governo, graças à ao impor a reforma partidária.

< POLÍTICA
3
De 09 a 15/01/1981 VS3L,

SAFADEZA ANIVERSÁRIO

A emenda do deputado pedessista pretende instituir o


Prestes,
voto distrital e vinculado, proibir as coligaçõies
partidárias e, mais grave, municipalizar as eleições entre emoção
diretas para governador. O objetivo é lesar o povo. e razão

Regime tem interesse


no '^pacote" de Anísio
Cláudio Guedes datos a governador e a senador que
obtiverem a maior soma de votos dire Luiz Carlos Prestes
tos em seus respectivos Estados, mas
Repetir que 1981 será um ano po os que tiverem obtido a vitória no' "Dirigimo-nos à conquista do so
lítico determinante para os destinos maior número de municípios do Es cialismo, à construção em nossa terra
do país não é novidade. O ano mal tado. da sociedade comunista. Mas o único;
começou e somos brindados com o Para termos uma idéia do absurdo caminho para lá chegarmos está na
anúncio do "pacote" de casuísmos desta última proposta vejamos apenas conquista do demócratismo o mais
eleitorais do deputado Anísio de Souza os casos de São Paulo e do Rio de completo." Essa afirmação é do diri
(PDS-GO). Este deputado, já consa Janeiro. A área metropolitana de São gente comunista Luiz Carlos Prestes,
grado como inimigo do voto popular Paulo, integrada por 37 municípios, ex-secretário-geral do Partido Comu
e da democracia por seu projeto de conta com mais de 50% da população nista Brasileiro, que comemorou, na
prorrogação dos mandatos dos verea do Estado e ficará minimizada em semana passada, com uma festa reali
dores e prefeitos, é conhecido pela benefício dos mais de 500 municípios zada no Sampaio Atlético Clube, no
sua competência em perceber as restantes, que têm menor presença hü- Rio de Janeiro, seus. 83 anòs de exis
iiilciivOcs do governo c adiantar-sc mana e fracu dcaempciilio ccunôiuico. tência.
procurando ser o mais servil possível
aos interesses oficiais.
A discussão de saber se existe ou
í
Anísio de Sousa, novamente em ação
No caso do Rio de Jáneiro a situação
é semelhante: os 14 municípios metro
politanos com a absoluta maioria de
Em seu discurso, pronunciado dian
te de cerca de mil pessoas, entre ami
gos e alguns líderes sindicais e políti
não o dedo dos ocupantes do Palácio população ficariam impotentes diante cos, o ex-secretário-geral do PCB de
entre os grandes conglomerados popu de 23 unidades sem maior expressão.
do Planalto na proposta de Anísio de fendeu abertamente a construção de
lacionais urbanos e a zona rural do
Souza é completamente irrelevante, O Assim, o atual quadro demográfico do "um partido novo, efetivamente revo
desembaraço do deputado goiano e'o interior dos Estados". Para ele "não
país coloca o voto urbano como aquele lucionário e internacionalista", uma
espaço na imprensa — dos jornais à é mais possível que apenas um gran que é decisivo e explica o verdadeiro vez que não existiria no país uma "or
televisão — por ele ocupado para de conglomerado humano, que recebe sentido da'proposta Anísio de Souza: ganização de vanguarda".
expor suas idéias asseguram que pelo todo tipo de pressão psicológica que
escamotear "a vontade popular. Luiz Carlos Prestes disse ter cons
menos os pontos centrais de seu pro o mundo moderno lhe oferece, viven
do a angústia das grandes cidades, ciência "dos erros que cometemos,
jeto coincidem com as pretensões do AS OPOSIÇOES
continue a ter o peso eleitoral que a principalmente dos meus próprios er
governo de alteração da legislação A proibição de coligações partidá ros", mas acha que não é hora de ana
eleitoral., atual Legislação lhe atribui, porque rias e a imposição do voto vinculado, lisá-los, acusando, ao invés,,"certos ca
expressa uma disposição eleitoral mais por si sós, já representariam um golpe
AS RAZOES DO DEPUTADO ciques que pensam ser comunistas" de
psicológica do que política". profundo nas oposições. É fato incon serem "negativlsías no que tange à his
Segundo o deputado goiano, em de As justificativas do deputado são testável que, divididas, as oposições tória do PCB".
clarações prestadas à Folha de S. no mínimo surrealistas. É incrível até não poderão fazer frente à força da
Paulo, "o país atravessa uma fase de onde pode chegar a falta de vergonha máquina administrativa governamen A FESTA
reformas políticas e econômicas que e o cretinismo de um parlamentar que, tal e a todo seu poder de corrupção Organizada por uma comissão pre
favorece as oposições. Até o momento ao apresentar uma emenda que visa e aliciamento. De modo geral, pelos sidida^ pelo arquiteto Oscar Niemeyer,
elas têm levado vantagem com estas tão-somente mascarar o resultado das interesses que atinge em seu próprio a festa de Prestes começou às 12 ho
reformas. Tivemos o retorno de várias urnas e tornar possível ao governo partido, a Emenda Anísio de Souza ras do último dia 3 de janeiro, sábado,
figuras políticas que, com a anistia, manter cargos eletivos mesmo no caso não parece ter desdé já um futuro e, segundo o Jornal do Brasil, houye
chegaram ao país na condição de víti de experimentar uma grande derrota completamente garantido. Contudo, muito chope e churrasco e 3.300 con
mas, encontrando um campo fértil eleitoral, recorre a argumentos que ninguém com um pouco de bom senso vites grátis foram distribuídos. "Os
para a pregação de suas idéias. En envolve até elementos de uma vulgar duvida que o governo prepara grandes membros do Comitê Central do PCB
quanto nós, do PDS, oferecemos a "psicologia das massas". mudanças na Legislação eleitoral como não foram convidados" e "líderes po
realidade que a Terra e o Mundo pos Á proposta do deputado do PDS única forma de garantir resultados po líticos de opoáição, como os srs. Leo
suem, as oposições oferecem as suas prevê a implantação do voto distrital sitivos para suSs áreas de apoio nas nel Brizola, Ulisses Guimarães, Luís
vicissitudes e o céu". Para o parla misto conf o fim do sistema propor eleições de 1982. É neste sentido que Inácio da Silva (Lula) e Roberto Sa
mentar governista, as oposições pen cional: 70% dos candidatos a depu o Planalto pode forçar a aprovação turnino foram convidados, mas não
sam "que chegou o momento de esma tado federal e a deputado estadual se da Emenda Anísio. Cabe às oposições compareceram", disse o JB de domin
garem a maioria do PDS, e acreditam rão escolhidos nos distritos em que se tomar a iniciativa no sentido de con go, 3.
que ao governo caberá a iniciativa de dividirão os Estados, podendo apre tornar os obstáculos que transgridam
tentar evitar o esmagamento. Mas so sentar-se apenas um candidato por a liberdade do pleito. Isto pode ser VOZ SAÚDA PRESTES
mos nós mesmos do PDS que não partido; os outros 30% serão votados feito tanto pela efetiva mobilização da A redação da Voz da Unidade en
aceitamos esse crescimento das oposi pelas legendas e considerados eleitos opinião pública em defesa do sistema viou um telegrama saudando o "que
ções. Não aceitamos ser esmagados os candidatos mais votados individual proporcional atualmente vigente, co rido companheiro Prestes pela passa
eleitoralmente". mente. Além disso, estabelece a vincu- mo pela criação de uma ampla e po gem de seu aniversário, fazendo votos
E o jeito que o deputado pedessista lação integral do sufrágio, a proibição derosa frente parlamentar que impeça para que no ano que se inicia possa
encontrou para driblar a realidade e de alianças e coligações partidárias e, o regime ditatorial que esbulha o povo mos juntos trabalhar pelo fim do auto
não ser "esmagado" nas urnas, "é sobretudo, a intromissão de uma "no brasileiro há 16 anos de continuar — ritarismo e arbítrio em nosso país, e
dividir a responsabilidade de escolha vidade", segundo a qual não vencerão com seus artifícios e casuísmos — sua avançar no caminho da democracia è
dos çandidatos a mandatos políticos necessariamente as eleições os candi saga antipopular. do socialismo".

c POLÍTICA
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De 09 a 15/01/1981
vss^

OPORTUNISMO

Estão xingando
Erasmo
ou a URSS?
O jornal O Globo criticando em edi- tos difíceis como nunca experimentou.
lorial o deputado ultraconservador Certamente ele esquece que apenas
Erasmo Dias, do PDS de São Paulo, de com disciplina, mas sem participação
vido aos seus insistentes elogios ao popular e identificação entre povo e
regime soviético, e, mais do que isso, governo, não há regime que obtenha
üü Partido Comunista da União Sovié progresso e justiça social. Que o di
tica. Tema de alguma peça teatral sa gam Portugal e Espanha, para ficar próprios parlamentares brasileiros deres locais, indignados: "Ora, mas
tirizando o reacionarismo do jornal mos apenas na Europa. que lá estiveram, tende a servir de mo por que boicotar os jogos se a União
da família Marinho? Mais uma ironia Mas se existe algo que justifique o delo econômico, em diversos setores, Soviética sempre apoiou nossos países
do Pasquim em cima do ex-secretário desgastado anii-sovietismo da grande a países subdesenvolvidos como o nos nas lutas pela independência, enquan
üv' Segurança paulista? Nada disso. 'imprensa brasileira é o fato de a so, abalando interesses de grupos e fa to os Estados Unidos apoiavam os co
As críticas do jornal ao deputado União Soviética se mostrar sempre in mílias, como por exemplo as que es lonizadores?" Ao que Muhammad Ali,
tritsmo Dias foram apenas uma das cômoda e ameaçadora aos interesses tão por trás da nossa grande imprensa. com a sinceridade que lhe é peculiar,
conseqüências da recente viagem que mais reacionários. Incômoda porque De certa forma, o atual episódio en replicou: "Mas não me contaram na
um grupo de depurados brasileiros fez pratica o internacionalismo proletário volvendo o deputado Erasmo Dias faz da disso em meu país. Agora quero
à União Soviética. Sem dúvida a excur apoiando de várias maneiras guerras lembrar a gafe diplomática provocada saber toda a verdade sobre o que vo
são ajudou a promover uma maior de libertação ou regimes em países co pelo boxeador norte-americano Mu- cês estão me dizendo." E entre sorri
apro.ximaçãü entre os dois países. Mas, mo Angola, Moçambique, Zimbabwe, hammad Ali há cerca de um ano. En sos amarelos de assessores do governo
basicamente, a visita leve dois resul Guiné-Bissau, Etiópia, Afeganistão, viado pelo presidente Caríer aos paí norte-americano que o acompanha
tados práticos: reduziu o anticomunis Vietnã, Coréia do Norte, lêmen do ses africanos para pedir o boicote aos vam, Muhammad deu por encerrada
mo rancoroso e infantil às suas devi- Sul, Cuba. Ameaçadora quando, a Jogos Olímpicos de Moscou, o ex- sua ridícula missão.
da.s proporçôe.s e fez aflorar, com to partir das constatações feitas pelos campeão mundial onvin de alguns lí (Roq^rio Marques Gomes)
do o seu primitivismo, o anti-sovietls-
nio da imprensa brasileira.
Sim, porque o "puxão de orelhas"
no deputado Erasmo Dias não foi ex
clusividade de O Globo. O Jornal do
Brasil também não resistiu e fez enor
me e sonoíentu editorial criticando o
Antonio Carlos e o PCB
"deslumbrameaito" daquele "antico fundamentalmente, uma declaração de renovação democrática da socie
munista prático e sem tempo de fa
Luiz Sérgio N. Henriques como esta só faz lembrar a dimensão dade brasileira.
zer leituras de História e Ciência Po dos obstáculos da luta pela legalida Há quase ura ano, na conhecida
lítica". Diga-se a bem da verdade que de, indispensável — ao contrário do entrevista dada ao Jornal do Brasil
o "deslumbramenio" não foi só do ex- A 2 de janeiro, no Jornal do Bra que supõe o governador da Bahia — por Giocondo Dias, Hércules Corrêa
secretário de Segurança, mas de iodos sil, ura importante político do sis à plena afirmação da vida democrá e Salomão Malina, se dizia com todas
os parlamentares que durante lü dias tema — o governador da Bahia, An tica entre nós. as letras: "Temos que reconhecer: os
percorreram a União Soviética, inde tônio Carlos Magalhães — veio a condutores desse regime são inteli
pendentemente de posicionamentos público numa longa entrevista para, Além disto, a opinião de Antônio gentes e a prova disso é que conse
ideológicos ou político-partidários. entre outras coisas, rejeitar convo Carlos, a despeito ,das intenções guiram dividir a oposição com a re
Segundo o próprio Jornal do Brasil. cação de uma Constituinte e a lega subjetivas do governador e do con forma partidária. Mas eles comete
em artigo enviado pelo corresponden lização do PCB. Uma vez mais, por teúdo atrasado, repropõe um dos pro ram um erro grave, quando não
te Noênio Splnola, os deputados mos tanto, uma voz autorizada, ligada ao blemas centrais de hoje: a chamada deram logo a legalização do PCB. Se
traram-se quase todos surpresos com o projeto "aberturista", deixou claro questão comunista. Questão que, tivessem feito isto, não sei como esta
padrão de vida equilibrado do povo que este projeto pára onde começa aliás, não diz respeito tão-somente ríamos agora."
soviético. Marcelo Cordeiro, do PMDB a classe operária e suas possibilida ao PC, mas sim ao conjunto da fren Continua sendo forçoso reconhe
da Bahia, disse que pôde constatar "a des de organização política autônoma. te democrática. Cabe aos comunis cer que, sem estes dois pontos men
homogeneidade da qualidade de vida Antônio Carlos disse textualmente tas, neste caso, convencer as diferen- cionados — o envolvimento da frente
em .setores fundamentais como habita que "qualquer atitude visando a 'tes forças sociais e políticas daquela democrática com a questão comunis
ção, saúde, educação e até mesmo no legalizar o Partido Comunista cgora frente da necessidade de romper com ta e o combate às formas degenera
vestuário". Cláudio Filomeno (PDS- .(o grifo é nossoj é extremamente pre um dos vícios históricos do sistema das de manifestação da luta interna,
CE) defendeu a aproximação dos dois judicial ao regime 'democrático". partidário brasileiro: o de ter tido com vistas à unidade — dificilmente
países na base de encontros parlamen Mais adiante, afirmou que o governo como premissa, sempre, a exclusão se darão aquelas mudanças na rela
tares, além de destacar que, "sendo a tem" tolerado manifestações públicas do PC e, de modo mais geral, de ção de forças, no equilíbrio entre as
União Soviética uma potência desen dos comunistas — à exceção da fes qualquer forma de representação das classes, que tornariam anacrônicas as
volvida em quase todos os campos, o ta nacional de Voz da Unidade —, classes dominadas. palavras de Antônio Carlos Maga
Brasil não pode ficar alheio a isso". porque está interessado de fato em lhães e imporiam a legalidade do
O parlamentar brasileiro mais crí "afirmar-se democraticamente". Outra tarefa dos comunistas é, no PCB.
tico foi o deputado Sérgio Cardoso, de A declaração de Antônio Carlos âmbito mais restrito dos que se re Ou o que é pior: esta legalidade,
deve ser examinada sob vários ângu conhecem em sua tradição, relançar como disse há um ano o dirigente
São Paulo, que apesar de reconhecer
los. De cara, não deixa de ser signi vigorosamente a temática da unida do PC, até poderia vir, na forma de
os progressos materiais na URSS, jus
ficativo que venha enunciada num de. Uma unidade, evidentemente, concessão hábil e marota. E hoje,
tificou: "(Dom disciplina consegue-se
tom que, apesar de tudo, escapa à concebida na diversidade, como con como naquela época, impossível dizer
tudo..." O que o deputado provavel
psicose anticomunista de costume. O vém a um partido qüe aspira a situar- como andariam os comunistas. Não
mente não sabe explicar é como de se trata de blefe.
que não é pouco, convenhamos. Mas, se como fator positivo do processo
pois de 16 anos de ditadura militar o
povo brasileiro está vivendo momen

c POLÍTICA
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nordeste seus direitos e reivindicações, como pode


riam eles ganhar consciência pomica,
avançar no caminho da organização? Ou
será que os fogucteiros da "queimação de

Na questão da terra, etapas" desejam excluir as massas campo


nesas do processo da frente única?

A ANTI-REFORMA

No fundo — e é' isso que veremos a se


guir — essa orientação antl-reformá agrá

os extremos se tocam ria serve, básica e iaeologicamente, às for


ças mais retrógadas da sociedade brasileira,
particularmente aos latifundiários. Somente
o radicalismo pcqueno-burguês, contrário à
dialética, poderia demonstrar politicamen
te, na prática de uma renitente atividade
A despeito dos latifundiários, tecnocratas e abastecer as populações nordeslinasi da
Bahia ao Maranhão. Isto seria possível,
esquerdizante" e golpista, como dois extre
mos da verdade se tocam. Temos aí, sem
dizia a Missão francesa, utilizando-se ple dúvida, na questão da reforma agrária, um
da extrema esquerda,solução para o Nordeste namente o potencial hidráulico, energéti
co e pisdcultor do açude Orós.
exemplo típico de concordância por cami
nhos diversos,
passa por uma ampla reforma agrária,que A Missão francesa foi embora, a Sudene
engavetou o relatório, os. latifundiários
Dizem esses iluminados que defender a
reforma agrária significa assumir um com
conceda terra e cidadania ao camponês. cantaram vitória. A terra continuaria im
produtiva. a agricultura de subsistência se
promisso reformista com as forças da rea
ção. Segundo eles, só a luta por objetivos
eternizaria, não havia mais necessidade de ainda distantes, de caráter estratégico, tem
energia hidráulica pois já dispúnhamos de sentido. O resto é reformismo. Não se re
Paulo Afonso e, quanto ao peixe do Orós, cordam, a propósito, que nos tempos mais
em riste, brandiam sovados jargões antico e dos outros açudes, eles, os latifundiários,
Anuibal Bonavídes* munistas, como se a reforma agrária, que difíceis da ditadura, por ocasião das elei
saberiam apropriar-se da produção. Quan ções parlamentares de 1974, eles, os "ra
pregávamos, fosse mudança de caráter so to à irrigação, não valia a pena tentar, por
cialista, e não apenas uma reforma do pró dicais", recomendaram o voto em branco,
causa da salinização da terra — este, aliás, alegando que participar ativamente do
FORTALEZA — O jornalista e poeta prio jegime capitalista. Esqueciam-se de um velho e caduco argumento dos coro
Deraócrito Rocha, fundador do jornal O que a França, a Inglaterra, os Estados Uni pleito seria o ràesmo que "coonestar o sis
néis da terra, toda vez que ouvem falar de tema"? Quatro anos depois, 1978, já esta
Povo, de Fortaleza, cantou, certo dia, num dos, os países capitalistas desenvolvidos, reforma agrária.
poema que haveria de ficar, para sempre, fizeram as suas rebrmas agrárias ha mais vam participando, embora timidamente, da
na historia da literatura cearense, o dra de dois séculos, a fim de que pudessem Hoje, portanto, como no passado, a pai campanha eleitoral, pois a vida lhes ensi
sagem é a mesma, com pequenas mudan nara qual o melhor caminho para se tra
ma do Jaguaribe, o maior rio seco do mun criar mercado interno e ingressar na fase var o combate contra a reação e a ditadu
do. da industrialização. ças quantitativas, de caráter mais vegeta-
tivo db que progressista. Claro que os ra. A vida e o chamado "Partidão"...
"O rio jaguaribe é uma artéria aberta, Mas falo é que os "coronéis da terra" Agora, criam novas formas de embara
por onde se esvai o sangue do Ceará", es do Vale do Jaguaribe, e seus colegas do meios de comunicação de massa, os meios
de transportes e a onda de eletrodomésti ço, outra vez tentam jogar areia nos olhos
ta era a imagem candenie do poeta. No fi Cariri, do sertão dos Inhamuns e da Zona do povo, com essa história de que reforma
nal, apontando a perspectiva salvadora, o Norte do Ceará, conseguiram até hoje os cos, dão como que um ar de modernização
às cidades, vilas e povoados do Nordeste. agrária e Assembléia Nacional Constituin
poeta clamava junto ao presidente da Re seus internos, a despeito da presença de te são reivindicações reformistas. Os "ra
pública, para que se colocasse, urgentemen oito bilhões de metros cúbicos de água ar Há inclusive, como dizia o saudoso depu
tado cearense Eretides Martins, a "pobre- dicais" teimam em desconhecer o fato his
te, uma pinça hemostática no boqueirão de mazenada, no interior do Estado. tórico de que só as acumulações quantita
Orós. Só assim, com a barragem ciclópica, tivas preparam os saltos de qualidade. F.sse
podcr-se-ia deter a sangria desatada. "vanguardismo", queimador de etapas,
Dcmócrito morreu, e muitos anos se pas contrário às realidades sociais, é utópico
saram. O sangue do Ceará continuou se es e chega a* ter conteúdo conservador, uma
vaindo através do boqueirão de Orós e de vez que dificulta a luta das massas, emper*.
inúmeros outros boqueirões da caatinga • rando o processo de sua libertação. Sim, é
nordestina. Veio, finalmente. Juscelino conservador esse comportamento dos "ra
Kubitscheck e mandou fechar o boqueirão. dicais", tão conservador quanto a insani
Surgiu . o Orós, verdadeiro mar interior, dade da extrema direita.
com seus dois bilhões e cem milhões de
metros cúbicos de água. A seguir, outros AS CORRENTES
boqueirões, enormes, também foram pin-
çados. Novos açudes, com fabuloso poten Ora. são os monopolistas da grande pro
cial hidráulico, foram c'5nstruídos. na pai
sagem comburida, o Banabuiu (em Arroja priedade territorial que se opõem radical
mente à reforma agrária. Os latifundiários
do Lisboa), com um bilhão e quinhentos sabem que as transformações na estrutura
milhões de metros cúbicos, e o Araras (em
agrária podem levar à liquidação dos
Rerlutuba), com um bilhão.
Começou então a explosão hidráulica na
"currais eleitorais". Para evitar que a ter
região. Em poucos anos, somente o terri ra seja desapropriada e distribuída-com os
tório do Ceará detinha um total de mais
camponeses, mobilizam tecnocratas "rea
de oito bilhões de metros cúbicos confor
listas", os quais são encarregados de de
me rezam as estatísticas oficiais do monstrar, através de mil artifícios, a in
DNOCS. Manancial esse equivalente a viabilidade do projeto.'
quase três vezes o volume d'água da Baía Mas agora, engrossando o exército de
da Guanabara. tecnocratas, surgem novas legiões de anti-
DESAFIO za iluminada", pois a energia de Paulo reformistas, para gáudio.dos coronéis da
Tanta água, armazenada num só Estado Afonso chega a quase todas as brenhas e
do chamado Polígono das Secas, já repre terra. Nessa corte de aliados há, como se
O desafio, porém, permanece. Cada vez bibocas onde reinam a fome, a miséria e vê, três correntes distintas: a primeira,
sentava, por si só, um tremendo desafio à mais válido. Quando desfraldamos a ban o atraso secular.
administração pública, aos governantes da partindo de razões materiais, visceralmen
deira. em 1962, da tribuna parlamentar, te egoístas c reacionárias, são os latifun
Nação. Era o desafio da terra. Da terra pouco tempo depois da inauguração do Apreciaremos, a seguir, outro aspecto da
nordestina, abandonada e improdutiva, diários; a segunda, partindo de razões téc
Orós, a fizemos com os argumentos vivos e questão agrária em nosso país. Um aspec nicas, de sabor realístico, são os lecnocra-
transformada em latifúndio. incontestáveis, extraídos da própria reali to que poderíamos chamar de estratégico
— E agora, senhores do governo, que tasj defensores de toda forma de monopó
dade social e econômica, c da própria exis e tático, no conjunto de tarefas que o po lio dentro da sociedade, pois só planejam
fazer com os boqueirões tapados, tanta tência do grande açude público. Se era um vo brasileiro enfreiita em sua luta por de
água represada? Depois da "pinça hemos para as elites; a terceira, caída do ccu por
açude público, construído com o dinheiro mocracia e independência nacional, descuido, c a dos radicais de extrema es
tática", deve-se reivindicar que entrem cm do povo, devia servir ao povo. Não podia
ação os bisturis cirúrgicos, capazes de re Enquanto as águas do Orós e dos de querda, partindo de razões apelidadas de
transformar-se em pólo turístico, para la "ideológicas", são os aliados gratuitos que
volver a terra, fecundá-la com sementes, zer dos privilegiados. mais reservatórios permanecem paradas c
operar o milagre da multiplicação dos silenciosas, enquanto 70% da produção os latifundiários encontraram, na Terra de
Nosso principal argumento era de que Santa Cruz, desde a época das capitanias
pães. o Orós, como os demais reservatórios do pesqueira é exportada para os Estados Uni
dos, Holanda e deíhais países europeus, en hereditárias e das sesmarias, que. vieram
DNOCS, trazia, em seu bojo, um "trinô- depofB...
FINALIDADE SOCIAL mio econômico" a ser considerado e posto quanto o sistema de irrigação é procrasti-
nado para as calendas gregas, alguns ex Mas as águas do Orós, no cerne dos ser
em prática: irrigação, energia elétrica e tões de Euclides da Cunha, permanecem
Na verdade, desde quando o Orós foi piscicultura. Eram três fontes fundamentais poentes de correntes políticas ditas ultra-
construído, há cerca de 20 anos. aquelas rcvolucionárias apregoam a esdrúxula te paradas e silenciosas, no maior desafio das
para o desenvolvimento regional, na base infra-estruturas nacionais, à ação dos go
considerações otimistas já estavam na or da exploração da água represada. Eram se segundo a qual a reforma agrária é "uma
dem do dia. Urgia dar finalidade social aos três fatores essenciais do progresso. reforma da burguesia". Trata-se, evidente vernantes. As áçuas do Orós, os 13 bilhões
mananciais de Orós. Banabuiu. Araras. mente, do óbvio ululante, como dizia .Nel de "metros cúbicos atualmente armazena
A esta altura, uma Missão de técnicos dos no interior do Nordeste, exigem a re
Peniecostes. General Sampaio, e outros de agrícolas da França, contratada pela Su son Rodrigues. Afirmar que a reforma
menor porte, que modificaram, pelo menos agrária não está na ordem do dia, no pro forma agrária completa, era nossa velha e
dene, havia concluído verdadeira radiogra caduca estrutura fundiária. A despeito da
na aparência hidráulica, o panorama dos fia do Vale do Jaguaribe, com vistas a um cesso político brasileiro, é querer tapar o
sertões. sol corn a peneira. Somente a fracassada opinião c da tomada de posição em con
arrojado projeto de reforma agrária. A trário, dos latifundiários, dos tecnocratas
— Em 1952, da tribuna da Assembléia Missão pesquisou minuciosamente os seto teoria de "queimar etapas" pode negar o
Legislativa do Ceará, levantamos a ques res primário, secundário e terciário do significado relevante que a luta pela refor e dos radicais da extrema esquerda, inimi
tão, seguidas, vezes, em discursos de "gran Vale. No avaiitajado relatório que prepa ma adquire no Brasil. gos jurados das etapas científicas, no pro-
des expedientes". Os latifundiários do Va rou, no finai da pesquisa, abriu radiante Objetivamente, a situação material das cesso_da História.
le do laguaribe, ciosos de seus monopó perspectiva para a criação, na região ja- massas camponesas dá uma resposta ful
lios territoriais, aproximavam-se da tribu guaribana, de um florescente centro produ minante aos pregoeiros da tese carbonária. 'Annibal'Bonavídes é jornalista, livreiro e
na, na condição de aparteantes e, de dedo tor de cereais, frutas e verduras, capaz de Sem a .própria luta dos camponeses por ex-deputado estadual no Ceará.

c ECONOMIA
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A impecável eficiência dos comunistas cubanos foi


posta à prova mais uma vez — e passou, mais
Reafirmando laços de amizade com U
uma vez, muito bem: exatamente às nove horas chantagens norte-americanas, PC cuban
da manhã do dia 17 de dezembro, no Palácio de
Ias Convenciones (construído na zona oriental de Ha O resultado é positivo: Cuba já p
vana, especialmente para a VI Conferência dos Não-
Alinhados, em 1979) fot aberto o 11 Congresso do altamente desenvolvidos e o PCC se
Partido Comunista de Cuba. E, durante os dias seguin
tes, a mesma pontualidade foi a norma; nenhum contra c- força dinâmica da 'sociedade. E
tempo, nenhum atraso, nenhum imprevisto se verificou
no encontro que reuniu delegados cubanos de todo o
país e foi assistido por 142 representações de partidos
:■-
comunistas e movimentos democráticos e revolucioná
rios, de todo o mundo. Os comunistas brasileiros estive
ram representados na Tribuna de Honra do Congresso,
com a presença de Giacondo Dias. E estas 2.310 pessoas
acostumaram-se tanto à perfeição que sequer observaram
que nem mesmo o encerramento do Congresso, na tarde
do dia 20, na monumental Plaza de Ia Revoluciôn José
Marli, com a participação de mais de um milhão de
Em Cuba, II Coi
cubanos, escapou à-perícia cronométrica dos seus orga-
nizadoics.
A peça-de-resistência dos trabalhos do Congresso
toi o informe apresentado pelo Comitê Central: sua
papel revolucion
leitura, por Fidel Castro, teve a duração de sete horas
e ocupou todo o primeiro dia das sessões. Dividido
em nove longos capítulos, o informe analisa detalhada
mente a dinâmica da Revolução, seus êxitos e proble
mas nos últimos cinco anos, bem como os seus objetivos observou uma pbnderável renovação de quadros, no José Pau]
e a sua projeção para o próximo qüinqüênio. Rico era exercício democrático das normas do modelo marxista-
dados estatísticos, firme e realista em suas críticas e leninista que os cubanos assumiram. enviado
autocríticas, verdadeiro e profundo em suas análises, - Se o I Congresso do PCC (1975) teve o mérito his
o informe que Fidel Castro deu a público assinala o tórico de estabelecer os parâmetros institucionais da
alto grau de maturidade política e ideológica alcançado nova sociedade cubana (a partir dele se instaurou o
pelos revolucionários cubanos. Trata-se de um documen Poder Popular Constitucional), este II Congresso atinge
to sólido, que o Congresso aprovou unanimemente. uma transcendência distinta: ele assinalou a consoli
No texto se destacara três núcleos temáticos. O dação do PCC como um partido de massas, estreita e
primeiro refere-se ao desempenho econômico-social do estritamente, vinculado ao povo trabalhador. Este partido
processo cubano entre 1976-1980: os resultados globais — e Fidel Castro o frisou com a sua argúcia e o seu
positivos mostram claramente que foram lançadas as entusiasmo de sempre — é, em ei mesmo, a garantia da
bases para que o país se torne uma sociedade indus continuidade e da legitimidade do processo revolucio
trializada moderna. Há indicadores, inclusive, que ate^ nário.
iam que Cuba, mesmo classificada entre as nações em
desenvolvimento, possui traços específicos de países 1 PLANO QÜINQÜENAL: UM BALANÇO
altamente desenvolvidos (especialmente no que toca à No informe central que apresentou ao Congresso,
alimentação, escolaridade e saúde). Ainda aqui, é de Fidel Castro dedicou largo espaço à análise dos resul
notar a ênfase em medidas de racionalização da econo- tados alcançados durante a vigência do I Plano Qüin
miâ com" a introdução do cálculo • econômico e de qüenal (1976-1980). Ficou patenteado que estes resul
uma reforma de preços e salários — que abrem uma tados são positivos, embora o objetivo global de um
nova etapa no planejamento cubano. crescimento econômico anual de 6% não tenha sido
Em segundo lugar, o informe patenteou que o atingido — chegou-se a 4%, em função da queda do
PCC é, hoje, a força dinâmica central da sociedade preço internacional do açúcar, da deterioração dos ter-
cubana. Entre 1975 e 1980, seus efetivos saltaram de nws de troca com os mercados,capitalistas e da inci
212.000 para 434.000 membros, dos quais 62,3% estão dência de pragas na agricultura.
diretamente ligados à produção, aos serviços e à do Durante o qüinqüênio, os investimentos foram de
cência. No mesmo período, a componente feminina 13,2 bilhões de pesos (1 peso = 0,7 dólar americano),
passou de 14,1% a 19,1%. A Juventude Comunista dos quais 35% destinaram-se à indústria e 19% à agri
conta com 425.000 militantes e a Organização dos Pio- cultura. Aliás, o traço característico do período
^neiros com 2,2 milhões de crianças. Registre-se que o 1976-1980 foi exatamente o de ter lançado as bases
crescimento do partido não foi aleatório: reforçou-se a da industrialização cubana.
sua composição proletária e a sua qualidade ideológica Os índices mais significativos do desenvolvimento
melhorou indiscutivelmente (no qüinqüênio, 25.000 econômico cubano foram os seguintes: em relação ao
militantes freqüentaram as escolas partidárias). período 1971-1975, a produção açucareira cresceu em
Finalmente, o informe explicita a política de prin 25%: entre 1976-1980, a- agropecuária cresceu em
cípios de Cuba no contexto mundial — reconhecido 3,5% ao ano, a indústria de base em 5%; em todo o
como problemático —: a opção pacifista e intema- qüinqüênio, a indústria de alimentos cresceu em 14%,
«ionalista de Cuba è referendada, bem xomo a insis a ligeira em 23%, a pesca em 29% e as atividades de
tência nas suas. relações de amizade para com a URSS transporte em 31%.
e a sua irreversível determinação de nada ceder às chan O nível geral de vida e de consumo registrou uma
tagens dos Estados Unidos. qualitativa melhoria; se, em 1975, a dieta média diária
Com o informe central, o Congresso aprovou alte- por habitante era de 2.622 calorias.e 71,4 g de proteínas,
rações nos estatutos do partido e o II Plano Qüinqüenal hoje é, respectivamente, de 2.866 e 74,5 g. Em 1980,
(1981-1985), que se insere numa estratégia de progra a esperança de vida de cada cubano, ao nascer, é de
mação que tem como marcos o ano 2.000 e a integração 73 anos. Existe um médico para cada 626 habitantes.
do país no sistema socialista de divisão internacional Ninguém tem menos de 6 anos de escolaridade e, em
de trabalho. cada 2,83 habitantes, 1 est;uda. Dos 9 milhões de
Além disto, o Congresso elegeu os novos membros cubanos, neste qüinqüênio, 10.000 fizeram turismo
dós organismos de 'direção do partido — que foram externo e 7 milhões viajaram pelo interior do país em
todos ampliados, com exceção do Secretariado do Birô atividades de lazér.
Político. O Comitê Central tem agora 148 membros Nos mesmos cinco anos, ademais. Cuba prestou
efetivos e 77 suplentes; para as suas primeira e segunda a dezenas de países uma ponderável solidariedade inter- :
secretarias foram reconduzidos, respectivamente, Fidel nacionalista (assistência militar, técnica, científica e
e Raul Castro. Em todas as instâncias da direção se econômica).

INTERN
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S e determinação de nada ceder às


*ealizou, em dezembro, seu congresso,
ui traços específicos^ de países
isolida como partido de massas e
usivo para Voz da Unidade.

iresso reforça
irio do PCC
O II PLANO QÜINQÜENAL
O Congresso aprovou o II Plano Qüinqüenal, que
norteará o desenvolvimento cubano entre 198M985.
Elaborado ao cabo de 24 meses de estudos e análises,
o plano propõe como objetivo um crescimento econô
mico anual médio de 5%, apresenta forte tendência Fidel "Os princípios
exportadora e de substituição de importações e procura • r
55
enquadrar-se na divisão internacional de trabalho socia
lista, integrando-se nos projetos do mundo socialista.
nao sao negociáveis
O II Piano Qüinqüenal cubano prevê t.OOO-inves-
linicniui agrü-pt^uârius e 500 industriais. A principal A última parte do informe apresentado
área de intervenção refere-se à habitação; serão cons por Fidel Castro ao Congresso trata da
truídas 200.000 novas residências. Planejam-se 250 obras política externa cubana. Voz da Unidade
educacionais e 150 de saúde pública.
•Propõe-se um acréscimo anual de 5% na produção reproduz aqtii os seus parágrafos
açucareira (criar-se-ão 8 novas centrais). No qüinqüênio, finais, dedicados às relações entre Cuba e
a geração de energia elétrica deve crescer em 50%, os Estados Unidos.
a produção de fertilizantes em 30%, a farmacêutica "Cuba estará pronta para se defender
em 25%, a de pneus em 50%, a de tecidos em 56-60%. coritra qualquer bloqueio militar ou
Os transportes serão priorizados: entre 1981-1985,
entrarão em uso 2.500 ônibus, 4.000 micro-ônibus, -invasão imperialista ianquel Neste país, a luta
13.000 táxis, 16 aviões de porte grande e médio e continuará enquanto houver um só
30 navios. patriota capaz de combater, e são milhões
O nível de vida da população crescerá sensivel dispostos a fazê-lo até a última gota
mente: será enfatizada a produção de bens de consumo do seu sanguel"
duráveis e o consumo pessoal aumentará à 4%'ao ano.
No fina! do período, haverá 1 médico para cada 440 "Se nos apresentarem um ramo de
habitantes e a. dieta média diária por habitante será oliveira, não o recusaremos. Se prosseguir a
de 3.155 calorias e 81,7 g de proteínas. A renda per hostilidade e houver agressões, responderemos
capita aumentará em 15-20%. energicamente."
É importante ressaltar, ainda, que este II Plano "Cuba entendç que é uma necessidade
Qüinqüenal insere-se numa projeção macroscópica e
histórica mundial existirem entre
estratégica do desenvolvimento cubano: já está elabo
rado um esquema geral de desenvolvimento que con todos os países relações normais, fundadas no
templa recursos e necessidades até o ano 2.000. respeito mútuo, no reconhecimento do
direito soberano de cada um e na
não-intervenção. Cuba considera que a
normalização das suas relações com os Estados
Unidos desanuviaria o clima político
da América Latina e do Caribe, contribuindo
para a distensão mundial. Por isto,.
Cuba não se opõe à resolução do seu diferendo
histórico com os Estados Unidos. Mas
ninguém deve pretender que Cuba modifique
a sua posição ou conceda era seus princípios.
Cuba é, e continuará sendo, socialista.
Cuba é, e continuará sendo, um país amigo
da União Soviética e de todos os
Estados socialistas. Cuba é, e continuará
sendo, um país internacionalista.
Os princípios não sãt> negociáveis. Pátria
ou mortel Venceremo.s'"

ONAL
De 09 a 15/01/1981

1980
crise

Resta saber se dispomos das cor


Dianle do quadro crítico, melhor alternativa é a adoção de uma respondentes condições políticas para
executá-la. Creio, modestamente, que
estratégia defensiva que afaste a recessão aberta, renegocie o desenvolvimento da crise tem reve

a dívida externa e garanta a expansão do emprego lado as condições de sua solução. Des
ta vez, muito mais do que nos anos
trinta, estão amalgamadas a questão
nacional e a questão da democracia.
Não será possível "a defesa da Na

A economia mundial e ção ameaçada" sem a convocação das


forças sociais que dão conteúdo à na
cionalidade, dentro de um marco po
lítico que permita a expressão dos

as saídas para a crise


interesses. Em suma, o Estado neces
sita que a sociedade se movimente,
para que ele mesmo possa se mover
e, assim, evitar o dilaceramento que
o encaminhamento da crise interna
Luiz Gonzaga de Mello Beiluzzo* versificação de nossas relações comer cional parece pressagiar.
ciais (sobretudo- dentro da América
Latina e especialmente com México, * Luiz Gonzaga de Mello Beiluzzo é professor
Venezuela e Argentina) e a adoção de da Universidade Estadual de Campinas. Au
Muita tinta tem sido gasta, neste tor de numerosos ensaios, publicou recen
final de ano, para avaliar o desem políticas de gasto público, que garan temente Valor e Capitalismo (Brasliiense,
penho da economia em 1980 e prog tam a expansão do emprego, sem com 1980). integra o Conselho de Economia da
nosticar o que nos espera em 1981. prometer a balança comercial. Tam Federação das Indústrias do Estado de São
bém não é preciso dizer que nossa po Paulo (FIESP).
Um pesado clima de pessimismo en
volve as análises e as conjecturas. São sição econômica, do ponto de vista da Por ter saído truncado em nossa edição an
poucos os que duvidam de que cami disponibilidade real de recursos, nos terior, republicamos o artigo "A economia
nhamos para nma fttapa rftceüuva., for capacita amplamente para o êxito da mundial e as saídas para a crise", de Luiz
quela estratégia defensiva. Gonzaga de Mello Beiluzzo.
temente condimentada pela permanên
cia de elevadas taxas de inflação. As
perspectivas de controle do desequi
líbrio externo — apesar da anuncia
da redução do ritmo de crescimento
— estarão certamente comprometidas
pela conta-petróleo, pela elevação dos
custos financeiros da dívida externa e
Demissões na Woiks,
pelas dificuldades que a recessão mun
dial trará à expansão das exportações.
E como «V (enho duo e repeíido: nem tudo está perdido
um desafio ao governo?
O ministro Delfim Neto foi incisivo
em sua palavra de ordem: "É hora de
trabalhar para pagar." não permitiram que esta política ad "Não é sintoma de recessão, mas o sivo" desperta o interesse de diferen
. As palavras do ministro encerram quirisse á sistematicidade requerida. desafio de uma multinacional ao go tes setores sociais. Entre eles, dirigen
algo mais.do que o simples enuncia Mas a "vocação" da administração verno. O presidente da República de tes sindicais, que enfatizaram desde a
do de uma regra moral dos negócios. Reagan é para o aprofundamento des clarou dias atrás que não aceitava última semana a necessidade dessa
Exprimem, na verdade, a forma que tas medidas. qualquer demissão em massa da indús proposta empresarial considerar como
vai assumindo o processo de resolu Neste caso, será inevitável a per tria automobilística, e a Wolks pagou um dos pontos relevantes de qualquer
ção da crise que se abateu sobre a petuação do movimento ascendente pra ver." diálogo que vise soluções comuns a
economia mundial, desde o inicio dos das taxas de juros — já bastante ele questão do desemprego.
anos setenta. Está cada vez mais claro vadas — e a desestabilização da po Esta a interpretação inicial de Luís
que os Estados Unidos estão pouco sição comercial e financeira dos par Carlos Ferreira, presidente do Sindica O próprio Luís Carlos vê validade
dispostos a permitir a erosão de sua ceiros europeus, sobretudo da Ale to dos Metalúrgicos de Taubaté, mu no debate para o "novo pacto", mas
supremacia econômica e financeira, manha e do Japão, cujas contas cor nicípio paulista, sede de uma das uni revela desconfiança, pois está "faltan
promovida, aliás, pelo próprio movi rentes apresentaram este ano resulta dades da Wolkswagen, que anunciou do muita gente que não foi convidada
mento de "internacionalização" de seu dos desfavoráveis. O ajustamento a para o início da próxima semana S de pra mesa de discussão, como as lide
grande capital industrial e bancário. estas condições "externas" exigirá um missão de 3.000 funcionários, férias ranças de São Bernardo, por exemplo.
Mas se é verdade que a metástase do maior rigor na administração interna coletivas para mais de 7.400 e a sus Por outro lado — continua — a pro
sistema produtivo americano — em daquelas economias, o que significa, pensão de horas extras. Com essas me posta tem o aval do dr. Delfim, ó que
sua dimensão industrial e financei naturalmente, uma propagação, em ca didas, a empresa busca diminuir sua já é motivo pra ficar com um pé
ra — determinou o enfraquecimento deia, da onda recessiva. produção diária em 200 unidades das atrás".
da hegemonia econômica da nação Este é o quadro que deveremos en "linhas de carros mais populares"
americana, também é .verdade que a frentar nos próximos anos. E é a par (Wolkswagen Sedan, Brasília e Gol A Unidade Sindical tem reunião con
reconstrução de uma "ordem" econô tir dele que deveremos imaginar nos N), optando por concentrar na produ vocada para se posicionar a respeito
mica capitalista deverá passar necessa sas alternativas. Para falar com sim ção de carros mais caros. Os motivos das demissões. Mas um dos integran
riamente pelo revigoramento da capa plicidade, ou nos submetemos passi declarados pelos diretores da Wolks tes de sua executiva era São Paulo, Ar
cidade de ordenação do Estado ame vamente às condições do "ajuste" in estão ligados ao aumento de estoque naldo Gonçalves, adianta que "o mi
ricano. ternacional e deflagramos — interna daqueles tipos de veículos, ou seja, a nistro do Trabalho tem a obrigação de
A primeira condição para a recupe mente — uma política de recessão queda de venda, decorrente do aumen agir contra a empresa. O Ministério in
ração desta capacidade de ordenação aberta, ou executamos uma estratégia to doS' juros e da diminuição nos pra terveio nos sindicatos do ABC quan
• é o fortalecimento do dólar como pa defensiva que nos subtraía aos azares zos de financiamento, aliados ao alto do uma das exigências dos trabalhado
drão monetário. Nós'últimos dois anos, da "reacomodação" da ordem econ.ô- res era a garantia no emprego, dizen
preço do combustível e às conseqüên do que não haveria riscos de demis
apesar das flutuações, a tendência das mica mundial. Não é preciso insistir cias da política salarial.
autoridades do Federal Reserve Sys- no fato de que esta estratégia defen sões. Agora foi a empresa quem des
tem tem sido a de executar uma polí siva supõe a renegociação da dívida • As demissões anunciadas vêni num respeitou as normas trabalhistas". •
tica de proteção do dólar como moe- externa, a intensificação dos progra momeqto em que a discussão da pro
mas de substituição energética, a di posta dé "um pacto social anti-re.ces- (P. Célia)
ia-reserva. As eleições americanas

NACIONAL
>
3-

Be 09 a 15/01/1981

METALÜRGICOS diretoria dirigida por Lins, entre"-eles


o secretário-geral do Sindicato, que
afirmou desconhecer o edital e critU
cou a desonestidade e carreirismo do
presidente.

Protestos à fraude nas LINS: FRAUDE, DELAÇAO


E CONCHAVOS
De outro lado, João Lins revelou
capacidade nas artimanhas de excluir

eleiçõesdeSão Caetano os trabalhadores das decisões e no


costume de violar a democracia sindi
cal. Se esquivando de responder pe
rante a categoria às acusações da
oposição, não vacilou em convocar a
Imposição de chapa única e carreirismo de Lins cientemente se comprometeram não
votar", A movimentação se ampliou,
polícia para impedir reunião de Frei
Chico com mais de 100 metalúrgicos
não impediram que oposição se fortalecesse ainda, com vários boletins e diversas
reuniões com as principais lideranças na sede do Sindicato. Além disso sua
turma distribuiu folhetos nas fábricas
durante campanha pela abstenção, onde metalúrgicas e operárias nas fábricas,
em que pese os impecilhos ocorridos, acusando o MRS de estar ligado a
democracia sindical foi tema mais discutido como na ZF, da qual cinco participan partidos clandestinos, no intuito frus
tes do movimento foram demitidos e
trado de intimidar os operários para
lação do processo eleitoral — o que foi proibida a distribuição dos folhetos. estes não assinarem a lista pró-absten-
Passados os 3 meses normais após
significa oportunidade para a inscri Nesse meio tempo tentou-se também ção. E, por cima, articulou alguns con
a fraudulenta convocação das eleições
ção de outras chapas. chavos que melhorassem sua imagem
ao Sindicato dos Metalúrgicos de São gestões na Delegacia Regional do Tra
Caetano do Sul, estas se realizam nes Ressalvando não ser contra a eleição balho para anulação do edital. Nada desgastada pela expulsão do PT, con
em si, mas "repudiamos esse abuso conseguindo, a oposição recorreu com seguindo matérias simpáticas à sua
tes dias 7, 8 e 9. O golpe do presi
dente joão Lins, de esconder o edital contra o direito da categoria apresen medida cautclar na Justiça Federal, pessoa e à sua gestão nos jornais locais
tar outras chapas". Frei Chico salienta onde novamente assistiu à compactua- — por meio de matérias pagas, no
para impedir registro de qualquer Jornal de São Caetano e pela influên
chapa de oposição, que ameaçasse sua que "apesar das grandes dificuldades ção com o ato ilícito de Lins. Tão
neste tipo de campanha, conseguimos notória foi a irregularidade, não reco cia do deputado Antonio Russo, na
permanência no cargo, não conseguiu Folha de São Caetano.
neutralizar o trabalho do Movimento
cerca de duas mil assinaturas (em nhecida pela Justiça, que nos docu
folhas individuais, abaixo de texto mentos apresentados constavam até. Agora, no momento das eleições,
de Renovação Sindical. Ao contrário, entre os sindicalistas da oposição per
Frei Chico e seus companheiros do explicativo) de operários, onde cons depoimentos de 4 membros da atual
manece o ânimo de trabalhar mais
IVÍRS reforçaram suas atividades jun acirradamente para desbancar do sin
to aos metalúrgicos, motivados, nesse dicato o abusado presidente e de forta
período, pela necessidade de botar a lecer as lutas necessárias à categoria,
categoria a par da manobra de Lins em vésperas da campanha salarial
e organizar a campanha do boicote de 81. Mas fica também a apreensão
ao pleito sindical. de nova fraude de Lins, visto que o
nao participarei dessa autoritarisrao da legislação lhe facilita
FARSA ELEITORAL! isso, ao designar apenas ao presidente
Esse o slogan aprovado por mais de
(e não à diretoria) o poder de- indicar
os mesários das urnas. Os anteceden
300 trabalhadores, reunidos em no
tes de João Lins confirmam tais expec
vembro último, para caracterizar o
movimento destinado a evitar o com-
tativas, pois é ainda recente o episódio
parecimento de 2/3 dos mais de 7.000 das eleições sindicais de 78, nas quais
sindicalizados em condições de voto ele se reelegeu com mais de dois mil
às eleições que ora se realizam, garan votos "arranjados" em duas urnas da
GM, onde a oposição, na época, tinha
tindo assim o primeiro passo para anu
seu maior reduto. (P. Célio)

SÃO PAULO um salário mínimo profissional respeitado, Eis aí uma reivindicação que deve ser todos os trabalhadores como condição in
ninguém será admitido por menos. feita numa eventual discussão com òs diri- dispensável para vencer o poderio dos pa
Isto é o que está realizando o Sindicato fentes da Fiesp, que têm vindo a público trões e do regime. Assim procederam du
dos Condutores Motoristas Rodoviários de propor um "novo pacto social". (EBD) rante a campanha salarial do ano que pas
Motoristas São Paulo, ao assinar acordo vigente a
p2riir de 1.® de janeiro corrente, que pos
sou, quando a divisão da diretoria amea
çava paralisar e levar a categoria à derro
sibilita á unificação da data-base do pes-' ta. Da miesma forma trataram de buscar
unificam soai empregado em transportes de carga
— cuja data-base era 1.® de janeiro — com
articular uma chapa única para que a clas
se operária saíssè reforçada e em condições
o pessoal empregado era transportes cole- de enfrentar o sistema que oprime e ex
datas-base tivós de passageiros, que tem por data-
base o dia 1.® de maio. ELEIÇÕES plora a todos.
Assim, em 1.® de maio próximo, o pes- Entretanto, devido à intransigência das
so^ dos transportes de cargas terá novo duas partes, não foi possível chegar-se a
reajustamento (além do obtido em 1.® de um acordo unitário.
janeiro) correspondente aos primeiros qua Os comunistas de Osasco, após analisa
Não basta apelar à unidade dos traba-
Uiadores. É preciso, antes de tudo, criar os
tro meses deste ano, unificando a sua da
ta-base com a da maioria dos .motoristas,
Duas chapas rem a situação criada, e tendo em conta
que nas duas chapas encontram-se compa
indispensáveis instrumentos dessa unidade, representados pelo setor de transportes co nheiros combativos, honestos e de compro
seja ela a orgânica ou a' de ação: Esta
será tanto maior quanto mais elevado foi
letivos de passageiros.
Os motoristas profissionais já têm ura
no sindicato vada fidelidade aos interesses dos trabalha
dores, resolvem deixar a questão do apoio
o grau de organização. salário mínimo profissional. Ao conseguir a uma ou a outra chapa a critério de seus
Neste sentido, a unificação da data-base
dos reajustamentos'salariais dos diversos
ampOar esse direito também para os aju de Osasco militantes e amigos.
dantes de caminhão, o Sindicato deu mais Reafirmam, nesta oportunidade, a sua
^tores de trabalhadores é um poderoso um passo à frente, no sentido do encami
instrumento, tanto da unidade orgânica disposição de fazer desta campanha eleito
nhamento da luta unitária das categorias ral um momento de mobilização, discussão
quanto da de ação. Através dele, os tra profissionais que representa.
balhadores poderão avançar na direção da Duas chapas concorrem às eleições para e conscientização da categoria.
Resta, nas épocas próprias, unificar as a renovação da diretoria do Sindicato dos Conclamam ainda a chapa que sair ven
conquista de seus objetivos comuns. datas-base dos demais setores de trabalha
Outro instrumento é o estabelecimento Trabalhadores Metalúrgicos de Osasco cedora a buscar a unidade com a derrota
dores e celebrar convenções coletivas de (SP), que se realizará nos dias 26 a 30 do da, a fim de que se fortaleça o movimento
do salário mínimo profissional, através do trabalho que abranjam toda a categoria
qual sera minimizada a concorrência en corrente mês e ano. A chapa 1 (Força Ope sindical brasileiro e que tenham mais força
sindical, estabelecendo o recrutamento de rária) e a chapa 2 (Esperança Operária). e respaldo da categoria as lutas que serão
tre os própnos trabalhadores. Concorrên pessoal exclusivamente através do respec
cia essa que também permite a rotativida Os cothunistas de Osasco fizeram chegar à travadas nestes anos, contra a política de
tivo sindicato, um salário mínimo profis Voz da Unidade a sua posição. exploração e de arrocho, contra a ameaça
de da mão-de-obra e, conseqüentemente, o sional para todas as funções e a represen Os comunistas de Osasco sempre pauta
aviltamento dos salários. Sc todos tiverem de recessio e desemprego e pelas liberda
tação do delegado sindical na empresa. ram a sua atuação na busca da unidade de des democráticas e sindicais.

C SINDICALISMO
>
De 09 a 15/01/1981

METALÚRGICOS/DOQUEIROS
RIO DE JANEIRO

Na Baixada,
Samba,praia,futebol e ano é
iniciado com
o drama do camponês luta salarial
(Da Sucursal) — Duas das mais
importantes categorias de trabalhado
res da Baixada Santista estão em
Rogério Marques Gomes campanha salarial: os empregados da
Companhia Docas do Estado de São
RIO — Num dia qualquer de de Paulo — Codesp —, com data-base
zembro, o calor beirando os 40 graus, em 1 de janeiro, e os da Companhia
um grupo de homens se reúne à som Siderúrgica Paulista — Cosipa —,em
bra de uma árvore numa estrada do 1.® de março. Embora muitas reivin
município fluminense de Itaboraí, a dicações sejam específicas, pelo me
50 minutos de Copacabana, que tem nos alguns pontos são comuns nas
na citricultura sua principal ativida duas campanhas — principalmente a
de agrícola. São umas 20 pessoas, mais importância dada à organização e mo
ou menos, que discutem temas como bilização das categorias.
os direitos do homem do campo, a Para Arnaldo Gonçalves, presidente
conquista de uma vida melhor para do Sindicato dos Metalúrgicos de San
o assalariado agrícola, a exploração tos, "é assim mesmo que a coisa tem
de que é vítima este trabalhador. A que caminhar, pois melhorias sala
reunião é apenas uma das diversas riais, de vida e condições de trabalho
realizadas durante todo o ano pelo não caem do céu; têm que ser con
Sindicato dos Trabalhadores Rurais quistadas". Assim, a implantação de
de Itaboraí, no interior do município, reajustes trimestrais de salários acima
com o objetivo de elevar o nível de do índice Nacional de Preços ao Con
consciência dos camponeses. sumidor — INPC — e a legalização
"Se as reuniões são realizadas ao ar de delegados sindicais com estabilida
í a -de- de üâu duas daü reivindicaçúeii du^
to muitas vezes se vê impedida de en doquelros e cosipanos. Nelson Batis
trar nas fazendas pelos proprietários, X, está acabado. Diante disso, o Sin lido como recibo. Mesmo levando em ta, presidente do Sindicato dos Operá
que aléra disso chegam a demitir em dicato vem lutando para que os meei conta que muitas dessas conquistas rios Portuários — que, junto com os
pregados que resolvem se sindicali ros questionem esse direito de vender não são postas em prática, foi sem dú empregados na administração, guín-
zar." A explicação é do presidente do conjuntamente, como determina a lei, vida uma vitória pois dá ao Sindicato dasteiros e condutores de veículos ro
Sindicato. Raimundo Leoni Sânlos, para não ser lesado." meios de recorrer à Justiça quando o doviários, forma a Unidade Portuá
reeleito para uma segunda gestão O presidente do Sindicato salienta empregado é lesado." ria —, diz que "os trabalhadores de
com 85% dos votos e empossado no que os fazendeiros lesam também os -Santos conservam a mesma tradição
últirpo dia 22 de novembro. A repres trabalhadores arrendatários que alu "Por incrível que pareça, até a de luta anterior a 1964, característica
são por parte dos fazendeiros é tama gam um pedaço de terra sem dividir a construção da ponte RÍo-NiteróÍ trou que resultou em substanciais melho
nha que ele até evita entrar em cer produção, como o meeiro). "A lei xe problemas ao homem do campo de rias de vida".
tas fazendas para não expor os empre manda que o arrendatário pague pela Itaboraí. Com a ponte, e o encurta-
gados. Por isso, quase sempre as reu área que ocupa 15% corresponden mento da distância, houve uma valo
ABUSOS
niões são feitas nas estradas ou nas ca te ao valor total da propriedade, mas rização muito grande das terras do
sas de pequenos proprietários identi em vez disso o fazendeiro exige um município. Isso tem levado muitos
Mas, mesmo cora esse ímpeto com
ficados com as causas dos trabalha dia de trabalho por semana. Ora, se proprietários a se desfazerem de suas bativo, os trabalhadores santistas che
dores. este fazendeiro tem, por exemplo, seis 'fazendas, que geralmente são transfor
gam a enfrentar algumas dificuldades,
"arrendatários em sua propriedade, ele madas em loteamentos. E cada vez como aconteceu com os empregados
EXPLORAÇÃO DESENFREADA acaba substituindo pelo menos dois que uma fazenda é vendida, dezenas da empreiteira multinacional Sade —
empregados fixos, com quem teria de de trabalhadores perdem seus empre Sul Americana de Engenharia S.A.,
"Este é apenas um dos problemas cumprir uma série de obrigações tra gos. Muitos vão tentar a sorte na ci que opera na Cosipa. Os patrões re
enfrentados pelo assalariado agrícola balhistas, restringindo assim ainda dade grande — o Rio, no caso — e solveram servir comida estragada e
em Itaboraí, como de resto em todo mais o mercado de trabalho." ali acabam éngrossando o contingente tentaram confinar os operários em
o Estado do Rio de Janeiro", diz Rai de favelados e marginalizados sociais." barracos-prisão, num verdadeiro regi
mundo. "Basta lembrar que a maior UMA VITÓRIA EM 77 me de escravidão branca.
luta do Sindicato no momento é pela ELEVAR A CONSCIÊNCIA
A forma encontrada pelos trabalha
consolidação de direitos elementares Raimundo lembra que até há uns dores para protestar contra a emprei
conquistados pela classe trabalhadora oito anos era comum, em Itaboraí, o Na opinião de Raimundo, a solução
teira foi realizar passeatas pelas ruas
há muito anos, mas que ainda são um trabalhador rural — arrendatário ou de todos estes problemas e a conquista
de Cubatão, registrar queixa no dis
sonho para o homem do campo. Por meeiro — pagar ao fazendeiro pela de metas mais avançadas como a re
trito policial, denunciar o'caso à im
incrível que pareça, carteira profissio moradia com üm dia de trabalho gra forma agrária só virão realmente com
a elevação do nível de consciência dos
prensa e — é ciaro — promover reu
nal assinada, repouso remunerado, fé tuito por semana (no caso do arrenda niões no Sindicato dos Trabalhadores
rias, 15." e até salário.mínimo no Bra tário, pagava com dois dias). "Depois trabalhadores. "Por isso nós damos
na Construção Civil.
sil são' um privilégio do trabalhador de muita luta do Sindicato, esse tipo grande importância às reuniões nas
Além disso, o recentemente eleito
urbano. Quase sempre, o homem do de exploração deixou de existir, e os fazendas, que visam também aumen
presidente do Sindicato dos Trabalha
campo ganha menos que-o mínimo ofi fazendeiros passaram a cumprir a lei, tar a representação do Sindicato junto
dores nas Indústrias Extrativas da
ciai." descontando 20% no salário dos em às bases. Esse tipo de trabalho é mui
Baixada Santista, João Simão da Sil
"Mas a exploração não fica nisso. pregados pela moradia". to mais importante que a simples
disputa de cargos na diretoria do Sin va, foi ameaçado de dispensa pela Pe
No caso dos meeiros, a produção que Mas em 1977 houve um dissídio
dicato, porque além de dar suporte às dreira Santa Tereza, onde trabalha —
ele divide com o proprietário deveria coletivo — um dos primeiros entre
sindicatos rurais do Brasil, sem con lutas desenvolvidas pela entidade, enquanto não toma posse — com mais
ser vendida pelos dois conjuntamente,
mas quase sempre é o fazendeiro tar a área canavieira — e graças ao impede retrocessos como o de 1964. seis companheiros de diretoria. A des
quem estabelece os preços e vende a dissídio foram cancelados os 20% de Havendo uma consciência de classe, o culpa do patrão — que voltou atrás
produção, cujo lucro vai repartir com moradia, passando a ser obrigatória movimento dos trabalhadores não vai em sua decisão — era de que o Exér
o meeíro. Então o trabalhador tem de a residência gratuita, instalação de pri se desmobilizar, se as forças da bur cito não tem fornecido explosivos à
acreditar na palavra do proprietário, vadas nas casas dos trabalhadores e guesia pirenderem os líderes sindi pedreira por causa da segurança dos
quando este diz que a venda rendeu pagamento em envelope impresso, vá cais." moradores.

■c SINDICALISMO
>
ii.y-
De 09 a 15/01/1981

imperialismo

A questão
dos mísseis
na Europa
EUA qiierem reforçar uiilitarniente Estados
europeus para liquidar equilíbrio atômico e
controlar decisões sobre guerra e paz. Com isto,
ameaçam a distensão e esperam enfraquecer URSS

Robert Havemann* ataque até alcançar o objetivo há um num primeiro golpe as bases dos mís risco extremo a sua própria existên
intervalo de uma hora, neste tempo seis intercontinentais soviéticos. cia. A única potência que pode tirar
também o adversário pode lançar a Nos dez minutos de tempo necessá vantagem política e econômica de um
Há 365 anos, de 1618 a 1648, a
Alemanha empenhou-se na Guerra dos
maioria de seus mísseis. O resultado rios aos Pershíng 2 para atingir seus ataque preventivo desse tipo seriam
de um tal ataque seria inevitavelmen objetivos, e mesmo na situação mais os Estados Unidos. A Europa só fun
Trinta Anos. Quando a paz de West-
te a destruição recíproca. Logo, um favorável, os soviclicos não teriam cionaria como escudo protetor atrás
fáiia pôs fim a ela, os alemães sobre
viventes eram três milhões. Desde que
ataque com mísseis interconitncntais -tempo de abastecei nem mesmo alguns do qual os Estados Unidos, do lado
significa corrida ao suicídio. É sobre de seus mísseis intercontinentais. Por de lá do Atlântico, esperariam apenas
se estabeleceu o equilíbrio atômico, a
este fato que se baseiam os 35 anos sua vez, as bases soviéíivas de mísseis o fim da tragédia.
Europa vive em paz: uma inquieta-
de paz sob a égide do equilíbrio atô inlercontineniais colocadas no Leste Suponhamos que as negociações so
dora paz baseada no medo e no terror,
que sò perdura por causa desse equi mico. do país seriam atacadas simultanea bre a instalação desses mísseis entre
Agora, o plano noric-americano de mente do Alasca. Assim, após esse ata os EUA e a URSS e entre a OTAN
líbrio. Equilíbrio atômico significa
que cada aiaquc dcblrói uâu bú o agre armar os Estados europeus da OTAN que de surpresa com os mísseis de e o Pacto de Varsóvia fracassem e
com novos mísseis dc médio raio de raio médio; a União Soviética ficaria eles comecem a ser.instalados na Eu
dido, mas leva o agressor a uma ca
tástrofe inevitável. Se essa paz de 35 ação com alcance maior, persegue : entregue indefesa aos mísseis intercon ropa Ocidental. Será que a URSS po
anos. acaba, virá a guerra. Será curta, objetivo de liquidai esie equilíbrio tinentais americanos. A única respos derá ou estará em condições de assis
mas deixará atrás de si mSnos seres atômico e manter em suas mãos o po ta que a URSS poderia dar seria lan tir a isto inativa? Por quanto tempo
vivos que aqueles que sobreviveram der de decidir sobre guerra e paz sem çar seus mísseis de raio médio contra ela poderá admitir esta preparação de
à Guerra de Trinta Anos. E os pou temer o aniquilador contragolpe so a Europa Ocidental. A Europa se um ataque de surpresa que ameace a
cos sobreviventes serão também eles viético. Este piano americano tem transformaria num montão de ruínas sua existência? Com quantos míThÕes
todos vítimas infelizes, moribundos, uma lógica bastante simples. impregnadas de radioativida.de mor de mortos deveriam pagar, neste caso,
destinados à morte pela grande catás Os mísseis de raio médio da OTAN tal. O único perigo capaz de ameaçar a confiança no espírito pacífico dos
trofe que eliminará de uma vez por até agora alcançavam uma distância os Estados Unidos, depois disto, se EUA, que constróem sob seu nariz
todas as esperanças num mundo futu não superior a mil quilômetros. As ria a chuva atômica em conseqüência uma força ofensiva atômica com o
ro mais humano. sim, com estes mísseis não se podia da radioatividade acumulada na at auxílio da qual poderiam destruir , a
Mas ainda existe a possibilidade de empreender nenhum ataque eficaz mosfera, que atingiria toda a Terra. União Soviética na prática sem corre»-
nos livrarmos de uma tal catástrofe. contra objetivos na União Soviética, Mas é de se supor que os técnicos riscos?
Para isto é necessário que todos com fazendo-os partir das suas bases no competentes já tenham criado nos
A CHAVE PARA A SOLUÇÃO
preendam inteiramente o perigo que Europa Ocidental. Ao contrário, os EUA uma eficaz proteção com apa-
nos ameaça e aprendam a temê-lo mísseis de raio médio que deverão ser relhamenlo para depurar o ar e a Se se percebe inteiramente as con
seriamente. instalados na Europa -Ocidental após água. seqüências desta situação, chega-se
A bomba de Híroshiraa tinha a a decisão de dezembro de 1979, os Os ocidentais defendem o direito obrigatoriamente à conclusão de que
força explosiva de 20 mil toneladas Pershíng 2 e os Cruise, têm um alcan da OTAN se armar com estes novos nas negociações sobre os mísseis de
de TNT: uma bomba de hidrogênio ce de 5 mil quilômetros. mísseis de raio médio em decorrên médio raio de ação estão em jogo as
média tem a força de 20 milhões de Os Pershíng 2 têm a mesma velo cia do fato de a URSS dispor de mís vidas de centenas de milhões de euro
toneladas de TNT, ou a força de mil cidade de vôo dos mísseis interconti seis de raio médio capazes de atingir peus. Estou convencido de que a
bombas iguais à de Hiroshima. O nentais. Pelo seu alcance e velocida a qualquer momento, de suas posições, URSS está. disposta a dar qualquer
número das bombas deste tipo exis de de vôo, podem atingir, de bases os países europeus da OTAN. Em fun passo, mesmo de grande alcance, pa
tentes atualmente nos arsenais das européias, no máximo em 10 minutos, ção disto, a decisão da OTAN de de ra acabar cora a tensão na Europa,
grandes potências pode ser avaliado todos os objetivos militarmente im zembro de 1979 vem sendo chamada para liquidar o confronto militar e
entre 50 mil e 100 mil. portantes da União Soviética. Como se de "resolução para restabelecer o para chegar ao desarmamento radical.
Um míssil intercontinental pode trata de mísseis a combustível sólido, equilíbrio de armas", como se deste E que .nesta questão ela não busca
lançar sobre seu objetivo, com grande estão sempre prontos para serem dis modo a OTAN apenas estivesse reali vantagens militares para si, mas só é
precisão de tiro, mais de dez bombas parados. E como não ficam em bases zando o que a URSS já realizou no guiada pela busca de segurança diante
iguais a essa, percorrendo meio mun de lançamento fixas, eles dificilmente Pacto de Varsóvia.. Pretende-se assim da ameaça de um ataque nuclear. Além
do em sua trajetória. No seu vôo ba podem ser localizados a tempo no ca estar somente anulando a vantagem do mais, a distensão e a colaboração
lístico, precisa de cerca de 45 minu so de um ataque dc surpresa. Como militar que a URSS adquirira. É evi pacífica, em todos os terrenos, inclu
tos para percorrer uma distância de se depreende da nova estratégia do dente que esta argumentação só serve sive no econômico, são hoje mais Ho
20 mil quilômetros e metade desse governo americano," só recentemente para enganar a opinião pública mun que nunca do interesse da URSS. As
tempo para percorrer 10 mil quilô conhecida, os objetivos soviéticos que dial. sim, parece-me que a chave para a
metros. O míssil pode ser carregado deveriam ser atacados por esses mís Oue interesse teria a URSS em ata solução dos problemas europeus está
em 30 minutos, talvez um pouco seis de raio médio não são mais as car a Europa Ocidental se não está na Alemanha, muito mais do que sus
mais. Adraitindo-se que o carregamen grandes cidades e os grandes centros seriamente ameaçada pela OTAbT? A peitamos hoje.
to de numerosos mísseis interconti industriais da URSS, mas "objetivos União Soviética não tiraria nenhuma
nentais pode ser detectado pelo adver militares importantes e centros de ope vantagem da transformação da Euro
sário através da observação de saté ração". Tudo fica muito claro: com pa num deserto atômico. Se desenca * Robert Havemaim é cientista e filósofo
lites, e como a partir da ordem de estes mísseis devem ser destruídas deasse uma tal ação só colocaria em alemãoKiriental.

■( IfíTERNACIONAL J
De 09 a 15/01/1981

BALANÇO 80 TV um caráter democrático e o entrecho-


que de opiniões é bem conduzido pelo
apresentador. Na mesma linha, pode-
se destacar, apesar da chatice ineren

Nas entrevistas, o te, o programa de Hebe Camargo.


Tendo paciência, pode-se acompanhar
boas entrevistas. O programa só irá
melhorar quando a apresentadora per
der seu jeito de "vizinha compreensi

melhor da televisão va".


Entre outros poucos exemplos de
boa qualidade, tem que ser citados os
musicais da TV Cultura e TV Bandei
rantes e, entre os da Globo, o" belís
Num ano marcado pelo esgotamento das tores brasileiros. Destaque-se ainda o
programa TV Mulher: igual em sua simo especial com a cantora Simone.
Se em 1980 poucas mudanças de
alternativas das diversas emissoras, a TV estrutura a qualquer um dos progra
qualidade se apresentaram, para 1981
mas femininos que abarrotam nossa
brasileira ainda conseguiu preservar seu TV (com horóscopos, culinária, artes, as perspectivas são sombrias; no dia
móda etc.), apresenta diferenças ape 3 deste mês a Globo apresentou o fil
polencial e aproveitar os ventos da «abertura». nas "quanto à forma de organizar seus me Vitória em Entebee, um execrável
panfleto sionista. De resto, é funda
quadros e na seleção de imagens. Há
ainda neste programa a lamentável mental a ampliação (e aprofundamen
Sizenando Ahes Silveira participação de Henfil com o quadro to) do debate acerca do papel e im
"TV Homem", despastando seu talen portância da televisão em nosso país.
A televisão brasileira em 1980 des plo de gangsterismo acabou de manei to como humorista e revelando-se um Naturalmente, sem qualquer ilusão
tacou-se novamente coíno a melhor ra cruel, deixando centenas de funcio insosso comediante. que nos impeça de compreendê-la em
opção de enfado em nossa limitada nários em grave situação financeira — seu estágio atual, como um veículo
vida cultural — salvo as sempre dig uma crise sem precedentes na história Como toda regra traz suas exce cuja potencialidade no plano estético
nas, honestas e raras exceções que da televisão no Brasil. ções, vamos a elas. As mudanças ad é bastante reduzida — apesar da lar-
encontramos em sua programação. A Há vários exemplos que se destaca vindas . com a "abertura" no plano guíssima capacidade enquanto veículo
maior parte das novidades que surgi ram no interior do rebotalho da pro político-institucional trouxeram à tele de comunicação de massa.
ram então apenas reforçam a tradição gramação de 1980. Como deixar de visão novas possibilidades para a or
de trinta anos que tem nossa TV de citar 6 programa Diálogo Nacional da ganização de sua programação e esta
mudar para permanecer sempre a TV Record que, mensalmente, abre apresentou acenos timidamente demo
mesma. Entre mortos e feridos, salva- espaço para os discursos delirantes de cráticos. Surgiu um espaço para o de LIVROS
ram-se uns poucos mutilados. Jânio Quadros e cujos entrevistadores bate' político — fato este muito salu
Entre o descaramento de uns e a tratam-no por "sr. Presidente"? As tar, apesar das limitações impostas
indigência intelectual de outros, obser sistimos ainda, nesta mesma emissora, pelo meio. Nessa medida, são de ex No desenho de
vou-se o esgotamento das alternativas a criação do programa Sala Especial, trema importância programas como
de programação oferecidas pelas vá
rias emissoras, destacando-se a Rede
que exibe pornochanchadas e é apre
sentado como "apoio ao cinema nacio
Canal Livre da Bandeirantes e Ferrei
ra Neto da TV Record. No primeiro,
Caruso,a crônica
nal". Apesar deste esforço de oportu
Globo como modelo para orientar a
falta de criatividade das outras. O te- nismo e de todas as limitações já
temos um contato mais próximo com
os entrevistados porque o programa é da política
lejomalismo adiantou-se bastante em apontadas, sálvaram-se boas progra conduzido como um bate-papo muito
1980 na sua caminhada rumo ao abis mações: Testa de Ferro Por Acaso, O informal e na maioria das vezes os
mo -das deformações e superficialis- Pagador de Promessas, Lacombe Lu- entrevistadores são inteligentes. Canal
mos; ampliou-se o número de reprises cíen e os filmes de Chaplin, entre ou Livre nos ofereceu em 1980 o mais
dos filmes de longa-metragera, desta tros. Contrapondo-se à pobreza de digno e belo programa de TV com a
cando-se a má fé de certas emissoras uma emissora como a Gazeta Paulista, entrevista de Oscar Niemeyer, mas
em anunciar como inéditos filmes exi a Globo continuou aprimorando seus começou 1981 mal: apresentou um
bidos mais de uma vez e os cortes in sofisticados recursos técnicos, o que constrangedor programa com Ibrahim
discriminados e abusivos para dar lu de maneira alguma conseguiu impedir Sued cometendo uma variadíssima
gar â publicidade. O mofo assentou o esgotamento das séries brasileiras gama de sandices. O programa de
lugar com o retorno à TV de seriados Maiu Mulher, O Bem Amado, Carga Ferreira Neto, lamentavelmente em
muito velhos, confirmando mais uma Pesada e Plantão de Polícia — que, horário muito tardio, mesmo com vá
vez que Plínio Marcos tem razão ao apesar dos pesares, representaram um rias falhas, constituiu-se em verdadei
dizer que há mais artista americano relativo espaço de criação para os au ra tribuna de debates; tem sem duvida
morto na televisão do que artista bra
sileiro vivo. O cortejo de heróis do
inverossímil continuou em ritmo Em co-edição Muro e Marco Zero,
constante pelos caminhos da lineari foi lançado no Rio um livro com os
dade nas telenovelas e seriados espe desenhos humorísticos que Chico Ca
ciais baseados em velhos clichês de ruso vem publicando no Jornal do
amores perdidos, incompreendidos, Brasil desde 1978. Vistos assim, jun
platônicos ou incestuosos — entre tos, cs desenhos impressionam pela
meados todos por sucessos musicais qualidade, mas também pela coerên
pré-fabricados. cia e pela lucidez crítica do artista:
Ainda em 1980 verificou-se o for a gente se surpreende de encontrar
talecimento do grupo Sílvio Santos, neles uma excelente crônica, sem pa
que passou a participar do controle lavras, da vida política no Brasil des
da Rede Record de Televisão — o tes últimos três anos. Há .caricaturas
que significa uma relativa ampliação geniais do Geisel, do Figueiredo, do
da capacidade econômica dessa rede, Golberi, do Delfim, do jânio, do Sar-
mas, definitivamente, impede qual ney, do Fahrat, do Cais, do Ulisses,
quer possibilidade de melhoria era do Tancredo, do Magalhães. Pinto,
sua programação. Forlaleceu-se ainda, do Brizola, do Murilo Macedo e até
toda esplendor, a Rede Bandeirantes do Galvêas. Na apresentação.do livro,
Como concorrente da Globo — o que Millôr Fernandes adverte: "Quando
se deve mais à diversificação da sua vocês virem uma caricatura feita pelo
programação do que propriamente à Chico e um retrato 'oficial' do mes
melhoria de sua qualidade. mo herói, no qual este aparece boni-
Mas nem tudo foi um mar de rosas. tão, enfatiotado, enfaixado, 'nobre',
Encerrou-se a mamata empresarial da nunca se esqueçam de que isso é a ca
TV Tupi com o fim das atividades das ricatura — o retrato verdadeiro é o
Emissoras Associadas, O torpe exem do Chico". (L.K.)

V. j
-c CULTURA
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De 09 a 15/01/1981

Afonso Schinidt foi ura dçs gran


des escritores e intelectuais do Embora ignorado e combatido pela crítica das
povo, de suas lutas, dos líderes
que vincaram, no palco da re classes dominantes, Afonso foi um poeta da
presentação de um tempo, as'pelejas
por um mundo fraternal. Para com prosa que nasceu e morreu sonhando, mareando
preender esse tempo, e o que nele
Schmidt representou, há necessidade
com clareza sua posição na luta cultural.
de um parêntesis.
Os principais pólos econômicos do
país no seu século situaram-se no Rio
e em São Paulo. As classes dominan
tes — que só se interessam pela cultu
ra que ajuda a manter sua domina
ção — tiveram seus centros confun
Schmidt, intelectual
didos com tais pólos. Por isso Schmidt,
em São Paulo, e Lima Barreto, no
Rio, dois irmãos de luta com o mesmo
nome de Afonso, talvez nossos maio
res intelectuais no seu gênero no
e escritor do povo
século XX, têm sua obra conhecida
Eduardo Maffei*
ção com o real, apesar de ter pro
apenas porque a verdadeira cultura porcionado um material muito bom. Aponso
está a serviço da humanidade e não Schmidt, sem entrar nas razões socio
de uma classe contra ela. Não é por tentava fazer algo de popular. Tanto lógicas — que aliás Stadler também
acaso que ambos foram fundadores do Colônia Cecília como A Locomotiva deixa de fazer — do porquê do fra
Grupo Zximbi, filiado ao "Clarté" — são, pois, duas faces aparentemente casso do experimento anarquista, pro
movimento cultural, progressista e pa opostas do prisma literário em que porcionou algo de muito importante
cifista, fundado pelos grandes huma Schmidt se colocou na barricada do na perpetuação do empreendimento
nistas de então, os franceses Henri lado de cá, na dos explorados, na luta de homens sérios, puros e heróicos
Barbusse e Romain Rolland, contra o cultural ideológica. que tentaram alcançar o paraíso •pro
qual desceu a pesada cortina de silên O que constata de importante em metido na terra.
cio das idéias dominantes. Lima Bar Colônia Cecília é como ele, um ro Enquanto retrata a pureza dos
reto morreu ura ano antes da decan mancista do povo, portanto honesto, "cecilianos" movidos por um ideal
tada Semana de Arte Moderna, da entrosou a ficção na realidade enquan de humanidade, Schmidt, como bom
qual não participaria, como dela não to iira "estudo" de Newton Stadler de combatente na barricada em que se
participou Schmidt, que a considerava Souza, O Anarquismo da Colônia Ce colocou, revela em A Locomotiva
um dos pontos altoS da luta ideológica cília (Civilização Brasileira), está eiva como os reacionários, que em 1932
anticultural sob engodo pseudo-revo- do de invenções. Num ensaio meu mistificaram e imolàram a juventude monstram porque Schmidt foi real
lucionário. Esta Semana foi.realmente sobre o anarquismo a ser publicado paulista, o fizeram em defesa dos seus mente um escritor do povo que soube
uma emissão de cheqiíe sem fundos pela Editora Ciências Humanas, a pro interesses de exploradores. A história enfrentar a luta ideológica.
no banco da cultura. pósito do grande líder desta doutrina é como a montanha: ao pé dela não
Aliás, a propósito, conversando re que milhou no Brasil, o italiano Gigi se divisam seus contornos. Esses dois 'Eduardo Maffei é médico, ensaísta e es
centemente com Nelson Werneck critor. Autor dos romances-história A Gre
Damiani, demonstro que Schmidt fez livros, embora de ficção, lidos agora, ve, Maria da Greve e Vidas sem Norte, o
Sodré, estranhávamos de que enquanto num romance um estudo histórico- com o recüo do tempo em que os primeiro editado pela Paz é Terra e os
se ressuscitava muito lixo — Osv/ald social, enquanto Stadler fez imagina fenômenos relatados aconteceram, de- dois últimos pela Brasiliense.
de Andrade, por exemplo, — fazia-se
por ignorar Schmidt e Lima Barreto.
Daí o grande mérito da Editora Bra-
silienSe — agora sou eu que o digo —
de promover esses dois autores. Assim
poderemos ler em Menino Felipe, A
Primeira Viagem e Bom Tempo, a
gênese do pensamento político de
Schmidt, ao tomar conhecimento do
"A Locomotiva", revendo 1932
mundo e de suas contradições. Ligou- De novo na praça A Locomotiva, organizar a revolução. Conforme assi pelos donos do poder, os mesmos que
se desde logo — ele foi um poeta da de Afonso Schmidt. Dois dados fun nala o escritor, ela tomou as mais va depois se compuseram com Getúlio
prosa que nasceu e morreu sonhando damentais marcam a pequena grande riadas expressões e colorações: antico Vargas. Assinala Schmidt: "Os vira-
— com outros sonhadores, os anar obra do conhecido escritor do povo: munismo, constítucíonaíismo e sepa casacas, que tinham mandado a moci-
quistas, para mais tarde, despertando, a interpretação histórica dos fatos vi ratismo. Os barões do café berravam dade para o matadouro de uma guer
tornar-se marxista ao constatar aquilo vidos e sofridos pelas massas e o ca a frase-símbolo: Paulo é uma ra fratricida e desigual, traíram mor
que Mareei Olivier constatou; "o ma- ráter literário — não intelecíualista — locomotiva arrastando 20 vagões va tos e vivos, aceitando das mãos libe
teríaiísrao histórico não se limita a do romance. zios." Ironicamente, lembra Schmidt, rais de Getúlio polpudas sinecuras."
negar, pura e simplesmente, as con A obra é uma perspectiva nova para tal frase era de autoria de um baiano. Quanto ao caráter literário da obra,
dições do mundo que lhe são opostas o exame do que foi e significou a re A campanha dominava e induzia os é necessário acentuar que ela tem a
como fazem os anarquistas), mas re- volução consíitucionalista de 1952. paulistas à luta contra o governo cen marca das coisas simples. Uma carac
;uta-as, explicando-as ao mesmo tem Volta a ser publicada num momento tral. Rádios, jornais, cartazes, todos terística do escritor que, como "ho
po, e as integra numa nova concepção em que ganha as telas de alguns cine os veículos de comunicação, ensande- mem do povo, tinha a faculdade de se
do mundo, superior a todas as outras." mas de São Paulo um documentário ciatn o povo com a fantasia belicista. exprimir em arte". Mais do que isso,
Por isso, pelas suas raízes, Schmidt em que são cultuados os "heróis cons- Houve episódios bastante elucidativos, ele possuía a consciência histórica do
tinha que tfanstormar uma experiên f^ucionalistas". O fato é'que a revo como o de um Batalhão que saiu da papel do escritor num mundo em
cia social de resultados negativos — lução constitui ideal separatista das Av. Paulista, entre discursos e acla transformação. Os personagens dele
o ensaio anarquista no Paraná, em fins elites e, mais do que isto, um pretexto mações, e desceu pela Av. Angélica. são pessoas comuns, destas que a gen
do século passado, a "Colônia Cecília" para a caça aos comunistas e aos de "Compunham-no os moços mais dis te encontra pela cidade, com seus ví
— em tema de romance que é quase mais liberais. Um dos personagens de tintos da sociedade. Tinham mandado cios, feridas e sonhos de uma socie
um poema. Pelo que se tornou, tinha Schmidt, representando um figurão da cortar os unifqrmes caqui, sob medi dade mais igualitária, onde o direito
que escrever A Locomotiva, romance e época, dá o toque de classe: "Eu sou da, nos seus alfaiates, os mais elegam de sorrir seja de todos.
ensaio histórico de desmascaramento é um paulista da velha estirpe. Um tes do triângulo. Fez iodo o percurso (Jurandir Barroso)
do chamado Movimento Constituciona- Anhanguera que matou o filho insub com a banda militar à frente, tocando
lista de 1932, que, embora tenha em misso." a marcha 'Somme et Meuse', profun
polgado a pequena burguesia paulista, Foi dentro desíe contexto — a idéia damente paulista." Afonso Schmidt, Colônia Cecília. Terceira
foi, na realidade, uma tentativa da edição. São Paulo, Brasiliense, 1980, 113
do separatismo servindo para acicatar No desfecho sobraram os heróis, págs. e A Locomotiva. Terceira edição. São
fração agrária da burguesia paulista o caudilho do Sul — que se procurou vítimas do pretexto histórico imposto Paulo, Brasiliense, 1980, 132 págs.
de retomar ao poder, apavorada pelo
tenentismo que, desde a vitória em 30,

CULTURA
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De 09 a 15/01/1981

As três verdades
do Mundiãlíto como nenhum jogador no mundo in
teiro.
Marcos Cláudio Não são tudo o que imaginam ser,
e o Brasil provou isso, mas, sem dú
vida, estarão os argentinos entre os
Pelo menos três verdades foram favoritos na Copa de 82, na Espanha.
reveladas nesse Mundialito, torneio Como os alemães, aliás. Mesmo sem
que os uruguaios promovem para co contar com os dois jogadores mais im
memorar o cinqüentenário da primei portantes de seu incansável esquema
ra Copa do Mundo, também.dispu defensivo — Stielike e Schuster, atual
tada em Montevidéu e ganha pelos mente no futebol espanhol não foram
donos da casa. liberados —, a Alemanha, saindo do
A primeira delas, cristalina, diz rigoroso inverno alemão para o verão
respeito ao vetusto "Estadão", dando uruguaio, justificou seu título de cam
mais uma prova de sua objetividade peã européia e desfilou dois grandes
e apego à verdade. Todos lembram, e jogadores, que satisfazem até os mais
aqui mesmo foi comentado, que para exigentes românticos da escola latino-
c jomaíão os Jogos Olímpicos de americana; Rummenigge, o número
Moscou foram disputados em pleno 8, eleito melhor jogador da Europa e
inferno, sob um clima altamente re Hansi MuIIer, o 10.
pressivo, numa cidade em que as mu O Mundialito foi também o defini
lheres usavam saias e as placas de tivo canto do cisne holandês, um país
orientação no metrô eram todas escri que provavelmente vai sofrer mais que
tas cm russo. Pois bem. o Brasil. pós-Pelé para reencontrar
Passado o susto olímpico, felizmen uma geração igual à que foi duas ve
te sem que tivéssemos o nosso João zes vice-campeã mundial, em 74 e 78.
do Pulo seqüestrado, passada tam
bém a visita da Papa ao Brasil sem Já a Itália mostrou o de sempre.
que Sua Santidade descesse no heJi- Time respeitável, interessante mas,
porto do 2." Exército — como tantas curiosamente, sempre incapaz de su
vezes e na primeira págiua fui anun perar-se em momentos agiido.s, mes
ciado pelo secular diário — e ainda mo que se dê o desconto para a vio
vivendo a frustração pelo bom enca lência de que foi vítima contra o Uru
minhamento da solução dos proble guai. Mas é uma seleção já pratica
mas poloneses, eis que a cobertura mente classificada para o Mundial e
do Mundialito se restringe ao futebol, que deverá disputar uma posição en
já que o palco do tonieio é um país
paradisíaco. Bem feito. Baila Brasil. Baila comigo. tre os quatro primeiros em 82.
Falta falar da brava, aguerrida, às
Abandonando o ramo de assaltos a
Agora, o que menos importa, é ganhar da casa. Se for só futebol e disso nós e o vezes valente mesmo, às vezes dema
bancos — em virtude do fracasso na mundo todo já estamos mais do que con
empreitada, é claro —,o jornal passa do Uruguai e ser campeão do Mundialito. vencidos.
siadamente violenta. Celeste uruguaia.
A seleção brasileira tinha uma missão a Não é um grande time; em condições
a tratar o esporte pelo esporte. cumprir em Montevidéu e conseguiu cum O importante, no momento, é registrar
A segunda grande verdade fica co pri-la de maneira tão emocionante, a co que sem Falcão, sem Zico, sem Reínaido, normais não pode com o Brasil, com
meçar pela garra demonstrada no injpsto enfiamos quatro, nada mais que quatro a Argentina, com a Alemanha. Mas
mo lição aos que insistem em mistu- gois nos campeões europeus, um time for
Tar alhos com bugalhos. empate por um gol contra a Argentina e
tíssimo, desses que não se vê a toda hora.
é uma proposta, e uma proposta jo
continuando com o magnífico espetáculo vem.
O mesmo povo que há poucos dias que proporcionou na goleada de 4 a 1 dian Impusemos a goleada e jogamos o velho,
deu uma inédita manifestação de co te da Alemanha, que o resto, o que vier do incomparável — aquele de 1958, 1962, 1970
futebol bem brasileiro. Sem medo de Mescla a famosa garra, catimba,
ragem e fé democrática, derrotando jogo de sábado, sejamos honestos, é lucro.
sofrer um gol, confiantes que lá na frente banditismo, com alguma arte de jo
a ditadura uruguaia num plebiscito Ganhar do Uruguai não acrescenta nada é que se decide tudo. gadores como o surpreendente Rubén
dé cartas marcadas, está hoje nas ruas hoje em dia no panorama mundial. Primei .Não, não peçam agora a isenção, a ava Paz, o artilheiro Vitorino, o ponta-di-
comemorando a classificação da len ro porque a celeste está em fase de recons liação crítica das qualidades e defeitos reita Vargas.
trução total e cm nenhum momento desse mostrados na histórica vitória. Isso fica
dária e um tanto desmoralizada sele para depois;
ção campeão do mundo em 30 e 50, torneio se impôs como escola de futebol.
Somos, outra vez, o melhor, demonstra
A seleção uruguaia teve a seu favor
Depois, porque uma decisão em Montevi a organização de upi torneio feito pa
para a final do Mundialito. déu será parecida com qualquer coisa, me mos outra vez, que futebol é com a ginga
Estará o povo uruguaio incorrendo nos com futebol, vocês verão. Vai ser luta, brasileira e o resto é resto, com todo res- ra ser vencido por ela, a começar pelo
numa contradição?- Seguramente não. vai ser guerra, vai valer tudo. peito. ,, fato de cair na chave mais fácil. Foi
Podemos e até devemos vencer os donos E tem mais. Vamos vencer o Uruguai. também beneficiada pela complacên
Votou contra uma Constituição auto
ritária cora consciência e altivez da cia dos árbitros, liberais ao exagero
mesma maneira que festeja rísonha os diais de 78. Nesse jogo Telê mostrou A Argentina de Menotti — simpa em relação à- violência empregada pe
feitos de seus jogadores, mostrando que está na trilha correta, embora ha tizante do Partido Comunista Argen los donos da casa, mas, sem dúvida,
enfaticamente que cada coisa tem seu ja muito ainda para ser feito, ressal tino, conforme a revista "Veja" faz se vencerem a final neste domingo,
lugar e hora. Só isso. vada, é claro, a ausência de Zico, de questão de afirmar em sua última edi serão legítimos campeões para o "Es
Finalmente, o Mundialito deixa Reinaldo e de Falcão, maior pecado ção, despreocupada com os problemas tadão" que não se lembrará do .boico
boas lições também no fut-T>ol e é do técnico, que preferiu ficar sem o que o treinador possa vir a enfrentar te inglês, serão heróis de um povo
sobre isso que vamos falar mais. craque a tê-lo apenas em cima da ho com Videla e seus asseclas —, conti magnífico que anda mérecendo uma
Nossa Seleção começou a reconci- ra, prurido que os próprios campeões nua a ser uma seleção de respeito, alegria e, ainda, serão apenas uma
liar-se cora a torcida brasileira, capaz mundiais não tiveram ao trazer o arti ainda mais agora que tem do seu lado esperança que tenta readquirir o pres
de momentos brilhantes e de demons lheiro Kempes, da Espanha, nas mes o exuberante futebol de Diego Mara- tígio futebolístico perdido era algum
mas condições em que o ex-jogador do dona, um pequeno monstro do futebol lugar, em algum dia, de um passado
trar muita garra no árduo embate
Inter viria da Itália. atual, capaz de aliar arte.e eficiência mais ou menos recente.
diante dos argentínos, campeões mun-

V ESPORTES
>
Em El Salvador,
revolucionários
lançam ofensiva
Após grande greve geral
da unidade DIRETOR RESPONSÁVEL; Henrique Cordeiro
e vitórias militares,
principal ameaça é
intervenção estrangeira
SÃO PAULO, DE 16 a 22 DE JANEIRO DE 1981 > ANO II - 41 - Cr$ 30,00 pág.13

Rio: violência e repressão


dominam o cotidiano Nas centrais, um retrato
do dia-a-dia
carioca

Ampliar o
Durante os últimos meses,
evidenciou-se que uma nova
se pode exigir- que uma classe,
sem negar-se a si mesma, dê passos
capitalista das duas últimas
décadas c pelos avanços
que transforme a idéia de um
"pacto anti-recessivo"
orientação política começa a ganhar maiores do que permitem suas organizacionais e iiieúlógicos da na proposição
bases sólidas de sustentação entre o próprias pernas, repousa classe operária. E precisamente por de um amplo compromisso
empresariado brasileiro. Após exatamente nesta marca de classe o isto que a questão se coloca como nacional de superação
diversas e sucessivas declarações fato político de primeira ordem. decisiva para os trabalhadores democrática da crise.
favoráveis a uma nova política E isto porque se pode observar, brasileiros. Um compromisso nacional que
econômica, lideranças empresariais entre os empresários, o nascimento de Através de suas lideranças tenha em sua base o conjunto dos
ligadas à FIESP encaminharam a uma postura que busca substituir políticas e sindicais, cabe à classe trabalhadores, que seja a expressão
destacados líderes sindicais as benesses particulares obtidas operária uma intervenção que das principais correntes políticas e
paulistas uma proposta de diálogo, graças à repressão e à mediação alargue a proposta de diálogo e ideológicas do país e que
tendo como eixo o estabelecimento de estatais pelos desafios do fazer impeça que ela tenha incorpore o programa democrático
um "pacto anti-recessivo". política e do diálogo. qualquer efeito em sua plenitude. Ou seja, um
O processo em curso revela um O deslocamento da burguesia divisionista ou desmobiltzador. verdadeiro pacto que se articule
movimento da burguesia brasileira para o campo da Para íqnto. precisa evitar que o :om as lutas imediatas — contra a
brasileira em direção à reconquista democracia ainda não é um dado diálogo permaneça restrito aos recessão, o retrocesso e a
da autonomia políiica_ perante seu definitivo, mas antes uma setores mais avançados do manipulação eleitoral, em defesa
próprio Estado e à redefinição de tendência. E ele não se faz por mero proletariado, atuando para nele das eleições de 82 e da
suas relações para, com a democracia. acaso, apenas como incluir todas as categorias de Constituinte —, impulsione a luta
Sabemos todos que hâ neste resultado dos trabalhadores. Com isto, ele ganhará antiimperialista e se abra para a
movimento uma ineliminâvel marca esforços empresariais. Pelo as massas. construção da sociedade
de classe, a estabelecer os limites e contrário, expressa a crise geral que Da mesma forma, as forças democrática exigida pelo nível de
interesses reais da nova atitude atravessa a sociedade e está políticas devem examinar a desenvolvimento e pelas
empresarial. EntretantQ. como não determinado pelo desenvolvimento possibilidade de uma intervepção aspirações das massas brasileiras.

V-">rr"""=
De 16/01 a 22/01 de 1981

em 1964. Por isso a autocrítica feita Fechada em 1968, foi re


CASTAS Lembrando o 22.o "Não podemos esquecer Cuba, pelo CC foi tardia e atrasada.
E por isso mesmo surgem o
construída ano passado numa
estudar Cuba, aprender com
Suspensão de aniversário da seus erros e acertos. Não desinteresse pela construção eleição direta na qual parti
revolução cubana temos, acima de tudo, nenhum do Partido. ciparam . 18 mil estudantes
Kanapa é motivo para não nos "Cuidado, Comitê Central, a universitários e secundaristas.
orgulharmos do heróico burguesia nunca foi
criticada no Rio "Leitor assíduo de Voz da povo cubano." conseqüente até o fim. Em março
Unidade, julgo ter o direito- de Atenciosamente, de 1964 viram ela dar as costas
"Nós. colaboradores do jornal
manifestar estranheza diante André Gonçalves Freire à revolução." Solitiarietlatie
no Rro de ianeiro, estranhamos Zico Alves
de sua omissão em relação São Paulo
muiio 8 notinha publicada Recebemos e agradecemos
à gloriosa revolução cubana, "PS. Quero pedir desculpas Belo Horizonte
na VU n ° 39, comunicando
que os organizadores da cujo 22° aniversário ocorreu no antecipadas no caso de a Voz solidariedade da Comissão
último dia 1.°. Que outros ter preparada matéria para Executiva do Diretório Mu
coleção Voz Operária decidiram
jornais ignorem nós entendemos, seu prtSxtmo número onde, tenho
"suspender a edição"(?)
mas nunca a Voz. Não certeza, Cuba merecerá o
NOTAS nicipal do PMDB de Curiti
do folheto de |ean Kanapa ba, por ocasião do impedi
O Movimeniú Comunista
podemos esquecer que aquele devido destaque."
era um país onde, ao tempo mento arbitrário da realiza
Internacional Ontem e Hoje,
do tirano Fulgêncio Batista, só Boas Festas
com base na alegação de que tal
em Havana havia 300 bordéis Criticas a ção da Festa da Voz.
folheto "não reflete os pontos
e 15 mil mulheres prostituídas; Recebemos, agradecemos e
dc vista do conjunto da editora
dois terços das crianças não Prestes e ao CC
(furuü) c é controvertido em retribuímos os votos de boas
relação a orientação e posições tinham escola; cinco milhões
de pessoas não tinham casa e "Conheci pela primeira vez festas de Ruy Nogueira Neto
que ela se propõe a seguir" as obras de Lcnin em 1946.
"Nãu entendemos bem o
moravam em cabanas sem água, (pres. PMDB/fovem — DF)
luz ou rede de esgoto; O que mais me impressionou
que vem a ser "suspender a foi a simplicidade do camarada e Comitê de Defesa da Ama
edição" dc um livro já impresso: havia 500 mil sem emprego
e grande parte da população Lenín em zelar pela unidade zônia e do Meio Ambiente de
vão destruir os exemplares do Partido como a menina dos Curitiba.
trabalhava apenas nas épocas
que não foram vendidos, nossos olhos. Em minoria no
reculhé-los a um depósito, ou
das safras de açúcar; a fome DIRETOR RESPONSÁVEL;
era um fantasma presente Congresso do Partido Operária Henrique Cordeiro
fazer o quê cora eles? Social Democrático Russo,
'na vida de todos os trabalhadores. Reg. Prof. n." 8.955-RÍ
Que razão poderia ser invocada realizado em 1903, Lenin
Tudo num pais de seis CONSELHO DE DIREÇÃO;
para medida íso prejudicial
milhões de habitantes. respondia aos camaradas Em Botucatu Lindolfo Silva
do pomo de vista econômico e russos, dizendo "que a vitória
tão antidemocrática do ponto
"Não podemos esquecer que
aquela situação trágica era será nossa, porque estamos
uma força aos Teodoro Mello
EDITOR:
de vista cultura!?
A nota que nos c&usuu
garantida por uma ditadura com a razão". A maioria c alternativos Gildo Marçal Brandão
sanguinária, fantoche do uma força quando ela baseia SECRETÁRIA DE
esiratitie/.» admite que a Editora sua conduta e seu programa em
luruá («.m. atualmente, "pontos
imperialismo americano. E que REDAÇÃO:
este controlava tudo no país, bases de princípios. Em Botucatu, interior de Ruth Tegon
de viati-' - no plurul. Por "No entanto, Lenin provou,
qui- niulivo O pomo de vista do desde a fabricação de máquinas São Paulo, os jornais da im CONSELHO EDITORIAL:
e ferramentas agrícolas até na teoria c na prática, que São Paulo: Antonio Gaspar, Ar
companheiro jean Kanapa. do nunca foi prisioneiro da
prensa alternativa podem no
gomas de mascar. mênio Guedes, Cláudio Guedes,
comitê centrai do PCF, com a
"Não podemos esquecer dos maioria, quando esta não baseia vamente ser encontrados pe David Capistrano Filho, Emílio
ciiuçao dc uma vida inteira de seus Estatutos em princípios. los leitores no balcão de
dedicaçãu à causa do comunismo,
guerrilheiros comandados Bonfante Demaria, Francisco Al
por Fidel Castro, que "A revolução de 1905 anúncios do jornal Caminhos meida, Leny Lalnetti,' Luiz Arluro
deveria ser considerado, pelos fracassou porque o proletariado
"pomos dc vista" da furuá,
desembarcaram no país em 1956 Partidários. Obojes, Marco A. Coelho Filho,
e, dois anos depois, e os camponeses não estavam Marco Aurélio Nogueira, Marco
indigno de ser conhecido pelos preparados oara dirigir a O Caminhos Partidários in D-dmiani, Jíf-duw iMorò, Nvíwu Ko-
lideravam o povo em armas
comunistas brasileiros e ob}eio revolução. Depois dc 1905, tegra também a imprensa in
contra a ditadura. E que a rita, Pedro Célio, Rachel Soares,
de uma chocante interdição de
icituni? Especialmente no
1.^ de ianeiro de 1959 entravam Lcnin se colocou à frente do dependente e, na sua cidade, Rcinaldo BeJintani, S. Ramos.
vitoriosamente em Havana, proletariado e do Partido e levou Rio: Agenor de Andrade, Carlos
momento em que nos — e toda os povos da Rússia h vitória.
dá especial cobertura aos mo
implantando o governo Alberto Lopes, Carlos Nelson Cou-
a sociedade brasileira —
revolucionário. "Aqui no Brasil, cm 31 de vimentos populares e aos es tinho, Ivan Ribeiro, Leandro Kon
emergimos dc um período de março de 1964. foi a mesma forços pela unidade das opo-
"Não podemos esquecer que der, Luiz Wemeck Vianna, Mauro
brutal censura e cerceamento no coisa — o proletariado e os
Cuba fez a reforma agrária mais sições na luta contra a cor Malin, Nemésio Salles, Rogério
conirontu das idéias? camponeses não estavam
completa de todos os países rupção e ditadura. Marques Gomes, Sylvia Moretz-
"Cada um dc nós sc reserva
da América e a única reforma preparados para dirigir a sohn, Teresa Oltoni.
o direito de ter uma opinião revolução brasileira. O Comitê REPRESENTANTES:
urbana do continente; que
pessoal, própria, a respeito do Centrai do Partido Comunista Manaus — Rui Brito da Silva
texto de fean Kanapa: temos em
a educação é gratuita em todos Estudantes
os níveis, assim como a Brasileiro substituiu a ideologia Rua Turumã, 1061
comum, entretanto, a cooviçao do proletariado pela ideologia Belém — Jocélyn Brasil
de que o caráter polêmico assistência médico-bospítalãr e comemoram 49
dentária; que não existe da burguesia. O sr. Luís Rua Tamoios, 1592
("controvertido'*) das posições tej.; 222-7286
de Kanapa não tem por que desemprego e o aluguel não Carlos Prestes, na oportunidade, anos do CES
ultrapassa 10% do salário' não teve pulso para dar uma Sao Luís — Maria Aragão
ser invocado para que se chegue Rua De Santana, 189
a "suspender a edição" do
dos trabalhadores. virada histórica na estratégia Pela primeira vez em 13
"Não podemos esquecer que, e tática da linha política do anos, o Centro de Estudantes
tel.: 222-5181
folheto. Não tem sentido Recife — Paulo Cavalcanti
tendo como filosofia o Partido. Só agora, depois de
procurar sufocar controvérsias
marxismo-leninismo, Cuba 18 anos é que sai a caria de Santos (a mais antiga enti- Rua do Hospício - Edif. Olímpia
que pertencem à história do • dade estudantil do país) co sala 709
desenvolveu de maneira prática do sr. Luís Carlos Prestes.
nosso tempo. Companheiros: as Londrina — Jussara Rezende
posições que nos dispomos a
um dos pontos básicos de Esta carta deveria ter saído na memorou seu aniversário com
todos os comunistas; o época do arrudísmo. Goiânia — Elias Moreira Borges
defender são posições que só um Ato Cívico, às 20 hs. do Belo Horizonte — E. Garcia
intemacionalismo proletário. Faltou inteligência ao CC.
prevalecerão se souberem Mas para caluniar, difamar dia 8/01/81, no teatro do Rua da Bahia, 1148, conj. 1640
assumir francamente c superar Sim, não podemos esquecer
erros como o que a burguesia e injuriar o companheiro Prestes Sindicato dos Metalúrgicos de Brasília — Paulo Afonso
as contradições da nossa época. existe itneligência de sobra. Bracarense
Não podemos nos dar ao luxo chama "exportação da Santos.
revolução", mas também não, "Os camaradas do CC estão Florianópolis — Nildo José Martins
de ignorar o que estão pensando
por exemplo, a decisiva ajuda trocando a persuação pela Na ocasião, com a presença Porto Alegre — João B. Avelino
os comunistas franceses —
militar ao Movimento Popular destruição, por este fato de toda diretoria eleita, após Fortaleza — Caboclinho Farias
nem os soviéticos, neta os Salvador — H. Casaes c Silva
Para a Libertação de Angola. demonstram falta de firmeza de tantos anos de fechamento
italianos, nem os portugueses e princípios, falta dc fé em R. Conde Pereira Marinha, 38 —
muitos outros. Para formarmos Não podemos esquecer os arbitrário, foi lançada a cam
milhares de médicos, professores, suas próprias idéias. Essa falta Garcia
uma opinião abalizada,
engenheiros e técnicos em de firmeza dc princípios panha pela retomada de sua Santos — S.P.
precisamos conhecer, em toda sede. O prédio foi comprado Rua Conselheiro Nébias, 368-A,
a sua diversidade, o quadro das geral cubanos espalhados por estimula nas consciência dos
várias nações que caminham pelos estudantes na década de sala 511
opiniões alheias. Oxalá tudo companheiros do Partido o temor
para o socialismo ou em às massas e a falta de fé no Taubaté.— SP — Dalton Moreira
não passe de um lamentável 50 e está atualmente ocupado CORRESPONDENTE
processo de libertação, como poder criador das massas.
e fugaz equivoco, que a Editora
Etiópia, Congo, Mas sabemos que as massas pelo Projeto Rondon. INTERNACIONAL:
furuá contornará reiniciando e Fundado há 49 anos, o Cen Roma — Danilo S. Gallettí
Nicarágua, Granada etc. são os criadores da História
continuando, sem cortes, a ADMINISTRAÇÃO:
publicoçâo ds coleção Voz "Nao podemos esquecer que e esta se repete dc maneira nova. tro carrega consigo uma boni Lindolfo Silva
Cuba é uma das maiores **A maneira nova está na ta história de lutas ao lado
Operária. São os nossos votos Aureliano Gonçalves Cerqueíra
democracias do mundo, onde o Carta de Prestes, de março de
mais sinceros; para o sucesso
poder popular é o verdadeiro 1980. Para o CC as massas
do povo, particularmente dos DISTRIBUIÇÃO:
da Juruá, da brava VU e estudantes, pela conquista da Sérgio Cordeiro dc Andrade
de tudo o que representam
motor da gestão interna: estão acostumadas a escutar
Propriedade da Editora Juruá Ltda.
neste país." começa nos quarteirões até o palavras e observar os atos. democracia. Ele foi a primei - Rua Cesário Mota Jr., 369,- 2." a.
órgão político máximo do país, No entanto, os camaradas ra entidade a conquistar a Fones: administração; 256-2591
o Partido Comunista Cubano, preocupados com querelás meia-entrada para estudantes, redação: 231-2926
Agenor de Andrade, CarlOi que neste final de ano mesquinhas se esquecem que as
Nelson Coutinlio, Ivan{ b famoso passe-escolar, e sem CEP: 01221 São Paulo - SP.
realizou o seu II Congresso. novas idéias e teorias sociais
Impresso nas oficinas da Cia. Edi
Ribeiro, Leandro Konder, "Não podemos esquecer a só surgem depois que o pre se destacou ao longo dos
Mauro Malin, Nemésio Saües tora Joruês, Rua Gastão da Cunha,
ajuda fraternal da União Soviética desenvolvimento da vida material 'anos como uma entidade com 49 - tel.: 531-8900 • São Paulo.
Teresa Oltoni, Mário Patti. ao povo cubano, particularmente da sociedade lhe apresenta
Milton Freitas, a questão da suspensão da novas tarefas. Nestas condições bativa na luta em defesa e
Luiz Wemeck Vianna, compra do açúcar cubano a vida apresentou novas ampliação do espaço demo
Rogério Marques Gomes pelos americanos e o bloqueio tarefas, não cumpridas a tempo.^ crático.

C GERAL
>
De 16/01 a 22/01 de 1081 VSSL,

Intervenção organizada dos


trabalhadores dará outro peso
à proposta de diálogo da FIESP

A classe operária
e a nova postura
dos empresários
Lideranças operárias não podem ignorar o elemento
positivo que há na nova atitude do empresariado
e não têm porque recusar conversações. Mas devem
se preparar para elas, em conjunto com as massas
Teodoro Mello Nas negociações, líderes sindicais r,l»;vcifí ter papel altivo

A proposta de conversações que


as lideranças dos principais
confiança de que o governo promova,
por iniciativa própria, as correções no
lo contrário, permite a correta com
preensão de seu real significado. Na
por antecipação, as reivindicações sa
lariais dos trabalhadores, isto num
grupos monopolistas brasilei rumo da economia, de modo a aten medida era que a proposta empresa ano em que a inflação se anuncia
ros, falando em norrie da FIESP, en der prioritariamente as reivindicações rial aponta para o diálogo com os tra galopante e imprevisível.
dereçaram aos sindicatos de trabalha dos grupos que elas representam. Es balhadores, ela oferece uma amplia
dores deve ser examinada tanto em tão receosas das conseqüências sociais ção de espaço que, se bem aproveitada A FORÇA DO
seus elementos políticos como por e políticas de uma recessão, para a peJas forças oposicioni.sía.s, poderá de MOVIMENTO SINDICAL
seus objetivos de classe. qual objetivamente estamos sendo em terminar avanços ainda mais expressi
Há de se ver, antes de tudo, que purrados, apesar das garantias em vos do empresariado no sentido demo •As lideranças sindicais e políticas
a política econômica do regime já contrário proclamadas pelo general Fi crático. Destaquemos, pois. os refe dos trabalhadores não têm por que
não atende.inteiramente aos interesses gueiredo. Antevêem uma avalanche ridos limites. recusar ou temer estas conversações,
desses grupos. Os monopólios priva de falências a varrer o país e uma Os líderes empresariais não se ma mas devera comparecer aparelhadas
dos brasileiros são os maiores bene nova onda de desnacionalização de nifestam pela democratização do país, para desempenhar o papel de nego
ficiários locais do regime de 1964. nossa economia, que inevitavelmente pela derrota da ditadura, com os mes ciadores, defendendo os interesses de
Cresceram e se tomaram fortes às afetarão o controle e mesmo a proprie mos objetivos, critérios e formas que seus representados, e não na condição
custas da brutal exploração da classe dade dos monopólios brasileiros sobre as forças democráticas empenhadas na de auditório destinado a escutar ape
operária e das benesses de toda ordem muitas de suas empresas. Temem oposição ao regime. Seu projeto polí nas as "razões" patronais. Para tanto,
que lhes foram prodigalizadas pelo igualmente que o desemprego em tico se inscreve rigorosamente nos es é indispensável que se apresentem
Estado. Mas, na partilha dos lucros massa causado pela recessão, esten paços da "abertura" prometida pelo unidas e munidas de propostas pró
entre as classes exploradoras e na in dendo-se às categorias de trabalhado governo Figueiredo, reivindicando en prias, a serem apresentadas c confron
fluência sobre a condução da econo res mais politizados e melhor orga tretanto que suas fases se sucedam tadas com as de seus interlocutores,
mia, a parte do leão tem ficado com nizados. dô uma dimensão superior à com maior velocidade. Tampouco as propostas que resguardem não ape-'
as multinacionais, que são, na verda crise econômica e social. sumem uma posição de luta contra a nas os interesses econômicos dos tra
de, as grandes beneficiárias do regime. O elemento objetivo mais positivo exploração da Nação pelo capital im- balhadores, mas ainda os interesses
Outro elemento de insatisfação é a da atitude do grupo dirigente atual da pcriaiista, reclamando apenas da con gerais democráticos e nacionais do
política de investimentos do governo. FIESP é que ele busca para a situa dição de maior privilegiado que é da povo brasileiro, inclusive os interes
Os principais clientes dos monopólios ção atual uma saída diferente daquela do a eie pelo governo. Na verdade, ses justos da própria burguesia. E que
privados brasileiros são os serviços de 1964. Ademais, reconhece o cará reívindtcaii. apenas passar da atual não concordem em manter estas con
públicos e as empresas estatais e mis ter entreguista, antinacional, do "mo situação de subordinação à de asso versações encerradas em quatro pare
tas. As restrições feitas pelo governo delo" econômico-financeiro da dita-» ciação cm Igualdade de condições com des, mas as tragam para as massas".
aos investimentos nesses setores afe dura — do qual, recordemos uma vez o capital eslrangciio. Aos esforços da burguesia para encon
tam fortemente as carteiras de enco mais, seus grupos econômicos têm Além disso, visando assegurar o trar soluções de cúpula para os pro
mendas daqueles grupos, principal sido os principais beneficiários inter "enquadramento" do processo político blemas do país, é necessário contra
mente dos que produzem máquinas e nos — e a necessidade de considerar brasileiro nos limites de suas conve por um esforço para promover a. par
equipamenios pesados. a classe operária como um interlocutor niências c de «eus objetivos de classe, ticipação das massas na discussão e
Estas as razões maiores que impul- político indispensável no momento. estas lideranças desenvolvem atual solução dos mesmos.
sionain esses líderes empresariais a mente uma ampla operação destinada Em outras palavras, as lideranças
assumirem a atitude de reivindicantes, NOS LIMITES DA "ABERTURA" a atrair as forças democráticas para sindicais e políticas dos trabalhado
diante do regime, do direito de parti Todos estes fatos devem ser consi seu projeto político e econômico, e a res devem fazer destas conversações
ciparem da discussão e da elaboração derados pelos trabalhadores e por transformar a burguesia monopolista um momento da luta da classe ope
das decisões governamentais sobre suas lideranças sindicais e políticas, na força hegemônica deste processo. rária para se tornar, ela própria, a
poimca econômica e financeira. Elas assim como pelas forças democráticas Para isso, procuram reunir em torno força hegemônica do processo político
se fkeram_ claras desde sua primeira e antiditatoriaís em geral, como favo de si o conjunto da burguesia brasi brasileiro. A classe operária pode al
manifestação coletiva, no documento ráveis à luta contra o regime atual e leira e desviar as massas e as forças cançar esta hegemonia, porque tem
'dos oito", e continuaram a figurar pela independência econômica do país. oposicionistas conseqüentes da luta
condições para defender uma política
no centro de todos os seus pronuncia Ao mesmo tempo, é preciso atentar por uma efetiva democratização da
econômica e social de caráter efetiva
mentos posteriores, notadamente a para os limites desta contribuição efe vida política do país.
mente nacional e popular, que con
partir da campanha que empreende tiva, que correspondem, como não po O estabelecimento de conversações temple os interesses fundamentais das
ram pela conquista da direção da deria deixar de ser, aos interesses con com dirigentes sindicais é parte deste grandes massas trabalhadoras da cida
FIESP. ^ cretos da burguesia brasileira. Isto, plano político e visa, mais especifica
Mas a essas lideranças assaltam ain de e do campo, e as reivindicações
entretanto, não reduz a importância mente, conseguir das lideranças ope justas das camadas médias urbanas e
da outras preocupações. Falta-lhes a da nova postura do empresariado. Pe rárias o compromisso de limitarem, as da própria burguesia.

< POuncA
>
De 16/01 a 22/01 de 1981

ENTREVISTA
formar num instrumento da reprodução do
capital monopolista mternacional e nacio
nal aplicado na região, além de continuar
sendo o principal esteio das oligarquias Io-
c<'i¥. Esta associação objetiva, porém, não

Na Bahia, um governo explícita ai> nível da política, c a própria


história dov governos de aCM. A expan
são do capiml local se deu. por exemplo,
através da especulação imobiliária: é difí
cil encontrar um grande grupo oligárquico
que não esteja ligado a grandes construto

a serviço do capitai ras. E toda política oficial urbana está um-:


bilicalmente ligada a estes interes.ies. An
tonio Carlos não só facilitou a multiplica
ção deste capital às custas da destruição
urbana da cidade do Salvador e da miséria
da .população que vem sendo expulsa dos
MDB baiano era sua Ala Jovem. Foi o que
Para o depuíado Domingos Leoneili, a sifuação se formou em contraposição ao adesisrno terrenos, como também se associou^ pes
soalmente a este capital. Hoje ele é um
baiana impõe a unidade das oposições como e que jogou um papel fundamental na afir grande especulador
mação do movimento oposicionista na
questão de sobrevivência política e o PMDB Bahia. Quanto à questão do capital multinacio
nal. nós devemos examinar sua presença
deverá ser o grande avalista desfe processo PAPEL DO ESTADO na Bahia em dois planos: um representado
pela forma clássica que ele normalmente
to das forças políticas estaduais está entre Poderíamos aprofundar a discussão des aparece era todo país, atuando extrativa-
"A Bahia não é o Estado mais reacioná
rio do Brasil, nem o conjunto das forças as mais reacionárias do país. O que a ta relação que você apontou acima entre mente, como é o caso da Tibrás, Dow Che-
políticas estaduais está entre os mais rea Bahia tem de extremamente reacionário é o Estado e a política das oligarquias locais? mical. etc. Ao lado deste, temos o outro
a sua oligarquia, hoje chefiada e controla — Claro. Este é um traço muito mar plano, representado pelo Pólo Petroquími
cionários do país. O que a Bahia tem dc cante na Bahia Principalmente a partir de
e.\'irematnenle reacionário é a sua oligar da completamente com mão-de-fcrro pelo co, ou seja. pela implantação num Estado
quia, hoje chefiada e controlada completa governador Antonio Carlos Magalhães. Es 1964, a presença estatal foi manipulada es- miserável de um conjunto industrial de
mente com mãu-íle-ferro pelo governador ta diferença é fundamental. Eu diria mes cantalosamente e sem nenhum escrúpulo capital intensivo, de indústria de ponta,
Antonio Carlos Magalhães." A afirmação é mo que setores da política liberai baiana na direção da política partidária. No ano onde o capital Investido foi tripartite: um
do deputado estadual pelo PMDB da Bahia, são tão ou mais progressistas do que ou passado tivemos o escândalo das ambulân terço estatal, um terço nacional privado e
Domingos Leonelli. Leunelli foi o parla- tros setores liberais do resto do país. cias, quando numa reunião do PDS o &o- um terço internacional. £ evidente que es
mentar mais votado do extinto MDB nas ta composição representa um avanço nas
eleições de J978 Fundador da Ala fovem relações capitalistas no país, mas devemos
Jo MDB e grande huialhador das causas notar que significa apenas um acordo en
populares, contribuiu decisivamente para o tre capitais, onde o interesse do povo em
fortalecimento do movimento oposicionista nenhum momento foi levado em conta.
baiano. Nesta entrevista a Cláudio Guedes,
da Voz da Unidade, Leoiielli fala da polí SITUAÇÃO NACIONAL
tica estadual e da situação nacional. -
Falando agora da situação nacional, co
Quai o quadro atual das oposições na mo você vê o momento político que atra
Bahia? vessamos? Como sair da crise política de
— Depois de um longo período de ajus forma favorável ao movimento democrá
tes e de lentaiivas de enfrentamento da tico?
tática do governo de dividir as oposições, — Acho que o momento político do país
acho que finaimenie temos um quadro hoje é marcado pela convivência de con
oposicionista relativamente unido na Bahia. trários quase absolutos. Ao mesmo tempo
Ao que tudo indica, conseguimos preparar em que o projeto do regime implantado
a oposição para os primeiros embates cora em 1964 tem dado certo, a sociedade bra
a oligarquia que domina com exclusivida
de a máquina do Estado há 16 anos. / sileira' se organizou de forma nunca co
nhecida antes na história do país. O povo
Hoje ü PMDB se apresenta como o maior nunca teve organizações pulíticas c sociais
partido da oposição na Bahia, ficando por tão poderosas, tão ágeis e ativas como ho
tanto coerente com a situação nacional, je. A impressão que se tem é que existem
depois de passar por algumas dificuldades dois países: um do regime e outro da so
na sua formação, quando um setor impor ciedade. Ambos se desenvolvendo parale
tante do antigo MDB tentou formar o PTB lamente, e, por incrível que pareça, ambos
local. Mas. com o ingresso no PMDB de obtendo êxitos. Acho que um impasse po
Ròmulo Almeida, Waldir Pires e de outros lítico pode surgir dessa disjunção entre a
tantos companheiros que tentaram a for maior organização popular — com o seu
mação do PTB, temos hoje um quadro opo movimento no sentido de ocupar espaços
sicionista definido. Temos um PF com — e as tentativas de controle total do re
uma posição cada dia mais definida, com gime sobre a sociedade.
uma bancada na Assembléia Legislativa Posso tentar esclarecer este raciocínio
francamente oposicionista, inclusive reve com o acontecido com a proibição da Festa
lando uma visão nacional de oposição tão da Voz. Ao proibir a festa, o governo pre
conseqüente quanto a do PMDB; temos um tendeu deixar claro que pode manter sob
PDT ainda dando os seus primeiros pas Deputado Domingos Leonelli (PMDB-BA) controle todas as forças políticas, inclusive
sos, tendo à frente uma figura muito sim os comunistas. Assim, o jornal é tolerado
pática à toda oposição que é Magno Bur e a festa não. £ evidente que este controle
gos, mas já buscando o entendimento per ■ o que acontece é que a pobreza gene vcrnador Antonio Carlos distribuiu cente é imobilizador, e não sei como as forças
manente com os demais partidos; por fim, ralizada do Estado criou uma grande de nas de ambulâncias compradas pelo Estado. políticas podem fazer para avançar o pro
o PT, que sem dúvida nenhuma cresce na pendência dos políticos para com a máqui Podemos dizer que na Bahia se observa cesso político. Contudo, sei que é necessá
Bahia em várias áreas e que também tem na oficial — que por sua vez sempre es com muita clareza o caráter fascista da rio um trabalho firme nesta direção. Ago
buscado uma maior articulação com os par teve a serviço da oligarquia e que hoje se política. O grupo que detém o poder ten ra. quanto aos comunistas, entendo que a
tidos de oposição. coloca também a serviço do grande capi ta se confundir com o Estado: de algurna intenção do regime é transformá-los em
Uma demonstração desta articulação foi tal —. tornando praticamente impossível o forma Antonio, Carlos tenta ser "a" Bahia. membros de um partido folclórico, num
o encontro realizado em novembro na As aparecimento de uma oposição com um O símbolo do governo dele é uma bandei aglomerado de doutrinários isolados da so
sembléia Legislativa do Estado entre todos pouco mais de saúde. É preciso levar em ra do Estado estilizada e. assim por dian ciedade. como ocorre na Argentina e em
os partidos de oposição; PMDB, PP, PDT consideração que o próprio extinto MDB. te, há uma tentativa de apropriação dos alguns países da Europa Ocidental, onde
e PT. Esta reunião representa um marco que de maneira "geral no país não era for valores culturais do Estado por meio de o PC existe, tem uma relativa legalidade,
histórico, pois formalizou a frente de opo mado apenas pela esquerda e pelos libe uma fortíssima e permanente campanha mas apresenta uma relação débil com as
sição na Bahia. Isto. acredito, revela que rais progressistas e agregava muitos políti político-promocional. Desta maneira, o go massas e com a sociedade.
estamos conseguindo transformar nossa fra cos conservadores, na Bahia nunca chegou verno tem conseguido uma penetração E quanto à proposta da Constituinte?
queza em força. A situação na Bahia é de a ter um caráter amplo e oposicionista. Lá muito grande nas camadas menos politiza — Vejo,que o confronto da sociedade
tal ordem que a unidade entre todas as quem não tinha uma postura explicitamen das da população. A antiga Arena conse com o regime autoritário é Inevitável. No
forças democráticas, que a cada dia que te oposicionista foi tragado pela força es guia sua votação exatamente nos bairros entanto, acho que devemos lutar para que
passa se afirma mais como uma necessida magadora da' máquina governamental. mais pobres de Salvador e nojnierior mais ele se dê de forma democrática sob a for
de nacional, é uma questão vila). Eu mes miserável. De alguma forma Joãozinho ma de uma Assembléia Nacional Consti
mo sempre digo que na Bahia a unidade é Assim, o MDB era minado por dentro Trinta tem razão. Quem gosta de miséria tuinte. Por outro lado, acho que as oposi
questão de sobrevivência. por setores que se colocavam abertamente é intelectual, mas quem se aproveita da ções ainda não conseguiram superar uma
ao lado do governo. Era o caso do grupo miséria é a burguesia. A miséria não é pro visão elitista desta proposta. Acho que a
OLIGARQUUS liderado pelo sr. Antonio Balbino — um priamente uma aliada das transformações Constituinte só pode vir a se transformar
dós grandes representantes da oligarquia e a Bahia é uma prova evidente deste fato. numa aspiração popular se a condução des
No resto do país tem-se a idéia de que baiana e hoje no PDS — que mantinha sa luta se der de forma substantiva. Isto c,
a Bahia é muito atrasada politicameate. no MDB uma cunha adesista e desmobili- transformações por uma Constituinte concreta, onde cer
Isto corresponde à realidade? zadora. Os liberais baianos cederam a este tos direitos do povo estejam assegurados.
— Fala-sc muito que a Bahia é o Estado fato e, ao se recusarem a sujar as mãos. E quanto às grandes transformações que Em suma. se a luta for por uma nova Cons
mais reacionário do Brasil. Acho isto uma deixaram mais espaço para o fenômeno do a Bahia sofreu nesses últimos 16 anos? tituinte que supere o caráter genérico das
grande besteira: a Bahia não é o Estado adesisrno. Houve um instante em que a —I Neste período se observa com muita Constituintes que conhecemos até então
mais reacionário do país, e nem o conjun coisa mais importante e respeitável do clareza a tendência de o Estado se trans no país.

V. C política
>
Pe 16/01 a 22/01 de 1981

CÂMAR.4 DOS DEPUTADOS tiu atingido pelas criticas do candi


dato independente, Djalma Marinho,
acusou o adversário de ter inveja de
sua posição. "Parece que meu pecado

Um office-boy é ser amigo pessoal do presidente Fi


gueiredo", declarou com Indisfarçado
desdém. Quando, em outra ocasião,
a imprensa tentou colher sua opinião
sobre as imunidades parlamentares

de luxo tenta que Marinho defende, não conseguiu


ir além dos adjetivos. "As imunidades
parlamentares são criminosas, e indig
nas", afirmou. Diante da perplexida
de causada por essas impressões, emen

ser presidente dou, em outra oportunidade: "Não foi


isso o que eu quis dizer. Eu disse ape
nas que as imunidades são uma coisa
odiosa e odienta." Em seguida, pediu
por outro, Nelson Marchesan — exem Deputado Nelson Marchesan, líder aos jornalistas que desligassem os gra
Fátima Murad do PDS na Câmara Federal vadores para declarar, patético: "Não
plar típico da nova geração de políti
cos criados pela ditadura — repre podemos aceitar as imunidades parla
sentando interesses que provavelmen da própria postura do partido oficial mentares, pois não se pode admitir
"Minha impressão é que puseram que, num novo quadro político, pode que um deputado xingue a mãe de um
te fogem à sua própria compreensão
na caheça de pessoas influentes do até se tornar mais independente. ministro ou diga que minha mulher
política. Basta comparar o jovem e
governo que política se faz com cana O governo joga mal ao apostar era me traiu."
ambicioso Marchesan a um Peírônio
lhas, que política é bandalheira, que Marchesan, não pelas qualidades que É esse o perfil de um político que
Portela, por exemplo, para constatar
não serve para os homens de bem." ele nunca demonstrou, mas pela falta se fez sob o AI-5, a Lei Falcão, o se
isso. Petrônio Portela era um político
O desabafo do deputado Célio Bor- de ação, uma peça-chave do esquema delas. O Planalto — especialmente o nador biônico e outros pacotes da po
ja {FoiPia de S. Paulo, 12/I/Sl), re-- do regime, ao contrário de Marche major Heitor Ferreira de Aquino, se lítica oficial. E foi provavelmente a
ferindo-se ao seu partido, o PDS, é san que, desde que chegou à Câmara cretário particular do presidente da coisas como essa que se rcleriu o depu
apenas mais uma demonstração de Federal, em 1974, com o apoio dos República, que aparentemente resol tado Célio Borja ao declarar que po
que não existe convivência possível velhos caciques gaúchos, não conse veu entrar para a política montado lítica, para alguns homens do gover
entre o regime e os seus liberais. Não guiu demonstrar nenhum outro mérito nas costas de Marchesan — opera a no, é sinônimo de bandalheira. Com
é preciso ir muito longe para concluir a não ser o de office-boy aplicado do candidatura do jovem político gaúcho Marchesan na presidência da Câma
que Célio Borja, se fosse ministro, Palácio do Planalto. apoiado na certeza de que ele nunca ra (coisa improvável) e o novo pacote
provavelraenle já teria sido desban servirá a independência do partido eleitoral que vem aí, o governo pode
cado pelo mesmo pacote que derru Sua indicação para a presidência oficial, mesmo porque ele próprio é encobrir ainda por algum tempo as
da Câmara, por isso mesmo, demons incapaz de andar sobre as próprias evidências de sua derrota política.
bou Eduardo Portela e Said Farhat.
Essa ruptura está bem earaelcrUa- tra o desespero do regime diante de pernas. Mas nâò por mnitn tempo Porque,
da na disputa pela presidência da Câ uma tendência irreversível do Parla De Marchesan. o folclore político como disse o vice-presidente da Repú
mara dos Deputados entre Djalma Ma mento de se renovar, tanto do ponto nacional herdou já algumas jóias me blica, Aureliano Chaves, política não
rinho. por um lado, defendendo a in de vista de sua composição, póndo moráveis. Quando no calor da disputa se faz com mágicas, mas se faz nas
dependência do Poder Legislativo, e ein risco a maioria governista, quanto pela presidência da Câmara se sen urnas.

EMPRESÁRIOS tual candidato à presidência do Sindi ainda davam, ao povo, pão é circo,
cato dos Metalúrgicos de São Caetano mas, na democracia da FIESP, pelo
do Sul por súa honesta atuação no visto, elas pretendem dar somente
movimento sindical, principalmente circo. Falando da liberalização dos

A democracia na úliimá greve do ABC, despediu-o


sumariamente, visando impedir a sua
candidatura. Imaginem que é este mes
preços, ele disse: "O ano^de 80 foi um
bom ano, em termos de crescimento,
mas bastante ruim em termos dc lucra
tividade. Em J981, acredito que a si
mo sr. Vidigal que quer, com o seu
tuação SC Inverterá. Assim, poderemos

que a FIESP Jiscurso dc fim de ano, "assegurar


aos que vivem neste País o indispen
sável clima de liberdade". Pois é, há
gestos que valem mais do que mil dis
ler maior lucro, ainda que uma queda
nas vendas."
O sr. Vidigal deve saber que o sa
cursos! Disse estar preocupado com lário é o preço da força de trabalho,

propõe as especulações sobre os seus verda


deiros objetivos políticos, cujo princi
pal item é acreditar na democracia
(na da FIESP, é claro!), como forma
mas para este ele não pretende a libe
ralização, como já deixou claro ao
apoiar a política salarial governamen-
:al.
de participar do poder; pois a democra Dizendo que é preciso resolver o
Emílio Bonfante Demaria Defendeu também "uni caminho cia deve ser pensada não a partir de problema agrário, afirmou que não
que leve a classe empresarial a ter um valor idealmente definido, mas de está propondo nenhum tipo de refor
participação nos destinos da Nação". um valor concreto referenciado. ma agrária. Se não empresta apoio a
.A política, por ser manifestação Ele acha que esta participação não Luís Eulálio quer uma sociedade nenhum tipo de reforma agrária, quer
subjetiva, se faz através de fatos e existe — como se o Poder de Estado democrática nos moldes capitalistas e dizer que ele é, simplesmente, um
pessoas concretas. Vejamos, pois, que não fosse dominado pela classe social por isso conclama todos os brasileiros conservador.
democracia o sr. Luís Eulálio de Bue- do sr. Vidigal. Aliás, tão logo assumiu a se unirem para enfrentar as dificul Finalmente, manifestou-se contra a
no Vidigal Filho defendeu em seu dis a direção da FIESP, levou a diretoria a dades econômicas previstas para 1981, convocação de uma Assembléia Na
curso e entrevista de fim de ano, co Palácio para hipotecar toda solidarie afirmando que "sacrifícios devem ser cional (Constituinte, porque, segundo
mo presidente da FIESP. dade ao regime. Declarou ainda que repartidos entre todos", logo expli ele, "só serve para momentos excep
Falou ele de valores democráticos a FIESP pretende construir uma socie cando, para não haver dúvidas, que cionais, o que não ocorre no Brasil,
tais como redislribuição da renda, dade democrática nos moldes capita sacrifícios são estes: "O rico tem que no momento".
mas a renda a que se referiu não é a listas. Talvez por isso, quando o seu deixar de comer caviar e o pobre pre Portanto, ninguém se engane volun
dos assalariados, que também pagara empregado José Ferreira da Silva cisa aprender a não mais comer pão tariamente com a burguesia brasileira,
impostos, pois a FIESP apoiou a últi ("Frei Chico") foi eleito pela esma de trigo." pois quem fala é um de seus mais emi
ma alteração da Lei Salarial sob o gadora maioria de 115 votos para a Depois disso, com a maior cara de nentes e categorizados representantes,
argumento de que ela promoveria a Cipa da Comfab, o sr. Vidigal desig pau, ainda alerta para o perigo de uma expressando o pensamento político da
redísíribuiçào da renda, uma vez que nou e empossou outro candidato, que pólítica que venha a exigir muito das maioria da burguesia industrial paulis
reduziria as folhas de pagamento das teve, apenas, 4 votos. Mais tarde, sa classes que mais nada têm para dar. ta, que representa 70% da produção
empresas. bedor de que "Frei Chico" seria vir Antigamente, as classes dominantes industrial do país.

< POUXICA
>
De 16/01 a 22/01 de 1981

COMUNISTAS

Mário Velhinho, •i-i'

h lÉf«v . \ V Jt' • ^ín-

uma yida
pelo socialismo
O dedicado combatente conta seus primeiros
contatos com a política, com a organização da
classe operária, com o sindicalismo e com o PCB Mário Velhinho

Anronio Floriano Centelha Fcrnuii- Nisso influíam muito as concepções diz Mário, "que era uma categoria à luta. Morena foi morar num sobra-
des é u noine civil do velho c conhe políticas dos anarquistas. Eu mesmo, mais alta, mais intelectual, -havia rei dlnho da rua João Soares e começou
cido militaiue popular. Mário Velhi que era bastante influenciado' por vindicações maiores". a trabalhar. O trabalho foi bom; pri
nho. Nascido em 1904 em Espifioso elas. resisti bastante. Mas aos poucos Foi também nessa ocasião que Má meiro nos tecelões, onde já havia al
dei Rey, na província de Toledo, Es fomos nos organizando e acabei até rio ingressou no PCB e aderiu aos guma coisa organizada, e no fim toda
panha. Mário Velhinho chegou ao presidente do Sindicato. Pouco a pou princípios marxistas. Mário conta pa a Sorocabana já estava organizada".
Brasil com 8 anos de idade. Como tan co ele foi se fortalecendo e em 1934 ra a Voz como foram "aqueles tem
tos espanhóis, italianos e outros cjue pudemos Tealizar uma grande greve. pos": "Em 34 entrei para o Partido. Mário Velhinho transferiu-se pos
fugiam da miséria e buscavam o eldo Ela começou na fábrica Santa Maria, Logo participei da ANL. Organiza teriormente para São Paulo, onde còn-
rado americano. Mário foi com seus que era do Gasparian. E houve mor mos um grupo para tomar o,quartel linuou a batalhar pelos ideais que de
pais trabalhar nos cafezais paulistas tes. O patronato respondeu com vio e pensamos sabotar a Cia. Telefônica. fende ardorosamente até hoje. Iss') se
de Itapeiininga. Entretanto, homem lência. vieram os capangas e mataram Ficamos esperando que a coisa estou reflete no brilho do seu olhar qumdo
já curüdo pelas lulas do proletariado o companheiro Vitorino Mendes." rasse em São Paulo. Mas não houve relembra para a Voz os gloriosos ou
urbaho. o pai do Mário, que era pa Razões para a greve é que não fal nada, ou melhor, houve sim. Muita os difíceis momentos que viveu e que
deiro dc profissão, transferiu-se para tavam. como assegura Mário Velhi repressão. Nesse tempo apareceu em vive como um bravo militante das lu
.Agudos e logo em seguida para Soro- nho, mas a reivindicação era só a Sorocaba o Roberto Morena que reor- tas populares pela democracia e pela
cahn. cnião riorescente centro indus questão salarial. "Já na^Sorocabana". g.anízon o Partido e deit novo alento cnnsiruçâo do socialismo no Brasil.
trial .
Foi lá que. ainda menino, Mário
Velhinho se lurnou tecelão da Voto-
rantin. E descobriu que a sone dos zerro e depois exportavam tudo para
cinco ou seis mil trabalhadores da fia
ção, tinturaria c estamparia dos Er-
mírio de Moraes, pouco diferia da
Granja, combatente São Paulo. E nós comendo bochecha
que o fazendeiro arrematava nos açou-
gues". Depois deixou de ser peão e
quela dos colonos dos cafezais. Mas, foi para Campo Grande, onde se tor
perspicaz, também logo descobriu
que a concentração dos explorados
em grandes unidades fabris era a cha
das lutas populares nou lenhador, jornalista e mais tarde
presidente do Sindicato dos Carro
ceiros.
ve para organizá-los e liquidar com a Por defender seus ideais foi dura
exploração. mente perseguido pela repressão polí
Em entrevista à Voz, Mário Velhi tica. Foi inúmeras vezes preso. Foi es
nho conta como travou contato com
pancado, torturado, ao ponto de per
a política. "Fui conhecendo um e ou
der a visão, os testículos, a saúde, sem
tro, tudo revoltado. Daí veio o negó
cio do Sacco e Vanzetti. Aquilo me nunca ter traído seus companheiros de
revoltou. Em Sorocaba, os operários luta. Por tudo que passou em sua lon
realizaram grandes manifestações e ga vida de militante das causas popu
protestos de rua. Não havia manifes lares, Granja é hoje um símbolo da
tações de outras camadas. Junto com resistência democrática no Centro-
os companheiros da Votorantin par Oeste do país.
ticipei de quase todas. Ali, conversan
do com um e outro fui aprendendo e JORNAL DO POVO
tomando conhecimento do "porquê' Acelino Granja:
das coisas. Os realizadores das matérias com
Daí para a participação na organi O depoimento do líder popular meira participação num movimento Granja — o repórter Ivan Nassif e a
zação dos operários têxteis de Soro Acelino Granja, publicado nunía sé reívindicatório foi numa fazenda em equipe do Jornal,do Povo — em carta
caba foi um passo. "Por volta de rie de matérias sucessivas, a partir de Porto Murtinho e, como ele mesmo enviada à Voz da Unidade afirmam
1930", conta Mário, "conseguimos 4 de janeiro, no Jornal do Povo, de conta, no seu depoimento ao Jornal que "...os episódios relacionados à
juntar uns cem trabalhadores e fun Campo Grande (MS), retrata de for do Povo, "lá na fazenda eu comecei luta de Acelino Granja são episódios
damos o Sindicato dos Tecelões de ma humana e comovente a luta que a ter os primeiros entendimentos so relacionados à luta do povo brasileiro
Sorocaba. Antes já se havia tentado. ele e tantos outros heróis anônimos bre a situação do homem que traba em busca da liberdade e do Estado de
Mas quem estava à testa eram os anar desenvolveram, ao longo de toda a lha. Aliás, numa fazenda, eu fiz uma Direito. É a mesma luta que travamos
quistas, que tinham grande influência vida, contra a falta de liberdades pú greve. Inconsciente, né? Eu achei que hoje para expurgar o regime antipo-
na cidade. As associações formadas, blicas no país e as formas brutais era demais. Absurdo. Então tinha 16 pular".
entrflUftnto, tinham vida curta." de exploração a que está submetida a peões na fazenda. Aí, eu fui, chamei No final da carta prestam solidarie
Segundo Mário, "antes de 30 não imensa maioria do nosso povo. os peões e disse: 'Vamos parar com dade e apoio ao trabalho desenvolvi
havia sindicatos, pelo menos em So toda essa bodega, aqui. Ninguém mais do pela Voz da Unidade e se colocam
rocaba. Reuníamos, fazíamos algutna LÍDER POPULAR vai trabalhar. Acabou mandão. Aqui "ao lado da, luta pela legalização do
coisa, mas nada que fosse duradouro. não tem mandão. É vamos ver em que Partido Comunista e pela organização
Depois da legislação sindical de Ge- Acelino Granja é um homem de se pé vai ficar.' A gente fjcava com de todas as forças essencialmente em
túlio resistimos bastante a aceitar tenta anos de idade. Foi durante toda aquela bochecha do gado! Nós criá penhadas em conquistar a democrati
aquela estrutura atrelada ao Estado. sua vida um líder popular. Sua pri vamos o bezerro, ínvemávamos o be zação do país".

y
NACIONAL
>
De 16/01 a 22/01 de 1081

pressões insuportáveis sobre a deman uma vez que ao contrário de impul

E a inflação, é da de bens dé consumo. Quando ela


é localizada nas "pressões de custos",
a terapia igualmente recomenda que
se aliviem tais pressões, entre outros
procedimentos, pelo corte nas folhas
sionar a economia aprofundaria a re
cessão, envolve elevados prejuízos so
ciais, com seus previsíveis desdobra
mentos políticos.
Obviamente que não se está pre

mesmo o maior de pagamentos.


Ainda mesmo quando se refina um
pouco mais .a análise, o salário con
tendendo que a Política Econômica se
mantenha omissa e paralisada, aguar
dando uma recuperação espontânea da
economia. Muito ao contrário, tal en
tinua sendo penalizado. Se ele não é
tendimento abre caminho para que se

dilema do país? apontado como "causa" da inflação,


permanece sendo um problema, na
medida em que a preservação dos sa
lários reais seria um fator que dificul
taria uma mais rápida queda nas taxas
formule uma estratégia, aqui sim alter
nativa, de luta por uma orientação
que garanta a sociabilidade até quan
do amadureçam as condições para
uma nova fase expansiva.
inflacionárias.
O fenômeno ínílacionário não deve ser visto Mas a coisa não se esgota aí, no
Buscando escapar desta tentadora início da recuperação. É hoje larga
como um problema em si mesmo, mas como um — porque atinge o senso comum — mente aceito que a forma como se en
sintoma de problemas, como um indicador de que postura tecnocrática (de direita ou de frenta uma situaçáo de crise econô
a acumufação do capital está em diíiculdades "esquerda"), parece mais educativo e mica contém e estabelece os contor
com melhores conseqüências práticas nos do padrão do próximo ciclo ex
encarar-se o fenômeno inflacionário pansivo. Em outras palavras, o tipo
Carlos Antonio Fidélis mais como um sintonia de problemas de orientação para o enfreniamento da
do que um problema em si. Ou seja, crise já determina, cm grande medi
a inflação seria um indicador agudo da. _se a próxima fase expansiva (era.
de que o funcionamento da economia, pur exemplo, uma maiO' ou menoi
isto é, a acumulação do capital, está concentração de rendas, uma priori
mo SB MEXA^ encontrando problemas. Era outras pa
lavras, de que a economia vive ou está
dade na produção de bens duráveis
"de luxo" ou de bens de consumo
Isto E ÜI^A INFLAçXo/ ingressando num período de crise cí
clica, em sua manifestação moderna.
essenciais, etc., etc.
Por tudo isso é que surge como um
Da mesma forma que aquelas já fato ailamente significativo o enten
citadas e tão correntes interpretações, dimento ainda difuso, mas bastante
esta também encontra respaldo em teo generalizado no conjunto das forças
rias econômicas igualmente respeitá democráticas e em particular entre os
veis. Contudo, mesmo ficando-se ao trabalhadores, de que o principal pro
nível das evídência.s empíricas, pode- blema econômico e social da atuali
se verificar que quando a economia dade não a inflação, mas sim a
está numa fase expansiva, a inflação ameaça bastante real de uma recessão,
está decrescendo ou estabilizada num bem como uma política econômica
patamar baixo. Ao contrário, quando conivente ou mesmo nela interessada.
a economia se encontra em crise, as E o que significariam os entendi
taxas inflacionárias sc elevam. mentos em curso entre forças políti
Esta constatação sugere que a me cas, setores empresariais, lideranças
s lhor fontia de se evitar uma "explosão
inílacionária" é se buscar identificar
ou criar as condições pai'a que a eco
sindicais, já denominados de "frente
antí-recessão"?

Tais entendimentos, se levados a


nomia encontre novas fronteiras de
bom lormo, podem significar a respos
expansão ou, ao menos, que se garan
ta miii.s decisiva d..d:i pela sociedade
tam os requisitos básicos para sc man
civil tanto no plano íócio-econòmico
ter um patamar mínimo de atividade
quanto nc plano da democracia, assu
econômica, sem se permitir que a eco
mindo. assim, um caráier profundá-
nomia entre numa situação de reces menle nacional. E isto porque terá que
ZÉF'^ são aberta'
dar rospo.stas claras e eletivas a ques
E para isto é fimclamcnta! o tipo
tões tais como desemprego", deteriora
de orientação governamenuil adotada
ção dos salários, degradação das con
como forma de se enfrentar a crise
dições sociais, agravameiiío do pro
econômicti. Mas a esse respeito fala cesso de desnacionalização da econo
O que se pretende com esie ariigo começando pela primeira, como c de remos adi.nufi.
é, simplesmente, e sem entrar na seara mia, quebradeira generalizada de pe
praxe, lem-se que é no mínimo proble Passando ii'segunda qu^ ■ áo, efe- quenas e médias empresas, etc. ■
própria da teoria econômica, levantar mático colocar-se a prioridade em ter renle ao nível inflacion:- •. social
algumas questões iniciais no sentido mos de um rápido e eficaz combate à mente aceitável (em 1980 atingimos Para tanto, ao lado de ter que re
de contribuir para um entendimento inflação. E isto porque, independente os 110%), lem-se aqui também que sultar num avanço do árduo processo
mais amplo a respeito do fenômeno da postura política ou ideológica de se afastar qualquer veleidade tecno de democratização, em especial ao -
inflacionário brasileiro, a partir de quem estabeleça tal prioridade, mais crática de se estimar taxas "teto". nível das relações de trabalho e da
seus contornos mais gerais sem, con cedo ou mais tarde acabará por res Mantendo a disposição inicial de organização sindical, deverá, obriga
tudo, perder de vista seus condlcio- valar para uma postura conservado não se aventurar cm explicações teó toriamente, ser capaz de levar o go
nantes imediatos. ra e/ou monetarista e/ou neo-clássica ricas, pode-se legitimamente aceitar verno a adotar uma política econô
Logo de início coloca-se a necessi e/ou monetarista, enfim, terminará que enquanto a economia — aqui en mica efetivamente anti-recessiva, de
dade de buscar respostas para dois propondo — quando não o fizer de globando tanto a Política Econômica ddfesa do nível de emprego e de en-
questionamentos presentes na maioria partida — medidas que apontem para quanto os condicionamentos interna frentamento do grave quadro de ca
das mentes preocupadas com este a contenção da atividade econômica, cionais — não gerar cm seu próprio rências nas áreas sociais de educação,
assimio. O primeiro deles diz respeito com cortes nos gastos públicos, arro seio uma nova alternativa de expan saúde, trançporte, habitação, etc.'
a dúvida, bastante procedente, de sa cho salarial, limitação do crédito ban são, teremos que conviver com eleva Finalmente, coloca-se no plano mais
ber se a inflação é ou não o principal cário, redução de subsídios em geral, das taxas inflacionárias. institucional que a melhor garantia
problema sócio-econômico a ser en etc., etc. Assim sendo, embora todos concor para este desenvolvimento das inicia
frentado. O segundo questiona até No que toca aos salários é interes demos que a inflação não pode ficar tivas anti-recessivas reside na garan
que nível a inflação é suportável, em sante notar-se que eles sempre devem sem nenhum tipo de controle, deve-se tia da realização de eleições diretas
termos das condições mínimas de ser gravados. Quando o diagnóstico tentar o possível no momento, ou se em 1982, escoimadas de todo o tipo
sociabilidade, ou seja, sem graves con identifica uma "inflação de deman ja, buscar a estabilização das taxas de casuísmos retrógrados até agora
vulsões sociais ou rupturas na or da", uma das recomendações sempre inflacionárias e um gradual declínio aventados, tais como voto distrital,
dem (?) institucional. presente é a de conter-se os salários das mesmas. Qualquer tratamento "de voto Vinculado, prorrogação dos man
Tentando enfrentar tais questões e "excessivos", que estariam gerando choque", além de parecer ineficaz. datos federais, etc.

ECONOMIA ,
De 16/01 a 22/01 de 1981 vl
esto ffuerra, o povo siftt" — foi a manchete da
Luta Democrática do dia lOy refenndo-se a mi
tiroteio entre polícia e bandido na véspera^
numa favela do Rio^ onde a violência cresce a cada dia,
e se sofistica, cliegondo à Zona Siü e aos edifícios e
mansões milionários, até há potico redutos de
tranqüilidade e luxo, e agora vivendo a rotina da
Zona Norte e da periferia da cidade.
Muitas e coyihecidas são as causas e já não convencem
ãecluragões como a do ministro da Justiça, Abi-Ackel,
de que o aumento da violência se deve à omissão policial.
Um argumento simplista, que ignora o cresámento m\
desenfreado dos centros urbanoíi, as desigualdades sociais,
as migrações constantes que não encontram ícma
infra-estrutura adequada nem as mínimas oportunidades
de uma sohrevivêmda decente, Isso sem contar com
o apelo ã violência de um sistema cada vez mais
ambicioso, onde o consumo é exacerbado e as "delícias"
prometidas pelos órgãos de comunicação invadem os lares
-— hasta ver as antenas de TV nas favelas a matorig
incapazes de obter tudo o que "traz felicidade".
"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento;
mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem"
— lembra Bertolt Brecht.

Eficácia no combate
Violênci 4
i

ao crime so com rotina da


polícia democratizada
Mário Patti chega à í
Com que meios e através de que
armas prevenir e remediar esta situa
ção? Com as da lei, é óbvio, porque
do, que tem sido incapaz de conceber
o combate ao crime, ou sua preven
ção, nas normas da lei. É dentro da
Até o começo da década de 50, os
serviços públicos do Rio funciona
Fillia dileta dos anos
fora dela seria o caos, a desordem, a polícia que proliferam os "esqua vam razoavelmente, a paisagem violência urbana, enj
tirania da irracionalidade — cuja fa drões" e se procura institucionalizar mantinha-se quase inteiramente
ce política sempre foi o fascismo.
Os instrumentos da lei são a polícia
a eliminação pura e simples do "mar
ginal" como forma de eliminar a cri
preservada, os pedestres ainda tinham as mantém hoje a popula
calçadas, problemas de poluição não
e a Justiça, que o bom senso e a ob minalidade. O que que dizer agir existiam. Mas, como nunca houve um medo dos assalta
servação objetiva mandara que se diga contra a lei para combater os "fora planejamento para o "progresso", com a
que não funcionam, pelo menos como da lei". Como se fosse possível elimi intensificação das migrações aumentou a
deviam. E porque, no fundo, são ape nar a causa eliminando só os efeitos. população, cujo crescimento atinge os 3% Tere
nas instrumentos repressivos, que se Com uma polícia educada nas for ao ano, e a pobreza. De 1950 a 1977, a
tornaram mais na medida em que o mas não democráticas não se combate população duplicou de 2 milhões e 500
sistema, o Estado, o foi, em todos os a ilegalidade. Sem democratizá-la, mil habitantes para 5 milhões e 500 mil: ficiência da escola, a insuficiente assistên
campos, na última década e meia. mudando essas concepções — que cia médico-hospitalar, a perda do poder
com 1 milhão de favelados, sem falar nos
No Rio, a polícia é o que é. Um nem sempre são as de seus quadros, que dormem debaixo dos viadutos, em aquisitivo, fruto da mâ distribuição de
aparelho anacrônico, corrompido e muitos dos quais inclusive têm o sen terrenos baldios ou na rua mesmo. O Rio renda, aliados à corrupção e à herança
desajustado, capaz de se exprimir, tido exato do dever a cumprir e de hoje tem um favelado para cada cinco da impunidade dos anos negros da dita- \
pela boca do titular da secretaria de como cumpri-lo. sacrifícando-se para habitantes. dura, o que mais se poderia esperar?
"Insegurança", como dizem os cario dar a segurança e proteger a popula Em 1978, segundo índice do custo Em 1979, num seminário sobre a vio
cas. para explicar o índice da crimi ção à qual servem — não se terá ja de vida da ONU, o Rio era a terceira lência, o jurista Heleno Fragoso tocou no
nalidade, da seguinte forma: "O povo mais uma estrutura capaz de cumprir ponto:
é demasiadamente tolerante para com cidade mais cara da América Latina. E
como deve a função à qual se des entre Í950 e 1969, de acordo com técni "O comportamento violento parece
o criminoso." tina.
Em outras palavras, um aparelho cos do Plano Urbanístico da cidade, ela ser, por vários aspectos, expressão de
Mais do que de moralização e de borado pela Prefeitura em 1977, houve uma crise na política social e nos instru
criado não para prevenir o crime, mas recursos, é preciso mudar a concepção
para reprimir em escala total — cri do aparelho policial. Sem que isso uma queda da renda per capita e intensi mentos de controle da sociedade contem
minosos e não criminosos —,a partir ficaram-se os contrastes. porânea. Vivemos num mundo em que
ocorra, nada de significativo ocorrerá. poucos privilegiados muito ricos convi
de todas as concepções que levaram- E a população continuará a ver no po Não é de causar espanto, ante este
na a ver, na população que deve ser liciai não o protetor, mas alguém a quadro, o aumento da violência urbana. vem com a imensa maioria de muito po
protegida, um mimígo em perspectiva. Afinal, com a excessiva densidade popu bres e desfavorecidos. As profundas desi
quem deve temer como teme aos ban
Um aparelho de tal modo deforma didos. lacional, o aumento das favelas e conglo gualdades e a injustiça social excluem,
merados, o abandono do campo, as cor para imensa quantidade de pessoas mar
rentes migratórias, os menores abandona ginalizadas, oportunidades de participa
dos, o desemprego e o subemprego, a insu- ção nos benefícios do desenvolvimento

c NAC
Pe 16/01 a 22/01 de 1981

Exemplo de
um dia
violento: 9 de
janeiro
• Na favela Fazenda de Manguinhos,
em Higienópolis, 40 policiais, 10 via
turas e até um helicóptero: um tiro
teio com três assaltantes durou uma
hora e 10 minutos, resultando na mor
te dos três e em um policial ferido.
Após o tiroteio, batida na favela, com
dezenas de presos.
• Porque xingou um motorista de
barbeiragem, um homem levou um
tiro no ombro em Higienópolis.
• Em Campos Elíseos, um menino de
15 anos foi morto com três tiros nas,
costas. • Uma rádio-patrulha impediu o as
• Um incêndio criminoso destruiu salto de um ônibus em Copacabana,
parcialmente a Escola Municipal Gus Depois de um tiroteio, um dos ladrões
tavo Arbustes.
morreu e o outro, menor, foi preso.
• No Cemitério São João Batista, um
• Mais dois corpos crivados de balas cerrado tiroteio entre cinco viciados
foram achados em São João de Me- em drogas e o segurança do cemitério.

no Rio: rili.
• Um homem assaltou dois ônibus em
Duque de Caxias em menos de meia
hora, levando o dinheiro dos cobra-,
dores.
Um dos viciados foi baleado com dois
tiros pelos colegas.
• Depois de roubar um apartamento
na Tijuca, assaltante foge num táxi e
é preso: o motorista era um PM.

periferia • Tiroteio no morro da Rociiiiia. Os>


assaltantes conseguem fugir.
• Um homem é achado morto, enfor
cado e nu.
• Em- Botafogo, uma argentina é as
• Três as-saltaníes, depois de um dia
inteiro de crimes de agressões, foram
presos: roubaram um carro dominan
do duas pessoas, que abandonaram
nuas; atiraram num PM; assaltaram
dois homens nos quais bateram com
saltada por um casal, que pouco antes um pedaço de pau; assaltaram uma

^ona Sul assaltara a filha de um coronel que


saía da UFRJ. A assaltante foi presa.
mercearia e quebraram o nariz do
proprietário.

gros da ditadura, a pânico ante o "aumento de subculturas da parcialmente mutilado por homens ar colocar grades nas janelas, usar bolsas
violência", com uma população impren mados. Foram assaltadas mais de uma coladas ao corpo, nunca usar jóias na
drada pela miséria, sada entre o medo dós assaltantes e o vez 400 mil pessoas e 700 mil cariocas rua, andar sempre com "alguma grana",
medo da polícia, como bem disse o preferiram não apresentar queixa, a maio para não correr o risco de ser morto por
► imprensada entre o teatrólogo João das Neves numa manifes ria por estar convencida de que a polícia que um assaltante se irritou com o "cara
tação no Bairro Peixoto, em Copacabana, é irremediavelmente ineficaz e padece há limpo", andar com a janela do carro
es e da polícia dia 11, centra a violência. muitos anos da doença da corrupção. fechada e a porta trancada, "fechar o cor
Os números e as reações da popu E 1980 terminou com o total de 2 po", além de. inúmeras outras idéias su
lação falam por si. Numa pesquisa reali mil e seis cadávares encontrados na gestivas ou "criativas" são tomadas.
>ttoni zada pelo fornal do Brasil em março de Baixada: em apenas um ano, a violência A população se sente em "guerra
1979 com 4 mil moradores de 23 regiões na Baixada matou mais que a violência civil" e perplexa, apesar de já se ver
administrativas, constatou-se que a maio política em meio século: alguma forma de reação coletiva, como
onômico. Os que contemplam os frutos ria dos cariocas não considera a policia a manifestação dia 11 em Copacabana, e
progresso e não os podem alcançar por eficiente. Só 34% dos assaltados regis o desabafo de um entrevistado pela TV
?ios legais, podem aceitar a violência tram queixa e, entre os que não o fazem, Globo: ao ser interrogado se já fora as
mo solução conveniente, justificando 77% agem assim porque "não adianta saltado, respondeu: "Só hoje, três vezes.
a agressão em termos de suas próprias nada", 5% porque temem represálias dos Quando tomei café, peguei o ônibus e !
ncepções de justiça social. Ded o au- ladrões, e 7% porque não confiam na almocei."
ento de subculturas da violência, que polícia. No mesmo dia, o habitualmente
ram um sistema de normas e valores
O descrédito na polícia chega aos silencioso general Murgel, secretário de '
se afastam da cultura dominante."
próprios policiais: um foi assaltado. Ia Segurança do Rio, decidiu-se a dizer duas
VERÀÔ É O RETRATO se queixar, mas achou a bolsa com os palavras sobre a questão da violência.
documentos e desistiu, "porque não adian Diante de uma população estarrecida, fa
O verão 80/81 — com grande inci- ta nada". lou como se fosse habitante de outro pla
ncia de assaltos, a sofisticação dos no- A pesquisa também demonstrou que neta: "Eu estou tranqüilo. Ando na rua
<s bandidos que entram calmamente em 44% das famílias (média de cinco mem sozinho e vou à praia sozinho e nada me
incos, saqueiam apartamentos de luxo bros) sofreu um assalto. acontece. A população pode e deve ficar
até um prédio inteiro, e os assassínios Um outro levantamento do Gallup, tranqüila, Não tem de entrar em pânico." ■
atuitos para um roubo de um simples citado pela revista Veja do dia 7, revela Menos de duas horas depois de ouvi-lo,
trdão de ouro — retrata bem a situação que 36% dos entrevistados cariocas so na noite do dia 8, um coronel da Aero
"cidade maravilhosa", alegre, brilhan- INSEGURANÇA
freram pelo menos um assalto em 1980 náutica saiu com seu carro para apanhar
■, colorida na Zona bul, sombria, aban- e / milhão de moradores do Rio, nos Comprar cães, contratar guarda-cos um remédio na Tijuca. No caminho foi
onada na Zona Norte, mas toda ela em últimos dois anos. viram seu patrimônio tas, comprar fechaduras "antiladrão". seqüestrado e morto.

NAL
> J
De 16/01 a 22/01 de 1981_

talha contra as demissões. O ministro


ela primeira vez, desde sua ins do Trabalho, Murillo Macedo, vem
P talação no Brasil, a VoUcswagen
encerrará um ano, o de 1980,
Operários não prometendo terminar com a interven
ção, mas até agora nada de concreto
com prejuízo, calculado entre Cr$ 2 e foi feito. Tudo indica que o governo
Cr$ 3 bilhões. O que faz a empresa pretende que a próxima campanha sa
que possui ucpa receita líquida maior larial dos combativos metalúrgicos do
do que a arrecadação de iodos os
municípios brasileiros, incluindo São
Paulo? Demite 3 mil funcionários em
podem pagar por ABC paulista transcorra sem o inconve
niente de autênticas lideranças operá
rias à frente de suas entidades repre-
apenas uma semana de janeiro deste tativas. Impõe-se, portanto, aumentar
novo ano de 1981, um total de pes
soas próximo ao que contratou a mais
em lodo o ano de 1980. Ao mesmo
crises na Voiks a luta pelo fim da intervenção. Ao
mesmo tempo, é preciso garantir a
unidade da próxima campanha sala
tempo, a diretoria da montadora de rial, em torno das diretorias cassadas
automóveis pressiona o governo para Arthur Mendonça dos Sindicatos de São Bernardo e San
que este aumente os prazos de finan to André, ainda as legítimas represen
ciamento de carros novos e usados a tantes dos trabalhadores metalúrgicos
gasolina, que eleve suas metas de pro É preciso aumenfar luta pelo íim das intervenções da região. Em São Bernardo existe um
dução de carros a álcool, os prazos e apoiar trabalho das comissões de fábrica plantão diário no Fundo de Greve que
para os consórcios e encontre fórmu fica ao lado da Cooperativa da Volks,
las de ampliar as exportações da in como formas de garantir unidade contra na rua Alferes Bonilha, 47. É preciso
dústria automobilística. demissões e de fortalecer próxima campanha salarial reforçar a luta contra as demissões
Os erros de planejamento da Vol- que estão acontecendo, fortalecer os
kswagen, que lançou sem o sucesso preparativos para a próxima campa
que esperava o carro Gol, ela faz re nha salarial (a data-base é 1." de
cair sobre as cabeças de seus operá abril), incluir a estabilidade no em
rios. Não assume os prejuízos, depois prego, a redução da jornada semanal
de anos e anos de exploração do tra de trabalho e outros pontos entre as
balhador brasileiro. Até o ministro da reivindicações a serem encaminhadas
Indústria e Comércio. Camilo Penna, aos patrões.
no final de dezembro do ano passado,
refletia a irritação do governo federai Decisivo também é o apoio aos tra
com as pressões da empresa alemã balhadores eleitos para o sistema de
instalada em nosso país: "A Volks representação de empregados da Vol
tem enorme patrimônio e pode agüen kswagen do Brasil.
Fica cada vez mais evidente o erro
tar um pouco no vermelho."
Estaria havendo uma crise em toda
de Lula e da liderança do PT em boi
cotar o processo eleitoral na Volks,
a indústria automobilística, semelhan
te à Jc 1977, quando a produção caiu
i esquecendo da importância de ocupar
em 80% e 10 mil empregados foram t, todos os espaços possíveis para a luta
da classe trabalhadora, mesmo com to
demitidos? É difícil dizer que as coi
sas ficarão tão pretas quanto naquela dos os limites de uma representação
ocasião. Problemas certamente have
meação de executivo e desburocrati
rá. caso não se encontrem alternativas zado o processo de vendas de veículos
para amainar o alto custo de compra aos empregados, inclusive com a libe
e manutenção do automóvel, este deus ração do limite de prazos para aqui
do equivocado sistema de transporte sição.
nacional. Por enquanto é possível afir
UNIDADE SINDICAL
mar que os maiores problemas estão Macedo e Wolfgang Sauer, recebido:; por representantes dos trabalhadores
na Volkswagen, pois as demais indús
rando assim a manutenção dos cola ladora; que a empresa não faça no É preciso ainda estar atento para a
trias do setor tiveram bom desempe-
boradores em serviço: ativar a polí vas admissões até que a situação se situação em Taubaté, onde proporcio
como a da Volks. No dia de sua posse tica produtiva destinada à exporta normalize e sejam readmitidos os com nalmente a Volks mandou embora-o
em São Bernardo, os 17 representan ção". Depois disso, os representantes panheiros dispensados nesse período e maior número de funcionários. 18%
tes eleitos naquela fábrica, pela voz realizaram diversas reuniões com a di que seja sustada toda e qualquer no- do total, enquanto em São Bernardo
do ferramenteiro Cláudio Tafarello, o reção da empresa, fazendo novas su- nho em 1980, como a General Mo- o índice foi de 5%. além do que a
Teco, leram uma carta aberta, entre ge.'^iões para evitar demissões cm mas tors, que admite ler sido o melhor ano Ford em todo o ano de 1980 também
gue em seguida ao presidente da sa. A adoção dé férias coletivas para de sua história no Brasil, a Ford, que* tinha reduzido em 15% seus empre
Volks, Wolfgang Sauer. Nela alerta 7000 funcionários e a suspensão do só no primeiro semestre de 1980 obte gados em sua unidade daquela cidade
vam para a tensão existente dentro da trabalho em um sábado, que seria de ve um lucro líquido de Cr$ 1,7 bi do interior de São Paulo. No fina! da
fábrica com as notícias de demissões compensação da segunda-feira de Car lhão, a Saab Scania, que admite até semana, na sede do Sindicato dos Me
em massa ("Somente a consciência naval, foram em parte resultado des contratar funcionários para atender talúrgicos de Taubaté, a Unidade Sin
dessa situação já está tendo uma rea sas sugestões. O modelador Osvaldo seus planos de aumentar a produção. dical de São Paulo realizou ampla
ção psicológica de pânico entre os Caniato afirmou em entrevista à im Isto não significa que a classe traba reunião, com 21 dirigentes operários,
nossos companheiros"), afirmavam prensa que "a carta aberta que entre lhadora necessariamente vai bem nes como Arnaldo Gonçalves, dos meta
não acreditar em crise, mas sim em gamos no dia de nossa posse e o diá sas empresas. Basta ver que ma Ford, lúrgicos de Santos. Raimundo Rosa,
"desacerto total no conjunto de me logo que estamos mantendo contribuí com todos os seus lucros, foram demi dos padeiros de São Paulo. Luís Car
didas. tanto políticas, como adminis ram para que a empresa optasse pe tidos perto de 900 empregados em to los Ferreira, dos metalúrgicos de Tau
trativas, postas em prática" e diziam las férias coletivas e não por mais de do o ano passado. baté, Devanir Ribeiro, da diretoria
da situação: "Nós não a provocamos, missões". Os representantes também Para os comunistas e para a classe cassada dos metalúrgicos de São Ber
portanto, não cabe a nós, de imedia obtiveram um compromisso da empre operária interessa discutir a fundo a nardo, na qual ficou decidida a reda
to, responder por suas conseqüên sa de reabsorver, quando tiver condi situação deste setor decisivo de nossa ção de um boletim para ser distribuí
cias." ções, proritariamente os operários que economia. do nas portas de fábricas, expondo a
estão sendo demitidos. decisão da classe trabalhadora de lu
Além disso, faziam suas próprias • No final da semana passada, já de RETOMAR OS SINDICATOS tar contra as demissões, pela estabili
sugestões à direção da empresa para finidas as 3 mil demissões, os 17 repre dade no emprego e redução da jorna
superar a situação: "desacelerar o in sentantes, depois de uma longa reu Tomemos, em primeiro lugar, o ca da de trabalho.
vestimento destinado a novos prédios; nião, entregaram à diretoria da Volks sa de São Bernardo do Campo. Im Todo apoio aos companheiros de
adequar e restringir o consumo de uma nova carta com as seguintes pro porta acelerar a luta pela reconquista mitidos! Pelo fim da intervenção fe
combustível tão-somente ao processo postas: criação de um comitê, do qual do Sindicato dos Metalúrgicos, hoje deral nos sindicatos do ABC! Todo
produtivo; evitar o custo da impor eles participariam, para estudar um sob intervenção federal. Com o Sin apoio à luta dos representantes dos
tação de ferramentais, que poderiam meio de redução da jornada de traba dicato de volta às mãos dos trabalha operários da Volks! Pela estabilidade,
' ser confeccionados pela nossa mão-de- lho, que evite novas dispensas, caso dores, maior seria a capacidade de no emprego! Pela redução da jornada
mobilização e organização para a ba de trabalho!
■ obra, com o mesmo nível técnico, ge- prossiga a crise de mercado da mon-

c SIIÍDICAt 2>
De 16/01 a 22/01 de 1981

GATUNAGEM

Abaixo a intervenção
em São
O Sindicato dos Metalúrgicos de
Caetano do Sui! Qual é a empresa que vai acreditar
São Caetano está sob interven em acordo assinado por uma "direto
ção desde sábado passado às ria" eleita por fantasmas?
5 horas da madrugada. E o Se não colocarmos as coisas no lu
interventor até que é bem conhecido; gar, se o nosso Sindicato não funcionar
esteve presente aos movimentos grevis como é seu dever, se não existir uma
tas do ABC mas sempre correu da diretoria verdadeira, a família metalúr
raia nos momentos mais difíceis; fazia gica vai sofrer, infelizmente, todas as
parte da Unidade Sindical mas há me conseqüências de se ver desunida e
ses que nenhuma entidade lhe dirige a desamparada.
paJavra; foi membro dirigente do PT
mas acabou expulso por traição à Precisamos nos unir contra o de
classe operária; procurou ser um pe- semprego, contra os baixos salários,
lego entre os interesses dos patrões e contra os usurpadores do nosso Sin
os tiabalhadores mas nenhuma fábri dicato.
ca, agora, confia na sua assinatura
E para que essa batalha seja vito
embaixo de qualquer acordo.
riosa não podemos perder o ânimo e
Cotn vocês o novo interventor-fim- terá que haver a colaboração de todos
de-liuha, loão Lins Pereira!
e de cada um em particular. NIN
Melhor do que qualquer reportagem GUÉM PODE OFENDER A DIGNI
sobre os últimos acontecimentos (o
DADE DOS METALÚRGICOS DE
nome certo seria roubalheira, gatuna- SÃO CAETANO."
gem, falta de vergonha na cara, traição
descarada à classe operária) é acom Os leitores deste jornal — pessoas,
panharmos o icxiu redigido pelo Movi certamente, identificadas com os ideais
mento de Renovação Sindical de São democráticos e as causas populares —
Caetano do Sul, liderado por Frei Chi devem procurar formas (todos podem
co, e que está sendo distribuído, esta fazer alguma coisa) de combater mais
semana, na porta das fábricas. Sob o Frei Chico proteata contra a farsa do 'qiiorum", logo após o anúncio dos este crime contra a classe operária, É
título "Lins roubou para continuar vi resultados pela mesa apuradora. preciso derrotar politicamente a inter
vendo às custas do Sindicato" diz o venção jm Santo André, em São Ber
panfleto dos trabalhadores: nardo e, agora, em São Caetano.
"Parece incrível mas esse tal de Lins Então veiam o que eles fizeram na para defender os interesses dos traba
e seu grupo teve a coragem de falsifi CM: lá existem 4.124 sócios, mas a lhadores. É pelo ABC que se começa a luta
car, descaradamente, milhares de vo lista que eles prepararam dizia que só E qual é o trabalhador, daqui para de verdade pela liberdade e pela auto
tos para parecer que foi eleito presi 2.629 companheiros teriam direito a a frente, que vai botar fé nessa "nota nomia sindical no Brasil. A omissão
dente do nosso Sindicato. voto falsa"? será julgada pela História. (S. G.)
A trapaça foi tão grande que nós Na Metalúrgica São Caetano, de 77
vamos abrir um processo na justiça sócios com direito a voto eles dimi
para impugnar essas "eleições". nuíram para 52 e acabaram cortando
Na General Motors, por exemplo o companheiro Bento Orival MUani —
(urnas 4, 5. 6 e 7), votofom menos de famoso por ser o Operário Padrão do
SOO trabalhadores, mas as urnas che ABC — e que tem 22 anos de sindi
garam na sede, para apuração, com calizado.
1257 voios. sendo que 1215 para a £ como diz o ditado: a mentira tem
chapa única do Lins. pernas curtas.
Os trabalhadores da CM sabem, E oa^a completar o roubo, a apura
melhor do que ninguém, que esses vo ção dos votos que estava prevista para
tos não existiram: sabem que isso é começar às 10 horas da manhã de sá
uma falsificação, r^ue isso é um roubo. bado (dia 10) foi iniciada à meia noite
E quem rouba tem que prestar con de sexta-feira (dia 9, uma hora após o
tas à Justiça. encerramento oficial das eleições).
Na Brasinca, votaram apenas 57 pes Tudo para impedir a presença da cate
soas mas a urna n." 9 chegou na mesa goria porque essa gente não tem mais
apuradora com 414 votos e — vejam condições de olhar ninguém na cara.
vocês!!! — com 405 para a chapa dele Os convidados da diretoria para essa
e apenas 2 votos nulos e 7 em branco. "festa na calada da noite" eram sim
Isso se repetiu em diversas outras plesmente: funcionários do Sindicato,
empresas. alguns familiares e dezenas de poli
Às listas de votantes foram falsifi ciais.
cada para diminuir o quorum mínimo. Os metalúrgicos de São Caetano não
A eleição só teria validade se 2/3 dos podem ser humilhados e desacatados
eleitores comparecessem. E todo mun dessa maneira por esse grupo que não
do sabe que nem 10% dos associados tem a menor dignidade.
compareceu, revelando uma grande A crise econômica que o Brasil atra
consciência sindical contra essa farsa. vessa, a inflação disparada, a campa
A verdade é que a categoria fez uma nha salarial que se avizinha (a data-
verdadeira greve contra essa banda base é 1.° de abril), tudo isso, exige Polícia na porta © Uns na janela. Este é o Sindicato que, agora, está
lheira. um Sindicato forte e representativo sob Intervenção.

c SINDICAL
>
VSSL De 16/01 a 22/01 de 1981

Recessão também afeta ensino


E acaba servindo de motivo para uma verdadeira retaliação ideológica
dentro das imiversidades. A crise começou com as demissões
de 17 professores da Sociologia e Política de SP e estourou
com toda força, semana passada, na PUC do Rio de Janeiro.
O coordenador do curso de pós- dro docente. Idêntico procedimento ficação da universidade, para a ma
Rogério M. Gomes foi tentado pelo Departamento de nutenção da qualidade do ensino e da
graduação de Filosofia, professor Raul
Landim, explica que "a tradição das Comunicação, o que, de novo, não pesquisa nesta instituição e para a res
Afinal, o que realmente está acon universidades católicas é transmitir impediu que seus quadros fossem des tauração do clima de confiança neces
tecendo na Pontifícia Universidade uma filosofia compatível com o cris falcados de excelentes profissionais". sário ao esforço conjunto pela obten
Católica do Rio? Mais de 25 profes tianismo, que é a filosofia escolásti- A ADPUC e o DCE finalizam o ção de verbas que garantam a sobrevi
sores foram demitidos nas últimas ca". Ele lembra, entretanto, que, "em documento destacando que "a revoga vência de um patrimônio que não é
semanas, o curso de mestrado em Fi um curso de pós-graduação, é impos ção desses atos por parte da reitoria apenas nosso, mas de toda a socieda
losofia está sendo extinto e teme-se sível concentrarmo-nos em uma só é condição indispensável para a paci de brasileira".
que novas demissões sejam anuncia concepção filosófica e, no momento
das nos próximos dias. em que o reitor não aceita o pluralis
Na sexta-feira, dia 9, a Associação mo filosófico, ele tem de extinguir o
de Docentes da PUC (ADPUC) con curso".
vocou a imprensa para relatar os ver O reitor MacDowell alega que o
dadeiros motivos da crise na univer
sidade. Mas, no dia seguinte, os
curso não foi extinto, mas apenas sus
penso temporariamente, e garante
Jovens do mundo
professores ficaram no mínimo decep que "as demissões foram feitas para
cionados quando abriram os jornais:
quase todos davam grande destaque
a uma entrevista com o reitor, padre
solucionar um déficit orçamentário
da universidade, que chega a CrS 65
milhões". Mas em nota distribuída
todo discutem
leão MacDowell, reduzindo a poucas pela ADPUC e pelo DCE, estas enti
linhas a versão da crise apresentada
pelos professores.
Na opinião do corpo docente da
dades tornam sem fundamento a ver
são do reitor. De acordo com o do
cumento, o programa de pós-gradua
a distensâo e a paz
PUC — que vive momentos de gran ção do Departamento de Filosofia Luiz Carlos Azedo
de expectativa e tensão — o problema "está sendo extinto pela reitoria, ape
não é apenas econômico, como diz c sar de ser considerado pela CAPES
Organizações juvenis He rnHrt n mundo sessão especial da ONU sobre o desarma
rciioc. Ob profiíbsurcb admitem que um dos dois melhores programas de e de diferentes tendências políticas — co mento e sua observância estrita; c) traba
a universidade atravessa uma fase di mestrado em Filosofia do país". munistas, social-dcmocratas. liberais, nacio lhar pela tomada de consciência da profun
fícil no campo das finanças, mas afir O documento ressalta que "o De nalistas. etc. — estarão reunidas de 19 a da relação existente entre a realização do
mam que quase somente aqueles partamento de Filosofia havia apre 23 deste mês. em Helsinque, na Finlândia, desarmamento geral e completo e a luta
para participar do Foro Mundial da Juven pelo progresso social e econômico em to
identificados com linhas mais pro sentado um orçamento não-deficitário tude e dos Estudantes pela Paz, a Disten do o mundo; d) desenvolver esforços co
gressistas de pensamento estão sendo à reitoria, ainda que às custas da re sâo e o Desarmamento, promovido pelo muns de- jovens e esiudanics de todo o
demitidos. dução salarial voluntária do seu qua- Comitê Nacional das Organizações Juvenis mundo para prompver a paz. a distensâo
Finlandesas c pela Federação Mundial da e o desarmamento a nível internacional.
Juventude Democrática. O Foro terá sobretudo um caráter de
O encontro vem sendo preparado, desde trabalho. Por isso. será composto de ses
janeiro do ano passado, por 21 organiza sões plenárias e diferentes comissões de
ções nacionais, regionais e internacionais, trabalho. Pelo menos quatro comissões de
Alunos protestam que realizaram três reuniões de consulta trabalho serão consumidas, para debater
para definir os objetivos, a pauta e a pro os seguintes assuntos: 1) evolução da si
Nós, alunos do Departamenio de Filo Raul Landim, Cuido Antonio de Almei gramação do encontro. Com isso, preten tuação internacional e os aspectos políti
sofia da PUC/RI, queremos, através des dem promover o debate sobre a "respon cos e militares da distensâo; 2) as conse
da. Wilmar do Valle Barbosa v Roberto
ta carta, denunciar e tornar públicas as sabilidade e contribuição da juventude e qüências sócio-econômicas da corrida arma
Cabral de Melo Machado ^ são além de
arbitrariedades que vêm ocorrendo não doutores em filosofia, professores dc re dos estudantes em todo o mundo — con mentista e do desarmamento, promoção do
só no Departamento de Filosofia como siderando especialmente a atual situação desenvolvimento social e de uma nova or
conhecida capacidade de ensino c orga
também nos demais departamentos des nização) transformar a figura do mos internacional — para salvaguardar e for dem econômica fnternacional: 3) proces
ta Universidade. Quatro dos nossos prin trando em filosofia em fantasma ou relí talecer o processo de disiensão, a paz e o sos e medidas para deter a corrida arma
cipais professores foram demitidos pelo desarmamento". mentista e começar o desarmamento geral
quia histórica. Visa por fim a depreciar
reitor McDowell, que, aproveitando-se a Filosofia como atividade e como obje Os organizadores do encontro ressaltam e completo, especialmente o nuclear; 4)
das férias e portanto da desarticulação to de estudo.' uma vez que o Departa sua importância para prevenir a ameaça cooperação e ações comuns dos jovens e
dos professores e alunos, tomou decisões mento de Filosofia da PUC a isto tinha de uma nova guerra mundial, ativar a luta estudantes do mundo pela paz. a distensâo,
Injustas, violentas e indignas para com a se empenhado com dedicação. para deter a corrida armamentlsta, lutar o desarmamento, a independência nacional
comunidade. Agiu de má fé. pois exigiu As conseqüências de tais atos são a pelo desarmamento geral e completo, in e o progresso social.
que os professores de sua "lista" tiras clusive o nuclear, promover o progresso Estes temas serão introduzidos durante
instauração de um clima de insegurança a sessão plenária, no primeiro dia. por al
sem férias para ter o direito de despedi- e preocupação entre os alunos e profes social, a democracia, a libertação e a in
los, fechou o mestrado, a despeito do sores. o cerceamento da liberdade aca dependência nacional, bem como o desen guns especialistas escolhidos pelo Comitê
investimento de alunos e instituições que volvimento de uma nova ordem econômica Nacional das Organizações juvenis Fin
dêmica de difusão e transmissão de idéias, landesas. O primeiro tema geral e sua res
os financiavam (como a CAPES e o quaisquer que sejam suas tendências ideo internacional. Interesse especial será des
CNPQ) e o fez, por covardia, durante um pertado pela discussão acerca da aplicação pectiva comissão serão a base para uma
lógicas, e a neutralização de um trabalho discussão geral dentro do Foro, Os outros
período em que os alunos estavam se sério desenvolvido por um grupo de in das recomendações da sessão especial da
ONU sobre desarmamento e ratificação e temas e comissões serão estruturados de
parados. telectuais que lutam para manter viva maneira mais específica e de acordo com
Demitindo os quatro principais repre uma produção especificamente filosófica. completa implementação do acordo Salt II.
alguns subtemas, que poderão originar, in
sentantes de cada área, o sr. McDowell Com isso nos sentimos no direito de clusive, a formação de subcomissões, O cri
tomou o curso de filosofia, tanto para os manifestar o nosso mais profundo repú
A PROGRAMAÇÃO
tério básico para a pariicipaçâo das orga
alunos da graduação quanto para os alu dio e pedir o apoio de todos aqueles que O Comitê Nacional das Organizações Ju nizações convidadas foi o apoio e a acei
nos da pós-graduação, um exercício inó se interessem ou estejam de alguma for tação dos objetivos gerais do Foro c da
venis Finlandesas e a Federação Mundial
cuo que não mais poderá nos satisfazer, ma ligados ao destino da cultura brasi da Juventude Democrática, durante as reu expressão da vontade de promover â causa
pois estas medidas visam a esvaziar o leira € dos mecanismos que visam a con da paz, da distensâo e do desarmamento.
niões consultivas, fixaram os seguintes
Departamento de Filosofia, desvalorizar trolá-la e rebaixá-la ã condição de sim objetivos gerajs para o encontro: a) forta Porém, a possibilidade de participação co
uma área que é subvencionada pela CA ples joguete nas mãos de "poderosos". mo observador foi oferecida a todas as
lecer a opinião internacional pela paz, a
PES e pelo CNPQ através do sistema de Queremos deixar claro também que as organizações juvenis e estudantis que assim
bolsas de estudo, e provocar a dispersão distensâo, o fim da corrida armamentista
demissões não se restringem ao Departa e a promoção do desarmamento; _b) o solicitaram e a outras organizações não go
das áreas de estudo já constituídas cm mento de Filosofia mas a todos aqueles vernamentais ativas.no campo da luta pela
nome de uma "reorganização" totalmente
apoio internacional aos processos e inicia
que incluem em seu corpo docente pes tivas positivas pela paz, a distensâo e o paz, a distensâo e o desarmamento, bem
arbitrária e motivada por razões clara soas cuja orientação política-ideológica é desarmamento, orientados, entre outras coi como aos representantes do sistema da
mente ideológicas. Visa, além disso, com considerada contrária à do próprio reitor. sas. para por em marcha as decisões da ONU.
o enfraquecimento visível do curso (visto Os alunos do Departamento
que os quatro professores demitidos — de FUosofia da PUC/RJ

EDUCAÇÃO
>
De 16/01 a 22/01 de 1981

AMÉRICA CENTRAL estacionadas no Panamá davam sinais de EUA


mobilização preventiva).
Por outro lado, o acordo de paz que
Washington patrocinou entre Honduras e
Reagan
Ofensiva isola El Salvador visa, no fundo, a fazer do
exército hondurenho '— um dos melhores
da América Central, justamente graças aos
norte-americanos — uma força-gendarme,
simultaneamente ameaçando os patriotas
simboliza
salvadorenhos e pressionando a fronteira
o retrocesso
Junta genocida da Nicarágua.
Não se pode minimizar, ainda, o papel
que a Guatemala desempenha na região.
A lúgubre ditadura guatemalteca, que re
cebe ponderável ajuda militar dc Israel,
constitui uma alternativa logística que po
Valéria Ghioldi

Dizem alguns analistas que não haverá,


na prática, qualquer diferença entre o mo

em El Salvador de funcionar ativamente no caso de uma


intervenção em El Salvador..

A RESISTÊNCIA PATRIÓTICA
ribundo governo Carter e o nascituro go
verno Reagan, Até mesmo a respeitabilíssi-
ma figura de dom Heider Câmara afirmou,
recentemente, que a diferença entre eles
era "igual à existente entre a pepsi-cola e
Violência aberta, manobras e ameaça permanente de Os planos da junta militar-democrata a coca-cola" — isso é, nenhuma. Gente in
cristã (e de seus sustentáculos externos), teligente, como os jornalistas Paulo Francis
intervenção estrangeira não conseguiram derrotar todavia, estão sendo reduzidos a nada pela
c Cláudio Abramo, por exemplo, insiste em
resistência patriótica das forças revolucio
resistência democrática e revolucionária, que hoje nárias e democráticas de El Salvador.
minimizar o que distingue o novo do velho
governo norte-americano, recorrendo a ar
desenvolve ampla ação armada unitária e de massas As escaladas militares da junta contra as
forças armadas revolucionárias têm se re gumentos quase irrefutáveis. Gostaria mul
velado inúteis. A guerrilha revolucionária to de acreditar nisso, mas não consigo.
Por que?
Quando assassinam (depois dc violentar não possui, por seu turno, nenhum caráter
José Paulo Netto cruel c covardemente) cerca de 50 pessoas foquísta: expressa, inversamente, uma ge Em primeiro lugar, porque acho que"
neralizada e crescente luta de massas. Nao
Reagan simboliza alguma coisa que tem
por dia. os grupos militares e paramilita força própria, que influi no quadro políti
res da Junta não agem cegamente. Pelo é casual que os revolucionários já estrutu co norte-americano e mundial mesmo à re
A última manobra da junta que ainda contrário; concretizam uma estratégia cui rem forças militares regulares.
detém o governo de El Salvador não en velia do presidente-eleito ou dos homens
dadosa. consistente na eliminação indiscri Precisamente esta luta de massas contra
ganou a ninguém; a nomeação de Napo- a junta e tudo o que ela representa per por ele escolhidos para integrar seu mi
minada da população como primeiro está nistério. Reagan simboliza o mundo do mo
ieón Duarte para fazer as vezes de presi gio de um plano global de "estabilização" mite aos revolucionários e democratas sal
dente da República — um golpe de Estado cinho e do bandido, o maniqueísmo com
do país. Paralelamente, realizam assassina vadorenhos uma extraordinária ação unitá
que libera inteiramente as mãos fascistas ria. A experiência unitária, que responde sua pobreza intelectual de um gibi e seu
tos seletivos, que liquidam personalidades obscurantismo medieval. É a volta ao prc-
dos generais Gutiérrcz, Carranza. Casano- influentes da sociedade civil. Sabe-se que pelos seus êxitos, opera-se em distintos ní
va e Garcia — foi imediatamente desma- to-e-branco, quando o universo político pa
após este estágio — de generalização do veis.
recia mais matizado, mais colorido, mais
carada. O arcebispado salvadorenho não terror físico e social e de eliminação de As forças revolucionárias organizadas do
hesitou em anunciar a artimanha como me país — o. Partido Comunista de El Salva pluralista. Ê o retorno à bipolaridade, fari
lideranças reais e virtuais — a junta pas nha láctea de todos os autoritarismos,
ra "mudança de fachada". saria a uma segunda etapa: a da "pacifica dor, o Exército Revolucionário do Povo,
Ao mesmo tempo, a Frente de Liberta as Forças Populares de Libertação Nacio breakfast de todos os ortodoxos,
ção" nacional. Ao final desta fase — que
ção Nacional Farabundo Marii (nome dado seria efetivada cora a aniquilação de qual nal e as Forças Armadas da Resistência^ Assim, a. ascensão de Reagan já repre-
em homenagem ao revolucionário salvado quer resistência localizada —, a junta pre Nacional — articularam-se na Direção Re "senta, em si mesma, um retrocesso, pelo
renho que combateu ao lado de Sandino, volucionária Unificada (DRU). Em termos que estimula, não somente nos quartéis e
tenderia "institucionalizar" a nação (ou o
na Nicarágua, e morreu em 1932) desfe que restasse dela). de ação armada, a DRU traduz-se no co nos palácios, mas também nas ruas, retra
chou. na madrugada do dia 11 de janeiro, mando militar conjunto da Frente de Li tas e botequins, em termos de maniqueís
uma ofensiva geral contra a Junta, atacan- bertação Nacional Farabundo Marti. Para mo. Não terá sido por mero acaso que os
do váníí*} cidflrífis inferioranas e anuncian a ação cívico-política, as mesmas forças falcões do mundn intetrn se regozijaram
do a conquista do estratégico quartel da criaram a Coordenadora Revolucionária de com ela, da Coréia do Sul a Santiago, dc
Guarda Nacional de Santa Ana, segunda Massas (CRM), a que se conecta a vlncula- Manilha a Montevidéu. Ainda que o presi
cidade do pais. ção com os outros setores democráticos dente-eleito resvale para o centro, no exer
Na verdade, a junta, composta por mili através da Frente Democrática e Revolu cício efetivo do poder, ainda que escolha
tares e setores da democracia cristã, ago cionária (FDR). gente moderada e esbarre num Poder Le
niza. Sua política possível é a do genocí gislativo realmente forte e independente, a
dio e sua alternativa de sobrevivência de A AGONIA DA |UNTA presença dele na Casa Branca pode signi
pende de uma intervenção estrangeira ficar, para democratas de muitos países, a
aberta. Além do terror generalizado e indiscri diferença entre o processo legal e a prisão
minado, a profunda anormalidade da vida arbitrária, as ofensas verbais e a tortura
O MASSACRE DA POPULAÇÃO CIVIL social atesta a catástrofe nacional instaura física; entre a liberdade e o cárcere, enfim.
da pela junta: 50% de desempregados, es No caso da América Latina, então, o
cassez de produtos básicos, inflação galo- vulto do ex-cowboy do cinema emerge ao
_ As mortes políticas dos últimos tempos panle, caos nos serviços públicos. norte do nosso horizonte como um gigan
sao conhecidas: do assassinato de dom O dado mais significativo que comprova tesco Atila, disposto a pisar na nossa gra
Oscar Romero à execução do reitor da Uni a deterioração do aparato da Junta relacio ma, caso sinta que seus "interesses" estão
versidade Nacional, elas adquiriram maca na-se à moral e à coesão militares. As for ameaçados. O general Alexander Haig, es
bra notoriedade (recorde-se a recente bru- ças armadas oficiais já carecem de pessoal: colhido para chefiar o Departamento de
talizáção de quatro freiras norte-america cm 1980. houve sérias dificuldades de no Estado, confirma os temores da gente. Ele
nas).
vos recrutamentos. Em razão disto, há indí vem de anunciar, perante a Comissão de
Os interesses do imperialismo, no entan cios de que a Junta tentará valer-se de mer Relações Exteriores do Senado, que a po
to. manipulam de tal forma os fatos que cenários (especialmente exilados cubanos e lítica externa norte-americana sofrerá "uma
a versão corrente resume-se em afirmar a elementos que pertenceram à Guarda Na reorientação dramática", com uma atitude
existência de um generalizado terrorismo cional de Somoza). Em meados de dezem "mais firme" diante da União Soviética e
político em El Salvador. Tudo é apresen Assassinatos, uma constante na vida bro, um grupo de jovens oficiais desertou uma nova diretriz para conter "o aventu-
tado como se as mortes políticas resultas- salvadorenha - e refugiop-se no México. Enfim, algo ilus reirismo" na América Central. Esse mesmo
sem de um confronto entre as extremas di trativo: afastado da Junta por suas posi general, comprometido com o escândalo de
reita e esquerda, sendo a junta militar-de- Em essência, esta estratégia criminosa é ções moderadas, o coronel Adolfo Majano Watergate, com as conspirações contra o
mocrata cristã um impotente elemento de a única forma encontrada atualmente pela — de grande prestígio — parece ter-se de governo constitucional de Salvador Allen-
dominação imperialista para travar o avan cidido a engrossar a resistência democrá de, no Chile, e cora os massacres realizados
neutralidade.
ço da presente onda revolucionária centro- tica. pelas forças americanas no sudeste asiático,
Esta versão é inteiramente falsa. Em EI americana, cujo êxito mais exemplar mos nos tempos de Nixon, ressurge para con
Salvador não existe um genérico enfrenta- trou-se com a vitória dos sandinistas. A OFENSIVA DEMOCRÁTICA denar a política de direitos humanos do
mente de grupos extremistas radicais. O E REVOLUCIONARIA governo Carter. Haig ameaçou; os Estados
que existe é a luta entre as forcas demo OS SLSTENTACULOS EXTERNOS Unidos darão "atenção especial" à Améri
cráticas e revolucionárias (camponeses, Somente uma intervenção estrangeira ca Latina, durante o governo Reagan. Te
operários, estudantes, intelectuais, religio Mas, aparentemente, o imperialisrno quer aberta poderá revitalizar a Junta militar- nho certeza de que os nicaragüenses treme
sos, estratos da burguesia) e a junta mili- tirar as castanhas com a mão do gato. É democrata cristã, prolongando a sua ago ram, ao ler seu pronunciamento. A queda
tar-democrata cristã (militares fascistas e assim que o apoio diplomático (c não só) nia por mais tempo. E isto porque, no pla de Somoza e a vitõria da Frente Sandinista
políticos corruptos, latifundiários, grandes mais evidente à junta não parte dos Esta no interno, as forças revolucionárias e de certamente teriam sido bem mais difíceis
burgueses c agentes do imperialismo). dos Unidos, mas da Venezuela de Herrera mocráticas estão suficientemente capacita cora Reagan na Casa Branca.
De fato, a direita é a fanta. E a sua po Campins. das para passar à ofensiva final. Para as vítimas do autoritarismo, onde
lítica. desde princípios de 1980, é a de Os norte-americanos, contudo, são os Divulgado em fins de 1980, o programa quer que se encontrem, o novo discurso da
massacrar a população civil. Fontes fide sustentáculos externos da junta: além de básico do governo a ser constituído por Casa Branca e tudo o que Reagan simbo:
dignas estimam que. durante este ano, fo 200 assessores militares no país, os Esta estas forças — que será um governo demo Hza são maus presságios. Nestes tempos de
ram trucidadas mais de 13.000 pessoas. Es dos Unidos já entregaram à junta uma crático e revolucionário de unidade nacio crise, a substituição de Carter por Reagan
te número, porém, não envolve as baixas quantia de perto de 100 milhões de dóla nal — já está sendo particularizado por co é uma derrota das forças democráticas de
havidas nos combates entre o exército da res. A chegada de Reagan à Casa Branca, missões especiais de estudo, integradas pe todos os continentes, é um retrocesso som
junta e as forças da resistência democrá ademais, torna provável uma intervenção la DRU-Frente Farabundo Marli e pela brio, que não deve ser ignorado, embora
tica e revolucionária — considera exclusi militar aberta (numa de suas últimas edi FDR. A ofensiva final está na ordem do não po'ssa justificar qualquer tipo de ma
vamente as vítimas civis dos grupos mili ções, a revista alemã Der Spiegel indicava dia e, com ela, o anúncio dc novo gcver- niqueísmo, da parte dos que combatem o
tares e paramilitares da Junta. que as reservas militares norte-americanas 1 no, no interior do país. autoritarismo e lutam pela democracia.

INTERNACIONAL
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De 16/01 a 22/01 de 1981

Se os anos 60 foram marcados por um «boom» de


criatividade, a repressão dos anos 70 esmagou o que
pintava. Em 80, apesar da velharia envernizada
pelo padrão Globo, salvou-se muita coisa boa

MPB 80: o saldo


terminou devedor
Júlio César

Seria difícil fazer um balanço do desenvolvidas, acabou por se benefi


ano musical a estas alturas do cam ciar desse "boom" criativo. Beatles,
peonato, ]á que os críticos com ca RoIJing Stones, etc. Uma pá de coioa
deira cativa nos órgãos de maior pres feita com competência veio pintar aqui
tígio da grande imprensa publicaram no terreiro num momento cm que nos
seus artigos há semanas. Como dizer sa música se resumia às letras bem
algo de novo quando os papas já tra transadas e arranjos bem elaborados
taram à exaustão do assunto? . da MPB Zona Sul. Bossa nova. Sam
ba feito por não-sambistas, forró ele
Aí é que a coisa pega. O assunto trônico, maracatu atômico. Todo mun
não foi tratado à exaustão coisa ne do falando em linguagem elaborada o bons artistas da música na década pas prio autor como um dos melhores pu-
nhuma. Os críticos cuidaram de dar som regional. Foi a época em que sur sada são os mesmos dos anos 60). E xadores de samba. No show, Paulinho
continuidade ao trabalho elitista de giram os componentes e ainda presen oitenta foi o ano onde essa tendência da Viola homenageou os sambistas
tratar como música brasileira apenas tes Chico Buarque, Gil. Caetano, Mil- chegou madura. João Nogueira re tradicionais recolocando a antologia
aquela produzida por sociólogas-can- tom Nascimento, Betânia, -Gal, Edu criando um som brasileiro da mais al do samba à apreciação do público pa
toras, ou aquela elaborada em apar Lobo, e piá e bola. Música nada po ta qualidade técnica e artística, crian ra servir de parâmetro com o que se
tamentos da Zona Sul desses brasis. pular, do ponto de vista da aceitação do um elo com o nosso passado na faz agora, no alerta de Zumbido, Na
Twhorão deu a resposta guinando à c alcance. Recriações elaboradas, so música urbana e popular. Cartola res mesma linha Martinho da Vila gra
bombordo. Tratou de destacar o que fisticação dos motes. Uma estética de surge nessa maré, atrás dele Monar- vou alguns dos sambas mais expressi
aconteceu na produção musical regio apartamento tornando-os audíveis ao co, o falecido Paulo da Portela e um vos e representativos das escolas de
nal brasileira, que finalmente parece público tipo classe média intelectuali ro) enorme de intérpretes e composi samba — notadamente dos anos 50 —
ter encontrado resposta no mercado, zada, parte integrante da restrita ca tores do passado ao lado de novos va no álbum Samba Enredo. Positivos
depois de receber o tratamento técni mada consumidora de discos e shows. lores descobertos nos subúrbios cario ainda os conseqüentes trabalhos de
co adequado. Aliás um füão aberto Peraí! Não é malho, não. £ constata cas. Ao lado desse brasil musical au- Beth Carvalho e João Nogueira, aque
anos atrás pelo Marcas Pereira. Ou ção. Esse pessoal fazia e faz música todescoberto, a falta de escrúpulos la garimpando entre muitos os sam
tros críticos ainda perderem tempo da melhor qualidade e nada a modi das gravadoras foi inventando dezenas bas mais felizes dos compositores das
descobrindo o som que já existia e ficar. Só estou constatando que tipo de de martinhos da vila que não chegam escolas de samba e este recolocando
que só agora pintou com tudo porque música é essa. E tudo isso para per aos pés do original. Pagodeiros de es em pauta o samba-sincopado, o sam-
a Globo entrou na parada.l Viram a guntar: onde estavam os herdeiros de túdio foram inventados, também. Mas ba-maxixe e os compositores e letris-
Rita Lee? O Cauby, que sempre foi Wilson Batista. Noel e Geraldo Pc; 80 viu a chegada apenas dos verdadei tas geniais Paulo da Portela, Monar-
o melhor cantor brasileiro? Pois é. A reira? ros, enquanto as cópias dançaram. co, Paulo César Pinheiro, Ivor Lan-
Globo tem força, mas não cria nada. celotti e ele próprio.
Passa verniz e coloca na prateleira ELO COM O PASSADO 1980: DO COCÔ À MPB A destacar ainda o Festival dé Jazz
aquela mercadoria que já existia e es da TV Cultura de São Paulo, o desen
lava no depósito, enquanto o lixo im O Brasil da televisão, das multina O ano musical começou sem dúvi
da cora o carnaval. Carnaval que fez volvimento da produção de discos in
portado e o cocô caseiro (sacam os cionais do lixo musical, matou o sam
dependentes, os já chamados nanlcos
atores-cantores?) eram servidos ao ba. A música estrangeira, boa e ruim, do "Balancê" de Braguinha um suces
so na voz da Gal Costa, numa clara do som, Moraes Moreira, que salvou
público. a MPB de apartamento (sem maldade
mostra de que o público já está exi a lavoura do pessoal lá de cima e a
ou elitisrao, insisto) via festivais, do
gindo a volta das boas músicas de car seqüência do trabalho da Eldorado,
MEDAGLU DE SACO CHEIO minaram. As avis-raras pintaram no
naval. No carnaval de rua a evolução lançando inéditos e pouco gravados,
- "Opinião", com João do Vale, Zé Ké-
Há que se destacar como saldo po do samba de embalo cantado pelo Ca como Geraldo Filme, Edu da Gaita
ti, e no show "Rosa de Ouro", com
sitivo no ano musical de 80 as opiniões cique de Ramos — "Coísinha do Pai" (ainda de 1979), Nelson Sargento,
Elton Medeiros e Paulinho da Viola.
— na mesma linha do "Vou Festejar" etc. O resto o pessoal já destacou
do maestro Medaglia e do crítico Luiz Mas sempre pra consumo de classe por aí.
Carlos Maciel. Este reiterando sem média. Os anos 70 chegaram nas asas de 1979, ambos gravados pela ótima
Beth Carvalho. O samba de embalo A caca do ano foi, sem a menor
pre que possível a tese de que os anos da repressão política a mais odiosa
é de melodia fácil, de apelo popular, sombra de dúvida, o Febeapá musical
60 foram mais criativos que os seten possível, esmagando o que restava e
para ser cantado por dez mil pessoas da Globo, onde a única coisa a des
ta, na música de todo o mundo. E o que pintava. Os festivais encheram
Medaglia, já de saco cheio, desabafan o saco do público e passaram a dar que desfilam no bloco. Jorge Aragão, tacar é o samba do Maiuf, "Reunião
do no Pasquim e descendo o cacete péssimos frutos musicais. Surge com Luiz Carlos e Neoci conseguiram co de Bacana", do engraçadíssimo Ary
na mediocridade da atual MPB. Mas Martinho da Vila, ainda timidamente, locar melodia bonita no samba de em do Cavaco. Aquele do "Se gritar pega
eles já disseram e o público já leu. o samba de terreiro, quadra e escola. balo e isso é positivo. O lucro para ladrão..." Caca maior que esta só a
Cabe acrescentar. Buscar algo de no Com João Nogueira, mais timidamen a MPB continuou nas escolas de sam a morte de Cartola, síntese de cabeça
vo pata destacar no ano musicai que te ainda, a herança bem administrada ba, onde os sambas de embalo, pró e coração. E como esse balanço não
passou e que não foi notado (ou foi?) de Geraldo, Noel e Wilson (que re prios pára blocos e levados para as vai dar mesmo para esgotar o assun
pela crítica. E para tanto é necessá sultou até era samba dele em home escolas pelo Zuzuca do Salgueiro, ce to, resta falar do LP Bandalhismo.que
rio dizer o que achamos da década nagem aos três papas), ressurge no deu lugar de vez ao samba enredo de dá continuidade ao trabalho de João
que desembocou nesse 1980 que se foi. recém-notado samba de calçada — melodia mais rica, balançado e com Bosco e Aldir Blanc; das capas —
Os anos 60 viram a maior explosão aquele que não é de escola nem de letras mais criativas que os antigos também tem a ver com MPB — do
de criatividade musical em todo o apartamento, pra quem gosta de clas enredos ufanistas. Na voz da Impera Elifas Andreato; das críticas db Tárik
mundo. Como o Brasil é um país pe sificações. E é a partir daí que se de triz Leopoldínense o samba em tom de Souza e das palas do Sérgio Cabral
riférico, dependente de mercado paia senvolve a única novidade musical menor de Dominguinhos do Estácio em favor da melhor música brasileira
tudo o que é produzido nas estranjas dos anos 70 em termos de MPB. (Os encantou a avenida e revelou o pró e popular.

c CULTURA
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De 16/01 a 22/01 de 1981

Proclamando-se paladino inflexível da pureza dá «ortodoxia»


marxista-leninista, o dirigente albanês deforma pensamento Homem, mulher,
dos clássicos e, como um fanático religioso, vê «desvios»
Bahia: são os
e «traições» em toda e qualquer preocupação crítica
Jogos de Ifá

No marxismo de Hodja, Num momento em que a participação


das mulheres na literatura de ficção não
vem acompanhando o ritmo crescente que
se dá cm outros setores, Sônia Coutinho
desenvolve uma produção cada vez mais
expressiva. Depois de Uma certa felicida
de e do premiado Os venenos de Lucré-

a caricatura de Marx cia, lança, pela editora Átíca, seu pri


meiro romance: O jogo de Ifá. Romance?
Certamente uma narrativa que experi
menta formas de expressar um momento
individual-colctivo (e literário) de impas
Luiz Sérgio N. Henriques os khruschevianos, os titoístas, os se, de revisão. O narrador-personagem
togliattistas, os carrillistas, os raar- que se desdobra em dois outros, um fe
minino, um masculino, empreende viagem
EnverHoxha chaístas (sic), os maoístas, os castris- de volta a sua cidade, a Bahia — presen
Entre as peculiaridades do atual tas, etc. (o etc. é do camarada Hodja). ça forte que atravessa todo o romance
momento político, está a de impor, por Em sua visão do mundo como conspi sem, no entanto, qualquer concessão ao
ração e trama diabólica, Enver Hodja exótico — na tentativa de, "tendo enfim
um lado, a busca da unidade entre atirado ao mar a minha carga de ressco-
todos os que se opõem à autocracia exclui a todos eles, indistintamente e timento e de' culpa", encontrar o caminho
militar vigente, busca que se pode cha sem mediações, de qualquer relação de ser simplesmente feliz. (Beatriz Re
mar de vital para a redemocratização. positiva com o âmbito do verdadeiro sende)
Mas, por outro lado, aquele momento marxismo-leninismo, que é sua pro
político já avançou ao ponto de fazer priedade exclusiva.
surgirem irreparáveis divergências Ê claro que, armado deste cate-
entre as oposições, em geral, e as es imperialismo cismo elementar, Enver Hodja passa A doutrina dos
querdas, em particular. e a revolução longe da compreensão do contraditó
Situo neste último caso o livro do
albanês Enver Hodja, O Imperialismo
Introdução de Jo3o Amazoriot rio processo de transição para o socia
lismo, que não pode, por imposição
EUA, em livro
Enver Hodja, O ImperiBUsmo
e.a Revolução, maçaroca de 400 pági e a Revolução, São Paulo, Ed.
da própria realidade, ser submetido a
Embora pesado na exposição e um tan
nas que o leitor caridoso tem de amar Anita Garibaldi, 1980, 400 págs. um abstrato modelo universal. Pois é to tímido nas sínteses teóricas, merece
gar, depois de ter passado pelo pre o que nosso herói faz: para Hodja, ser lido pela riqueza de informações o
fácio inevitável de João Amazonas. obra de Marx, Engels e Lenin, além como se depreende de sua polêmica estudo do soviético K. A. Katchaturov in
com Mao, é revisionismo da pior espé titulado A Expansão Ideológica dos EUA
Impossível, aqui. silenciar a discor da própria história do movimento na América Latina, que analisa as dou
dância e fugir ao debate com esta operário. cie particularizar o marxismo (p. 344); trinas, formas e métodos da propaganda
manifestação de síalínismo maciço e Mas eis que Enver Hodja se auto- é o supra-sumo do reformismo defen dos Estados Unidos no nosso continente.
obtuso. , designa paladino da pureza da orto der o pluralismo político e cultural no O livro acaba de ser lançado pela Editorai
Civilização Brasileira, em tradução de
Impossível também analisar cada doxia marxisía-leninista. Todo o seu socialismo (pp. 355/357), porque isto Anita Leocádia Prestes. (L.K.)
uma das afirmações singulares de se choca com as "leis universais" e
discurso, efetivamente, está marcado
Hodja sobre o estado do mundo. Mas pelo oposição ortodoxia/revisionismo. invariáveis da revolução: o papel
cabe TCgistcaT que elas Írcqüentcmcníc Expiíqucrao-nüs: o critério de verda exclusiva do partido comunista e a
descambam para o perigoso terreno da de para um marxista residiria no apego transformação da ideologia pfoletária, Revista debate
galhofa, como dizia o saudoso Sérgio religioso, talmúdico, ao que está reve do materialismo e do ateísmo (sic) em
religião de Estado.
Porto: basta mencionar a opinião de
Hodja sobre o recente processo de
lado nos textos dos "clássicos" (e
Stalin é o quarto "clássico", situado Gostaria de observar, por fira, que arquitetura
libertação dos países submetidos ao na mesma altura de Marx, Engels e a construção de uma sociedade demo
ultracolonialismo português. Agosti Lenin!). Quem ousar ir além incorre crática, possível — apenas possível —
no Brasil de agora, estimula no campo
brasileira
nho Neto, por exemplo, e toda a luta em desvios, em traições, não passa de
do MPLA, simplesmente teriam feito um renegado influenciado pelas da teoria um processo de enriqueci
mento categorial; é como se a socie Èm seu segundo ano de publicação,
o jogo do "social-imperialismo" da idéias burguesas, etc. Em suma, é Arte em Revista n." 4 (São Paulo, Kaí-
URSS. Moral da história: Angola se um revisionista digno de piedade. dade civil, articulando-se, passasse a rós, 1980) reúne diversos depoimentos,
ria, hoje, mera agência do neocolonia- Assim, o que Hodja cumpre é uma cobrar mais das diferentes correntes entrevistas e artigos elaborados durante o
lismo soviético, instalada com a ajuda políticas (não se trata, é óbvio, de na período compreendido entre 192S e 1970
operação que castra o caráter neces e referidos à história e aos problemas da
•dos "mercenários cubanos"... (pp. sariamente crítico, renovador e heré da parecido com "patrulhamento ideo arquitetura brasileira.
33 e 181). tico, do marxismo enquanto método lógico" ou coisa assim). E quem se "Passados 50 anos desde a inauguração
Feita esta breve menção, passo a de investigação social. Ao cabo desta apresenta patrocinando um livro como da Casa Modernista, vivem os arquitetos
algumas questões de ordem mais geral operação, ficam restaurados, em todo o de Enver Hodja só . pode aspirar às brasileiros uma situação semelhante à
dimensões de seita inconseqüente e dos pioneiros da nova arquitetura: após
que sustentam o discurso — francis- o seu duvidoso esplendor, os argumen ■um período áureo, enfrenta hoje a arqui
canameníe pobre, aliás — do dirigen tos de autoridade no interior do mar totalitária, sem multo a oferecer para tetura uma verdadeira crise de redefini
te albanês. xismo: basta alguma citação de algu aquela articulação mais sólida da so ção." Contribuir para a tematização e o
Desde o início, fica claro que Hodja, ma "tese genial" para que os proble ciedade civil e para o próprio pro questionamento desta crise, este o objeti
ao usar de modo repetitivo a fórmula mas concretos se dissolvam magica- cesso de enriquecimento dos conceitos vo básico da coletânea. Ela apresenta um
painel da Arquitetura Moderna Brasileira
fnorxismo-lsninismo, de cuja "pureza" mente. Restaura-se, em última análise, e das categorias. capaz de fazer avançar, entre os próprios
(sic) se arvora em defensor, o que faz a tranqüilidade da velha época das O stalinismo tardio do dirigente arquitetos, a discussão sobre sua situação
na verdade é apresentar uma versão certezas e dos dogmas intocáveis. albanês, em suma, só faz confirmar
profissional e sobre as opções existentes
de quinta categoria du codificação quanto à própria concepção da arquite-
Pode-se argumentar que, sob muitos aquela idéia do 18 Brumârio, segundo itura e de suas funções.
staliniana do pensamento de Marx e aspectos, o bizarro dirigente albanês a qual um fato histórico, antes ocor For outro lado, a coletânea também
de Lenin. Tenho a impressão de que não está só, não é o único dogmático, rido como tragédia, pode repetir-se permite o exame da participação dos ar-
poucas vezes se fez tão claro, como no campo do marxismo... No entan apenas burlescamente. Uma das lições . quitetos nos grandes momentos da vida
neste texto de Hodja, que o uso da política brasileira e das relações entre ar
to, o que o singulariza é a radicali- do livro de Hodja — desta vez diri- quitetura e política. Exatamente por isto,
quela fórmula termina por "apresen dade paranóica com que vai até o fim gida para quem se define pelas tarefas lugar de destaque ocupa o artigo do arqui
tar a teoria revolucionária do movi- em seu papel de vestal do "marxismo- de renovação política e teórica — con teto paulista Vilanova Artigas, "Os Ca
mènto comunista como um todo com leninismo". É assim que excomunga siste na necessidade de aprofundar a minhos da Arquitetura Moderna", escrito
pacto, em si acabado, capaz de res sumariamente, na condição de revi desestalinização do marxismo, rom
em 1952, com suas críticas firmes, apai
ponder a todos os problemas", ao xonadas e fortemente datadas à penetra
sionistas impenitentes e de inimigos pendo cabalmente com o primarismo ção imperiaUsta e à própria arquitetura
mesmo tempo que simplifica abusiva do povo, nada menos que os anarquis
mente a riqueza e a diversidade da
ideológico de coisas como O Imperia brasileira. (J.C.)
tas, os irotsquistas, os bukharinistas, lismo e a Revolução.
V

c CULTURA
>
De 16/01 a 22/01 de 1981

A festa fica para a Espanha


não bateríamos os modestos uru
A chope
festa estava pronta. Barris de
haviam sido postos para
Mais uma vez, os uruguaios frustram as expectativas guaios? Era o-que se imaginava. Na
decisão, porém, os anfitriões do tor
geiar, foram armazenados pa do futebol brasileiro e dos torcedores. neio se superaram. Para eles, um povo
cotes de serpentina e bateristas de es Mas o importante será ganhar a Copa do Mundo em 82. que não tinha alegrias no futebol des
de a "zebra do Maracanã" — e que
colas de samba afinaram seus instru
mentos. Tudo indicava que o carna não tinha alegrias na vida há muitos
val de 81 começaria com 40 dias de Marcos Gáudio anos, com a decadência econômica do
antecedência, na noite de sábado, 10 país, outrora chamado de "A Suíça
de janeiro, com a vitória da Seleção da América do Sul" e hoje dominado
Brasileira sobre a do Uruguai, no Es por uma cruel e sanguinária ditadura
tádio Centenário — e a conseqüente militar —, o Mundialito era quase
conquista do Mundialito, u torneio uma questão de honra nacional.
01'ganizado em Moni -idéu para fes Para o Brasil, a participação nesse
tejar ü cinqüentenário da Copa do Mundialito, embora todos desejassem
Mundo. Nenhum detalhe ficou de la o título, representava uma etapa num
do. Os aeroportos do Rio de Janeiro, trabalho cujo objetivo final é recon
São Paulo, Belo Horizonte e Porto quistar uma hegemonia perdida. E
Alegre prepararam esquemas especiais isso só poderá ser alcançado com um
para o desembarque dos grandes cam triunfo no Mundial da Espanha, no
peões. Chegou-se até mesmo a se falar próximo ano. Logicamente, precisare
que, como o DC-lO do ministro da mos passar pelas eliminatórias, o que
Fazenda, também o Boeing 707 da não chega a ser tarefa dura, tendo em
Seleção faria uma escala não prevista vista a fraqueza dos adversários que
em Brasília, onde o presidente da Re temos pela frente: Venezuela e Bolí
pública recepcionaria os jogadores. via, em jogos marcados para fevereiro
Guardadas as proporções e manti e março.
das as diferenças de nível entre os O vice-campeonato no Mundialito,
dois eventos, respirou-se um clima de pelo menos, serviu para redespertar o
50, quando o Brasil também se sentiu interesse do torcedor na sua Seleção,
campeão antes da final contra os uru para entrosar melhor a equipe e para
guaios. Se, na época, o jornal "A mostrar que ela está servida de bons
Noite" tinha uma edição pronta para jogadores, como os laterais Edevaldo
rodar contando todos os detalhes da e Júnior, ó zagueiro Luislnho, o arma
epopéia que não houve, desta vez a dor Cerezo e os atacantes Sócrates e
Rede Globo deslocou para Montevi Zé Sérgio. Faltam-nos um grande go
déu uma equipe para preparar um leiro e um ponta-direlta, mas não se
"Globo Repórter" que, afinal, não pode esquecer que Zico e Reinaldo,
pôde ir ao ar na última terça-feira, que não puderam viajar ao Uruguai,
como se imaginava. em breve estarão de volta. Ê uma base
No sábado, tal qual há 30 anos, o respeitável, sem dúvida, para que se
Brasil perdeu para o Uruguai por 2 a vá sonhando cora uma vitória na Es
1 e teve que se consolar com o indese- panha —^ e aí então se fará a festa
jado título de vice-campeão — algo cancelada, no sábado passado.
que certamente alegraria os holande
ses ou os italianos, mas que. neste
país do futebol, é visto como uma des forma vergonhosa, frente ao Paraguai.
graça comparável à última colocação. Em todo caso, é bom repetir; não
Portanto, não houve festa. Houve uma foi uma tragédia. O Mundialito não
profunda frustração nacional. Escre é Copa do Mundo e 81 nada tem a
veu o colunista Alberto Helena Jr., ver com 50, exceto pelo marcador e
do "Jornal da Tarde", de São Paulo: o adversário do jogo da final. Repeli
"Eles faziam seu merecido carnaval. das vezes, antes, durante e depois des
Nós curtíamos nossa quarta-feira de sa competição de verão, o treinador
Cinzas." Telê Santana e seus jogadores fizeram
Entretanto, no fundo, não ocorreu questão de dizer que a equipe saiu de
uma tragédia. A imprensa esportiva sacreditada do Brasil e chegou ao Uru
costuma afirmar, com imprecisão, que guai desrespeitada pelos adversários.
a Seleção Brasileira não ganhou títu Essa impressão mudou logo na es
los importantes após a histórica vitó tréia, quando a Seleção empatou com
ria no México, em 1970. Assim, levan
tar a Copa de Ouro — nome oficial
a Argentina uma partida que — as
transmissões pela TV deixaram isso %
do Mundialito — seria a volta de nos muito claro para todos nós — mere
so futebol aos seus tempos gloriosos. cia vencer. Além -do mais. sem qual
Na verdade, depois do México, a Se quer dose de patriotismo, não é exa
leção ganhou em 72, no Maracanã, gero culpar o árbitro austríaco pela
a Mini-Copa, um torneio internacional não expulsão do zagueiro Passarella.
organizado pelo então presidente da numa maldosa entrada no volante Ba
CBD, João Havelange, na sua cam tista, e pela anulação de um gol a
panha de candidato a presidente da nosso favor.
FIFA; ganhou em 76, nos Estados Depois disso, deu-se a maravilhosa
Unidos, o Torneio Bicentenário, do goleada de 4 a 1 sobre os alemães,
qual participaram times do gabarito atuais campeões europeus. A belíssi
da Itália e da Inglaterra; e ganhou ma exibição brasileira, principalmente
nesse mesmo ano a Copa Atlântico, no segundo tempo, deslumbrou os
jogando contra argentinos, uruguaios uruguaios e contagiou o Brasil inteiro,
e paraguaios. Nesse período, é certo, que saiu em festa pelas ruas. Se ha
perdemos duas Copas do Mundo e víamos batido os campeões do mun
duas Copas América — a última de do e os campeões da Europa, por que

ESPORTES
>
daunidacie DIRETOR RESPONSÁVEL; Henrique Cordeiro

SÃO PAULO, DE 23 a 29 DE JANEIRO DE 1981 - ANO II - N.Q 42 - Cr$ 30,00

Violência urbana não é


mero caso de
Quem lê os jornais e as revistas e tem a ver, queiram ou não os que inchar. Um aglomerado' de 9
semanais fica com a impressão de torcem o nariz às "interpretações milhões de pessoas hoje cada vez
que o Rio de Janeiro transformou-se sociológicas" do problema, não mais à mercê da impunidade. NESTE NÚMERO,
numa cidade sitiada, à mercê de só com a pobreza endêmico deste país. CINCO ENTREVISTAS
bandos criminosos — uma espécie mas também com 16 anos de um
Impunidade que está na raiz do
da Chicago dos filmes nos anos 80. E, regime de desgoverno, que autoritarismo das autoridades, que EXCLUSIVAS:
também, de que é bastante recriar "modernizou" o pois do modo
não se sentem obrigadas a falar a
uma versão cabocla dos velhos como todos sabem, que dominou e seu povo. Impunidade que fez da
"G-men" para que tudo volte a ser predominou ao arrepio da lei, dos repressão um sistema no qual
como antes, como se o antes não princípios da convivência civil e
todos, inocentes ou culpados, são Sérgio Cruz (PMDB/MS)
sempre inimigos de uma polícia
fosse parecido com o hoje. medindo-se democrática.
feita para reprimir e não para
denuncia atentados,
as proporções O Rio hoje é o retrato desta
proteger. De uma polícia que, assim contrabandos e
A questão do violência no Rio, situação nacional e sua população
tomada pelas autoridades, concebida e tão impune, hoje tem corrupção — pág. 5
a grande vitima. Em nenhuma muitos de 'seus efe(h>os — quem
imeúlaiamenie, comi» exceção e não cidaâe o modelo Joi aplicado com
como paradigma de uma situação que sabe quantos? — vivendo para
tanta ejiciêncid, ao ponto de e do crime.
tende a caracterizar a vida nos deteriorar, ao nível em que -
grandes centros urbanos do país, deteriorou, a qualidade de vida Esta a verdadeira violência da
tem de ser vista em suas reais da cidade. ■ qual o Rio é exemplo. Violêtjcia
diménsões, Não pode ser tratada Cidade que tem se transformado para cuja solução não basta apenas A política econômica
apenas como uma questão capaz de não para servir ao homem e à sua reformar a polícia. E que não pode
ser resolvida numa luta entre felicidade, e que por isso reflete ser instrumentalizada, servir de
oficial e o.programa
mocinhos e bandidos, desde que um grau de desumanização que pretexto para o aumento da das oposiçÕes, segundo
os mocinhos (no caso a policia) tende a se transformar em violência.
disponham das armas e do
repressão indiscriminada sobre o Luciano Coutinho — pág. 7
Cidade que dá cada vez menos povo. O Rio precisa ser refundado,
instrumental capaz de derrotar oportunidades de vida às pessoas, reconcebido, democratizado, pois
o inimigo. que se estreita e esvazia só assim poderá ser uma cidade
O problema é mais complicado economicamente, mas não pára de alegre e feliz.

Metalúrgicos Zé Pedro
e Toschi debatem
eleições sindicais
em Osasco (SP) — pág. 10

AREA DÊ
Juan Ponce explica
Segurança
os objetivos e
conta a história das
lutas da FSM — pág. II

Âdélia Prado fala


sobre a vida, a
mulher, a escola e
a poesia — pág, 15

y
De 23/01 a 29/01 de 1981

algo desagradável, consegue o categoria, bem-intencionados, sileira", a ser ministrado pelo


componente democrática do mas utopistas e inconseqüentes, professor Paul Singer. As aulas,
CARTAS socialismo"? contrário. No país da censura,
«Quem poderá saber quais soo cada escrito proibido — isto é.
impresso sem o censor — é um "Esse respeito e reconhecimento com início programado para as
as razões da censura, sem sequer pela contribuição não-comunl_sta 19 horas, acontecerão na ASA,
conhecer o texto? Não é melhor sucesso. Passa por mártir, e não
à transformação revolucionária à rua São Clemente, 155, em
puMicá-Ío. com naturalidade, existem mártires sem auréola e
da economia, da política e Botafogo. Ao preço de Cr$
Mais críticas â e estimular quem dele discorda seguidores devotos. (...) A especialmente da cultura, enfim
censura transforma todos os 1.000,00, as inscrições podem
suspensão do a contestá-lo? Para nos ajudar
a pensar sobre tudo isto, escritos proibidos, bons ou ruins, à transformação da vida e da
mentalidade de um povo, é ser feitas nas Livraria Muro,
tivemos a idéia de transcrever em artigos extraordinários, recente entre os comunistas. na Tijuca (tel: 234-5361) e em
livro de Kanapa trechos de artigos que um jovem enquanto a liberdade de imprensa Sempre predominou, mais ou Ipanema (tel: 227-3868).
jornalista escreveu há quase priva todos os artigos de uma menos inconscientemente, a
140 anos. Seu nome era Karl Marx. importância especial." inclinação por uma concepção No rhomentO' atual, de re
Os artigos, publicados em 1842 «A imprensa censurada é que evolucionista da consciência^ cesso escolar e parlamentar e
«Decisão infeliz, a de suspender na Gazeta Rcnana, comentam produz um efeito desmoralizador. que encontrava um ponto final, de retomada das discussões
a edição do livrinho inaugural os debates sobre liberdade de O vício da hipocrisia é naturalmente, na consciência
imprensa realizados um ano antes inseparável dela e, além disso, sobre a crise econômica brasi
da funiá, para a qual se deu comunista. Dc outro lado, as
{VU n." infelicíssimo pretexto. da Assembléia de Dusseldorf. é desse vício que surgem todos consciências reais correspondiajn leira, vale a pena olhar com
Abafar as controvérsias não O orador a que Marx se refere os seus outros defeitos (...). a um certo estágio de evolução atenção a promoção da Muro.
resolve nada. Esta decisão d um é um deputado conservador. O governo ouve somente sua já vivido e ultrapassado, numa
produto retardaiário da indústria A tradução que utilizamos foi própria voz; sabe que ouve seqüência telescópica em que
da ortodoxia, inaugurada por publicada no n.° 1 da revista somente sua voz; entretanto, cada um continha totalmente o
alguns corifeus da 11 Internacional Oitenta, de Porto Alegre, na tenta convencer-se de que ouve a precedente e que o estágio
e desenvolvida ulteriormente,
primavera de 1979. Qualquer voz do povo, e exige a mesma final, ainda que historicamente
semelhança não é apenas coisa do povo. O povo, portanto,
com notável eficácia específica e coincidência, mas fazemos a condicionado, continha
incalculáveis prejuízos gerais, pela cal parcialmente numa globalmente a Iodos. Essa
pirâmide stalinista. Sempre sob ressalva dc que o texto nao deve superstição política, parcialmente
ser lido ao pé da letra, antes
superioridade absoluta, apenas
a influência inconsciente do na heresia política, ou isola-se «teoricamente" conquistada,
como fonte de inspiração. Não totalmente da vida política,
modelo metodológico do Vaticano ignoramos que as situações são introduziu-se permanentemente
com antiqüíssima tradição no tornando-se uma multidão privada. como uma cunha, desde logo, DIRETOR RESPONSÁVEL:
muitíssimo diversas. «(...) À medido que as
ramo (mas já admitindo, hoje. um elemento de divisão que Henrique Cordeiro
a unidade na diversidade). «Para combater a liberdade de pessoas são obrigadas a ajudou a isolar ainda mais os Reg. Prof. n." 8.955-RI
"O episódio, em si mesmo, não imprensa, é preciso defender a considerar ilegais os artigos livres, comunistas e impediu que seu CONSELHO DE DIREÇÃO:
iusiificaria um artigo. Mas ele ^ imaturidade permanente da espécie acostumam-se a considerar o pensamento e sua vida se Lindolfo Silva
.idO existe "em si mesmo". Suscita humana.(...) Pelo menos, esta é ilegal como livre, a liberdade voltassem concrctaraente para as Teodoro Mello
;oda uma série de interrogações. a conclusão do orador, no seu como ilegal e o legal como o questões que eram vividas e EDITOR:
A discussão é salutar e não vemos intuito de matar a liberdade de não-lívre. For isso, a censura pensadas pela sociedade. Gildo Marçal Brandão
porque ela devesse deixar de ser imprensa. Para ele, a verdadeira mata o espírito político." Desapareceu o interesse natural SECRETARIA DE
educação consistiria em conservar Mauro Malln e REDAÇÃO:
travada nas páginas mesmas da Milton Freitas
pela produção social, de tod^
\'U. Censurar o texto da moderada o homem enrolado dentro do as classes, sem exceção, próprio Ruth Tegon
palestra de Kanap seria apenas berço durante toda a sua Rio de janeiro — RJ de uma classe, que como a classe CONSELHO EDITORIAL:
vida (.. -). Mas se todos nós operária se pretende um dia São Paulo: Antonio Gaspar. Ar
grotesco, em condições normais permanecermos nessa etapa mênio Guedes, Cláudio Guedes,
dc temperatura e pressão. Nas classe dirigente nacional. Em seu
infantil, quem cuidará de nós?" lugar surgiu um interesse David Capistrano Filho, Emílio
atuais circunstâncias, é muito Bonfante Demaria, Francisco Al
mais grave. «A censura não abole a luta;
Lennon, Caetano artifical (c que no movimento dc
meida, Leny Lainetti. Luiz Arturo
massas foi várias vezes pressentido
«Em primeiro lugar, porque torna-a unilateral; transforma e os comunistas Obojes. Marco A. Coelho Filho,
uma luta aberta numa luta
e justamente classificado dc^
não deixa de ser sintoma de uma oportunismo — uma experiência Marco Aurélio Nogueira, Marco
certa incapacidade dos comunistas secreta (...). A verdadeira invariavelmente constrangedora Damiani, Marco Moro, Nilton Ho-
cetixura, ha.<;eada na própria rita, Pedro Célirt, Rachel Soares.
ãe agir e pensar pura áat u essência da liberdade de «£ um sinal dos tempos, um que chocava a cuiibcicnuia
Rcinaldo Belintani, S. Ramos.
contribuição que lhes caberia à imprensa, é a crítica (...). A bom sinal, que os comunistas democrática) por certos aspectos
transformação da realidade dessa produção que serviam dc Rio: Agenor dc Andrade, Carlos
censura é a crítica como monopólio se ocupem em seu jornal de Alberto Lopes, Carlos Nelson Cou-
nacional. Enquanto o povo vive do governo; mas a crítica não artistas da importância de . Imediato à consecução dos
«desígnios superiores". Assim, tinho. Ivan Ribeiro. Leandro Kon-
como se sabe, o regime aplica sua perde seu caráter racional John Lennon e Caetano Veloso.
estratégia de auto-reforma, as contradltoriamente, essa der. Leo Lince. Luiz Werncck
quando procede, não de forma São (Lennon foi enquanto viveu)
superioridade se transformou, Vianna, Mauro Malln, Nemésio
oposições bufam, o país atravessa aberta, mas secretamente, não dois revolucionários
uma crise que reclama soluções cada vez mais, em fraqueza. Salles. Rogério Marques Gomes,
teórica, mas praticamente? não-comunistas cujas obras, Syivia Morctzsohn. Teresa Oitoni.
democráticas nos marcos de uma Quando não julga partidos, mas pKsenças e personalidades REPRESENTANTES:
saída democrática, há quem «Por essas razões é que me
transforraa-se cm partido? Quando influenciam, em medidas parece importante, agora, saudar Manaus — Rui Brito da Silva
gaste tempo, dinheiro e ener^as não usa as agudas facas da diversas, a vida e a consciência Rua Turumã, 1061
para produzir um folheto e, em o aparecimento dessa nova
razão, mas as tesouras cegas de uma parcela substancial do postura de quem vai ao mundo Belém — Jocelyn Brasil
seguida, interditar sua difusão. O do capricho? Quando quer povo brasileiro. A significação, o ciente de sua ignorância, de suas Rua Tamoios, 1592
Simão Bacamarte de Machado criticar, mas não quer aceitar sentido de suas obras é
de Assis não faria melhor. O que críticas? (...) Quando,
limitações, de suas muitas dúvidas tel.; 222-7286
inequívoco. Elas defendem a e poucas certezas, admitindo Sao Luís — Maria Aragâo
está acontecendo é que a lógica finalmente, é tão pouco crítica paz, a liberdade e o direito Rua De Santana, 189
que confunde sabedoria conviver com o imponderável,
dos conflitos internos ameaça, que têm os homens, mesmo
crescentemente, prevalecer sobre individual com universal, porque compreende que o tel.: 222-5181
aqueles que não têm satisfeitas conjunto de conhecimentos que Recife —; Paulo Cavalcanti
tudo o mais. E isto pode ter ditames do poder com ditames da suas necessidades materiais compõem sua consciência, ainda Rua do Hospício - Edif. Olímpia
conseqüências catastróficas. razão, manchas de tinta com ralos mais elementares, do vinho, sala 709
de sol, as linhas tortas do que seja dos mais revolucionários
Em segundo lugar, porque se da festa, da felicidade. (e cm muitas situações é mesmo Londrina — Jussara Rezende
trata de um teste. Também no censor com construções «Estão certos, pois, os o mais revolucionário) não pode Goiânia — Elias Moreira Borges
sentido de que o fortalecimento matemáticas, e fortes golpes com comunistas quando se interessam Belo Horizonte — E. Garcia
notáveis argumentos?" conter toda a consciência
das convicções democráticas em ^ por eles. Estão certos, cada vez revolucionária sociai, mas inversa Rua da Bahia, 1148, conj. 1640
setores cada vez mais ponderáveis mais certos quando compreendem e logicamente é apenas uma Brasília — Paulo Afonso
«A censura toma como base a
da sociedade civil brasileira que existem e sempre parte dela. Bracarense
coloca para os comunistas o consideração de que a doença é
existirão, mesmo além do Florianópolis — Nildo José Martins
um estado normal e a liberdade «Enfim, voltando a Lennon e Porto Alegre — João B. Avelino
desafio de serem coerentes com
é uma doença. Afirma
capitalismo, um grande número
sua pregação e darem o exemplo, de revolucionários não- Caetano, podem me acusar de Fortaleza — Caboclinho Farias
em matéria de comportamento constantemente que a imprensa Salvador — H. Casaes e Silva
comunistas e que nenhuma ser um sonhador, mas noutras
democrático. está doente e, embora esta dê pdavras sou multo romântico."
provas de sua boa saúde e organização de revolucionários, R. Conde Pereira Marinha, 38 —
por mais democrática que Garcia
Em terceiro lugar, porque as constituição física, deve sujeitar-se Anionio Tinoco
razões da censura (além do ato seja, (coisa rara nesses dias) Santos — S.P,
a um tratamento constante. Rio de janeiro • Rj Rua Conselheiro Nébias, 368-A,
de censurar, que o é em si mesmo) Mas a censura nem sequer é pode reunir todos os
podem ser profundamente revolucionários. sala 511
um bom médico, qtíe experimenta Taubaté — SP — Dalton Moreira
equivocadas. O que incomoda, diversos remédios de acordo
«Não pode e nem deve. O que
na palestra de Kanapa? As podem e devem fazer os CORRESPONDENTE
com a doença. É apenas um INTERNACIONAL:
referências esparsas ao stalinismo?
A constatação, por ele feita,
cirurgião provinciano que só
conhece um remédio mecânico
revolucionários que são
comunistas é exatamente se
NOTAS Roma — Danilo S. Galletti
de que a tendência a propagar interessar pelo que pensam e ADMINISTRAÇÃO:
um modelo «de luta pelo e universal para tudo — as produzem todos os outros Lindolfo Silva
socialismo ou de construção de (esoUras. E nem sequer é um revolucionários. Entrar em Aureliano Gonçalves Cerqueira
uma sociedade socialista" médico que tem como objetivo contato com eles sem a Livraria Muro DISTRIBUIÇÃO:
permanece muito forte — «o a saúde; é um cirurgião esteta intenção de convertê-los ã sua Sérgio Cordeiro de Andrade
partido convencido de ser o que considera supérfluo no_ ideologia ou métodos de promove curso Propriedade da Editora Juruá Ltdn.
portador de uma experíência- corpo tudo aquilo de que não ação reconhecendo, ao invés, - Rua Cesário Mota Jr., 369 -.2.° a.
modelo tende a se comportar gosta, que o irrita ou ibe causa
repugnância (...)."
8 diversidade e riqueza de com Paul Singer Fones: administração: 256-2591 -
como mentor de outros partidos", redação: 231-2926
«A censura, portanto, não é ^ processos e instrumentos CEP: 01221 São Paulo - SP.
atitude que é «uma fonte de necessários à transformado da
dificuldades no momento"? uma lei, mas uma medida policial, Impresso nas oficinas da Cia. Edi
uma má medida policial, porque sociedade. E nessa medida De 26 a 30 de janeiro, a tora Joruês, Rua Gastão da Cunha,
Ou o reconhecimento de que o tratá-los de Igual para igual
PCF tem, «com os partidos não consegue o que quer, nem Livraria Muro do Rio estará 49 • tel.: 531-8900 - São Paulo.
queria o que consegue. sem subestimar sua importância organizando, o curso "Para
comunistas de outros países
socialistas" (além da China), «Sc a lei da censura quer ou desprezá-los como
prevenir a liberdade por ser revolucionários de segunda Compreender a Economia Bra
"uma grave divergência sobre a

< GERAL
>
De 23/01 a 29/01 de 1981

O modelo de desenvolvimento capitalista


adotado no Brasil está comprometido com o
autoritarismo e com a preservação de
privilégios que impedem expansão suficiente
do mercado interno. Resultado: milhões de
seres hiiiíianos são condenados a viver em
estado de miséria, angústia e subnutrição,
em grandese caóticasconcentrações urbanas.
Surge assim um fértil terreno para explosões
permanentes de revolta e desespero.

Nas raízes da violência urbana,


as misérias do capitalismo
Leandro Konder por Sao Paulo. Impondo a concentração pelo mercado capitalista joga as pessoas vés de uma série de medidas. Não vai ser
do capital e da renda, estabelecendo o do umas contra as outras, torna-as agressivas superado do dia para a noite. Determina
mínio implacável dos grandes bancos, o e infelizes. das iniciativas, porém, precisam ser urgen
Durante muitos anos a ideologia domi capitalismo monopolista dá lições práticas, temente tomadas, entre nós. No plano eco-
nante (que é sempre a ideologia das clas todos os dias, de violência; o submundo conômico. por exemplo, é imprescindível
ses dominantes, como lembrava Marx) nos dos marginalizados assimila tais lições a denunciar manobras recessivas, confessa
vendeu a imagem da índole pacifica do seu modo e as traduz na linguagem do Grandes cidades não das ou não (mesmo que Invoquem a ne
povo brasileiro. Quando era necessário, os gangsterismo. Quando a prática >ocial cessidade de combater a inflação): é pre
ideólogos conservadores chegavam até a mostra que o crime, afinal, pode compen absorvem as massas ciso deixar claro que optar pela recessão
falsificar a história do Brasil, para manter sar. é difícil impedir que. antes de morrer (• jngar lepha seca na fogueira dos índices
ess« m\\o. Os \axtíunóiár\os irUuravam os
de fóme ou de afundar na loucura, os de crescentes de violência e criminalidade ur
camponeses, os feitores chicotcavam os es sorientados tentem o caminho da delin
cravos negros e o nosso povo — diziam Por outro lado, entretanto, as grandes bana.
qüência. A experiência norte-americana de cidades da América Latina têm problemas
os ideólogos — cantavam modinhas e lun monstrou que Al Capone c Dillingcr são
dus. As explosões de revolta eram reduzi específicos, ligados ao subdesenvolvimento
cogumelos que brotam na sombra dc Ro- dos países nos quais elas cresceram. Elas
das a episódios casuais, insignificantes.
Agota, a verdade sonegada está vindo à
ckefeller.
Nas grandes cidades da América Latina,
se desenvolveram com uma velocidade
maior que a do mercado de trabalho nelas
É preciso expandir
tona: todos estão percebendo que a nossa o quadro ainda se torna mais pramáiico mercado de trabalho
sociedade sempre foi não só elitista como existente, de modo- que não puderam ab
que o de Chicago e o das cidades dos Es sorver realmente as massas que afluíram
também antidemocrática, repressiva e vio tados Unidos, em geral. Era torno delas,
lenta. E a violência estrutural dela está se tanto do exterior como do interior, os mi
formam-se zonas de pobreza, muitas ve lhões dc estrangeiros ou provincianos que o que é fundamental, no plano da
agravando. zes enquistadas perto do centro: nelas. 05 as procuraram. Entre esses recém-chega economia, é o que contribui para expandir
trabalhadores mal remunerados ou desem dos, uns poucos conseguiam "vencer na vi o mercado de trabalho, o que contribui
pregados improvisam suas moradas. No da"; mas a maioria "sobrava", quer dizer, para melhorar as condições de vida da
Brasil, essas zonas se chamam favelas, na
A ^'modernização Argentina se chamam villas miséria, no
ficava reduzida ã extrema pobreza em que
até hoje se encontra.
massa trabalhadora, que constitui
maioria da população do Brasil.
a imensa
Sem em
Peru barriadas, no Chile callampas. na Co ]osé Luís Romcro. historiador argentino prego. sem comida, sem saúde, o "exército
conservadora'' lômbia pueblos piratas e no México cíu- que estudou a evolução das cidades latino- dc reserva" do capital, num país c^mo o
dades perdidas. O nome varia, a forma americanas (no livro Latinoamerica: Ias nosso, será sempre um terreno fértil para
pode ser diferente, mas a realidade social ciudades y los ideas. ed. Siglo XXI, 1976). surtos dc violência, explosões de revolta
Com o desenvolvimento capitalista, e humana é a mesma.
criou-se no sul do Brasil um poderoso cen observa que essa massa dc gente mais ou e desespero.
tro industrial; mas as grandes empresas Por um lado, as grandes cidades latino- menos marginalizada não tem coesão in E necessário criar para essa massa a
incorporaram (sem destruí-la) a brutalida americanas têm os problemas de todas as terna. os indivíduos que a integram não perspectiva de uma participação na vida
de do atraso; limitaram-se a "racionalizá- metrópoles capitalistas: as pessoas vivem se sentem pane dela: por isso eles não se política, a esperança de que ela possa mo
ía" com a ajuda dos computadores. Os an num ritmo nervoso, entre vizinhos mal co unem para formular uma proposta alter dificar politicamente, pela maior articula
tigos feitores fizeram curso de "public re- nhecidos. num clima de acentuada insegu nativa, capaz de constituir um modelo des ção dos indivíduos que a compõem, suas
iatíons" e agora são chamados de capata- rança. em meio ao temor de furtos e assal tinado a substituir politicamente a socie condições de vida: só a canalização da in
zes ou gerentes. O trabalho, contudo, con tos, sujeitas a doenças causadas pela po dade que os rejeita. Daí a disponibilidade satisfação pela ação coletiva, na prática
tinua a ser disciplinado de maneira extre luição, arriscando-se a sofrer acidentes de de alguns dos marginalizados para "explo política democrática, funciona como alter
mamente autoritária. E a massa dos tra
tráfego, solitárias, hipertensas, manipula sões" de revolta individual. nativa construtiva, eficaz, para a destruti-
balhadores se vê submetida a uma dupla das por uma propaganda que provoca ne O problema constituído pela existência vidade individual do rebelde (ou do delin
las desejos que materialmente não podem dessa massa, "anômica" — como diz Ro- qüente, em outro nível). Se o processo de
violência: a da "modernização conservado- ser satisfeitos. A competição estimulada mero — só pode vir a ser superado atra democratização da vida nacional não avan
^3" /promovida pelo "capitalismo selva çar. não avançará igualmente a incorpora
gem") e a do atraso preservado. ção da massa "anômica" pela sociedade
Pior ainda: na massa dos que só pos civil e as "classes perigosas" continuarão
suem a força de trabalho para vender no a proporcionar a pólvora para as explo
mercado, muitos não têm sequer onde tra- sões do crime.
b^ar. O modelo de desenvolvimento ca Por outro lado, no regime ditatorial que
pitalista adotado em nosso país está com nos foi imposto a partir de 1964, a própria
prometido cora a preservação de privilé polícia se tornou um fator de aumento da
gios que impedem uma expansão suficien
te do mercado interno. Resultado; milhões criminalidade: deformadas em suas fun
de seres humanos são condenados a viver ções, intoxicadas pelo arbítrio, colocadas
em estado de nüséria, angústia e subnutri fora do alcance de qualquer controle por
ção. Milhões de seres humanos apresentara parte da opinião pública, as organizações
sintomas de desequilíbrio mental (em 1977 policiais acabaram sendo amplamente con
o Ministério da Saúde calculava em 18 mi tagiadas e corrompidas pelo universo do
lhões o número dos brasileiros que sofrem crime (ao qual deveriam dar combate, mas
de doenças mentais). com o qual — na prática — conviviam,
As ç-andes concentrações urbanas do promiscuamente). Somente medidas demo
Rio e de São Paulo agravam o problema, cratizadoras, enérgicas e corajosas, podem
na medida em que aproximam fisicamente mobilizar a opinião pública, sanear o apa
a miséria da riqueza, acentuando o con relho policial, lancetar o tumor da corrup
traste entre elas. Chicago, há cinqüenta ção, afastar os criminosos, criando condi
anos, ;á viveu problemas semelhantes aos ções para que a instituição da polícia ve
que estão sendo vividos agora pelo Rio e nha a se tornar eficiente e seja respeitada
pela população.

NACIONAL
>
De 23/01 a 29/01 de 1981

A criminalidade
e a democracia Nessas comunidades, o crime organizado tes municípios da baixada fluminense, e,
ferentes grandes cidades brasileiras, todas
Luiz Wemeck Vianna sujeitas ao mesmo processo, e nem sua — o jogo do bicho — tradicionalmente jo lá como cá, tem-se apropriado da direção
brusca elevação a partir dos anos 60. No gou um papel, quer como fonte de empre de significativas instituições culturais do
nosso caso. as tentativas de reduzir o fe go, quer como um mecenato para as ativi povo. Através desses recursos dc máfia,
£ uma correlação falsa a que associa li tenta-se converter agências da sociedade
nearmente o crime à pobreza. Conhecem- nômeno a uma compreensão assim genéri dades culturais e de lazer, como escolas
ca encobrem temas de importância decisi de samba e clubes de futebol, forma com civil cm aparatos ideológicos do Estado, e
se comunidades pobres, mesmo localizadas o fato disso ainda não ter ocorrido diz
era centros urbanos densos e modernos, va para o seu entendimento e para o en que seus dirigentes buscam aceitação e
caminhamento de soluções. Houve uma apoio da comunidade. bem do potencial democrático dessa ci
que apresentam baixas taxas de criminali dade.
dade, e outras identicamenie pobres de mudança na nhtureza do Estado, e essa va Enquanto houve democracia, esses vín
reconhecida violência nas suas relações so riável política tem sido crucial para a de culos com o crime organizado não se cons Ê essa sociedade criminosa patrocinada
ciais e com alta incidência de crimes. Para gradação das formas de convivência social. tituíram em fato perturbador. Os gover pelo Estado que rompeu com os limites
dar um exemplo, o Rio de lanciro é uma E não só porque favoreceu a espoliação nos dependiam de eleições livres, estavam entre o legal e o ilegal, que depravou o
cidade mais violenta que São Paulo e Re das massas com sua política econômica sob a vigilância da opinião pública c das aparelho policial e elevou o crime a parti
cife, ambas igualmente — até mais — atin orientada para a acumulação monopolista. forças democráticas, que também se faziam cipante da vida pública. No Rio, com as
gidas pelo fenômeno da inchação urbana, Mas particularmente porque converleu_ a presentes nessas comunidades, inclusive raízes sociais que tenha, o crime é um pro
pelo subemprego e desemprego e pela fâ- política de segurança devida aos cidadãos procurando resgatá-las da dependência cli blema político e só pode ser combatido
velização da população de baixa renda. num sistema de controle político, como re entelística. A repressão que se abateu so politicamente. O começo da solução passa
Ninguém ignora que variáveis sociológi curso permanente de expropriação da so bre os partidos e as organizações democrá pela democratização do Estado e da polí
cas e demográficas de tipo estrutural, tais berania popular. Porque veio dele a vio ticas abriu um novo espaço para o cliente- cia, pelo desmantelamento dessa nefasta
como migrações internas, nível de renda, lação da lei, o abastardamento do {udiciá- lismo e o crime organizado, confiando-lhes máquina clientelística associada ao crime
capacidade de absorção do mercado de rio, o desprezo pelas garantias individuais, praticamente o controle social e político organizado, permitindo que as comunida
trabalho, trabalho feminino, escolarização. o uso ilegítimo da violência, a depreciação dessas populações. Tudo sob a chancela do des e as instituições populares possam li
míluera na produção da criminalidade. da democracia e da dignidade humana e a Estado, que viu nisso um meio para ga vremente dispor dos seus destinos, e que
São sabidos os efeitos desintcgradores rej>ressão bestial aos homens e às institui nhar eleições e legitimação. É o crime or o crime, em vez de participar do controle
acarretados pelo deslocamento de popula ções que encarnavam as melhores tradi ganizado que dirige o PDS em importan- sobre a sociedade, seja controlado por ela.
ções inteiras do mundo agrário para o ur- ções do país.
«r>-
bano-industrial, a súbita perda dos laços No Rio de Janeiro, onde a criminalida ••••
comunitários, das crenças e valores de ori de atingiu uma dimensão que por si só
gem e a difícil absorção da ideologia indi atesta a crise social e política a que esse
vidualista do capitalismo. E os decorren regime nos conduziu, essa forma corrupta
tes da vida precária, instável, com os me de Estado burguês tem sido a principal
nores abandonados em razão do recruta- responsável pela degeneração da vida c dos
nxento das mulheres pelo mercado de tra rosfTimps da cidade. Aqui. grande parte da
balho, e a dtísumanidade da situação ur população da periferia, de conjuntos re
bana. Atua no mesmo sentido a exposição sidenciais populares e de algumas favelas
das populações de baixa renda, principal não está articulada com o mercado de tra
mente através dos meios de comunicação balho capitalista. Participa de um merca
de massa, ã valorização do consumismo do de trabalho local ou integra o exército
diante das suas restritas possibilidades de dos subempregados, e a homogeneidade dc
participar plenamente do mercado capita seus habitantes e a estabilização da sua
lista. vida comunitária têm propiciado experiên
Mas esse c um ângulo estreito, certa cias de organização. Sempre dependentes
mente que com sua importância, par.a en do Estado, são facilmente permeáveis a
carar a questão. Não permite explicar a' uma relação clientelística, através da qual
variação da taxa de criminalidade nas di procuram encaminhar suas reivindicações.

Saída para a violência


tem que ser política trição ao comércio de armas. Outro dia, • "Por isso tudo acho que essa violência
por exemplo, eu vi no jornal O Dia um apenas reflete uma crise de valores que
um firme compromisso na solução dos pro anúncio de venda de armas. Se estamos estamos enfrentando. £ o que vai garan
Rogério Marques Gomes blemas sociais — má distribuição* de ren vivendo um clima tão violento, a venda de tir a redução desse nível de violência é a
da, má qualidade de ens.ino, inflaçao dj armas não pode ser uma ação que reduza luta de todos para dar continuidade ao
RIO — "O problema da violência urba 113% ao ano — daqui a alguns anos nem a violência." processo de democratização do país. De
na no Rio tem raízes mais profundas do poderemos sair de casa. "Outra coisa que a meu ver está con mocratização inclusive no sentido de to
que parece. Além da questão social, existe O presidente dá Famerj lembra que tribuindo para agravar o problema é o des das as pessoas terem garantidos cs seus di
atualmente uma crise de descrédito, por "não se pode ver a violência apenas do crédito do povo nas instituições, nos po- reitos e o exercício da sua cidadania plena.
parle da população, em todos os setores ponto de vista da violência física — do deres públicos. Acho que isso requer uma O presidente da Famerj acha que as
dos órgãos-governamentais. E quando jun assalto, do homicídio, do estupro: temos reformulação total da organização social associações de moradores têm peso sufi
tam as duas coisas, o problema toma pro de observar também a violência que a fal que existe atualmente. E o que acontece ciente para exigir do Estado medidas para
porções gravíssimas." ta de planejamento urbano provoca dentro quando a gente lê constantemente nos Jor conter a onda de violência. "A força das
A opinião é do presidente da Federação de uma cidade. £ o caso do trânsito do nais — e hoje mesmo eu li — casos de associações está justamente nas propostas
das Associações de Moradores do Estado Rio de Janeiro. Várias vezes os jornais no seqüestres e mortes praticados por poli que elas trazem. Quando uma associação
do Rio de laneiro. Entrevistado pela Voz ticiam que um motorista agride c até ma ciais. É o que acontece quando um homem reivindica alguma coisa, ela não está rei
da Unidade, César Campos disse que cabe ta outro por causa de uma simples fecha do povo tem dificuldade em lutar pelos vindicando apenas para um grupo restrito,
às associações exigir das autoridades uma da no automóvel." seus direitos na Justiça. Agora mesmo, o e sim garantindo a participação de todos
solução para o problema. Ele ressalta, en "O próprio trabalhador que mora lon aumento da taxa judiciária para mais de para opinarem em cima daquele assunto".
tretanto. que esta solução nunca poderá ge, em casas que são verdadeiros cubícu CrS 5 mil é um verdadeiro desrespeito ao "Isso faz com que as associações de mo
ser a intervenção federal no município ou los, ganha mal, -come mal, sem direito a povo. Quer dizer, um dos canais que o radores defendam questões de interesse
a ida do exército para as ruas. como vem lazer, já carrega naturalmente dentro de si cidadão poderia usar para a defesa dos efetivo da coletividade. Então, mesmo o
sendo defendido por alguns setores. um enorme potencial de violência. Esse ti morador que não foi a uma reunião rei
seus direitos é fechado dessa forma.' vindicar sobre determinado assunto, se
"Todo mundo sabe que isto não é so po dc violência não pode' ser desprezado César Campos afirma que "isso tudo ge
lução, e sim paliativo. A solução de fato pelas autoridades" — diz César — "e isso identifica com os demais porque ele vive
ra um descrédito total, faz com que as a mesma realidade, o mesmo problema,
passa por problemas sociais profundos, que passa por todas as reivindicações que as pessoas comecem a se sentir inseguras e
as autoridades têm de enfrentar. C claro associações de moradores vêm fazendo pe pois mora no bairro. Isso tem um efeito
tentem resolver os problemas por sua con multiplicador muito grande, e aí reside a
que resolver a questão social não é medida la melhoria da qualidade de vida." ta. E na medida em que essa crise de des
para se conter a curto prazo o clima de "A curto prazo" — prossegue o presi força das associações. Se o poder público
crédito se junta com os problemas sociais se recusa a atender um apelo da comuni
violência que estamos vivendo. Mas. se ao dente da Famerj — "uma providência que estamos enfrentando — desemprego,
lado de medidas sensatas para se contor que se pode revelar eficaz no combate ao dade, ele entra em desgaste com a popu
subemprego. inflação, aluguéis altíssimos lação de um modo geral."
nar o problema a curto prazo não houver elevado índice de criminalidade é a res- — a coisa fica muito séria".

c NACIONAL
>
^ 23/01 a 29/01 de 1981

Contrabando,terrorismo,corrupção e políticos do PDS estão por trás do brutal atentado


contra a vida do deputado estadual Sérgio Cruz, líder do PMDB matogrossense. Até agora^
como sempre,a polícia nada apurou,ignorando as acusações e denúncias do parlamentar

i.
Mato
deputado acusa
contrabandistas ^-í
CAMPO GRANDE (Do corres Primeiro, porque venho denunciando
pondente) — Eram 23 horas do dia constantemente a atividade dessas
17 de dezembro quando o deputado pessoas, segundo porque essa foi a
estadual Sérgio Cruz, do PMDB de única pista que a polícia resolveu não
Mato Grosso do Sul, foi baleado investigar...
com três tiros em frente à gráfica Denúncias do deputado Sérgio Cruz atingem até Pedrossian '
do diário oposicionista Jornal do Como andam as investigações a res
peito do caso?
Povo, em Campo Grande. Começa
va aí, de maneira cruel, o cumpri- — Estão exatamente do jeito que ticipação da Polícia Federal na apura sim por razões fisiológicas. Agora, é
começaram. Isto é, nunca foi iniciada ção do caso, o governo estadual de
.mento das ameaças contra a vida claro que existe uma relação política
de fato uma investigação séria. Houve clarou que isso não era necessário, indireta entre eles. Os terroristas que
do líder peemedebista, feitas por apenas suspeitas por parte da polícia
uma das maiores organizações de que a polícia local resolveria o caso se lançam contra a imprensa, contra
de que eu mesmo teria programado o sozinha. Acho que a PF foi recusada os democratas, desejam amedrontar o
contrabandistas do Brasil, encabe atentado, visando minha autopromo
çada por um líder do PDS em Pon porque ela prendeu Fuad Jamil em povo visando impedir e castrar o avan
ção. Parece incrível, mas é esta sus julho deste ano. Tudo indica que Pe
ta Porã, Fuad Jamil Ceorges. peita que vem sendo alimentada para ço na organização das forças popula
Apesar da gravidade do atenta dro Pedrossian é títere dos contraban res. Na verdade eles têm medo da de
tentar dissimular e encobrir os verda distas e quem manda no Estado é o
do e das inúmeras evidências de
deiros autores do atentado. mocracia, não querem ver o povo fa
quem seria o mandante da agres pessoal do Fuad. lando, não querem ver o povo cobran
E a transferência para Brasília do E agora, já que a polícia parece
são, nada até agora foi apurado
delegado que iniciou as investigações, do de.seus líderes um comportamento
pela policia. Tudo leva a crer que que não vai resolver nada, o que correto, honesto. Os terroristas dese
não é algo estranho? fazer?
o povo sul-matogrossense ficará jam um país dominado pela força, pe
— Não se sabe ao certo o que acon — Estou aguardando o prazo de lo terror, pela perseguição política.
eternameníc esperando a solução
teceu. Acredita-se que ele estava des entrega do inquérito na Justiça, para
do caso. Esta é a rotina, igual em locando as investigações para a área
Nesse clima eles podem sobreviver e
todo país. tomar providências. Vou denunciar tirar vantagens pessoais. Isto também
política, e por isto o governo achou todo mundo publicamente, vou falar
Um mês após ser vitima do aten por bem afastá-lo.
ocorre com os contrabandistas. Eles
tado, o deputado Sérgio Cruz con abertamente de minhas suspeitas. necessitam de um regime de força que
Você acredita que a posse de Pe Você acha que existe akuma rela
cedeu uma entrevista exclusiva a dro Pedrossian no governo tenha esti sufoque a vontade popular, para po
\oL da Unidade. ção entre os atentados terroristas de derem continuar com suas atividades
mulado o atentado? direita acontecidos recentemente no
— Claro. Pedrossian no governo ilegais e lesivas à Nação. Num regime
país e este que você sofreu? de governadores biônicos como o nos
Sér^o, você suspeita quem foi o representou a "abertura" que os con — Acredito que o atentado de que
mandante deste atentado à sua vida? so, a força do poder econômico deles
trabandistas precisavam para agir. fui vítima tenha sido um atentado po fala mais alto do que a voz do povo.
_ — Tenho várias suspeitas. A prin Ele pode até ter participado do aten lítico, porém não por razões ideológi
cipal recai sobre os contrabandistas. tado. Quando o PMDB pediu a par-
Essa é a triste realidade contra a qual
cas como os atentados terroristas, mas nós estamos lutando.

Voz contra censura


Povo uruguaio exige anistia e solidária com HP

"O povo uruguaio continua re mente a ação empreendida pelas A condenação dos editores do jor
dial contra o Genocídio Cultural nal alternativo Hora do Povo a uin
sistindo." Esta foi a principal men forças democráticas em seu país. no Uruguai, pois acreditamos que
sagem transmitida aos brasileiros "E a vitória ocorreu mesmo com ano e seis meses de prisão cada um,
o apoio da opinião pública estran com direito de recorrer da sentença
pelo dirigente da Convenção Na os dados sendo manipulados pela geira à nossa luta tem sido de gran
cional dos Trabalhadores do Uru repressão, que alterou até mesmo em liberdade, pela 1." Auditoria Mili
guai, Carlos Bouzas, que em entre de valia, pois dificulta as mano tar da Aeronáutica, com base na legis
o número de cidadãos aptos para bras da ditadura e impulsiona os
vista coletiva no Sindicato dos Jor votar".
lação iníqua da Lei de Segurança Na
nalistas de São Paulo deu as últi companheiros que estão lutando cional, causa indignação e horror a
Mas o dirigente da CNT não no solo nacional", declarou Bouzas.
mas informações sobre a luta que veio ao Brasil apenas para falar
todos que estão empenhados na luta
se trava naquele país contra a di Ao final da entrevista, o sindica pela democratização do pais. A reda
com os jornalistas. Ele manteve lista denunciou que alguns dos tra
tadura militar instalada a "golpes .contatos com várias organizações
ção da Voz da Unidade — que possui
de baioneta" em 1973. balhadores presos nos cárceres uma posição muito clara contra todo
democráticas, que não quis identi uruguaios estão em péssimas con tipo de censura à livre circulação c
Exilado na Espanha desde 76, ficar, no sentido de realizar entre
Bouzas afirmou que apesar da bru dições de saúde e não recebera cui discussão de idéias — se solidariza
os meses de maio e junho deste dados médicos. Por isso, Carlos
tal repressão o movimento sindical ano uma Jornada pela Anistia no
com os editores da Hora do Povo e
uruguaio vem desenvolvendo um Bouzas formulou um apelo para lembra a todos os democratas que as
Uruguai. Esta manifestação deverá que sejam soltos imediatamente os
trabalho clandestino "com amplo ter âmbito mundial e no Brasil tentativas de solapar os defensores da
apoio popular". Segundo ele, a seguintes dirigentes sindicais: Al
ocorrerá na cidade de São Paulo. berto Altesol; Hector Rodriguez; liberdade e dos interesses populares
derrota do regime no recente ple começam sempre pelo intuito de calar
biscito constitucional mostra clara "Além disso, a CNT promoverá no Juan Antonio Iglesias e Luís Igní suas vozes, criando problemas que
dia 19 de março a Jornada Mun Ferreira.
impeçam a realização de seus jornais
J e publicações.

c NACIONAL
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vssL De 23/01 a 29/01 de 1981

Na Bahia, movimento democrático


pode derrotar as oligarquias trial na geração da renda estadual é agora cais detêm um poder quase absoluto, fun
Para os comunistas baianos, tal possibilidade maior do que o da agricultura. Do ponto
de vista do emprego, apesar da agricultura
dado nesse atraso e dele retirando as con
dições para sua perpetuação.
depende da unidade das iorças progressistas continuar a ser o setor mais importante, Não é possível esperar que esse quadro
sua participação no emprego total está ten mude senão pela intervenção do movimen
e democráticas em torno de uma política dendo a cair, principalmente em benefício to de massas. (...) E existem, de fato, no
permeável à influência e à participação popular do setor de serviços. (...) .
Análise mais detalhada do processo de
interior dos movimentos sociais, indica
ções de que -não estamos diante de um
industrialização baiana dos últimos 30 quadro de recuo e sim de. avanço das lu
Manifestando claramente sua opção por exercitado, se reverterá em exposição des anos permite identificar as seguintes ca las populares. O agravamento das condi
uma política ampla, flexível e unitária, os sas mesmas idéias ao julgamento da socie racterísticas: integração do setor industrial ções de vida tem levado, por exemplo, as'
comunistas da Bahia tornaram pública dade.
cora a economia nacional através da im populações dos bairros periféricos de Sal
uma reflexão coletiva sobre o momento "A legalidade para o nosso partido e pa plantação de grupos monopolistas nacio vador a travarem uma intensa lula contra
político nacional e sobre a situação sócio- ra todos os que hoje são proibidos de se nais e estrangeiros com matrizes no Cen a especulação imobiliária e contra a polí
econômica baiana. Neste esforço de análi apresentar livremente à Naçao é. portanto, tro-Sul, desenvolvimento dos ramos mo tica elitista das- administrações municipais
se, definem como objetivo central dos co um componente importante para se alcan dernos e dinâmicos em detrimento dos tra quanto aos investimentos públicos. (...)
munistas o avanço do atual processo de çar a democracia e para melhor lutar por dicionais, concentração e oligopolização Do mesmo modo, surgem reações no inte
transição, com o fortalecimento e a conso sua consolidação. (...) dos ramos de recente implantação, concen rior do Estado contra a selvagem pene
lidação das lutas democráticas, a interven O quadro dentro do qual se trava a lu tração do processo de industrialização na tração do capitalismo no campo. Os tra
ção ativa das massas e o isolamento da ta democrática hoje apresenta, repetimos, Região Metropolitana de Salvador, novos balhadores rurais demonstram sinais de
reação e do autoritarismo. novas condições e perspectivas. Na Bahia, ramos implantados possuidores de alto ní que podem tocar nesse outro grande pilar
Abaixo reproduzimos os principais tre onde enfrentamos a violência do poder de dominação das oligarquias na Bahia. A
opressivo das oligarquias, as conquistas da vel de intensidade de capital, especializa
chos desta reflexão, atues de tudo uma im ção na produção de bens intermediários, eles se juntam os posseiros, vítimas anti
portante contribuição para as discussões luta democrática puseram um ingrediente dependência de mercados fornecedor e gas da grilagem de terras que viram sua
dos democratas brasileiros. novo na vida política: as eleições diretas consumidor localizados fora da Bahia. situação agravada quando a grilagem pas
para governador em 1982. Depois de mui sem a ser realizada por grandes empresas
tos anos de predomínio quase absoluto do Esse tipo de industrialização, que trou
xe poucos benefícios para a população pois capitalistas. Os operários da moderna in
poder das oligarquias, o movimento demo dústria da Bahia também têm aperfeiçoa
O momento crático tem, na Bahia, a condição de alme não produziu bens de consumo para ela,
é pouco absorvedor de mão-de-obra, per do seu grau de organização e luta, a ver

1 político
nacional
jar a gestão política deste Estado. Tal pos
sibilidade está, em grande parte, na de
pendência da capacidade da oposição
marchar coesa não apenas nas eleições
mite a evasão de renda para o Centro Sul
e é concentrador de rendas; contudo, teve
um aspecto positivo ao permitir o surgi
mento de um novo operariado congregado
pela recente campanha salarial dos petro
químicos, por exemplo. Igualmente as ca
madas médias sofrem o impacto do agra
vamento das condições de vida e, parte
mas, desde já, em torno de uma política delas, como os professores e médicos, tem
unitária e democraticamente permeável à em grandes unidades fabris, concentrado
Vivemos hoje, em nosso país, todas as no espaço da Região Metropolitana de conseguido se organizar para ações de
contradições próprias de uma situação po influência e à participação popular. (...)
Salvador e detentor de um razoável nível massa.
lítica em mudança. Os contornos essenciais Os comunistas baianos têm consciência
de qualificação, condições objetivas que
dessa mudança apontam para uma tendên de que atuam numa realidade prcfunda- definem sua grande potencialidade de luta. Mas não é apenas a deterioração do ní
cia à afirmação do processo de conquista menfe marcada pela exploração econômica No campo, as principais modificações vel de vida que indica as possihÍHdade.s
da democracia. Demonstrando-no todo o jo e pela marginalização social das grandes de avanço. Ocorre era todo o país, devido
massas.. A jniséria e ao atraso da grande estão se dando em função da penetração
go de manobras e negociações que o regi do capitalismo. (...) Os impactos econô ao crescimento da luta democrática, uma
me autoritário tem sido obrigado a enta- maioria da população corresponde a lo- tendência à politização dos movimentos
cupletação das oligarquias locais que ser micos e sociais da penetração do capital
buíar para manter-se no poder. O mesmo no campo têm sido bastantes negativos: sociais. Cada vez mais, cada segmento do
regime que, em outros tempos, mostrava- vem e/ou se amoldam aos interesses do povo compreende que a democracia é im
destruição da pequena propriedade com
se completamente indiferente e refratário capital monopolista. A economia do nosso portante para resolver seus problemas es
conseqüências negativas na produção de
aos interesses e reclamos da sociedade. Estado, à medida em que serve aos pode alimentos c a proletarização crescente dos pecíficos. Como decorrência disso, as pos
De fato, o regime já se despiu de seu rosos, integra-se à lógica do modelo eco trabalhadores; a intensificação do proces sibilidades de articulação entre os movi
semblante fascista e, conservando-se essen nômico vigente no país e da acumulação so de grilagem e da expropriação dos pos mentos sociais e a política institucional au
cialmente autoritário, busca credenciar-se do capital a nível nacional. mentam consideravelmente.
seiros, causando desemprego e intensifica
a gerir de cima um processo de auto-refor- ção do fluxo migratório do campo para a Essas duas grandes linhas podem levar
ma. À resistência do povo brasileiro du cidade. (...) as forças democráticas na Bahia a inverte
rante todo o negro período de opressão
fascista, que mais tarde se transformou em
O quadro As transformações por que passaram a
rem a posição desfavorável que ocupam
frente às oligarquias. Das lutas concomi
iniciativa política organizada em múltiplas
formas, devé-se creditar a modificação da
face do regime. As forças democráticas e
o povo têm, hoje, diante de si, novas e
2 sócio*econômico
baiano
economia brasileira nos últimos anos tive
ram influência também na estrutura e com
posição das classes dominantes. O surgi
mento de uma burguesia monopolista atu
ando em todo espaço econômico nacional
tantes por democracia e por melhores con
dições dc vida sairá o elemento necessá
rio para essa inversão, que é o desloca
mento para o movimento de massas do
grandes perspectivas, objetivos e condi — assumindo sua hegemonia e subordinan eixo da luta das forças democráticas e
ções de luta. o desenvolvimento do capitalismo bra progressistas na Bahia.
sileiro no pós-guerra deu-se com profun do as outras frações — alterou a situação
O avanço do movimento pela democra interna das classes dominantes. Aqui na Para os comunistas, a condição necessá
cia não tem sido linear. Comporta oscila das modificações na divisão interregional ria à impliação do caráter de massa dos
do trabalho, que assinalam a tendência à Bahia a oligarquia regional passou a fazer
ções mais ou menos velozes e, em vários parte de uma ciasse dominante de dimen movimentos sociais reside na explicitação
momentos, tem sido ameaçado pela som estruturação de uma economia de amplitu de qualidades que, sendo decisivas paia a
de nacional. Uma análise da economia bra são nacional mas, agora, numa situação de
bra do retrocesso. Essa é a vontade das existência das organizações de massa, as
forças da reação que agem coladas ao go sileira no imediato pós-guerra evidencií subordinação à burguesia monopolista,
passando a ter como principais funções o sumem a dirnensão de valores inegociá
verno e sob sua proteção procurando em sua estruturação: um conjunto de econo veis, os quais orientarão a ação dos co
purrar a Nação de novo para o fascismo. mias regionais que tinham suas formações -exercício da dominação direta da socieda
de baiana e a realização dos interesses des munistas junto a esses movimentos e a
O objetivo dos comunistas e de todos e conformações determinadas pela econo
sa fração das classes dominantes, agora he suas organizações.
os democratas é justamente o de resolver mia internacional e suas estruturas produ Primeiro, consideramos a necessidade da
essa transição com a consolidação do pro tivas voltadas para o atendimento dos mer gemônica. Nesse processo de subordinação,
o Estado está jogando um papel fundamen afirmação do caráter autônomo dessas or
cesso democratizante em curso, isolando cados regionais e internacional. O cresci ganizações, livre da tutela do Estado e
a reação e pondo um fim ao autoritarismo tal, servindo como principal instrumento
mento do Centro-Sul, nos últimos 30 anos,
de garantia da hegemonia da fração mono
independentes em relação aos partidos po
que persiste e se redefine. E, neste ponto, modificou profundamente essa situação. líticos, quaisquer que sejam eles; segundo,
adquire especial importância a bandeira da Atualmente, a conformação da estrutura polista. (...)
o caráter pluralista das mesmas, que de
Assembléia Nacional Constituinte. Para produtiva das diversas regiões não está vem ser capazes de absorver e refletir na
nós. comunistas, a intervenção efetiva do mais determinada por suas relações com a sua composição o mais amplo espectro de
povo nesse processo de lula democrática economia internacional mas, sim, por suas O quadro forças presentes no movimento, indepen
é a única garantia de sucesso e conse relações com a economia do Centro-Sul. A dente de características de cor, sexo, cre
político baiano
qüência dessa luta. Se a Assembléia Nacio
nal Constituinte é a opção que se avista
para por um termo ao arbítrio, a organi
zação popular é o terreno propício para
transformar em realidade essa bandeira, e
tendência mais importante desse processo
de modificações da divisão interregional do
trabalho aponta para uma especialização
do Centro-Sul na produção industrial e das
regiões Sul e Nordeste na produção agro
3 e suas
perspectivas
do, ideologia e filiação político-partldária;
terceiro, que por serem autônomas e plu
ralistas essas organizações não são infen-
sas à luta pela obtenção do consenso no
seu interior, sendo esta, aliás, uma con
todo o projeto democrático gestado duran pecuária. dição fundamental para que sejam, a um
te esses anjs ua sociedade brasileira. Uma análise do desenvolvimento econô o atraso político do nosso Estado é um só tempo, democráticas e unitárias; final
Interessa muito aos comunistas e h de mico da Bahia nesse período leva à con dado necessário para orientar as ações das mente, donsideramos que reside nu politi
mocracia que cheguemos à Constituinte clusão de que a tendência à especializa forças democráticas na Bahia. A dispersão zação dos movimentos de massa e de suas
com ampla liberdade de debate. A nossa ção na agropecuária pode ser válida para dessas forças é reveladora desse atraso. Os organizações, e não no seu isolamento cm
disposição de luta unitária com todos os o conjunto da região Nordeste mas não o diversos movimentos sociais, os partidos relação ao conjunto da sociedade, a capa
democratas e o povo ressalta, de outro la é para a Bahia. A intensidade do proces de oposição e as organizações de massa cidade de se ter na Bahia — como no
do, o nosso direito de expor nossas idéias so de industrialização da Bahia nos anos têm um grau incipiente de articulação _e, Brasil — uma sociedade aberta à renova
perante a Nação autonomamente e de for 60 e 70 modificou profundamente sua es daí, provêm as dificuldades para uma ação ção democrática e à construção de um ca
ma clara e aberta. Direito que, uma vez trutura produtiva. O peso do setor Indus unitária. De outro lado, as oligarquias lo minho autônomo em direção ao socialismo.

c NACIONAL
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De 23/01 a 29/01 de 1981 WtaSSuiè

Para Luciano Coutinho,as oposiçÕes já têm condições de ziguar os banqueiros internacionais,


mas o pior de tudo é que ainda assim
propor medidas alternativas diante da crise, defendendo os eles não estão satisfeitos. Querem que
o Brasil se submeta ao FMI e que
salários e o emprego dos trabalhadores de todos os setores descarte a política salarial, fazendo
uma recessão pra valer. Agora mes
mo o sr, ríloreira Marques, presidente
da Federação Nacional dos Bancos,

A meio vapor, regime voltou do Exteripr defendendo uma


renegociação informal com os ban
queiros. O pior de tudo é que a polí
tica atual, ao querer ficar num meio-
termo, pode estilhaçar-se num duplo

planeja política tiro pela culatra: de um lado, o país


pode ficar garroteado pela falta de
crédito externo (sem ter mais reservas
para gastar) e, de outro, a inflação
pode explodir com a liberação dos

de recessão juros e preços. Este duplo fracasso


viria, ademais, acompanhado de uma
recessão — que certamente se concre
tizará se o aperto de crédito e o corte
"Uma política anti-recessiva passa, tica em que o ministrp Simonsen forma pouco plausível. O resultado é do investimento estatal, já programa
acima de tudo, pela defesa do empre havia deixado as finanças públicas e que ninguém acreditou e o ganho que dos, forem rigorosamente executados.
go e dos salários dos trabalhadores de para isso valeu-se de uma série de havia sido.obtido com a maxi logo Embora o governo não tenha cora
todos os setores, e as aposições têm medidas de "choque": aumentou se dissipou-se, os empresários fizeram es gem de declarar, o objetivo da nova
condições de propor alternativas nes guidamente vários impostos, fez a toques dos insumos importados e os política é'"reduzir para menos de 4%
te sentido." maxi-desvalorização e retirou os subsí especuladores passaram a apostar em ao ano o crescimento em 81 — o que
A afirmação ê do economista Lu dios à exportação, disparando a famo outra maxi-desvalorização. Como o significaria um agravamento sério da
ciano Coutinho, professor do Depar sa inflação "corretiva". Quer dizer, ministro demorou muito para corrigir crise social, pois o crescimento do em
tamento de Economia da Vnicamp e aumentou repetidamente os preços e estes erros e as resistências internas- prego seria quase nulo.
Doutor pela Cornell üniversity, em tarifas administrados pelo setor estati- e externas à sua política avolumaram- Diante desta perspectiva, haveria
entrevista concedida à Voz da Unida zado (gasolina, energia elétrica, gás, se, ele resolveu capitular e desfez tudo uma política alternativa a ser propos
de. Lembrando que as medidas da- ônibus, telefone, etc.) para dar um em novembro passado, curvando-se à ta pelas oposiçÕes?
coníbate à crise terão que passar pela reforço às empresas do governo e evi orientação de política "aconselhada" — Claro que sim. E antes de su
reordenação do consumo dos derivados tar que elas tivessem que recorrer ao pelos banqueiros internacionais. E es gerir, pessoalmente, uma alternativa,
de petróleo, Luciano Coutinho deixou erário público. Todas estas medidas, ta orientação é notoriamente recessiva. gostaria de dizer que a anti-recessão
clara uma condição básica: "para jo é óbvio, aceleraram tremendamente a Em que consiste, então, esta nova passa, acima de tudo, pela defesa do
gar duro e firme, o governo precisa inflação, mas, de outro lado, a polí política e quais as conseqüências pre emprega e dos salários dos trabalha
tica econômica acionou alguns elemen visíveis em 1981? dores de todos os setores. Por que?
contar com a confiança popular em
suas políticas..." tos de compensação para evitar que a — Retomamos à política anterior Porque o crescimento da massa de sa
inflação explodisse para 200, 300%. (de Simonsen), que já se mostrara, lários traduz-se, imediatamente, em
Tem-se falado muito em recessão Estes elementos foram: a degrada inepta. Ela pode ser resumida assim: maior demanda agregada e num cres
ção da correção monetária, o controle restauração da correção monetária e cimento mais elevado dos bens de con
nos últimos tempos. Entretanto, a eco
nomia cresceu bastante em 80 e o go de preços, o tabelamento dos juros. cambial, liberação dos juros, libera sumo não-duráveis. Este tipo de cres
verno diz que não vai haver recessão Para evitar que o tabelamento nominal ção dos preços, corte do crédito e cor cimento é mais saudável socialmente
em 81. Como explicar isto? dos juros desestimulasse a tomada de te do investimento público incluindo e é, também, compatível com o con
— É verdade que a economia cres empréstimos externos,o governo impôs aí as empresas estatais. O pior é que trole das importações. Quanto a uma
ceu em 80 — talvez não tanto quanto um limite de 45% à expansão do cré o arrocho programado para o primeiro política alternativa, vou enumerar
Indicam os dados oficiais — mas foi dito bancário interno e tentou, no Ex semestre de 81 — em termos de aperto aqui um conjunto de medidas de curto
um crescimento de tipo suicida. Expli terior, convencer os banqueiros inter de crédito — é, ao que tudo indica, prazo para enfrentar a difícil conjun
co melhor: a indústria cresceu bas nacionais do acerto de suas políticas. drástico e assustador para as peque tura que atravessamos.
tante em dois setores, o de bens de Mas o fato é que os banqueiros — e nas e médias empresas. Só espero que Uma política alternativa de médio
consumo duráveis e o de produtos in isto vem desde o começo do ano pas o governo desista de continuar com a prazo está contida, por exemplo, no
termediários. O consumo de duráveis sado — resolveram dar um aperto no inflação "corretiva", pois se fizer tudo programa do MDB de 1978 e que, na
cresceu muito por conta da transfe Brasil, inclusive para poder cobrar isto ao mesmo tempo, em cima de minha opinião, não está superada. As
rência dos saldos de poupança — que um spread mais alto na reciclagem de uma taxa inflacionária corrente que medidas seriam as seguintes: adoção
estavam rendendo bem abaixo da in nossa dívida. já está a 140% ao ano, provavelmen de uma taxa dupla de câmbio, para
flação — para a compra de bens, e os Outro problema, que foi na verda te encerraremos o ano pagando o ôni incentivar a exportação e viabilizar O'
produtos intermediários cresceram por de um erro de efeitos desastrosos, re bus com uma nota de 100 e o táxi com financiamento externo sem precisar de
causa da acumulação de estoques. sidiu na tentativa de querer "tabelar" uma de 1.000 — se é que alguém ain juros internos elevados; restabeleci
Qualquer gerente sabe que quando a a inflação e a desvalorização da taxa da vai poder tomar táxi! mento do controle de preços e do ta
inflação se acelera a política certa é cambial na base do voluntarismo e de Tudo isto está sendo feito para apa- belamento dos juros, com manejo di
comprar mais hoje e esperar a valo ferenciado da correção monetária;
rização dos estoques amanhã. Além susterítação do esforço de investi
disso, o rápido crescimento dos bens mento público com ênfase na área
duráveis traduziu-se numa pressão con BOM DIA social desaceleração do programa
siderável sobre uma ampla gama de nuclear; não mexer na política sala
insumos. Mas o problema todo é que
este crescimento foi baseado em cau
CoieoAÍ rial e respeitar o resultado da nego
ciação legítima entre os empresários
sas deletérias e de fôlego curto. e trabalhadores; dar preços mínimos
Quanto à recessão, não há dúvida melhores aos produtores agrícolas,
que ela já está sendo arquitetada, a moderando os subsídios creditícios e
meio vapor, pela atual política do go intervindo decisivamente na comer
verno — muito embora o ministro cialização. para evitar a especulação
Delfim Neto afirme o contrário. É atacadista. Finalmente, o governo pre
tudo uma cortina de fumaça para con cisa estar preparado para reordénar e,
fundir e desarmar as ©posições! talvez, para racionar o consumo dos
Você poderia explicar isto melhor? derivados de petróleo, condição para
— Bem, até novembro de 1980 £> enfrentar de cabeça erguida e com
governo estava perseguindo uma po
coragem o boicote creditício dos ban
lítica arriscada e temerária mas que, cos internacionais. Deve jogar duro e
no fundo, procurava administrar a firme, mas para isso precisa contar
crise sem cair na recessão. De um la
do buscou recuperar a situação caó
com a confiança popular em suas po
líticas...

ECONOMIA
De 23/01 a 29/01 de 1981

o lugar do ca O sonho acabou? Mas como,se o humor


SüsiMESs 15 continua vivo,expondo ao ridículo o nioralisnío
O 50hiiV0 /VLA6oU^
e o arbítrio vigentes, submetendo a critica
NlVA O SokIHo!I
ferina e mordaz a arrogância dos poderosos e
recuperando a força dos dominados? Ou não
será este o humor dos chargistas e cartunistas?
Procurando iniciar um debate sobre o desenho
de humor na imprensa brasileira, a Voz abre
suas páginas para os cartunistas e para seus
cartuns maravilhosos.

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De 23/01 a 29/01 de 1981

rtum na imprensa?
O que pensam os cartunistas
SIZENANDO vê? Qual o nosso retrato falado e riscado?
O processo de abertura política Como nós, cartunistas, somos lidos?
írouxp. de fato, novas possibilidades para Por quem?
os rumos políticos do país. Mas se houve Vejo menos importante a discussão
mudanças e conquistas na ampliação do sobre a função do nosso trabalho do que
espaço de atuação política, não se o ajuste dos nossos ponteiros com a Hora
observaram alterações significativas rias do Brasil; nós intelectuais, nós jornalistas,
condições de trabalho do grande número de economistas, médicos, escritores,
chargistas e cartunistas em nossa imprensa. trabalhadores, parlamentares, abramos
Ê certo que o leque temático para o nossas agendas e misturemos nossas vidas.
trabalho desses artistas ampliou-se NILSON
consideravelmente, assim como novas
Para mim, humor é a arte de dizer
áreas de atuação surgiram.'Mas em nada uma verdade com graça. Você não precisa
mudou a situação profissional ou mesmo ser humorista para dizer uma verdade e
a maneira como o desenho de humor ê
é possível se dizer uma mentira com
encarado pela imprensa em -geral. A graça. Basta ver certos cartuns do "Time"
maioria dos desenhistas continua
ou certas piadas do fô Soares na TV para
correndo de uma redação a outra, fazendo comprovar isto. A gente pode ser mau
as vezes de bóias-frias urbanos — com
humorista por falta de informação, por
raras exceções de estabilidade — e seus falta de graça ou por falta de caráter. O
trabalhos continuam sendo encarados como
— AtençáoJ O sonho ocobou/ Vamos ctrcuiar/ Dr. Sardinha do }ô Soares não foi almoçar
tapa-buracos para a diagramação. Com com o Delfim? A Salomé não foi recebida
isso dificultam-se as possibilidades de um em Palácio pelo Figueiredo? O bom
maior desenvolvimento de todas as
humorista está ligado ao estado de graça,
potencialidades estéticas de uma área de o mau humorista está ligado à graça do
criação que, por ser essencialmente Estado. Mas, mais (em Deus pra dar do
jornalística, muitos esquecem de que é que o Diabo pra carregar. E tem Henfil,
essencialmente artística — com todas as
Millôr. Mark Twain, Barão de Itararé,
implicações de ordem política. Ziraldo, Ambrose Bierce, Márcio de
Para superar problemas como estes, Souza, Swift, Monteiro Lobato, meus
faz-se necessário romper com a solidão e pais e mães!
a dispersão dos desenhistas de humor.
Com u abertura, a situação do
Em virtude das condições específicas do humorista piorou porque houve a
mercado de trabalho, esses profissionais
privatização da censura, que passou a ser
estão desacostumados com o debate e
feita por alguns editores. E principalmente^
mesmo com o trabalho coletivos. Esse
através do departamento de pessoal!
é o primeiro passo em direção à conquista
Dezenas de humoristas estãõ morrendo por
de condições mais sérias e dignas para um
falta de Carteira assinada. Alguns estão
dos setores mais importantes no interior
trabalhando como bóias-frias em jornais
do jornalismo brasileiro.
ou em revistas eróticas. Por que a grande
CHICO CARUSO imprensa não dá mais espaço pro humor?
O cartunista ê o jornalista do Será que ela entrou pra Secom? Por que
visual; reduz a informação jornalística a revista "Playboy" só publica cartuns
(ou a amplia) até a comunicação mais enlatados? Por que fB parou de publicar
direta, mais imediata e mais atraente do Henfil? O que está acontecendo com o
desenho. Tem uma função didática, "Pasquim", que tá virando cada vez mais,
informativa e opinativa das mais um jornal de textos e cada vez menos de
importantes dentro do jornal. Mas, apesar cartum? Por que a imprensa independente
disso, seu trabalho não é muito valorizado transiitão mal com os cartunistas?
na imprensa, por ser um pouco marginal Diante desse quadro já tomei uma
em relação a seu processo de feitura e por decisão: só serei cartunista profissional
utilizar uma linguagem considerada menos se me pagarem!
CONTINt^AM VlVOS •• 6íl. ca6tano. chico. (pAl, nobre pelos redatores. Como decorrência, GLAUCO
=T0 6^EP£S. Míl-TON rJAíí»M6/^írO, MOl?AíS MbRfeiRA, pA^NÉR. as ofertas de emprego e os salários do
HEPMrró. eeTHANÍA. 6ÓN2Aa//NH<\.C0í?D0^/H^AeV mercado são muito reduzidos. Com as mudanças políticas ocorridas
B0R6K. ARRÍ60 BAffNABfc. PAüUNHo BOíA, no país abriu-se uma janela para o
EUNAA, Zé RAMAi-HD, AU£U \JALBti(,A. BLSA LAERTE cartunista, que passou a tratar de outros
\ UVR£,taí6UARA, BeLCHíor, AN6£LA RÕ-R^' Em 81 vamos precisar de muita problemas que fazem parte do cotidiano
eARNAlDO ooS MOTA/ MAcALé, PTAVAN,TONfHHO^ das pessoas.
LMA' èulmtRMÊ: ARANTES> TOVCE, K£\í lAATOtjROSSO' estrutura, irmãosl
rnAMdc BRAMPT. F RENÉTitAS. LüiS ME 1.0 D /A.BKAOUO lAv«f Conversar muito, ler muito, muito se Agora o cartunista está fazendo
...» -Ti- ... .. t^T<*... —
encontrar, pouco encostar. 'mais "humor". O clima político mudou,
Reconhecer que a abertura nos pegou já não é tão negro como há tempos atrás.
desprevinidos e nos prepararmos para Por isso, o cartunista está mais
descobrir francelinamente que país é este? descontraído. Mas existem ainda alguns
que povo é este? para onde vamos? problemas. Na grande imprensa, por
exemplo, a censura passou a ser feita pelo
Por que o torturador encapuzado anunciante. No entanto, acho que se a
sumiu dos cartuns? Qual o significado abertura continuar, os cartunistas passarão
Pdra^ o leitor, da velha imagem do a ter maior desempenho na elaboração
Tio Sam imperialista? Como o povo se jornalística dos veículos de comunicação.
<bVAj(C

_ui -r
■fii
De 23/01 a 29/01 de 1981
VS&.

Duas chapas disputam a direção sindical de importante categoria do movimento operário paulista.
Ambas pretendem o fortalecimento de seu órgão de luta junto às bases, distinguin o-se nas
concepções quanto à Unidade Sindical e à participação dos trabalhadores na superação da crise
tembro de 78, quando fomos um dos
responsáveis pela sugestão de organi

Eleições mobilizam zá-la formalmente. Na época um com


panheiro ex-dirigente sindical se colo
cou contra a formação da Unidade
Sindical naquele momento, por enten

metalúrgicos de Osasco der que ela teria muitas diretorias pe-


légas, em virtude da legislação atual.
E aí eu vejo, como o restante da
chapa, que 'cora esse pensamento não
vai se mudar a estrutura e as leis sin
De 26 a 30 deste mês os metalúr- • dicais. De uma vez, não se modifica
gicos de Osasco escolhem a próxima OPOSI o que está aí. Teremos que galgar
diretoria de seu Sindicato, entre as
VOTE
AGORA VAI muitos degraus para chegar lá. Por
chapas Força Operária (Chapa 1) e isso somos favoráveis à Unidade Sin
Esperança Operária (Chapa 2). A ca dical, como . um dos primeiros passos
tegoria ocupa lugar de destaque no para a Central Ünica dos Trabalhado
movimento sindical brasileiro, com res. Além disso, há a importância do
grande tradição de luta desde antes trabalho de base, para que cada ca
de 1964. São 13.784 trabalhadores tegoria julgue seus representantes, di
em condições de voto nestas eleições, zendo em eleições democráticas se
entre mais de 16.000 associados ao eles estão aptos a continuar como di
Sindicato, que representa atualmente retoria do sindicato ou não. Ela é o
cerca de 45.000 metalúrgicos. reflexo do trabalho de base existente.
Nesta entrevista a Pedro Célio, da Não compete a mim determinar se
Voz, os candidatos a presidente pela dirigentes de outros sindicatos são pe-
Chapa 1, Antonio Toschi, e pela Cha legos, mas compete àquela categoria.
pa 2, José Pedro da Silva, expõem
suas prioridades de trabalho caso elei
tos e discutem questões relativas à
CHAPA 1 Na preparação do Conclat os sin
dicatos devem se comprometer com a
proposta dos empresários de um novo METALÚRGICOS organização de suas categorias em reu
pacto social, à Unidade Sindical e à - niões e assembléias, para que não
preparação do Conclai. ocorra como nos congressos prepara
prioridade que se deve dar nas lutas • ra dizermos o que achamos para tirar dos pela CNTl, por exemplo o de 78,
Na hipótese de sua chapa sair ven* o país dos caus. O negócio é não pen onde 33 bases não discutiram propos
cedora nas próximas eleições, que sindicais, ainda hoje, devido ao baixo
nível de consciência política dos tra sarem que vamos apenas escutar or tas, os representantes ficaram na con
prioridades vocês dariam àis atívida* dens para cumprir, mas é entenderem tingência de votar em propostas de
des sindicais?
balhadores (o que não é culpa deles),
é às lutas salariais e por melhores que temos também nossas ordens. Um gente que não sente mais o cheiro da
A. T. — Nossas prioridades defen condições de vida. Mas isso não está pacto nesses termos daria para ser dis base, mas que se acostumou com os
didas durante a campanha, entre ou desvinculado da questão política, pois cutido. cheiros dos palácios, como é o sr. Ari
tras, são combater o arrocho salarial, na medida em que você convoca os /. P. S. — Em primeiro lugar acha Campista.
lutando por melhores salários; lu trabalhadores para discutir salário, aí mos na Chapa 2 que o trabalhador já />. 5. — A chapa 2 discutiu essa
tar pela estabilidade no empre a discussão tem que se dar no nível está pagando com maior peso pelo que
go e avançar rumo à liberdade e à au está acontecendo no Brasil e não tem
questão. Achamos muito importante
que leve a entender o que significa a se falar em unidade, principalmente
tonomia sindical. Entendemos, contu política salarial do governo, dentro de mais o que negociar nesse sentido,
do, as dificuldades de trabalho nes em unidade sindical. Se ganharmos,
sua orientação de política econômica. pois já negocia hoje a sua própria vi vamos participar da Unidade Sindical
se sentido, que têm por causa' a pró funto a isso levar adiante a luta pe da. O que é interessante para os tra
pria situação da categoria, ainda mar ou de qualquer outra organização que
lo avanço da consciência sindical dos balhadores é continuar a luta para
cada pelo autoritarismo da legislação vise a derrubada dessa legislação sin
trabalhadores. Fazer entender que o fortalecer o sindicato pela base, am
dical vigente.
e pelas omissões de diretorias sindi sindicato é um órgão dele e que é seu pliar a conquista de liberdade para Agora, vamos participar com o sen
cais não preocupadas em desenvolver direito e dever se sindicalizar e parti chegarmos à democracia. Nós quere
tido de levarmos nosso ponto de vis
uma educação que esclarecesse o por cipar de sua direção. mos democracia de verdade e não es
ta. Não adianta pensar na Unidade
quê de algumas bandeiras de luta. sa democracia relativa como se fala Sindical com muitos dos atuais presi
Teremos então que organizar cur Muito se tem falado em recessão, por aí, onde a ditadura baixa o pau
sos, palestras e reuniões regulares, tan desemprego, carestía e dificuldades. quando se começa a reivindicar. Por
dentes de sindicatos, na maioria vin
As lideranças empresariais, em vista dos de diretorias não compromissadas
to na sede do sindicato, como nas isso, os trabalhadores, que já pagam
portas das fábricas, que levem o tra disso, propuseram um pacto anti-reces pela política errada do governo, não
com os interesses' dos trabalhadores.
sivo, ou um novo pacto social. Que A Unidade Sindical de hoje é o re
balhador a participar, com consciência têm condições de pensar em pacto. trato do sindicalismo que temos. Está
do que é o sindicalismo, do que é o respostas vocês dariam a eles? Nossa alternativa é levantar nosso
na hora de transformá-lo, democrati
seu sindicato, levando a uma sindica- A. T. — Entendemos que se a pro instrumento de luta — o sindicato — zando os próprios sindicatos. Veja:
lização em massa e consciente. Isto posta feita não for a de que apenas e colocar os trabalhadores no cenário quantos congressos de trabalhadores
pra que seja superada a visão do sin escutemos e aceitemos soluções pra político. De outra forma, qualquer são feitos sem se realizar assembléias
dicato como órgão paternalista, quase salvar o país do buraco em que o co pacto é mais um engodo, é mais enro- locais pra tirar as propostas que serão
como sociedade beneficente. Percebe locaram, e se houver, entre outras coi lação em címa dos trabalhadores. levadas? Na verdade a unidade sin
mos entre muitos trabalhadores o pen sas, o respeito ao que a gente vai fa Nesse sentido, abacaxi de empresá dical se dá é na fábrica, nas bases dos
samento de que a diretoria é quem tem lar, às sugestões que temos pra sair rio é ele mesmo que tem de descascar trabalhadores e não nesta articulação
o papel de lutar por seus salários e do caos econômico, ela representará com suas próprias forças. que se vê por aí. Nós devamos intervir
de conseguir benefícios. O que na ver um avanço. Líderes sindicais vêm buscando for mesmo assim, nessa Unidade Sindical,
dade não é certo. Se conseguimos um Há 17 anos vemos o sistema tratan mas de romper a rígida estrutura sin mesmo sabendo de antemão que ela
reajuste que todos consideraram ra do o povo como se ele não tivesse cul dicai para criarem organismos de re é maquiavélica, conservadora, margi
zoável, foi porque houve uma pressão tura, capacidade pra pensar e analisar presentação unitária de todos os tra naliza quem não possui carta sindical
das bases, da qual a diretoria foi or ps fatos. Mas eles estão enganados, balhadores. Como você encara os pas e é formada principalmente por diri
ganizadora e porta-voz. Ela deve ser porque o povo vem pensando e tem sos já dados, como a formação da gentes que querem se perpetuar na
vista como uma empregada dos 45.000 muita coisa na cabeça, que são suges Unidade Sindical e a convocação de estrutura. Eles vacilam inclusive para
balhadores (o que não é culpa deles), tões simples mas que funcionam e re um Conclat? convocar um Conclat, com medo de
e não de outra maneira. solvem realmente. Vejo na discussão A. T. — Participamos da Unidade perderem as estribeiras do movimento
f S. — No nosso entender, a do pacto, realmente, oportunidade pa- Sindical desde sua formação e se
sindical.

SINDICAL.
>
De 23/01 a 29/01 de 1981

Em entrevista exclusiva,Juan Ponce destacou


ação solidária da Federação Sindical Mundial
às lutas populares e democráticas e seus
objetivos de fazer avançar o sindicalismo

FSM, unindo os
trabalhadores ■i ... f'.

de todo mundo
De passagem pelo Brasil, Juan representantes sindicais de 57 países
Ponce, membro do secretariado Atualmente ela agrupa 190 milhões de
Juan Ponce,'dirigente da FSM
da Federação Sindical Mundial, trabalhadores do mundo inteiro, con
também esteve na redação da gregando diversas tendências políticas
Voz da Unidade, concedendo, na e filosóficas. É a única central sindi solidariedade internacional, chegando da Polônia é muito complexo: hoje,
oportunidade, uma entrevista ex cal que reúne sindicatos de pratica até mesmo a entrevistar-se com o por causa dos erros cometidos pelo
clusiva ao jornal. Dirigente da mente todos os países socialistas. For Papa. A ajuda- foi também material, Partido Operário Unificado (POUP),
CUT chilena no período de 1968 mamos uma entidade em permanente pois cuidamos da construção de esco reconhecidos publicamente, temos uma
a 1973, com 50 de seus 50 anos processo de discussão com o conjun las no Vietnã. Também prestamos situação de crise econômica que pro
dedicados à vida sindical, Ponce to do movimento sindical mundial nossa solidariedade aos sindicalistas picia uma carga muito forte por parte
está em viagem pela América La e, portanto, em constante renovação, chilenos quando do golpe de 73 t, rea das multinacionais-e do mundo capi
tina (sua próxima parada será sempre de acordo com as exigências lizamos uma campanha material ao talista. É uma situação que também
Quito, Equador), com o objetivo do momento. povo nicaragüense, enviando medica responde pelas greves e pelas justas
de estabelecer ou fortalecer con Quais as tarefas prioritárias da mentos, alimentos e roupas. reivindicações dos operários polone
tatos com as entidades sindicais FSM? E quanto a El Salvador, qual a po ses.
e convidá-las para comparecer — Em primeiro lugar, organizar a sição da FSM? Comvém ainda lembrar a estranhe
ao Congresso Sindical Mundial, unificação do movimento sindical em — Neste como em outros casos, a za que causa o fato do "Solidarieda
promovido pela FSM e previsto escala mundial, a partir do pressu FSM tem como princípio a autodeter de" estar recebendo apoio de entida
para 1982 em Cuba. posto de que a unidade é o elemento minação dos povos, a não ingerência des como a AFL-CIO norte-america
Na redação da Voz, o dirigen essencial da ação progressista e reno- estrangeira nos assuntos de cada na na, conhecida por seu reacionarismo
te da FSM reafirmou a solidarie .vadora. Ao mesmo tempo, a FSM ção. Quanto a El Salvador, procura e que chegou a entregar cerca de 200
dade de sua entidade à luta de presta a mais irrestrita solidariedade mos prestar nossa ajuda a seu povo mil dólares aos "sindicatos indepen
libertação de El Salvador, admi aos trabalhadores do mundo todo, de através do Comitê de Unidade Sindi dentes" na Polônia. Da mesma for
tiu a possibilidade da Federação nunciando as arbitrariedades cometi cal salvadorenho, para contribuir com ma, não se pode ignorar a sistemá
se solidarizar com Lula e com os das, defendendo a liberdade sindical a reconstrução do país e com a derro tica campanha mundial" desenvolvida
sindicalistas brasileiros enqua e, é claro, concedendo ampla ajuda ta da junta antidemocrática* para desacreditar o sindicalismo po
drados na Lei de Segurança Na material aos mais necessitados. Isto Você afirmou que a FSM congrega lonês e que, regra geral, busca escon
cional e falou sobre a situação significa que o apoio deve ser' cons sindicatos do mundo todo e defende der o fato de que milhares e niilhares
polonesa e seus sindicatos inde tante — antes, durante e depois das a liberdade sindical. Como vê o sur de trabalhadores poloneses não^se des
pendentes. lutas dos trabalhadores — e não per gimento dos "sindicatos independen ligaram de seus sindicatos e muitos
manecer na importante mas insuficien tes'* na Polônia? tendera a eles voltar, receosos das li
Companheiro, quando nasceu a te esfera declarativa. Por exemplo, na — O "Solidariedade" não apre gações internacionais do "Solidarieda
-FSM e como ela é formada? ocasião das diversas agressões ao Viet sentou até agora um programa de de" e convencidos de que os esforços
— A Federação foi fundada em nã (dos EUA e da China), a FSM de ação definido e ainda fala abstrata do governo polonês e do POUP tra
outubro de 1945, numa reunião cora sencadeou uma intensa campanha de mente em liberdade sindical. O caso rão bons resultados.

No sul, sindicatos avançam rumo ao Conclat


PORTO ALEGRE — (Do cor central, durante a sessão de encer níveis melhores de remuneração". trias cujos efeitos perniciosos para
respondente) — Durante o encontro ramento, exibiram-se dois filmes so Afirma o documento que "os capi D crescimento econômico e a socie
sindical promovido pelo Sindicato bre a greve do ABC e realizou-se talistas e o Estado utilizaram a cri dade têm-se revelado cumulativa
.dos Bancários de Porto Alegre, pa uma palestra do dirigente sindical se até agora, evitando a recessão". mente desagregadores: é o caso típi
ra assinalar os seus 48 anos de \ida, cassado Djalma de Souza Bom, de co da indústria automobilística".
foi aprovada por unanimidade a São Bernardo do Campo (SP). O documento faz uma série de O encontro proçiovido^pelos ban
convocação do Encontro Estadual proposições, entre as quais a irtsti- cários contou com a participação,
dos Trabalhadores Gaúchos, nos Pela manhã e à tarde, três comis tuição da escala móvel de salários, além das delegações (capital e inte
24, 25 e 26 de abril deste ano, sões discutiram o documento "Os o seguro desemprego, a renegocia rior), de dirigentes sindicais de San
iniciativa das federações de traba trabalhadores e a crise", que avalia ção da dívida externa "sem o com ta Catarina, São Paulo, Minas
lhadores do Rio Grande do Sul, em a crise econômica brasileira, que prometimento das riquezas nacio Gerais e Rio de Janeiro. O presiden
preparação ao Conclat. "não interessa aos trabalhadores na nais" e apresenta um exame apro te do Sindicato, Milton Mottini Ma
O aniversário do Sindicato dos cidade e no campo, estejam elas fundado das alternativas de cresci chado, recebeu ainda várias mani
Bancários foi no domingo, dia 18, trabalhando era fábrica, lojas, esco mento setorial, cora ênfase na pro festações'de apoio à iniciativa, de
mas a reunião se realizou no sába las, hospitais, fazendas, empresas de dução básica de artigos de consumo
do, na sede 2, na Galegia Balcon, vários pontos do país, todas elas en
serviço, no setor público ou privado, popular, especialmente de alimen fatizando a necessidade de realiza
durante todo o dia. Â noite, na sede com baixos salários ou mesmo com tos. e no "não incentivo às indús ção do Conclat.

c SINDICAL
>
De 23/01 a 29/01 de 1981
12

Em 80, mobilização dos docentes


foi o fato novo na educação
Através de suas associações, professores não
se limitaram às reivindicações salariais:
souberam ganhar um amplo espaço de luta,
levando às ruas os problemas educacionais e
denunciando os poderes públicos por sua opção
por um ensino distante da comunidade
Nilo Odália * A concepção tecnocrática de nossa
educação transformou o professor se
O panorama educacional brasileiro, cundário num elo pouco importante do
durante o ano de 1980, não alterou processo educacional, limitando consi
sua face. deravelmente sua criatividade e sua
Não é de hoje que a atuação do participação na formação do aluno. O
Ministério da Educação e Cultura e desgaste do docente começa a se fazer
do Conselho Federá de Educação sentir desde os bancos universitários,
tem-se limitado a implementar os dis onde tem uma precária formação,
positivos das leis 5540/68 e 5692/71, efeito imediato da Insuficiência orça
que definiram e regulamentaram as re mentária das universidades oficiais, da
formas introduzidas no ensino supe existência das famigeradas licenciatu
rior e no ensino de 1.® e de 2.® graus. ras curtas e da proliferação de facul tados, pois ainda é grande o contin
os docentes que deram a tônica deste
E isso sem que jamais tenha havido, dades cujo único objetivo é enriquecer ano, através de suas associações. O gente de alunos e professores que
por parte destes órgãos, nem dispo seus proprietários e iludir a classe mé- • essencial da movimentação dos pro acreditam que educação é profissiona
sição crítica nem atitude receptiva pe dia com o mito do diploma universi fessores foi o fato de não ter se limi- lização. No ensino superior, esta men
rante as contundentes ressalvas feitas tário. O desgaste se acentua violenta farlo a reivindicações .salariais; ela talidade dominante nas escolas priva
a laís reformas. mente com a predominância de crité questionou e levou às ruas o atual esta das e com muitos adeptos nas escolas
Na verdade, o caráter pretensamen- rios mobralínos na aferição dos resul oficiais traduziu-se na tentativa de
te profissionalizante imprimido ao pa do de nossa educação. Organizados era
tados nos í° e 2.° graus. Para o go transformar a universidade num curso
drão educacional brasileiro a nada
associações, relativamente recentes, os
verno, interessa saber no fim do ano de nível médio profissionalizante. As
docentes souberam ganhar um amplo
tem levado, senão a uma pobre e mis- os "números" da educação, ou seja. faculdades de filosofia foram as mais
tificadora massificação do ensino, e à espaço de luta, cujo aspecto central e
o número de matrículas, de aprovações mais significativo foi o de chamar a atingidas, tanto pela criação de cursos
sua conseqüente comercialização. e reprovações, etc. absurdos (turismo, por exemplo), como
atenção do povo para os problemas
Nestes últimos dez anos, o ensino no Por outro lado, a organização de pelo vezo excessivamente técnico im
educacionais e denunciar os poderes
Brasil tem servido para tudo, menos nossa educação acompanha claramente primido em suas licenciaturas tradi
públicos por sua omissão deliberada
para o gue deveria ser seu objetivo os moldes íayloristas. O burocrata pla e por sua opção por uma política edu cionais.
central: a formação integral do homem neja as metas e os objetivos a serem cacional que esquece os interesses da O ano de 1980, portanto, caracte
brasileiro. atingidos, em função dos interesses coletividade e transforma a educação rizou-se por ser um momento privile
circunstanciais do governo e não da num biombo chinês que esconde nossa giado e decisivo de um movimento de
educação. Alunos e professores tor realidade, acenando com a mistifica repulsa a este estado de coisas. Neste
Reformas levaram ao nam-se peças de complexa engrena ção da ascensão social. particular, a queda do ministro Eduar
gem, com os primeiros se transforman do Portella — o primeiro ministro de
ensino massificado do em números e os segundos em pois de 64 que tinha algo a dizer a
técnicos de transmissão de um conhe
cimento previamente estabelecido.
É preciso derrubar respeito da Educação — e sua substi
tuição por um militar foi um impor
A redução e o esvaziamento curri os mitos oficiais tante elemento de definição, pois re
cular a que se procedeu, com a elimi
velou os avanços do movimento dos
nação de todas ou de quase todas as
Tecnocracia reduziu professores e abriu perspectivas de
disciplinas convencionalmente deno A desmistificação da política oficial uma melhor compreensão das preten
minadas de humanidades, implicaram papei de professor no campo da educação é importantís sões governamentais era termos de
na prática, um progressivo empobreci sima, pois se ela não tem tido'do go educação. Foi uma clara opção do
mento intelectual do estudante, sem a verno o apoio financeiro desejado e governo, que deve orientar o compor
contrapartida de uma sólida formação Se alunos e professores acham-se nem tem sido orientada no sentido de tamento futuro dos professores, espe
técnica. A própria expansão física do desta maneira marginalizados do pro melhorar as condições gerais de vida cialmente agora que, após a realização
ensino oficíd fez-se basicamente atra cesso educacional, ainda pior é a da comunidade, nem por isso deixou de um encontro em Recife, se prepa
vés da construção de edifícios — fon situação da comunidade, obrigada a de ser uma arma poderosa nas mãos
ram para os congressos de Fortaleza
te de rendimentos poljtícos imediatos permanecer completamente alheia ao do poder. Criando artificialmente e de Campinas — nos quais poderão
—,jamais havendo a preocupação com que ocorre, sem poder interferir, par expectativas de ascensão social, pos se manifestar, de forma ampla, orga
a melhoria qualitativa do ensino. A ticipar ou mesmo sugerir num pro sibilitou a instalação de uma rendosa nizada e representativa, a respeito do
qualidade do ensino não está direta cesso que a atinge diretamente, visto indústria educacional, que serviu ao fortalecimento da Confederação dos
mente ligada à existência de prédios ser a educação uma das formas mais governo para diminuir ainda mais seus Professores do Brasil è da criação de
e instalações suntuosas, mas à exis atuantes de integração do homem à gastos; profissionalizando o ensino de uma entidade nacional de associações
tência de um corpo de professores sociedade. E é por isto que não se 1,? e 2° graus, criou as condições para de docentes universitários.
capacitados e de condições de traba pode estranhar, diante deste quadro eliminar o aspecto crítico da educação,
lho e remuneração adequadas. Ambos melancólico da educação brasileira, visando a formação de uma população * Nilo Odália é professor do Instituto de Le
os elementos não existiram. Poucas que, neste ano de 1980, o que deve estudantil dócil e apenas interessada tras, Ciências Sociais e Educação de Arara-
categorias sofreram tanto desgaste, de ser ressaltado é o ressurgimento dos nos aspectos profissionais de sua for quara, da Universidade Estadual Paulista
pois de 68, quanto à dos professores, movimentos de contestação e reivindi mação. "Júlio de Mesquita Filho". É ex-presidente
da Associação dos Docentes desta Univer
incluindo aí os profissionais dos três cação de alunos e professores. Infelizmente, não se pode negar que, sidade, a ADUNE8P.
níveis de ensino. Mais do que os estudantes, foram em parte, a política oficial deu resul

C EDUCAÇÃO
>
Pe 23/01 a 29/01 de 1981 im. 12

Unidade das forças democráticas,ofensiva da frente revolucionária Reféns foram


e impotência do exército regular forçaram Washington a mudar de vítimas da velha
tática e a desenvolver ampla ação para sustentar Junta moribunda rapinagem do xá
A história é deste final de século,

EUA estimulam guerra mas lembra os tempos de Ali Baba e


os quarenta ladrões. A versão simpli
ficada das agências noticiosas: estu
dantes iranianos seqüestram funcioná
rios do governo norte-americano em

civil em El Salvador Teerã, acusando-os de espionagem, pa


ra depois o governo do Irã exigir
quantia fantástica em troca da liber
tação dos prisioneiros. Apenas a trom
J. Montserrat Filho povo inteiro contra um grupo de mili ba do elefante, como na velha anedota
tares assassinos e fascistas e contra um dos cegos. Na verdade, as coisas são
minúsculo grupo remanescente de de- bem mais complicadas.
Internacionalizar a guerra civil em mocrata-cristàos. Peço a todos os em Os 52 reféns norte-americanos ago
El Salvador, ou seja, "vietnaraizar" o baixadores salvadorenhos no mundo ra liberados não são heróis nem demô
confiito, para impedir a vitória do mo que abandonem dignamente seus car nios. São vítimas menores de uma po
vimento de libertação nacional — eis gos e passem a servir nosso povo." lítica molhada no autoritarismo. Sua
a política que se afirma em Washing Enquanto isto. 40 norte-americanos provação começou há muitos anos,
ton, nestes dias de transição para o residentes na Nicarágua ocupavam a quando o governo dos Estados Unidos
governo Reagan, disposto a "recupe embaixada dos EUA em Manágua pa colocou o xá Reza Pahlevi no poder,
rar o poder mundial dos EUA". ra protestar contra o reinicio da ajuda sustentando-o com armas e dólares. O
A amplitude e a unidade das forças militar a El Salvador e toda a política regime implantado a partir daí era
democráticas e populares, claramente que visa "vietnamizar a América Cen uma mistura macabra: militarismo, po
observadas na grande ofensiva que se mr tral". Os americanos comuns sabem o lícia secreta, multinacionais, tortura.
iniciou dia 10: a perspectiva real de que isto pode representar: 50 mil de O xá eqüivalia a 5 Mezas, 4 Videlas,
cônstituição, em algum ponto do país, les morreram no Vietnã ou saíram de 3 Pinochets e 3 Stroessners, para di
de um governo que reflita os anseios lá aleijados. zer o mínimo. Durante décadas, ater
de paz. liberdade e justiça social da Entrementes, as forças armadas de rorizou os iranianos, pilhou os cofres
nação salvadorenha e comece a ser re El Salvador proclamavam que haviam nacionais e fez do país uma superfor-
conhecido pela comunidade mundial esmagado a ofensiva dos "terroristas" taleza. Nas veias do seu governo pre
raroD parte beligerante, fato que lhe e tinham o controle total do país. Mas. datório corriam metralhadoras, tan
daria igualdade de condições em face logo a seguir, o brado de "vitória es ques e aviões de combate.
do atual governo da junta militar e magadora" foi posto em dúvida pelo Quando o povo iraniano saiu às
lhe permitiria receber a ajuda exter Cei. Adolfo Mãjano
próprio governo, cujos emissários ofi ruas para derrubar o tirano, encon
na legalmente; a impotência do exér ciais admitiram publicamente, numa trou vazios os cofres da nação. O xá
cito regular para sustentar uma luta entrevista no México, que a junta po fugira com seu imenso butim. A raiva
mais prolongada contra o povo de seu Guatemala e Honduras, providenciou- derá pedir a intervenção armada de e a frustração dos vitoriosos ficaram
próprio país, bem como as suspeitas se, com grande alarde, uma "invasão" outras nações do continente "para en atravessadas na garganta. Investiga
e desconfianças que pairam sobre este de 100 mercenários, procedentes, evi frentar a ofensiva gerai dos guerrilhei ções posteriores sobre os crimes come
exército em vista das inúmeras deser dentemente, da Nicarágua. Os jorna ros da Frente Farabundo Marti de Li tidos durante o regime de Pahlevi es
ções e da posição progressista da ofi listas, claro, logo quiseram conhecer bertação Nacional". timularam ainda mais o ódio ao regi
cialidade jovem liderada pelo coronel as provas e os detalhes desta ingerên Na embaixada dos EUA om El Sal me deposto e aos seus patrocinadores.
Adolfo Majano, ex-membro da junta, cia, mas nada lhes foi apresentado de vador, os funcionários já procuram ar Então, houve o seqüestro. Através dele,
agora atuando na clandestinidade — concreto. Simplesmente porque, como gumentos para um envolvimento nor o novo governo iraniano procurava
tudo isto levou Washington a mudar esclareceu sem demora o governo san- te-americano ainda maior: "El Salva obter de volta a fortuna incalculável
de tática, passando rapidamente a de dinista, o caso não passava de uma dor é um pequeno país, mas sua loca que o rei dos ladrões levara consigo.
senvolver a hipótese de uma interven "invenção completa". A junta chegou lização c estratégica. Fica perto dos Os dez bilhões de dólares hoje devol
ção mais profunda, capaz de propor a prometer que exibiria os barcos usa Estados Unidos e mais perto ainda do vidos a Teerã pelos banqueiros inter
cionar maiores garantias aos interes dos no desembarque dos nicaragüen- México e de todos aqueles campos de nacionais são apenas uma parcela do
ses norte-americanos. ses. Ficou na promessa. Mas nem por petróleo." O embaixador Robert Whi- butim. "O acordo final foi justo para
Tal hipótese teria a "vantagem" de isto o Departamento de Estado, igno tc, no entanto, acha que os EUA co os Estados Unidos e justo para o Irã",
conflagrar toda a América Central, rando o desmentido da Nicarágua, dei meterão um "erro desastroso" se apoia disse o presidente fimmy Carter. Justo
inclusive a Nicarágua, uma espinha na xou de fazer "séria advertência" ao rem a extrema direita salvadorenha, para o Irã porque, na verdade, devol
garganta de Reagan, conforme ele pró governo de Manágua para que não se internacionalizando o conflito. Só que via ao país bens que lhe tinham sido
prio já declarou de forma ameaçado meta nos assuntos internos de El Sal White será substituído já nos próxi roubados. Mesmo os americanos ad
ra. Seria a fórmula mágica para fazer vador, pois isto lhe custaria o corte mos dias, pois nenhum reformismo mitiram isso.
toda aquela região retornar, como que de toda ajuda econômica dos EUA. está nos planos de Reagan. Neste momento, a gente se comove
por encanto, aos bons tempos do O protesto norte-americano era tão De San Salvador, vários correspon
sem fundamento que criou uma com a libertação dos reféns. Eles fo
"quintal tranqüilo", sem as irritantes dentes estrangeiros garantem que "for» ram vítimas de um ato de violência
agitações de hoje que só tendem a situação embaraçosa para o próprio ças da Guatemala e Honduras estão que não tem justificativa. Não mere
crescer e se alastrar. embaixador dos EUA em Manágua, prontas para intervir no país", espe- ciam, como seres humanos, o sofri
Agindo nesta direção, os EUA rei Lawrence Pezzullo, que não deu cré rando-se apenas o pretexto e a oca mento enfrentado. A sua libertação,
niciaram às pressas a ajuda militar dito à história da "invasão" de EI Sal sião, que pode ser simplesmente a porém, não nos deve fazer esquecer
suspensa em dezembro como represá vador por "mercenários nicaragüen- próxima ofensiva dos guerrilheiros,
lia ao massacre de missionárias norte- ses" e acabou afirmando que a decla que as origens mais profundas do seu
fortalecidos moral e materialmente sofrimento estão numa política exter
americanas pelos órgãos de segurança ração de seu governo se situava entre pelas vitoriosas operações da semana
da junta. Praticamente no mesmo ins aquelas declarações apressadas que na norte-americana que colocou o xá
passada em todo o país. Reza Pahlevi no poder, em Teerã,
tante em que se informava esta deci "não se ajustam à realidade". Neste compasso de espera, o presi
são. assessores militares, helicóptero? Não suportando a comédia, que no muitos anos atrás. Estão no autorita
dente da junta, Napoleão Duarte, pro rismo e ha rapinagem do falecido xá.
para transporte de tropas e seis mi fundo é uma tragédia, o embaixador move um festival de demagogia, dei
lhões de dólares em material bélico de El Salvador na Nicarágua, Rober E estão na herança de autoritarismo
xando-se fotografar tomando sorvete que leva os iranianos a apelar para a
chegavam a EI Salvador. Tudo feito to Castellanos, e toda a sua equipe com crianças na rua e publicando fotos
com enorme presteza, a fira de apoiar anunciaram que abandonavam o pos de mulheres e crianças que oferecem
violência, diante de dificuldades políti
a junta sanguinária quando suas difi to diplomático para se incorporarem café e doces aos soldados... É a cam
cas maiores, tomando iniciativas como
culdades materiais e seu moral atin à luta popular contra a junta, acusan panha de "humanização" das forças
esta, recorrendo a métodos lamentá
giam o ponto mais baixo. do-a de "governar com sede de san veis como o seqüestro de uns poucos
armadas, que só ano passado massa
-Ao mesmo tempo, para justificar gue". O embaixador Castellanos dis craram mais de 10 mil pessoas.
e humildes funcionários diplomáticos,
esta e outras intromissões vindas da se: "A luta em El Salvador é de um para fazer valer seus direitos.
(Í.M.F.) (Valéria Ghioldi)

-( internacional y y
De 23/01 a 29/01 de 1981

Jornalista e deputado estadual,seus discursos,agora reunidos Rigor teórico e


em livro,registram uma firme e vigorosa atividade parlamentar pluralismo, base
da revista "Temas"

Fernando Morais, um Com a publicação do número 9, Te


mas de Ciências Humanas consegue al
go de raro na vida editorial deste paísi
completar quatro anos como uma re
vista teórica marxista, isto é, corno uma
publicação que pretende problematizar

gladiador na política as questões postas pelo real e contri


buir na orientação da práxis das forças
que apostam na democratização da so
ciedade brasileira.
É de se observar um esforço de Temas,
De onde estivesse. Suas palavras me principalmente, em seus últimos núme
Rodolfo Konder levavam carinho e informação, numa ros, em conjugar rigor teórico e perspec
SOCOS hora em que isso era oxigênio para tiva pluralista, como uma publicação
Fernando Morais, antes de ser que pretende intervir na complexa ba
mim. Antes eu o tratava de guru; a talha das idéias travada no país. Ora,
deputado, antes mesmo de ser jorna partir dessa época, passei a tratá-lo de isto só é possível na medida em que se
lista, é um gladiador político. Um irmão. delimita, em um primeiro momento, o
homem de ação, que vive em com Ele se tornou vice-presidente do Sin lugar da reflexão teórica no interior da
bate permanente. Com sua espada e práxis social, ou seja, na medida em que
dicato dos Jornalistas, lançou-se can são levadas em conta as mediações en
sua rede, ele está sempre investindo didato a deputado estadual. Regressei tre reflexão teórica e práxis política.
contra as injustiças sociais, os fortes a tempo de participar de sua campa A isso se conjuga, necessariamente,
e os opressores. Poderia ter optado nha — e de vê-lo se eleger com 50 uma concepção do legado teórico de
por uma vida tranqüila, anos atrás. mil votos. Hoje, é um dos deputados Marx que recusa, radicalmente, as for
Quando o conheci, já era um jorna mas de dogmatismo teórico herdadas do
mais ativos e respeitados da Assem stalinismo, e abarca a vitalidade, a mo
lista respeitado — era- grande parte bléia Legislativa de São Paulo. Está dernidade do método dialético em sua
pelas reportagens combativas que es nas ruas, nas praças, nos comícios, diversidade e pluralidade de posições.
Fernando Morais, Socos na Porta. SÍo
crevia. Antes disso, porém, tivera nas concentrações. É um dos grandes Antonio Gramsci c Palmiro Togliatti
Paulo, Alfa-Omega. 1980, 160 págs.
tudo para evitar os riscos do comba gladiadores do PMDB no Estado. E abrem o n.° 9 de Temas, cora o ensaio
te: filho de pai rico, a sociedade lhe "A situação italiana e as tarefas do
bando-as. As pessoas foram buscar, seus discursos são testemunho inequí PCI", escrito em 1926 e também conhe
oferecia quase todas as regalias com voco disso. Para quem não os conhe
que sonham os jovens de classe mé no livro do jornalista, as informações cido como "Teses de Lyon", referenda
que ninguém mais lhes dava sobre a ce, Fernando lançou Socos na Porta, das pelo III Congresso do partido ita
dia. em troca de bem pouco. Fernan livro que reúne os pronunciamentos liano. De João Agostinho dos Santos
ilha de Fidel Castro. Resultado: .17 temos o fragmento de uma tese sobre
do resistiu. Começou a trabalhar aos
edições esgotadas. feitos ao longo de um ano de luta a obra do fundador do PCI: "Gramsci:
13 anos, como repórter de um jornal parlamentar.
As mesmas mãos tenazes que assas Ideologia, Intelectuais Orgânicos e He-
de bairro, em Belo Horizonte. Em gciiioiiíu". Dub mjuiiuiiilblaâ Luí^ Gon
1965, veio para São Paulo; ficou um sinaram nosso amigo Vladimir Herzog "Os discursos cunslanlcs uesle vo
lume", diz o ex-governador de Per zaga de Mello Belluzzo e Maria da Con
ano na Gazeta, transferindo-se então e me trituraram com choques elétricos, ceição Tavares aparece o belo artigo
em 1975, estlcaram-se também na di nambuco, Miguel Arraes, no prefácio, "Capital Financeiro e Empresa Multina
para o Jornal da Tarde. Em 1970, "são denúncias da'realidade nacional
ganhou o Prêmio Esso pela série de reção de Fernando Morais. Felizmen cional". Merecem destaque ainda uma
reportagens "Transaraazônica" (edita te, não "conseguiram agarrá-lo. Ele e do dla-a-dia paulista; análises de te entrevista de Georg Lukács sobre sua
prosseguiu em seu trabalho, no Aqui mas tão atuais e amplos como o direito vida e sua obra, concedida em 1969 a
da em livro pela Editora Brasiliense). Perry Anderson, e os textos do mexica
São Paulo, em Veja, no Repórter Três de greve e o escândalo das mordomias.
Quatro anos depois, trabalhamos lado no Jaime Labastida, "Marx: Ciência e
a lado na Visão de Henry Maksoud. e em Status. lamais se afastou da luta, Estão presentes nestes pronunciamen Economia Política", de Luiz Wcrneck
sempre ativo e solidário. A solidarie tos o destemer e a vigilância que de Vianna, "ABC 1.980: A dura luta pela
Foi quando nos tornamos bons amigos. conquista da cidadania operária" e de
dade, aliás, é um dos traços mais mar vem caracterizar a atividade dos polí
Na redação de Visão vi como Fer Nelson Werneck Sodré, "Contribuição
cantes entre os grandes gladiadores po ticos populares." De fato, Fernando se
nando combatia. Brigava com rara co à História do PCB. Infância", além dos
ragem por suas matérias, porque acre líticos. E eu sei muito bem como Fer tornou um político popular de primei artigos de Ricardo Antunes sobre o sin
ditava na qualidade do seu trabalho, nando é um ser solidário. ra linha. Socos na Porta é o retrato de dicalismo brasileiro dos anos 30 e de
profissional. Vi como brigou por sua Depois que deixei o país, em feve uma das facetas desse gladiador. Mos Benedicto Artur Sampaio sobre a psi
tra-o na tribuna. Com a ajuda de asses quiatria, (Carlos Eduardo Machado).
fantástica reportagem sobre Cuba. A reiro de 1976, para viver os três anos
direção da revista vetou a matéria — de um segundo exílio, alguns amigos sores e amigos, como Márcio Valente
e ele a transformou num livro fabu praticamente desapareceram da minha e Carlos Alberto Dória, ele brande Constituinte de
loso, que já vendeu 150 mil exempla vida. Fernando, ao contrário, foi dos algumas das melhores armas do seu ar
res no Brasil, sendo publicado tam poucos que se tornaram ainda mais senal. Ali estão o talento do escritor, 46 e Estado Novo
bém no México, Espanha, Venezuela, presentes. Rara era a semana em que a indignação do político autêntico, a
Argentina, Alemanha e Itália. Numa eu, isolado no distante frio canaden generosidade do combatente infatigá- são tema de livro
época em que ninguém falava sobre se, na ilha gelada de Montreal, não vel. E a coragem do repórter, do vete
Cuba. Fernando investiu contra essas recebia carta do amigo. Às vezes, tele rano jornalista de tantas batalhas e Hoje é fácil constatar a ausência, no
fonava. De São Paulo ou de Havana. cicatrizes. Brasil, de uma sólida tradição de inves
muralhas de silêncio e medo, derru- tigação histórica. Apesar de todo o
avanço da pesquisa científica entre nós
nos últimos anos, ainda conhecemos
pouco a história da formação social bra
te, Quiocas Borba, de Machado de brasileira e apresentam uma expressi sileira, e em particular a trajetória de
Cuba edita Assis. va sensibilidade no domínio da esté nossos movimentos políticos e sociais.
O que mais impressiona nas edi tica marxista. Desta precariedade não escapam nem
ções cubanas — ao lado do conheci mesmo os comunistas — donos de uma
romances do baixo preço de capa dos volumes As edições cubanas permitem à lite certa tradição de investigação científica,
mas ainda carentes dc uma reconstrução
— é o grande cuidado com que os li ratura brasileira marcar um tento, na da vida e das idéias de seu partido, o
brasileiros vros são apresentados. Paralelamente medida em que alguns de seus mais PCB.
É por isso que não se pode deixar de
a certas preocupações elementares importantes autores têm seus livros
elogiar a iniciativa de João Almino de
(impressão, capa, encadernação), os divulgados mais amplamente entre os analisar os discursos dos constituintes
Alguns dos maiores escritos brasi livros são acompanhados por bem ela povos latino-americanos. E põem a nu de 1946 e o contexto em que aluaram
leiros podem ser lidos regularmente boradas introduções, com dados bio- os equívocos que cercam a política — análise importante não só por estat
em Cuba. Desenvolvendo um impor bibliográficos dos autores e informa externa de certos governos — entre a Constituinte na ordem do dia hoje.
tante projeto editorial — de inegáveis Seu livro. Os Democratas Autoritários,
ções sobre as obras, situando-as no OS'quais o brasileiro —, que buscam recentemente lançado pela Editora Bra
reflexos positivos na integração entre contexto histórico e literário brasilei isolar o governo e o povo de Cuba do siliense (SP), nos oferece rico material
os povos latino-araericanos —,as Edi- ro. Maria Poumier, Lázaro E. Lazo e convívio entre as nações do Continen informativo — infelizmente não acom
cíones Huracán, de La Habana, têm Virgílio López são os responsáveis pe te. Editando os autores brasileiros, os panhado de uma análise do mesmo qui
colocado nas livrarias cubanas, desde las introduções dos romances de José late — sobre os anos finais do Estado
cubados dão uma demonstração de Novo e sobre o curto período de liber
1977, livros como Vidas Secas, de Lins, Graciliano e Machado, respecti abertura e de preocupação com^ as di dades democráticas que a ele se seguiu,
Graciliano Ramos, Cangaceiros, de vamente. Demonstram conhecer e es versas manifestações culturais da ^ (MAM)^
José Lins do Rego e, mais recentemen tudar a história da moderna literatura América Latina.

C CULTURA
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De 23/01 a 29/01 de 1981

Sucesso de crítica ede público,sua obra é hoje uma das grandes expressões da melhor
literatura brasileira. Nela se mesclam, com originalidade e emoção, as lutas cotidianas
e da mulher^ a teologia da libertação e uma forma muito especial de pensar a política

Adélia Prado: a beleza de uma


poesia feita com versos mágicos
A poesia de Adélia Prado ê, sem dúvida, o grande acontecimento literário de fé. A religião, o cristianismo não me situação de opressão. E se você refletiu
amarra, é o que mais me liberta. Quando sobre a palavra de Deus, é evidente que
destes últimos anos. Seu primeiro livro, Bagagem, publicado em 1976, impôs-se vejo um partido exigindo fidelidade parti você vai partir para uma ação libertadora
como obra de artista adulta e original, o que os posteriores Coração Disparado, dária... E de arrepiar, dá para você ter do homem. Como libertar o homem? Ê
Solte os Cachorros e Cacos para um Vliral só viriam confirmar. sarampo." evidente que você tem de ter uma atitude
Sucesso de crítica e de público, a obra de Adélia é hoje contemplada com A afirmação de que a religião é o política mesmo c às vezes até partidária.
ópio do povo está definitivamente superada? Esse partido responde pela libertação do
a rara honra de figurar à cabeceira de muitos leitores bissextos de poesia que, "Tudo pode se tornar ópio; a religião, homem? Então vou nesse."
graças a ela, redescobriram ou descobriram, enfim, o prazer do texto poético. a arte, tudo. Hoje ninguém pode concordar — Você é professora de educação reli
Na presença da emoção e do sentimento abertamente pessoal, no clima com isso em sã consciência. Na Igreja do giosa em escola de 1." grau; o que há de
mágico de seus versos, na força vital da sua poesia religiosa está a explicação. Brasil, pelo contrário, ela está sendo o grito errado com as nossas escolas? Em Solte
do povo. Enquanto a Igreja, como institui os Cachorros você ora a Deus que proteja
Adélia é mineira de Divinôpolis e lá fomos conhecê-la e ouvi-la por as crianças do seu mal...
ção humana, esteve aliada aos poderosos c,
Voz da Unidade. Bonita, simples e desembaraçada, anunciou para breve um por causa disso, deixou o povo ignorar seus "Escola e café velho são ruins demais...
novo livro — Terra de Santa Cruz — e manifestou-se com inteligência e direitos, não lutou com ele, porque isso No país, a instituição mais opressora, po
humor. (Marilena Vianna). implicava em perder privilégios com o po dre. alienante, é a escola. £ o lugar mais
der temporal, evidente que ela foi o ópio do grosseiro e boçal que tem. Você vê aqueles
povo. E toda religião que não libertar o menininhos. naniquinhos, que não crescem
Divinôpolis não é muito estreita, não re. nunca, estudando "ingrês". A divisão do
prcsenta nenhuma limitação para você? homem entorpece mesmo, me faz caminhar
com uma perna só. A verdadeira religião currículo é a coisa mais esquizofrênica que
"Nao, de, jeito nenhum. Pelo contrário. existe. Na escola é tudo falso, é igualzinho
Acho que ainda é um espaço humano mes é a que me assume a corporalldade, a minha
carne, a minha precisão de comer, de ves a lata vazia com uma gotcira batendo em
mo, que ainda sobra pra gente, fora das cima. E os diplomas, os diários de classe
metrópoles já enlouquecidas. Eu gosto de tir e de morar. Mas além disso me aponta
alguma coisa a mais, a ressurreição, a vida perfeitos, matérias lançadas. O ensino mais
roça. de lugar pequeno, gosto mesmo de desumanizado, os professores azedos... É
verdade. Acho que a felicidade humana, o futura. O programa de progresso maierial
qualquer humanismo, qualquer marxismo claro que estou generalizando, mas certas
céu, é uma coisa pastoril, agropecuária. Esse generalizações são justas. Eu falo isso sem
lipo de situação geográfica e humana, esse pode levar adiante, eles têm também uma
proposta de salvação do homem. Os parti dor de consciência. Em relação à escola,
ar çampesire... Aqui em Divinôpolis eu eu torço para que ela fique mais podre,
tenho o mundo inteirinho à mão. Não é a dos políticos, o marxismo, os ismos todos
compõem a salvação do homem. Mas a fedorenta, horrorosa, para ela arrebentar.
viagem, não é a posse do lugar geográfico A escola está em crise, a família, tudo assim.
que mc dá a visão, o mundo. Vncê pode Igreja luta pela libertação aqui e dá um
passo a mais, E é aí que ela me completa. Mas cu espero com ícivor "o apocalipse...
estar perdido lá onde ludas perdeu as bo £ como diz o Guimarães Rosa; se Deus
las que não tem importância nenhuma. De Eu quero ser feliz não só aqui não. Eu
morro, e depois? Não tem a menor graça vier, que venha armado, que a coisa tá
pende do fato de você ser aberta para o
mundo, ou não. Tem gente que está no morrer, faz mal para a saúde." feia mesmo." ,
— A sua poesia religiosa tem uma clara — Seus versos soam espontâneos, pare
centro de Paris mais alienado do que uma
porta. vinculação com a Igreja moderna, com a cem ter sido escritos sem sofrimentos for
Teologia da Libertação; qual o fondamento mais; é assim o seu processo de criação?
Criou-se um certo folclore em tomo da "É assim... o negócio está me incomo
evangélico da Teologia da Libertação?
sua condição de mulher, mãe, dona-de-casa Adélia Prado; mulher e poetisa dando e desincomoda, eu me desíncomodo
"A Teologia da Libertação é a criação
e poetisa; Isso te desagrada? daquilo escrevendo o poema. As vezes ele
do Reino de Deus aqui neste mundo. Jesus
"Não, não é que me desagrada, É isso vem inteirinho. às vezes não, E quando eu
que eu sou: dona-de-casa. Eu achava graça, mente não pertenço a organizações femi quando fala do Reino de Deus nas pará
bolas diz: "O Reino de Deus, a casa de começo a mexer demais, largo. Não sou
mas na situação do leitor reagiria da mesma nistas."
muito de ficar fuçando no texto não. En
forma. Nossa! mas ela é dona-de-casa, tem — Você diz ter aversão a filiações, mas meu Pai, é semelhante à casa de um pai
de família num grande banquete." É sempre fim, meus textos não são elaborados, é isso
filho e faz poesia... Dava um certo susto ser cristão não é uma forma de engajamen
a idéia de mesa farta, comida, gente feliz que eu quero dizer, no sentido artesanal,
nas pessoas. Muita gente acha que o poeta to, não é uma bandeira?
não sou artesã e por causa disso muita
ou escritor escreve 24 horas por dia. Pode "Esse engajamento é o engajamento do em volta da mesa. Esse Reino de Deus que
ser que até ocorra isto. Mas comigo não. ser humano consciente de que é um ser nos está prometido assim tem de ter um gente me olha de nariz torcido, eu sinto
Escrever para mim é uma atividade paralela político e social, que tem deveres para com sinal concreto aqui. Agora mesmo estamos isso. Eu li certas críticas e parecia que o
ao fato de cuidar de casa. de menino, de a comunidade. Mas isso não o obriga a trabalhando no tema Saúde para Todos, crítico tinha gostado do livro, mas não
preocupações corriqueiras e imediatas de filiações de caráter partidário. Eu adoro da Campanha da Fraternidade. Se alguém estava se permitindo gostar direito. Ele que
qualquer mãe de família. Não faço essa dife eleições, é uma festa, mas não vou per preconceituoso o lê, vai pensar que se trata ria dizer, em outras palavras, que era um
rença." tencer a nenhum partido. Isso amarra de mais de um programa político do que evan texto rombudo, mal feito. Mas para mim é
mais." gélico. Contamos com pesquisas sobre mor o mais bem feito que consigo. Eu só tenho
— Você tem aderido às recentes mani
— Mas a Igreja também é uma organi talidade infantil, endemias, distribuição da uma preocupação: aquilo que estou sentin
festações da mulher mineira contra a vio-
zação... renda, moradia, educação. Essa situação é do, a emoção, deve transparecer de modo
tência machista; você participa efetivamen mais perfeito no poema. A minha preocupa
te do movimento feminista? "Como instituição humana é. Mas ela tomada e refletida por nós cristãos. Nos
transcende a organização humana. Ela é profetas, no Evangelho, no Antigo e no ção é esta e não com a "palavra". Isso
"Não participo como feminista registrada, para certas pessoas causa um embrulhamen-
numa bandeira, num grupo organizado. Eu uma realidade espiritual, uma comunidade Novo Testamentos, há respostas para essa
to no estômago, uma coisa ruim."
tenho uma natural reserva contra partidos, — Você escreve isolada, ou em meio à
bandeiras... Acho que o tinico adjetivo que bagunça natural da casa, as pessoas circu
assumo sem nenhum prurido é o de cristão.
lando...
Porque acho que o cristianismo é a mais Ensinamento "Todo mundo circulando, tudo tem de
funda proposta de humanidade, por ser uma
proposta de salvação, progresso de vida, de Minha mãe achava estudo circular, o sangue, o povo..."
— Mas você não está circulando ainda
oídem espiritual, é também a coisa mais a coisa mais fina do mundo nas esferas acadêmicas...
humana que eu conheço. Há uma identi "Não é minha culpa, meus poeminhas
dade entre ser humano e ser cristão. Então, Não é.
estão aí. Aliás, se me deixassem eu ia pra
isso para mim não é ura partido, não é uma A coisa mais fina do mundo é o sentimento. uma rádio ler poesia para o povo. Adoro
seita, 6 pertencer àquilo que me é mais na
tural. Agora^ ser PDS, ou ser isso, ou ser Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, isso, sempre que posso faço isso."
— Quai a noção que você tem do seu
feminista, ou o que for, já me dá um certo ela falou comigo: público?
constrangimento. Fico constrangida de me "Coitado, até essa hora no serviço pesado." "A repercussão dos meus livros é muito
dizer "feminista". Parece que quando falo maior em matéria de leitor do que de crí
"sou feminista" não sou do partido do ho
mem, nao sou do masculino. Eu quero que
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente. tica. Há pessoas que me escrevem dizendo
o ser humano se promova. Mas entendo per Não me falou em amor. que não liam poesia há muito tempo. Deus
feitamente, num momento histórico, as mu conserve... E isso me dá a maior alegria.
Essa palavra de luxo. Âs vezes as pessoas não entendem muito
lheres empunharem bandeiras e se agrupa determinado poema, Mas a arte não pre
rem. Sou feminista ao meu jeito, como pro Extraído da segunda adição de Bagagem.,Nova Fronteira, Rio, 1979.
fessora, como mãe, como gente. Simples- cisa se entender, ela tem que te cutucar.
V Cutucou, pronto. Cumpriu a missão."

C CULTURA
>
De 23/01 a 29/01 de 1981

Paralelamente ao crescimento do repúdio à poluição, à violência urbana e à


degradação das condições de vida, a «questão ecológica» começa a emergir
no bojo das lutas populares. Mas o debate ainda não pegou

Ecologia: questão a ser


discutida por toda a sociedade
Desde há alguns anos, lentamenie, Marco Aurélio Nogueira do Brasil, aquela batalha se
insere ainda na luta pela
um falo novo vem surgindo e participação do povo nas decisões
ganhando melhor definição na
de interesse nacional e popular,
sociedade brasileira. Primeiro de
uma maneira tímida, difusa,
ou que afetem a qualidade da vida
circunscrita à ação de pequenos e a segurança dos cidadãos.
Em outros lermos, a bai;-;lba
círculos de "naturistas". Depois,
ecológica também é paru. inegrante
iá no ano passado, de maneira mais
sólida, envolvendo parcelas mais
(jií da luta pela democratização do país.
significativas da população, quando Tem que ser, portanto, bem
o programa nuclear brasileiro compreendida. Devemos enfrentá-la
começou a sair do papel, com o sem confiar em mobilizações
anúncio governamental da instalação espontâneas, mas sem esperar que
CtUSE
de usinas.
q povo esteja organizada para
BKHK
começar a agir. E sem preconceitos
O fato novo começou a correr
estreitos, sectários e dogmáticos,
paralelo ao já antigo c crescente
processo de repúdio à poluição, do tipo daqueles que ficam repelindo
não ser a batalha em defesa do
à violência urbana, à degradação
meio ambiente uma causa de
do meio ambiente c das condições
interesse popular ou mesmo operário,
lie vida. No entroncamento,
emergiu, a "quesiãu eeulOglea" — npvemns vincular a "qiiesfãn
ecológica" às demais questões
produto puro do cfescnvoivimento que estão hoje na ordem do dia
capitalista brasileiro (com todo o
seu cortejo de exploração, violência, das forças democráticas.
depredação c miséria) e do avanço Exatamente por isso, não podemos
da liiiii pela participação do povo elegê-la como a principal, como a
na construção da vida nacional. que — pelo seu falso aspecto de
É claro que não deixaram de "questão apolítica" — mais mobiliza
aparecer os defensores do e sensibiliza a população e encontra
"progresso" e do Brasil Grande maior receptividade junto aos
Potência, os amantes do programa meios de comunicação.
nuclear, os que torcem o nariz diante Hoje, se quisermos despertar e
de qualquer ponderação sobre organizar a opinião pública para
custos sociais e recursos reais do a defesa da valorização do meio
país. Eles, entretanto, apenas ambiente e contribuir para a
reproduzem o traço dominante formação de uma forte "consciência
a O ecológica" no Brasil, não podemos
da história brasileira; querem que
o país se modernize conservando O n a perder a perspectiva da política.
o atraso (a miséria, a subnutrição, Temos que começar reconhecendo
a mortalidade infantil, o que a batalha ecológica no seu
analfabetismo) e excluindo o povo a sentido amplo só trará resultados
das decisões e dos benefícios da a concretos se inserida na luta mais
modernização. Não falam para o geral pela democracia, pela
futuro, repisam o passado.
D intervenção organizada da comunidade
a
Os protestos ecoiogistas tendem através de suas associações, de
a SC avolumar. Apesar deles, D seus sindicatos e partidos — nos
entretanto, não parece que a destinos da sociedade. Temos que
população brasileira já esteja ganha afirmar, alto e bom som, que já
para a causa ecológica em toda a não é mais admissível decisões que
sua amplitude. Não há ainda no afetarão nossas vidas e nosso
país uma "consciência ecológica" bem-estar — como a relativa,
suficientemente forte para permitir por exemplo, à instalação de usinas
uma ação de massa no sentido nucleares — serem tomadas por
da formação da opinião pública, um pequeno grupo de tecnocratas
do protesto eficaz e da possibilidade iluminados, sem qualquer consulta
de derrota de planos nucleares à Nação, sem qualquer participação
antínacionais e antidemocráticos. popular.
Mas o germe desta consciência Desta forma, estaremos interferindo
já existe, posto pela própria de maneira mais eficaz na
dinâmica da vida brasileira, e não organização de nossas cidades e de
se pode desprezar qualquer esforço Precisamos ter claro que a de uma sociedade mais justa, mais nosso espaço e, também, atuando
voltado para o seu crescimento e batalha ecológica integra a luta mais humana, mais respirável, menos no sentido de conquistar
para dotar as forças democráticas ampla por uma vida condigna tensa e poluída — o que, todos definitivamente nossa plena
de programas específicos a e sadia, pela valorização da existência sabemos, exige uma transformação cidadania, nossa autodeterminação
respeito. social e, assim, pela construção social profunda. No caso particular como membros da sociedade.

N c ESPORTES
>
No aniversário
do lAB, a arte
de Artigas
da unidade Para ele, o arquiteto deve
atuar com os olhos nos
DIRETOR RESPONSÁVEL: Henrique Cordeiro
problemas populares
SÃO PAULO, DE 30 DE JANEIRO a 5 DE FEVEREIRO DE 1981 - ANO 11 - N.® 43- Cr$ 30,00
págs. 8 e 9

I I

È pjosiiiva á a^5o-das cúpulas o


cm luisca da consolidarão da aSR^av
delJ^ri»<K:íarõt'S e rornpioinií»iíM®illa:
heleno suí csso SC a!>rii caniínlio-fiata
^atei-veiicâo organizada dàs grandes

Aventuras imperíalistas
O carnaval que se faz na volta
dós ex-reféns aos Estados Unidos
diplomáticos americanos em anjos.
(Ocorre assinalar, entre
imperialismo e dos interesses de
outros países capitalistas na área do
demais dizer que muito
contribuíram para este fracasso as
tem um pouco o ar de contas parêntesis, que tomar reféns é um petróleo, mas fundamentalmente propostas que Leonid Brejnev,
acertadas entre o governo ato desumano, politicamente porqi/e a política de paz e distensão em sua recente visita à índia,
Reagan-Carter e os banqueiros. injustificável. Mas ocorre pregada e aplicada pela União enunciou em nome da paz mundial.
Feito o balanço, verificaram que constatar, também, que diplomacia
há lucro em dólares. O bloqueio dos Soviética deteve as forças de Dirigindo-se. aos EUA e às demais
americana e espionagem, agressão. potências ocidentais, o dirigente
bens iranianos pelos Estados hoje em dia,
Unidos permitiu aos bancos O imperialismo não pôde soviético propôs — numa clara
se misturam de maneira total e
utilizar à vontade as riquezas completa, como sabemos nós e como intervir militarmente no Irã, como demonstração da política
acumuladas à custa das dores e do sabe o general Vernon Walters). pretendia. Há uma nova relação distensionista da URSS — a
sofrimento do povo iraniano pelo de forças no mundo, representada assinatura de um acordo
O que está sendo
xá — acumuladas, convém lembrar, pelos países socialistas. A política estabelecendo, como fundamentais,
deliberadamente ocultado por de agressões coloniais, em nome
por sua própria conta e por conta a não criação de bases militares
detrás desta parafernália de "interesses vitais", encontra
do imperialismo norte-americano. hollywoodiana é que o imperialismo estrangeiras e a não instalação dt
na estratégia de paz e distensão armas nucleares na região, o
Além disso, como a imensa fortuna sofreu, depois da insurreição da União Soviética seu maior abandono do recurso à força e da
não foi devolvida por inteiro, o iraniana e da justa intervenção ponto de resistência. interferência nos assuntos internos
motivo de júbilo festivo mais se soviética no Afeganistão, uma nova
justifica, tanto mais que os reféns Assim, caíram por terra — ao dos países do Golfo,
derrota no Golfo Pérsico. E ela menos por ora — as aventuras
estão transformados em heróis, o respeitando-se
ocorreu em virtude não apenas das neocolonialistas de Reagan-Carter
xá em vítima e os funcionários contradições próprias do o estatuto do não-alinhamentó
no Golfo Pérsico. E não será por eles próprios escolhido.
da unidade
De 30/01 a 05/02 de 1981

CARTAS Assinaturas
«Memórias» de Paulo Cavalcanti,um êxito total São Paulo 589

Ainda o livro Rio de Janeiro 186


Primeiro foi em Recife, rias políticas, O Caso eu ra em terceira edição. Pernambuco 97
de Jean Kanapa às vésperas do Natal. 450 Conto como o Caso Foi Além da dimensão políti 78
Bahia
livros autografados, prati (Recife, Ed. Guararapes). ca e inlelectual de Paulo
Minas Gerais 58
"Soiidarizamo-nos com a Cavalcanti, e de seu gran
camente todas as Expres Ao ato, realizado no dia 44
atitude dos companheiros
sões da frente democrática 24 de janeiro, na Associa de prestigio, o ê.xito se ex Paraná
intelectuais do Rio de Janeiro plica pelo próprio caráter Rio Grande do Sul 41
que repudiaram a medida presentes, a começar pelo ção Cearense de Impren
de suas memórias: elas Mato Grosso do Sul 38
tomada pelos organizadores da líder comunista Gregório sa, compareceram, entre
Coleção "Voz Operária", de outras personalidades da trazem à luz um depoi 22
Bezerra. Compareceram Amazonas - '
suspender o folheto de Jean mento belo e vigoroso, re
Kanapa. "O Movimento Miguel Arraes, Marcos vida política e cultural Goiás 18
cearense, o prefeito de flexo de uma trajetória de
Comunista Internacional Freire, Jarbas Vasconce Outros Estados 47
Fortaleza, Lúcio Alcânta luta e combatividade. São
Ontem e Hoje" (VU, n." 41). los, Pelópidas Silveira, os memórias que emocionam, Exterior 21
ex-minisiros da Agricultu ra, o senador Mauro. Be-
"Tal medida demonstra o quão convidam à reflexão e dão TOTAL 1239
distante estamos de extirpar de ra .Armando Monteiro e nevides, Américo Barrei
uma verdadeira aula de
nosso seio o velho ranço Osvaldo Uma Filho, os ra, presidente do Cebra- história do Brasil, em par
sralinista. de ver no livre deputados federais Rober de, deputado Castelo de
debate uma ameaça à causa ticular da história do PCB
to Freire, Cristina Tava Castro, líder do PMDB
socialista.

"No momento em que todos


res, Fernando Lira, Fer
nando Coelho e Carlos
na Assembléia Legislati
va. Natividade Cartacho,
e da participação dos co
munistas em nossa vida po VOZ Wda
da unidade
unid
os democratas se comprometem presidente do Sindicato lítica e cultural.
publicamente com a defesa Wilson (este do PP), di
dos Bancários e o verea
Neste segundo volume
intransigente da democracia, da versos deputados estaduais — que cobre o período DIRETOR RESPONSÁVEL;
liberdade de organização e e vereadores, líderes sin dor José Maria de Alen Henrique Cordeiro
expressão, este fato afronta os entre Í964 e os nossos Reg. Prof. n." 8.955-RI
dicais e representantes de car. Na ocasião, foram au
próprios ideais pelos quais dias, denuncia os horrores CONSELHO DE DIREÇÃO;
combatemos. entidades profissionais e tografados cerca de 200 li Lindolfo Silva
da ditadura e culmina na
culturais. Um aconteci vros. Teodoro Mello
"Indignados e perplexos, atual crise do PCB e na EDITOR;
fazemos nossas as palavras dos mento político de primei dissidência de Prestes —
É fácil compreender a Gildo Marçal Brandão
citados missivistas." ra ordem. reafirma-se com clareza a SECRETARIA DE
Coletivo da Pós-Graduação Agora, após percorrer imensa repercussão do li REDAÇÃO:
d.i Universidade de vro de Paulo Cavalcanti, marca registrada das me
diversas 'capitais e cidades Ruth Tcgon
hão Paulo que já vendeu mais de 2 mórias políticas de Paulo CONSELHO EDITORIAL:
do Nordeste, o escritor
Cavalcanti: "um livro on São Paulo: Antonio Gaspar. Ar
Paulo Cavalcanti lançou mil exemnlares. repetindo mênio Guedes, Cláudio Guedes,
o amplo sucesso do pri de o povo, mais do que o
em Fortaleza, com igual autor, é o seu grande per David Capisirano Filho. Emílio
Tecendo elogios repercussão, o segundo meiro volume, lançado há Bonfante Dcmaria, Francisco Al
cerca de dois anos e ago
sonagem". meida. Leny Laineiii, Luiz Arluro
volume de suas memó
à Voz Obojes. Marco A. Coelho Filho,
V. Marco Aurélio Nogueira. Marco
Damiani. Marco Moro. Nilton Ho-
com mtiira satisfação que riia, Pedro Célio. Rachel Soares.
venho ate V.Sa. para elogiar o ciedade após séculos de ex ro em agosto de 1980 com Voz debate Rcinaldo Beliniani. S. Ramos.
jornal de sua edição, o Voz da ploração colonial, e o papel o vice-ministro da Saúde de Rio: Agenor de Andrade. Carlos
Moçambique e as entidades violência Alberto Lopes. Carlos Nelson Cou-
Unidade. desempenhado por esse país tinho, Ivan Ribeiro. Leandro Kon-
"Na minha opinião é um jornal no contexto da África Aus médicas de São Paulo; o se der, Leo Lince, Luiz Wcrncck
que luta contra o modo de agir gundo em novembro, com o RIO — Glsálio Cerqueira, Vianna. Mauro Malin. Nemésio
tral, c o que pretende a
de nosso governo, segundo as Abrasso. Associação Brasilei reitor da Universidade Eduar sociólogo e estudioso da Stillcs, Rogério Marques Gomes.
linhas de Prestes, que c o único
ra de Solidariedade ao Povo do Mondlane daquele país. questão da violência^ e Jô Teresa Otioni.
comuna autêntico brasileiro REPRESENTANTES:
Moçambicano, criada recen Brevemente a Abrasso lança Resende, presidente do Con
(dirigente voi>'.>inis[al. pois é um Manaus — Rui Brito da Silva
dos poucos que segue a linha temente. A Abrasso solidari rá seu boletim com a palestra selho de Representantes da Rua Turumã. 1061
soviética e praticamente o único do reitor da UEM, além de Federação de Associações de Belém — focelyn Brasil
za-se nessa luta pela constru Rua Tamotos, 1592
dos antigos dirigentes políticos textos relacionados com os Moradores do Estado do Rio
que SC manteve fte! ao partido, ção de uma nova sociedade, de laneiro (Famerj), estarão tel.: 222-7286
na Inta anticolonial, contra o temas de saúde e educação. São Luís — Maria Aragão
desde há muito tempo até os dias debatendo na sexta-feira, dia
aiuais. racismo, o "apartheid" e as Neste ano a entidade preten Rua De Santana. 189
demais formas de exploração de desenvolver uma série de 50, às 20 horas, o problema tcl.: 222-5181
"Toda semana compro o jornal encontros culturais, com pa da violência nos grandes cen Recife — Paulo Cavalcanti
"Voz" nas bancas e venho e opressão. Rua do Hospício • Edif^ Olímpia
lestras c projeção de filmes tros urbanos, particularmen sala 709
lendo no ônibus, no serviço e em
qualquer lugar, pois não posso produzidos em Moçambique. te no Rio. O debate se reali Londrina— lussara Rezende
Procurando estreitar os la
me separar mais do Voz. O endereço da Abrasso para zará na Rua General Muniz Goiânia — Elias Moreira Borges
ços de amizade e cooperação Freire, 60, sob a promoção Belo Horizonte — E. Garcia
"Só tem uma coisa: não estou entre brasileiros e moçambi- correspondência é rua Au Rua da Bahia. 1148, conj, 1640
muito a fim de ficar indo e vindo canós. a entidade já promo gusta, 555, sobrcloja, São do Núcleo de Apoio à Voz Brasília — Paulo Afonso
a bancas para comprá-lo c Paulo (SP). da Unidade da Zona Norte. Brhcarcnsc
portanto quero uma assinatura
veu dois encontros: o primei Florianópolis — Nildo José Martins
dele.( . ) Porto Alegre — João lí. Avelino
Fortaleza — Caboclinho Farias
"Sem mais assuntos por hoje, Salvador — H. Casaes c Silva
termino esta desejando um 1981
bem mais feliz do que a festa da
Leia e assine Voz da Unidade R. Conde Pereira Marinha, 38 —
Garéia
Voz. OK? Santos — S.P.
]oão Woloszynek □ Anual de apoio (52 números consecutivos) . . . . CrS 3.000,00 Rua Conselheiro Nébias, 368-A,
São Paulo — SP sala 511
□ Anual Simples (52 números consecutivos) . . . . CrS 1.500,00 Taubaté — SP — Dalton Moreira
CORRESPONDENTE
□ Semestral Simples (26 números consecutivos) . CrS 750,00 INTERNACIONAL:
Roma — Danilo S. Gallclii
NOTAS □ Assinatura para o Exterior (anual) USS 60,00 ADMINISTRAÇÃO:
Lindolfo Silva
ENDEREÇO PARA REMESSA: Aurcliano Gonçalves Cerqueira
DISTRIBUIÇÃO:
Surge a Abrasso^ Nome Sérgio Cordeiro de Andrade
Propriedade da Editora Juruá Ltda.
para divulgar a Endereço - - Rua Cesário Mota [r.. '369 - 2." a.
Fones: administração: 256-2591
luta muçambicana CEP Cidade Estado redação: 231-2926
CEP: Õ1221 São Paulo - SP.
Divulgar o momento histó
Anexo cheque contra o Banco n.® .—.......r— • Impresso nas oficinas da Cia. Edi
tora lorués, Rua Gaslão da Cunha,
rico pelo qual passa o povo ATENÇAO; Os cheques devs- AsSÍnatura' 49 - tel.: 531-8900 - São Paulo.
rão ser enviados em nome
moçambicano. empenhado na da EDITORA JURUA LTDA.
construção de uma nova so-

C GERAL
De 30/01 a 05/02 de 1981

Os enteiidiiiientos entre as forças da oposição e destas com


setores do governo qiie exibem contradições com o regime são
positivos, desde que abram caminho à intervenção unitária e
organizada das massas na luta pela liberdade

Vencer sem o povo é


ilusão perigosa
David Capístiano Filho para o golpismo ou para as ilusões sas. ou militares descontentes com a
aumenta muito. inflação e a corrupção, patriotas de
vário nível ou simplesmente golpistas
Os comunistas foram a primeira Insistimos numa afirmação feita derrotados. Aureiiano;

força política deste país a compreen linhas acima: só a ação do povo. a Jango
der a absoluta necessidade de uma unidade do povo, expressa através das Compreende-se que, por tado o que de 1981?
aliança de forças políticas e sociais mais variadas formas e por meio de foi exposto, os comunistas não podem
muitos amplas e heterogêneas para diversas entidades — sindicais, cultu
embalar a imaginação- com o cenário
derrotar a ditadura resultante do gol rais e político-partidárias, de jovens, de uma renúncia, ou simples viagem
pe militar de 1964. Têm persistido, de bairros, de mulheres, etc. — é ca
paz de mudar decisivamente o quadro a Paris, do presidente, e com a expec dos, lutar pelo cumprimento do calen
com teimosa coerência, na busca desta tativa da repetição, com quase vinte
unidade das forças democráticas, político e garantir a passagem a um dário eleitoral, pela autonomia de to
regime de liberdades c progresso so anos de permeio, da luta pela posse das as cidades que a perderam. O que
mesmo vacilantes, mesmo egressas re do vice. Não há legalidade a defender,
centemente do campo adversário. Exa cial. Essa ação dos "de baixo" eviden importa agorá é batalhar — não só
temente não pode ocorrer desligada, nem Constituição, nem soberania po "por cima", mas também "por bai
tamente por isso, os comunistas pular expressa em eleições.
apoiam todas as iniciativas tendentes à revelia, da movimentação dos atores xo", através da pressão de diretórios
a aproximar as lideranças do campo Dolíticos e sociais "de cima", isto c. partidários, entidacies populares e ou
requerem a articulação política, a uni Deixemos as quimeras de lado. O tras formas a serem criadas, pela
democrático, como os recentes encon
dade das oposições, os entendimentos. que importa, agora, é atentar para a união das -oposições na batalha de
tros entre Brizola e Ulisses Guimarães,
Mas estes não devem, sob pena de ex grave crise social c econômica, esti 1982. que se avizinha. E tudo isso
entre o senador mineiro Itamar Fran
co e ÍQsé Aparecido de Oliveira. En perimentarmos novas, desnecessárias mular a luta em defesa do emprego e ainalgamado e embcbldo pela reivin
tendimentos entre representantes da e dolorosas derrotas, pretender enco- do salário dos trabalhadores, c por uma dicação que expressa de modo mais
oposição e expoentes do governo que irar outro ponto àe apoio, sejam eles alternativa que evite a recessão e uma radical o anseio de nos vermos livres
adotam determinadas posições positi — como cm passado recente — deci maior desnacionalização dc nossa eco deste regime, a co-iv-.rjção de uma
vas — como os que reuniram dirigen didas falanges de bem-intencionados, nomia. O que importa agora é lutar Assembléia Naciuiuí! Constituinte,
tes do PP e o vice-presidente Aureüa- dispostos a substituir a luta das mas contra os casuísmos eleitorais ensaia- com o povó mobilizado c organizado.
no Chaves — são também, mais do
que normais em política, proveitosos
c oportunos.

A simpatia dos comunistas continua


presente, mas é compreensiveimente
A violência e seus anjos
menor, diante de iniciativas que se ra, salvadora, garaníidora de privilé
José Carlos Dias de Segurança ou o chefe da Casa Ci
recobrem de injustificado e prodonga- gios com que se manipula "o exter vil possam reduzir o crime em São
do sigilo, como parece ter sido o caso
daquela que se tornou de conhecimen
mínio do mal que ameaça solapar Paulo em 50%, em quarenta dias,
O general Milton Tavares, se de todos os direitos". com a compra de centenas de veícu
to piíbíico nas últimas semanas, envol um lado nos íranqüilizou ao asse
vendo o senador Tancredo Neves, os
A linguagem apavora porque, pa los, o que atende mais a situação
gurar que o Exârcilo não virá às ra sustentar a missionária palavra de atual das montadoras de automóveis
"notáveis" pecmedebistas Almino ríias para combater a criminalidade, ordem de combate ao comunismo,
Afonso e Fernando Henrique Cardoso do que às necessidades da população.
nos assusta quando, a propósito da existem, subsistem e ameaçam redo Seria bem preferível que recebês
e alguns parlamentares, além de Aure- violência, e fugindo da questão, afir brar seu ódio as forças que se alojam
iiano Chaves e do ministro da Aero semos agora a notícia de que o verda
ma: "O verdadeiro perigo, o grande no interior do regime, estas sim a go deiro cerne da violência passou a
náutica. Délio Jardim de Manos. Na perigo — porque este não assalta zar da impunidade, e que de vez em
da temos contra os nomes envolvidos, constituir preocupação das autorida
uma pessoa, assalta a Nação brasilei quando saem de dentro das "Vera des e que para combatê-la foram
é claro, nem contra entendimentos ra — é o movimento comunista in
com elementos do governo, pois esta neios" e de outros veículos expropría- exterminados os órgãos de repressão
ternacional, que está se infiltrando dos para prenderem, baterem, tortu política, como o onomatopaico DOI.
mos bem longe de uma atitude de in- impunemente em todos os lugares.
faniilismo pseudo-revolucicnário. Mas rarem, como prenderam, bateram, Se pudéssemos ter a.notícia.de que
Este sim é o falo para o qual temos torturaram e mataram por estes anos acabou a impunidade para os autores
não- julgamos inteiramente correto de abrir bem os olhos".
tomar inictativas dc tal forma que o todos em que fomos obrigados a da corrupção, para os anjos da se
Ê bem ultrajante à dignidade hu viver com medo de morrer. gurança nacional, nos sentiríamos
desfecho das articulações seja imper mana a afirmação reiteradameníe E difícil, muito difícil, vencer a
meável á interferência das grandes mais tranqüilos do que quando ouvir
repelida dê que a miséria deve ser crescente criminalidade em nossos mos, a propósito da violência, a viru
massas do povo, a única força capaz combalida, póís "ela é fermento de
de dar solidez e sustentação a qual grandes conglomerados urbanos, sem lência com que o estado de guerra
comunismo". Os católicos de cruz de deitar fundo nossa atenção e nosso é defendido.
quer projeto realmente dcmocraiizan- ouro também sustentam que a cari
te para nosso pais, Os prolongados trabalho, já não digo na situação
dade deve ser exercida profilalica- sócio-econôinica de nossa gente, mas
entendimentos "secretos" que caracte mente, para que o comunismo não em questões que são relegadas a pla
N.R. — Pela clareza de suas colocações,
rizaram a Operação Suarez" (alusão iusteza de seus argumentos e beleza de
ao processo de transição da Espanha
tenha vez. no secundário pelo Estado. Exemplo suas imagens, Voz da Unidade decidiu
A obsessão do perigo comunista é é o problema do menor, com a Febem transcrever o artigo acima, publicado ori
do franquismo à democracia) não o tônus que vivifica e concretiza a ginalmente na Folha de S. Paulo de
abriam caminho à intervenção ativa, hoje transfigurada em subalterno ins
ideologia da segurança nacional, a 23/01/81. Seu autor é advogado e aluai
unitária e organizada do povo nà cena trumento político do sr, governador. presidente da Comissão <|e justiça e Paz
justificar qualquer violência redento Ê infantil imaginar que o secretário
política, e sem isso o risco de deslize da Arquidiocese de São Paulo.
.-.i.

-1- ^

. -V =: > ^

vsm^ Pe 30/01 a 05/02 de 1981

Ülisses Guimarães divulga tun extenso documento rebatendo as Novo secretário de


acusações do governo de cjue as oposições nao tem competência para Segurança do Rio é
apresentar soluções para os grandes problemas econômicos que general do SNI
afligem a Nação. E afirma: O Rio já tem um novo secretário de
Segurança Pública. É o general-de-brigada
Waldir Alves da Costa Muniz, atual chefe
44 da Divisão de S^urança e, Informações da

A democracia é a única Petrobrás. O novo secretário foi por duas


vezes chefe da agência do SNI no Rio e
é um homem ligado à área de informa
ções, tido como pessoa de confiança do
todo-poderoso general Otávio Medeiros,
chefe do SNI, e muito amigo do general

saída contra a crise Milton Tavares.


Triste cidade maravilhosa.
currículo do novo secretário só pode dei
xar mais assustados os 7 milhões de ca
O

riocas. Afinal, responderá pela segurança


"belo"

59
gerada pelo arbítrio pública da cidade um legítimo represen
tante da famigerada comunidade de infor
mações do regime, núcleo nefasto do ter
ror oficializado que prendeu, torturou e
matou impunemente durante os 16 anos em
que o país esteve mergulhado nas trevas.
relação à nova política econômica do Triste, multo triste cidade maravilhosa.
Fátima Murad governo, não houve uma intervenção O secretário demitido, general Edmundo
do coletivo partidário, que servisse Murgel, reconhecido pela sua incompetên
O deputado Ulisses Guimarães dls- como orientação às suas bases. cia para ocupar o cargo, sc desliga dias
iribuiu à imprensa, no último sábado, após conceder uma entrevista à imprensa,
um extenso documento sobre a situa na qual foi obrigado a dar algumas satis
RESPOSTA AOS fações públicas acerca do verdadeiro mar
ção econômica do país. em que res TRABALHADORES de lama que começa a ser revolvido c que
ponde, de forma contundente, às crí se traduz nas notórias ligações entre o
ticas que o governo tem lançado com Isso é o que observa o deputado es crime organizado, a polícia c algumas es
insistência às oposições, acusando-as feras políticas no âmbito estadual. Assim,
tadual Almir Pazzianoto, cuja ativida ale parece que o general foi demitido por
de incapazes de elaborar soluções e de parlamentar se dirige exclusivamen que deu algumas explicações à população
alternativas para a grave crise que a te ao meio operário e sindical. e não pelo seu despreparo para o cargo.
Nação enfrenta hoje. Pazzianoto acha que o partido deve De qualquer maneira, a substituição de
Para Ulisses, só existe uma solução um general por outro não deve mudar na
elaborar um documento, dirigido aos da. Seria preferível que recebêssemos a no
para os problemas nacionais, a demo trabalhadores do ABC, avaliando o tícia de que alguém de reconhecidas qua
cracia, que, segundo ele, só será reim problema do desemprego que já co lidades públicas e democráticas estivesse
plantada no Brasil a partir de uma meça a se manifestar, Ou de outro assumindo tão importante tarefa. Porque
Assembléia Nacional Constituinte. desse jeito, triste cidade, entregue agora
modo, afirma, os militantes do PMDB a um dos "anjos" da segurança nacional.
"O regime democrático é condição que atuam no movimento sindical
inarredável para resolver as dificul O deputado Ulisses Guimarães irão a reboque dos fatos.
dades da economia geradas pelo arbí reafirma que a Constituinte é O suplente de senador Fernando
Não há contradições
trio", diz o documento. "Somente o en a saída desejada pela Nação.
gajamento político de toda sociedade
Henrique Cardoso, membro da Co
missão Executiva do diretório de São
nas declarações
através de debates, da livre manifesta
ção e expressão e a negociação ine
quanto de bens de produção, cuja in Paulo, por sua vez, acha que já é hora de Goldemberg
dústria enfrenta hoje problemas de ca do PMDB criar um centro de estudos,
rente a esse regime poderão permitir As declarações do físico José Goldem
pacidade ociosa, que poderá agravar- nos moldes do antigo lEPES, porém berg, presidente da SBPC, após audiência
que o país defina a política econômica se a curto prazo; disciplinará os gastos mais dinâmico, que seja capaz de mu com o presidente da República, no último
adequada para enfrentar a inflação públicos, utilizando-os de forma mais nir o partido de ura instrumento teó- dia 21. deixaram os opositores do progra
galopante e o desequilíbrio externo eficiente, do ponto de vista econômico rLco necessário para orientar a sua ati ma nuclear brasileiro com a pulga atrás da
que sufocam a economia. Somente no orelha. Goldemberg declarou à imprensa,
e social. É um erro grave" — afirma vidade política. após o encontro, ter sugerido ao governo
contexto da democracia será possível — "realizar cortes globais na deman Por outro lado, a Executiva esta que permitisse maior aproveitamento da
conferir à ação governamental legiti da. sem critérios, provocando desem dual tem em mãos uma proposta en comunidade científica brasileira no progra
midade para pedir sacrifícios à socie prego e reduzindo o ritmo de ativida cabeçada pelo deputado estadual An ma nuclear, o que levou muitos críticos a
dcduzifcm disso uma aprovação implícita
dade. bem como conferir ac governo des principalmente prioritárias. Em tônio Rezk e encampada pelo conjunto do famoso acordo Brasil-Alcmanha.
a credibilidade de que necessita para suma", conclui, "a política corretiva da bancada do PMDB na Assembléia Na verdade não se trata disso. A maio
ser eficaz. O problema não é somente há de ser seletiva e não global e in propondo que a direção organize em ria dos físicos nunca sc posicionou contra
apresentar programas e aliernaiivas, discriminada." torno de si parlamentares, técnicos riamente à existência dc um programa
nuclear brasileiro; opôs-se, sim. ao acordo
como insistentemente reclamado, mas dentro e fora do partido, organizações com a Alemanha, por razões expostas cm
existir condições para debatê-los, de DINAMIZAR O PARTIDO de massa e todas as forças interessadas documentos da SBPC. da Sociedade Bra
purá-los e pressionar, para que eles na democratização do país, para a ela sileira dc Física e em inúmeras entrevistas
sejam aplicados, o que é impossível Embora as críticas do governo a boração de um programa para o gover à imprensa, c que remontam a questões
sem a regularidade democrática." dc ordem econômica, tecnológica e polí
uma suposta incapacidade das oposi no do Estado. A idéia c que tal progra tica. Em resumo, o acordo com a Alema
ções de responder à crise sejam con ma sirva não só para fazer avançar a nha não, nos serve porque não nos garante
POSIÇÃO DE PRINCÍPIO sideradas, de modo geral, como im democracia interna do partido, como independência tecnológica, já que não há
participação de cientistas brasileiros. Além
procedentes, elas causaram, assim também para servir de instrumento a disso, o, acordo é oneroso demais, baseia-
Em termos gerais, o documento di como as insistentes críticas da Impren uma política unitária com os demais se em dados errados acerca do desenvol
vulgado pelo deputado Ulisses Guima sa, um certo mal-estar no PMDB. Na partidos, na medida em que possa vimento de nosso consumo dc energia elé
rães, em nome pessoal, reafirma os verdade, foram um pretexto e uma servir como ponto de partida para um trica e é incompatível com nossas neccssi-'
dados.
princípios básicos contidos no progra motivação para o partido começar a amplo debate. Os físicos não são contra a energia
ma do PMDB, à luz da nova política repensar seu papel na atual conjun Outras iniciativas, ainda isoladas nuclear. Inclusive, num documento da
econômica. Às medidas recessivas tura política.- dentro do partido — como a dos pre SBF dc alguns anos atrás, propõem expli
--—-^ !: ■ .•" -j^ r-__=---^i^i?Lr citamente a necessidade de revisão do
adotadas pelo governo, em conseqüên E há um dado que emerge, incon feitos que se têm reunido periodica Acordo Brasil-Alemanha e sua substituição
cia das pressões dos credores interna testável, nesse quadro. Enquanto as mente para discutir as alternativas por um programa mais modesto, com outro
^ - ■=• cionais, o documento contrapõe uma novas organizações da sociedade civil para uma adminiitração municipal de direcionamento tecnológico e maiores pri
série de medidas que têm sido defen avançam no sentido de intervir mais mocrática — poderiam ser alinhavadas vilégios para . a área de pesquisa. £ uma
posição bastante diversa da de alguns gru
didas pelo partido. diretamente na vida do país, os par às propostas de Pazzianoto, Fernando pos ecológicos. Portanto, não há porque
^Um governo legítimo e democráti tidos políticos, o Poder Legislativo Henrique- e Rezk. O resultado seria, tanto espanto diante das declarações de
co evitará a recessão mediante uma como instituição, se recolhem aos bas sem dúvida, um partido dinâmico e Goldemberg, embora elas, pelo clima emo
política de controle seletivo da deman tidores. No caso específico do PMDB, efetivamente democrático, uma força cional que marcou a campanha, em mea
apesar das manifestações de peso de dos do ano passado, contra a instalação de
da de modo a poupar as importações; viva na sociedade brasileira. Esse seria usinas no litoral paulista — de resto bas
utilizará melhor os recursos internos alguns de seus parlamentares — como o melhor antídoto às críticas tanto do tante compreensível —, tenham dado mar
disponíveis, tanto de mão-de-obra do deputado Alberto Goldman — em governo como da imprensa. gem a muitas incompreensões.

•TOLfTieA

.T-
De 30/01 a 05/02 de 1981
VSS^

Voz da Unidade conclama seus apoiadores c todos os setores democráticos do país a cerrarem
fileiras, mmia ampla e organizada mobilização de massa, pelo repúdio ao julgamento absurdo
dos operários metalúrgicos e pela revogação da famigerada Lei de Segurança Nacional

Toda solidariedade aos


sindicalistas do ABC
No dia 16 de fevereiro, treze sindi Cláudio Guedes
calistas do ABC — entre os quais se É neste quadro que vai se^dar o jul
encontra Luís Inácio da Silva, o Lula, gamento dos sindicalistas do ABC pela
presidente do PT — enquadrados na 2.^ Auditoria Militar. A própria justiçe
Lei de Segurança Nacional por causa Militar já goza hoje de uma relativa
de sua participação na greve dos ope autonomia, o que não ocorria em pas
rários metalúrgicos de abril/maio do sado recente, e mesmo um dos proces
ano passado, serão julgados pela 2.® sados — no caso Luís Inácio da Silva,
Auditoria Militar. Este acontecimento o Lula — conseguiu autorização para
impõe algumas reflexões. se deslocar ao Exterior, chefiando uma
comissão do Partido dos Trabalhado
Como todos se lembram, o movimen res numa audaciosa, expressiva e bem-
to dos metalúrgicos paulistas significou sucedida excursão voltada para a ob
42 dias de uma das mais longas e tenção da solidariedade internacional
duras greves de trabalhadores da his para si e seus companheiros de proces
tória deste país. Os quase 300 mil ope so. A busca de uma ampla solidarie
rários, na sua grande maioria de São dade, por enquanto formalizada apenas
Bernardo do Campo, que sustentaram no Exterior, já demonstra o quanto Lu
uma Juía heróica e com muitos sacrifí la e seus companheiros puderam apren
cios contra as pressões patronais e, der politicamente, com os acontecimen
principalmente, governamentais, vol tos de que foram vítimas. E este fato
taram às fábricas sem terem consegui- é muito positivo.
ycít.x.-biv Tios objetivos que os leva A pesar das tendências que apresen
ram a apelar para a paralisação do tra tamos acima, não está excluída a pos
balho. Assim, não foi conseguido o mí sibilidade da sorte dos bravos sindi
nimo de estabilidade muito justamente calistas do ABC ser decidida pelos cen
reivindicado, não foi obtido o reco tros de comando político do regime.
nhecimento do delegado sindical e. De todo jeito, a expressão principal
além disso, as lideranças sindicais mais desse prolongamento para 81 do ABC/
expressivas acompanharam o final do 80, deve-se ao absurdo de uma situa
movimento encarceradas e submetidas ção que leva grevistas — trabalhadores
à iníqua legislação de segurança nacio que lutam para melhorar seu nível de
nal.

Também não custa lembrar que a


O PT na Europa vida — a serem enquadrados na Lei
de Segurança Nacional e submetidos
a um tribunal militar .
vitória dos trabalhadores não foi pos A viagem que a dele tas). Um resultado prá pela maior parte nossa Trata-se de uma situação escandalo
sível, naquele momento, porque no gação do PT, tendo à tico importante do encon sa, que merece o repúdio de todos os
grande imprensa que ten
confronto, apesar de todos os aspectos frente o seu presidente tro foi o comprometi tou estabelecer a todo setores verdadeiramente democráticos
positivos que o movimento apresentou, Luís Inácio da Silva, ora mento das centrais sin da Nação e, mais do que isso, exige
custo paralelos absurdos
a relação de forças era amplamente fa realiza a Europa repre dicais de enviar observa uma resposta ampla, nacional e unitá
entre o socialismo polo
vorável ao regime, que utilizou contra senta sem nenhuma dúvi dores ao julgamento. Em ria para impedir que os sindicalistas
nês e o nosso regime di
o movimento pacífico todo seu arsenal da um fato positivo para Roma, eles foram rece tatorial, ficou o firme e sejam condenados e para derrubar de
repressivo, culminando com a prisão a afinnação deste novo bidos também por repre finitivamente este processo infame.
positivo conselho de Wa
das lideranças sindicais em pleno de partido político, como sentantes dos três maio lesa a Lula no sentido de
senrolar da greve. Naquele momento, também é significativa res partidos políticos ita Olhando para o futuro, devemos
que sindicato é sindicato
ficou evidente o caráter extremamente para os próximos lances lianos: Vittorino Colom
nos esforçar para que esta solidarieda
e partido político é parti de possa significar o início consciente
limitado do projeto aberlurísta do regi da política nacional. bo, vice-presidente da do político e que a inde
me, que se explicitou como incapaz de A solidariedade que DC; Enrico Berlinguer, de üma grande campanha pela revoga
pendência de um em re- ção dessa monstruosa Lei de Seguran
conviver e resolver, pela via da nego Lula tem recebido de secretário-gera! dó PCI; relação ao outro é uma
ciação política, até mesmo problemas grandes e expressivos di ça Nacional, que traduz, em vulgares
e, Bettino Craxi, secretá- importante questão de
e contradições próprios ao sistema ca rigentes sindicais e polí termos jurídicos, a abjeta Doutrina de
rio-geral do PSI. Berlin princípios.
pitalista. ticos do velho mundo é Segurança Nacional, fundamento ideo
guer prometeu a Lula que
algo de grande amplitude o PCl iria propor ao Par No Brasil, fica a expec lógico do que existe de mais condená
Porém, durante o tempo que se pas e significação na história lamento o envio de uma tativa de que a flexibili
vel, antidemocrático e antipopular na
sou desde maio de 1980 até os nossos política do nosso país. vida da nossa tão violentada Repú
dias. algumas coisas mudaram. E para delegação de parlamenta dade demonstrada pela
Na Itália, Lula foi con blica.
melhor. A complexidade, a riqueza e res para também acompa cúpula do PT, assim co
vidado pela Federazione nhar o seu julgamento. mo a amplitude de seus Voz da Unidade, diante disto, con
a diversidade da sociedade brasileira Unitária dei Sindicati,
impuseram, apesar do regime e ainda coptatos políticos, reper clama seus apoiadores e todos os se
que congrega os três gru Ainda na Itália, Lula cutam de forma positiva tores democráticos do país a cerrarem
que de forma não contínua, o avanço pos sindicais italianos se.encontrou com Lecb na luta pela-consolidação
do processo de democratização do país. fileiras — numa ampla e organizada
importantes: a CGIL (co Walesa, o líder do sin da unidade de todas as
Hoje, podemos afirmar que a tendência dicato ''Solidariedade"
mobilização de massa — pela solida
munistas), a CISL (de- forças oposicionistas e riedade aos sindicalistas, pelo repúdio
que prevalece no país é a da afirmação mocratas-cristãos) e a na Polônia. Deste encon
e consolidação das liberdades democrá pelo estabelecimento de a seu julgamento arbitrário e pela re
UIL (socialistas, republi tro, muito comentado de um programa comum de vogação da- famigerada Lei de Segu
ticas já conquistadas.
canos e social-democra- forma vulgar e grosseira ação entre elas. rança Nacional.

c POLÍTICA
> y
7^f--i-'i^

De 30/01 a 05/02 de 1981

Maria Werneck de Castro:


im testemunho, um exemple
uma bela história
Advogada, marxista, já com 71 anos de idade, Maria, essa
grande senhora, é um exemplo vivo para quem hoje luta
junto ao povo e pelos direitos da mulher em nosso país
o !ciiu que lis coisas andam, alcançar os 70 — Quando fui presa, Olga ainda não se encon
anos de idade já é em si um desafio. Mas trava lá. Nós, as mulheres, ficávamos na cela 4 do
pavilhão dos primários do presídio Frei Caneca. Me
se, além disso, você conseguir se mantér
lúcido e atuante, meu amigo, "agradeça aos
O jornalista que ses depois, quando Prestes foi preso, em março, foi
também transferida para lá sua mulher Olga, grávida
proeza.
deuses": você acaba de realizar uma grande
noticiou no Brasil de 7 meses.
Uma bela noite, quando Olga'estava sentindo
"Que bobagem!", diz a advogada carioca, atual
mente residindo em Goiânia, Maria Werneck de
Castro, que demonstra a quem quiser "ver para crer"
o fim da 1? guerra muitas dores e como praticamente não existia aten
dimento adequado, fizemos um barulhão para. que
que seus 71 anos são somente mais uma das impo ela fôsse atendida. Nessa, hora apareceu um tal de
sições cronológicas do tempo. Mulher do grande jor Müller, que era inclusive homem da sociedade cario
nalista e advogado Luís Werneck de Castro, Maria ca, dizendo que ela seria transferida para um hospital.
•j

iraz a força do novo nas veias e a preocupação cons Como desconfiávamos de tudo, pedimos para acom
tante com as lutas do povo. E, diga-se de passagem, panhá-la. Eles permitiram. Fui então escolhida, eu e
sem "nacionalismos". porque Maria é uma mulher Manuel Campos da' Paz, que era médico e que tam
voltada para o mundo, uma "real internacionalista". Luís Wemeck de
bém estava preso. Quando chegamos embaixo, eu e
que acorda pensando em El Salvador e na sorte do . Castro foi jorna- Olga já não encontramos mais o Manuel e aí come
povo nicaragüense. ^ íista» advogado e cei a suspeitar. Quando o carro chegou mandaram
A Voz teve o prazer de ouvir essa valorosa
professor. Come- Olga entrar e disseram: "A senhora fica." Eu tentei
çou sua carreira
marxista, que viveu os momentos mais conturbados ^ jornalística traba-
reagir alegando a promessa do tal do Müller, mas
deste século, atuando sempre em movimentos popu HSf Ihando na agên não adiantou. Enfiaram uma metralhadora em mi
lares, organizando as mulheres (em épocas bem mais cia "Havas" (I9Í0) e foi o primeiro jornalista a noti- nhas costelas e eu fiquei de "braços e mãos atadas".
dijiceis. para a mulher), passando pelas agruras da ciar o fim da 1.* guerra para todos os jornalistas do Já não podia fazer mais nada. E ela foi expulsa do
país. Professor de Matemática c fundador da Confe país diretamente para ás mãos da Gestapo.
prisão e do exílio. deração do Professorado Brasileiro, Luís nunca deixou
""1^ S T-ã^,r ^ ^ -f -| Vivendo ao lado de sua fiel e presíativa com de trabalhar em jornais. Trabalhou em A Rua. jornal
panheira — "a nossa querida Albina", como ela dc tendência anarquista; de 1920 a 25 foi colaborador E a ida para o exílio como foi?
da Voz do Povo. um jornal operário sustentado por — Meu marido, que também estava preso, foi
mesmo diz — e .seus dois cachorros, Maria nos conta sindicatos. Sendo também um brilhante advogado.
*z-': histórias da efervescente década de 50. das lutas Luís Werneck formou parte do corpo jurídico da libertado na "Macedada", ocasião em que o atual
antifascistas e do avanço popular no único "lapso ANL. Priíso em 36 e solto na "Macedada", o advo ministro da Justiça visitou as cadeias e soltou alguns
democrático" ocorrido de 45 a 47. gado ajudou a tirar 18 de seus companheiros da presos que estavam, inclusive, sem denúncia. Assim
Tudo isso é História, que merece ser lembrada, cadeia, quando é ameaçado por Filinto Müller e vai que saiu, ele assumiu o processo de vários presos,
para o exílio dc 1 ano. Em 46 integra o 8." Conselho conseguindo com sucesso libertar 18 deles. No pro
estudada e conhecida por quem hoje. tem a tarefa de da OAB. Sempre lúcido e preocupado com o povo,
■Í-- ■:■ i^rí'. »:v :r;
- V T -!r renovar e transformar: a nova geração. Luís morreu em 1979, aos 86 anos. Antes ainda^ cesso movido contra a União éle é que foi meu de
(Marco Antônio Coelho Filho) tempo de perguntar: "E a Nicarágua, como vai?" fensor, pois no da ANL (onde fui também processa
Maria, como foi e guando se deu seu ingresso no
da) não aceitei defesa, pois considerava o tribunal
movimento feminino e na política?
ilegal, arbitrário. Pela sua brilhante atuação nesses
casos, foi chamado por Filinto Müller, que lhe amea
— Foi justamente em 1930, no movimento uni problemas da mulher camponesa e da mulher operá çou de volta à prisão se continuasse defendendo os
versitário, pois havia toda uma efervescência polí ria não eram sequer tratados. presos da ANL. Nesta ocasião em que eu já estava
tica no país, oriunda da própria revolução, que for em liberdade resolvemos nos exilar na Argentina.
A senhora teve participação na Aliança Nabional
mou uma série de agremiações populares e de elite Libertadora? Como foi o período vivido no pós-guerra e como
dispostas a fazer política. Como toda jovem que se. se deu a sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro?
interessa pelo progresso e que busca um caminho, — Como a partir de 34 já se aguçava na Euro
Éí \ v - - / S passei a participar dentro da universidade de movi pa a guerra, no Brasil se formou a Liga Antifascista, Os horrores da guerra, as perseguições aos
aVr;.-=«- - "• ' • --_•. '.^-^
mentos como o "Progresso Feminino" e a "União da qual eu tomei parte participando inclusive de seu comunistas, o poema do filho do Mussoliní.que des
Universitária Feminina". Mais tarde, comecei a per Congresso realizado no Teatro João Caetano, ocupan crevia os castigos dos negros como se eles fossem
ceber que essas agremiações tinham um caráter muito do toda a rua. A partir desses eventos, um grupo de flores negras com o centro vermelho e outras bar
elitista e não me satisfaziam, pois não abordavam mulheres, do qual eu fazia parte, fundou a União baridades mais, me revoltaram profundamente. E me
problemas que diziam respeito à grande massa de Feminina do Brasil. Fui então eleita para ser sua levaram a pensar que o pensamento marxista é que
mulheres deste país. Aí sobreveio em mim a preo secretária jurídica. Nesta época se deu minha adesão poderia resolver os problemas do mundo. Com a
cupação de que havia alguma coisa nova, diferente à ANL através da própria União Feminina do Brasil, anistia em 45 e Prestes na rua, eu então, já marxista,
da "simples política". que foi convidada e aceitou. A União era uma orga me filiei ao Partido Comunista. O Partido na lega
nização que lutava pelos direitos da mulher em todos lidade tratou de abrir comitês em todos os bairros e
Foi nesse momento que veio o seu rompimento os sentidos, mas que era também antifascista e anti- desenvolveu ininterruptamente um trabalho com as
com esses movimentos? imperialista. Daí o motivo de sua adesão como enti massas, nos morros e na periferia, Além dos comitês,
— Exatamente, foi era i'935, época em que a
dade na ANL. Com o seu fechamento, fui também participávamos, eu e meu marido, do MUTI (Movi
presa. mento Unitário de Trabalhadores e Intelectuais),
Aliança Nacional Libertadora ganhava força em todo
país. que eu percebi o elitismo desses movimentos, E a stu prisão, Maria, conte-nos como foii O qiie onde grandes nomes atuavam misturados com gente
que só brigavam pelo voto feminino, ocorrido em se tem notícia é que a senhora esteve presa junto com do povo. Os anos de 45, 46 e 47 foram, na verdade,
34, mas que não se preocupavam em analisar o pro Olga Benário e que inclusive tentou interceder na um grande gole de liberdade. Um gole que apenas
blema da pobreza, dos salários da mulher. Logo, os hora de ^ expulsão do país. Como foi isso? aguçou mais a nossa sede.

V. c DEPOIMENTO
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ir- J-^'
í^- "-^rZ.' -f^--V rí
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r>e 30/01 a 05/02 de 1981

O deputado Modesto da Silveira, acaba


de lançar o livro «Ludwig,Imperador do
Jari»,prevê que no futuro o projeto deverá
criar problemas nas relações entre Brasil e Suíça

Projeto Jari,
v'-i
um império .

dentro do Brasil
"Considerando o sigilo do testamen inglês — denunciando que o Instituto
to do sr. Ludwig, podemos admitir Ludwig de Pesquisa do Câncer S/A
que nele haja alguma disposição be não passa de uma central adminis
neficiando outros grupos, pessoas ou trativa da fortuna do seu fundador,
mesmo governo diverso do suíço", de Daniel Ludwig, que utiliza para este
clarou à Voz o deputado federal ca fim o pretexto dc utilidade pública das
rioca Modesto da' Silveira (PMDB), suas não claras pesquisas, abusa da
referindo-se ao futuro do controver intendência da União Helvética e goza
tido Projeto lari — o "Estado" inde ainda de completa isenção de im
pendente que o bilionário norte-ame postos.
ricano Daniel K. Ludwig está implan O dep. Modesto da Silveira (PMDB-RJ)
Esta organização promoveu em Ber mostrou em sucessivas investigações
tando às margens do rio Jari, era na uma entrevista de imprensa inter
plena selva inóspita amazônica. os males do Jari para o nosso país.
nacional com o parlamentar brasilei
O parlamentar — que no dia 21 ro. A totalidade da imprensa escrita,
lançou o livro "Ludwig, Imperador falada e televisada das quatro Suíças do o governo de seu país ou algum
do )ari", editado pela Civilização Bra- notificou com" inusitado destaque as "lesta-de-ferro" deste mesmo gover
siJdm.. no X' /inan,, em Coçacahana.. colocações que Modesto da Silveira no. Nesse caso, a situação brasileira
Rio — foi o relator da Sucomissão
fez na ocasião sobre as atividades dc ficaria muito precária nestas áreas,
de Segurança Nacional da Câmara Fe Ludwig no Brasil, principalmente o especialmente porque há uma vasta ex
deral que investigou as atividades do
Projeto Jari.
poderão ficar incmcdiavcimcnic com periência histórica de tropas america
grupo Ludwig no Brasil e que con
"O interesse despertado — conta-
prometidas quando no futuro, com a nas desembarcadas em inúmeros países
denou o empreendimento Jari, como morte do sr. Ludwig. o governo suíço do mundo, a título de garantir seus
nos Modesto — não foi apenas a res
é do conhecimento público, do ponto queira dar conseqüência ao testamen vagos interesses ou uma vaguíssima
peito da originalidade e exolismo dos
de vista econômico, social, ecológico to secreto." democracia. Muitas vezes, nunca mais
temas amazônicos, mas também os
e principalmente do ponto de vista da Há pouco tempo, Daniel Ludwig abandonaram estes territórios por eles
segurança nacional. aspectos de poluição, violação da ca
enviou uma insolentè cana ao chefe do invadidos, como é o caso de Porto
Modesto da Silveira esteve recente deia ecológica, econômicos, sociais e
políticos do Projeto Jari e demais em Gabinete Civil, onde faz uma série de Rico, Canal de Panamá e muitos
mente na Suíça, sede do misterioso exigências ao nosso governo — a Voz
preendimentos de Daniel Ludwig no outros."
Instituto Ludwig de Pesquisa do foi a primeira a noticiar o assunto.
Brasil. Todos estes aspectos foram de "Acresce, ainda — pondera o par
Câncer S/A, para quem Ludwig doará Entre outras coisas, o bilionário norte-
toda sua fortuna fora dos Estados grande interesse para a imprensa, o lamentar — que a Amazônia sofreu
povo e o governo suíço. Mas dois americano, numa impertinência sem várias tentativas de dominação por
Unidos depois de sua morte — inclu
indo o Projeto Jari e todos seus em outros aspectos foram de fundamental precedentes na fecunda'relação do go parte do governo norte-americano.
-prepoderância. O primeiro foi o fato verno militar brasileiro com os inte Considere-se também que a Amazônia
preendimentos no Brasil. "Eu fui à
Suíça duas vezes — afirma Modesto de que levantamos as atividades da resses forâneos, exige arrendamento é hoje a última grande reserva mais ou
—, com o mesmo objetivo de tratar Fundação e do instituto Ludwig de perpétuo das áreas que considera em menos íntegra de todo o Planeta, não
do Projeto jari. Da primeira vez. há Pesquisa do Câncer S/A, mostrando litígio (Ludwig apropriou-se indevida- apenas em biomassa e seus escassos
cerca de um ano. por conta própria, que essas entidades, ao contrário de damcntc de um milhão de hectares de produtos, mas Sobretudo pela grande
para pesquisar as suspeitas que ha sua pretendida finalidade humanísti- terra a mais do que efelivamenle com riqueza mineral de seu subsolo, que
viam sobre as atividades do sr. Lud ca, representam um verdadeiro biom prou na região amazônica); quer ainda pode constituir-se no grande manancial
wig e as suas organizações suíças liga bo de atividades ocultas de Mr. Lu plena liberdade de ação dentro daquilo de reservas estratégicas para o século
das às empresas que ele detera no dwig, nas quais se inclui a evasão dc que ele chama de "fronteiras naturais" vindouro: madeira, celulose, papel, ali
Brasil. Agora, fui à convite da orga impostos na própria Suíça. O segun do Jari, incentivos fiscais, financiamen mentos, bauxita, estanho, chumbo, co
nização "Declaração de Berna", não do aspecto refere-se ao governo suíço to do BNH e subsídio em dinheiro^' bre, ouro, etc."
só para expor uma panorâmica do que. sendo sócio do Instituto Ludwig, para suas vendas de celulose no mer "Tudo isso — conclui o deputado
Projeto )ari e demais empreendimen passa a ser detentor de parte do terrl- cado interno. do PMDB) — aetoriza suspeitar que
tos do sr. Ludwig no Brasil, mas tam " tório brasileiro, tendo em vista que Por descuido ou azar, o general a política neocolonialista atualmente
bém as vinculações de suas atividades . todo o patrimônio do sr. Ludwig no Golberi recebeu o documento; mas de adotada nos países do terceiro mundo
com a Suíça." Brasil foi secretamente doado a este cidiu, porém, dar publicidade à carta, pode evoluir para algum tipo de in
"Declaração de Berna" é uma or instituto." numa atitude considerada no Planalto tervenção direta, confonne era rotina
ganização helvética de solidariedade Prosseguindo, relata o deputado: e na Jari "hostil" a Daniel Ludwig. do.imperialismo dos séculos preceden
e ajuda aos povos do terceiro mundo "Com esta manobra sub-reptícia, uma A partir desta suposta hostilidade, nos tes. Depende,-apenas, de uma avalia
— a mesma que acusou a Nestlé de potência estrangeira, no caso concre círculos opositores ao Projeto Jari pas ção compensadora para tal tipo de in
assassinato em massa de crianças no to a Suíça, passa a ser detentora de sou-se a ironizar: ganhamos um novo tervenção. Se tal acontecer, que seja
terceiro mundo, acusação que resultou parte do território nacional, o que é aliado na nossa luta pela Amazônia, por imprçvidência, omissão ou compro
em processo, onde a organização em imponderável sob o ponto de vista ju o chefe da Casa Civil. metimento nosso, certamente teremos
patou juridicamente, ganhando, po rídico e político, sobretudo sob o ponto Para o deputado Modesto da Silvei um país retalhado em breves dias e
rém. de goleada, politicamente. de vista da segurança nacional. Estes ra, entretanto, o assunto é melindroso. os nossos filhos terão de aprender
A "Declaração de Berna" publicou foram os aspectos que mais dispensa E explica porque: "Tendo em vista uma nova geografia, em um mapa di
na Suíça um bem documentado dossiê ram a atenção; sobretudo as relações que o sr. Ludwig é norte-americano, ferente daquele que herdamos de nos
de 43 páginas — já traduzido para o diplomáticas entre o Brasil e a Suíça nada impede que ele tenha beneficia- sos avós." (RM)

NACIONAL
>
ne 30/01 a 05/02 de 1981

'.-r '-tk^« J-: -_'^-

Artigas: a
da arquitetura
■>- —
V-S^-"^S

Vjlanova Artigas

-.■^ -I- ^
Ar/igfli. Seu nome é um marco e
um símbolo em nossa vida cul
tural e particularmente em nos
sa arquitetura. Ativo participan
te das lutas democráticas, incansável
.' -^- -'r=í.-= r:2Hc>j baial/uidor da valori-açao do arquiteto e
da renovação do ensino da arquitetura •••t 1

SKffiftí em itossas universidades, foão Batista .V , ,

i ilanova Artigas, curilibano de 66 anos,


fe3:'fflÈHfi tem ainda, em sua "folha de serviços"
prestados a cultura brasileira, uma firme
miliiància no Instituto dos Arquitetos do
jr"
Brasil e dezenas de projetos decisivos pa
ra a afirmação da arquitetura e do urba
nismo brasileiros.
Quem não se extasia, por exemplo,
diante da grandiosidade e da força de um
Estádio do Morumbi, em São Paulo?
Quem não se fascina com a beleza e as
sutilezas do prédio da Faculdade de Ar
quitetura e Urbanismo da VSP, que ele
^ ' •W'^-^-'"''^-'.* '""-'L projetou e construiu, mas que não pôde
-irí"*- -• • -^ • - . =^5^'- "'^7. - - - ^^ ^- •_ freqüentar como professor, eni decorrên Estação Rodoviária de Londrina, da década de 50 Conjunto popular Zezinho Maga!
l^.\f- J .-j-=Ç^r ._ cia de seu arbitrário afastamento da uni
versidade, propiciado pelo AI-5 e ocorri
r-
^ -T--^^-, '■ =i:. •
^ 'tc----'^^* \
:í.^:----' -|-2-^.----
_ do no mesmo ano em que o prédio era paralelamente ao I Congresso dos Escri realizando algumas das propostas nasci
tores, realiza-se em São Paulo o I Con das com a Revolução de 30, passam a ter E como passa a atuar o "novo" lAB?
inaugurado e o projeto premiado pela
Bienal? gresso Brasileiro de Arquitetos, que im melhores condições de elaborar pçojetos — Vejam: a partir de 45 inaugura-se
Todos nós emocionamos, além do primiu uma nova dinâmica ao Instituto, de desenvolvimento "autônomo", "nacio uma nova fase na luta dos povos pela de
mais, com a trajetória deste intelectual às lutas dos arquitetos e à própria arqui nalista". E começam a apresentar uma mocracia e pelo socialismo, articulada
corajoso, de idéias claras e jamais escon tetura no Brasil. Ambos os Congressos, maior preocupação em dar um certo sem dúvida com a fase anterior, aberta
^ ~\ - além do mais, foram importantes peças "brilho cultural", um certo "glácê" mo
didas — "sou comunista porque sou, e com a vitória da Revolução de 1917. O
^ - • --Í -. - r- -- - w: não por qualquer outro motivo" —, que para a derrota da ditadura de Vargas e derno àqueles projetos. lAB que nasce do I Congresso dos Arqui
t;/-r:>í--: >ií^V se afirma "um rebelde" e faz sempre para o avanço da luta pela democracia tetos reflete esta nova fase, com todas as
questão de se mostrar abertamente em- no Brasil. suas contradições. Não podemos esque
penhado na renovação .da vida e da so Antes de 1944, o lAB vivia muito cer que o refresco' de liberdade que nos
ciedade. -- marcado pela subordinação do arquiteto «Com o fim de Vargas, o foi oferecido esgotou-se logo, com a
Nesta semana em que o IAS come ao engenheiro e pouco se preocupava com "guerra fria". A burguesia desse período,
T^-j T^- mora 60 anos de vida. Voz da Unidade cs problemas da cultura e da democracia. início de um novo lAB» em termos tendenciaís, substituiu a guer
.^L E r-^-L abre suas páginas para Artigas. Não só Melhor: abordava estes problemas ainda ra contra o nazismo pela guerra contra
para ouvi-lo falar da história desta im da ótica do latifúndio, como aliás ocorria o comunismo, e particularmente contra a
portante entidade, mas para divulgar um de forma generalizada na sociedade bra Como isto repercutiu ao nível da ar URSS. que fora o principal fator de vi
-=.-"=r-'*^1-í- . tória das forças aliadas, de reconstrução
pouco das idéias e comcepções deste que sileira. Com a vitória sobre o nazismo, o quitetura?
do mundo e de garantia da paz.
msmmsfrA^^i é, sem dúvida, um intelectual com todas
as letras. (Marco Aurélio Nogueira)
avanço do socialismo e o fortalecimento
da burguesia no Brasil, a hegemonia do
tf

^ 7~ O símbolo deste período é o Minis Este ambiente de "guerra fria" obvia


latifúndio começou a declinar. E novas tério da Educação e Saúde, construído mente repercutiu no interior do lAB, on
3^-"
tendências que passam a existir no lAB na gestão de Gustavo Capanema, sob a de passaram a conviver personalidades e
São sessenta anos de lAB. Como você, idéias progressistas ao lado de idéias
refletem isto. direção de Lúcio Costa, e refletindo a
Artigas, que sempre se destacou como in forte .influência de Le Corbusier no Bra atrasadas, retrógradas c reacionárias. Es
Também ajuda a explicar as mudanças
telectual e militante junto aos arquitetos sil. Buscava-se, assim, na Europa as ta certa ambigüidade, se por um lado re
o fato de que. durante os anos 30. em
brasileiros, vê hoje essa história? idéias arquitetônicas para "embelezar" e presentou o controle da entidade pela di
decorrência da crise do imperialismo,
— Na verdade, o lAB — fundado em acelera-se o desenvolvimento capitalista modernizar o país. O traço marcante na reita (que se negava a imprimir um novo
1921. num momento de certa indefinição brasileiro. Com isto, há uma expansão arquitetura do período é, portanto, o deste caráter à luta dos arquitetos), represen
--. -» tf .
profissional e cultural do arquiteto — imobiliária significativa e um surto de colonialismo, o da permanência de um tou também a crescente participação de
'?•>>: ganhou sua fisionomia própria, que per desenvolvimento da arquitetura. A bur certo fascínio pelas propostas européias, uma intelectualidade conseqüente d de
rF-"-f_L dura até hoje. por volta do final do Es guesia e o próprio latifúndio, aproveitan ao lado do avanço e consolidação das mocrática, que passou a lutar pela reno
tado Novo. Nos primeiros dias de 1945, do a "folga" criada com a II Guerra c preocupações nacionalistas. vação do Instituto.
■r

C CÜL'

:
De 30/01 a 05/02 de 1981

a beleza
rasíleíra
A deslumbrante beleza do prédio da FAU. no campus da USP

Morumbi. seu. Como você vê isto?


cionalidade c problemática. Na verdade, baixo custo dos apartamentos e, princi
— Coincidem também outras coisas: o funcional é a direita, com sua incrível palmente, a idéia de quô a casa não ter
Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e vá capacidade dc instrumentalizar tudo. Do mina na soleira da porta e que, portan
rias outras obras de Oscar Niemeycr. O meu ponto de vista, as-coisas que não são to, precisa ser pensada como um ambien
que ocorre é a continuidade e a amplia "funcionais" em Brasília são exatamente te amplo, global. O projeto começou a
ção da tendência de afirmação da arqui as que dão valor a ela. ser construído em 67/68 e sempre en
tetura nacional, de sua articulação com controu resistências fortes no interior dos
os problemas da cultura, do povo c do governos, do BNí4 e da própria burgue
espaço brasileiros. «Combati a ditadura e sia — que jamais liv.eram a grandiosida
|á se ahtevêem aí os primeiros indícios de tiecessária para pensar os conjuntos
de Brasília?
me expulsaram da FAU» habitacionais, e acabaram por raistificá-
los. Eles jamais acreditaram que o con-
— Sem dúvida, pois Brasília represen yinfo de Ciimhíca piides^ ser construí
ta uma contribuição importante para a 'c.-a putur lic''dW, cuni u gJipe iiílítiar,
como hcaram as coisas para a arqui do, que ele fosse viável, preferindo
afirmação da arquitetura nacional, No afirmar que o Artigas era um louco e
entanto, precisamos ter claro que Brasí- tetura?
coisa e tal. Exatamente por isto, apenas
, lia não é um símbolo de libertação nacio os apartamentos foram construídos; o
^— Todos sabemos que o golpe de 64
nal ou de progresso em direção ao socia resto ficou por ser feito.
— feito, e não por acasa,-em combinação
lismo. Ela representa, em boa medida,
com o início da escalada americana no O trabalho em Cumbica coincidiu com
uma espécie de "credencial" da burgue
Vietnã — além de ter castrado as liber seu afastamento da Faculdade de Arqui
sia brasileira para se candidatar ao in
dades e a democracia, marginalizando o tetura da USP. Como foi isto?
gresso — como construtora de um "Brasil
povo das decisões e da participação polí
moderno" — no mundo do capitalismo tica e sindical, ampliou as condições pa-, — Este negócio de me expulsarem da
avançado, como sócio menor do imperia universidade já era velho. Tentaram fa
lismo americano.
ra uma redefinição das ameaças à cultura
nacional. Ao mesmo tempo, dinamizou o zer isto em 1951/52, já sob o pretexto
Por outro lado, Brasília também con de minhas atividades,e posições políticas.
Síós travávamos esta batalha em várias tém uma concepção de cidade. No fundo, desenvolvimento do capitalismo no país
e multiplicou as funções do Estado, for- Em 1968/69 eu me candidatei a ser de
ntes. Eu mesmo, por exemplo, atuava, um de seus grandes problemas é ter sido
talecendo-o e modernizando-o. Com isto, mitido da FAU, graças ao meu combate
tre outras coisas, na imprensa. Nos pensada em abstrato, sem referência aos
meiros anos da década de 50. escrevi o arquiteto passou a ter uma atuação aos desmandos da ditadura, ao aventurei-
homens e à sociedade real. Vêm da.í suas rísmo de esquerda e por um ensino re
igos examinando a situação ideológica terríveis contradições, como as "cidades- mais imensa ao nível dos órgãos estatais
I arquitetura no Brasil. É o caso em de planejamento. Com uma nova cons novado da arquitetura. Minha demissão
satélite" aglomeradas na periferia do se inseriu no contexto da "caça às bru
[•ticular do ensaio "L.e Corbusier e o "plano piloto". ciência, adquirida e fortalecida cm meio
[perialisrao". publicado na revista Fun- a lutas, tornam-se os maiores críticos dos xas" que se insftlou no país. O curioso
tnentos e muito marcado pelo impacto programas urbanos e habitacionais do é que ela ocorreu" no mesmo ano da inau
conhecido "Manifesto de Agosto", regime, combatendo-os "de dentro", de guração e da premiação, pela Bienal, do
lavamos com base na idéia de que a !u- «Brasília tem muito de forma positiva. prédio da FAU.
lela autonomia das nações partia da lu- Nesse sentido, os arquitetos souberam E agora, com o retorno à FAU, como
Dela paz. E não perdíamos a perspecti- uma cidade abstrata» compreender que muitos dos programas estão, as coisas?
iníernacionalista. Participávamos de dos sucessivos governos militares, longe — No período em que estive afastado,
egressos mundiais e ajudamos a fundar Qual, então, o valor de Brasília? de serem demonstração de "bondade" a FAU foi "favelizada". Acirrou-se a
Jnião Internacional de Arquitetos, nu- da ditadura, refletem as aspirações è as concorrência entre os professores, que se
reunião realizada em Varsóvia com a — Acima de tudo, o fato de conter
uma beleza imensa, um valor estético lutas do povo. Sem estas lutas, sem as burocratizaram muito, chegando mesmo
sença de arquitetos do mundo todo. O a se acomodarem. Voltando, encontro
3 acabou se filiando a esta União e, significativo, uma experimentação no pressões populares, não existiriam se
poucos, as novas idéias e perspectivas sentido da liberdade. Há nela. também, quer as políticas habitacionais limitadas um ambiente diferente, sem harmonia e
um componente de idealismo e de utopia e deformadas que a ditadura procurou solidariedade. Querem até que eu me
laram-se dominantes em seu interior, submeta, depois de tudo, a provas de ca
por volta de 1954, o lAB insere-se indispensável à busca do novo, componen implemeníarj como, por exemplo, as re
lativas à construção dos grandes conjun pacidade! São òs homens da nova lega
"erma ativa na luta política e cultural te que em parte foi realizado. Por fim,
Brasília também representa uma contri tos habitacionais. lidade que dominam, querendo apagar o
país. passando a desempenhar decisi- passado.
papel na batalha pela valorização da buição importante para pensarmos a ci Você mesmo chegou a projetar um
dade do futuro, a vida urbana numa so conjunto imenso, e multo conhecido, o Felizmente, há os estudantes, com seu
litetura e da cultura nacionais pela de- ardor, sua curiosidade, seu entusiasmo
ratização do país e pela organização ciedade democrática e socialista. "Zézinho de Magalhães", em Cumbica,
São Paulo. Como foi Isso? pelo novo. Eles permitem que afirmemos
arquitetos, Fala-se muito do caráter "não fúncio- que a universidade não faliu, que ainda
oincidem com estes acontecimentos nal" de Brasília... — Projetei um conjunto ideal, para vale muita coisa, que o que nela falta c
ms projetos importantes, como os es- um bairro de 50 mil habitantes, que li direção ideológica. A universidade pode
— Não aceito a separação rígida entre nha como pressupostos a definição do
os do Maracanã de Nicmeyer, e do forma e função. A própria idéia da fun ser, num país como o Brasil, um fáior de
nível mínimo de vida da comunidade, o independência cultural e tecnológica.

>
mm

De 30/01 a 05/02 de 1981

ELETRICITaRIOS/SP

faz governo recuar


Ameaçando parar São Paulo, operários vem
conquistando importantes vitórias políticas e
salariais,inclusive o adicional de periculosidade
Eletricitários em assembléia. Ao alto. Rogério Magrl
Ostrabalhadores da Light começam a reconquistar em sua atual
campanha salarial o reconhecimento da sociedade e do governo
do general Figueiredo ao voltar da
Europa seja dedicada aos eletricitá
não parou e não parar na próxima
semana, o importante é que vamos
para a importância de suas funções e o respeito aos seus direitos. rios, se até lá estes não se satisfizerem acabar com a visão de Sindicato da
Foram eles que desempenharam papel singular na industrialização de com as propostas governamentais. Light e impor o Sindicato dos Traba-
São Paulo e na história do sindicalismo brasileiro, como os primeiros a No entanto, o saldo maior, para o dores da Light, como mais um passo
conquistar direitos que posteriormente se estenderam ao restante da presidente do Sindicato, nesse instan para a emancipação dos trabalhado
classe trabalhadora brasileira: o 13.° salário, após memorável vitória na te, é que, "mesmo se São Paulo ainda res." (P. Céiio)
única greve que a categoria realizou, em 1946; as férias de 30 dias;
mais recentemente, a antecipação de 15% no reajuste, em 1978. que
redundou no benefício do reajuste semestral a todos Os trabalhadores,
com exceção ainda dos funcionários públicos. Agora, juntamente Aposentados: em luta pela
com os sindicatos saníisias da Unidade Portuária, os eletricitários
paulistas dão o primeiro passo para alterar a le^slação que designa 244
categorias como essenciais para a segurança nacional, às quais são impostas
defesa de seus direitos sociais
diversas coibições na sua ação sindical e dificuldades enormes para São^oito milhões de trabalhado ção de organização mostrada pelas
regirem ao acfiatamento salarial e a crise de desemprego que ronda os res aposentados no país, com cerca entidades dos aposentados de várias
operários. cidades do Estado, que apresenta
de três milhões apenas em São Pau
Os eletricitários apresentam um dos maiores índices de lo. Em sua quase totalidade, os apo; ram publicamente suas reivindica
sindicalização do pais (87% dos 18.107 lighteanos e dos 4.000 sentados sofrem a gravidade de uma ções pela equiparação urgente dos
funcionários da Cesp são associados ao sindicato) e elegeram a atual situação que discrimina as pessoas pagamentos dos aposentados aos pro
diretoria em setembro último com o mais elevado percentual atingido pelo afastadas das atividades produtivas ventos dos trabalhadores em ativida
movimento sindical, 92.05%'de comparecimento às urnas. minimamente remuneradas. Supor de, uma vez que atualmente recebem
tam todas as dificuldades de acesso com base no saiário-referência, 10%
Nada menos que 14,5 milhões de dos eletricitários. dos portuários e dos à assistência médico-hospitalar, inferior ao salário mínimo. Foi, cita
pessoas direiâmente atingidas em sua funcionários da Telesp. Além destas, odontológica e de saúde em geral, da ainda a necessidade de represen
vida cotidiana, corte de 76.9% do Rogério Magri. presidente dos eletri acentuadas com os desleixes da Pre tação dos aposentados nos sindicatos -
consumo dc energia industrial de citários. destacou que "pela primeira vidência Social em relação aos direi (com ampliação de dois cargos nas
São Paulo e 28.4% da do país. Fora vez os representantes do CNPS. dos tos de seguro e atendimento quando diretorias). onde apesar de perma
isio. outras atividades básicas da eco- Ministérios do Trabalho e do Plane de aposentadorias provocadas por necerem sócios perdem o direito de
nqmia (metrôs, elevadores, bancos, jamento vieram negociar aqui, na sede acidentes de trabalho e nos casos voto e de serem votados.
a'.jr0portos. o Porto de Santos, por do Sindicato. Antes tínhamos que ir dos que sobrevivem a uma vida intei Para desenvolver as iniciativas,
e.xemplü. no Estado não apenas sem a Brasília". ra marcada por jornadas redobradas necessárias, as entidades começaram
funcionar, mas alguns sofrendo danos Quanto às reivindifaçõcs salariais, por horas extras, deficiências aiimen- por. estabelecer' contrâtos e enviar
incalculáveis em suas instalações. Es a intransigência da Light c do governo tares etc. documentos às autoridades do Minis
tes seriam os efeitos da paralisação de começa a ser dobrada. Na contra tério do Trabalho, da Previdência
Somando-se a isso, carregam o
advertência — alguns minutos apenas proposta por eles apresentada, algu Social, aos presidentes das mesas no
peso da marginalização imposta por
bastariam — que estava prevista para mas exigências do Sindicato são acei Congresso Nacional e ao presidente
mecanismos de propaganda enalle-
u iiliimo dia 28 de janeiro e que foi tas. tais como; o qüinqüênio a partir da República, no sentido de sensi
cedores dos privilégios de "ser jo
adiada pelos eletricitários na assem^ de julho, a elevação da gratificação bilizá-los para os problemas dos apo
vem", que na verdade valorizam as
bléia da véspera, que optou por esti de férias de quatro para. vinte mil pessoas apenas quando na idade e
sentados. Ao mesmo tempo, prepa
car as negociações por mais oito dias. cruzeiros, e o pagamento por produti ram a organização de um congresso
em condições de produzir lucros pa para o próximo semestre no Rio dc
Demonstrando clara consciência de vidade de CrS 1.500 (antes ofereciam
ra o capitalismo. Esgotada sua capa janeiro, que possa reunir associa
sua essencialidade, os eletricitários apenas CrS 1.027), que os trabalha
cidade de produção, estas se vêem ções de aposentados de todos os
continuam amplamente mobilizados e dores ainda-não aceitaram, pois ape
condicionadas a uma imagem social Estados.
unificados em torno de sua direção nas com CrS 2.50Ü.0Ü. como exigem,
de Improdutividade, recebendo por Desta forma, estão sendo abertos
sindical nestas delicadas negociações,' será corrigida a distorção para com recompensa filantrópica brechas de
onde até o presidente da Reptíblica os eletricitários da Cesp. os caminhos para que se imprimam
O espírito de luta e a unidade dá subempregos humilhantes ou a soli na política de previdência social des
pode vir a ter presença direta. Na líl- dão dos asilos e casas de caridade.
tima assembléia, significativas vitó categoria têm prevalecido durante as te país medidas que realmente defi
rias políticas foram anunciadas algu moviméntações, nas quais, acrescenta O Encontro realizado dia 24 pas nam as responsabilidades e o respei
mas delas há muito pretendidas e das Magri, "não podemos dar passos ra sado na Praça da Sé, em São Paulo, to do governo para com esta parcela
quais o governo não abria mão;' o quando pela primeira vez se come da sociedade. Tais medidas deverão
dicais logo nos primeiros momentos.
compromisso governamental de apre Nossa disposição é para negociar. Não morou o Dia do Aposentado, lem ser democraticamente elaboradas, de
modo a eliminar os preconceitos e
sentar projeto ao Congresso Nacional queremos a greve pela greve, mas es brou as lulas dos trabalhadores pela
que autoriza o pagamento do adicio gotar as negociações. Que ò governo conquista da legislação previdenciá- as injustiças de que são vítimas,
nal de insalubridade (30% a mais do conheça nossa disposição de luta, pois ria no Brasil, através da qual sc ini questão a ser observada com mais
que o salário) para quem trabalha cuidado pelas diversas categorias dos
se for preciso ir à greve para obtermos ciou em 1923 a integração das Cai trabalhadores, pelo movimento sin
com rede'superior a 220 volts, a pre sucesso, o faremos." xas de Aposentadorias e dás Socie dical, bem comó por todas as forças
sença do Sindicato na eventual passa A gravidade que o movimento dades de Ajuda Mútua ao Corpo de políticas interessadas em promover
gem dá Líght pará a Cesp e a forma ameaçava assumir no meio da semana
ção de comissão de estudo para passada interrompeu a viagem do pre Mais importante, porem, no bn- a dignidade e o bem-estar social dos
brasileiros.
alterar a "lei dos essenciais", com par- sidente da Light à França e pode fa contro da Praça da Sé, foi a disposi
lícípação dos representantes sindicais zer com que a primeira preocupação

c SINDICAL
>

1 í-

- -i' _ . ■'
De 30/01 a 05/02 de 1981

CAMPANHA NACIONAL MATO GROSSO DO SUL

Avança luta
por reajuste Sindicato da construção:
semestral
Prosseguindo a movimentação desenvol
vida quando da recente aprovação pelo
Congresso Nacional do projeto que alterou
46 anos de luta
a política salarial, a il de dezembro de
1980, entidades de médicos, engenheiros,
OpeTarios se unificam e eliminam interventor, 29 de setembro de 1964, endereçado
ao comandante da 9.'' Região Militar,
arquitetos, agrônomos, psicólogos, quími
cos e outros profissionais de nível superior devolvendo combatividade ao mais importante prova bem esse servilismo e merece
lançam dia 06 de fevereiro a Campanha Na ser transcrito: "Levo ao conhecimento
cional pela Reformulação da Política Sala
rial, em reunião nacional a se realizar no
sindicato do Estado, que agora negocia de V. Excia. que a nova diretoria, de
Instituto dc Engenharia de São Paülo.
A insatisfação destas categorias com. a
convenção coletiva com diretoria legítima signada pela portaria 2Í, vem respei
tosamente pedir, caso não haja inco-
modificação salarial promovida pelo gove^ veniência, as fichas e a documentação
no c motivada principalmente pelo dese
quilíbrio que os termos do projeto (1.820/ apreendidas nesse comando e, se for
80, aprovado por decurso de prazo) causa possível, informar-me. mesmo que ver
rão à renda de quem recebe acima de 20 balmente. os nomes dos associados que
salários mínimos, aos quais ficará cance são contrários aos interesses nacionais
lado o reajuste semestral assim que entrar
em vigor. Além disso reduzirá o índice de e ao regime, a fim de eliminâ-los de
reajuste daqueles que ganham de 15 a 20 seus direitos nesse sindicato." Assina:
mínimos. Justificando tais medidas, o go Levindo Fortunato Monteiro.
verno, na ocasião, alegou uma pretensa re-
distribuição de rendas, que na verdade ape O Comando da 9." Região Militar
nas diminuirá as .cifras das folhas de pa por sua vez enviou-lhe uín ofício re
gamento das empresas, comprometendo o
padrão de vida de 15 milhões de trabalha- servado onde aponta cinco operários
aorcs que ganham até 15 salários mínimos como membros do CGT e do PCB.
e agravando o dos que ganham acima .des De qualquer forma, as funções de
se limite, conforme dados do Dieesc.
coveiro do sindicato exercidas pelo
Vários sindicatos, federações e outras
associações representativas dos profissio interventor começaram a ter fim em
nais atingidos pelo decreto 1820/80 prepa março de 1979, com a formação de
ram a deflagração da Campanha com reu uma comissão de reorganização do
niões já efetuadas em diversos Estados do
i^
sindicato, que desenvolveu um traba
país, com a emissão dc documentos e en
trevistas coletivas à imprensa. Uma comis lho de unificação da categoria e de
são organizadora foi tirada para preparar filiação ao sindicato e recuperou a
a reunião do próximo dia 06, composta carta sindical. Em setembro, foi eleita
por dirigentes sindicais de São Paulo e por legitimamente uma diretoria e hoje o
mnmhms. rias. f.pjlarac.ões nacionais dos ar
quitetos e dos engenheiros agrônomos. Pa
ra cates dittgeivtea "é surgida a oportunida
Após 16 anos de intervenção fede
ral, o Sindicato dos Trabalhado
em 1919 fundaram a Sociedade Ope
rária União dos Trabalhadores de
sindicato conla já com 370 associados.
Euclides Bezerra dos Santos, mestre
de para uma grande mobilização nacional, de obra, é atualmente o presidente do
que vise desmascarar e derrotar a política res nas Indiístrias da Constru Campo Grande, cujos Estatutos, em
salarial do governo federal, através da ção Civil e do Mobiliário de Campo seu item A do artigo 2, estabeleciam
mais importante sindicato de trabalha
união nacional de todas as categorias de Grande volta ao cenário do movimento dores de Mato Grosso do Sul e tem
que tinha por objetivo obter a diminui
irabailtadores, técnicos, auxiliarcs c profis sindical. Dois meses após a eleição de ção das horas de trabalho e o aumen
claro que suas tarefas imediatas não
sionais liberais, coordenadas onde for pos são fáceis. Terá de negociar as reivin
sível, pelos Sindicatos, Comissões Intersín- sua diretoria legítima, realizou uma to dos ordenados, compatíveis com as
assembléia com a presença de mais de dicações da categoria nessa convenção
dicais e Unidades Sindicais". condições locais, assim como o melho
350 operários. A manifestação, acon coletiva de trabalho, junto a um sindi
ramento das condições de trabalho.
tecida no dia 19 do corrente, contou Invadido em 31 de março de 1.964,
cato patronal que representa os inte
Médicos têm com uma participação que surpreen por um comando do Exército, que
resses de uma dezena de grandes fir
mas construtoras, acostumadas a piso
deu até mesmo à diretoria, que encon também indiciou toda a diretoria num
apoio da tra enormes dificuldades para convo
car a categoria: o espaço da sua sede
Inquérito Policial Militar, o sindicato
teve sua carta sindical cassada em
tear inpunemente os direitos de seus
empregados. Além das reivindicações
acima mencionadas, estão incluídas
população própria construída em 1938 foi pe
queno para tanto entusiasmo e tanta
1971, além, é claro, de perder seus
1236 associados, número de operários
na pauta dos trabalhadores o adicio
nal por tempo de serviço na razão de
gente, que inclusive se aglomerou do ligados ao sindicato até 1964.
o Conselho das Sociedades de Amigos lado de fora, nas calçadas da Rua Ma- Hoje, 46 anos após a fundação de
5% para os que têm 3 anos de firma;
de Bairro da Região do Ipiranga, em São racaju. Distribuídas em 24 cláusulas, aviso prévio de 45 dias para os de
Paulo, formado por 24 entidades, aumen seu sindicato, os operários da cons igual tempo que forem dispensados;
ta a mobilização da comunidade para que
as reivindicações da categoria foram trução civil reivindicam um piso sala
aprovadas item por item. a maioria garantia de emprego às gestantes e
volte a funcionar a Clínica Infantil do rial de Cr$ 9.000,00 para os serven acidentados; e outros itens que reúnem
Ipiranga, há quase um mês com atendi por unanimidade, fornecendo as bases tes (que ganham menos de 7 mil), de
mento paralisado, em virtude dos atritos para os preparativos para as negocia um total de quase 60 reivindicações,
nas negociações entre o corpo de médicos Cr$ 9.750, para o meio-oficial e entre elas a liberdade de acesso dos
e residentes com a direção. Em ato pú ções da convenção coletiva de trabalho CJr$ 12.900,00 para os profissionais.
blico realizado dia 24 último, aproxima a serem levadas pela diretoria. representantes do sindicato nas obras
Reivindica também aumento, salarial e escritórios.
damente 300 pessoas questionaram os di Esta foi a maior prova de que os de 5% sobre o salário de maio de
retores da Clínica, religiosos da Ordem de Logo ná primeira reunião entre tra
São Camilo, que fogem a acordo ante 16 anos anos de arbítrio não consegui 1980 para aqueles que passaram a ga balhadores e patrões o sindicato pa
rior ao não recontratar pela CLT os mé ram apagar a consciência e a combati nhar até Cr$ 9.000,00, 4% para os tronal não compareceu. Euclides Be
dicos demitidos é adiar o edital para con vidade dessa categoria, que em 1934 que passaram a ganhar até Cr$
tratação de novos residentes. zerra,, por outro lado, já anunciou que
O movimento da população reivindica já organizava seu sindicato (com Oscar 15.000,00 e 3% para os salários su pedirá a intervenção do Ministério do
a pennanência dos médicos preceptores (a Dechemdt eleito o primeiro presidente) periores a Cr$ 15.000,00.
Trabalho a fim de forçar os patrões a
Clínica funciona como hospital-escola), al e que hoje representa 30 mil trabalha Certamente essas reivindicações pa
guns deles com oito e até 10 anos de se reunirem com os trabalhadores, ba
trabalho no local, e conta com apoio de dores de Campo Grande. Em 34, o sin receriam subversivas para o presidente seado no artigo 616 da CLT. O pro
várias entidades mé^cas'e de parlamen dicato travava uma luta pelo respeito da junta governista que foi enfiado no cesso de negociação vai até X? de
tares que acompanham as negociações: às oito horas de trabalho, conforme sindicato após o golpe de 64. Esse pe fevereiro, data-base da c^goria. Se
Associação dos Médicos Residentes do consta nas atas, onde estão registradas dreiro, matriculado no sindicato sob-
Estado de São Paulo, Associação Paulista até lá as partes não entrarem em açor»
e Conselho Regional de Medicina, Socie as queixas de operários que eram obri o número 186, brasileiro de Belo Ho do, o sindicato dos trabalhadores le
dade Paulista de Pediatria, deputados Ho- gados a trabalhar 10 horas por dia. rizonte, foi, durante os últimos 16 vará suas reivindicações à justiça tra
rácio Ortiz (PMDB) e Osmar Ribeiro Porém, o início da organização dos anos, fiel servidor da ditadura. Um
(PTB). balhista. (Campo Grande, do corres-
trabalhadores é anterior a 1934. Já ofício seu, de número 13, datado da pendente).

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12 vsis^ De 30/01 a 05/02 de 1981

DEMISSÕES da limpeza das- áreas críticas teria


surgido a missão João Fortes?

Crise da PUC/RJ ameaça


A questão é séria, e com todo o res
peito que possa merecer e efetivamen
te merece, a instituição universitária
da Igreja no Rio, pela sua atuação nos
anos mais duros da ditadura militar,
quando resistiu à sua ma,neira e per

livre debate de idéias maneceu como um centro acadêmico


onde a circulação de idéias e a con
frontação científica continuaram vi
vas, causou precupações de natureza
tal a mobilizar toda a comunidade
Situação crítica da instituição católica tem em sua base problemas educacional e científica do país.

econômicos e financeiros, mas não pode ignorar a grave dimensão LIBERDADE EM JOGO

ideológica que existe na questão do afastamento dos professores. A PUC, seja porque interesses mes
O que está em jogo é a sobrevivência da liberdade na universidade quinhos e imediatos tenham levado a
isto, seja porque começa a predominar
na sua cúpula dirigente um conceito
talitário de governo, que é o que nós reclamou tranqüilamente contra os fi mais estreito, com elementos de inte-
Honório Vasconcelos
temos". nanciamentos: o da Finep, da ordem grismo — a esse respeito acreditamos
de Cr$ 300 milhões, igual ao do ano que a comunidade universitária de nos
RIO — Afinal de contas, o que é ESTRANHA MISSÃO passado e por isto mesmo avaliado so país gostaria de ouvir a palavra do
que há realmente por trás da crise na pelo padre Mac Dowell, a partir dos padre- Vaz —, o fato é que o episódio
universidade católica do Rio (PUC)? Por coincidência, imediatmente após dados da inflação, em metade do que das demissões, como foi formulado e
O problema, como reconheceu o pró o anúncio das demissões, soube-se deveria ser; e o do^ Ministério, da or encaminhado, coloca no^ centro da
prio reitor, padre João Mac Dowell, que uma comissão de alto nível liga dem de Cr$ 20 milhões, mais cinco questão o problema da liberdade e da
não se esgota- num simples reajusta- da à entidade mantenedora da PUC que o do ano passado, igual a 3% de função da instituição acadêmica numa
mento orçamentário, obrigando a sus — tendo à frente o empresário foão todo o orçamento da PUC para este sociedade que busca ser livre e plura
pensão de cursos e demissões de pro- Fortes'— levou a Brasília, diretamen ano. lista.
•íessores para amenizar dêficits que já te às mãos do presidente Figueiredo, Logo, tratar-se-ia de reivindicações Hoje, o que separa professores e
são crônicos no balanço de contas das um documento propondo medidas pa concretas, sem nada de misterioso estudantes da direção da PUC, o que
instituições de ensino do país. ra solucionar a crise financeira daque que pudesse — pelo menos é a im sensibiliza a comunidade universitá
Por mais compreensível que possa la universidade. pressão que se tem até agora — ou ria, não são as questões ecomômícas,
ser a visão que se tenha dos problemas A imprensa até agora não teve precisasse ser sonegado à comunidade mas o critério ideológico que surgiu
econômicos da universidade — e nes acesso a ele — seu conteúdo não foi universitária, disposta, como reitera no bojo da busca de uma"'so!ução pa
te ponto tanto a comunidade docente revelado pela reitoria, que sintomati das vezes já o demonstrou, a juntar-se ra uma crise eminentemente econô
como discente da PUC deram repe camente alegou desconhecê-lo, nem à instituição na batalha para conse mica,

tidas mostras de bom senso, tolerância pelos portadores, estes a pretexto de gui-las e assim amenizar as dificulda O que está em questão hoje, no ca
e colaboração —, não se pode ignorar que caberia ao Planalto fazê-lo. O des financeiras sem prejuízo para a so específico da PUC, não é a sua
a gravidade do caráter ideológico que fato é singular e dá margem a especu qualidade do ensino. sobrevivência como centro de ensino
revestiu a demissão de pelo menos lações — afinal de contas, por que Assim, o que intriga e preocupa no de alto nível, mas a sobrevivência da
alguns dos 28 professores afastados, e fazer segredo em torno de fatos dessa episódio é como as coisas vêm acon liberdade dentro da universidade —
o que isto representa no atuai quadro natureza? As dívidas e as fontes fi tecendo, E a interrogação que fica no seja ela oficial ou privada —, na me
educacional do país, definido pelo nanciadoras dos diversos cursos da ar é: teria a PUC optado pelo caminho dida em que, neste país, tanto uma
jurista e ex-professor da PUC, Seabra PUC são conhecidas. das concessões para solucionar suas quanto outra não sobrevivem sem o
Fagundes, como inspirado em "dire Recentemente, ao relatar ás dificul dificuldades financeiras? Por que só aporte financeiro de instituições de na
trizes compatíveis com um sistema to dades da sua universidade, o reitor depois da demissão dos professores e tureza pública e estatal.

clusive a própria alimentação das da Educação e desenvolve, já coni

Em Piracicaba, Maluf crianças.


Pois muito bem: o governo do sr.
Paulo Salim Maluf passou o, ano de
algum êxito, planos paralelos de Edu
cação e Alfabetização. Atualmente, é
o município qüe arca com as despesas
80 sem dar a merenda escolar, como da merenda escolar, enquanto ficamos
nega merenda escolar devia, fornecendo apenas 20% (ver
quadro ao lado) em produtos indus
trializados. Ou seja, o governo do
ouvindo pela TV as balelas do gover
no sobre seus feitos nessa área. A
palavra, portanto, tem que passar
Diante da omissão do governo estadual, Estado de SP está pouco se importan para a administração municipal de
do se as crianças de Piracicaba estão Piracicaba, e em particular para Bar-
administração municipal oposicionista comendo ou não. A sorte delas é que
em Piracicaba existe um governo opo
jas Negri, secretário da Educação —
responsáveis pelos inovadores planos
poe em prática planos alternativos sicionista (PMDB) que realmente
está se preocupando com a situação
educacionais alternativos. É o que
procurará fazer a Voz.
Falar de Educação nesse país é fa É do município a responsabilidade de
lar de descaso, omissão e mentiras. cuidar das creches, parques infantis,
Se formos então particularizar redu biblioteca, etc," Sem tocar mais á fun
zindo-o a um Estado ou mesmo a um do no problema da falta de escola do Verbas destinadas à Merenda Escolar
município, se segurem que aí a "bar 1," e 2." graus, mas para dar uma
ra pesa", idéia geral, Piracicaba possui mais ou
O caso da merenda escolar do mu menos 215 mil habitantes e tem ape
nicípio de Piracicaba, em São Paulo, nas 39 escolas estaduais. Sendo que
é um bom exemplo para mostramos as melhores estão- na área onde há Municipal 75 %
pelo menos um dos vários absurdos menor carência de alunos. É do go Federal 3,25%
que se cometem hoje neste que é o verno do Estado também a responsa 20,5 %
Estado mais rico da Federação,
Estadual (*) '
bilidade sobre a merenda escolar, pois 1.10%
mmimm:ism O Estado hoje é responsável pelo quando se fala em ensino gratuito
Comuniííade
ensino gratuito de 1,° e 2.® graus e
cada município pela fase pré-escolar.
prevê-se que ninguém pode pagar o
material escolar, o transporte e in
L (*) Só para as escolas de 1.® grau

V
c EDUCAÇÃO
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He 30/01 a 05/02 de 1981 13

SOCIALISMO EL SALVADOR

Apesar da ajuda
Bem-estar será tema do de Reagan, junta
perde terreno

XXVI Congresso do PCUS Reagan começa seü governo apos


tando muitos milhões de dólares na
junta militar de El Salvador, que já
não goza de nenhum respeito dentro
ou fora do país. Em apenas alguns
Comunistas soviéticos reafirmarão como tarefa central o aumento dias, antes e depois da posse, o novo
ocupante da Casa Branca não só rei
da eficácia da produção e a melhoria da qualidade do trabalho, niciou a ajuda militar, suspensa desde
dezembro em represália ao massacre
base para a continua elevação do nível de vida do povo de missionárias norte-americanas pe
los órgãos de segurança da junta, co
mo também dobrou seu montante,
Em junho de 1980 realizou-se õ
Pleno do Comitê Central do Par
^r^rT' que atingiu a mais de 10 milhões de
dólares. Mas a generosa escalada não
tido Comunista da União Sovié ■v A-EHHH ■ ií ^ ficou nisto. Ao mesmo tempo em que
tica, durante o qual interveio Leonid suspendeu a ajuda-econômica à Nica
liiích Brejncv, secretárío-gcral do CC. rágua. Reagan brindou a junta salva
fazendo uma análise da situação atual, dorenha com 25 milhões de dólare-^
interna e internacional e indicando as para financiar a importação de alimen
tarefas básicas que se apresentam dian tos e o "projeto de reforma agrária".
te do Partido e do país. às vésperas Ajudando a desmoralizar a primei
do XXVI Congresso do PCUS. ra ação internacional do governo Rea
gan. o coronel Adolfo Majano, ex-
O conclave será realizado a partir membro da junta, enviou da clandesti
do dia 23 de fevereiro próximo, cons nidade uma carta à imprensa, na qual
tando a ordem do dia de 3 pontos: 1) denuncia: "As manobras de uma me
Prestação de contas do Comitê Central díocre camarilha militar em conluio
e tarefas do Partido na política inter com um reduzido grupo de civis está
na e externa, cabendo o informe a conduzindo o exército a uma luta sem
Brejnev; 2) Prestação de Contas da Trabalhadores da fábrica "Diname" escolhem Boris Korotkov, sentido histórico, pois é contra o
Comissão de Controle do CC o (infor operário comunista, como candidato deputado do povo de Moscou. nosso próprio povo, que nós, milita-
me de G. F. Sízov) e 3) Orientação • res profissionais, juramos defender
básica relativa ao desenvolvimento eco altos, prestam contas ao povo de sua de austeridade praticada em todos os com a nossa vida e a nossa honra."
nômico e social para o período de atuação. países capitalistas desenvolvidos. Majano lembra que "a rebelião em
1981 a 1983, cujo informe estará a Ponto importante da Ordem do Dia mossa da população é um fato que se
cargo do presidente do Conselho de do Congresso, o que terá como infor esboça há vários meses" e faz um ape
Ministros da URSS, N. Tikhonov. EM MARCHA PARA O mante Tikhonóv, refere-se ao XI Plano lo a seus colegas oficiais para que
COMUNISMO Qüinqüenal. Ele deverá confirmar, não sejam "cúmplices do crimes da
OS DELEGADOS segundo se divulga, um aumento'de tortura, do assassinato político^".
No seu Informe perante o Pleno 25% na produção industrial de 22% Nesta altura, o presidente da jun
Entre outras resolijções, o Pleno do Leonid Brejncv declarou: "Cada con na produção agrícola, atingido no X
gresso tem aberto novos horizontes ao
ta Napoleón Duarte declarava catego
CC estabeleceu a norma de reprcsenta- Piano, sem que qualquer produto te ricamente aos jornalistas que "o go
tividade do PCUS. que será dc um de nosso Partido e ao nosso país. Estou nha sofrido aumento dc preços. Diga-
certo de que assim lambem será o verno e as forças armadas nunca vio
legado para cada 3.550 membros do se dc passagem qué 8Ü% da popula laram íim direito humano". E o repór
Partido. Isto representa menos do que Congresso que se avizinha, chamado a ção urbana do país vivem hoje cm
traçar a estatégia e a tática dc luta na ter Luiz Fernando Emediato escrevia,
a proporção de representaiividade do apartamentos individuais dotados dc de San Salvador, para O Estado de S.
XXV Congresso, que foi de um dele próxima etapa da construção do co iodos os elementos dc conforto básico. Paulo que "cadáveres desfigurados,
gado para cada 3.000 membros do munismo."
Todos os recursos científicos c téc barbaramente torturados, aparecem
Partido, o que se justifica pelo fato nicos serão postos a serviço do pró
de o Partido ter crescido numericamen
Como tarefa central o Congresso co todas as manhãs nas ruas da cidade
locará diante do país a elevação da ximo plano qüinqüenal, voltado para e no campo". Na mesma ocasião cor
te: em l." de abril de 1980 contavam- vcnecr mais uma" etapa na conquista
se 17.193.376 membros. Tais delega eficácia da produção e a mellioria da taram o telefone da Comissão de Di
qualidade do trabalho, problcma.s que do conninlsino. Não foi por acaso reitos Humanos de El Salvador, por
dos, ie acordo com os Estatutos, se que, ao abrir seu informe perante o
ocupam pcrmaneniemenle as atenções onde ela recebia as denúncias e
rão eleitos por votação secreta, nas Pleno de junho, Brejnev se exprimiu
conferências regionais c municipais do do Partido. Na etapa do próximo pedidos de socorro. Acusados de
qüinqüênio coloca-se viriualmcntc a assim: "Eu não começarei falando de servirem aos "terroristas", os mem
Partido e nos congressos dos Partidos elevação do bem-estar do povo sovié metais ou dos transportes, do com- bros da Comissão, que realizavam um
Comunistas das repúblicas federadas. tico, o que significa produção em busiíve! ou da energia, apesar de sua trabalho puramente humanitário, ti
Desde setembro último teve início a quantidade suficiente e variada de importância, mas de questões das veram de se refugiar-na clandestini
campanha eleitoral, proposta pelo Bi- produtos alimentícios de qualidade, quais depende a melhoria das condi dade.
rô Político do Partido, com sucessivas bem como o fornecimenlo dos mes ções de vida dos soviéticos." Assim, é A política de Reagan, já se pode
reuniões das organizações de base do mos, de forma ininterrupta, à classe certo que o XI Plano Qüinqüenal se dizer tranqüilamente, é tão imoral e
Partido nas repúblicas federadas, de operária. . rá muito melhor do que o anterior e demente como o foi a de Johnson e
vendo encerrar-se no final de janeiro' que a União Soviética avançará, sem Nixon no Vietnã. E, como esta, não
corrente com os congressos dos Par precipitações e sem interrupções, dé tem a menor chance de sair vitoriosa.
tidos das citadas repúblicas. O PLANO QÜINQÜENAL maneira tranqüila e séria, para o alto É, aliás, o que recordam ex-funcioná-
Esta campanha de prestação de con ponto de desenvolvimento que almeja. rios dá CIA, "Departamento de Estado
tas e a campanha eleitoral são dos É de se salientar que o que os ideó Para o êxito das tarefas, todo o Parti e outros órgãos de segurança .na
mais significativos acontecimentos que logos da burguesia ocidental e dos do, as organizações de massa e os cional, em documento circulando
ocorrem no seio da classe operária da círculos reacionários esperavam não meios de comunicações e de propa em Washington, conforme informa
URSS, constituindo-se. numa ampla conste das preocupações soviéticas. Re- ganda estão em trabalho intenso, The New York Times." E isto.será
mobilização de massas participando ferimo-nos à crise. Acontece que a abrindo sinal verde para as sugestões tanto mais verdade, quanto maior for
ativamente das discussões e dos pla União Soviética é exatamente o contrá e observações' dos trabalhadores, para a solidariedade internacional à luta do
nos e atingindo um alto nível político, rio de um país em crise. Não se des a crítica às insuficiências e para a povo salvadorenho pçlo sagrado direi
em que os dirigentes partidários, des cobre no país o menor traço de de criação de um clima que propicie a to de mandar na sua casa e escolher
de os organismos de base até os mais semprego, o que é o oposto da política eliminação delas. (Moscou - Especial) seu próprio destino. (J.M.F.)

A -( -ínternacíonal""^ - -/
vss^ Pe 30/01 a 05/02 de 1981

Com a proposta de divulgar e buscar as raízes da cultura público, que começou a ver o Grupo
de forma diferente, como se ele tivesse
niatogrossense, o Acaba pretende, com sua música, colocar em uma grande estrutura para produzir
debate a defesa de mn meio e de uma raça, valorizando o folclore música e cultura. Na verdade, o Acaba
continua o mesmo, lutando com as
e a vida de nma das maiores reservas ecológicas do mundo mesmas dificuldades de 12 anos atrás.
Mas é inegável que amadurecemos
mais e ampliamos a área de divulgação

Grupo Acaba, cantando


de nosso trabalho.
— Qual a proposta do Grupo?
Com nosso trabalho pioneiro no
campo da pesquisa das manifestações
culturais e folclóricas de nossa região,
não pretendemos realizar um com

as dores do Pantanal pleto e definitivo levantamento sócio-


antropológico, mas colocar .em debate
a defesa de uma cultura, de um meio
e de uma raça — elementos que vêm
Após mais de dez anos de trabalho, Ele nasceu da necessidade que sen mesmo berço: somos todos "pantanei-
ininterrupto e inteiramente dedicado à
sendo esmagados por um falso desen
tíamos de passar a existir como grupo ros", do Pantanal. E é por esta razão volvimento numa das maiores reservas
pesquisa da música maíogrossense,, o organizado, pois antes tocávamos jun que ainda não desapareceu, apesar de
Grupo Acaba — Canta Dores do ecológicas do mundo, que é o Pan
tos mas sem um laço maior. Nasceu estarmos juntos há 12 anos. tanal.
Pantanal — lançou seu primeiro Lp, também da necessidade que sentíamos — Após todos estes anos de traba
em meados de 1980. Um Lp belo e de fazer existir nossa própria cultura, lho, veio o primeiro disco. O que -- Quer dizer que no trabalho de
marcante, excelente mostra do que o isto é, de divulgar a cultura maíogros mudou? vocês há uma perspectiva social. . .
conjunto procura realizar em termos sense, de buscar nossas próprias raízes. Claro. Um povo só se torna grande
Depois do disco, passou a existir
musicais, cantando a vida, a cultura e O Acaba é formado por elementos do e independente quando tém coragem
a magia da região do Pantanal de
uma cobrança maior por parte do
para assumir sua priraitividade, pre
Mato Grosso. "Em busca/da rês per servando e enriquecendo sua cultura.
dida/no casco do cavalo/um pedaço Aqui no Pantanal, por exemplo, quan
de poema./Na face pantaneÍra/0 pon do se fala em instalar usinas o que se
to de partida" — assim o grupo define está propondo na verdade é a destrui
seu trabalho. ção da região. Com a chegada da
Acaba tinha confirmado sua pre maior usina de álcool do mundo, o
sença na Festa Nacional da Voz, quan I?antanal começará a morrer, e com
do divulgaria de forma ampla seu ele sua gente e sua cultura.
canto e sua proposta, Com a proibição — E a participação do Acaba na
arbitrária, adiou — certamente por Festa da Voz?
; muito pouco tempo — sua vinda a
São Paulo. Todos perderam com isto. Para nós, o convite nos deu muita
Na ocasião, Francisco Saturnino de alegria, pois significou um reconhe
Lacerda Filho (Chico). o letrista do cimento de nosso trabalho. A Festa
grupo, falou à Voz da Unidade, refor seria uma excelente oportunidade pa
çando a idéia de que vale a pena ra mostrarmos nossa música para
escutar o Acaba, procurar seu disco e pessoas de outras terras e, assim, le
conhecer seu trabalho. varmos adiante nossa proposta. A
— Como se formou o Grupo proibição impediu isso e tirou a alegria
Acaba? Na música do Acaba, toda a força e o sofrimento doa povos do Pantanal. de muita gente. Mas estamos certos
de que muitas outras festas existirão.

ENCONTRO/SP propostas gerais e fluídas, É impor monstra a importância dessa contradi


tante notar, e a composição da mesa ção.A maior parte dos presentes eram
abrangia um leque amplo de posições, trabalhadores de teatro-, que ainda não
Divisão persiste entre ' que não existe no país" uma proposta
política sobre a questão cultural hoje
que fuja das formulações gerais e
conquistaram espaço na indústria cul
tural do país. isto é, na televisão. Pa
ra uma categoria que ainda não en
toque na prática cultural. controu os pontos de sua organização
profissionais do teatro No dia 20, segunda noite do En
contro, o debate girou em torno do
tema "Teatro e Sociedade", iniciado
essa divisão torna-se o estrangulamen
to de uma luta conjunta, facilitando a
a saída individual.
por Amír Haddad. josé Arrabal, fef-
Discutindo a cultura e as relações com o ferson De! Rios e Lüis Carlos Maciel.
Por essas e outras c que o Encontro
reveste-se de uma importância funda
Estado. Encontro paulista está trazendo Nessa noite a participação quantitati
va e qualitativa aumentou. Os com
mental. Vale lembrar que a divisão
existente atualmente favorece a pró
importantes elementos para a reflexão e ponentes da mesa abriram os debates
propondo a destruição formal da ocu
pria desvalorização do profissional, já
que a indústria cultural tem sempre à
li^í^ iC.ip I-"^-"^' -■ para a organização dos trabalhadores em teatro pação do espaço. Não ocuparam a sua disposição um enorme exército de
mesa como tradicionalmente se ocupa, reserva. Outro ponio: no bojo do I
misturando-se com a platéia. Apesar Encontro desenvolve-se também a luta
Da Costa como também ao aspecto qualitativo de se ter iniciado o debate de modo para a eleição da futura diretoria do
dos debates, já que o Encontro tem tão inovador, a continuidade não dei Sindicato. Cabe à categoria tirar algu
O I Encontro dos Trabalhadores como objetivo formular uma política xou de demonstrar como estamos des mas propostas e deliberações que ve
em Teatro, patrocinado pelo Sindicato de ação para o Sindicato. preparados para a discussão. nham a exigir um compromisso maior
•;>"•* .-i-
dos Artistas e Técnicos em Diversões Buscando dar subsídios para a dis da futura diretoria para com os seus
Públicas de São Paulo, iniciado dia cussão, o debate foi aberto por uma Apesar dos pesares, o debate pôs a
nu alguns problemas fundamentais dos associados.
19 de janeiro com uma discussão so mesa, composta por Luiz Carlos Ma
bre "A Questão Cultural", mostrou ciel, Maurício Tragtemberg, Octávio profissionais de teatro. Isso porque o O Encontro continuará com reu
uma categoria aquém do desejado na trabalhador cm teatro na atualidade é niões plenárias, para a discussão de
lanni e Perseu Abramo, Talvez pela um desempregado a maior parte de teses sobre Circuito (mercado para
atual conjuntura do país. diante da abrangência do tema e pela forma co
discussão do papel da cultura e, em seu tempo, quando não tem que ser apresentação), dias 9 e 10 de feverei
mo ele foi debatido, partindo de mo ao mesmo tempo trabalhador e em ro; e Teatro e Estado (dias 16, 17, 23
particular, do teatro. Não só no que delos teóricos e não da prática efeti
diz respeito ao aspecto quantitativo, presário. A própria composição do pú e 24 de fevereiro), na Fundação Ge-
va, as colocações ficaram ao nível de blico nesses dois dias do Encontro de túlio Vargas.

c CULTURA
>
De 30/01 a 05/02 de 1981 VOZ

Desde que os ventos da «abertura» começaram a soprar, as traduções de livros marxistas


eonieçaram a se multiplicar e a melhorar qualitativamente, Hoje temos no mercado
diversos livros de marxistas italianos, soviéticos, franceses, espanhóis e alemães
Apesar da inegável importância
que conseguiram ter no mundo
reformulação do "compromisso his
tórico").
inteiro, as idéias de Marx ainda Não é casual que nós tenhamos tan
são escandalosamenle mal estudadas tas traduções de marxistas italianos
entre nós. O Capital só foi traduzido nestes últimos anos: os marxistas bra
na íntegra e publicado no Brasil (pela sileiros dão mostras de que se reco
editora Civilização Brasileira) mais nhecem em algumas preocupações dos
de um século após o aparecimento do compagni, percebem afinidades, des
original na Europa. Por isso, professo cobrem que aquilo que os italianos
res de renome, confiando na ignorân dizem nos interessa. Durante muitas
cia alheia, se sentem à vontade para décadas, prevaleceram as traduções ds
escrever quaisquer tolices sobre o autores soviéticos e franceses, no
marxismo. O professor Eugênio Gu- Brasil; agora, seria ruim se o marxis
din, por exemplo, costuma atribuir 'a mo italiano viesse a se tornar fonte
Marx a lesç de que a propriedade é exclusiva de traduções. Felizmente,
um roubo, crilicando-a, em seguida, isso não tem acontecido e uma certa
com argumentos muito parecidos aos diversidade tem sido mantida.
que o próprio Marx empregou contra Os soviéticos, por exemplo, não fo
Proudhon (pai da infeliz fórmula). ram esquecidos. Eles estão presentes
Qualquer coisa que se faça pela di com o falecido i(e hoje quase legendá
fusão dos escritos de Marx no nosso rio) Mikhail Bakhtin, autor de Mar
país, portanto, deve ser considerada xismo e Filosofia da Linguagem (ed.
não apenas um serviço prestado à Hucitec), com A Dialética como Lógi
causa do socialismo e às lutas dos tra ca e Teoria do Conhecimento, de P.
balhadores, mas também uma contri V. Kopnln (ed. Civilização), A Gran
buição benemérita ao combate à igno Marx, Lenin, Lukács, de Revolução de Outubro e a América
rância. Louvadas sejam as grandes e Gramsci. Togllattl e Latina, de Boris Koval (ed. Alfa
pequenas editoras que. desde os anos Althusser: com a Omega) e com o notável ensaio de
20 até o presente, vêm enfrentando edição de seus [ivros Isaak Illitch Rubin sobre A Teoria
preconceitos, pressões políticas e eco ampliou-se o acesso Marxista do Valor (ed. Brasiliense),
nômicas, para difundir os textos dc aos clássicos do entre outros. Os franceses também
marxismo
Marx: a Vitória, a Calvino, a Civiliza não foram dispensados: basta lembrar
ção. a Paz e Terra, a Zahar, a Alfa os textos de Posições I e II, de Louis
Omega, a L «S: PM, a Global, a Ciên Althusser (ed. Graal), de Ler o Ca
cias Humanas e tantas outras! pital (Althusser e outros, ed. Zahar),
Mas não basta editar Marx. As de Lógica Formal/Lógica Dialética, de
i/iéiasL rjr^ Marx só Qodcm 5er correta-
mente avaliadas, em termos marxistas,
se levarmos em conta os desdobra
As novidades Henri l.efehvre (ed. Civilização), de
A Filosofia e os Mitos, de Georges
Politzer (ed. Civilização), e de A So-
mentos delas, os desenvolvimentos cial-Democracia na Atualidade, de
históricos que lhes foram dados por diversos comunistas franceses (ed.
gente que enfrentou problemas novos,
situações que Marx não chegou a
conliecer, E na área dos continuado-
na literatura Civilização).
Mesmo setores tradicionalmente
pouquíssimo explorados, entre nós,
res de Marx (não me refiro aqui aos como ó marxismo de expressão caste
epígonos, aos meros repetidores sem
originalidade, e sim aos que ênriquc-
ceram o marxismo). voltamos a encon
trar, no Brasil, ás mesmas graves defi
marxista lhana e alemã, começam a ser um
pouco menos mal representados nas
traduções e proporcianafam magnífi
cos presentes ao público leitor brasilei
ciências a que nos referimos quando ro. Para os espanhóis, lembro o instl-
falamos na difusão das obras do pró Leandro Konder
gante livro Cidade, Democracia e
prio Marx. Socialismo, d^e Manuel Castells (ed.
Do húngaro Lukács, por exemplo, Marx, de Evald Vassíliev lUcnkov, reflexão toglialtina sobre a "democra Paz e Terra). E para os autores mar
há vários livros editados aqui, porém nunca foram traduzidos, cia progressiva" e o "partido novo". xistas de expressão alemã, tivemos os
não existe em nossa língua nenhuma Devemos reconhecer, contudo, que Também de Togliatti registro o apare dois primeiros volumes da Ontologia,
edição da Estética ou de O /ovem He- o quadro está mudando. Desde que cimento das Lições sobre o Fascismo, do húngaro Lukács (ed. Ciências Hu
geí. A publicação dos, escritos de os ventos da "abertura" começaram a apresentadas por Marco Aurélio No manas) e a Introdução à Economia
Gramsci, por outro lado, iniciada pio soprar — ainda que muito' limitada gueira (cd. Ciências Humanas). Política, dc Rosa Luxemburgo (ed.
neiramente em 1965, ficou interrom mente — as traduções de livros mar Martins Fontes).
pida, sem que chegassem a ser tradu xistas começaram a se multiplicar e Da Itália nos vieram, também, uma Por fim, não posso deixar de recor
zidos Passato e Presente e 11 Risorgi- a melhorar qualitativamente. Não dis- eficiente Vida de Gramsci, dé Giu- dar aqui o aparecimento do primeiro
mento. Importantes críticos alemães- ponho de dados que me permitam seppe Flori (ed. Paz e Terra) e três volume da História do Marxismo, di
orientais como Werner Mittenzwei c fazer um balanço delas, mas quero livros de Luciano Gruppi: O Pensa rigida por Eric Hofasbawn (ed. Paz e
Wolfgang Harich permanecem des assinalar aqui alguns volumes apare mento de Lenin (ed. Graal), O Con Terra) e a publicação de algumas
conhecidos do público brasileiro. Os cidos há pouco e dignos de leitura. ceito de Hegemonia em Gramsci (ed.
livros mais significativos dos marxistas coletâneas de inegável utilidade, co
Começo por assinalar a publicação Graal, apresentação de Luiz Werneck' mo, por exemplo, A Libertação da
ingleses Gcorge Thompson. Raymond das Teorias sobre a Mais-Valia, de Vianna) e Tudo Começou com Ma-
Williams e Perry Anderson só são Mulher (com textos de Samora Ma-
Marx, em tradução do mesmo Regi- quiavel (apostila de um curso, organi chel, Alexandra Kollontai e outros, ed.
acessíveis a quem pode lê-los em idio naldo Sant'Anna, tradutor do Capitai zada por Dario Canalli). Gruppi é
mas estrangeiros. Boa parte do que os Global), o número 26 da revista En
(ed. Civilização). brilhante, mas- o teórico político mais contros com a Civilização Brasileira,
soviéticos escrevem de melhor é igno Passo, em seguida, aos italianos. original do PCI não é ele e sim Pietro que traía igualmente da problemática
rada no nosso país: apesar do mérito Socialismo e Democracia é uma cole Ingrao, de quem a Civilização lançou
que possuem, trabalhos como As da libertação da mulher (organizado
tânea de escritos de Palmiro Togliatti,' há pouco um esplêndido livro de en por Zuleika Alambert), e o volume A
Origens da Dialética Materialista, de do período de 1944 a 1964, organizada saios: As Massas e o Poder (que me
Théohar Kessidi, e A Dialética do Questão Nacional e' o Marxismo, a
por Carlos Nelson. Coutinho (ed. parece antecipar, em alguns pontos, a cargo de Jaime Pinsky (ed. Brasi
Abstrato e do Concreto no Capital de Muro), revelando Ioda a riqueza da atual linha política do PCI, após a liense).

<; CULTURA
>
De 30/01 a 05/02 de 1981

Cartolagem versus atleta 9

uma partida desigual


Na arte de jogar futebol, muitos jogadores demonstraram uni espírito combativo incomum dentro
do campo, mas bem poucos souberam, simultaneamente, conciliar o combate ao adversário com a
lula pelos (muitos) interesses da categoria. A Voz ouviu, fem São Paulo, quatro dessas
exceções, que com a mesma tenacidade em marcar os atacantes, travam os desmandos dos cartolas
f_ rJ^' -íi'

Os apreciadores do futebol brasileiro costumam ericarar


os jogadores como eleitos para desfiutar os prazeres da fama
e da fortuna sem muito esforço. Mas por detrás desta
mistificação muito comum existe todo um mecanismo
explorador do atleta profissional. Ele não se aplica aos chamados
craques, mas atinge diretamente os milhares de "proletários
da bola" que se arrastam nos campos. Procurando levantar os
problemas da profissão, a Voz entrevistou Dudu, presidente
I
P 4i

da Associação de Garantia ao Atleta Profissional/SP;


Zé Mário, tradicional líder da categoria, hoje na Portuguesa de
Desportos (SP); Vladimir, lateral do Corínthians e aluai
tesoureiro do Sindicato dos Atletas Profissionais/SP; e Vítor
Hugo. hoje no Palmeiras (SP), presidente da AGAP/RS e do
Sindicato do Rio Grande do Sul.

Marco Damiani e Nilton Horita)

frentando alguns problemas. Veja, o


procurar modificar essa legislação
Zé Mário Valdir Perez e o Oscar, presidente e
Vitor Hugo patronal. Os problemas continuam,
mas agora nossos reclamos já são per
"Eu sinto que a categoria está
extremamente desmobilizada e sem
secretário, respectivamente, estão ser
vindo à Seleção Brasileira e isso
ceptíveis e isso, sem dúvida, ajuda consciência de como enfrentar seus dificulta nossas reuniões. Outra coisa
"O jogador que se dispõe a lutar que atrapalha, mas isso a gente já
muito no trabalho de mobilização. E problemas. Além disso, não existe uma
pelos interesses da sua categoria en sabia que iria acontecer, é a alienação
não exigimos nada de anormal, mas entidade que aglutine todos os atletas
frenta diversos problemas, desde o do jogador de futebol, que pensa
apenas o que os outros trabalhadores profissionais a nivel nacional, e mes
reiacionamenío com os dirigentes, que muito no presente e se esquece do fu
já têm assegurado. Queremos ter direi mo muitos Estados nãp possuem Asso
o pressionam a "deixar a política de turo. Por isso vamos trabalhar para
to a um Fundo de Garantia e que, ciações ou Sindicatos. Sendo assim,
lado", até o com os torcedores, que dar uma consciência de classe ao joga
além dos sálarios, as luvas e gratifica um grupo de jogadores resolveu criar
muitas vezes encaram o elemento com
ções também sejam computadas em um dispositivo de congregação e, atra dor e eu não acho que será muito di
bativo fora do campo como um
seu cálculo. Também é preciso que vés de seu caráter mobilizador, levar fícil fazermos isso, pois o jogador tem
perna de pau dentro dele. Isso ocorre
o tempo em que jogador atua como e buscar um grau de conscientização uma conscientização profissional muito
porque o movimento sindical dos atle
juvenil seja contado para efeito de já encontrado em outras categorias de grande, o que já é uma força pra
tas profissionais ainda é muito novo
aposentadoria. Atualmente o contrato trabalhadores. Então nasceu o Sinal, gente. Mas quanto aos problemas es
no Brasil. No Rio de Janeiro o sindica
de trabalho do atleta não tem registro Simpósio Nacional do Atleta Profissio pecíficos da categoria eu vejo como o
to existe há apenas um ano, no Rio
nas Delegacias Regionais do Trabalho nal. Este ano que passou, ocorreu a rhaior de todos eles essa lei escrava-
Grande do Sul há pouco mais de três
l-^-g e aqui em São Paulo, apesar da enti e isso é um absurdo, porque não é sua 3." versão em Teresina, no Piauí. gista que domina nosso futebol. Há
dade funcionar há cerca de trinta anos,
mais possível tolerar que apenas as Lá foram levantados e Rebatidos diver presidentes que tratam seus jogadores
o imobilismo de seus dirigentes Federações de cada Estado saibam de sos problemas relativos apelasse, como como gado ou pedra e isso precisa
sempre imperou. Dessa forma, o tra nossa existência enquanto trabalhado a recente Seleção "Juruna", e a partir acabar."
balho que agora se vem desenvolvendo res. Es^a situação leva ao fato de ser desses debates lançamos um documen
ela e não a DRT o órgão competente to, de onde destaco os seguintes pontos
em nome das reivindicações dos joga
dores só dará os resultados esperados para julgar as questões trabalhistas. na pauta de reivindicações: aumento
Dudu
a longo prazo." Outra de nossas reivindicações diz do percentual a que tem direito o "Nós da AGAP estamos levandc
respeito mais diretamente aos clubes atleta profissional na transferência na um trabalho visando principalmentt
"Foi tendo todos esses problemas sem a mínima estrutura de funciona
em mente, aliados à falta de conscien ordem de 30%; inclusão de mais uma os juvenis, para que amanhã, quando
mento, o que prejudica o desenvolvi via no contrato profissional, a ser en eles ingressarem nos quadros profis
tização da maioria dos jogadores, que mento da carreira."
no Rio Grande do Sul procuramos tregue ao jogador no exato momento sionais das equipes, já tenham cons
colocar em ação um plano capaz de "Enumerando nossas exigências, em que ele o assina; destínação de ciência de seus direitos e lutem por
■> ■ 'j=;
trazer os atletas para dentro de sua tem-se a impressão que elas pouco parte da renda da Loteria Esportiva eles. Como os jogadores dificilmente
entidade. Juntamente com a AGAP significam, mas que mesmo assim esta às AGAP's. Com esta tomada de posi procuram a AGAP, nós estamos levan
começamos a oferecer um leque de mos exigindo demais. A verdade po ção bem definida, as autoridades não do a entidade a eles, dando palestras
serviços atraente aos nossos compa rém é bem diferente, pois se boje os poderão ficar insensíveis às nossas nos clubes e oferecendo serviços capa
nheiros. Enquanto a AGAP cuidava, jogadores de clubes grandes andam em reivindicações,"' zes, no campo da assistência social e
e ainda cuida, da parte de assistência carrões dó último tipo e são idolatra educacional, de despertar os mais relu
social e educacional, o Sindicato se dos pelas torcidas, é preciso lembrar tantes. Mas este trabalho é difícil e os
encarregou dos problemas jurídicos." que a carreira é curta e amanhã tudo Wladimir resultados virão aos poucos. Por isso
"Agindo assim, pudemos reivindi isso acabará e nós ficaremos sem "Meu trabalho no Sindicato está nossas atenções estão voltadas neste
car nossos direitos com mais base e qualquer amparo legal." começando agora, mas já estamos en momento para a garotada."

ESPORTES
>

'7 ! .
I I 1^ ■

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- T : c ■. - "" 'c-rt -
V. % '■
Reagan quer mais
armas e ameaça
a paz mundial
Corrida
armamentísta
da unidade
DIRETOR RESPONSAVEL-iHenrIque Cordeiro
ignora fome e
desemprego — pág, 14
SÃO PAULO, DE 6 a 12 DE FEVEREIRO DE 1981 - ANO 11 - N.o 44 - Cr$ 30,00

Telenovela quer
Comunistas sair do eixo
Rio/São Paulo
respondem
a Figueiredo
Para Lauro César
Muniz,"Rosa
Baiana" poderá
'- ^
iniciar renovação
pág.IS

A gasolina sobe
Fora do Brasil, o presidente reconhece novamente. £ a
puhiicauienle a existência real do PCB, crise se agrava
e diz qiie a abertura vai continuar
Com isto, questão
das fontes de
energia ganha
novo destaque e
exige soluções
pág, 7

Começam a esquentar
os motores do ABC!
Metalúrgicos preparam campanha salarial
lutando contra demissões, interventores
e ladrões de votos. Págs.8e9
PfSWfÇi
-í''3»í
'ípi

De 06/02 a 12/02 de 1981

debaixo do fogo. Estamos noà aprouver, livres para combater NOTAS


não só o pântano como
unidos por uma decisão
também aqueles que para lá se
iívTcmente tomada, precisamente a dirigem!"
fim de combater Modesto da Vendedores
Leitor acha o inimigo e não "Êm 5.® lugar, é preciso
Silveira debate Bico
cair no pântano ao lado, cujos refutar energicamente as
inoportuno habitantes desde o início nos acusações de estalinismo. Ora, Projeto Jari
Venham distribuir nas
culpam de termos formado um companheiros, agora virou moda bancas de jornais, cole
livro de Kanapa grupo à parte, e preferido o a acusação de estaiinistas a todos tar assinaturas ou ven
caminho da luta ao caminho da aqueles que defendem a Na próxima quinta-feira, dia der a Voz.
"Causam estranheza as cartas conciliação. Alguns dos nossos d^cipiina, a organização, o 12, às 20 horas, o deputado
gritam: Vamos Comissão de 20 a 40%.
divulgadas nos n.'s 41, 42 e 45 da trabalho real junto às massas, o
VU a respeito da paralisação da para o pântano! .centralismo democrático, federal Modesto da Silveira, Rua da Baía n.® 1.148,
distribuição e vendas do livro de E quando lhes mostramos a enfim o marxismo-leninismo! (PMDB-RI) estará autogt^a- conj. 1.640, das 10 às
|ean Kanapa. Sim, causam, vergonha de tal ato, replicam: Caso contrário que repitamos o fando seu livro "Ludwig, Im 14 horas. Belo Horizonte
estranheza e por várias razões. Como vocês são atrasadoâ (sic)!!
Não se envergonham
feito de uma revista de
intelectuais do PC espanhol
perador do Jari", editado pela
"Em 1.® lugar é preciso que se Civilização Brasileira, na sede
esclareça objetivamente por que de nos negar (La Calle), a
o livro foi composto e impresso? a liberdade de respeito do Congresso do PMDB de Santa Cecília, em
Quem tinha autorização para convidá-los a ■ do PC Catalão que abandonou o São Paulo, à rua Frederico
tal? Ao que nos parece (e isso os seguir um caminho melhor! Sim, eurocomunismo c retomou a Sieidel, 219, sobreloja.
missivistas oportunlsticamente não senhores, são livres não^ somente orientação marxista-leninista, Antecedendo o lançamento
mencionam...) os livros desta para convidar, mas de ir para inclusive com críticas aos
editora, assim como a VQ, devem -acontecimentos no Afeganistão. dó livro haverá exibição do
onde bem lhes aprouver, até
obedecer às decisões e posições para o pântano; achamos Pois bem, a manchete de capa filme de Jorge Bodanski, "Ja
consagradas pela maioria dos inclusive que seu lugar desta revista foi: "Aí vêm os ri", que 'será seguido de um
comunistas. Com a publicação do verdadeiro é precisamente no russos", alusão feita à vitória das debate sobré o escandaloso
referido livro, alguém andou pântano, e, na medida de nossas teses marxistas-leninlstas. Ê para
botando o dedo onde não devia. forças, estamos prontos a isso que se deseja a liberdade de projeto e as vinculações das DIRETOR RESPONSÁVEL:
E quem perdeu com isso foi o atividades de Ludwig com a Henrique Cordeiro
ajudá-los a transportar para lá os crítica?
Reg. Prof. n.° 8.953-RJ
coletivo. seus lares. Porém_, neste caso, Suíça. O debate contará com CONSELHO DE DIREÇÃO:
"Em 2.° lugar há que se deixar larguém-nos a mão, não nos a presença do jornalista Rei- Lindolfo Silva
bastante claro que a orientaç^ agarrem e não manchem a grande Roberto Rodrigues
nàldo Mestrinel. Tcodoro Mello
poUtica do livro de Kanapa é palavra liberdade, porque também São Paulo — SP
EDITOR:
contrária às posições nós somos livres para ir aonde Gildo Marçal Brandao
intcmacionallstas de defesa da SECRETÁRIA DE
URSS e do bloco socialista. REDAÇÃO:
Assim sendo, ao nos defrontarmos Ruth Tcgon
com uma situação To.10 nrondo '.vir? 4 sempre CONSELHO EDITORIAL:
políiico-financeira bastante ruim, é São Paulo: Anionio Gaspar, Ar
perfeitamente compreensível que bon .1.- ^ n*-; o-:- "ro '-'o r, mênio Guedes, Cláudio Guedes,
a prioridade de edições com o David Capistrano Filho, Emílio
objetivo de educação política de "Cri!! 0:1 cartaiíS.?-. Bonfante Demaria, Francisco Al
nossa gente não seja a edição de meida, Leny Lainetli, Luiz Arturo
livros que em nada contribuem or.o r.ri-l':?- de 'Uíríj Tvíí Obojes, Marco A. Coelho Filho.
para aprofundar a compreensão do Marco Aurélio Nogueira, Marco
inrernnclonatismo, da história fjiie casta CrS 10?. Damiani, Marco Moro, Nillon Ho-
dos í'Cs. etc., etc. A prioridade rila, Pedro Célio, Rachel Soares,
SC dá na publicação de textos :;vi 4 Reinaldo Beliniani, S. Ramos.
que contribuam ao Rio: Agenor de Andrade, Carlos
aprofundamento da nossa linha Alberto Lopes, Carlos Nelson Cou-
política. Infelizmente o livro de 1 encontrar. UTia bélri
tinho, Ivan Ribeiro, Leandro Kon-
Kanapa não cumpre este papel. der, Luiz Werneck Vianna, Mauro
m "Em 5." lugar há que se fc.l.r.f,nba cctnoKoràtiva. i-íi' Maiin, Nemésio Salles, Rogério
esclarecer o rico e profundo Marques Gomes, Sylvia Moreiz-
processo de discussão política por r :'VE^tc. Ks-cionrO. dt;i .Vce.« sohn, Teresa Otioni.
que passa o PC Francês, cujas REPRESENTANTES:
posições a respeito do chamado E, a Cr$ 50j um desenho no Manaus — Rui Brito da Silva
curocomunismo. do Rua Turumã, 1061
marxismo-leninismo, do o roato de Lenin se Bídém — Jocelyn Brasil
intemacionalismo foram Rua Tamoios, 1592
radicalmente modificadas nos de uma passeata# tel.: 222-7286
últimos três anos principalmente, São Luís — Maria Aragão
portanto depois de Kanapa ter Rua De Santana, 189
escrito o texto. São flagrantes, da-ím quiser completar ou
tel.: 222-5181
por exemplo, as divergências entre inioiar a coleção (foram já Recife — Paulo Cavalcanti
este texto de um ex-membro do Rua do Hospício - Edif. Olímpia
CC do PCF e a atual política sala 709
internacional defendida por este outros ca.vtazes ant©s)j Londrina — Jussara Rezende
partido, haja visto os ^ Goiânia — Elias Moreira Borges
acontecimentos da Polônia e do 4 r.a do jornad Belo Horizonte — E. Garcia
Afeganistão. Rua da Bahia, 1148, conj. 1640
"Em 4.® lugar, queríamos ?'u. Svlioit-írr pelo correio» Brasília — Paulo Afonso
-"^Cí-, deixar claro que não somos contra Bracarense _ ^ ^ .
a publicação do texto em si, ou .Florianópolis — Nildo Jose Martins
contra a sua leitura. Porém há Porto Alegre — João B. Avelino
que entender a situação no Fortaleza — CabocUnho Farias
contexto de crise por que Salvador — H. Casaes e Silva
*T.'— ■ . -•-.- J— *, passamos (onde o oportunismo, R. Conde Pereira Marinha, 3o —
infelizmente, sempre aparece) e as
nossas dificuldades em
Leia e assine Voz da Unidade Garcia
Santos — S.P.
viabilizar e instrumentalizar nossa Rua Conselheiro Nébias, 368-A,
linha política e nossa discussão.
O texto não deve ser divulgado □ Anual de apoio (52 números consecutivos) Cr$ 3 .000,00 sala 511 », •
Taubaté — SP — Dalton Moreira
agora, entre outras razões, por
que antes de saber a visão de um □ Anual Simples (52 números consecutivos) CrS 1,500,00 CORRESPONDENTE
INTERNACIONAL;
eurocomunista sobre o MCI, o
coletivo precisa conhecer os □ Semestral Simples (26 números consecutivos) CrS 750,00 Roma — Danilo S. Galletti
ADMINISTRAÇÃO:
clássicos do marxismo-leninismo,
precisa conhecer profundamente □ Assinatura para o Exterior (anual) . . . . . . . . . . USS 60,00 Lindolfo Silva
Aureliano Gonçalves Cerqueira
a realidade brasileira. E gostaria DISTRIBUIÇÃO:
de contrapor ao romantismo das ENDEREÇO PARA REMESSA: Sérgio Cordeiro de Andrade
citações de Marx a um deputado Propriedade da Editora Juruá Ltda.
(citado por Mauro Malin e Nome ' V - Rua Cesário Mota Jr., 369 - 2." a.
M. Freitas) as palavras de Lenin Fones: administração: 256-2591 -
m em "Que Fazer", a respeito da Endereço - redação: 231-2926
liberdade de critica, onde entre CEP: 01221 São Paulo - SP.
outras citações diz o seguinte: CEP Cidade Estado . - Impresso nas oficinas da Cia. Edi
"Pequeno grupo compacto, tora loruês, Rua Gaslão da Cunha,
seguimos por uma estrada Anexo cheque o Banco n.^ 49 ■ tel.: 531-8900 - São Paulo.
escsrpada e difícil,
segurando-nos fortemente pela ATENÇAO: Os cheques deve- ASSÍPâtUrat
rào ser enviados em nome _
mão. De todos os lados, estamos
cercados de inimigos, e é preciso da eOITORA JURUA ITDA. —
marchar quase constantemente

C GERAL
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V ^ •.>-T
PS
ráv
■■ ■
I>e 06/02 a 12/02 de 1981

OPINIAO/NACIONAL
EDITORIAL

Os comunistas e o Avanço democrático


diálogo do presidente passa pela via da
Ganharam corpo, nestes primei
ros quarenta dias do ano, os esfor
ção de "dialogar com todos, inclusi^
ve com o PC".
legalização do PCB
ços convergentes das forças oposicio Num momento como este, é mais
nistas no sentido de uma melhor do que oportuno relembrar que os A crise econômica está aí, como Talvez seja necessário reafirmar
definição e do fortalecimento de sua comunistas sempre estiveram aber sabe e sente qualquer trabalhador. isso ao infinito, discutir o problema
ação unitária. A convergência tem- tos ao diálogo com todas as forças É uma crise de excepcional gravida com as grandes massas e as forças
se mostrado tão ampla e flexívèl que políticas, inclusive governamentais, de, que acentua o desemprego, con políticas. E os comunistas o farão,
está absorvendo, de forma inédita respeitando' seus indispensáveis mo forme atestam as sistemáticas dispen como sempre o fizeram. Tanto assim
nestes anos de autoritarismo e arbí mentos "de cúpula" mas defenden sas em setores metalúrgicos, têxteis, que o povo, no seio do qual eles
trio, setores reticentes e importantes do a necessária construção de uma da construção civil, estendendo-se vivem e lutam há quase 60 anos,
áreas governamentais. base de massas para quaisquer acor para outras áreas, como entre ban sabe que a discriminação contra os
Basta lembrar, neste particular, a dos ou pactos. Os comunistas, para cários, comerciários, técnicos, enge comunistas só faz piorar a situação
dimensão adquirida pela candidatu ficarmos apenas no período pós-64, nheiros e professores. e não permite deter a degeneração do
ra Djalma Marinho e as conversa não se têm furtado de apresentar O clima, no seio da classe traba processo democrático. O povo sabe
ções que lideres democráticos vêm propostas e sugestões para superar lhadora e da classe média, provocado que a discriminação contra os co
mantendo entre si e com importantes os graves problemas que afligem o pelo temor do problema real e an munistas cai fatalmente nas soluções
próceres do governo, entre os quais cotidiano do povo brasileiro. Longe gustiante do desemprego é de extre de força, no autoritarismo, na dita
o próprio vice-presidente da Repú disso: dispõem de um programa cla ma tensão, agravado pela certeza que dura. Isto é história, aqui como em
blica. Aureliano Chaves. ro e de um leque de proposições tem o povo de que a recessão já co qualquer país do mundo.
voltadas para aquele fim, entre as meçou.
Uma visão apressada da situação Já é hora, portanto, de todo parti
quais avulta, como eixo e elemento Todo brasileiro está percebendo, a
poderia responsabilizar exclusiva síntese, a luta pela conquista das do de oposição e de todo bom polí
mente o ano eleitoral pelo aumento esta altura, que a crise está pondo
mais amplas liberdades democráticas tico compreender que a regressão
dos contatos entre as forças demo em jogo os bens sujaremos da Nação.
e pela- Assembléia Nacional Consti tem seu caminho mais curto se pas
cráticas. Os comunistas reconhecem
Não é retórica. Aí está o quadro, sar pelo anticomunismo; e que o de
tuinte. saltando aos olhos: aumento da cri
que a proximidade das eleições pesa senvolvimento do processo democrá
E é oportuno destacar também, minalidade e da violência, destrui
de forma específica no processo e tico, mal iniciado, passa pelo cami
alto e bom som, que -não se poderá ção no meio ambiente, corrupção
têm pautado sua atuação pela busca construir a estabilidade democrática nho da aceitação dos comunistas
de candidatos e programas comuns, instalada nos altos escalões do gover como força política capaz de ajudar
sem o fim da exclusão dos comunis no. Nesse mesmo grau o povo assiste
capazes de unificar os partidos de tas da vida política legal do país. a aceleração do avanço para novas
oposição, organizar a participação e sente na.própria carne até que pon conquistas. Daí a necessidade de as
É preciso, portanto, que o presiden to chega a ineficiência dos serviços e
das massas e reduzir o espaço de correntes de oposição repelirem, com
te da República transforme suas pa das instituições essenciais à coletivi
manobra do PDS. Mas não são sim
lavras em atos e que, nos progra mais veemência e coragem, as inves
plistas e não ignoram que os movi dade, como a escola e a educação, a
mas e cofwersações de todas e cada tidas fascistas contra os comunistas.
mentos em curso na sociedade refle assistência médica, a organização sa- Daí também a urgência em se postu
uma das correntes interessadas na nilária, o atendimento da previdên
tem em primeiro lugar a evolução do lar a legalização do partido dos co
democratização do Brasil, não falte cia. os transportes públicos, a admi
quadro político mais geral, com to munistas, o Partido Comunista Bra
a reivimlícação da legalização do nistração pública central e periféri
das as suas contradições e potencia sileiro. É medida que se impõe como
Partido Comunista. Mais rapidamen ca. a casa própria, etc.
lidades. fator impulsionador do avanço de
te nos aproximaremos desta conquis É aí, nesse quadro, que surge o
Não é, portanto, acidental que, ta essencial — para a democracia, mocrático, favorecendo os interesses
traço que vem caracterizando de for
em sua recente viagem a Europa, o não apenas para o PC — se desde políticos das correntes que fazem
ma negativa a vida política do país, oposição ao governo.
presidente Figueiredo tenha reafir já, em todos os momentos da luta contribuindo para favorecer os seto
mado com insistência sua disposição pelas liberdades, a presença dos co res de direita, interessados num re Para os comunistas — diga-se de
de "garantir a abertura e promover munistas for encarada com a natu trocesso, na volta da repressão, da passagem — a questão da legalidade
a normalização política do país". E ralidade de quem recebe o abraço e
^ue tenha manifestado sua disposi o beijo da mulher amada.
censura, das soluções militares. Sim,
das soluções militares em nome da
de seu partido é objetivo que figura
diariamente cm suas atividades. Nes
salvação nacional e do monótono e ta tarefa empregam eles suas ener
enfadonho estribilho do "perigo co gias, discutindo junto ao povo, escla
munista", a eterna receita fascista. recendo os trabalhadores, pois sabem
COMO Oi ERA Horrível... A verdade é que a direita," instala
que a legalidade terá que ser con
IRANIANOS ELES ameaçavam da no poder e no aparelho do Estado, quistada pelo esforço coletivo. É ta
TolZruRAVAM NOS MAND/^ para volta a agitar esta velha e desmorali
refa que consta ao lado daquelas que
falam da luta contra as duras condi
VOCèS'^. 5L SALVADOR OU zada bandeira do anticomunismo co
ções de vida a que estão submetidos
mo ferramenta para dividir, e, desta
URü&ÜAi! •forma enfraquecer as forças demo os trabalhadores e o povo.
cráticas que se opõem realmente ao Às forças oposicionistas cabe a
-y regime atual. Ê na bandeira do anti responsabilidade de se manterem em
comunismo que a direita e as forças estado de alerta toda a vez que o
da reação se amparam para o jogo anticomunismo é agitado. Convém
nunca esquecer que o retrocesso co
sujo do retrocesso.
meça por aí. A direita sabe disso.
Será preciso lembrar o passado re Afinal, os, comunistas sempre pro
cente? Será preciso lembrar que o varam ser fiéis lutadores das causas
anticomunismo, especialmente em do povo, demonstraram que foram
nosso país, tem sido um dos baixos ama das principais forças que luta
récursos utilizados para dividir a ram contra a ditadura e nessa luta
oposição? Será preciso voltar a repe muitos deles deram a própria vida,
tir que ninguém ganha com o anti naqueles quartéis onde a tortura se
comunismo a nlo ser o regime que instalou. Ássim como também pro
aí está, o autoritarismo, o casuísmo, varam, muitas e muitas vezes, que
as forças retrógradas, os inimigos da são uma força eleitoral das mais res
abertura? peitáveis.

-< política
>
De 06/02 a 12/02 de 1981

POLÍCIA
Consaerando-se à tarefa de conhecer dificuldades locais
o

sem perder de vista os panoramas estaduais, nacional e Comandante da


o PMDB lançará bases sólidas na sociedade e se transformará
em partido de massas capaz de sustentar o regime democrático FM é torturador
RIO — Um torturador de presos políti
cos, sem alma e sem princípios. Assim o

O partido político e novo comandante da Polícia Militar do'


,Rio, coronel do Exército Nilton de Albu
querque Cerqueira, é definido pela presi
dente do Comitê Brasileiro pela Anistia,
Iramaya Benjamin. Ela convocou a impren

os programas locais
sa dia 29 último, no Rio, para divulgar tre
chos do livro '"Lamarca — O capitao da
guerrilha", dos jornalistas Emlliano José e
Oldack de Miranda, que revela como o
então major Nilton matou o capitão Carlos
Lamarca a 17 de setembro de 1971.
Iramaya disse que seu filho César Benja
Almír 'Pazzianotto Pinto * min foi torturado pelo major Nilton quan
do esteve preso em Salvador, em 1971;
atingindo, o governo, ou tentará arran Um partido novo, que deseja ser tinha 17 anos na época.
Um dos grandes problemas enfren
tados pelos organizadores de partidos car ao governo, enquanto seu aliado moderno e procura agir em íntima li O hoje coronel Nilton Cerqueira che
ou mesmo na oposição. gação com as mais amplas bases po fiava em 1971 a 2.* Seção do Exército e o
refere-se à elaboração do seu progra DOI-CODI na Bahia. Lá, segundo Iramaya,
ma. Talvez por isto a questão continue Como um partido político precisa pulares, para. lhes inspirar segurança
ele "torturou muita gente".
registrando alguns insucessos entre crescer, constantemente, de baixo pa e se apresentar apto para responder
suas interrogações, não pode caminhar "A posse de um torturador no comando
nós, não se podendo atribuir, conscien ra cima, é razoável esperar-se que em da Polícia Militar do Rio é um escárnio
temente. aos programas partidários cada rauhicípio exista um programa a reboque dos acontecimentos, nem para todos nós. O que um homem desses
um poder de sedução capaz de atrair ou plano diretor local, tirado das aná permitir, quando na oposição, que o vai fazer com tamanho poder nas mãos?",
grandes massas eleitorais. Pelo con lises e discussões promovidas pelos governo. conserve a iniciativa. Para diz ela.

trário. ao que tudo indica as filiações dirigentes e militantes com os mem que tal não ocorra, além do exercício O oficial pára-quedista Nilton de Albu
resultam de um enorme e exaustivo bros das suas organizações sociais. das atividades normais de um partido querque Cerqueira foi promovido a coro
opositor, entre as quais se destacam nel em agosto do ano passado. Ele coman
esforço de arregimeníação desenvolvi Assim construído, o programa con dou no Rio o 2." Batalhão de Infantaria,
do por pequenos quadros, quando não substanciará as reivindicações da co as de fiscalização e crítica, deverá ela da Vila Militar, em 1980, quando foi trans
decorrem de fatores emocionais tran munidade onde o partido começa a borar os seus projetos alternativos de ferido para Brasília, onde servia ultima
sitórios. atrações pessoais, carismas, sua estrutura, passando a cumprir o governo, ou plataformas administrati mente. Ele fez cursos como o de Comando
vas, para os níveis municipais, esta e Estado-Maior e o da Escola Nacional de
mitos oLi da bipolaridade góvemo- papel de aglutinador político com uma Informações e tem várias condecorações:
-oposição muito acentuada nos últimos eficiência igual ou superior a do me duais e nacional. Ordem do Rio Branco, no grau de oficial;
anos. lhor comitê ou diretório. Por outro la A necessidade ditada pela lei, dos Mérito Santos Dumont. de prata: Ordem
De maneira bastante visível, princi do, a pesquisa exigida e o próprio tra partidos em estágio de formação apre do Mérito Militar, no grau de Cavaleiro;
sentarem, concomitantemente com o e a Medalha do Pacificador, com palma.
palmente nas menores cidades e entre balho de elaboração dessa plataforma
--^ -■
as camadas mais populares, numero político-administrativa não somente seu manifesto um programa geral de
sos eleitores manifestam a tendência aproximarão os quadros partidários alcance nacional, não impedirá que,
de se decidirem em função da pessoa do conjunto da população, como exer em seqüência, outros programas locais ABSURDO
do candidato ou da eficiência da sua citarão o seu conhecimento de toda a comecem a ser desenvolvidos com a
campanha publicitária, dando menor realidade, capacitando os seus inte efetiva colaboração dos membros ins
valor ao programa do partido pelo
qual se apresenta. É bastante provável
grantes para o exercício das funções
legislativas e executivas.
critos, dos simpatizantes e dos repre
sentantes das associações civis. Em Soracaba, é
que isto ocorra, entre outras coisas,
porque as plataformas partidárias,
A elaboração de programas locais
estáveis, sob a responsabilidade do proibido beijar
além de surgirem das direções para as próprio partido, programas esses-ante Aprofundar a
bases, abordando grandes e complexos riores e superiores às pessoas dos
temas nacionais em textos longos e de eventuais candidatos, deverá dar aos questão no caso Depois de muitas arbitrariedades co
metidas pelos nossos órgãos de segurança
leitura trabalhosa, omitem questões eleitores mais segurança e clareza acer pública, o juiz de Sorocaba conseguiu che
concretas locais, perdendo muito do ca dos objetivos políticos e adminis do PMDB gar ao dimax da sacanagem: O BEIÍO
seu interesse para boa parte da popu trativos colimados. Creio ser evidente FOI PROIBIDO EM SOROCABA! _ É.
lação. Na verdade, esses ambiciosos e que, a fixação dos objetivos não im No caso específico do PMDB, o mais parece um conto do escritor
aprofundamento da questão que aqui Gabriel Garcia Marques, — episó
eruditos programas, conquanto se tor plica na idéia da sua imutabilidade, dio digno de constar nas páginas de seu
nem leituras obrigatórias dos cientis nem da impossibilidade de alteração é suscitada não trará, necessariamente, mais famoso livro, "^Ceni anos de soli
tas políticos, pouco falam à sensibili das prioridades estabelecidas. Saberá, pronta solução para os muitos proble dão", — mas não, o fato é verídico _e
mas enfrentados quando se deseja a aconteceu em Sorocaba, Estado de São
dade do homem comum, cujas preocu porém, a população do município que Paulo, onde a pedido de "pais de
pações mais imediatas cedem espaço o seu prefeito e vereadores iniciarão edificação de um partido nacional, lia" que se dedicam intensamente a glo
às complicadas formulações teóricas. o cumprimento do mandato munidos democrático, popular, aberto à incor riosa tarefa de resguardar a moralidade
de todas as informações indispensá poração de todos os trabalhadores e pública c familiar" acharam por bem
representantes de outras classes e ca proibir o mais simples e bonito dos atos
veis. e que deverão pôr em marcha um
O programa piano diretor redigido pelo partido e madas sociais interessadas na modifi
de carinho que duas pessoas possam tro
car. Em Sorocaba é terminanlemente proi
íi-- ?=- com a colaboração de todos aqueles cação da estrutura deste país. Consa- bido que pessoas se beijem em público,
estabelece um que nessa obra tiveram interesse. grando-se, porém, à tarefa de conhe e para isso, o nosso Intrépido juiz mobi
cer e equacionar dificuldades locais, lizou a polícia militar c civil para que
pi ano de governo
7- '-^—^ saiam à caça de casais enamorados que
sem perder de vista os panoramas es subversivamente estejam violando mais

""—iT -r -L--. ~ • ■ ^'' '5-.^' •"' -■:i--j Não estou confundindo a questão
Um partido taduais, nacional e mesmo o interna
cional, por compreender que os pro
esta "justa" lei.
Talvez a próxima portaria baixada por
programática com indefinição ideoló este grande "justiceiro, paladino da or
gica, embora deva se reconhecer que,
moderno blemas se interligam, o Partido lança dem. moralidade e bons costumes" seja a
rá sólidas raízes nas bases da socieda proibição da relação sexual e. para tanto,
aqui ainda, os nossos partidos, salvo
uma ou outra exceção, não primam
precisa ser ágil de e se transformará em partido de cada casal seria obrigado a dormir junto
com um policial da PM ou da ' polícia
massas, em condições de lutar pelo civil, e, assim, Sorocaba estaria dando
pela clareza das definições. advento do regime democrático, e de mais um grande passo para o "progresso
Por ideologia entendo, de maneira o mesmo processo seria aplicado na lhe dar sustentação nos momentos de desta Nação" e dispararia mil léguas na
singela, o conjunto das idéias que in formulação dos programas estaduais e crise. frente do projeto de controle da natalida
formam a organização de um partido. nacional, e vínculos obrigacionals de que está sendo estudado aqui no Bra-
Ao programa, por sua vez, caberia idênticos passariam a ser estabelecidos S'l*
especificar, em linguagem direta, aqui- com todos os aspirantes a cargos ele Almír Pazzianotlo Pinto é deputado O ocorrido seria triste sc não fosse cô
estadual pelo PMDB/SP e advogado mico, mas Imaginem se a moda pega?
jo que esse partido se propõe realizar tivos nestas esferas. sindical. « (Rcinaldo Beli.ntaní)

V NACIONAL
>
De 06/02 a 12/02 de 1981

Aqui está a resposta dos


comunistas a Figueiredo
A viagem do presidente João Batis Para Giocondo Dias, as declarações de Figueiredo propostas reais e estão em condições
ta Figueiredo à Europa certamente fi de dialogar com qualquer político da
cará marcada, para os brasileiros, mui sobre o diálogo com os comunistas são bastante Nação. Não temem nenhum diálogo:
to mais pelas declarações políticas pelo contrário, fazem dele — como
para consumo interno em nosso país
positivas e acrescentam um fato novo na complexa políticos que são — também um ins
que prestou à imprensa francesa e realidade do pais trumento de trabalho e luta.
portuguesa, do que propriamente pe- Num hipotético diálogo com Fi
. los resultados concretos obtidos nas gueiredo, por exemplo, começariam
conversações em ambos os países. reafirmou declarações emitidas dias como um espelho a refletir com abso por lhe perguntar sobre os destinos dos
Com isto não queremos dizer que antes em Paris, de que sua mão "está luta fidelidade os avanços e recuos da muitos cidadãos brasileiros desapareci
não é necessário empreendermos uma estendida para dialogar com todos os democracia na vida de nossa tão mal dos no tempo em que o regime não
análise mais rigorosa acerca dos resul setores, inclusive do próprio Partido tratada República. - nutria o mínimo respeito aos direitos
tados dos financiamentos conseguidos Comunista, se é que deste diálogo pos Portanto, no momento em que o mais elementares dos homens. Entre
na França e de alguns acordos aparen sa resultar algo em benefício do pro país vive uma conjuntura de transição os desaparecidos, conviria lembrar ao
temente interessantes assinados com o gresso e da normalização política do para a democracia, nada mais natural presidente — que, na época, não de
governo português. Mas, por hora, país. Eu não teria porque não recebê- do que a questão da legalidade da vemos esquecer, era chefe do SNI —
bem mais importante é avaliar o peso los". Na continuação, afirmou ainda: atuação dos comunistas e do PCB vir estão dez membros do CC do PCB.
que as declarações políticas do presi "Eu diria aos senhores que não sou à superfície, inclusive por meio de de Neste hipotético diálogo, apresenta
dente podem vir a ter no desenvolvi um anticomunista; eu sou contra os clarações governamentais. É exatamen riam uma Vida de lutas democráticas e
mento do processo de normalização comunistas, porque não aceito o regi te isto o que está ocorrendo. As mani nacionais fe um programa que tem si
democrática do país. me comunista. Mas isto não significa festações de Figueiredo contêm o ele do confirmado como base da ação das
As declarações de Figueiredo abor que eu não os aceite como sores huma mento extremamente positivo de reco melhores forças vivas da Nação.
dam basicamente dois itens. O primei nos, como cidadãos, e que, por vezes, nhecer a existência dos comunistas No momento atual, os comunistas
ro, que a abertura política é Irreversí até defenda algumas idéias que os co como força política atuando no país e colocam diante das forças democráti
vel. O segundo, que o processo de de munistas também defendem". em condições de inclusive dialogar cas do país a necessidade de atuarem
mocratização do país está em anda com o governo no sentido de apresen — ao lado dos mais amplos setores
mento. Neste quadro, merecem desta É evidente que as declarações de tar propostas em benefício do progres políticos — para impedir que as pala
que as referências explícitas feitas pe Figueiredo elevam a um plano supe so e da normalização política do país. vras do presidente sejam apenas pala
lo presidente ao Partido Comunista. rior a "questão comunista" em nosso Os comunistas, que são homens vras e para fazer com que elas se des
Na entrevista coletiva que concedeu país. Esta questão, que permeia a vida preocupados com os problemas do po dobrem no sentido da principal aspi
Tva manhã de terça-feira passada, dia -brasileira desde 1922. ano da funda vo, com a democratização e com o pro ração do conjunto do povo brasileiro:
3 de fevereiro, em Lisboa, Figueiredo ção do PCB, pode inclusive ser vista gresso da sociedade brasileira, possuem a plena e definitiva democratização.

Com a palavra, Giocondo Dias


Como os comunistas brasileiros en
£, depois, o fato de que dirigentes
caram as recentes declarações de Fi
sindicais são cassados e processados
gueiredo, em Portugal particularmente, com base na Lei de Segurança Nacio
de que "sua mão está estendida para nal por dirigirem a luta por melhores
dialogar com todos os setores,inclusive condições de trabalho e de remunera
o PCB"? ção para os trabalhadores. Prova disto
— Encaramos isto como um fato é o processo contra Lula e os doze
novo na complexa realidade política sindicalistas do ABC, que serão julga
brasileira. Naturalmente, esperamos dos no dia 16 de fevereiro. 1

que os desdobramentos e a prática Figueiredo disse também que defen [; K..;- :-


dos próximos dias comprovem as in de até mesmo "algumas das idéias dos
tenções do general Figueiredo e que
seu desempenho não venha a desmen
tir suas afirmações, feitas, aliás, diante
comunistas". Que pensa disto?
— Ele cita como exemplo a melho \4f:^A
ria das condições de vida das popula
de toda a imprensa estrangeira. ções mais carentes. São afirmações'
O presidente, na mesma ocasião, que parecem expressar as intenções •. r. itftnd
afirmou "não ser anticomunista, mas do presidente. No entanto, a política Giocondo Dias
apenas contra os comunistas, porque econômica e financeira de seu gover
não aceito o regime comunista". Disse no é uma política contrária aos inte
ainda que "respeita os comunistas co resses nacionais, levando a um maior
destas lutas e reivindicações — e pe Figueiredo podem contribuir para a
mo seres humanos e cidadãos". Como los benefícios que trazem para os tra legalidade do PCB?
empobrecimento das massas e a uma
os comunistas brasileiros avaliam isto? concentração escandalosa da riqueza.
balhadores e para os interesses do — Esperamos que elas — que im
— Consideramos bastante positi E quanto à possibilidade de um diá
povo e da Nação brasileira —, nós plicitamente admitem a existência real
vas estas declarações de Figueiredo, logo com certos setores do regime, ou
nunca nos recusamos a conversar com do PCB — contribuam para fazer
embora também reconheçamos que o qualquer poUtiõo, com qualquer par avançar o processo de reconhecimen
mesmo com Figueiredo? Como os co
comportamento do governo ainda con munistas vêm isto?
tido, com qualquer governo. Mesmo to^ do direito do PCB e de outras orga
tinua sendo, em grande parte, o de — Os comunistas sempre procura porque ê da tradição dos comunistas nizações políticas de se organizarem
desrespeito aos direitos humanos e às ram entendimentos com aquelas for colocar sempre acima de seus interes livre ejegalmente, façam cessar a atual
liberdades. E aqui eu cito como exem ças que lutam pelas liberdades, em ses específicos os interesses gerais situação de discriminação política e
plo, em primeiro lugar, a recente proi do povo. concorram para ajudar a realização
defesa dos interesses dós trabalhado
bição da Festa da Voz da Unidade. res e contra o arbítrio. E, em nome dc uma Assembléia Nacional Consti
Era que medida as declarações de tuinte livre, soberana e democrática.

í POLÍTICA
> j
De 06/02 a 12/02 de 1981

Rui Veloso
imobiliária marginaliza
Na semana em que o Instituto dos Sul se desenvolveram e se consolidã- — "Eles continuam pressionando a
administração, mas o que é mais grave
O lAB tem planos de ação conjun-
4a com outras entidades interessadas
Arquitetos do Brasil comemorou seu ram nesta mesma época. Isso aconte no fim da especulação, como as as
ceu porque as favelas eram verdadei nisso tudo e não pode deixar de ser
60.' aniversário e em que seu Con
ros armazéns de mão-de-obra barata denunciado é que essa pressão para sociações de bairros e de favelas?
selho Superior divulgou manifesto desalojar as populações carentes já es
afirmando que a luta da entidade e para uma parte da cidade que estava — "Dentro do lAB temos inclu
se desenvolvendo. Mas no momento tá sendo desenvolvida até mesmo em
dos arquitetos "está inserida nas lutas áreas novas, em conjuntos proletários sive, enquanto proposta de trabalho,
pela conquista da independência e da em que esta parte da cidade acaba de uma comissão de relacionamento co
democracia em nosso país, benefician se desenvolver, ou seja, que este esto que foram construídos para abrigar
ex-favelados. O exemplo típico é a munitário; que já vinha se estruturan
do-se dos avanços democráticos con que de terras se esgota para a indústria
imobiliária, começa aí a pressão sobre Cidade de Deus. Você lembra quando do há algum tempo, e que está
quistados pelo conjunto da popula começando a desenvolver um traba
ção". a e''peculação imobiliária e o o poder público para desalojar esta o lomal do Brasil iniciou, ano passado,
preço exorbitante dos aluguéis volta massa trabalhadora que fornecia mão- uma campanha intensa contra a vio lho mais permanente com estas enti
de-obra barata, e construir mais edifí lência na Cidade de Deus? Pois bem, dades. Nós temos entrado juntos em
ram. com força total, à cena pública.
Procurando contribuir para o apro- cios nas áreas que elas ocupavam. boje já se sabe o real significado da algumas brigas, como a defesa da fi
ji ndamento do debate. Voz da Unida Então, toda falácia da necessidade de quela campanha, é que, com a conso gueira da rua Faro, a ameaça de de
de procurou Rui Veloso. presidente se deslocar as populações faveladas da lidação do plano-piloto da Barra da molição do Copacabana Palace, a
da seção carioca do IAS. Afirmando Zona Sul para conjuntos "mais bem Tijuca, as áreas de dentro estão fican questão que está surgindo agora em
que uma das questões a que o IAS estruturados" na Zona Oeste — Vila do agora altamente cobiçadas pela in Laranjeiras com o projeto de abertu
dá mais importância, na luta contra Kennedy, Vila Aliança, Cidade de dústria imobiliária. E a Cidade de ra de uma via paralela à Rua das La
a especulação imobiliária, é a união Deus etc. —,tudo isso era exatamen Deus é' um entrave para que se estenda ranjeiras e que implicaria várias desa
da entidade com as associações de te a necessidade que a indústria imo uma ocupação mais elitizada por Jaca- propriações, o caso do metrô e dos
bairros e favelas, Rui Veloso mostra biliária tinha de ganhar novos es repaguá. Então, o que pode vir a ocor transtornos e desapropriações que
como a indústria imobiliária pressio paços." rer é uma segunda remoção, e os mo vieram com a obra. Em suma, nós
na o poder público para obter cons tivos alegados serão os mesmos que estamos assumindo estas questões to
tantes mudanças na legislação que E agora que as populações favela serviram de pretexto para a primeira. das que têm sido levantadas pelas
regula o uso do solo urbano. A Voz das mostram-se cada vez mais decidi Mas a verdadeira razão também será associações de bairros e de favelas,
publica também a íntegra da "Mani das na luta contra a remoção, apoiadas a mesma: a necessidade de liberar no no que compete especificamente à
festação do Conselho Superior do por amplos setores da sociedade, qual vos estoques de terra a bom preço, em nossa área de atuação como arquite
lAB " por ocasião dos seus 60 anos. será a saída dos grandes construtores área que a especulação está começan tos. Nós estamos juntos e estamos
(Rogério Marques Gomes) para ocupar novos espaços? do a necessitar." brigando. E disso não abrimos mão."

Muito se fala dos males provocados


pela especulação imobiliária. Você trações de sua capacidade de formular
pode explicar como se processa esse
tipo de especulação que em pouco
No manifesto, um lAB ativo, respostas adequadas tanto do pomo de vis
ta técnico e de economia de meios, quanto
do ponto de vista cultural.
tempo transformou o Rio no que ele
é hoje? critico e ao lado do povo A questão principal, porém, é que, embo
ra tenha crescido a demanda social e
— "A especulação, ou atividade aumentado significativamente o número de
o Conselho Superior do Instituto de ma vigente em nosso país — crescente con arquitetos, a extrema disparidade de dis
imobiliária desorganizada, intensiva e tribuição da renda reduz a demanda social
Arquitetos do Brasil — lAB, reunido na centração da renda e poder e desnacionali
fortemente especulativa sobre o preço cidade do Rio de Janeiro em janeiro de zação da economia — têm sido determinan à demanda da elite, enquanto que o proces
da terra, gera um processo de defor 1981, comemora com orgulho os 60 anos de tes, entre outros, dos processos de ocupa so de desnacionalização da economia assu
me a forma de um processo de desnaciona
mação do espaço habitado. Isso repre fundação desta entidade, que sempre pautou ção e construção do espaço habitado.
lização de nossa cultura e tecnologia.
senta permitir o adensamento da área sua atuação pela defesa do exercício profis A distribuição das atividades c forças
sional, pelo cumprimento do papel social da produtivas no território nacional, feita em Restringe-se assim, duplamente, o campo
urbana, carrear os investimentos pú profissão do arquiteto, pelo desenvolvimen função de interesses que não são os da de trabalho do arquiteto, quer porque há
blicos e privados de forma discrimina to da cultura e tecnologia brasileiras, no maioria da população brasileira, Impõe o redução da demanda real, quer porque
quadro mais amplo das lutas pela demo esse trabalho é freqüentemente substituído
da para determinadas áreas da cidade, permanente deslocamento de grandes con
pela importação de soluções.
cracia. tingentes populacionais do campo para as
e significa a apropriação da terra urba cidades, onde engrossam a massa de mar-' Sofrem, dessa forma, os arquitetos o
na por determinados grupos que espe Da organização de uma tabela de hono ginalizados. mesmo processo de margínalização do con
culam sobre essa terra, fazendo elevar rários, no início de sua existência, à regu O agravamento dos desequilíbrios regio junto do povo brasileiro em relação à for-
lamentação da profissão; da luta pelas muiação dos destinos do país. Apesar disto,
o seu preço. Normalmente este proces reformas de ensino, à criação da Associação
nais, a intensificação do processo de urba
seu trabalho faz parte de uma proposta
nização, o freqüente uso Inadequado do
so é respaldado por uma legislação Brasileira de Escolas de Arquitetura; da solo, o acirramento das agressões ao patri cultural brasileira que avança e se conso
urbana, e o que hoje está inteiramente difusão dos postulados mais gerais da arqui mônio cultural e ambiental, com a compla lida como frente de resistência a esses pro
provado é que as mudanças na legisla tetura moderna, às campanhas pela neces cência das autoridades responsáveis, são cessos e vetor componente importante de
sidade da reforma urbana e maior oferta algumas das conseqüências maiores daí sua superação.
ção. permitindo a construção de edi de habitações populares; da passagem das A pressão econômica e a repressão polí
decorrentes.
fícios em determinadas áreas e o au teorias do urbanismo, às propostas de pla tica não conseguiram anular essa presença
A população do país é atingida por desi
mento no gabarito desses edifícios, é nejamento urbano integrado; da defesa dos gualdades extremas da condição de vida, e hoje, na comemoração dos 60 anos de
monumentos históricos, à luta pela preser traduzidas tanto na disparidade de seu po nossa entidade, estamos ainda mais cons
fruto dos interesses da indústria imo
vação do patrimônio cultural e ambiental; der aquisitivo quanto no atendimento de cientes de que não existe dicotomia entre
biliária." da resistência democrática nos períodos de os problemas dos arquitetos e os problemas
necessidades básicas, que se avolumam e
Em relação às favelas e aos conjun maior autoritarismo e represão, a o alinha diversificam. A carência de habitações
gerais da sociedade em que vivem.
tos proletários da Zona Sul, a indús mento com organizações .culturais, profis Ainda que existam responsabilidades es
acessíveis a um maior número, os déficits
tria imobiliária tem contribuído para sionais e populares pela construção da de infra-estrutura e de equipamentos so
pecíficas dos arquitetos, às quais eles não
democracia em nosso país; do esforço ini ciais, a precariedade dos sistemas de trans se tem furtado, assumindo as perante a
marginalizar ainda mais estas popula- cial de um pequeno grupo de profissiortais nação, entende o Conselho Superior do
çõe.s?
portes de massa e a sistemática marginali- Instituto de Arquitetos do Brasil que a luta
à federação que hoje é o lAB, essa é a zação espacial das parcelas mais carentes
— "Nesse caso a relação entre vio história de uma entidade que alcançou a pela apropriação social do seu trabalho
confrontam-se com "oásis" urbanos bem está inserida nas lutas pela conquista da
lência urbana e especulação imobiliá condição de mais expressivo órgão de re dotados de serviços e infía^cstrutura e
presentação dos arquitetos. independência e da democracia em nosso
ria é direta. E o problema é muito acessíveis a um reduzido número de cidfr país, beneficiando-se dos avanços democrá
Manter essa condição significa procurar, dãos. Tais disparidades verificam-se não só
^rave. As décadas de 40, 50 e 60 fo permanentemente, compreender de que entre as diversas regiões do país como nos
ticos conquistados pelo conjunto da popu
lação, a quem caberá, em última instância,
ram as décadas de consolidação e ex forma e por que causas se altera e em que grandes centros. urbanos, onde coexistem a gestão dos seus próprios destinos.
pansão das favelas na Zona Sul — rumo deve seguir tanto a formação como varias "cidades" desiguais entre si. _ Conselho Superior do Instituto de Arquite
o exercício profissional, tendo em vista o Em face dessas demandas, os arquitetos
Praia do Pinto. Cantagalo, Pavão, Pa- objeto do seu trabalho: a quem ele se deve brasileiros, ao lado de outros setores da tos do Brasil.
Rio de janeiro
vãüzinho. Catacumba, Rocinha etc. destinar, quem dele deve se apropriar. comunidade cultural e científica, quando janeiro de 1981
Ao mesmo tempo, os bairros da Zona As características fundamentais do siste solicitados, têm dado freqüentes demons

NACIONAL
>
06/02 a 12/02 de 1981

AGRICULTURA

A gasolina sobe de novo. As falsas


prioridades
É a crise de energia? ♦ Valdir Izidoro Silveira
o Ministério da Agricultura tem afir
mado constantemente que a agricultura é
O Brasil gasta muito em petróleo, apesar de ser rico em fontes meta prioritária do governo. As recentes •
medidas do Conselho Monetário Nacional
parecem dizer o contrário. Ou estamos nós,
de energia. Possui os recursos humanos necessários para usá-las, cá da lavoura, ficando loucos? Temos cer
teza que não.
mas não sai dó buraco, pois despreza a política ao buscar soluções É sobejamente sabido que o mundo
atravessa uma crise profunda no tocante
ao abastecimento alimentar. A FAO —
e celulose, etc.. Os planos existentes órgão das Nações Unidas — está tão per
Sérgio Rosso plexa que se encontra em'"estado de aler
não vão para a frente, entretanto, ta", tentando segurar a barra, vislumbrando
porque o governo ainda não criou as a queda da produção mundial de alimentos.
E a gasolina subiu novamente. formas de transportá-lo das regiões Não podemos mais admitir que se conti
Desde o dia 4 de fevereiro, o litro nue sofismando em cima de números,
produtoras para o local de consumo. quando a realidade, aqui em baixo, na roça,
do precioso liquido está custando no campo, na empresa rural, é radicalmen
Cr{ 60, para desespero até mesmo — A energia proveniente da bio- te outra.
dos produtores e distribuidores de massa é uma das maiores perspecti Ao defender o seu voto no CMN — Con
veículos automotores. Quanto à po vas do Brasil. Com enormes extensões tra a Agricultura Nacional — o ministro do
pulação, nem é preciso dizer muita de terra, e clima é solo adequados, Planejamento afirmou que uma taxa de
juros de 45% para o custeio agrícola
coisa: sobre ela cairão as graves con podemos produzir quantidades enor representa um subsídio de 100%. Foi mais
seqüências de mais este aumento — mes de fontes renováveis.de energia. além o ministro, dizendo que o setor não
o sétimo desde março de 1980, quan Mas é indispensável planejar a dire tem razão em suas declarações.
do a gasolina custava Cr$ 26. ção e os meios de realizar um empre Ora, ou não entendemos de números ou
alguém está faltando com a verdade e des
Com a gasolina, como. tem sido endimento deste porte. O Pró-Álcool, conhece o que se passa em termos de agri
praxe, subiram todos os demais de por exemplo, que engatinhou duran cultura nesse país.
rivados de petróleo: o álcool carbu- te anos, de repente começou a correr A falsa imagem do subsídio à agricultura
rante, o óleo diesel e o gás de co porque a indústriã automobilística é uma arma que vem sendo utilizada há
muito tempo. Perguntamos, onde está sen
zinha. E o pior; fontes do Conselho passou a enxergar nele a salvação da do utilizado o dinheiro que é retido atra
Nacional do Petróleo — cujo presi civilização do automóvel. Não deixa vés dos confiscos à agricultura nacional?
dente, coronel Hilton Vasconcelos, de estar correto. Mas os ônibus e ca Será que os donos dos números que ma
não deu maiores explicações sobre minhões, responsáveis pelo transpor nipulam os "incentivos" à agricultura ain
os aumentos, pois "o povo não pre te coletivo e de cargas, também po da não se deram conta de que somen
Presidência do país, derramar lágri te estes altos encargos financeiros que
cisa saber de detalhes, tem é de pa-' mas de crocodilo enquanto invocava dem ser movidos a álcool. O que exis sugam do café seriam suficientes para ali
gar" — também informaram que a nece.s.sídade imperiosa, de abrir con te neste sentido? mentar os custeios agrícolas? Outra grande
novos preços deverão vigorar entre tratos de risco com multinacionais, Além do mais, existe o risco de inverdade é a de que cs agricultores estão
fins de fevereiro e início de março. para que estas nos ajudassem a achar voltarmos a ficar atrasados tecnolo- ganhando com os preços dos produtos
agrícolas. As multinacionais e os interme
A situação é complicada, como se petróleo... em território nacional. gicameníe no setor de energia, se não diários é que estão faturando alto! Não
vê. E nos leva a pensar numa recen O petróleo não é a única fonte de forem incentivadas pesquisas sobre o se anunciou oficialmente, mas se sabe que
te declaração do vice-presidente da energia eficiente. Nossa estrutura pro potencial energético de outrbs vege os juros a serem praticados para os inves
República, Aureliano Chaves. Disse dutiva e nosso modelo econômico tais, alguns dos quais com um po timentos agrícolas que ultrapassarem 100
ele: "No Brasil não há crise de ener MVR, isto é, CrS 290.000,00, serão os do
comportam-se, entretanto, como se tencial muito maior que a, cana-de- mercado.
gia, há a crise dos combustíveis líqui o país possuísse imensa reservas pe açúcar. Veja-se, por exemplo, o aban Isto quer dizer que um produtor neces
dos." trolíferas. Não é correr o risco de dono a que foi relegado o Plano Na- sitando adquirir uma colhedcira no valor
Qual o significado desta frase pou passar por Policarpo Quaresma afir cional*'do's Óleos Vegetais, só recen de Cr$ 2.500,000,00, deverá pagar, somente
co explícita? Afirmar que o Brasil é mar que o Brasil é riquíssimo em de juros — CrS 1.500.000,00 por ano. É um
temente, com a crise Irã-Iraque, de- encargo financeiro proibitivo, suicida para
um país pobre em petróleo mas rico fontes de energia, e, mais ainda, pos sencavado dos papéis burocráticos quem investe na agricultura. Não existe
era recursos energéticos? Neste caso, sui os técnicos e os conhecimentos em que estava enterrado. Enquanto cultura ou outra exploração agropastoril
está certo. Mas é preciso completá-la necessários para utilizá-las. Mas ve^ isto, em um país onde a inflação su que suporte tais taxas de juros.
dizendo que, apesar de o Brasil ser jamos como têm sido tratadas: pera a casa dos dois dígitos, o Pró- Pensando do lado das indijstrias que fa
um país rico em fontes de energia, bricam máquinas e implementos agrícolas
— A energia elétrica mais barata Alcool em São Paulo, por exemplo, ficamos a pensar o que acontecerá com a
ele tem de comprar muito petróleo, do mundo é a de origem hidráulica. se desenvolve em mais de 50% às possível retração no mercado consumidor?
vai continuar tendo de comprar mui Para uma capacidade a ser instalada custas de terras antes utilizadas para Suportarão o sufoco? Não.
to petróleo e de pagar muito caro de 23 mil 240 MW em 1986, res cultura do milho, arroz e algodão Uma grande massa de desempregados —
por ele. tarão 78 mil MW a serem instalados, os chamados exércitos de reserva — que in
Desta forma, a solução traz proble charão as nossas metrópoles em busca de
O petróleo é uma fonte de energia ou seja, mais de três vezes o poten mas maiores que os que resolve. novas oportunidades que, certamente, não
privilegiada em relação às outras. De cial aproveitado até 1986. Apesar Se o Brasil é rico em fontes de encontrarão. Está na hora dos responsáveis
fácil transporte, fácil manuseio, alta disto, o objetivo inicial (hoje. já ridi energia, possui os técnicos e cientis por estes descalabros administrativos pen
concentração de energia por unida cularizado) do programa nuclear era sarem um pouco no que estão fazendo.
tas necessários para utilizá-las, o que A categoria agronômica brasileira assu
de de massa, etc.. Seu emprego em suprir os requisitos da energia elé nos falta? Por que não saímos do miu um compromisso histórico durante o
escala gigantesca entretanto está di trica da região Sudeste. Energia mais buraco em que estamos? Por incom XI Congresso Nacional de Agronomia, rea
retamente associado a sua abundân cara, mais perigosa, desnecessária, e petência do governo? Em parte sim, lizado em outubro de 1979, em Curitiba,
cia relativa e ao baixo preço vigente o pior, sem nenhuma transferência mas principalmente porque este bu
qual seja, o de defender os legítimos inte
até a reação dos países produtores real de tecnologia. resses da nossa agricultura e não tergiver
raco foi cavado por um modelo de sar ou aceitar medidas inconseqüentes,
em 1973, através da OPEP. — O carvão brasileiro (nós temos
Por isso mesmo o general Geisel, desenvolvimento econômico que nos Estamos alertas e conclamamos .odos os
reservas consideráveis) tem fama de foi imposto e por um regime políti produtores nacionais a dizer não às medi
quando na presidência da Petrobrás, má qualidade devido ao elevado teor das aprovadas" pelo CMN. que representam
co que não admitia questionamento e
formulou a "brilhante" política que de cinzas. Boa parte dos problemas debate.
o que mais de retrógrado possa existir no
conferia pritwitariamenle à empresa existentes poderiam ser resolvidos tocante a uma política agrícola voltada pa
estatal a função de prover o país de Apesar de enorme potencial exis ra os interesses nacionais. Estamos impor
com emprego de tecnologia adequa tente em nosso país, a solução para tando feijão, milho, arroz, alho, trigo, ervas
petróleo ao invés de buscar a auto- da, desenvolvida era função de suas medicinais, etc..
suTiciência nacional. Assim, lá se foi a "crise dos combustíveis líquidos"
especificidades. De qualquer modo, não é somente técnica, nem depende É a vergonha nacional. O setor agrícola
íi Petrobrás a furar o solo iraquiano, o emprego do carvão energético é de frases ambíguas. Depende, isto não aceita mais meias medidas. E diz: bas
abandonando as prospecções em ter ta de pacotes que estão esvaziando a pa
ritório nacional. O resultado é co
perfeitamente viável técnica e econo sim, de muita democracia para en nela do brasileiro.
micamente. Ele pode substituir o contrar, decidir e executar as solu
nhecido: em 1976 assistimos na te óleo combustível utilizado na indús
levisão o mesmo general, já ent|o na ções adequadas ao povo e à socieda- * Valdir Izidoro Silveira é engenheiro
tria de cimento, siderúrgica, de papel dade brasileira. agrônomo era Tiibagi (PR).

C ECONOMIA
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De 06/02 a 12/02 de 1981

Aproxima-se a campanha salarial dos metalúrgicos do ABC,


que coincide com as dos demais trabalhadores dessa categoria
■yf çaerrí
.

ein São Paulo, à exceção dos da Capital, de Osasco e de


Guarulhos. As ate^ições de todos os que se preocupam com- a vida da
classe operária, € de todos qxiantos sahem- da importância da
m-ovimentação operária para a conquista da democracia, voltam-se
para o ABC, palco de lutas memoráveis, já inscritas p

em nossa história,

Como o ABC se prepara para a campanha, com seus shidicatos


F-3
sob intervenção (em Santo André e São Bernardo descarada,
em São Caeta-fw disfarçada na figura repulsiva do '^presidente"
Lins), com- o crescente fantasma do desemprego pairando sobre as
eaheras dos trabalhadores, com as lideranças da greve de 1980
às vésperas de julgamento numa auditoria militar de São Paulof
Qual o impacto da inegável divisão das principais lideranças dos
ano-^t anteriores etn partidos políticos oposicionistas, mas que
dispiitayn terreno com muita avidez f É a estas questões que a
^'oz procurará indicar respostas, fornecendo aos leitores
elementos para reflexão.

Antes de mais nada, importa eliminar uma hipótese,


acalentada e difundida, certamente sem muita convicção, pelos
homefu^i do governo: a hipótese de não haver-campanha,
das massas de metalúrgicos estarem dominadas pelo temor, pela
apatia, pelo desencanto. Não é essa a tradição recente do ABC, não
ê isso o que sentem os militantes sindicais da região, não é essa a
disposição de milhares e milhares de operános que viveram as
jornadcfs âos {ãtimos três anos, e que não se dobram às pressões
São Bernardo
« g/A/p/MTO '
desencadeadas contra os trabalhadores. prepara campanha
ffnrerá campanha, contra toda essa expectativa, e poderá
inclusive haver greve. Quem viver verá.
unindo operários
Evidentem.ente há problemas muito sérios. Muitos ativistas da contra julgamento
greve de 1980 continuam desempregados, os instrumentos das
de Lula
mobilizações de 78,79 e 80 — os sindicatos — permanecem
sol) intervenção. E a tão falada.recessão mostrou sua face em
São Bernardo, na Vòlkswagen. Pior que estes problemas — alias Numa espaçosa casa situada na
rua Alferes Bonilha, 47, bem ao
locadas, como a semana de 40 horas,
segurança no emprego, delegado sindical
destacados pelo conjunto da imprensa —, entretanto, é o lado da Cooperativa dos Empre e "sobretudo um aumento salarial que
risco de divisão. Sentiram- esse risco, antes que todos, os gados na Vòlkswagen, funciona o quar represente nossa efetiva participação nas
metalúrgicos de Santo André, convocados através de boletins tel-general dos metalúrgicos de São Ber riquezas que produzimos"), outra para de
distribuídos nas fábricas para dois eventos diferentes: nardo, desde a decretação da intervenção bate com representantes do governo, por
em seu sindicato, há 10 meses. Algumas dependerem do poder político para se
as.^embléias em bairros convocadas pelo deputado Benedito rem atendidas (controle do custo de vida,
das melhores iniciativas da diretoria cas
Marcílio em nome ãa diretoria cassada, e um "mini-congresso" sada — como a edição de um boletim fim das intervenções nos sindicatos, ga
convocado pelo pessoal da Associação do Fundo de (rveve. Em diário, o jornal mensal, a constante liga rantia da liberdade sindical, participa
Sito Bemardò, sabe-se que Osmarzínho, Alemão e Wagner ção com a vida das fábricas —, persis ção dos trabalhadores na gestão do FGTS,
articulam desâobrame-ntos ãa campanha que não coincidevi com tem em meio a grandes dificuldades, na PIS e PASEP, direito de greve, salário
Associação do Fundo de Greve. Dezenas mínimo unificado em todo país com po
os pontos de vistas dos diretores mais próximos de Lula. Já em der de compra real).
e dezenas de metalúrgicos freqüentam-na
São Caetano a situação é bem clara: trata-se de impedir que o diariamente, conversam com os diretores
grupelho de Lins sabote a campanha e possa, mais tarde, destituídos — que dão plantões diários,
trair de novo os trabalhadores. como no tempo em que tinham o Sindi O "Manifesto aos Trabalhadores" as
cato na mão. sinado pela diretoria cassada conclama
os metalúrgicos a realizarem reuniões por
No centro dos problemas colocados pela campanha.âe 81 fábrica, por bairro, por igrejas, para mo
está a pergunta "quem representará os operários nas bilizar os trabalhadores. E anuncia a pre
negociações" t A FIESP deixou claro que não aceitará cheque sem- Os manifestos que saem da Alferes Bo paração de assembléias gerais "que po
nilha têm o timbre da entidade, e a Tri derão ser realizadas no Sindicato (se pos
fundos, isto é, gente sem representatividade, para negociar. Os buna Metalúrgica (órgão do Sindicato) sível), em Vila Euclides ou na Igreja Ma
interventores dos três sindicatos, assim, seriam carta fora circula com seu próprio nome. Sinal de triz". Estas assembléias decidirão "quem
do baralho. Os trabalhadores ouvidos pela Voz nesse ponto que os trabalhadores não aceitam e não irá negociar pelos metalúrgicos de São
foram unânimes: é preciso eleger os negociadores em assembléias reconhecem a intervenção, e de que nem Bernardo e Diadema", já que nem o in
repi-esentativas dos trabalhadores, é p7'eciso obrigar os pensam em sindicato paralelo: para eles, terventor nem uma eventual junta gover
interventores (ou as. juntas governativas a serem designadas é só o prédio e alguns recursos do Sindi nativa têm representatividade para tantoi
cato que estão sob temporária ocupa
brevemente) a engolirem esses representantes como delegados ção, usurpados.
dos respectivos sindicatos. Só assim serão resolvidos os dois Ao lado da mobilização com vistas ao
problemas maiores que aparecem na campanha de SI: o da unidade êxito da .campanha salarial, São Bernar
e o da representação dos metalúrgicos. Para a campanha de 81, São Bernardo do prepara um grande comício de pro
já lançou um alentado manifesto, e apre- testo contra o julgamento de Lula e de
sfentou uma proposta original: montar mais líderes da greve de 80, programado
O ABC encontrará o caminho da união e sua luta, como as dos para o próximo dia 15, na Praça da Ma
duas pautas de reivindicações, uma para
anos anteriores, será importante. Para seu êxito, é bom desde já ser discutida com os patrões (na^qual as triz da cidade, às 10 horas. Todo mundo
preparar a solidariedade de todos os democratas. grandes reivindicações de 80 serão reco lá!

c SIN]
f
Be06/02 a 12/02 de 1981

-T.

Para Andreottí
só assembléias
amplas podem
unificar a
campanha e isolar
grupos estreitos

Em Santo André uma das dificulda


des que até agora tem se apresen
— Segundo consta, os empresários não
querem entrar em negociação com os in-
tado aos trabalhadores para esta terventoreSi A única maneira será a con
campanha salarial, está na incompreen vocação de uma assembléia de toda a ca
são das próprias lideranças metalúrgicas tegoria, para discutir a pauta das reivin
a respeito, da necessidade de organizar dicações e eleger democraticamente uma
unitariamente a condução das negocia comissão encarregada de negociá-la.
ções em nome da categoria. .Solucionar As forças representativas e com respal
este problema o mais rápido, é preocupa do entre os trabalhadores têm propostas
ção de todos aqueles que acompanham a diferentes de como conduzir o trabalho
MoVimento de campanha e lutam pelo jim da interven
ção no Sindicato. Entre estes Márco's
dessa comissão. Que medidas sugeriria
para que isso não leve à divisão dos tra
Andreotti, um dos fundadores não ape
Renovação dirigirá nas do Sindicato de Santo André, mas
balhadores?
— Eu acho que no movimento sindical
também ativo eslimulador para a criação
Bão cabem divisões por caiisfj do enca
em São puai'erior dos Sindicaius dos iV/eiaídrgicos
de São Bernardo e de São Caetano, tendo minhamento de campanhas salariais. Mas
ocorre que existem divergências, trazidas
Caetano, apesar de ainda contribuído na organização sindi
cal de outras categorias da região, como por grupos pequenos mas ativos, interes
sados em embananar as assembléias para
os têxteis e os operários da construção
intervenção indireta civil, entre outras.
que delas nada surja. Então, é necessá
rio fazer um trabalho de unificação pela
Hoje com 70 anos, 52 deles dedicados base, eliminar a influência desses grupos
u atividade sindical, o primeiro presiden e tirar das assembléias comissões únicas
ara os metalúrgicos de São Caetano depostas do ABC para acertar propostas
te do Sindicato de Santo André de 7953 para negociar.
do Sul, a especial situação de inter possíveis de serem apresentadas conjun Em Santo André há o problema destes
a 1937 (foi também presidente de 1958
venção indireta vivida pelo sindica- tamente às assembléias. Também na reu
a 1964), fala a Voz sobre a situação de grupos, que agem iinícamente para aten
até que seja solucionado o caso na nião da Federação dos Metalúrgicos o der seus interesses políticos imediatos e
MRS foi reconhecido por todos os diri-.
sua categoria, destacando que o esforço
stiça, pode acarretar dificuldades na maior deve ser dar no sentido de formar estreitos, que só prejudicam a organiza
ndução da campanha salarial. No en- gentes sindicais presentes, num claro iso uma comissão de negociações que unifi ção dos trabalhadores e a luta por suas
ito, apesar da permanência oficial de lamento de Uns no conjunto do movi que os trabalhadores e garanta êxitos às reivindicações.
ão Lins e seu grupo na diretoria, após mento sindicai.
suas reivindicações.
falsificação das eleições (com a inven- Nas assembléias feitas, já se começou
Todos estes contatos dos metalúrgicos a discutir a questão do processo de levan
o de milhares de votos para se atingir
quorum, o Movimento de Renovação do MRS, recebidos ainda por D. Paulo tamento da intervenção no sindicato? |á
Evaristo Arns, visam também chamar a Andrdotti, como está vendo a situação
ndical liderado por Frei Chico detém, em Santo André, às vésperas de uma se tem propostas a respeito?
; fato, a representatividade da categoria. atenção da opinião pública para o pro
cesso de anulação das eleições sindicais campanha salarial, com o sindicato sob — Propostas propriamente não. O mi
Assim como em São Bernardo e em intervenção? nistro do Trabalho toda semana anuncia
realizadas a 6, 7 e 8 de janeiro, que é
into André, também em São Caetano a nomeação de uma junta governativa,
acompanhado na justiça do Trabalho pe — A situação é difícil, mas a diretoria
funções efetivas do sindicato estão se mas vem semana passa semana, e ela não
lo advogado josé Carlos Arouca e pelo cassada está desenvolvendo um trabalho
ndo fora da sede física da entidade, o se concretiza. Penso que deve ser nomea
especialista Dei Picchia. para a assembléia do dia 8, onde será
s preocupa os operários, as forças po- tirada uma pauta de reivindicações para da uma junta que goze da confiança dos
icas locais e até mesmo alguns empre- Entre as bases da categoria e na pró trabalhadores, cuja única finalidade é de
apresentar ao patronato. A dificuldade
rios e autoridades do governo, no mo pria cidade crescem o respaldo ao MRS convocar 'imediatamente eleições para
maior, realmente, é o sindicato estar sob
nto interessados oa existência de re- e a desmoralização de Lins, o conhecido que o sindicato seja devolvido a seus
•esentantes legítimos dos trabalhadores, intervenção e não haver assembléias no
"Sapo". No próximo dia 21 será realiza sócios.
sindicato. As assembléias feitas fora do
ira que se contorne a gravidade do mo- da a Festa da Verdade Sindical, com tor E como estas juntas poderiam ter re
sindicato dificultam a campanha.
ento, marcado por fortes quedas do po- neio esportivo entre os times dos sindi
A diretoria deposta está trabalhando presentatividade?
•r aquisitivo dos salários e constantes catos dos metalúrgicos de Guarulhos,
tieaças de recessão «e desemprego em Santos, São Paulo e do Movimento de de maneira unificada? — É como eu disse. Os próprios tra
assa. Renovação Sindical de São Caetano. — Sim. Embora lamentavelmente al
balhadores designando os membros para
É nesse sentido que o MRS vem se Após o torneio falarão Lula, Benedito guns membros insistam em Ignorar a a junta. Segundo consta, o ministro do
ripenhando em mobilizar os metalúrgi- Marcflto e Frei Chico, que denunciarão legitimidade da diretoria cassada. Mas os
Trabalho está "peneirando" nomes pos
;)S para as assembléias do sindicato, de a farsa eleitoral no sindicato e enfatiza mais sérios entre os diretores estão em
síveis. No sentido global se diz que ele
odo a garantir a indicação de corais- rão a necessidade de organização para a atividade, procurando unificar e auscul- não quer elementos do PCB, não quer
es de salário representativas e unitárias, campanha salarial. Afém disto, a Festa tar os trabalhadores sobre suas reivindi elementos do PT e não quer elementos
;tas como interlocutores confiáveis e terá .variada programação de cantores, cações. da Igreja. É... não quer ninguém.
pazes de participar das negociações pa- Agçra, é claro que a gente está for
churrascos e comes e bebes, numa mani Como vê as possibilidades de encami
que estas não redundem em impasses festação de unidade da categoria contra
çando para que a intervenção seja sus
íliticos desfavoráveis aos trabaihado- nhamento dessa luta, fora do sindicato, pensa. E acho que se deveria intensificar
a intervenção do "Sapo" e de arrecada e, ao mesmo tempo, como poderá ser
No decorrer da semana, Frei Chico a movimentação de todos os outros sindi
ção de fundos para as próximas ativi feita a negociação entre trabalhadores e
reuniu com os membros das diretorias catos, de outras categorias, contra a in
dades. empresários? tervenção.

>
De 06/02 a 12/02 de 1981

REPRESSÃO

Empregados em Deops na porta


da clínica para
editoras vão votar impedir greve
Apesar de contar com o apoio, de cerca
de 25 entidades de bairro, o movimente
Pela primeira vez, uma chapa de grevista dos médicos residentes da Clínica
Infantil do Ipiranga, São Paulo, não esca
pou das arbitrariedades da direção da clí
oposição concorre às eleições, nica que contou com a colaboração osten
siva do Deops.
defendendo autonomia, fortalecimento O presidente do Sindicato dos Médicos
de São Paulo, Agrlmeron Cavalcanti, foi
e ampla renovação do Sindicato Valdizar e Milton, da chapa Sangue Novo chamado a depor na última terça-feira, dia
3, no Deops. O segundo intimado a "pres
tar esclarecimentos", foi o médico Eric
formada por companheiros de diversas em serviu para discutir essas questões e indi Schussel, um dos demitidos da Clínica e
Mais uma categoria profissional terá membro da comissão que lidera a greve. No
eleições sindicais para renovação de sua presas, que acompanhou a diretoria nas car nomes de pessoas comprometidas com
negociações com o sindicato patronal. Isso o trabalho de base nas empresas, entanto, tanto um como outro, somente fo
diretoria. Nos dias 9, 10 e 11 de março, os ram perguntados sobre as condições de tra
associados do Sindicato dos Empregados voltou a acontecer em 1980 e. nas duas Já estes companheiros achavam tudo isso
ocasiões, a Comissão dc Salários foi quem dispensável. Queriam uma "unidade" em balho no hospital e nada que se referisse
em Editoras de Livros/SP, escolherão en
efetivamente negociou com os patrões. torno de coisa alguma, Desta forma não especificamente ao movimento grevista. Tu
tre a Chapa 1, encabeçada por Manoel Tor- do soou mais como um ato de intimidação.
quato de Araújo (atual vice-presidente) e Dessas negociações resultaram acordos que aceitamos formar uma chapa "de gabinete",
representaram um pequeno, mas real, avan descompromeiida com os problemas en No intuito provável de intimidar também
a Chapa 2 — Sangue Novo, que tem à a população do bairro que reivindica a per
frente o redator da Abril Cultural, Valdizar ço da organização dos trabalhadores em frentados por nossa categoria.
manência dos médicos preceptores (a Clíni
Pinto do Carmo. A Chapa 2 é formada por editoras de livros.
E nesse tempo todo, como foi o relacio
AUTONOMIA SINDICAL ca funciona como hospiial-escola), o Deops
pessoas que tiveram uma intensa partici enviou seus agentes que, de forma ostensi
pação na vida sindical nos últimos três namento entre vocês e a diretoria do sin E como você vê o sindicalismo no Brasil?
— Creio que o movimento sindical ainda
va. estacionam suas viaturas na porta da
anos. A Chapa I, está no sindicato há mais dicato?
Clínica e perambulam como donos pelos
de 20 anos (desde a sua fundação), sendo — Na verdade, falar cm "diretoria do está dando os primeiros passos. Afinal, de corredores do hospital.
que esta será a primeira vez que uma cha sindicato", não explica bem as coisas, isso zessete anos dc repressão e arrocho salarial
porque apenas dois diretores acompanha não são brincadeira. Mas acho que esses Segundo declarações de Agrimeron Caval
pa de oposição concorrerá às eleições. canti, a alegação de que o policiamento se
Em entrevista a Voz, Milton Belintani ram mais dc perto o nosso trabalho no Sin passos estão sendo dados no rumo certo.
dicato (lornal/Ccmissão de Salários/Sindi- Não podemos nos esquecer que o Início da fazia necessário por "questões de seguran
Filho, candidato pela Chapa 2. diz o que ça" absolutamente não procede. "O que te
pensa o pessoal de "Satigue Novo" sobre calizaçào). Esses companheiros, embora re retomada dos sindicatos das mãos de pele-
mos buscado é conversar com os médicos
a formação da chapa, a categoria e o sin presentassem o conjunto da diretoria, nunca gos e interventores do regime é um fato
colocaram obstáculos às propostas que recente. Não tem mais que cinco anos. substitutos .para esclarecer o porquê de
dicalismo no pais.
apresentávamos. Infelizmente, eles hoje A legislação sindical brasileira c uma das nosso movimento e a justeza das reivindica
A ENTREVISTA
encabeçam a chapa da situação. mais atrasadas do mundo. Essa questão, ções que têm contado com o apoio da po
Sendo assim, o que impediu uma chapa inclusive, o movimento sindical tem levan pulação do bairro", diz Agrimeron.
Quem é o pessoal da Chapa 2 — Sangue Quando encerrávamos nossa edição tive
Novo? unificada para estas eleições? tado. Porem, acredito que essa estrutura
— Somos um grupo de pessoas que pas — Nós achávamos e ainda achamos que sindical só será efetivamente derrubada
mos notícia de que fora fechado até mesmo
as eleições não devem servir apenas para através de pressões de toda a sociedade. o Centro de Estudos "Gomes Matos" que
sou a atuar no Sindicato há cerca de três
A liberdade sindical é, portanto, uma ban funciona dentro das dependências da clíni
anos. quando nos filiamos a ele. Desde mudar a diretoria do Sindicato. Devem,
eniao, tentamos fazer com que a diretoria antes de tudo, servir para provocar o de deira que pertence não só ao movimento ca, embora seja autônomo. A medida visa
ampliasse o espaço para partíeipação da bate dos problemas da categoria, buscando sindical, mas também uu inuviiiicniu demo impedir que ali se reúnam os médicos de
categoria e desenvolvesse alguma atividade a elaboração de um programa que se com crático. mitidos e os grevistas.
que aglutinasse mais e mais pessoas em prometa com a resolução desses problemas Acho, ainda, que os sindicatos precisam
tomo do Sindicato. c com a luta geral da sociedade brasileira, de autonomia para que possam representar
A partir da campanha salarial de 79. pela democratização em todos os níveis da bom os interesses dc seus associados. Isso, METALÚRGICOS
conseguimos, com o respaldo das assem vida do país, Para isso convocamos uma para mim. é uma questão universal, que
bléias, criar o "Jornal" da categoria. Ele "Convenção" da categoria que. embora não tanto vale para o Brasil, como para a Po
gemos ainda uma Comissão de Salários, tenha lido a pariiciptiçâo que esperávamos. lônia.
Amorína tentou
fraudar eleições
des. a ela filiadas ou não. para que enca
minhem sugestões e propostas em relação
em Osasco
Servidores iniciam luta ao movimento nacional. A reunião também
foi convocada para marcar a data para as
próximas eleições da entidade, estabelecer
As eleições ao Sindicato dos Metalúrgicos
de Osasco foram conturbadas cm seu se
gundo escrutínio pela atitude do atual pre
as condições para participação de suas as sidente Henos Amotina, que mandou con

por campanha nacional sociadas no processo eleitoral c definir a


participação da Federação na Campanha
Salarial do Funcionalismo.
Dois diüsiantes, a 7 de fevereiro, a Coor
feccionar oito urnas especiais para facilitar
fraudes nos resultados do pleito. A manobra
foi denunciada pela Chapa I. Amotina
apoiou ostensivamente a campanha da Cha
denação Geral Permanente do funcionalis pa 2. encabeçada por josé Pedro da Silva,
Realizou-se em Belo Horizonte, durante nhecimento e fazer as adaptações das reso mo paulista lança formalmente a Campanha cm troca dc compromissos de apoio à sua
os dias 23, 24 e 25 de janeiro, a reunião do luções da reunião de Belo Horizonte, Salarial dc 1981. com um festa à qual pro eleição para cargo eletivo nqs eleições de 82.
Conselho de Representantes da Confedera metem comparecer expressivas lideranças Em coletiva à imprensa dia 5 passado,
O calendário prossegue no dia 25 de fe políticas c sindicais de São Paulo.
ção dos Servidores Públicos do Brasil. Com
vereiro. com a rcaiizaçãu de assembléias membros da Chapo 1 relataram a forma
ela, um passo importante começa a ser dado A campanha dos servidores paulistas ini com que membros da Chapa 2 tentaram
no sentido da realização de uma campanha
gerais estaduais para debate, adaptação e cia-se num momento, em que se agravam fraudar as eleições e impedir derrota mais
nacional unificada dos funcionários, a nível
aprovação de um manifesto da categoria, sobremaneira suas condições de vida e re expressiva de seus aliados, que na primei
Federal, Estadual e Municipal.
que deverá nascer das contribuições trazidas muneração. graças à política absurda e abu ra votação conseguiram apenas 4.662 votos
dos diversos locais. O manifesto será entre contra 6.223 da Chapa 1. O marceneiro
Entre as resoluções da reunião — que
gue simultaneamente ao presidente da Re siva de Paulo Sallm Maluf, governador do
obviamente devem ser adaptadas às diver Estado. Inicia-se também num momento em pago para fabricar as urnas e manter sigilo
pública. aos governadores dc Estado c aos absoluto foi detido na madrugada do dia
sas realidades estaduais e municipais —
prefeitos municipais no dia \b de março. que ainda estão v[,vos, na memória do fun
constam a reposição dos salários, o reajusli cionalismo do Estado, as conseqüências e 2 por viaturas da Polícia Militar, acompa
Finalmente, o Conselho de Representantes, nhadas de inspetores do Ministério do Tra
semestral, o pagamento do 13.®, a elabo 05 desdobramentos da última grande cmn-
nos termos da proposta encaminhada pela balho. confessando que recebeu a encomen
ração de um noyo estatuto para os servido
União dos Servidores Públicos Civis do
panha da categoria — a de 1979. que culmi
res civis e o direito de sindicalização dos nou numa longa greve que mobilizou prati da do próprio Henos Amotina.
servidores públicos. Para organizar a luta Brasil (Unsp), recomenda que as entidades Atitudes como essa vêm contra toda a
do funcionalismo prestem ampla e irrestrita camente todos os 400 mil servidores.
pela obtenção das reivindicações, foram es Coincide, finalmente, com o avanço das história de lutas dos metalúrgicos e aten
tabelecidos um Plano de Ação Conjunta e solidariedade ao dia de protesto que os ser tam violentamente contra a democracia sin
vidores paulistas marcaram para o dia 1." lutas democráticas no país e»dos espaços
um calendário para execução a nível nacio legais de atuação, avanço este que. no en dical. na infame intenção de retirar dos
de abril. trabalhadores o direito de indicarem direta
nal. de forma concomitante e unitária. tanto, ainda não foi suficiente para superar
Tal calendário — que visa também des SAO PAULO as dificuldades do movimento sindical e mente seus legítimos representantes.
pertar diversas entidades para os problemas Para desencadear o processo de discussão associativo em geral, Exatamente por isso, Destacamos aqui o nosso mais veemente
e as lutas do funcionalismo — começa a e execução das resoluções da reunião de a Campanha exige ampla mobilização e uni njpúdio. ao mesmo tempo em que csoeramos
ser executado no dia 9 de fevereiro, data Belo Horizonte, a Federação Paulista dos dade dos servidores, forialecimcnto de suas cue a votação a se encerrar nesta sexta-
proposta para a realização de reuniões nas Servidores Públicos está convocando, para entidades representativas e aparclhamento feira confirme a vontade soberana dos tra
capitais dos Estados, promovidas pelas Fe o dia 10 de fevereiro em sua sede (Rua 24 técnico para o encaminhamento das reivin balhadores, já expressa na primeira apu
derações ou entidades locais, para dar co de maio, 208 - 141" andar), todas as entida dicações e negociações. ração.

C SINDICAL
>
11
De 06/02 a 12/02 de 1981

As paralisações nessas duas empre

Em S.Paulo greve é arma sas trouxeram à tona aS discussões


relativas ao processo de formação de
chapas para as próximas eleições do
sindicato, que deverão ocorrer em
junho e cujo edital de convocação está
previsto para até final de março. De

contra falta de pagamento um lado, os grupos que compõem a


chamada "oposição sindical" retor
naram à atividade, convocando reu
niões dos grevistas para locais fora do,
Desde terça-feira da semana passa sindicato, confirmando seus já tradi
da os 1.500 operários da Máquinas cionais procedimentos de paralelismo
Piratininga S.A. paralisaram seus tra sindical.
balhos nas cinco unidades da empre Em todas as suas iniciativas
sa, reivindicando o pagamento do procuram conduzir os trabalhadores
13." salário e o adiantamento do mês
para a conclusão de que o recebimen
de janeiro. Atualmente, a empresa se
to de seus salários está relacionado
vê às voltas com dificuldades finan
ceiras, que, segundo seus diretores, são com a luta pela "retomada do sindi
causadas por problemas em equipa cato". De outro, a diretoria evoca a
necessidade dos trabalhadores não se
mentos, próprios de "desacertos na
assimilação da tecnologia estrangei deixarem dividir nos momentos da rei
ra", cedida pela Davy Mackee. que Trabalhadores da Piratininga reunidos no sindicato vindicação, ao passo que, para as elei
controla 12% das ações da empresa. ções, reafirmam que a indicação dos
O BNDE se empenha na solução do os pagamentos. Na assembléia reali fábrica, a Eletro Máquinas Anel, os novos dirigentes deve se pautar "por
problema, tendo anunciado a busca zada no sindicato na noite do sétimo 284 funcionários começam a se res uma unificação dos trabalhadores re
de sócios privados para íntegralizar o dia de greve, o presidente Joaquim sentir das primeiras dispensas dadas presentativos da categoria e, ao mes
capital da Piratininga. A preocupação dos Santos Andrade salientou que em resposta ao movimento de parali mo tempo, estejam' de fato empreen
do órgão é justificada pelo fato de a "não podemos confiar nos patrões. sação que sustentam desde 29 de de dendo esforços para o fortalecimento
Piratininga estar comprometida com a Para eles a redução na folha de paga zembro, como forma última de reivin do sindicato", segundo as palavras do
produção de peças e aparelhos pesa mentos aos empregados faz aumentar dicarem os pagamentos de novembro, Julinho, suplente de base da atual dire
dos essenciais à indústria siderúrgica. seus lucros, o que eles não vacilam 13.", dezembro de 1980 e, agora, ja ção. Para Julinho, entretanto, a forma
Mesmo com a notícia da liberação em fazer". Ao final, a assembléia de neiro de 1981. Nesse caso a situação do trabalho "levado pela oposição não
de 57 milhões de cruzeiros pelo cidiu formar comissões para divulgar dos metalúrgicos é mais dramática, tem essas preocupações; a oposição
BNDE à empresa, o pagamento aos as resoluções definidas no sindicato pois as demissões estão ocorrendo fica presa a preconceitos e formula
metalúrgicos não foi efetuado. E por de "não abrir mão de encaminhamen "sem critérios, sendo mandados embo ções que a categoria como um todo
isso a diretoria do Sindicato dos Me to conjunto da solução para os tra ra até os fura-greves", nas palavras de desconhece, pois de modo algum fa
talúrgicos de São Paulo dá continuida balhadores das cinco unidades", am um dos membros da coordenação gre zem parte de suas reivindicações. A
de às suas movimentações, procuran pliar e fortalecer o trabalho do fundo vista. O Tribunal decretou a legalida categoria, na maioria, apóia a atuação
do unificar os trabalhadores de todas de greve, que estava funcionando ape de da greve sem, no entanto, acionar da diretoria, principalmente pela uni
as fábricas da Piratininga a manter a nas na porta do sindicato. a empresa judicialmente para fazê-la ficação dos companheiros". (Pedro
paráíisaçao áíe que eStcjara garai/ódus "Enquanto isso acontece, era outra cumprir Com os pagamentos atrasados. Célio)

"Cara a cara" reaparece na TV Acidentes de Salários levam


sem que atores sejam pagos trabalho: sete garis à greve
a cada minuto em Manaus
João José Sady
No primeiro semestre de 1980, em cada MANAUS (Do correspondente) — So
hora trabalhada, 440 pessoas sofreram aci frendo humilhações e demissões nos seus
Não faz muito tempo que o intrépido faça prova de que houve ajuste para re dentes. Destes, cinco ficaram permanente quadros mais combativos, 400 garis de Ma
cidadão Valadâo conseguiu convencer a muneração dos direitos autorais pela reexi- mente inválidos e um faleceu. Isto signifi naus prosseguem a greve por tempo inde
zelosa Procuradoria Geral da República de biçao. A Polícia Federal não pode liberar ca que, a cada minuto, sete trabalhadores terminado, que iniciaram dia 22 último,
que era preciso "libertar" os atores, res- a apresentação, porque não houve contra brasileiros sofrem um acidente de trabalho. exigindo 20% de aumento sobre os salários
tituindo-Ihes a "liberdade" de serem lesa tação sobre os direitos autorais e nem mui O total do ano de 80 alcançou a cifra de e melhores condições de trabalho.
dos pelos patrões no que tange a seus di to menos pagamento destes direitos. um milhão e 400 mil trabalhadores aciden
reitos autorais. O país inteiro acompanhou tados. No final da semana a greve resistia aos
o dramático julgamento da questão no Su O superintendente da Polícia Federal Estes dados foram levantados pelo Minis atos mais truculentos da Prefeitura e da
premo Tribunal Federal e a classe artística em São Paulo sabe que esta novela está tério da Previdência Social e constam da Polícia comandados pelo ex-presidente do
comemorou alegremente o salvamento de sendo reexibida. Por que não pediu os com pauta do "Fórum de Debates" programado CGT no Amazonas, sr. Aviz Valente, atual
seus direitos. provantes como a lei lhe impõe? Teria a pelo DIESAT, Departamento Intersindica! secretário de Serviços Públicos do municí
Nas páginas deste jornal, já naquela épo novela sido liberada para reexibição em de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos pio, que já havia demitido 52 garis por
ca. dizíamos que não havia tanto motivo Brasília? Quem foi que deixou de exigir Acidentes de Trabalho, que se realizará nos justa causa durante o transcorrer da greve.
para comemoração, o direito autoral é 05 documentos que a leí manda que sejam dias 6 e 7 de fevereiro no Sindicato dos Dentre os demitidos, cerca de 10 mulheres
roubado, continua a ser roubado e assim exigidos? Marceneiros de São Paulo, às 20 e às 18 gestantes entre o sétimo e o oitavo mês,
horas, respectivamente. além de todos os membros do comando de
permanecerá por muito tempo até que os Não sabemos. Sabemos, contudo, que o Criado o ano passado, o DIESAT tem greve.
ventos democráticos soprem um pouco superintendente da Polícia Federal, há
mais intensamente. por objetivo estudos e pesquisas em todas
mais de dez dias recebeu pedido do Sin as áreas que envolvem direta ou indireta Nada disso, entretanto, esvaziou o mo
Vitória? Houve realmente uma vitória? dicato de classe de que a novela seja re mente a saúde do trabalhador e o assesso- vimento grevista. Inconformado, Aviz Va
O entusiasmado defensor da "liberdade" tirada do ar, por infração aos artigos 34 ramento e a assistência técnica às entida lente ameaçou retirar o abono de 20% con
dos artistas que sustentou o caso perante o e 35 do Decreto 82.385 de 5 de outubro de des representativas dos trabalhadores. cedido ano passado aos garis, embora in
Supremo Tribunal é o doutor Ramalheie 1978. A novela, contudo, continua sendo Nascido da união de vários sindicatos constitucionalmente. Em seguida, chamou a
que está hoje como um dos mais sérios can apresentada. após as experiências das Semanas de Saúde imprensa em seu gabinete e tachou de agi
didatos a se tornar ministro do supremo na Assim procede a Delegacia de Polícia, do Trabalhador, e inspirado no Departa tador social o deputado federal José Mário
próxima vaga que vier a ser aberta. O sr competente para o caso. E a Delegacia do mento intersindica! de Estudos Sócio-Eco- Frota (PMDB/AM), que havia feito várias
Valadao ganhou farta publicidade em ho^ Trabalho? Ela deveria multar a Bandeiran nômicos, DIEESE, o DIESAT é mantido declarações defendendo os grevistas. Aliás
rario nobre nas maiorçs redes de televisão tes em dois salários de referência por cada pelo movimento sindical, e através de con Aviz Valente é o mais notório fascista sur
b os artistas, o que ganharam? Nada. ator ou técnico que trabalhou na novela. vênios, contratos e acordos que estão sen gido no Amazonas depois de 64. Logo em
Prova disto é o descaramento da ante- As muitas, contudo, não foram aplicadas. do encaminhados junto a instituições inter seguida ao golpe de l." de abril, ele rasgou
sentaçao da novela "Cara a Cara" pela Tc- Em suma, a lei existe. A Delegacia de nacionais. seu passado de lutas e passou a viver opri
Polícia deveria proibir. A Delegacia do Para este ano, o DIESAT programou um mindo os mais humildes, dos atapetados
à lei 6533/78 tao badalada naqueledesafio
iulea- Trabalho deveria multar. A quem devem debate sobre "Acidentes de Trabalho, uma palácios governamentais aqui da Zona
mento famoso.
os artistas reclamar? À Polícia? Ao Minis questão social", que pretende reunir os tra branca. A morte de seu colega Antogildo
A lei diz que a autoridade não pode li- tério do Trabalho? Já o fizeram. A letra balhadores para uma discussão que coloca 1 ascoal Viana, atirado de um edifício abai
berar a novela para exibição sem que se da lei, portanto, continua em vigor. A como ponto central a exploração de que xo no Rio, pelo CCC, teria muito a ver
música é que não anda muito afinada. são vítimas. com suas atitudes de delação.

C SINDICAL
> y
De 06/Q2 a 12/02 de I98I
VS3L
Í2

CPB na luta por


uma educação
democrática
Congresso de professores repudia paralelismo,
defende unidade da categoria e encampa jL
Mais de 1 800 professores participaram do Congresso em Fortaleza
luta pela Assembléia Nacional Constituinte
gânica mais ágil e possibilitarão sua e com o caráter antidemocrático das
Alice Duarte e Amarílio Ferreira Jr. maior dinamização. No entanto, deve entidades, deixando-nos seduzir pelo
mos estar cientes de que não serão simplismo de criar novas entidades a
dades de base. E isto só ocorre atra apenas os compromissos específicos e cada instante. A resposta dos. profes
A Confederação dos Professores do gerais assumidos que darão à CPB o sores envolvidos com a luta dá cate
Brasil realizou, de 24 a 30 de janeiro, vés do fortalecimento e da organiza
ção das entidades locais. Entidades de caráter democrático tão debatido. Faz- goria à criação da Unale (União Na
v:ni Fortaleza, o seu XíV Congresso cional dos Trabalhadores em Educa
\acional. Reunidos sob o tema "Edu base voltadas para a grande massa da se necessária uma ampla mobilização
categoria, ouvindo e encaminhando e organização da categoria, a nível das ção) foi a sua participação ativa, tor
cação e Democracia", cerca de 1800 nando o Congresso da CPB democrá
professores, vindos de todos os Esta suas reivindicações, garantirão a es associações de base, para que sejam
sência democrática de sua representa encontradas formas concretas de levar tico, unitário e representativo.
do? da União, debateram seus proble
mas. seus direitos e suas reivindica ção nacional. a cabo campanhas como a sindicali-
Não resta dúvida de que as refor zaçãó de funcionários públicos, a luta Desta maneira, os professores re
ções. Além da participação de várias chaçam uma política divisionista que
personalidades do campo pedagógico, mas estatutárias ocorridas, quais se por reajustes semestrais, por mais ver
jam, o reconhecimento do Congresso bas para a educação e pela convoca abandona os espaços de luta conside
o Congresso contou com a participa
ção marcante e significativa da União como órgão máximo de deliberação e ção de uma Assembléia Nacional rados atrasados e que cria novas enti
Nacional dos Estudantes, na figura de o Conselho de Entidades composto Constituinte. dades que servem exclusivamente aos
seu presidente Aldo RebelJo. pelos representantes das diversas as Entre as lições que se pode tirar que defendem uma política de ten
Foi uma semana de debates, plená sociações estaduais filiadas à CPB, ga deste Congresso, fica a de que não va dência que procura substituir a massa
rias e palestras, onde a necessidade de rantirão à entidade uma estrutura or- mos nunca romper com o imobilismo pelas vanguardas.
se democratizar a sociedade brasilei
ra ücupuu posição óc dtócaque. h nit-
xistência de uma educação que cor A
responda aos reais interesses de nos A alegação de que a CPB é composta dc
so povo foi amplamente discutida e "É hora de unir entidades pelegas carece por inteiro de
fundamento. Veja-se a propósito que as
levou à constatação de que os proble 3 greves mais eficientes, mais represen
mas educacionais não serão resolvidos
isoladamente da resolução dos proble
e construir a tativas e mais organizadas da categoria
em 80 foram levadas a efeito por enti
dades ligadas à CPB: a CPERS (RS),
mas gerais do conjunto da sociedade,
pois a democratização da educação democracia" ALISC (SC) e APP (PR).
Se partirmos do pressuposto dc que a
passa necessariamente pela democra democratização da CPB passa necessaria
Lembrando que a CPB "passou pelos mente peto processo de democratização
tização da sociedade como um todo. mesmos percalços que atingiram a socie de suas entidades filiadas, qual seria o
Ponto constante nas discussões foi dade civil como um todo", o professor papel das eleições diretas no momento,
a importância da unidade de todos os Hermes Zanetti, presidente da Confedera em se considerando o caráter confedera-
:rabalhadores na luta comum pela de ção dos Professores Brasileiros, afirmou, tivo da CPB?
em entrevista concedida à Voz da Unida — A despeito das dificuldades de se
mocracia. Neste sentido, foram apro de por ocasião do XIV Congresso da en conciliar a forma confederativa com a via
vadas bandeiras de luta e campanhas tidade, realizado em Fortaleza, que "pas Professor Hermes Zanetti, 'direta, esta representa, hoje, a forma mais
unitárias que mobilizem e organizem sou o tempo da crítica vazia; a hora é presidente da CPB efetiva de estabelecer o compromisso di
os professores e que os unam a ou de adotarmos posições maduras de quem reto dos professores com a CPB, processo
sabe o que quer". Eis a íntegra da entre magistério brasileiro. Em 1981, a reali este que deve ser acompanhado de uma
tras categorias profissionais. A parti vista: • zação do presente Congresso representa maior dinamização das entidades dc ba
cipação da CPB na Unidade Sindical, Você poderia começar nos dando um o ponto alto deste processo: um Con se. A questão das eleições diretas não é
na I CONCX.AT e na lula pela convo balanço informativo sobre a CPB? gresso que tem como lema central "Edu o único ponto a ser ressaltado, visto que
cação de uma Assembléia Nacional — A Confederação dos Professores cação e Democracia", no momento his devemos nos preocupar com a globalidade
Brasileiros foi fundada cm 1954 e tinha tórico em que vive a sociedade brasileira, das questões, como por exemplo; a refor
Constituinte foi assumida como uraa como núcleo básico os professores do en deve ser um Congresso aberto, participa ma dos estatutos, visando adequá-los às
das formas concretas de viabilizar es sino primário. A CPB possui hoje 21 en tivo e corajoso. Passou o tempo da crí reais necessidades do momento; o entens
ta unidade. tidades filiadas, representando cerca de tica vazia, a hora é de adotarmos posi dimento e a aceitação do congresso co
A democracia foi também discutida duzentos mil professores. Até o momento ções maduras de quem sabe o que quer mo órgão soberano da entidade e. ainda,
estão excluídos de representação São e nge pesta direção. A hora é de unidade. a realização de campanhas nacionais que
no âmbito da própria CPB. Através Paulo. Pará e Mato Grosso do Sul. sendo tenham como preocupaçião unificar as
A democracia não é algo a ser esperado,
de documentos, pronunciamentos e que neste último já foram iniciadas ges a democracia se vive e se constrói e pa bandeiras de luta da categoria, ê dentro
debates em grupos, os professores ma tões no sentido de efetivar a filiação da ra tanto é necessário fundamentalmente deste contexto que se insere a questão das
nifestaram o anseio de possuir uma entidade local. vivê-la, ou seja, exercitá-la. eleições diretas.
Qual tem sido o caráter da CPB nestes Como vê a formação da nova entidade Por quais caminhos passa a democra
entidade nacional que proporcione a últimos anos e em que medida o atual nacional de"'professores, a União Nacional tização da educação brasileira, Icvando-se
maior participação da categoria nas Congresso representa um marco de vira- de Trabalhadores em Educação (Unate)? em conta o momento histórico presente?
tomadas de decisão da mesma. Cor gem em relação aos anteriores? — A formação da Unate não tem o me — Existe apenas um caminho; é ne
— A CPB passou," nestes últimtSs de nor sentido. É de se notar que no funda cessário que as normas e os princípios
respondendo a estas aspirações, fo que regem a educação brasileira sejam
ram aprovados pontos que se referem zessete anos, pelos mesmos percalços que mental o processo vivido atualmente pela
atingiram a sociedade civil como um todo. CPB representa nada mais nada menos pensados e elaborados pelos professores,
à reformulação dos estatutos e que Na medida em que esta sociedade se mo do que aquilo que a Unate sonha fazer. o que exige uma organização'democrática
estabelecem eleições diretas para a bilizou e se organizou na luta por seus Cabe ainda notar que o surgimento de da sociedade. Neste sentido, a CPB foi
direitos, os reflexos fizeram-se sentir tam uma entidade paralela, na medida em que convidada para integrar e liderar, junto
diretoria da CPB ainda este ano.
bém na CPB, sendo dc se notar que tais acentua a perspectiva divisionista, afeta com outras" entidades representativas da
Cabe aqui uma reflexão de extrema sociedade, como a OAB. n UNE e a ABI.
modificações intensificaram-se a partir de diretamente a questão da unidade, colo
importância. Devemos ter claro que 1978, ocasião cm que a CPB começa a cando-se assim cm aberta colaboração uma campanha nacional de lula pela con
democratizar uma entidade, no caso se posicionar de forma mais clara e efe com o inimigo comum, ou seja, o Estado vocação de uma Assembléia Nacional
tiva em torno das questões que afetam o autoritário e a sua política educacional. Constituinte.
a CPB, tem como pressuposto funda
mental a democratização de suas enti-

C EDUCAÇÃO >
Pe 06/02 a 12/02 de 1981 VS3L,

ESPANHA/EXCLUSIVO

O PSUC, o eurocomunísmo
e a crise do PCE
José Geraldo do Couto cias em que se desenrolou o Congresso; é a
menos confUtiva possível. Do comitê
Enviado espedal Executivo não fazem parte nem o setor
mais crítico nem os eurocomunistas puros.
o Partido Comunista da Espanha, fun O Comitê é bastante homogêneo, composto
dado em 1920, tem uma longa e respeitada apenas pelos eurocomunistas de esquerda,
tradição, forjada na luta contra o fascismo que são contrários à instrumentalização di
e pelo progresso social em seu pais. Hoje, reitista do eurocomunísmo levada a cabo
conquistada a legalidade após quase 40 anos por certos dirigentes do PCE.
de vida clandestina e a seis meses de seu Trata-se de uma alusão direta a Santiago
X Congresso (julho de 1981), o PCE en CarrUlo?
frenta uma das maiores crises da sua his — Bem, você sabe, a política de Carrillo
tória, que se reflete na evasão de militan tem sido muito deficiente, tanto no que diz
tes, na perda de influência no movimento respeito à organização interna do PCE,
sindical, na falência de seu joinal diário c como principalmente com relação aos pro
no próprio desgaste da imagem do partido blemas regionais da Espanha. Concreta-
diante da opinião pública espanhola. mente, no País Basco e na Galíçia, os co
Afinal, "que . pasa" com o PCE? munistas não têm quase nenhuma influên
As explicações para a crise são de vários cia. Basta lembrar que. das 60 cadeiras do
tipos. Existem as de fundo "ideológico", Parlamento Basco os comunistas possuem
que buscam numa pretensa inviabilidade apenas uma. Mas as nossas maiores diver
da -estratégia eurócomunista na Espanha a gências são em torno das questões interna
chave de todos os problemas. A solução cionais. Carrillo tem desenvolvido uma
estaria no enrijecimenio do espírito revo política internacional extremamente perso
lucionário e na rejeição dos acordos e ne nalista, ignorando a discussão interna no
gociações com os partidos à direita. Os Partido, como foi o caso de sua famosa
defensores desta análise consideram que viagem à China...
a atual direção do partido enveredou por E as atuais relações entre os dois parti
um "desvio parlamentarista", descuidando dos, como estão?
da mobilização de massas e da defesa dos — Existiram alguns atritos na época da
interesses específicos da classe operária. preparação do nosso Congresso. A direção
Lima explicação mais séria, e que tem do PCE achou que havia contradições entre
obtido destaque na imprensa espanhola, é nossos documentos pré-congressuais e a
a fromulada pelo deputado comunista Ra- orientação do PCE. Houve então uma reu
món Tamames, membro do CC em guerra nião entre os Comitês Executivos de ambos
com Santiago (íiarrillo e apontado como um os partidos e estabeleceu-se um acordo,
de seus possíveis sucessores, ao lado de com base na independência de no.sso parti
Nicolás Sarlorius (um "eurocomunista de do frente ao PCE. Cora os resultados do
esquerda"). Tamames tem protestado dia V Congresso, obviaqjgnte, as relações entre
riamente contra a estrutura de funciona os dois partidos p'^j^ram bastante.
mento do partido e principalmente de sua Na Catalunha, um partido marxista e nacionalista Como o PSUC se coloca diante do PCE?
direção, a seu ver excessivamente buro — Os estatutos dos dois partidos estabe
crática c ultrapassada (u atual CC tem 161 de^ nossa história recente. Em 1977 realiza às posições estreitas que tínhamos antes lecem os mesmos princípios, estratégia e
membros, o secretariado do CC tem 15 e mos o IV Congresso, onde traçamos a es do IV Congresso. métodos de trabalho. Tanto é assim que no
o Comitê Executivo 46). Propõe a substi tratégia do partido em bases do chamado E quais foram as principais questões de Parlamento Espanhol integramos o mesmo
tuição do cargo de Secretário-Geral por eurocomunísmo. A partir daí, o partido batidas no V Congresso? bloco parlamentar, ou seja, os partidos dei
uma Secretaria Colegiada e prega uma es entra numa dinâmica marcada por três ca — A discussão girou em torno de duas xam de existir independentemente enquanto
pécie de jubilamento dos velhos dirigentes, racterísticas básicas: 1. Éramos um partido tais, fundindo-se no Bloco Parlamentar Co
questões: a validade ou não do qualificati
como Carrillo e Dolores Ibarruri. que se recém-saído da clandestinidade, com qua munista. Temos oito dos 24 deputados co
vo "eurocomunista" para o nosso partido
riam deslocados para um "Comitê Central dros formados dentro de um partido clan munistas.
de Honra", de caráter puramente simbó e a questão da política internacional. A
destino. Nesta época entraram muitos mi batalha em torno do eurocomunísmo repre Isso explica o destaque que a grande im
lico. prensa tem dado ao FSUC e ao seu Con
Pelo menos em um aspecto a crítica de
lhares de péssoas no PSUC, qúe passou a sentava na verdade uma avaliação crítica
contar com cerca de 40 mil membros. 2. da política trilhada por nós nos últimos três gresso...
Tamames tem fundamento; é no que diz Nestes três anos, enfrentamos cinco elei
respeito ao crescente distanciamento da anos. — Na verdade, a imprensa burguesa re
direção do partido em relação às suas bases
ções parlamentares numa situação de cres E as questões internacionais, como foram conhece que o Congresso do PSUC foi o
cente crise econômica, o que nos impediu tratadas? acontecimento mais importante de toda a
e à sua periferia, inclusive no tocante aos
partidos comunistas regionais que dão
de consolidar internamente o partido e — Trata-se de uma questão tão delicada Espanha no mês de janeiro. Mas o interes
apoio e sustentação ao PCE nas distintas
educar ideologicamente os novos quadros. e pouco discutida em nosso partido que o se da imprensa corresponde concretamente
nações e províncias que compõem a Es
A crise econômica e a ausência de perspec próprio documento preparado pelo Comitê a duas ordens de fatores. Existe uma razão
tivas a curto prazo produziram o fenômeno Central apresentava certa ambigüidade, de ordem geral, que se refere à ofensiva da
panha. As relações com o principal destes que aqui chamamos de desencanto, que nos
partidos, o Partido Socialista Unificado da com o objetivo de não ferir nenhuma das direita contra as forças progressistas e de
levou à perda de uns vinte mil militantes, facções existentes no partido. Acontece que esquerda como um todo. No caso concreto
Catalunha (PSUC). agravaram-sc sensivel entre o IV e o V Congressos. Os que saí
mente após o V Congresso deste, realizado essa ambigüidade se acentuou nas resolu do PSUC existe um outro fator: a direita
em janeiro.
ram foram sobretudo os novos militantes, ções do Congresso e deu origem a um se aproveitou dos conflitos ocorridos no V
O V Congresso do PSUC pode ser con
aqueles que ingressaram no PSUC no pe documento totalmente contraditório, onde Congresso e principalmente de seus resul
ríodo da legalidade. 3. A crise econômica a nossa posição independente e crítica dian tados para "demonstrar" que não há uma
siderado o mais importante acontecimento teve como efeito a "direitização" de setores
político da Espanha neste início de ano, te da política externa dos países socialistas terceira^ via entre a social-democracia e a
tanto pelas mudanças verificadas na orien da classe operária, assustados com a pos ficou completamente diluída e descaracte via soviética. Tudo isso porque a linha que
tação deste partido como pela sua in sibilidade de perder seus postos de traba rizada. vinha sendo seguida por nosso partido re
fluência.
lho e as conquistas sociais já alcançadas. Será convocado um congresso extraor presentava a prática do eurocomunísmo na
No sentido de esclarecer os brasileiros Como se desenrolou a preparação do dinário? Catalunha.
sobre as conseqüências do V Congresso do Congresso? — Na reunião do CC que discutiu tal
FSUC e üe fornecer subsídios para uma —.Em primeiro lugar, houve uma parti questão, manifestaram-se três posições dis a posição do PSUC como partido na
meUior compreensão do atual quadro polí cipação muito pequena dos militantes nas tintas. 1. Aqueles que foram os principais cionalista catalão, como é que fica?
tico espanhol — muito marcado, na pre discussões pré-congressuais. Acho que ape derrotados do V Congresso (os "bandera — Na minha opinião, o V Clongresso
sente semana, pela crise do governo Suárez nas uns 15% participaram. Com isso, o blanca" ou eurocomunistas "puros") acha representou um passo atrás no grande pa
— e particularmente da posição do PCE setor que mais se destacou, foi o dos mais vam que se devia convocar um congresso pel histórico do PSUC, que é fazer com
entrevistamos para Voz da Unidade, em' ativistas, da antiga formação (dos tempos extraordinário imediatamente. 2. Aqueles que o nacionalismo, que era uma bandeira
Barcelona, o antigo responsável (até jatiei- da clandestinidade). que foram cs principais favorecidos com o da burguesia, seja um elemento de progres
ro) Coinissao de .Relações Internacio Esses acontecimentos tiveram influência Congresso (os setores mais "críticos", ditos so e transformação social, tornando-o um
nais do PSUC e atual membro dos Comitês decisiva nos resultados do Congresso? "pró-soviéticos") não viam motivo algum patrimônio da classe operária. O naciona
Centrais do PSUC c do PCE. Vicens Li- — Bem, tudo isso levou à polarização dos para tal convocação. 3. Por último, a po lismo é também um elemento de união
gucrre. que falou também sobre as relações congressistas cm torno dc duas grandes po- sição que acabou vencendo acha que o im entre a classe operária e os setores intelec
entre estes dois partidos marxistas. SÍÇÕC.S: uma que pode ser chamada de portante é abrir o debate ao conjunto do tuais e artísticos da Catalunha. Foi muito
Como o senhor vê os resultados do re- eurocomunista e a outra representada pelos partido. Se o coletivo achar que o melhor dura a luta para conquistar esses setores
cente congresso dos comunistas catalães? setores mais críticos, que defendem a idéia é convocar ura novo congresso, então ele para o lado do progresso, e agora, com as
— Para entender o último congresso é dc um partido de vanguarda. Esta última será convocado. çosições obreiristas e isolaclonistas adota
necessário fazer uma breve retrospectiva tendência, que foi a grande vencedora do E o que pensa o senhor da nova direção? das,^ corremos o risco dc perdê-los para a
Congresso, deseja, na verdade, um retorno — Era a única possível nas circunstân- direita. Como antigamente.

-( internacional y y
De 06/02 a 12/02 de 1981

CORRIDA ARMAMENTISTA

O guerreiro Pão e circo?


Não. Apenas
Reagan solicita armas para o
terceiro mundo
mais armas Valéria Ghioldi

E esquece que,eni 80,os EUA e a OTAN ficaram Há uma violênpia que a gente conhece
de perto, está na mão inchada do rapaz
que se atracou na véspera com um assaltan
com metade das despesas militares do mundo te. no olhar estarrecido da mulher que
acabou de ser roubada em plena manhã,
EUA começaram a dotar seus mísseis na voz pastosa do jornaleiro que toma tran
Reagan, Haig e o Pentágono falam qüilizantes porque já foi visitado três vezes
em guerra. A União Soviética fala em balísticos intercontinentais com ogi pelos trombadinhas, naquela mesma sema
paz, apela para a paz, propõe a paz. vas múltiplas. Só em 1975 a URSS na. Essa violência familiar, do nosso coti
O pronunciamento do secretário de desenvolveu sistemas análogos. E mais diano, aparece maquilada na televisão,
colore de vermelho os títulos dos jornais,
Estado, general Haig, e a entrevista ainda: a bomba de nêutron, os mísseis
eletríza as transmissões de rádio. £ a vio
coletiva do novo presidente dos Esta "Cruise", os aviões "não detectáveis" lência urbana, a miséria de algumas grandes
dos Unidos são de tal forma o coroa- e os projéteis "inteligentes" são sinis tares dos membros permanentes do cidades como Rio de Janeiro. São Paulo
mento ./ja política de agressão desen tras invenções norte-americanas e não Conselho de Segurança da ONU e ou Nova York, para citar apenas três
volvida pelos círculos guerreiros dos soviéticas. utilizar essa fabulosa verba economi exemplos famosos.
Estados Unidos que chegaram a es Numa questão, e das mais impor zada aos países pobres. O ocidente Na metrópole norte-americana, cerca de
150 mil crimes foram cometidos cm 1980
tarrecer a opinião pública mundial. tantes, a URSS leva a primazia, foi disse não. — segundo o escritor Paulo Francis, cor
Para justificar o aumento das des sernpre a primeira, antecipando-se "aos Recentemente, perante a XXXV respondente da Folha nos Estados Unidos.
Estados Unidos: nas iniciativas para sessão dá Assembléia'Geral da ONU No país inteiro. 20 mil pessoas são assas
pesas militares, Reagan e Haig apon sinadas anualmente. "Muita gente atribui
tam a URSS como culpada, contrari manter a paz. para reduzir os arma o ministro dos Negócios Estrangeiros
esse número," diz Francis, "à facilidade
ando desta forma os fatos e a verdade,
mentos e para a solução pacífica dos da URSS, A. Gromiko, apresentou o com que se compram armas de fogo nos
'á não há mais o mais leve sinal de
problemas internacionais. E isto vem memorando "Pela paz, o desenvolvi EUA, na maioria dos Estados em armazéns
acontecendo desde o seu nascimento. mento e as garantias de segurança in comuns, bastando que o comprador exiba
cerimônia nos pronunciamentos de carteira de chofer." Como metade dos as
Washin|iton. Desde os primeiros dias de sua exis ternacional", voltando a insistir na
sassinatos é cometida com armas dc mão.
tência ela defendeu a transferência de necessidade de negociações pacíficas crescem as pressões em favor de uma lei
COMPARAÇÕES NECESSÁRIAS verbas do setor militar para o civil. como solução da grave tensão interna que cuntrole de maneira mais rígurusa u
Na Conferência de Genebra de 1922, cional que ameaça arrastar o mundo a uso de armas de fogo pelos americanos. E
que foi o primeiro encontro interna uma nova guerra. A resposta veio de por que não surge essa lei?
Ateme-se para os fatos simples. Entre os diversos grupos de pressão
Eles dizem, de forma gritante, que em cional de que participaram, ós sovié Reagan: é preciso, defendeu ele. au atuantes nos Estados Unidos, a Associação
1980 os Estados Unidos e os países ticos apresentaram proposta para re mentar o arsenal nuclear, criar novas Nacional dò Rifle c dos mais ousados. Essa
duzir õs armamentos e os exércitos em bases militares no mundo, especial organização mantém uma equipe de 300
da OTAN acumularam quase metade representantes, apoiados numa verba anual
das despesas militares do mundo, re todo o mundo. Os países capitalistas mente na América do Sul e Central, de 20 milhões de dólares, com a missão de
presentando o dobro das que empre responderam não. fazer crescer ainda mais o potencial agir junto ao Congresso, precisamente para
garam a URSS e os países do Pacto de No pós-guerra a União Soviética mortífero dos Estados Unidos, à custa evitar leis deste tipo. Fez doações de mais
Varsóvia. Bastaria isso para provar tomou uma dezena de iniciativas des de novos sacrifícios do povo norte- dc 1 bilhão de dólares para campanhas
eleitorais recentes — e o atual presidente
que a responsabilidade pela nova tinadas a aliviar a tensão internacio americano e de maior exploração dos Ronald Reagan foi um dos beneficiados. A
corrida armamentista é de Washing nal, que Reagan e Haig estão tentando países em desenvolvimento. Associação — acrescenta Francis — é liga
ton. obrigando Moscou a dar seus agravar. Em 1974, por exemplo, a A lógica dos fatos, como se vê, fala da ã indústria de armas. E aqui passamos
diplomacia soviética propôs reduzir mais alto. £ ela que os povos enten a uma outra violência, que a gente conhece
passos como resposta, ditados apenas menos, embora seja ainda mais destrutiva
pelos interesses de sua segurança. em 10 por cento os orçamentos mili- dem. (N.G.) do que a primeira.
Recordemos. Em 1945 os Estados
1980: UM ANO EXCELENTE PARA O
Unidos foram o primeiro país do mun MERCADO DE ARMAS.
do a empregar a bomba atômica. Qua
tro anos depois a URSS acabou com
o monopólio nuclear norte-americano. A corrida aos armamentos, A revista "Business Week" revelou re
centemente que 1980 foi "o ano das armas".
As vendas de armamentos bateram um re
Em 1952 os Estados Unidos foram os corde, ao atingir a cifra inacreditável de 25
primeiros a realizar uma explosão
termonuclear experimental. Somente
a fome e o desemprego bilhões de dólares. Se os números incluírem
o comércio com peças de reposição, traba
um ano depois é que a URSS fez sua lhos de manutenção c treinamento de pes
Em 1980 as despesas militares ultra- ao contrário do que se tenta "provar", soal, o novo recorde será de 75 bilhões dc
experiência. Em outubro de 1957 a passaraiU, no mundo, os 500 bilhões de dólares. Esse comércio abjeto, pré-histórico,
em nada ajuda na criação de novos em
URSS foi a primeira a lançar um sa dólares. Para este ano, sem considerar o pregos. São muitos os exemplos que con contamina quase todo o aparelho circula
télite artifical em torno da Terra. Mas que possa ocorrer por ordem de Reagan, trariam esta tese tão preciosa dos arma- tório do mundo, injetando em suas veias
não se tratava de uma nova arma in esta §oma será acrescida de mais 100 bi mentistas e dos banqueiros dc Washing
lhões de dólares. Serão, pois. no mínimo, ton. Citemos apenas um deles. e artérias uma quantidade incalculável de
tercontinental e sim de uma ação de 600 bilhões a serem empregados nas rifles, bazucas, morteiros, tanques, aviões
Os últimos 4 anos (período de CartCr)
fensiva contra o anel de bases aéreas despesas militares. são ilustrativos. Em 1977 o orçamento do e mísseis. E ele vem crescendo a uma mé
instaladas pelos EUA em torno da Pentágono era de 100 bilhões. Neste ano dia de 5 bilhões de dólares por ano. Quem
Que é que se poderia fazer com tama de 1981, segundo verba já aprovada, será paga a conta? Os povos desarmados e pa
URSS, o que lhe dava a possibilidade nha quantidado de dinheiro? Não fale cíficos dos cinco continentes.
de transportar armas nucleares para de 160 bilhões. Pois de lá para cá, isto é,
mos da soma toda. Basta dizer que com
nestes últimos quatro anos, o desemprego
Na conquista de novos canais para a
o território soviético. A URSS não apenas 10 por cento daquelas despesas, nos Estados Unidos aumentou de 7 para
circulação de suas armas, os grandes expor
tem bases semelhantes ou qualquer segundo revelaram recentes estudos reali 8 milhões de pessoas. E há estudos reve tadores conseguiram avanços significativos,
zados por peritos da ONU, daria para se nos últimos doze meses. Quem são os no
base militar fora de suas fronteiras. acabar com a fome, o analfabetismo e
lando que ao contrário, a transferência de vos clientes? Basicamente, países do Ter
com as doenças mais devastadoras. Isso verbas militares para a área civil, fariam ceiro Mundo. Assim, a guerra entre Irã e
no mundo inteiro. Ora, sabemos que de aumentar o número de empregos. O sena Iraque, por exemplo, tem sido um "exce
AS NOVAS ARMAS MORTÍFERAS: dor Edward Kenncdy, durante sua cam-
30 a 40 milhões de pessoas morrem de lente negócio" para os grandes fornecedo
INVENÇÃO EUA fome anualmente no mundo, que há 800 penha nas preliminares do Partido Repu res. E o conflito mais recente entre Peru
milhões de analfabetos e que 1 bilhão e blicano, polemizando com Reagan, che e Equador é outro exemplo da avidez deste
Em 1960 foi lançado o primeiro 500 milhões não recebem qualquer tipo gou a dizer que se o orçamento do Pen mercado que se amplia. É evidente que os
submarino atômico, norte-americano, de assistência médica. tágono de 1980 fosse utilizado para fms Estados Unidos — os maiores exportado
pacíficos como a construção res — continuam vendendo muitas armas
armado de mísseis balísticos. A URSS Convém assinalar ainda que aquela exemplo, o desemprego no país baixaria para seus aliados da OTAN. Mas Asia,
começou a construir submarinos atô astronômica despesa em gastos militares. era I milhão e 500 mil pessoas. África e América Latina estão aí mesmo,
micos quatro anos depois. Em 1970 os para quem quiser.

■(^ internacional y
De 06/02 a 12/02 de 1981
15

Hoje, há no ar apenas novelinhas alienantes e açucaradas,e


e profunda a crise de esgotamento do gênero. Com «Rosa I
Baiana», Lauro César Muniz pretende quebrar o predomínio
do eixo Rio/SP e propor novas soluções temáticas

't-mã
A telenovela em f' 9s

busca da renovação
Lauro César Muniz, paulista de Ribeirão Preto, 43 anos. Desde
1966, ele é um dos mais ativos autores da televisão brasileira,
responsável por algumas das mais significativas telenovelas dos anos Lauro
70. Após a estréia na antiga Excelsior. com "Ninguém crê em mim", e César M uniz;"A
da adaptação de "As pupilas do sr. Reitor" para a Record, Lauro Tv ainda é a vitrina
trabalhou durante cinco anos na Globo. Realizou "Carinhoso" (1973),
"Escalada" (1975), "Casarão" (1976), "Espelho Mágico" (1977) e do sistema e tem limites
"Os Gigantes"(1979).
Após um complicado rompimento com a Globo, Lauro foi contratado Uma temática explosiva, não é? írando os "dois làdos" do problema,
pela Bandeirantes, onde, desde agosto de 80, realiza pesquisas e redige Você imagina que poderá ter proble etc. Fiquei submetido a três tipos de
"Rosa Baiana", com estréia nacional marcada para 9 de fevereiro, mas para desenvolvê-la, como aconte censura: a federal, a da Globo e a dos
direção de David José, supervisão de Walter Avancini (que também ceu, por exemplo, com "Os gigantes" anunciantes. Cheguei mesmo a rece
idealizou a temática) e elenco integrado, entre outros, por Gianfrancesco em 1979 na Globo? ber ordens diretas da Globo para fa
Guarnieri, Ana Maria Magalhães, Nancy Vanderley e Wanda Stefânia. — Ao contrário da Globo, a Ban zer a defesa das multinacionais, com
Lauro César Muniz esteve sempre ligado ao teatro, tendo sido deirantes não tem nenhum departa o que obviamente não concordei. Ape
lançado profissionalmente por Cacilda Becker, em 1963, com O Santo mento de censura interna e não me sar disto, terminei a novela, com a
Milagroso (cuja remoníagem estréia dia 25 de fevereiro no Teatro impõe nada. Até agora, estou produ exceção do último capítulo, que foi
Popular do Sesi, em São Paulo). E pretende, no segundo semestre deste zindo com plena liberdade de ação e vetado-pela censura federal e reescrito
ano. lançar uma peça inédita, O Kncontro. Nesta entrevista à Voz da ciiação, sciii nenhum código de con pelu eiiússurci, que (raribfiguruu a
Unidade, Lauro fala de suas experiências na televisão e de "Rosa Baiana", duta ou palavras vetadas. história e deformou o seu final. Foi
revelando toda sua profunda sensibilidade e inteligência diante do Na Globo, em 1979, o que houve uma péssima experiência.
fenômeno da telenovela e dos problemas da criação no Brasil. foi um rompimento provocado por Apesar disto, você permanece na
(Marco Aurélio Nogueira) contradições que se agudizaram com televisão. Como vê o papel do intelec
a "abertura". A censura ficou mais tual nela e a própria função da televi
branda e a Globo passou a substituí-la, são no país?
A estréia de "Rosa Baiana" está de telenovela. O gênero ficou insípi- deslocando-se para a direita. Ou seja, — Diante da profunda crise do tea
cercada de muita expectativa e de do, esgotou-se. a censura interna passou a ser maior tro e das dificuldades do cinema, a
imensa promoção. Fala-se que se tra Pois bem: diante deste quadro, do que a externa. E o problema sur TV é hoje um excelente campo para a
ta de uma verdadeira renovação na "Rosa Baiana" procura deslocar o giu porque "Os Gigantes" tratava das criação e um muito fértil mercado de
telenovela brasileira. Como é isso? ambiente e os personagens do eixo multinacionais do leite e os anuncian trabalho. Apesar de todos os seus li
— Na verdade, creio ser possível Rio/São Paulo, das mansões do Mo- tes começaram a pressionar, secunda mites, ela não impede que o intelec
afirmar que a novela surge como car rumbi e das praias de Ipanema, para
ro-chefe de uma nova TV Bandeiran dos pela emissora, para que eu tratas tual desenvolva uma atividade positi
o interior. Pretende, com isto, que se o tema com maior brandura, mos- va em seu interior. O importante é
tes. E será lançada num momento brar a ditadura ideológica deste eixo
importantíssimo, em que esta emisso não se ter ilusões, não esquecer que
sobre o restante do país. Embora es a TV é a vitrina do sistema.
ra se propõe a restruturação e em que crita e idealizada em São Paulo, ela
a telenovela brasileira está em crise. O intelectual deve buscar conquis
será gravada inteiramente fora dos tar e ampliar seu espaço na TV, im
Ou seja. num momento em que a Ban estúdios, com locações em Salvador,
deirantes pretende decolar e a Globo pedindo que ela seja ocupada pelos
Aracaju e Manaus. Creio que é a pri
mostra claramente sua profunda crise prepostos do sistema. Hoje, no Brasil,
meira experiência nesta direção.
de criatividade. temos que formar núcleos de resistên
E o que é "Rosa Baiana"?
£ em que medida "Rosa Baiana" cia democrática e cultural no interior
— Ela conta a história de uma fa
contribui para superar esta crise? das emissoras, levando em conta que
mília — Rosa, casada com Edmundo
— A telenovela, no Brasil, teve sua Lua Nova, cangaceiro de Lampião nos precisamos aumentar a produção para
fase áurea entre 1973 e 1978, quando não sermos engolidos pelo sistema,
anos 30, e seus sete filhos — que, com com sua incrível capacidade de absor
se inicia uma crescente decadência o fim do cangaço, ajeita a vida em São ver o que o contesta. Aumentando a
do gênero. Hoje, o vídeo mostra ape Francisco do Conde, no interior da
nas novelinhas alienantes, moralizan- produção, criamos as condições para
Bahia. Tendo como eixo a anacrônica fazer a TV dar um salto de qualidade,
tes e muito comprometidas com os va e conservadora moral de Rosa (forma
lores do capitalismo. Antes, desafiáva colocar todo o seu potencial a serviço
da no mundo do sertão e do cangaço), da cultura.
mos a opinião pública, colocávamos a novela acompanha a trajetória de
problemas e questionávamos. Hoje as A Bandeirantes demonstra hoje es-^
seus sete filhos, todos trabalhadores tar saindo para travar uma séria dis
novelas estão a reboque da opinião do mundo do petróleo. puta de público e espaço com o Glo
publica, são mero eco dela. E o inte Vamos tentar, com isto, traçar um Após rica carreira
ressante é que esta redefinição coin bo. Como você vê isto?
painel da vida do homem que traba no rádio e no feafro — A longo prazo, a Bandeirantes
cide com o avanço da democratização lha no petróleo e, desta forma, discu
no pais. Quanto mais a "abertura" dos anos 40 e 50# poderá estabelecer um melhor equilí
tir — com muito humor e descontra- brio entre as emissoras, renovando-se
avançou, mais as emissoras se fecha interrompida em 64,
ção — a crise energética, a substitui e rompendo com o "padrão Globo de
ram. E claro que me refiro basicamen
te a Globo, já que a ex^riência das ção do petróleo pelo álcool, os víncu Nancy Wanderley qualidade", com a ditadura global do
los do Brasil com os países árabes e gosto. Mas, para tanto, terá que usar
demais emissoras neste terreno é re
com as multinacionais petrolíferas, os
chega à Tv para viver
cente demais para qualquer generali contratos de risco e, é claro, a impor o personagem-título outras armas, superar o esquema "téc
zação. Vai daí que. durante 79 e 80 nica perfeita/assepsia". CasoMslo se'
nada de marcante apareceu em termos tância da Peirobrás, como empresa es de "fíosa Baiana" confirme, a'cultura brasileira sairá
tatal e nacional. ganhando.

c CULTÜRÀ
>
De 06/02 a 12/02 de 1981
16

Ademar Pereira de Souza, admi


nistrador da Federação Paulis
to grandes e eles então vão é pro
curar comida", e encerra a frase com
um lacônico "infelizmente nem to
ta de Pugilismo, nasceu em dos são iguais na nossa sociedade .
1912 c vive no boxe desde Para ilustrar ainda mais sua defini
1926. Desde quando as noitadas pu- ção, Ademar aponta o desejo- de al
gilíslieas desenvolviam-se em cine cançar o sucesso como o ápice nas
mas, teatros e frontões — campos ambições de um pugilista, mas esse
onde se jogava a "pelota basca", es sucesso só é encontrável acompanha
porte extinto por Getúlio Vargas — do de mais cinco "s" precedentes:
quando exibiam suas pegadas Atílio Saúde, Saco,. Senso, Soco e Sorte.
Bianchi e ítalo Hugo Merino, que Waldemar da Silva, o Silva, como
segundo Ademar foi o maior boxeador é carinhosamente chamado, é outro
do Brasil — "o menino de ouro". abnegado do boxe, tanto que trabalha
Foi em meio a essas atrações que diletantemente em todas as noitadas
nasceu a irresistível paixão de Ade de boxe, ora como porteiro, ora como
mar pelo boxe: um idílio que atraves assessor de amadores nos vestiários.
sou o tempo, e o tempo, para ele, Todas as pessoas que hoje formam o
provoca irreversíveis mudanças na o minguado mas vibrante mundo do
ordem das coisas. Se naquela época pugilismo taxam-no invariavelmente
havia um grande e aficcionado pú de "Silva, o gente fina". Ele é um
blico a acompanhar os embates da caso típico dos "cinco s" de Ademar
queles ídolos carismáticos, o mo e, nostálgico, observa que saúde nun
mento atual não comporta mais pú ca lhe foi problema, como também o
blico nem ídolos, e a ausência des saco, o senso e principalmente o so
sas estrelas é a principal razão do co, mas a sorte... Aos 22 anos teve
abandono do público, no que con a sorte de casar mas em contraparti
corda Ricardo Zumbano. Integrante da a esposa lhe propiciou o azar de
cia estirpe dos Zumbano. que forne abandonar o boxe sob seus constan
ceu o país grandes lutadores como tes apelos. Mas sorte também é o que
o próprio Ricardo, ele assevera que falta aos muitos jovens que procuram
a "formação de campeões implica as academias com muita vontade de
ncccssariamenle em toda uma estru se tornarem lutadores e não encon
tura de formação — inclusive na tram incentivo. Silva argumenta que
alimentação ^— do jovem com po uma das razões dessa falta de ânimo
tencial, mas esta estrutura continua .cabe às empresas "que estão em dé
inexistente no panorama social". bito como o boxe especialmente por
Ricardo é o mais novo de seus que — como exemplifica —, "um
irmãos, todos lutadores — Gino, Wal- Conversando com velhos e novos lutadores de rapaz que trabalha dez horas por dia
demar. Antônio, Erasmo e Ralph, que não tem condições de treinar mais
se tornaram ao longo da história do boxe, Voz procurou saber o porquê da quatro".
boxe r.ü mais sólido alicerce susten- De qualquer maneira, o boxe con
lativo da nobre arte. Segundo ele ausência dos «meninos de ouro» nesse esporte tinua incompreendido pela socieda
"hoje alguns jovens de classe mais de, discriminado pela grande im
abastada ainda procuram d boxe, po prensa, condenado por associações
rém com a intenção de simplesmente de médicos, o que provoca a revolta
satisfazer seu cgo, sem a mínima afei em homens como Ralph Zumbano,
ção pelo esporte em si".
Continuando no garimpo das ra
BOXE: grande técnico e formador de valo
res. Ele define seu trabalho e o pró
prio boxe num dos diversos cartazes
zões do desaparecimento de novos
espalhados em sua Academia: "Nos
ídolos e por extensão do público,
Ademar, da Federação, é mais enfá
tico; "o boxe é praticado basicamente
pela classe operária, mas sem possi
bilidades o sujeito não evoluí. As
esporte nobre? so boxe é fascinante exatamente pelas
dificuldades que encontramos em
praticá-lo. Não ganhamos mais do
que belas medalhas, porém, nossa
amizade com nossos adversários é
pessoas humildes não continuam no Nilton Horita e Marco Damiani uma coisa invejável, VALE OURO".
esporte porque as barreiras são mui-

«Seu» Ralph Tabordinha


"O boxe vive atualmente o problema do A história da vida de foão Marques
momento — falta dinheiro, comida, em Soares Farias — um lutador de 18 anos, o
prego e facilidades para estudar. Isso "Tabordinha", que fará sua primeira lula
aliado à falta de incentivo dos clubes no próximo sábado no campeonato pro
resulta em noitadas sem público, acade movido pelo jornal "A Gazeta Esportiva"
mias semívazias e na falta de ídolos." A — é dividida pelo boxe e seu encontro
declaração é do técnico da Academia de com Ralph Zumbano. Aqui ele dá seu de
Box do BCN, Ralph Zumbano, membro poimento, mostrando na prática o papel
da família de pugilistas mais tradicional social desempehhado pelo pugilismo:
do Brasil e que dedicou sua vida a esse "Lá onde eu moro, na Vila Brasil,
esporte. quem não trabalha entra, certamente, em
Sendo ao mesmo tempo treinador e
contato com os marginais que moram no
bairro. Não demorou muito para eu me
"pai" dos "meninos da Academia", Ralph
disse que a maioria de seus atletas "come
aproximar desse pessoal da pesada e co
social aprimorada. "Muitos garotos che meçar a fazer assaltos no centro da quem eu era e me deixou treinar.
de dia para não comer à noite". Afinal, Com ele e ^sa rapaziada ouvi muitos
o boxe é praticado basicamente por ope gam aqui sozinhos, maltrapilhos, vindos cidade. Mas um dia eu dancei e íiquej
de "ninguém sabe onde". Então, além de 10 meses na FEBEM. Lá a molecada vive conselhos e fiz vários amigos, mas num
rários, que nem mesmo têm o dinheiro esquema diferente lá do bairro. Aqui
para a condução entre o serviço e nossa ensinar a técnica do boxe, procuro mos tirando um barato da cara de todo mundo
trar a importância de ter uma profissão, e saia briga toda hora. Quem vinha pra todo mundo anda na linha, gente fina
escola. Há casos de lutadores que andam mesmo. O seu Ralph me arrumou empre
cerca de dez quilômetros a pé por pura estudo, amigos, para que eles saiam daqui cima de mim sempre se dava mal. Depois
preparados tanto física quanto moralmen um amigo me convidou para treinar aqui go no BCN e já estou me ajeitando. Esse
falta de condições de pagar ônibus". sábado estréio em campeonato, e já fiz
te. Isso serve para mostrar aos mais céti- no BCN, dizendo que o se» Ralph podia cinco lutas e quebrei a cara deles todos.
Mas apesar dessas dificuldades, Ralph COS a nobreza do boxe, pois o clima de me dar uma força e coisa e tal. Eu con
Zumbano mantém uma das melhores companheirismo criado em torno dele é tinuava desempregado e pensei que até Eu tô achando até que vai dar pra tirar
equipes de boxeadores do Brasil e ainda algo que muitos nunca sonharam compar seria bom vir aprender a dar uns socos esse campeonato. E se eu ganhar... já
encontra tempo para dar-lhes consciência tilhar". mais fortes. Aqui, seu Ralph quis saber viu, né?"

V C ESPORTES
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fití
%
da unidade DIRETOR RESPONSÁVEL: Henrique Cordeiro

SÃO PAULO, DE 13 a 19 DE FEVEREIRO DE 1981 - ANO II - N » 45 - Ci$ 30,00

Solidariedade total aos lideres


do ABC poderá
derrotar a Lei de
Segurança Nacional
Apesar do anunciado adiamento do
julgamento dos sindicalistas, as
forças políticas devem manter a
mobilização e fazer deste processo
um marco na luta pela democracia

iS.

Inês relata torturas e


sofrimentos. O ministro
Ação golpista quer fala em revanchismo e
impedir o avanço pede anistia recíproca
das lutas da mulher
Num belo, corajoso e minucioso
A total incompreensão do caráter depoimento, a ex-prisioneira política
democrático do movimento de Inês Etienne Romeu devassou os velhos
mulheres pode levar ao fracasso porões dos anos negros da ditadura
o esforço unitário e fraterno e revitalizou a consciência nacional,
para a realização do III fazendo avançar a luta contra o uso
Congresso da Mulher Paulista do terror como arma política
pág. 7
No Editorial

'•se, i
De 13/02 a 19/02 de 1981

ditadura do proletariado? I evidente se "Roberto Rodrigues" processo ainda não sc concluiu. O c cabeça (CUT) c liberdade para
CARTAS "Sem dúvida que a democracia tivesse assinado a carta com seu inimigo de ciasse sc alegra muito as correntes políticas que
proletária é o inverso da verdadeiro nome. quando constata a sobrevivência representam os interesses da
democracia .burguesa, no sentido "Os argumentos dc das deformações stalinistas entre classe operária.
O "relativismo de que, enquanto esta significa "Rodrigues" em defesa da nós, porque isso lhe dá certas Realizar "o compromisso
extremado" de liberdade para uma minoria, "interdição de leitura" nos vantagens na luta, ajuda-o a nos histórico" hoje, que
aquela abrange os milhões parecem fracos. A discussão isolar. A superação do inevitavelmente envolverá uma
Jean Kanapa e milhões de pessoas. Desprezando sobre as circunstâncias em que - stalinismo é, portanto, para os
pausa nas lutas sindicais, é
essa conotação de çlasse da o folheto de Kanapa foi editado comunistas, uma questão crucial. se render às dificuldades de
"A Editora Juruá desistiu democracia, o conferencista, cm São Paulo não pode ser Esquivar-se a enfrentá-la é, a meu organizar a classe operária na
da publicuviio conferência caindo no "democratismo", invocada contra a estranheza que ver, uma forma de oportunismo. luta democrática c deixar dc
do francês |ean Kanapa. sugere que os países socialistas nós, cariocas, manifestamos "Por iSso mesmo, estranho a tese representá-la. É abandonar a
devam admitir a veiculação de diante do fato de, achando-se o conclusiva de "Rodrigues", dc que luta pela Constituinte no melo
Nela procura o autor repelir a
apreciação menanicista dos idéias "mesmo opostas ao livro pronto, ser-lhe imposta — "é preciso refutar energicamente as do jogo, acreditando que
fenômenos, mas incorre num socialismo". E, omite que a com evidente prejuízo econômico acusações dc stalinismo". Sc a burguesia nacional
rclulivismo e.Mremado como propaganda anti-socialista por — a "paralisação da distribuição c "Rodrigues" sc pretende insuspeito sem um movimento sindical
veremos adiante. vezes é seguida de tentativa vendas". Não seria mais (ou acima dc qualquer,suspeita?), unitário e representativo,
"Apreciando as 1ci.s de subversão armada (em inteligente uma solução por que cie não dá a sua tornará esta conquista
gcru!-.- do socialismo científico, geral estimulada e financiada democrática; a publicação dc contribuição ativa para nós "irresistível"."
pelo imperialismo) para barrar outros folhetos, dc outros acertarmos nossas contas com a
i-firma que "quanto mais a Davi Rumei
experiência se enriquece, a construção da nova autores, divulgando outras herança stalinísia? Por que cie
sociedade, como bem ilustram os posições, ao lado das posições não explica o que c, para cie, o 'São Paulo — SP.
mais o conteúdo destas leis
casos da Checoslaváquia e defendidas por Kanapa? stalinismo?
SC rciiiux cada vez mais,
novas Íris ajuntam-se às Afeganistão. Quando "A afirmação de que a Leandro Kondcr
ániigas ou as substituem" (grifo expoentes do capital e da orientação política do livro de Rio — R[.
mcul. Só que esse "relativiza" reação internacional defendem Kanapa "é contrária às posições
não cai ao ponto que
Kanapa pensa.
ardorosamente o direito de
greve na Polônia, dedicando a
ínternacionalislas dc defesa da
URSS c do bloco socialista" O compromisso %woZ
^vdaunkl
da unidade
"O capitalismo, por isso os melhores horários e encerra uma avaliação polêmica,
exemplo, não se reproduz amplo espaço nos meios discutível. O maior partido histórico com DIRETOR RESPONSÁVEL:
uMiiamente iguai ao longo do de comunicação do "mundo comunista do Ocidente (o PC
icinpo e nos diversos países. ocidental", será que dá para italiano), por exemplo, não
os liberais Henrique Cordeiro
desconfiar?
Rcg. Prof, n.' 8.953-R)
Entretanto, jamais poderá perder concorda com essa avaliação CONSELHO DE DIREÇÃO:
sua natureza intrinsecamente "Prosseguindo, chega ao peremptoriamcntc formulada por "O sociólogo Luiz Werneck
terreno da calúnia ao afirmar Vianna, o qual muito respeitamos, Lindolfo Silva
má. -eu caráter explorador, nem "Rodrigues". Devemos nós, Teodoro Mello
pode renunciar ac uso dn que o PCUS e outros partidos brasileiros, admitir que o PCI é escreve na seção dc política do
número 40, sobre um compromisso EDITOR:
vicléneia do Estado para substituem "correnierrjente o Ínternacíonalista a seu modo? Ou
debate de idéias pelas histórico com os liberais, que Gildo Marçal Brandão
perpetuar-se. .A aproprinção devemos condená-lo por não ser SECRETARIA DE
cada vez mcior da riqueza por limitações, pelas pressões, por ínternacíonalista? c, a nosso ver, uma proposta
uma repressão^, confundindo errada dentro da atual REDAÇÃO:
um número cada vez menor O "contexto de crise por que Ruih Tegon
de pessoas, coloca para esse intencionalmente a simples passamos" não é álibi para conjuntura.
"Primeiramente fala CONSELHO EDITORIAL:
regime a necessidade de discussão de problemas da tomarmos medidas pouco
construção do socialismo, com que: "a coalizão democrática São Paulo: Antonio Gaspar, Ar
recorrer a um autoritarismo inteligentes c antidemocráticas. mênio Guedes, Cláudio Guedes,
crescente, para conter a massa de propaganda c atividade A referência de "Rodrigues" a existente no país sc
anti-socialista. encontra a pique de incorporar os David Capisirano Filho, Emílio
df>,c:.!íentes que se eleva. Kanapa como "um ex-membro do
"Kanapa subestima as empresários. Se isso se Bonfante Demaria, Francisco Al
£ui!i.jra mutações possam levar CC do PCF" é maliciosa e serve
conferências e ação organizada concretizar, o processo de meida, Leny Laínctti, Luiz Arturo
u.i) iurro a ter pêlos vermelhos para ocultar o fato dc Kanapa.
. ..los azuis, ele continuará do movimento comunista transição para a democracia sc Obojcs, Marco A, Coelho Filho,
após uma vida inteira dc Marco Aurélio Nogueira, Marco
-.o i.fr. hjrro para todos que internacional. Considera a dedicação à causa do comunismo, tornará irresistível".
vcr.;.-a, a;;«:mo que alguns luta de classes na arena "Acreditamos que os Damiani, Marco Moro, Nilton Ho-
ter morrido na condição dc rita, Pedro Célio, Rachel Soares,
..'-.us ae (u<ts patas teimem internacional como secundária membro ativo c influente da empresários se cncorporaram
:acc à nacional, e sal-se com fisionomia própria à Reinaldo Belintani, S. Ramos.
:ri dizer qut não . . direção do PCF.
"'Aproíuud.indo' o raciocínio, com esta maravilha: "Em sua "coalizão democrática" (por que Rio: Agenor de Andrade, Carlos
""Rodrigues" transcreve um Alberto Lopes. Carlos Nelson Cou-
acha o coniercn cisia que o interpretação, a pedra de
longo trecho dc Lénin, arrancado não Frente?) quando da formação
fato da Revolução de Outubro toque do internacionalismo do PP, que tem cm seu programa tínho, Ivan Ribeiro, Leandro Kon-
ao seu contexto hislórico-políttco der, Leo Lince, Luiz Wemcck
haver tornado c socialismo proletário é a defesa dc 1902, às condições de luta na a luta por uma Assembléia
uma realidade uw mundo, Incondicional de tudo que é Nacional Constituinte. O Vianna, Mauro Maün, Nemésio
Rússia izarisia, c procura Salles, Rogério Marques Gomes,
ir.jclificando a correlação de feito pela União Soviética". utilizá-lo para enfrentar a processo de ruptura da
rorçds de classe, "esse próprio Se Reagan lesse algo mais que burguesia nacional com o Teresa Ottoni.
situação com que se defrontam os REPRESENTANTES:
fez com qtie «íe criassem Seleções, não deixaria de comuiúsias brasileiros cm \96l.
governo começou com a saída do
contrições inteiraiT.cnte novas, incluir frase tão digna para ministro Severo Gomes do Manaus — Rui Brito da Silva
Conhecemos bem esse método:
tais que o problema da seu discurso dc posse... Ministério da Indijstria e Rua Turumãl 1061
ele nada tem a ver com o Belém — Jocelyn Brasil
iransformaçáo socialista "Por isso, defende, cm marxismo ou com o Icninismo.
Comércio do governo Geiscl,
joloca-se hoje em termos substituição, uma vaga quando a burguesia nacional Rua Tamoios, 1592
Trata-se de uma das deformações tel.: 222-7286
profundamente diferentes". "solidariedade ínternacíonalista" vai optando por uma nova
que se difundiram entre os São Luís — Maria Aragão
"Dai. segundo èle, "certos que não se sabe para com ordem que permita maiores
comunistas da época que se Rua De Santana, 189
traços essenciais" dessa Revolução quem... Assim, ficam oportunidades dc negociação
seguiu à morte dc Lcnín. tel.: 222-5181
apesar de terem "um significado os oportunistas modernos em com o capital estrangeiro que
"Quando Síáiin sc afirmou no Recife — Paulo Cavalcanti
que ultrapassa seu quadro condições de, a exemplo de poder, foi sufocada a confusa mas em última instância o governo
nacional... não vão além seus antigos colegas da II favorece. Rua do Hospício - Edif. Olímpia
fecunda inquietação que sala 709
das leis ("relaiivizadas") Internacional, adularem a "Portanto, a incorporação do
canicterizava a recém-críada Londrina — fussara Rezende
evocadas acima e dizem, burguesia, por exemplo negando empresariado na Frente
apoio à defesa do sistema União Soviética nos anos de democrática já vem se Goiânia — Elias Moreira Borges
portanto, pouca coisa sobre Lênin: diversos livros que já
como será a transformação socialista, e fazendo coro com dando há tempo, e não é por Belo Horizonte — E. Garcia
o anti-sovielismo trombeteado pela estavam impressos foram causa disto que é Rua da Bahia, 1148, conj. 1640
socialista em um país como penalizados com a "paralisação
o nosso". reação mundial, irresistível o avanço rumo Brasília — Paulo Afonso
da distribuição e vendas", à democracia. O que torna esse Bracarense
"E nesse ponto tira "Para esse tipo de exatamente sob o argumento de
o coelho da cartola: "A avanço irresistível é a Florianópolis — Nildo José Martins
publicação existe a que não correspondiam à
necessidade da ditadura do pressão de todo o povo Porto Alegre — João B. Avelino
aparelhadíssima imprensa "prioridade dc edições com o Fortaleza — Caboclinlio Farias
proletariado era um; não a burguesa que, no momento, não organizado e não só do
objetivo de educação política", empresariado organizado. Salvador — H. Casaes e Silva
consideramos mais como uma está precisando da cofaboração da numa "situação "Parlindo desta superestimação R. Conde Pereira Marinha, 38 —
lei imperativa para nós e |uruá. A esia compete aplicar poiítico-financeira bastante ruim". da presença dos empresários na Garcia
afastamo-la mesmo de nossa seus minguados recursos na
luta democrática, conclui: Santos — S.P.
perspectiva". Na verdade pensam edição de pensamentos que Stálin foi secrctário-gcral do
assim aqueles que "os encontros entre empresários Rua Conselheiro Nébias, 368-A,
interessem de fato à causa dos PC da URSS dc abril de 1922 até
e sindicalistas, ora em pauta, sala 511
supõem o Estado acima das trabalhadores." março de 1953, quando morreu;
podem e devem sc constituir Taubaté — SP — Dalton Moreira
classes. O fato dos comunardos não dá para nós fingirmos que
José Francisco CORRESPONDENTE
incorrerem nessa ilusão levou à ignoramos o que aconteceu num balão de ensaio na
São Paulo — SP. direção de um amplo INTERNACIONAL:
derrota a Comuna de Paris. E durante esses 31 anos da nossa
compromisso historio que Roma — Danilo S. Galletti
o mesmo ocorreria com russos, história (inclusive porque
compreenda os liberais, os ADMINISTRAÇÃO:
búlgaros, cubanos e vietnamitas Discutindo o estamos até hoje marcados pelos
católicos e os marxistas". Lindolfo Silva
SC partilhassem desse ponto erros desse período). Sob Stáün, o
de vista. stalinismo de marxismo se empobreceu, a "Esse compromisso que se Aurcliano Gonçalves Cerqueira
delineia hoje, como grau de DISTRIBUIÇÃO:
Sendo o capitalismo e o dialética cedeu lugar à
socialismo regimes essencialmente Rodrigues chatolo^a, a questão da organização que a classe operária Sérgio Cordeiro de Andrade -
diferentes, cada qual requer democracia sofreu uma brutal tem em relação ao empresariado, Propriedade da Editora Juruá Ltda.
"Louve-se a coragem do leitor não nos dá um poder de • Rua Cesário Mota Jr., 369 • 2." a.
correspondente forma de simplificação, a legalidade
que se assina Roberto Rodrigues e barganha para garantir a Fones: administração; 256-2591
Estado. Por isso, os RockfeUers socialista foi desrespeitada, redação: 231-2926
c os Agnclis não pensam no que defendeu a "paralisação da práticas repressivas assumiram "substância dcmocrátia"
distribuição e vendas do livro de dessa nova ordem. Este CEP; 01221 São Paulo - SP,
puder soviético para seus países.. - proporções monstruosas.
Impresso nas oficinas da Cia. Edi
Ademais, se as leis gerais "não
lean Kanapa, no n." 44 da VU. "Nikita Khruschov, quando era compromisso só será possível
tora Joruês, Rua Gaslão da Cunha.
precedem a experiência, Não é fácil encontrar quem secrctário-geral do PC da URSS, quando tivermos organização 49 - tel.: 531-8900 • São Paulo.
mas geralizam uma experiência defenda abertamente, nas teve a coragem de dar início a suficiente para garantir
muliiforme", como afirma condições atums, um ato de um doloroso mas imprescindível um movimento sindical
Kanapa. onde eslão as experiências "interdição de leitura". A processo de correção das realmente representativo, com
que indicam a caducidade da i coragem ainda seria mais deformações stalinistas. Esse bases (delegados sindicais)

L GERAL
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Be 13/02 a 19/02 de 1981

OPINIAO/NACIONAL
EDITORIAL

Denunciar torturas £ preciso manter o


não é revanchismo debate e exorcizar
Durantes as duas últimas sema mente as malévolas insinuações sus
nas, vieram à luz sérias e bem funda
mentadas denúncias dirigidas contra
citadas por contumazes sublevadores
da ordem, que procuram agora lan os velhos fantasmas
o comportamento que em passado çar à execração pública aqueles que
recente tiveram agentes dos orga se bateram, em verdadeiras operações O noticiário político, as crônicas pessimismo dos parlamentares gover-
nismos de segurança do Estado. A de guerra, pela preservação da paz e os editoriais da grande imprensa nistas, além de contraditório em re
autora das denúncias, Inês Etienne e da tranqüilidade da família brasi demonstram que a inciativa dos diri lação ao quadro político atual, deixa
Romeu, fez um impressionante e de leira". gentes comunistas — tendo à frente entrever desinformação e desconfian
talhado relato das cruéis brutalída- Os comunistas, ao mesmo tempo o secretário-geral do PCB, Giocondo ça em relação aos comunistas em
des a que foi submetida quando, em em que se emocionam com as de Dias — em aceitar o diálogo admitido pelo menos três questões essenciais.
1971. esteve presa sob a guarda do núncias de Inês Etienne, colocam-se pelo presidente Figueiredo em Lis Era primeiro lugar, eles confundem
Estado, acusada de pertencer à or politicamente diante da situação por boa foi sem dúvida, até agora, o fato o princípio marxista da "ditadura do
ganização clandestina Vanguarda elas aberta. E deixam claro que re político mais importante do ano. proletariado" com o programa ela
Popular Revolucionária (VPR). pudiam qualquer forma de revan Dando origem a um amplo debate borado pelo PCB em seu VI Con
Os depoimentos de Inês Etienne chismo ou de "vingança". Também na vida política nacional, setores go- gresso — programa este que, apesar
caíram como um raio sobre a cons não pretendem envolver, sem mais. vernistas revelaram para a opinião de elaborado em 1967, num dos mo
ciência nacional, que reagiu perple instituições nacionais nos crimes do pública diferentes posições acerca da mentos de maior perseguição aos co
xa e horrorizada às provas apresen passado. Não é disto que se trata. legalização do PCB, ponto de partida munistas e de intensa ação aventurei
tadas, como se não estivesse a par Traia-se de buscar o significado po para um diálogo esclarecedor com ra do "esquerdismo" na vida nacio
de que a tortura a presos políticos lítico das denúncias. os comunistas e entre todas as for nal, defende com grande sabedoria a
foi uma prática comum nos anos Neste sentido, os comunistas se ças políticas do campo oposicionista. luta pela democracia e a transição
mais negros do período ditatorial recusam a simplesmente jogar o pas O que há de novo, positivo e co pacífica e pluralista ao socialismo.
aberto em 1964. E é compreensível sado pela janela, a desprezar suas mum em todas as declarações é o re De outra parte, afirmam que a lega
que tenha sido esta a reação, dados lutas ao lado do povo e dos democra conhecimento da existência de fato lização do PCB é incompatível com
os requintes dos detalhes e a pro tas, a deixar de chorar seus mortos dos comunistas como cidadãos brasi um suposto "caráter democrático"
funda aspiração democrática, de paz e Aesaparecidos, a não solicitar es leiros que, apesar de todas as adver- da Constituição brasileira, quando
e tranqüilidade hoje existente no clarecimentos sobre seu paradeiro. E sidades, insistem em fazer política à todos sabemos que a legislação
país. isto porque acreditam que assim pro plena luz do dia. Neste sentido, a atua! está eivada de dispositivos an
As denúncias de Inês Etienne, des cedendo contribuem para o fortale atitude dos comunistas comprova que tidemocráticos. Por último, se engana
ta forma, têm mesmo que calar fun cimento da consciência democrática o PCB, como o partido nacional mais particularmente o senador Jarbas
do na sociedade brasileira. Têm que no país, para.a eliminação das bases antigo do país, é uma organização Passarinho: os comunistas preferem
emocionar e fazer pensar, pela cora do arbítrio e do autoritarismo, para amadurecida, curtida na luta pela de ter em suas mãos as fichinhas do
gem e firmeza da-ex-prisioneira polí o desmantelamento do aparelho de mocracia e pelo socialismo no Brasil. Superior Tribunal Eleitoral do que
tica, pelo seu abnegado apego à vida repressão que agiu impune em unos Enfrentando por duas vezes o fascis constar nos inacessíveis arquivos con
e à dignidade. E nõo justificam a recentes, para o rejuvenescimento mo aberto, sobreviveu à mais brutal, fidenciais dos órgãos de segurança.
pecha de "revanchismo'-' que a cúpu político da sociedade e do Estado. víu/enía e contínua perseguição po Quanto à grande imprensa, ao
la militar do regime procurou lhes Sem revanchismo e democratica lítica e policial sem abrir mão de lado dos editoriais de "O Estado de
atirar. O general. Walter Pires, mi mente, estamos certos de que assim princípios e sem perder seu conteúdo S. Paulo" e de "O Globo" — que
nistro do Exército, chegou mesmo a contribuímos para enraizar na cons de classe. Ao longo de sua história, insistiram na velha e surrada tese da
sublinhar — repetindo a velha retó ciência de nosso povo a repulsa ao sempre se empenhou nas lutas pa incompatibilidade entre os comunis
rica dos tempos da "caça às bruxas" emprego cio terror e da tortura cotno trióticas e democráticas de nosso po tas e a democracia —, ficou o ceti
e fechando os olhos para os fatos armas políticas, o respeito à digni vo. Por isto não teme o diálogo nem cismo de cronistas políticos como
que vieram à tona — que aquela dade humana e um projiindo e arrai a legalidade. Élio Gáspari, Carlos Castello Branco
instituição militar "repele energica gado amor à vida. O-deputado Fiávio Marcílio, pre e Almir Gajardoni. Destacando-se
sidente da Câmara dos Deputados, e das demais, ficou a crônica insuspei
o senador Luis Viana Filho, presi ta e espontânea de Oto Lara Resen
dente do Senado, ambos do PDS, in de. Citando Mário de Andrade, que
terpretando os sentimentos predomi em 1930 pela primeira vez assinalou
nantes no Congresso . Nacional, ma que o comunismo no Brasil era visto
ESSA Mulher b uma nifestaram-se favoráveis ao diálogo como "uma assombração medonha",
entre o presidente e os comunistas. o cronista não vacilou em afirmar
MEMTIROSA/ De igual maneira se pronunciou o que "será ruinoso se continuarmos a
WlAJiSUÉM FICOU VIVO ministro da Aeronáutica, par^ quem
a possibilidade do diálogo depende
governar-nos pelos preconcéitos do
preâmbulo da Carta de 1937, fabri
Rf?A' CoNTAÍ^f fundamentalmente do presidente/ e cada pelo pânico de 1935". Depois
sua decisão, qualquer que seja, en de assinalar que essa Constituição
contrará pronto apoio das Forças comprova a "existência objetiva e
Armadas. Tanto o Congresso como feérica do Demônio", Oto Lara Re
as Forças Armadas, ao receberem sende diz o que ninguém mais falou:
com naturalidade o debate aberto a "Chegou a hora de exorcizar os ve
partir das declarações presidenciais, lhos fantasmas, alimentados por uma
desempenham um papel positivo no retórica anacrônica e convencional."
processo de democratização da vida Da parte dos comunistas, resta
nacional e demonstram a existência agora manter aceso o debate, escla
de uma situação nova para os comu recer suas opiniões e desfazer os
nistas. equívocos dos desinformados, aõ
O mesmo comportamento, no mesrnç» tempo em que — com base
entanto, não se observa junto à di na compreensão de que as novas
reção do PDS, cujo presidente, se
circunstâncias são fruto sobretudo
nador José Sarney, e cujos líderes no das lutas da.classe operária e do
Senado, senador Jarbas Passarinho, e povo — devem se mobilizar para
na Câmara, deputado Nelson Marche- ser os principais porta-vozes e in
zan, manifestaram descrença em re terlocutores do PCB junto às massas,
lação às possibilidades de diálogo. O às forças democráticas e ao governo,

í POLÍTICA
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De 13/02 a 19/02 de 1981

DIREITOS HUMANOS

As oposições e Na OAB gaúcha,


os problemas toma posse o
novo presidente
da "transição"
A «mão estendida» do presidente, para ser
levada a sério pela Nação,tem que se
Residente João Batista Figueiredo
traduzir num programa democrático e na plena essa acusação como seria documento
participação oposicionista ao nível do poder de particular importância para a mo
bilização popular.

Júlio Teixeira direitos dcmocrálicos, teremos -de lu


Essa "mão estendida" então, para
ser levada a sério, pela Nação, tem ne D
tar ao lado das grandes massas cm cessariamente que traduzir um ample-
todas as oportunidades em que o povo xo programático em que ambas as
puder projetar nas ruas todo o seu parles se obriguem a inaugurar uma
Não há dúvida de que, a largos poder. nova política perfeitamente definida.
O governo terá a dar nessa união, PORTO ALEGRE (Do corresponden
traços, a política nacional vera avan Temos de reconhecer que se o sis te) — o novo presidente da Ordem dos
çando no sentido de reduzir as práti tema está em retirada, ele. seguindo as sobretudo, a participação no poder do Advogados do Orasil (sccção do Rio Grande
cas ditatoriais que são próprias do sis lições dos seus estrategistas nacionais aparelho do Estado e a oposição terá do Sul), losé Mariano de Freitas Bcck,
tema. Este — o sistema — foi adotado e estrangeiros, faz e continuará fazen a dar algo mais que isso: o apoio po afirmou que a entidade dará continuidade
pular indispensável para assegurar a ao trabalho desenvolvido na gestão anterior
ipara ser praticado contra o povo e em do o possível para comandar uma re cm relação à "campanha pela restauração
favor das forças reacionárias nacionais tirada organizada. O sistema em
execução do programa político comum. plena da democracia no Brasil". Neste sen
e imernacionais que o criaram. Os determinado momento entrará em É assim que se consegue imaginar, tido, Mariano Beck enfatizou a necessida
como viável, uma "fase de transição" de da convocação de uma Assembléia
agentes do poder — do poder efetivo debandada ou então, instalado num Nacional Constituinte.
— não têm qualquer outra represen- dos últimos baluartes do campo de a que se referiu Armênio Guedes no A OAB gaúcha se propôs a elaborar
laTÍNidade que não seja a que lhes trabalho que produziu a respeito. um anteprojeto de Constituição, que será
luta, tentará uma contra-ofensiva. Isso
advém dj capital estrangeiro, do lati- Essa "transição" não pode ser uma discutido cm julho próximo durante a rea
já é da história, particularmente na lização do Congresso Pontes dc Miranda, a
lundio, do poder armado e do grande América Latina. É preciso estar-se pre fase mais ou menos longa e nebulosa
em que a oposição com o apoio débil fim de que seja levado a um amplo debate
capital nacional, especialmente o que parado para a "mão estendida" do pela sociedade brasileira durante a realiza
é caudaiário e posto a serviço dos general Figueiredo. Não esquecer que ou vigoroso das massas deverá ficar ção da Assembléia Nacional Constituinte.
investimentos estrangeiros. Ninguém esperando que o governo cumpra Outro aspecto ressaltado pelo novo
um general argentino foi pessoalmente novas promessas. Ela é a fase que leva presidente da OAB do Rio Grande do Sul
pode servir ao mesmo tempo a dois buscar Peron na Espanha. Seja como é a questão da defesa dos direitos humanos.
senhores. Daí que os executores da do latifúndio à reforma agrária; que
for, o barco do governo está fazendo Ele integrou .t Comissão dc advogados que
política nacional — e que a olhos acaba com o poder de legislar dos esteve no Uruguai por ocasião do seqüestro
água; mais hoje, mais amanhã, uma
vistos não são os deputados nem os rajada de mau tempo deverá afundá- tecnocratas e recoloca o Congresso na dos uruguaios Lilian Celiberti e Univcr-
plenitude soberana de seu encargo de sindo Dias, levado a efeito no Rio Grande
senadores — necessitam colocar-sc lo. Não vem ao caso especular sobre a do Sul com a participação de policiais
invariavelmente contra o povo. contra^ natureza meteorológica da ventania. fazer as leis; que retome ao capital brasileiros e uruguaios. Mariano Beck foi
05 trabalhadores, contra os consumido E o importante para o comando remoto" estrangeiro e às empresas multinacio uma das peças principais na elucidação do
res, contra os estudantes e contra tudo da nave estará em que o barco afunde nais o produto da riqueza nacional de seqüestro.
que se opoderaram e continuam se Mariano Beck salientou o total apoio
o mais que puder constituir perigo sob a responsabilidade de co-pilotos às denúncias do presidente da Ordem dos
para o sistema no seu conjunto. da oposição que tenham aceito o con apoderando abusiva e descaradamen Advogados do Brasil. Seabra Fagundes, em
Esta fase está sendo chamada de vite enfeitiçados com o canto da se te; que assegure ao povo brasileiro a relação às violações da democracia no
"abertura" e esse vocábulo exprime reia da "mão estendida". Aí então o faculdade de alimentar-se com o pro país.
duto de sua agricultura, ao invés de José Mariano de Freitas Bcck é ex-
bem a realidade: é uma abertura por barco afundará mesmo e os novos deputado cassado "sem ter até hoje sabido
onde se tentará respirar ou uma frin- "revolucionários" da geração Reagan remetê-lo' para o Exterior para pagar p motivo". Pai de 11 filhos, considera-se
cha por onde o sofrimento nacional mais uma vez sairão dos quartéis pa uma dívida oriunda de manobras co apenas "um rábula e camponês". Sua
tem uma chance de esgueirar-se em ra, como de costume, assumirem a merciais exíorsivas, empréstimos rui- eleição representa a continuidade dc uma
fila indiana. nosos e tratados contrários aos interes política até então seguida pela OAB
grave responsabilidade de acabar com gaúcha, de intransigente defesa das liber
Mas acontece que os donos do siste- os corruptos de uma nova época e. ses nacionais., dades públicas c contra violações à digni
tema, e somente eles, se consideram manterem a "segurança das institui Essa "transição" iniciará a liquida dade da pessoa humana,
com a faculdade divina de "graduar" ções". ção do arbítrio da União sobre os Esta
MULHERES
a abertura. Se surge um movimento dos e se encaminhará para a recupera
que reclame a ampliação da abertura Claro que ninguém é contra uma ção da Federação com a plena autono Pela primeira vez mulheres são eleitas
neste ou naquele sentido, os^.donos do política em que, reciprocamente, a mia dos Estados membros. Muito para o Conselho Deliberativo e para a
poder recomendam muita prudência. situação e a oposição se estendam as mais haverá para incluir no programa Diretoria da OAB. Trata-se de Mercedes
que. conforme o vigor da reivindica mãos. A união da oposição e da si dc Moraes Rodrigues que, com sua colega
da "mão estendida", como a facilita- Rcjane Brasil Fillipi, se elegeu para o
ção. a prática é considerada "contes- tuação só terá caráter sério, no entanto, ção da organização partidária, a práti Conselho e agora assume também um
laiória" do regime e poderá pôr tudo se houver participação daquela no ca eleitoral honesta, o saneamento do posto executivo.
a perder ante a possibilidade de irritar poder para execução de determinado aparelho policial, etc. Tendo seu nome incluído na chapa
os deuses do Olimpo. programa mínimo. Esse programa terá encabeçada por José Mariano dc Freitas
Sem semelhante comprometimento Beck. à sua revelia, tentou modestamente
Em ultima análise, o sistema em raa- de ser uma espécie de "pacote" às político, a oposição só fará pacto com retirá-lo após a eleição, mas a mesa que
icria de abertura só concede volunta avessas. O governo — que não tem o governo que aí está se estiver dis dirigiu a assembléia eleitoral não aceitou,
riamente o secundário, ou então só nenhum programa sério para oferecer posta a seguir o mesmo destino que salientando que sua eleição é resultado de
concede quando leme que sua obsti — fala nesse assunto apenas para dizer um trabalho que vem desenvolvendo junto
ao próprio sisteiria está reservado. à OAB com integrante da Comissão da
nação possa comprometer sua estabi alguma coisa. Além disso, é comum a É por isto que, sem qualquer arre Mulher, que pesquisa c elabora trabalhos
lidade ou ensejar um movimento po situação acusar a oposição de inca fecimento, deve-se marchar para a a serem incluídos no anteprojeto dc uma
pular que é o grande fantasma a pacidade política, inclusive para su Assembléia Nacional Constituinte que nova constituição brasileira. Junto com
lirtir-lhc o sono. gerir soluções primárias para os mais Rejanc Fillipi c Reniia Maria Hulicn, Mer
é a única medida juridico-politica ca cedes dc Moraes Rodrigues vem realizando
|ií SC vê, portanto, que para che graves problemas nacionais. O "paco paz de devolver à Nação os seus pró importante trabalho na sccção gaúcha da
garmos ao restabelecimento pleno dos te" democrático não só poria termo a prios destinos. Ordem dos Advogados.

C POLÍTICA
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De 13/02 a 19/02 de 1981

PERSEGUIÇÃO

Processo contra Lula Na BA, críticas


ao Tribunal
revela o absurdo da LSN geram demissão
A Lei de Segurança Nacional é um instrumento jurídico que retrata por
por inteiro o caráter antidemocrático do regime brasileiro e que está SALVADOR — (Da sucursal) — O
governador Antonio Carlos Magalhães em
destinada a preservar a «ordem» estabelecida pelo golpe de 1964 preendeu nova perseguição, desta vez
contra o presidente da seccional baiana da
Ordem dos Advogados do Brasil. No fina!
da semana passada, Antonio Carlos Maga
e exportada para o Terceiro Mundo, lhães mandou demitir o presidente da O.AB
Cláudio Guedes e que entre nós foi assumida e divul baiana, advogado Geraldo Sobral, do cargo
gada pela Escola Superior de Guerra. que ocupava na Caraíba Metais, empresa
subsidiária do BNDE, fazendo-o retornar
Marcado inicialmente para o dia 16 Assim, durante muitos anos a corpo ao seu cargo na Procuradoria Gerai do
de fevereiro, o julgamento dos treze ração militar brasileira foi doutrina Estado, de onde se encontrava afastado sem
da na direção de um maniqueísmo, vencimentos. A medida do governador foi
sindicalistas que lideraram a última tomada menos de 24 horas depois do pre
greve dos metalúrgicos do ABC vai vulgar — a defesa do Ocidente cris
sidente da OAB ter divulgado uma nota
ser adiado para uma data ainda não tão contra o perigo comunista —,que de solidariedade ao presidente do Tribunal
determinada. Ao que tudo indica, por reduzia os limites da suposta guerra dc justiça do Estado, desembargador Leilão
entre estas forças a todos os espaços Guerra, que caiu na ira do governador após
trás do adiamento está a pressão que ter feito severas críticas ao aparelho judi
a opinião pública nacional e interna do tecido social^ interno do país. O ciário do Estado.
cional vem desenvolvendo contra o inimigo das forças do "Bem", segun
do esta perversa lógica, está em to A atitude dc governador, apesar dos
absurdo processo dos operários, que vários desmentidos oficiais, foi uma repre
vão ser julgados com base na legis dos os lugares — nas universidades, sália ao endosso dado pelo presidente da
lação de Segurança Nacional por uma nos sindicatos, nos livros, nas artes. OAB à precária situação do Aparelho ju-
corte militar. Qualquer manifestação reivindicató- diciário do Estado. Agora, após sua demis
ria. qualquer atitude de liberdade são da Caraíbas, o advogado Geraldo
Dizer que esta é uma situação es (ou pretendia em meados do ano pas Sobral passará a viver exclusivamente com
candalosa é repetir o óbvio. Vamos sado) uma ofensiva no plano sindical (mesmo aquelas próprias do sistema os minguados salários pagos aos procura
então ao l'undo da questão. A Lei de e político contra algumas- das mais capitalista) u sempre vista como algo dores. Medida que, naturalmente, visa
Segurança Nacional é um instrumento significativas lideranças emergentes da subversivo que deve ser implacavel evitar novas manifestações de solidariedade
mente combalido. Este c o pano cie ao Tribunal dc Justiça.
jurídico que retrata por inteiro o ca classe operária.
ráter antidemocrático do regime bra Afirmar que a Lei de Segurança fundo dü processo a que estão -subme
tidos os lídoros sindicais. PRECÁRIAS CONDIÇÕES
sileiro e que cslà busleatiiente desti Nacional já está comlcuaUu pela cons
nada a preservar a "ordem" estabele ciência moral dos setores mais repre Torna-se. assim, necessário e indis
Tudo começou quando no último dia
cida "raanu mÜitari" pelo regime di sentativos da sociedade brasileira não pensável o empenho de todos os seto 2 o presidente do Tribunal de Justiça do
tatorial. No caso dos operários do é nenhuma novidade. Contudo, c pre res democráticos da sociedade na soli Estado, desembargador Leitão Guerra, na
ABC. a sua aplicação possui caráter ciso atravessar a fase de constatações. dariedade ativa aos sindicalistas c na solenidade dc reabertura dos trabalhos do
luta franca c aberta pela revogação da Judiciário c em presença do governador,
essencialmente político-, o objetivo Chegou a hora das forças mais cons fjiJou das precárias condições de funcio
impedir que o exemplo de luta e dedi cientes da Nação se empenharem para Lei dc Segurança Nacional. O mo namento da Justiça na Bahia, dos baixos
cação da vanguarda da classe operá demonstrar à imensa maioria do nos mento c dos mais piopícios, pois jun salários pagos aos juizes em cerca de 80
ria do ABC paulista se espalhe rapi so povo que a paranóia da "Seguran tando-se a comoção que o julgamento comarcas do interior do Estado. O gover
damente pelo conjunto dos trabalha ça Nacional" constitui peça essencial certamente provocará por loüo país à nador se retirou no final da solenidade,
presença de dezenas do observadores mas enfurecido não cuipprimentou nenhu
dores de todo país. E impedir pelo de que se valem regimes anitpopula- ma das autoridades presentes ao Fórum
caminho da coerção. res e antinacionais — como o implan dc inúmeras organizações políticas e Ruy Barbosa.
No mesmo sentido, porém com tado no país cm 1964 — para esma sindicais de outros países que aqui No dia seguinte convocou a imprensa
objetivos um pouco diferentes, as gar qualquer tentativa de reação das virão para se solidarizar com os pro para dizer que sempre atendeu aos pedidos
do presidente do Tribunal de Justiça, inclu
ameaças do regime vão mais além, classes trabalhadoras contra a brutal cessados, somam-se os elementos que sive os pessoais. A partir daí começou á
pois entre os sindicalistas processados exploração a que são submetidas. contribuem para se montar uma gran alucar cs juizes afirmando que eles não
está a principal figura e presidente Mais do que isso. o suporte ideoló de campanha no sentido de banir de tinham condições morais de pertencer
do recém-íundado Partido dos Traba gico desse instrumento que é a LSN finitivamente do país esta paranóia de ao Tribunal, numu tentativa de esconder
lhadores, Luís Inácio da Silva. Assim, "segurança nacional" e o seu infame as verdades colocadas pelo desembargador
encontra-se na Doutrina de Segurança Leitão Guerra. Nesse momento o recém-
de alguma forma, o regime pretende Nacional, forjada nos Estados Unidos suporte jurfdicQ que é a LSN. cmpossado presidente da seccional da OAB
resolveu solidarizar-se com o presidente do
Tribunal.
Menos de 12 horas depois da publica
Sc os casuísmos do governo atingirem os ção da nota da OAB, o governador enca
VoJta à cena tese sobre o poder fins almejado» — isto é, se conseguirem
assegurar maioria ao PDS ou a uma coli
minhava para publicação no "Diário
Oficial" a demissão do presidente da
Ordem, numa atitude entendida como uma
gação govcrnista — o Congresso de 82 con
constituinte do Congresso de 82 tinuará tão débil c indefeso quanto hoje,
à margem do processo político e da socie
violenta represália. Não faltou uma esfar
rapada desculpa por parte do governador
dc que o decreto da demissão tinha sido
dade civil.
• Diante de tal alternativa, os poderes assinado no dia três, portanto dois dias
A idéia de transformar o Congresso a popular" do PMDB, Francisco Pinto, o constituintes que seriam atribuídos ao novo antes da nota da OAB. Mais do que isso o
ser elnto em 1982 em um poder constltuin- primeiro por achar que o atual Congresso Congresso não favoreceriam os intentes de governador afirmou não costumar cometer
W, d^endida já há algum tempo pelo sena já tem força suficiente para modificar a mocráticos de figuras como o senador Teo represárlas contra ninguém. Mas a verdade
dor Tancredo Neves. voUou à tona," na se Constituição, e o segundo porque só aceita tônio Vilela, e nem mesmo as intenções não demorou a aparecer: o decreto feito
mana passada, através de uma proposta do uma Constituinte que resulte da derrubada moderadoras do senador Tancredo Neves, às carreiras demitindo o presidente da
professor Afonso Arinos de Meio Franco. do regime. que defende a reformulação urgente da Ordem da Caraíba Metais, quando na ver
A tese provocou as reações mais diversas Toda essa polêmica, contudo, promete Constituição, via novo Congresso, para dade o advogado Geraldo Sobral estava à
nos quadros do governo e da oposição. não conduzir a lugar nenhum, diante da evitar que as manifestações espontâneas de disposição do Banco Nacional de Desen
Em sua defesa, intercederam figuras como total indefinição do quadro político brasi revolta popular atinjam proporções incon- volvimento Econômico. Um novo decreto
o senador farbas Passarinho, que a consi- leiro.'Tanto para o governo como para a troláveis e levem o país para a esquerda. teve que ser feito.
derou sj"sata e oportuna", e o candidato oposição, a proposta pode funcionar como Em síntese, estamos diante de um pro Mas o episódio da briga só fez reavi
a líder do PMDB na Câmara. Marcondes uma faca de dois games. Ao governo, é cesso cm que as saídas meramente jurídicas var na memória da população baiana que o
Gadelha; e até mesmo o senador Teotônio governador Antonio Carlos Magalhães não
Vilela um dos maiores defensores dc uma evidente, só interessa transformar o Con dificilmente conseguirão se sobrepor às
gresso eleito em 1982 em Constituinte, se saídas políticas que começam a ser busca aceita qualquer manifestação de crítica ao
Assembléia Nacional Constituinte, admitiu conseguir mantê-lo sob seu controle. Para das em todos os níveis da sociedade. De seu governo ou mesmo qualquer gesto de
que. embora limitada, essa alternativa po- isso, ele precisa vencer duas duras batalhas: pendendo da capacidade de mobilização e independência de um dos Poderes do
dena contribuir paro dar ao Congresso uma primeiro, impedir a vitória de Djalma Mari Estado. Foi assim no seu primeira governo
força nova. acima dos atuais poderes organização dessas forças será possível de
Contraries à tese. manifestaram-se o direi nho na eleição à presidência da Câmara; c, terminar se caminharemos para a convoca
segundo, elaborar uma reforma eleitoral que ção de uma Assembléia NacIonaL Consti quando desencadeou uma implacável per
tista feroz, ex-chefe de polícia e futuro lí seguição ao "Jornal da Bahia" que lhe fazia
der do PDS na Câmara, deputado Cantídio não acirre ainda mais as disputas internas tuinte livre e soberana ou se trilharemos
dentro do PDS e que. ao mesmo tempo, lhe caminhos mais lentos para a transformação oposição. Os tempos mudaram, mas o go
Sampaio, e o líder da chamada "tendência vernador continua perseguidor e vingador
assegure maioria parlamentar. democrática do país. (Fátima Murad)
como nos tempos do presidente Mediei.

c POLÍTICA
De 13/02 a 19/02 de 1981
da tinidede

Nos erros do passado,


comunistas devem buscar
lições para o futuro
Hoje, mais do que nunca, é preciso reconhecer que a linha política
cujo marco inicial foi a Declaração de Março de 1958, nem sempre foi
defendida com a devida firmeza pelos comunistas. Em 1964, ela foi
relegada a segundo plano e as teses golpistas acabaram prevalecendo
Rômulo Lins
A política formulada pelos comunistas, tro e fora das suas fileiras. Recusaram a nhuma liberdade, os que aplaudiram a munistas uma postura firme c conseqüen
era seguida ao golpe militar de 1964, cons teoria que considerava contados os dias mensagem, tiveram inúmeras oportunida te diante do fato que confirma a validade
tata a mudança do conteúdo do regime, do capitalismo no Brasil e propunha o des dc recordá-la. Principalmente quando de suas teses. É preciso redobrar os .es
reafirma a Unha do V Congresso na sua imediato dcsencadeamento da luta pelo os tccnocratas do regime e seus ditadores forços pela unidade dos trabalhadores e
substância e postula a formação de uma socialismo. de plantão a repetiam com outras pala das suas lideranças, para que estas se
ampla frente antiditatorial. vras através das grandes cadeias de rádio sentem à mesa de negociações respalda
Repeliram as teses pseudocicntíficas dc e televisão. • das no elenco de propostas já formuladas
Esta política reafirma que a classe ope que a classe operária havia perdido sua pelo movimento operário e sindical nos
rária é a mais interessada na democracia essência revolucionária. Quem viveu se A confusão entre trepidação e veloci diversos encontros, congressos e campa
c qiie, por isso mesmo, será a -mais con lembra; muitos dos que hoje sc extasiam dade prosperava nos meios dc esquerda. nhas salariais. Deste elenco consta a luta
seqüente na luta contra a ditadura. En diante de qualquer declaração do Lula. Enquanto um líder radical da burguesia por uma política anti-recessiva, que é, sem
tretanto. náo coloca a hegemonia como expeliam declarações muito semelhantes no Sul apostava na solução da crise pelo dúvida, o carro-chefe das propostas do
pré-condição para a constituição da fren às recentes do Maluf, sobre os descontos acionamento do chamado dispositivo mili empresariado.
te. entendendo que a direção política da na compra de fuscas e os "milionários" tar nacionalista, sob seu hipotético co Os que fogem do concreto das pro
luta não se dará pela repetição de pala salários dos operários da. indústria auto mando, no Nordeste, respeitado líder po postas para, ao abrigo de uma linguagem
vras de ordem altissonantes, mas, será mobilística. pular repudiava a solução militar mas, aparentemente revolucionária, ficaram nos
produío dn efetiva participação unitária píc;i(In pcln mnsca azni Ha sii.t randida- ronsiderando.'? sobre os acnntecimento.s do
da maioria do proletariado no processo As teorias maoístas da revolução peri tura à Presidência, não facilitava os en cotidiano da luta de classes, padecem de
político, tomando como suas as reivindi férica também serviram para que os co tendimentos cm torno dc uma candidatura verdadeira ilusão de classe, quando por
cações do conjunto da frente democrática. munistas fossem atacados pelos que hoje c um programa possível dé preservar a não entenderem os limites reais do diálo
legalidade constitucional. go proposto, ainda esperariam que os em
se embasbacam com a "genialidade do
A formulação de uma correta política camarada Hodja" c seu "socialismo bar Não se valorizava o fato de que o re presários elegessem para representá-los
exige uma prática conseqüente. Assim, a ba de bode". gime constitucional em vigor, apesar das alguém que não um provado represen
ação política dos comunistas correspondeu ' suas falhas c distorções, vinha possibili- tante de sua classe.
au que eles pregaram em seus documen tondo às correntes populares uma acumu
tos: apoiaram e participaram de todos os Reconhecendo que, no campo socialis LINHA POLÍTICA lUSTA
ta, nem tudo é perfeito e acabado, de lação .dc força que, sc ainda não lhes
movimentos unitários da classe operária e permitia conduzir a solução da crise se
da sociedade civil contra o arbítrio.
fenderam com firmeza os partidos co Mais preocupantes do que estas mani
munistas no poder, contra as infâmias dos gundo seus interesses, naquele momento
era suficiente para evitar que ela fosse festações ingênuas e simplistas, por isso
grupos esquerdistas que faziam coro com Incapazes de causar maiores danos, são
O Movimento Intersindical Antiarro- a reação nos ataques ao PCüS c demais resolvida exclusivamente às suas custas.
cho. a frente ampla de Lacerda e o 1.' A questão da hegemonia da ciasse ope aquela mais elaboradas e sofisticadas que
partidos comunistas, dos quais um daque-, contribuem para a perplexidade e a desmo-
de Maio de 1968, com a presença do go les grupos faz hoje a apologia própria dos rária era colocada como se a incartsávcl
vernador de Slo Paulo, Abreu Sodrc, são repetição da expressão lhe imantasse po- biiização. Estas acabam por transmitir a
arrivistas e, por Isso mesmo, só convence imagem do diálogo como um fardo pesa
significativos exemplos das primeiras lu aos néscios, defensores dc uma mirabo deres cabalísticos capazes de materializá-
tas. Quando a hierarquia da Igreja e o la. Esquecia-se a realidade de um proleta do a ser carregado, c não como um fato
lante frente de esquerda. a comprovar uma política defendida como
clero começaram a valorizar os aspectos riado jovem que mal conseguia loinar co
progressistas da doutrina católica e a se nhecimento da sua existência como classe justa. A colocação de que um dos objeti
posicionar contra o regime, os comunistas Contudo, nem tudo são flores. Hoje. e que para assumir qualquer luta por rei vos centrais dos empresários "é desviar
saudaram com entusiasmo estas atitudes. mais do que nunca, é preciso reconhecer vindicações políticas exigia que esta esti as massas e as forças mais conseqüentes
Participaram com firmeza de todas as que a linha política, cujo marco inicial vesse embutida numa campanha por au da luta por uma efetiva democratização
campanhas eleitorais, apoiando os candi foi a Declaração de Março dé 1958. nem mento salarial. da vida política do país", não correspon
datos do MDB, único partido legal de sempre foi defendida com a devida firme Quando da última tentativa relevante de ao que tem sido dito, explícita ou im-
za pelos comunistas. Na época que ante pliciiamente, nos diferentes documentos e
oposição, aproveitando-as para levar às
cedeu o golpe de 1964, ela foi relegada
de recomposição da frente, que poderia
massas as propostas da Anistia e da Cons proporcionar respaldo político ao gover manifestações dos empresários.
tituinte, além das denúncias sobre a re ao segundo plano, com graves prejuízos no Goulart, conta-se que Santiago Dan Não somos tolos em acreditar que as
pressão, a desnacionalização da economia para os forças democráticas de um modo tas, indicado pelo presidente para coor negociações (caso venham a ocorrer) se
e a má distribuição de renda. Ao mesmo geral e para. os comunistas ,em particular. desenvolverão num processo idílico. A
denar as articulações, mantinha um oti
tempo em que combatiam o voto branco mismo incomum à medida que desenvol burguesia certamente procurará dar prio
e nulo que serviam apenas para garantir TESES GOLPISTAS ridade às propostas que atendam seus in
via negociações com as diversas correntes
a maioria govemista nas casas legislativas políticas, inclusive os comunistas. Até que teresses mais imediatos. Por isso concor
e fonalecer os setores mais atrasados no Desde a vitória parcial da frente nacio certo dia, um jovem assessor que vinha damos que "as lideranças sindicais e polí
âmbito do partido oposicionista. nalista e democrática pela posse do pre ticas dos trabalhadores não tênií^-pcrque
acompanhando o desenvolvimento do seu
No festim do "milagre" quando, pelo sidente Goulart, começaram a ser veicula recusar ou temer as conversações, mas
trabalho c do seu otimismo, encontrou-o
crcscimerno desordenado da economia pri das com simpatia nas fileiras comunistas devem comparecer aparelhadas para de
completamente desanimado. Surpreso, per-
vilegiando o departamento de bens de con algumas teses golpistas. Iníiciatmente le gunlou-Ihc a razão de tal mudança, receben sempenhar o papel de negociadores, de
sumo dos capitalistas, pela expropriação vantadas por setores mais radicais da bur do a resposta: "O problema, meu filho, é fendendo o interesse dos seus represen
dos pequenos capitais, pela má distribuição guesia nacionalista, pequena burguesia civil que o senador brizolizou-se". acompanhada tados". E acrescentamos: com firmeza e
da renda e pela brutal exploração da mais e militar, que supervalorizavam a questão do exemplar de Novos Rumos onde Prestes determinação, encarando-as como um fato
valia, o grande capital alcançava taxas de nacional e a luta pelas reformas cm detri positivo, além de refletirem no gerai uma
mento da legalidade democrática. Estas le desancava a sua proposta. Não podemos
acumulação nunca antes vislumbradas e a garantir a veracidade dos entretantos. mas justa avaliaçao da correlação de forças.
burguesia monopolista brasileira se empan- ses, grosso modo, se caracterizavam pelo o principal está à disposição dc quem qui á necessário que os objetivos das ne
turrava. os comunistas apostavam no fim jargão insistentemente repetido na época: gociações ^ejam vistos não pela ótica es
reforma agrária na lei ou na marra; o Con ser pesquisar na imp-cnsa da época.
da festa, reconhecendo que quando a bur treita e pessimista dc quem busca um ar
guesia brasileira se sentisse ameaçada na gresso de latifundiários não promoverá re mistício. Mas péla visão larga de quem
formas; as massas exigem o dcsencadeamen DIALOGO COM ÒS EMPRESÁRIOS
>ua sobrevivência como classe pelo impe quer negociar um compromisso capaz dc
rialismo haveria de se posicionar ao lado to de formas superiores (?) de luta. Houve levar este país á um regime de liberdades
mesmo uma peça teatral dos estudantes Como podemos ver. temos muito que
das forças democráticas. aprender com o passado. Hoje, jquando democráticas que garanta uma vida sindi
que percorreu todo o país. cujo final da cal autônoma e a livre organização polí
LUTA IDEOLÓGICA canção que a encerrava era: "sem comida a liderança do empresariado propõe a_h-
derança sindical o início de negóciaçõcs tica dos trabalhadores. Estes são os ins
a liberdade é mentira não é verdade". trumentos indispensáveis ao proletariado
objetivando a formulação dc uma políti
Os comunistas sustentaram, nesse pe ca comum para solucionar o impasse em para desempenhar a tarefa que a história
ríodo. uma dura batalha ideológica, den Nos anos seguintes, de mijita fome e ne que o país se encontra, cumpre aos co lhe reserva.

c POLÍTICA
>
De 13/02 a 19/02 de 1981

Dia 8 de março próximo, as mu


lheres e o movimenio democrá
verdade mais abrangente. Para ele:
tico comemorarão, em todo o
mundo, um novo Dia Internacional
da Mulher.
A data foi instituída em 1910, na
No 8 de março, a emancipação da mulher deve- ser
um dos temas essenciais da luta de
classe dos trabalhadores, da luta pela
construção de uma sociedade nova,
da luta pop abrir em cada país. na
cidade de Copenhague durante a
Conferência de Mulheres Socialistas,
por iniciativa de Clara Zeikin.
Ao proclamá-la, a Conferência
fazer avançar a democracia e na paz, o caminho ru
mo ao socialismo. Mas, ao mesmo
tempo, a luta de emancipação da mu
lher conserva seu momento específi
levou em consideração os anseios da co, seu momento autônomo. Para ele,
mulher de se unir e se organizar e
visou à criação de um momento em
que, em todo o mundo e ao mesmo
tempo, as mulheres pudessem balan
luta da mulher entre o geral e o específico não há
contradição alguma e sim um elo dia-
Tético e profundo.
Os comunistas brasileiros expres
cear suas lutas e suas experiências e Zuleikn .-\lambevi saram bem essa colocação teórica
atualizar suas reivindicações dentro quando, em' sua Resolução para o
de um mundo em constante e rápida trabalho entre as mulheres (1979),
mutação. foram os primeiros a apresentar uma
Os anos passaram. Entre 1910- £.P'VE!VU":- c- ' !
solução global para a transformação
1980 as mulheres têm comemorado a WE^^^QME ^ÍSTI^^]'&^BLEGATE5.. da condição da mulher no Brasil.
data considerando sempre aquelas Numa primeira parle do documen
razões iniciais e os grandes aconte to — A luta pela Emancipação Com
cimentos que ■ se desenrolaram em pleta da Mulher — ressaltaram, de
cada período de sua longa trajetória um lado, o primado da solução da
de lutas, refletindo-se em suas vidas, contradição mulher-sociedade na con
em seus revezes e em suas conquis- quista da emancipação feminina; de
-tas. Isto é, o desenvolvimento do ca outro, deixaram claro, que isto só
pitalismo, o avanço das idéias mar não basta. À solução da contradição
xistas, a primeira revolução socialis mulher-sociedade deve se somar o
ta, duas guerras mundiais. São todos esforço para resolver a contradição,
estes acontecimentos que levaram as não antagônica homem-mulher atra
mulheres era massa para a produção vés da luta por uma relação igualitá
No Panamá, mulheres discutem a igualdade de direitos.
social como mão-de-obra barata, que ria entre os dois sexos.
demonstraram que a questão femini de Beauvoir elevou essa polêmica a tas, principalmente nos úlilmos anos, Numa segunda parte — A Luta
na é uma questão social, que criaram novas alturas e abriu campo à ação mantiveram-se cm posições unilate pela Igualdade dos Direitos da Mu
para a mulher as premissas de sua multifacética do movimento feminis rais, prejudicando- Com isso o desen
emancipação, que quebraram usos, lher — esclareceram que a luta pela
ta moderno. A tese fundamental de volvimento das lutas das mulheres
costumes, tradições e, conseqüente transformação da condição da mu
seu livro assim pode ser resumida: a por sua cmancipaçao.
lher deve* começar já, agora, dentro
mente, tabus e preconceitos de toda maioria das mulheres sempre esteve Mérito cabe a Palmíro Toglialtl, do sistema econômico-social em que
ordem; que contribuíram, enfim, para afastada da vida do mundo porque os dirigente do PCI, quando em 1945, vivemos, através da luta e da con
inseri-la no mundo do trabalho e na homens lhe recusaram as possibilida durante a Primeira Conferência da
quista de reformas era favor da igual
vida política das nações. des de uma existência autônoma. Mulher Comunista da Itália, unificou
Há algo, porém, que deve ser res
dade de direitos da mulher. E que
Praticamente, marxistas c feminis as duas meias' verdades, criando uma essa lula se faz de maneira autôno
saltado nas comemorações' havidas
ma e específica. Pois essa é a única
últimos 15 anos. Nesse período, em
forma das mulheres ganharem forças
cj/da ano que passou, as mulheres
para pressionar o conjunto do mo
foram ganhando consciência de algo
muito importante. Elas passaram a Querem tumultuar o III Congresso vimento democrático para que este
compreenda que a conquista da
compreender que, apesar do papel
significativo que já jogam no mundo Às vésperas da realização do 11! Con Considerando a diversidade das entida igualdade de direitos da mulher é
do trabalho e na vida política das
gresso da Mulher Paulista, verificamos que des que compõem a Coordenação, somente uma parte essencial e integrante da
os tumultos ocorridos nas comemorações a compreensão do caráter democrático do luta democrática no país, e com issò
nações, elas ainda continuam caren do 8 de março do ano passado vêm se re movimenio tem possibilitado que duas con
tes de direitos, marginalizadas no pelindo este ano de maneira ainda mais • possa encampar com vigor as reivin
cepções diferentes — que coexistem na III
seio da sociedade, ou nesta ocupando profunda, chegando ao ponto de ameaçar Coordenação — possam trabalhar unitaria- dicações particulares da mulher. Na
um lugar secundário. Continuam car o bom encaminhamento dos trabalhos como mente e buscar pontos comuns. Essas duas prática, isto significa reconhecer o
até mesmo a própria realização do Con correntes se diferenciam em alguns aspec movimento feminista como o melhor
regando em seus ombros o peso dc gresso. tos quanto à colocação do geral e do espe
discriminações seculares, mais velhas £ preciso, porém, entender o que existe cífico na luta da mulher. Embora reconhe
instrumento de reflexão e luta da
do que a propriedade privada c as por trás desses métodos de ação golpista cendo que existe uma opressão específica mulher sobre sua condição. Significa
sociedades classisias. E, ganhando c divisiontsia utilizados pelas mesmas mu real, uma delas entende que a grande maio encarar esse movimento como -uma
lheres que, no Congresso passado, usaram ria das mulheres ainda não despertou para tomada de consciência da mulher
consciência disso, automaticamente, e abusaram do nome do PMDB, de asso esse problema e que portanto sua mobili
reacenderam uma polêmica antiquís- ciações de bairro, estudantis e até mesmo zação deve sc voltar prioritariamente para
sobre sua exploração e opressão es
sima entre marxistas e feministas de sindicatos para tentarem instrumentali a luta geral em detrimento da específica, pecíficas e não como um movimento
acerca das origens da opressão da zar o Congresso. Essas mulheres — que sc como se ambas fossem cxcludentes. inventado por meia dijzia de burgue
identificam com as posições do jornal "Ho sas ou pequcno-burguesas desvaira
mulher e, conseqüentemente, sobre ra do Povo" nos seus ataques constantes A outra corrente, a feminista, considera
os caminhos e os instrumentos para à III Coordenação — usando uma vez mais que a lula- específica encontra eco em todas das. E, a partir desta nova compreen
sua emancipação. os mesmos métodos, se auto-Intitularam III as mulheres, porquanto a discriminação de são, dar a esse movimento todo o
Coordenação numa tentativa antidemocráti que ela é vítima na família, no trabalho e apoio prático e moral para qüe ele
Os marxistas, baseados na tese de na sociedade é justamente o maior entrave
ca de tirar a leglllmidade de quase oitenta penetre fundo no seio das organiza
Marx e Engels de que a mulher co entidades que fazem parte da atual coor para sua participação na luta geral.
meça a sofrer discriminações com o denação. Entretanto, como já afirmamos acima, a ções democráticas de todo o tipo. O
surgimento da propriedade privada e A total incompreensão do caráter demo compreensão de que o movimento de piu- fato de que o movimento feminista
Ihcres é amplo, democrático e autônomo real existente no país levante com
das sociedades classislas, defendem a crático do movimento de mulheres é o
tem possibilitado a convivência unitária
sustentáculo de suas atitudes. Daí para o ênfase maior a opressão da , mulher
idéia de que somente a revolução so total desrespeito às decisões tomadas de dessas duas correntes. Prova disso é o con
cialista abre as portas à emancipa mocraticamente nas várias assembléias já senso sobre os temas a serem debatidos no e subestime, èm certa medida, sua
ção feminina. As feministas, ao con realizadas foi apenas um passo. E isso foi Congresso, como, por exemplo, a discrimi exploração no trabalho e na família
trário, baseadas na idéia de que a ocorrendo sistematicamente era cada reu nação da mulher no trabalho; a luta pelas como tal, .só confirma uma coisa:
nião preparatória. creches; o problema do controle da. natali
discriminação da mulher já começa dade, a participação política da mulher. que muito ainda precisamos fazer
A busca do consenso, que vem norteando para que a mulher trabalhadora e a
na divisão natural do trabalho, afir a ^ão unitária da grande maioria das Portanto só podemos repudiar veemente
mam que a revolução socialista não entidades, não serve porém a seus intentos. mente essas atitudes autoritárias e antide dona-de-casa das camadas privilegia
é suficiente e» que a luta de classes Para elas é necessário a hegemonia, ainda mocráticas de mulheres que, em nome de das assumam nesse movimento o seu
não esgota a luta das mulheres que que a "ferro e fogo". Isso porque sua visão seus interesses políticos Imediatos, colocam papel e nele imprimam sua marca,
imedlatista concebe o Congresso como um em risco o avanço do movimento democrá isto sim, significa fazer avançar a
passa, também, pela luta dos sexos. fim em si e um ponto de chegada, num mo tico de mulheres, ignorando da maneira
E privilegiam esta. mento em que a continuidade do movimen mais obscurantista uma unidade que se for luta emancipadora da mulher. E esta
Com seu livro intitulado O Segun to exige que o Congresso seja um ponto de jou nas assembléias e no desejo majoritáfio é a melhor maneira de se comemorar
do Sexo, lançado em 1949. Símone partida para fazer avançar a luta da mulher da procura de um caminho comum. (Marise este 8 de março de 1981 que se apro
na conquista de seus direitos. Egger/Ruth Tegon). xima.

< mulher
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Lançamento da

voz
Que tipo d
"Voz" conta
com presença
de Oresdrio
^rda unidade
Março, 1980: no primeiro
Metalúrgicos unidos
defend»^ sindicato número, o compromisso
MIaIttra Mjuilil ata MUM a hUlMa

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política dos
\ (*ttSOlÜU K»lw
ootfljnffolc. K a
crise SC acrava
Ao completarmos 45 ed
VOZ
Wda unidade da Voz e esperamos
Após 43 números de lentas Começam a esquentar ativa dos amigos
mas constantes mudanças, Giocondo é
os motores do ABC! eleito novo na discussão franca i
uma capa mais livre secretário
e agressiva comunista essencial à consolic
■> • «wfn rn'iiMii ±a poj
mtiúdfn» r«iji
reflita os interesses c
Em primeiro lugar, porque se tra Pela revogação da LSN a eles reservado
Um ano de luta, tava de mudar conservando seu cará
ter de órgão de orientação, reflexão alternativa democrát
dificuldades e e debate, ou seja. de mudar lenta-
mente. Em segundo lugar, porque fo
ram muitas as dificuldades, muitos os o lançamento da Voz reuniu 8 mil pes
renovação preconceitos, muitas as tentativas de soas, e a festa programada para dezem
desgastar e incompatibilizar a redação bro e proibida pela Polícia FederaLreu
da Voz com o conjunto dos comunis hiria dezenas de milhares.
Os leitores, amigos e apoiadores da
Voz, que vêm acompanhando a traje
tória do jornal ao longo dc seus 05
tas. Alguns não pouparam esforços
para difundir uma imagem de "gru
po" fechado e elitista das editores.
Dentro de pouco mais de um mês a
Voz completará seu primeiro ano
Isto não quer dizer que não temos
deficiências e dificuldades: têmo-las, €
são muitas. Vendemos pouco, temos poU'
números e de quase um ano de exis- de vida. Còmo parte das comemo- COS assinantes. Sofremos os problemas
redatores e colaboradores do jornal, j-ações que já se preparam para assinalar comuns a toda a imprensa "naníca", par
tência, certamente notaram as altera
para espalhar a notícia de que a Voz esse aniversário — importante, nas difí ticularmente as seqüelas óos atentados
ções de ordem gráfica e editorial das
fugia da orientação política dos co ceis condições em que combatem os co contra as bancas de jornais, o retraimen
duas últimas semanas. Muitos prova
munistas, desligava-se dos movimen munistas e os democratas brasileiros — to de distribuidores e jornaleiros. Mas
velmente se interrogaram: a que se
tos sociais e atrapalhava a própria estamos abrindo um debate com os cola preciso destacar o principal: e o princi
devem as mudanças?
atividade dos comunistas! Outros, cer boradores, os amigos e os leitores do jor pai é que resistimos, circulamos nacio
A discussão a respeito precisa ser tamente hostis ao caráter crítico e in- nal sobre seus acertos, seus erros e as naimente, e temos todas as condições pa
feita com base no próprio caráter da dagalivo do jornal, fecharam-se em transformações nele recentemente intro ra avançar^ daqui para'a frente.

Abrimos o debate na melhor tradi No debate agora aberto não podi


Voz e na sua experiência deste primei copas. Uns e outros esqueceram-se de duzidas pela redação.
ro ano. Ou seja, devemos começar analisar os números e o significado
lembrando que a Voz surgiu com um mesmo da Voz. (Ver box ao lado). faltar a defesa de um aspectc
projeto explicito e jamais ocultado: ser ção leninista: polemizando franca essencial da Voz: sua característi
um fator de organização, dinamizaçõo Mas a Voz sobreviveu e agora se mente com as opiniões que julga ca de semanário destinado aos ativista:
e renovação da atividade dos comu apresenta de cara nova. mos errôneas, com as críticas que consi do mpvimento democrático, operário t
nistas brasileiros, ser um instrumento deramos descabidas e injustas. As outras, de massas, e não à ficção vulgai;menti
de sua ação política e cultural e de Com o novo desenho da capa, ela aquelas que a prática e os argumentos dos chamada "o leitor médio". Disso decor
busca a alegria, a força das manche companheiros demonstraram serem fun de que a Voz, preocupada com a elevaçãt
divulgação de sua política. Nesta me
dida, a Voz veio para unir, para orien tes, a liberdade para a criação, uma damentadas e corretas, estamos nos es do nível de compreensão (e portanto d
tar e para estabelecer vínculos firmes melhor apresentação do conteúdo de forçando para, concretamente, em cada intervenção prática) desses ativistas, devi
entre os comunistas e o conjunto da cada número. Desaparecendo da nova edição que sai às ruas, atender e incor ajudá-los a "ajuizar de modo sistemátici
sociedade brasileira. Surgiu para ser capa, o Editorial passou a compor, porar à feição do jornal, que vem mu e cotidiano todos os aspectos de noss;
um órgão nacional, uma instância de com um artigo de fundo, a terceira pâ- dando. vida i)olítica, todas as tentativas de proi
reflexão, de diálogo, de pesquisa e de
crítica.
gim da Voz. Com isto, pretende-se
organizar de forma mais nítida a parte
opimtiva do jornal. A seção Opinião,
Vamos começar afirmando que a Voz
é uma iniciativa vitoriosa: chega
testo e de luta das distintas classes í
pelos mais diversos motivos" (Lênin
Prólogo do Que Fazer?).
Buscando a renovação audaciosa e
permanente da política e'do movimen
to comunista, a \cyi mo poderia re
assim, estará reservada à manifestação
dos dirigentes comunistas, aos níveis
estaduais e nacioml.
mos ao n." 45, circulamos em todo
país. Os que diziam que não havia con
dições para publicar, no Brasil, um jornal
Alguns companheiros criticam a Vo:
por ser um jornal "literário de
trair-se à sua própria renovação. Pro dos comunistas, devem rever suas profe mais", "teórico", e lhe opõem
curou organizar-se para tanto. Através Pretendemos ainda organizar me cias — entre eles o camarada Prestes. modelo de outros periódicos, como "Hor
de diversas reuniões locais, munici lhor as páginas dedicadas ao sindica Quem apostou.no sentido principal das do Povo" ou "Tribuna da .Luta Operí
pais, estaduais e nacionais, buscou lismo, abrindo nelas colunas para re transformações da situação política em ria", onde predominam "notícias curtas'
abrir-se para as muitas sugestões e gistro e informações e uma seção de direção à ampliação do espaço democrá com o uso de manchetes berrantes e lí
contribuições feitas. Nem sempre teve Opinião Sindical, organizada nos mes tico, como nós, ganhou a parada. Tam tras bem grandes. Não aceitamos ess
sucesso neste terreno, nem sempre mos moldes da página três. Desta for bém erraram õs que não acreditavam na crítica. De novo com Lênin, "desejaria
conseguiu mudar na velocidade e na ma, a Voz poderá avançar rumo ao capacidade de mobilização dos comunis mos destacar especialmente nossa opq
direção que muitos pretendiam. aperfeiçoamento constante. tas e dos democratas mais conseqüentes, sição a um plano que pretende que j
depois de tanta perseguição e sangria: periódico operário inclua em suas págj

V.
c
De 13/02 a 19/02 de 1981

lativa facilidade, entendain, e possam dis


cutir e aproveitar na ação prática. Por
O modo incisivo que empregamos
na defesa das linhas essenciais
isso mesmo temos introduzido modifica do projeto de nosso jornal signi

imprensa ções no texto das matérias, temos dis


cutido com nossos colaboradores, solici
tado às vezes mudançías no modo de
exprimirem suas idéias. Nada disso, en
tretanto, deve ser confundido com a pro
fica apenas que continuamos convenci
dos de sua justeza. Isso não significa que,
após um debate rico, não possamos ser
convencidos do contrário. Mas até para
enriquecer este debate, é necessário expor
posta — que julgamos descabida — de com toda clareza nosso ponto de vista.
rebaixarmos a linguagem e o aspecto da
Estamos certos que nab será a utili-'
serve à Voz ao nível dc embrutecimento a que,
infelizmente, o atraso e a miséria do país
c -a ação das classes dominantes reduzi
ram algumas camadas dc nosso povo.
Não é porque alguns jornais ila grande
zação de abundantes citações que
resolverá nossas discussões, numa
ou noutra direção. Se recorremos larga
mente a Lênin neste texto, o fizemos para
imprensa alcançam grandes tiragens ex deixar claro que não estamos propondo

comunistas? plorando o crime, o sexo e o futebol, nenhuma heresia, mas que nossas idéias
utilizando frases curtas, raras idéias c encontram amparo na mais indiscutida
outros expedientes "para não cansar o tradição do movimento operário revolu
leitor", que vamos seguir um caminho cionário. Assim, o debate poderá, quem
sequer aproximado. Nossa função,- nos sabe, deixar de utilizar etiquetas e pe
sa tarefa, é outra: ajudar a educar, a chas, e se concentrar no exame de nossa
elevar o entendimento dos que lidam'di experiência concreta.
retamente com as grandes massas do po
es, iniciamos um balanço A quem btenssa
intrigv (K vo, exatamente para interessar aquelas
comnoistas com
camadas, hoje leitoras- apenas dos escân
ntar com a participação LulieoPT?

dalos que alimentam a "imprensa mar Participaram da elaboração dos


rom", cm outro tipo' do problemas. Po textos: Marco Aurélio Nogueira,
leitores. Acreditamos de-se, em tese, pensar num jornal "for
malmente escandaloso" que veicule Idéias David Capistrano Filho, Ruth Tegoii,
'raternal como condição avançadas. Mas esse não é, simplesmente, Cláudio Guedes, Pedro Célio e Rei-
naldo Belintani.
:ão de um jornal que o projeto da Voz.

comunistas e o espaço
da Voz (68 no total), cerca de 24 se
construção de uma Voz ampliou referem aos países socialistas e ao so
cialismo.
à sociedade brasileira
'tome espaço político As matérias de páginas centrais pro
curaram se posicionar de forma equili
brada frente aos grandes problemas
nas, exclusivamente, aquilo que de ma
neira imediata e direta diz respeito ao esmm dos comunistas nacionais tanto de ordem política co
mo social e cultural como, por exem
movimento operário espontâneo, deixan
do tudo o que se relaciona com a teoria
do socialismo, com a ciência, com a po
AFESmVHiaWGOIR/ Uma análise quantitativa dos 45
plo, a questão da legalidade do PCB,
a Constituinte, o repúdio ao terroris
lítica, com os problemas dc organização ainda, é indispensável, uma polêmica números da Voz revela dados que che mo, entre outros. A violência urbana,
do partido, etc,, ao órgão destinado aos franca diante de todos os social-dcmocra- gam a pegar de surpresa até mesmo a questão da terra, a reforma agrária,
intelectuais. Pelo contrário, é indispen tas russos e diante de todos os operários a equipe que q cada semana se reúne a energia nuclear e os movimentos co
sável unir todos os fatos concretos e to conscientes, para elucidar a verdadeira para mais uma edição do jonnil. Na munitários também foram comentados
das as manifestações do movimento ope profundidade das divergências existentes, da menos do que 6/6 pessoas passa em nossas páginas centrais.
rário Gom os problemas citados; é indis para discutir os problemas em litígio cm ram. ao largo desses onze meses de O sindicalismo urbano, em especial
pensável aclarar, através da teoria, cada todos os seus aspectos, para lutar contra existência, pelas páginas da Voz. Fo o da região do ABC paulista, mere
fato particular (...)" ("Projeto de de os extremismos em que inevitavelmente ram 159 cartas de leitores; assinaram ceu destaque em três páginas centrais
claração da redação de Iskra e Zariá", caem os representantes de diferentes opi matérias 174 pessoas; 255 foram en através dc entrevistas com dirigentes
publicada em Temas n." 5). Defendemos, niões. de diferentes regiões, ou de dife trevistadas c constam do expediente comunistas e com lideranças sindicais
portanto, a informação comentada, ana- rentes "profissões" do movimento revo cerca de 50 pessoas. da região e de matérias opinativas so
lizada, discutida, em lugar dessa ficção lucionário. Consideramos como uma das Este fato ó realmente auspicioso. bre as campanhas salariais.
burguesa chamada "informação pura", lacunas do movimento atual, a ausência Ainda mais se levarmos em considera A Festa da Voz, proibida arbitra
ou "neutra" ou "objetiva". Essa, os lei de uma polêmica franca entre os pontos ção que sempre jogamos na capaci riamente pela policia às vésperas de
tores devem encoQtrâr nos diários^ nos de vista notoriamente divergentes, isto c, dade que teria a Voz de ampliar o sua realização, ocupou de forma ale
grandes semanários, que a Voz não pode o esforço para dissimular os desacordos espaço político para a ação dos comu gre, contagiante e mobilizadora qua
e não pretende de forma alguma substi no tocante a ques.tões essenciais". nistas. tro páginas centrais do jornal.
tuir.
Sobre as 656 páginas impressas As entrevistas com destacadas figu
Também não concordamos com os Julgamos, nós da Voz, que não será
que afirmam que a Voz não orienta
— sem computar a primeira e a pági
na 2 (cartas dos leitores), 75% do es
ras do mundo político e cultural evi
denciam nosso empenho em abrir nos
dificultando o debate sobre temas
devidamente os ativistas, especial paço foi ocupado por grandes edito- sas páginas à personalidades democrá
controversos, e muito menos fingin rias: política, economia, movimento ticas de relevo no pais e em lutar con
mente os comunistas, porque abre suas
do uma unanimidade inexistente, que
páginas para o debate de diferentes opi ajudaremos os democratas, e particular
sindical, comunistas, cultura e inter tra qualquer tendência isolacionista.
niões sobre ass'untos polêmicos. É em mente os comunistas, a superarem os pro
nacional. As matérias com Almino Afonso, Al-
Lênin que, outra vez, nos apoiamos pa blemas que os afligem. A firmeza e a
Os assuntos de política nacional mir Pazzianotto, Raymundo Faoro,
ra sustentar nosso ponto de vista, de ganharam 109 páginas. A economia, Seabra Fagundes, Modesto da Silvei
unidade na ação são filhas da clareza e
monstrando que ele tem tradição no mo que consideramos ainda uma editaria ra, Caetano Veloso, Lauro César Mu-
vimento comunista. No mesmo texto cita netas da discussão. Temos certeza de que, niz, Adélia Prado, Dias Gomes, entre
se tivessem de se defrontar com uma es
débil no jornal, ocupou cerca de 56
do no parágrafo anterior, Lênin diz que pécie de "diário oficial", os leitores da páginas, o movimento sindical urba muitos outros, comprovam o nosso
"tampouco nos ocorre negar as divergên Vez protestariam com bem maior vigor. no e rural foi contemplado com 95 esforço.
cias existentes, nem dissimulá-las ou con páginas. Quanto aos comunistas, na Decididamente, os dados são cla
fundi-las. Pelo contrário, queremos que da menos de 76 páginas apresentaram ros. O jornal dos comunistas vem mos
nossos órgãos sejam órgãos de discussão
de todos os problemas para todos os so-
Por'último, queremos enfrentar o
problema da "linguagem" do jor
entrevistas (com cerca de 24 declara trando desde o seu primeiro número,
ções de dirigentes comunistas), conta : apesar de todas as dificuldades, a ca
cial-democratas russos que tenham pontos nal, tantas vezes mencionado em ram passagens de nossa história, re pacidade de tratar de forma concreta
de vista dos mais diversos matizes. Não tantas reuniões a que temos sido convi lembraram alguns valorosos comba da unidade, ação e organização dos
só não rechaçamos a polêmica entre ca dados a comparecer. Compreendemos tentes das lutas populares e discuti comunistas brasileiros de forma a ligá-
maradas nas páginas de nossos órgãos co- perfeitamente a necessidade de produzir ram questões ligadas à luta pelo so los cada vez mais à realidade das lutas
mo,ao contrário, estamos dispostos a dar- um jornal que a grande maioria, senão cialismo. Nas página^ internacionais democráticas de todo o nosso povo.
lhes o maior espaço. Ê de desejar, mais à totalidade dos ativistas leiam com re

INSA
> j
De 13/02 a 19/02 de 1981

Em Osasco, cofirmada a Chapa 1


Encerradas as apurações do segundo escrutínio

Lançada campanha nas eleições ao Sindicato dos Metalúrgicos de


Osasco, confirmou-se a vitória da Chapa 1, lide
rada por Anfonio Toschi, que aumentou a dife
rença sobre a Chapa 2 de 1561 votos, obtidos na

para mudar lei primeira votação, para 2127 votos.


Em seguida à divulgação dos resultados, Antô
nio Toschi divulgou nota em nome da nova dire
toria aos metalúrgicos da região, dizendo que
"nosso compromisso foi, é c será com a luta dos

salarial no país trabalhadores que não podem aceitar esse capita


lismo selvagem que quer nos esmagar. Nosso com
promisso foi, é e será com a luta pela verdadeira
liberdade e autonomia dos sindicatos". Toschi
coloca comò compromisso de honra a luta pela
Central Única dos Trabalhadores, assinalando que
Foi lançada no último dia 06 a mos: "objetivamente, são as es só unidos os' trabalhadores poderão enfrentar c
Campanha Nacional de Reformula tatais que se mostram mais intran vencer as dificuldades que virão nos próximos
sigentes na negociação dos salá anos. A nota termina conclamando a unidade de
ção da Política Salarial do Gover todos os metalúrgicos para o fortalecimento do
no em reunião no Sindicato dos rios. Essa intransigência é extre Sindicato, como órgão de classe e afirmando: "não
Engenheiros do Estado de São mamente prejudicial às empresas, há mais Chapa 1. Esperamos que não haja mais
Paulo, que contou com a partici pois seus melhores técnicos irão acrescenta que o funcionalismo Chapa 2".
pação de cerca de 90 representan virtualmente buscar melhores con público além de ser "uma das Quanto aos incidentes verificados durante a
tes de Federações, Sindicatos e dições de trabalho em empresas mais desfavorecidas categorias de eleição, com acusações de tentativa de fraude so
trabalhadores ainda vê cerceada bre o atual presidente Henos Amorina (que
Associações de diversas categorias privadas, com o agravante maior apoiou a Chapa 2), que encomendou sigilosamen-
de profissionais de nível superior de que essas empresas privadas toda uma série de direitos, como
te oito urnas especiais, a justificativa foi triste:
vindos de vários pontos do país. são em sua maioria multinacio o de sindicalizar-se, por obra ex os envolvidos afirmaram serem as urnas para o
A campanha visa diretamente a nais". clusiva de pressões e arbitrarieda Sindicato dos Bancários.
revogação do artigo 13 do Decre Da mesma forma, Carlos Fal- des dos patrões". Helena conside
kenberg, presidente da Federação ra também que, desde a classifi Médicos/SP formam chapa única
to-lei 1.820/80, que impede a
dos Contabilistas do Rio Grande cação de cargos até o piso sala Após demorado processo de discussão entre
aplicação de salário mínimo pro as forças atuantes no movimento médico, foi
fissional aos servidores públicos, do Sul, e integrante da chapa úni rial. as mulheres sofrem "uma dis lançada a chapa única para as próximas eleições
e também da Lei 6.886, que im ca que irá concorrer às eleições criminação velada, fruto da des sindicais da categoria cm São Paulo, a serem
pingiu uma nova tabela de reajus para a Confederação Nacional das valorização do trabalho feminino", iniciadas dia 27 de março. O dr. Hélio Fiszbejn,
tes salariais para os profissionais Profissões Liberais, apóia o mo e diz que isso faz com que "mu atual secretário do Sindicato, encabeça a chapa,
lheres com a mesma carga horá que segundo Agrimercn Cavalcanti (atual presi
que. ganham acima de 10 salários vimento ampla, geral e irrestrila- dente c também integrante da composição) tem
mínimos. Além dessas medidas, o raente. Para ele, "trata-se de um ria tenham um piso salarial de até por lema "renovação e unidade".
movimento reivindica principal autêntico movimento popular, pois cinco vezes menos em relação ao Ao anunciarem a chapa, todos os seu compo
mente o estabelecimento de rea a aspiração das bases se reflete do homem". nentes enfatizaram o procedimento democrático
De uma maneira geral, as ca que vigorou para sua formação e para definição
justes trimestrais, estendendo-os nas entidades de classe aqui pre do programa. A atuação da futura diretoria deverá'
aos servidores públicos, e à fisca sentes em todos os níveis, de pri tegorias envolvidas na campanha ter por referencia a categoria, com a qual sc pre
lização e cobrança da vigência dos meira, segunda .e terceira catego têm grande esperança de ver con tende debater e aprofundar as questões de interes
salários mínimos profissionais atra rias." Falkenberg também prevê firmadas suas expectativas rei- se dos médicos especificamente e deles enquanto
vés dos Conselhos Federais e Re um retraimento da economia cau vindicativas e, para tanto, prepa participantes da sociedade, como o Prev-Saúde, a
campanha nacional pela alteração da política
gionais. sado essencialmente pelo "poder ram grupos de pressão junto ao salarial e a luta pela Constituinte.
Analisando a reunião, Jorge de compra solapado pela nova lei Legislativo e ao Executivo. Com
Bittar, presidente do Sindicato dos de salários da grande classe mé uma coordenação nacional preten- Ciclo de debates em Santos
Engenheiros áo Rio de Janeiro, dia, o que acarretará um cada :dem manter todo um cronograma o Movimento de Cultura Popular, de Santos,
considera que "a situação da po vez mais baixo consumo dos pro no sentido de conservar a mobili e o jornal nacional Correio Sindical de Unidade,
zação das entidades, através de editado em São Paulo, estão promovendo naquela
lítica salarial merece uma resposta dutos manufaturados pela indús cidade do litoral paulista um ciclo de debates
nacional dos agora profissionais tria, sem dúvida nenhuma". reuniões em todos os Estados no sobre as questões que mais afligem os trabalha
assalariados, assumindo portanto A situação do funcionalismo dia 09/02, assembléias para tira dores.
uma importância muito grande a público está igualmente violenta da de manifestos no dia 25/02, No dia 7 passado, no Sindicato dos Meta
lúrgicos dc Santos, à Av. Ana Costa, 55, o tema
organização dessa campanha", e da -pelas determinações dessa es- entrega dos manifestos às autori discutido foi: "A Nova Lei Salarial e os Lucros
aponta um grave problema no es garçante política salarial. Partindo dades e à imprensa no dia 25/02, dos Patrões". Participaram dos debates trabalha
quema de negociação direta pa- desse princípio. Helena Martins, e finalmente, um dia de protesto dores metalúrgicos, gráficos, padeiros, estivadores,
trão-empregado para os que ga vice-presidente do Sindicato dos nacional em 1.° de Abril. (Nílton marítimos, petroleiros e trabalhadores no comer
cio de petróleo, chegando à conclusão dc que a
nhara acima de 20 salários míni Psicólogos do Rio de Janeiro, Horita). nova -política salarial em nada beneficia a grande
maioria dos trabalhadores c que os empre
sários são os principais beneficiários da nova
legislação, Como não poderia deixar de ser, grande
parle da discussão girou em torno da atual
campanha salarial dos metalúrgicos da Cosipa,
Sindicatos se omitem diante cuja data-base é l.° de março.
O ciclo de debates prosseguirá nos dias^ 14 e
21 do corrente, no mesmo local, sempre às 10
horas, porem sobre os temas: "O Prev-Saúde e o
de demissões em Manaus Movimento Sindical" c "Democracia c Estrutura
Sindical", sob a cordenação, respectivamente, dos
drs. Aníbal Fernandes e Herval Pina (dia 14) e
MANAUS {Do correspondente) Imposto sobre Operação Finan linhas de produção e dois mil ope do ex-deputado Alberto Marcelo Gato (dia 21).
— Milhares de operários foram ceira (lOF) para a Zona Franca. rários ficaram desempregados. A Operários conquistam aumentos
demitidos das indústrias da Zona Essa facilidade vem se somar aos Sharp do Brasil S.A. demitiu mil e
Franca de Manaus, que agora incentivos já dados às multinacio ameaça demitir mais. Enquanto CAMPO GRANDE — Após a maior mobiliza
apresenta uma das maiores taxas nais com recursos do próprio povo ção realizada nos últimos 16 anos, os operários da
isso, o Sindicato dos Trabalhado construção civil de Campo Grande conseguiram
de desemprego do país, Em prin- brasileiro, sendo elas isentas do Im res Metalúrgicos e em Material Elé- expressiva vitória nas negociações coletivas do
cípioí as indústrias eletrônicas posto de Renda, além de restituí- trico-Eletrônico de Manaus conti último mês. Entre a sconquistas salariais, a
diziam que era apenas uma ques rem totalmente o ICM. E mais: as nua a ignorar as demissões em considerada principal pela categoria foi o estabe
tão de falta de mercado para os fábricas que funcionam em Ma massa e diz que apenas 60 operá lecimento do piso, que antes não existia em
Campo Grande: CrS 7.200,00 para os serventes,
artigos produzidos na Zona Fran naus vieram flutuando das águas rios foram demitidos até agora. CrS 8.400,00 para os meio-oficials e CrS 10.560,00
ca. Os jornais de Manaus espe da Europa e dos Estados Unidos, Pior posicionamento teve a Fede para os profissionais.
cularam inclusive uma rotativida podendo voltar da mesma forma" ração dos Trabalhadores nas Indús Para o presidente. do Sindicato, Euciides
de da mão-de-obra. Mas não. Na ameaçam constantemente os trias do Amazonas (reúne mais de Bezerra, outro ponto vitorioso na campanha foi
verdade tratava-se de um golpe gringos. o aumento da síndicalização, que dobrou cm rela
50 sindicatos), que além de tachar ção ao número de associados que havia antes das
das multinacionais, utilizando a as demissões de "invenção da im primeiras assembléias, atingindo hoje 530 operá
demissão de milhares de trabalha Somente a indústria de televiso prensa", ainda anunciou que apoia rios filiados ao Sindicato.
dores para conseguir a isenção do res CCE desativou três galpões com rá o PDS nas eleições de 82.

C SINDICAL
De 13/02 a 19/02 de 1981

Metroviários em campanha
Os metroviários de São Paulo prosseguem as
movimenuições para a campanha salarial de 81,
Preparação da Conclat deve
cuja daia-base é 1." de março. Nas duas assem»
bléias realizadas na sede da Associação Profissio
nal dos Empregados cm Empresas de Transporte
Metroviários, foram definidas as principais reivin
promover participação das bases
dicações: aumento salarial em sobre os índi
ces do INPC, igual para todos os funcionários, Sindicalistas de todo o país se zação. Inicialmente prevista para
sem escalonamento; establidade no emprego; 14.^ reunirão no próximo dia 15 em São meados de 81, os primeiros passos
salário, a título de gratificação de férias; e aumen Bernardo do Campo, após partici de encaminhamento da Conclat de
to por qüinqüênio.
Passados três anos de sua formação, só recen
parem do ato de solidariedade aos monstraram o profundo anseio dos
temente a Associação dos Metroviários obteve 13 dirigentes sindicais ameaçados trabalhadores em promover a uni
refpstro como associação profissional e nesta cam de enquadramento na Lei de Segu dade de suas reivindicações e lutas
panha seus dirigentes ampliam as discussMs entre rança Nacional. A reunião, convo nos diversos níveis de sua repre
os representados, no sentido de transformá-la em sentação. E,em muitos casos, senão
sindicato. Atualmente cerca de 4 mil trabalhado
cada pela coordenação nacional da
res formam a categoria, sendo que destes, 2.700 Unidade Sindical, discutirá os as na maioria, o principal fator que
são associados à entidade. pectos arbitrários da LSN e as for obrigou a aumentar o espaço de
mas de eliminar suas Ingerências preparação, foi .a real distância
Luta contra fraude vai ao PMDB coercitivas no movimento dos tra existente-entre as direções sindicais
balhadores, bem como sua perma e suas bases.
o Movimento de Renovação Sindical dos me*
taliírgícos de São Caetano do Sul continua a con nente ameaça às conquistas demo Não se pode pretender uma
tatar entidades e personalidades dos setores de cráticas efetivadas no país. Além Conclat de cúpula,, sem ativa par
mocráticos, no sentido de denunciar a situação desse ponto, o encontro tem por ticipação das bases. Precedendo à
vivida por seu Sindicato e de ganhar a solidarie realização da Conferência, um vas
dade da opinião pública para o processo de anu objetivo adiantar os debates com
lação das últimas eleições sindicais que tramita vistas à preparação da I Conferên to programa de reuniões e debates
na Justiça do Trabalho. cia Nacional das Classes Trabalha deve ser elaborado pela coordena
Nesta quinta-feira, comissões do movimento doras (Conclat). ção responsável, que conduza à
liderado por Frei Chico encontram-se com a dire
ção estadual do PMDB e, em companhia do pre
Sem dúvida, o acontecimento em participação dinâmica dos trabalha
sidente da Comissão de justiça e Paz, José Gre- São Bernardo pode ser extrema dores nas fábricas, nos sindicatos e
gori, comparecem à Delegacia Regional do Tra mente vantajoso para que as prin nas demais instâncias do movimen
balho. Nas duas oportunidades apresentam a Carta cipais lideranças de diversas cate nuação da campanha contra as in to sindical, mesmo se conhecendo
aos Representantes do Povo Brasileiro, onde des
crevem as atitudes contrárias à categoria, inclusive
gorias vindas dos vários Estados tervenções nos sindicatos conduzi as limitações advindas da legisla
a fraude eleitoral do presidente ]oão Lins. que aprofundem o entendimento da im rão a isso. E será inevitável que os ção em vigor.
ilicitamente permanece na direção do Sindicato. portância da unificação nacional debates analisem o momento de Até o momento,.apenas no Rio
Às vésperas da campanha salarial do ABC, a dos trabalhadores. Evidentemente, crise econômica, cujos efeitos con Grande do Sul os sindicalistas to
diretoria do Sindicato nada fez para preparar os a situação concreta em meio à qual
trabalhadores, sendo que as iniciativas para isso tinuarão a atingir diretamente os maram iniciativas orgânicas neste
estão sendo encaminhadas pelo Movimento de se reunirão forçará o amadureci trabalhadores através do desempre scnti-do.-Várias categorias iniciaram
Renovação, com muitas dificuldades, por estarem mento de reflexões sobre os víncu go, achatamento salarial etc. caso preparativos para um encontro dos
fora do Sindicato. A expectativa de Frei Chico los inseparáveis que condicionam a estes não articulem formas de in sindicatos do Estado para os dias
e seus companheiros é de que a Justiça apresse
uma resposta e regularize legalmente a situação, conquista de bandeiras imprescinr tervenção unificada para sua supe 24. 25 e 26 de abril, de onde espe
pelo menos até o dia cinco de março, data pre díveis ao movimento sindical c ao ração. ram formular sugestões de regimen
vista para a posse da nova diretoria, obrigando a estabelecimento de um regime de Pôr outro lado. a discussão so tos e de temário, de maneira a pre
convocação de novas eleições. mocrático no Brasil. A própria dis bre a realização da Conclat deverá parar democraticamente a I Con
cussão do julgamento dos membros levar à conclusão de que Se impõe clat, como passo seguro e unitário
Ato centra aumento nos ônibus das diretorias depostas de São Ber um -intenso debate nas bases, nas rumo à criação da Central Única
nardo c de Santo AnUrc e a conti suas elapas preliminares de organi düs Trabalhadores.
Maú de três mi! pessoas realizaram dia 5 pas
sado eni Matai grande manifestação contra o
aamento das tarifas dos ônibus urbanos. O ato
foi organizado pelo Comitê em Defesa das Me
lhorias do Transporte Urbano de Natal, que con geográfica, abrangendo os trabalhadores
grega conselhos comunitários de bairros da Capi de todas as empresas dessa área que
tal, o DCE da UFRN, Centro de Defesa dos Di-
reittM Humanos e representantes dos partidos
políticos oposicionistas. Àlém da manutenção nos
A estrutura sindical empreguem ou utilizem trabalhadores
dc tal categoria. Ao contrário seria a-
organização"segundo o princípio da plu
preços das passagens de ônibus, as entidades rei ralidade sindicai — que permite a exis
vindicam melhoria nas condições do transporte
tirbano, a retirada do aro das roletas e o controle
do limite máximo de passageiros nos veículos que
servem a população.
do pais tência, na mesma área geográfica e den
tro da mesma empresa, segundo a orien
tação política, filosófica ou religiosa que
adote, como ocorre na Europa. Mas, se
Antes do ato público, o Comitê entregou ao Do ponto dc vista filosófico, a atual Urge, porém, modificar a aluai estru gundo os critérios norte-americanos,
prefeito de Natal, fosé Agrípino Maia, um abaixo- estrutura sindical brasileira baseia-se na tura no sentido da sua indcpeiidcncía classificam-se como unitários os sindica
assinado com 28 mil assinaturas, solicitando solu doutrina da paz social, isto c: no desen do aparelho dc Estado, para garantir a tos organizados por ramos industriais e
ções concretas para os problemas do transporte volvimento harmônico da sociedade. liberdade c autonomia sindlciiis — sem como plurialistas aqueles organizados
coletivo, para o qual aguardam resposta. Isto, porém, c uma utopia na sociedade o que, elas não existem. por categoria profissional isolada. É
dividida cm classes sociais antagônicas. Sc analisarmos, porém, os sindicatos preciso dizer que defendemos os prin
Entretanto, as classes dominantes esfor de trabalhadores do ponto dc vista
Munícipários/RS querem Conclat çam-se por essa "harmonia" para me ideológico, verificaremos que eles nada
cípios de organização da unidade sindi
cal e combatemos a pluralidade, tanto
lhor poderem explorar a classe trabalha- tem dc corporativislas (no estrito sentido pelo critério europeu como pelo norte-
Pelotas/RS (Do correspondente) — fosé Daltro dora. Neste sentido, atrelam, através dc H filosófico), isto é: eles não congregam americano.
da Silva é o novo presidente da Associação dos legrsiação específica, os sindicatos ao indivíduos de classes antagônicas, nem Do ponto de vista das categorias de
Municipáríos de Pelotas (AMP). Ele e seus com aparelho dc Estado, ora considerando-os defendem os interesses das que lhes são trabalhadores que congregam, o exem
panheiros de diretoria — professora lone Antonini orgaos dc colaboração, ora intervindo adversas. Neste caso. pode-se afirmar plo mais progressista é o dos metalúrgi
(yl^presideote), Paulo Brum Ferreira (I.* secre na sua administração c até destituindo que a forma não corresponde ao conteú cos brasileiros — que reúne várias cate
tário), Luiz Carlos Xavier Volcan (2.* secretário), a diretoria eleita pelos seus associados. do. Exemplo disso são as greves e a gorias de trabalhadores de diversos ra
professora Maria Cecília Hipólito (I.* tesoureiro) Alem disso existe a Justiça do Trabalho conseqüente repressão salarial. Tanto mos industriais, representados por di
e Ângelo MarcÜio Filho {2.® tesoureiro); inte — órgão dc Estado ao qual também se uma como a outra são atitudes políticas versos sindicatos patronais diferentes.
grando a chapa de oposição, pregaram a unidade Iigarn os sindicatos — c que se destina e caracterizam posições de classe incon Segundo a base territorial, os' mais
era toda a campanha c venceram o pleito à base a minimizar os choques resultantes das ciliáveis. avançados são os sindicatos de âmbito
de cinco votos por um contra a chapa situacit^ contradições da sociedade, desviando a Do ponto de vista orgânico, podemos nacional.
nista, Durante a campanha c depois de eleitos, os luta de classes — o que nem sempre distinguir os sindicatos principalmente Já no que diz respeito às relações de
novos dirigentes elevaram o número de associados consegue, quando, então, as classes do segundo os princípios da unidade ou da .produção, os mais importantes são os
. ® pretendem, rapidamente, minantes apelam para a violenta repres pluralidade em matéria de organização que filiam trabalhadores assalariados,
atingtr dois mil, prosseguindo, segundo as palavras são policial, em defesa dos seus inte sindical. Além destas duas grandes com ou sem vínculo empregatício.
de fose Daltro da Silva, até associar os 4.800 resses de classe, c, aí, se anula a doutri opções, distinguem-se, ainda, segundo as
funcionários da Prefeitura de Pelotas.
E, no que concerne à tática de luta,
na da paz social. categorias de trabalhadores que congre têm importância fundamental aqueles
^ programa da chapa vencedora constam, Em verdade, os sindicatos de traba guem, segundo a_sua base territorial e sindicatos que associam trabalhadores
lhadores foram criações dos próprios segundo as relações de produção a que de setores cuja paralisação pode provo-"
SwoT mi..?."" semesIraB, 15.- salário,melhores
^«nos, re.|u51« eslabi- trabalhadores para se defenderem . da estão sujeitos 03 seus filiados. Em nosso car a interrupção da cacieia de produção
eoprego. sindicalização aos tuncionários exploração capitalista. Por isso, e ainda país, os sindicatos são organizados se que envolve uma série de atividades
públicos e autonomia das entidades de classe. que a atual estrutura dificulte as suas gundo o princípio da unidade sindical, produtivas e improdutivas de vários ra
lutas, elas são travadas assim mesmo e isto é: um único sindicato por categoria mos da economia,|(EmíÍio Bonfante De-
muitas vezes vitoriosas. profissional, numa determinada área niarls)

C SINDICAL
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De 13/02 a 19/02 de 1981

setoriais e locais — que têm carac


terísticas próprias e que, no estágio
Docentes universitários atual, são as que possuem até agor^
efetivo poder de mobilização.
Nesta medida, coloca-se para
Congresso, como tarefa fundamental,
o

se reúnem em Campinas a assimilação crítica da atuação da


Coordenação Nacional, principalmen
te durante a greve de novembro/de-
zembro de 80, onde seus pontos fra
cos fc fortes puderam se manifestar
que a delegação baiana apresentará com maior intensidade. Em outros
Entidade nacional é necessária e decisiva. sua proposta ao Congresso Nacional termos, como diz documento da-
das ADs. Em linhas gerais, ela pro APUB,"a questão da organização da
3Ias deve nascer de uma ampla discussão junto porá não a criação imediata de uma
classe em escala nacional tem que
entidade nacional estruturada por in
às bases dos professores e de uma análise teiro e estatutariamcnte definida,
sair de uma crítica da conjuntura",
isto é, de uma análise política da
mas o aprofundamento, junto aos do
política de seu movimento e de suas lutas centes, dá discussão sobre a forma,
luta que foi desenvolvida até agora,
da força, das fraquezas e'limitações
a natureza e a competência de uma do movimento dos docentes.
entidade nacional de docentes univer
Júlio Augusto sitários. Outro aspecto a ser cuidadosamen
Entre os dias 15 e 20 de fevereiro, Pessoa, fevereiro de 1980) e no Rio
te considerado diz respeito à diver
Tal. postura — é importante frisar sidade funcional dos docentes uni
na cidade paulista de Campinas, re de Janeiro (era julho de 1980).
presentantes dos docentes universitá — não faz qualquer concessão a po versitários e à heterogeneidade das
Fator decisivo para o impulsiona- sições imobilistas, atrasadas ou der próprias instituições de ensino supe
rios de todo" o país estarão reunidos
no III Encontro Nacional das Asso mentó da discussão foi o próprio mo rotistas, que não vêm a necessidade rior (privadas, estaduais, federais au
ciações Docentes (ENAD) e no Con vimento dos professores, que evoluiu de uma organização nacional para tárquicas e fundação de direito pú
com ênfase na organização de asso blico) — fatores determinantes do
gresso Nacional das Associações Do colocar o movimento docente num
caráter da futura entidade e das re
centes, com a finalidade básica de ciações regionais voltadas para o nível mais elevado. E isto porque a
discutir e deliberar sobre a criação de . enfrentamento de problemas específi proposta baiana inclui também a lações formais e políticas que esta
uma entidade nacional dos profes cos. e ürgentes e com base num rápi substituição da atual Coordenação belecerá com os professores.
sores universitários. do amadurecimento político. Os Nacional por uma espécie de "direto
ria provisória" que conduziria o pro Assim, uma entidade nacional efi
avanços do movimento ficaram cla cesso de formação definitiva da enti-r ciente, democrática e unitária deverá
O tema em pauta vem sendo obje levar na justa conta todo este com
to de discussão desde o I ENAD, ros com a greve dos docentes ligados dade nacional a partir de uma ampla
às autarquias federais, em novembro discussão junto às bases. plexo quadro e ter era sua base,, co
realizado em 1977, quando se con mo elementos de mediação, organiza
siderou prematura a constituição da e dezembro de 1980. da qual parti
cipou ativamente a Associação dos A proposta da Bahia, portanto, es ção e sustenj||ção, as entidades locais
entidade, dado o grau incipiente de e regionais. Cbm isto, ela será de fato
organização da discussão no meio Professores Universitários da Bahia tabelece a criação de uma entidade
(APUB). democrática e unitária, preparada uma entidade de professores para
universitário. A partir daí, a questão
esteve presente em todas as reuniões para representar os interesses gerais professores e estará em condições de
Ê com base nesta experiência de dos professores e com flexibilidade representar um fator de propulsão e
de ADs: em Fortaleza (julho de
luta e nas deliberações das assem suficiente para impulsionar, respeitar unificação, e não de estancamento e
1979), onde se criou uma Coordena
bléias gerais convocadas pela APUB a autonomia e potencializar as lutas divisão, de seu próprio movimento.
ção Nacional, no II ENAD,(em loão

Greve por decreto não ÇLÁ.


8LA' e
. lembra _
T50S BOMS TeMP£>S..Í
Ê.,
aUETEOlO...

é resposta à crise da CHOCAMTE...

universidade hoje
vadas a cabo pela realidade dos es
Mana do Carmo M. Fontes
tudantes.
A culminação deste processo de
A inesperada e surpreendente pro distanciamento das "lideranças" de
posta da diretoria da União Nacio suas supostas bases se dá agora com Rajiií^
nal dos , Estudantes de greve gerai esta decretação prévia de greve por
nacional, "caso o Ministério da Edu tempo indeterminado, antes mesmo
cação não atenda às reivindicações que os estudantes saibam mais cla
estudantis", é no mínimo assustadora. ramente o eixo de luta a ser levado Objetivamente, a saída para a cri possíveis resultados do encaminha
Sem dúvida, o movimento estudan durante o ano. se da universidade, hoje. passa pri mento desta greve. Mas se faz neces
til e suas entidades de massa atra Não se trata de uma questão de meiramente pela análise poIíticr'da sário e premente exigir das lideran
vessam ura período de refluxo e des cronologia (em março seria pior, abril sua realidade, pela ampliação do le ças uma atuação mais real e perma
gaste muito grande, cujas origens dá mais tempo...), mas sim de uma que de forças políticas e sociais que nente frente ao conjunto dos estu
podem ser detectadas no estreitamen percepção incorreta da realidade e a defendam e pela formulação junto dantes, que até agora mostrou-se bas
to de suas diretorias, que passaram a das necessidades de movimento hoje. às bases dos possíveis caminhos. Não tante sensato na condução de suas
ser controladas por.pequenos grupos se pode desviar a atenção para a bus reivindicações.
Desconhecimento este que se faz
dc abnegados, porém desconhecidos, mais acentuado no caso das escolas ca de definições das formas de luta É preciso que se coloque a perspec-'
diretores. Não que o movimento es- pagas, para as quais nenhum eixo a serem utilizadas, mas sim refletir tiva dç, transformar as esferas de de
ludamii não possa fazer ações repre concreto de luta foi até hoje decente e agir de modo a trabalhar as^ estru cisão burocráticas (CEE, CONEG,
sentativas e de peso para discutir mente formulado junto às suas bases. turas das entidades e do próprio mo etc.), em palcos de discussões fun
seus problemas concretos e reais. O De outro lado, nas escolas públicas, vimento para o encaminhamento des dadas nas escolas, nas salas de aula,
que não se pode fazer é condu a luta já melhor definida por mais sas lutas, quando então poderão vir no cotidiano da vida estudantil. De
zir entidades estudantis na base de verbas acaba por ser deixada de lado, a ser vitoriosas.
pois disso, se pode discutir a forma.
decisões que podem até ser em tese em função de imediatismos inespera Não se pode — c nem é esta a Ou então será a greve até o fim. E
execlcnlcs. mas que são de fato ina dos como restaurantes e outros pro intenção — fazer previsões, quer pes o fim pode ser o do próprio movi
mento.
dequadas e impossíveis de serem le blemas de ordem menos política. simistas, quer otimistas, acerca dos

EDUCAÇÃO
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r>e 13/02 a 19/02 de 1981

SOCIALISMO

Reagan quer de volta os Soviéticos se

tempos do macarthísmo preparam para o


Congresso dO PC
Eiiipenhando-se na velha (^wlralégia da jíiierra Iniensificam-se, cm toda a União Sovié
tica, a propaganda, as discussões, a mobili
fria e alleraiido políliea de Carler, novo zação, com vistas ao XXVI Congresso do
Partido Comunista, a ser aberto no próxi
presidenle ve Ioda iiiiidaiKja no inundo como mo dia 23 de fevereiro. Os comunistas
cumprem assim o seu papel de vanguarda,
no seio da classe operária, do campeslnato
«ato terrorista» contra interesses americanos e da intelectualidade. E os soviéticos, or
gulhosos de seus êxitos no campo econô
mico, científico, cultural e defensivo, vão
ao encontro desse Congresso cientes de que
Retornamos aos tempos gcüdos da de. a lese da revolução como algo SC abrem possibilidades favoráveis à solu
guerra fria? Pelo menos o vocabulário inexporuivcl nasceu com Lênin antes ção de tarefas cada vez mais novas e com
daquela época parece plcnamcnie res da Revolução de Outubro, cm 1917, plexas na construção do comunismo, cuja
base lécnico-industrial está criada.
taurado. A própria opinião pública na Rússia, sendo atualmente um dos
democrática dos EUA é quem reco pontos de maior concordância entre a PROBLEMAS EXISTEM,
nhece esta ofensiva ultraconservado- maioria esmagadora dos partidos co- contradições também
ra. O "Internaironal Hcrald Tribune" numislas. socialistas c operários cm swhoü:
Na sua campanha, entretanto, os cofiiii-
OSONMO
se atemoriza com as raivosas declara lodo o mundo. ACABOOi nistas não deixam de apontar, ao lado dos
ções de. Reagan, Haig e outras auto Mas se os fatos não coincidem com êxitos, os problemas e as contradições exis
tentes. dcvotando-sfi ao*cstudo da natureza
ridades do novo governo, que se atri as palavras, pior para os fatos. Wil- de uns e outros.
buem a tarefa de recuperar, nem que lium Üycss, novo porta-voz do Depar Problemas c contradições nascem do
seja pela força, o terreno perdido pe tamento de Estado, chega a citar próprio desenvolvimento do socialismo e
los EUA. Conseguirão? "exemplos concretos" de envolvi não exprimem — para decepção dos se
nhores crilicóidcs — qualquer bloqueio no
Reagan acusa os líderes soviéticos mento soviético em atos terroristas: funcionamento da sociedade. São apenas e
gnntcs do macarlhismo e do secretário
de se reservarem "o direito de come "apoio financeiro, treinamento c for cic Estado !ohn Foslcr Dullcs. Cha
unicamente sinais de que é preciso mudar
ter qualquer crime, de mentir, de tra necimento,de armas aos guerrilhei para poder avançar. Basta um exemplo pa
mando o movimento dos não-alinha- ra que a coisa fique clara.
pacear". Talvez ele queira com isto ros da Organização para a Libertação dos de "imoral", Dullcs organizou um O socialismo permitiu um surto consi
ocultar os crimes, as mentiras e as da Palestina; utilização de prcposlos derável do. poder de compra de toda a po
exército mercenário para derrubar o
trapaças que a CIA, o FBI e outros cubanos e líbios para contatos com pulação. mas a agricultura e a indústria de
organismos do governo norrc-amcrica-
governo democrático da Guatemala, bens de consumo não são suficientes para
grupos terroristas; apoio a revoltas cm 1954. c devolveu o trono do Trã
no, com ou sem o patrocínio de suas acompanhar o ritmo deste surto. A solução
armadas em El Salvador c na Namí
ao xá Reza Pahlcvi. que tantos crimes está no aceleramenio de sua progresão.
corporações multinacionais, promove bia". Trata-se, obviamente, de uma Para isso c preciso investir mais, ali onde
cometeu até ser deposto, cm 1978,
ram pelo mundo afora, desde o fim investida grosseira, sem nenhum com pela ira popular. e*t«;toni diricuidadcs.
da Segunda Guerra Mundial, para não promisso com a verdade dos aconteci
irmos mais a fundo no passado. Quem mentos, nem com a lógica, nem com O "Daily Telegraph", do Londres, PLANOS PARA UM GRANDE
COMPLEXO
entrou com os dólares para desesiabl- um mínimo de respeito pela inteligên assinalou tanto o exagerado endure
lizar e derrubar o governo constitu cia das pessoas medianamente infor cimento verbal da Casa Branca na era Por exemplo: para a agricultura progre
cional de Salvador Allendè, no Chile? Reagan, como sobretudo o fato em dir mais c preciso investir na química pe
madas. A URSS apóia e arma os pa sada, pois há necessidade de mais adubos
Quem apoia de todas as formas pos- lestinos, como o fazem vários outros baraçoso de Washington hão haver c rerlilizanlcs: na maquinaria, porque são
' síveis os regimes mais sanguinárias da países, socialistas ou não, c isto e pcr- consultado seus aliados europeus an precisos novos tipos de tratores, colhedo-
América Latina e de outros continen feftamenle legal, visto que as Nações tes de deflagrar a guerra de calúnias ras, etc. E preciso também investir na dis
tes? Quem treina e subvenciona os Unidas já aprovaram dezenas de do c ofensas gratuitas, que só vem agra tribuição. Daí a decisão de se criar "um
aparelhos de segurança mais sofisti complexo alimentar, agro-induslrial, plani-
cumentos, não só considerando justa var a tensão no mundo. Nem a Ingla ficado, financiado c gerado como um lodo
cados, com seus^modernos sistemas de a lula dos palestinos pelo direito à terra concorda com tal ferocidade, único", incluindo aí a comercialização. Es
"tortura, nas ditaduras mais ferozes do autodeterminação, como conclamando pois não esperou a posse de Reagan ta decisão faz parte do novo Plano Qüin
mundo? Quem sustenta a barbárie no os demais Estados e povos a presta para reiniciar o comercio com a qüenal a ser posto em discussão durante o
Haiti? Quem alimenta a máfia que Congresso do PC. E ele se enquadra nas
rem ajuda a eles. O uso de prcpostos URSS. Os ingleses sabem como pou medidas políticas que estão sendo tomadas,
governa o Paraguai? Quem ensinou cubanos c líbios para contatos com cos que a grossura no trato com os a fim de abolir a contradição entre a fraca
neste continente os métodos infalíveis grupos leiToristas ainda não foi devi países sociaHstas nunca levou a nada utilização dos equipamentos existentes e o
de fazer líderes políticos, sindicalistas, damente comprovado. O presidente de bom, ainda mais agora com esta mau aproveitamento do alto nível cultural
intelectuais, jornalistas sumirem do Pertini, da Itália, depois de insinuar crise toda no mundo ocidental. Quan c técnico do trabalhador soviético. Para
mapa? Quem é responsável em última superar esta contradição a URSS quer au
ligações entre a URSS e as "Brigadas to aos alemães e franceses, dificilmen mentar a velocidade na produção e isto se
instância pelos milhares e milhares de Vermelhas", teve que voltar atrás, por te se animarão ã uma aventura total fáz introduzindo maior progresso técnico
desaparecidos na América Latina? absoluta falta de provas. Quanto ao mente irresponsável, cujos primeiros na produção e reduzindo o trabalho ma
Cada vez mais gente no mundo sabe nual, assim como planificando melhor.
"apoio à revolta em El Salvador",' prejudicados seriam eles mesmos.
responder a estas perguntas. Isto c o também não há provas. Nunca até ho Reagan, porem, insiste na demência. A VITALIDADE DO SOCIALISMO
que exaspera americanos como Rea je foi encontrado um único indício de Para ele, qualquer mudança no mundo
gan.
auxílio militar soviético aos guerri é sinal de "terrorismo". No instante Pois é isso. Em que país capitalista se
Haig. por seu turno, afirma cate lheiros salvadorenhos. Aos nacionalis ém que os racistas sul-africanos vol discutem tais problemas com os trabalha-
goricamente que a URSS apóia e in tas da Namíbia, sim, a URSS ajuda tam a atacar Angola e agridem Ma- ,dores?
centiva o "terrorismo internacional", Na URSS não há crise nem se fala disso.
militarmente. Mas esta ajuda é parte puto, a capital de Moçambique, Rea As vésperas do Congresso, que debaterá o
num "ataque verbal sem precedentes de todo o movimento de solidarieda gan informa que estuda o reinicio da novo Plano Qüinqüenal, só se discute co
contra a União Soviética", conforme ajuda aos grupos "pró-ocidentais" que mo se deve fazer para estabelecer melhor
de com o povo deste país, a cuja frente
rèpara o "N, Y. Times". Reagan in- encontram-se nada menos do que as agem em território angolano a serviço correspondência entre a produção efetiva_
^te em que "a mela" dos soviéticos Nações Unidas, que definem como da África do Sul. E Roger Fontaine,
e as necessidades da população soviética,
é a promoção da revolução mundial que são de nível cada vez mais alto. No
Ç- uma nação mundial comunista ou
crime, contra a humanidade o regime do Conselho de Segurança Nacional e centro das atenções do Partido Comunista
do apariheid na África do Sul e apro conselheiro de Reagan para assuntos da URSS. portanto, estão os problemas do
SptmHsta". O próprio "N. Y. Times" latino-americanos, proclama em alto desenvolvimento econômico e social da so
va a luta armada contra a ocupação
eslranha esta "descrição de Reagan" ilegal da Namtl^ia pelos racistas de e bom som que um dos objetivos do
ciedade soviética. Trata-se de uma estra
sobre os soviéticos, tachando-a de "dis tégia econômica voltada para o desenvolvi
Pretória. Pronto, não sobra mais ne governo americano é "acabar com o mento intensivo e para a elevação da
cutível", pois desde a queda de Trots- regime castrista era Cuba". Seria, sim eficácia e da qualidade do .trabalho. O XI
ky, em 1926, "eles defendem varia nhum "fato" para fundamentar a pre
tensa vinculação da URSS com o "ter plesmente, a guerra. Plano Qüinqüenal, a ser discutido no Con
ções em torno do que hoje conhece Há loucos perigosos soltos em gresso, levará em conta esse potencial, que
rorismo internacional". vai explodir com vigor, a partir dos dados
mos como 'coexistência pacífica' e ne Este jogo sujo de lançar acusações Washington. Que faremos nós, os
gam qualquer tentativa de fomentar que cónfirmarão os êxitos do Plano Qüin
vioienlíssimas e não provar nada faz brasileiros? Convém discutirmos isto, qüenal que ora sc encerra. (N.G.)
uma 'revolução mundial* Na verda recordar os tempos furiosos e arro- antes que decidam por nós. (I,M.F.)

INTERNACIONAL

. jj
De 13/02 a 19/02 de 1981

Grupos amadores
í
dão nova vida
ao teatro do ABC
Buscando sair das salas oficiais e encontrar o
público dos bairros, a Federação Andreense de
Teatro Aniador organiza unia experiência
cultural constante junto à comunidade Cena de "Cateretê de Luanda". do grupo TAGA-

balhos e, após o "Simpósio", reuni é que os grupos que estão surgindo — O Grupo ABCD, de São Ber
Todos conhecem as dificuldades nardo, apresentou "Soldados", cria
que enfrentam os grupos de teatro mos cinco deles que se dispuseram a passem a assumir um trabalho cul
fazer o que chamamos dc "curto cir tural constante junto a comunidade. ção coletiva do Teatro Experimental
amador no Brasil. E é fácil avaliar
cuito" por algumas Sociedades Ami Qual foi o balanço deste primeiro de Cali (Colômbia), que aborda um
a sua importância para a revitaliza massacre de operários da United
ção artística e cultural do país. gos do Bairro que já estavam com circuito?
um trabalho comunitário em anda — Descobrimos que o grande pú Fruit feito pelo exército colombiano
Em São Paulo, e particularmente
blico düs bairros são as crianças, c em 1928. O Pau de Sebo, de Santo
no ABC, a atividade amadora é 'x- mento.
André, mostrou "Pedaços de Luta",
tensa. Nos dois últimos anos, os di nos colocamos diante da necessida
versos grupos, diante dos numerosos Este circuito veio a substituir o de de desenvolvermos um trabalho que abordava a greve do ABC. O
problemas e a partir da própria prá famigerado Festival de Teatro Ama neste setor. Com o circuito, além do grupo TACA, também de São Ber
tica junto aos bairros e comunidades dor, que restringia a atividade tea mais, colaboramos para a organiza nardo, que em 1979 apresentara "Ca
da região, foram alterando suas con tral na região. E permitiu a organi ção popular, jü desenvolvida por al teretê de Luanda", mostrou "Artigo
cepções e suas montagens. Evoluíram zação dc monitorias junto aos bair gumas lideranças nos bairros. Com 17 dos Direitos Humanos", realizado
e ganhavam espaço. ros, na medida em que facilitou o isto, nos colocamos numa posição
a partir de' pesquisas realizadas em
Imprimiram uma nova dinâmica à contato dc pessoas interessadas com mais flexível, abrindo mão dc pro
favelas da região. O grupo Branca-
Fídcvação Andreense de Teatro Ama a prática teatral efetiva. No momen postas estéticas previameiiie elabora leone, de São Caetano, apresentou
dor (Feanta), anteriormente muito to, temos apenas dois monitores ope das para aproveitarmos todas as si
voltada para a mera dislribuição de rando cm duas SABs. Desde janeiro tuações inesperadas que surgem, c "Cena Aberta", que discute o coti
verbas oficiais para os grupos ama de 81 estamos desenvolvendo um que exigem respostas imediatas. diano de uma família operária. E o
dores e pouco preocupada era orga projeto de formação dc monitores, já £ possível resumir os trabalhos que Esperança, .de São Bernardo, montou
nizar um amplo trabalho cultural na com algumas pessoas interessadas cada grupo apresentou neste curto o "Ato da Compadecida", de Ariano
dos próprios bairros. Nossa intenção Suassuna. _
região. E a vida teatral do ABC ga circuito?
nhou novo alento.
Nesta entrevista a Ribamar Soares,
da Ver da Unidade, Nelson dos Reis,
desde meados de 1980 presidente da LIVROS
Feanta, regional do Grande ABC. re
lata a experiência da entidade nesta linista, a segunda guerra mundial, a revo
sua nova fase e aponta perspectivas lução chinesa, a guerra fria, a invasão da
para o desenvolvimento de um amplo
e ativo trabalho cultural junto aos Para conhecer o Hungria (1956). a guerra do Vietnã, a
invasão da Checoslováquia, o maio francês
dc 1968.
bairros e às comunidades. Nestes dois livros, podemos conhecer
Como está a Feanta e qual o pro
grama de sua atual diretoria?
— No início de 1980, vários gru
marxismo de Lukács particularidades e informações a respeito
de Lukács. Por exemplo, que já foi (ou
c?) considerado um revisionista segundo
seus críticos mais ferozes, como também
pos da região do ABC começaram a Desde Marx sabemos que construir a das posições assumidas por Lukács em é considerado (ou era?) um stalinista da
se reunir com o objetivo de encon unidade dialdiiça entre a teoria c a práti cada fase dc sua vida". O livro se divide cabeça aos pés. Que foi militante do PC
trar uma forma de organização mais ca é a questão revolucionária ccnirul do cm duas partes: a primeira escrita por húngaro, tendo pertencido ao seu CC, que
coerente com suas propostas de atua marxismo-lcninismo. Que a história do so Kondcr c a segunda com textos seleciona combateu o fascismo, que dentro de sua
cialismo c dos partidos comunistas não se dos do próprio Lukács. obra existem contribuições para a Estética,
ção, entre as quais a fundamental subordina a ura movimento linear c mecâ Já a tese de Michael Lõwy, por sua vez. a Ética, a Literatura. Que não foi um mero
era sair das salas oficiais e buscar nico. Que o avanço do socialismo obdccc situa-se em outro plano. Seu propósito é intelectual dc gabinete, tendo sido ministro
ura novo público nos bairros. Nasceu a uma universalidade (a história mundinl)'- demonstrar a trajetória do filósofo até o da educação em seu país. Que morreu com
assim a atual diretoria da entidade. e às particularidades c singularidades dc ano de 1929. "Podcr-se-ia quase dizer que mais de oitenta anos conibatendo (teórica
Inicialmente, organizamos uma cada país e época. Que Marx, Engcis c se trata não somente de um estudo mar e praticamente) pelo socialismo, e assim
Lcnin dotaram o movimento operário das xista do um pensador marxista, mas tam por diante. Daí ser impossível não concor
"Oficina de Trabalho Teatral", ou armas da teoria c da prática. bém de uma análise lukacsiana de Lu dar com as palavras de Leandro:
seja, basicamente um inter-relaciona- No entanto, um outro comunista tam kács...". "Seu objetivo é o de compreen "Atacado, assim, apaixonadamente, por
mento entre todos os integrantes dos bém contribuiu cnormemente para a der a evolução política de Lukács até o críticos situados em posições opostas, en- '
diversos grupos; que realizam jogos emancipação do proletariado c para o de ano de 1929, no quadro de um estudo centrando invencível antipatia em Uns e
senvolvimento teórico do marxismo. Seu sobrc-a inteiligentsía radical na Alemanha outros, é natural que Lukács, durante
dramáticos, improvisações e debates. nome: Ceorg Lukács. Ele, sem favor e na Hungria no início do século, dando multo tempo, não tenha inspirado muitos
A seguir, abrimos uma discussão so algum, pode ser considerado com um atenção particular aos grupos dos quais estudos objetivos e nuançados."
bre as propostas atuais de teatro. Or clássico do marxismo, apesar dc não ser Lukács participou diretamente: o Cículo "O que Lukács quer, mesmo, é contri
ganizamos um "Simpósio de Teatro plenamente reconhecido como tal. Por Max Weber, dc Heildeiberg, o 'Círculo do buir para um renascimento do marxismo.
isto, a edição dc dois livros a seu respeito Domingo' de BudapesI etc." Sua ambição é a de ajudar os marxistas a
Popular", do qual participaram Au deve merecer especial atenção dos mar
Guardadas as devidas proporções, po aprofundarem o conhecimento da realida
gusto Boai, Guarnieri, César Vieira, xistas brasileiros, inclusive por serem seus de atual, que eles querem transformar, po
Joana Lopes, Fernando Peixoto e autores reconhecidos estudiosos da vida de-se afirmar que os dois livros sc com
pletam. Através de sua leitura, podemos rém ao mesmo tempo o filósofo está fir
c da obra de Lukács.
José Celso Martinez Corrêa. ver que na trajetória política dc Lukács memente convencido de que tal avanço só
"Quem foi, exatamente, Gcorg Lukács?". é possível com a recuperação do verdadei
E como essas discussões foram Com esta pergunta. Leandro Kondcr inicia está presente, vivamente, o curso de um ro pensamento de Marx, em .sua essência
aproveitadas no trabalho junto aos a introdução de seu belo livro sobre o marxista vigoroso que sofreu na própna viva, que sofreu grandes deformações na
bairros? filósofo húngaro. Nele, Kondcr se propõe pele todos os grandes acontecimentos da elaboração teórica dos marxistas ao longo
a demonstrar, na verdade, quem não foi história da humanidade dq século XX, ate das décadas que se seguiram à morte de
— Durante a "Oficina", os gru Lukács, pretendendo alcançar "uma recons- 1971, ano de sua morte: a primeira guerra
pos continuaram montando seus tra Lênin." (Rubens Prado)
tituição sóbria, eminentemente 'factual'. mundial, a revolução russa, o período sta-

c CULTURA
>
Oe 13/02 a 19/02 de 1981

CINEMA

Cíneclubes: a luta pela Filmando a vida

valorização do cinema dos artistas


populares
Em siia próxima Jornada Nacional, cinecliibisiiio Da Costa
avaliará resultados de sua ação em defesa do Durante os anos que se sucederam ao
cinema brasileiro e debaterá formas de golpe militar de 64, o cinema brasileiro,
confinado que foi pela censura, trilhou o
ampliar seu espaço na vida cultural do país estreito espaço entre a arte e a política.
Vivendo reduzido seu papel de cidadãos,
os cineastas transferiram para as telas toda
a sua ânsia de participação política. Com
Mario Rezende a "abertura", a situação sofreu uma certa
rcverspo, e os cineastas voltaram a fazer

O movimento cineclubisia já foi


muito importante na vida cul
Jornada; espera-se presença semelhan
te agora em Campo Grande.
filmes, com toda força c criatividade.
Estrada da Vida c O Homem que Virou
Suco, respectivamente do Nelson Pereira
dos Santos c João Batista de Andrade, são
tural brasileira: fórum de dis O que mudou no cineclubismo? é ótimos exemplos disto. Eles devolveram ab'
cussões sobre cinema e cultura, ponto preciso lembrar que, a partir da cria cinema brasileiro sua grande força: o con
de encontro de intelectuais e estudan ção das escolas de cinema nas univer tato com as amplas camadas da população.
Estrada da Vida narra a história da du
tes, ventre gerador do Cinema Novo. sidades, os cíneclubes deixaram de ser
pla sertaneja Milionário c losé Rico, dois
ao qual forneceu seus melhores qua a via única para quem desejava se migrantes da zona rural* que vêm a São
dros (Glauber Rocha, .Nelson Pereira profissionalizar no setor. Ao mesmo .Paulo tentar a sorte. A estrutura do filme
dos Santos, Cacá Diegues, Leon Hirsz- tempo, a conjuntura dos anos 70 de c nuiito próxima da de O Homem que Vi
rou Suco: ela busca discutir como pode
man foram, em diferentes momentos terminou uma politização exagerada
sobreviver o artista popular — que faz
e lugares, ativos cíneclubistas). do trabalho prático, o que, se por um lillima vez cm que se pode ver "Rocco uma arte não reconhecida e sem mercado
lado representava uma tendência legí e Seus Irmãos". "Acossado". "A Ge — na grande metrópole. Como Èderaldo,
Mas o cineclubismo não foi só isso: tima dentro de uma sociedade sufoca neral"?); tratam muito mal cie filmes iiue quer sobreviver vendendo cordel. Mi
também foi canal de ligação entre a ditos "de arte", "de difícil assiniila- lionário c Zé Rico tentam sobreviver com
da, por outro provocou uma série de a música sertaneja.
igreja e seus fiéis, reserva moral das limitações, que vêm ã tona quando a çâo". ou seja. os filmes mais interes
comunidades cristãs, boletins ensinan Nelson Pereira e João Batista parlem do
situação política do país se altera c santes: boicolüin o cinema brtisilciro, ponto dc vista de que ninguém melhor do
do regras de bom comportamento em os cíneclubes se vêem obrigados a impedindo que a maior parte das que os diretamente envolvidos para contar
salas de cinema, cotações moralistas aprofundar seu trabalho com cinema. obras produzidas venha a público. este confroiUo com a grande metrópole.
de filmes. Havia cíneclubes católicos Porém, é a própria politização que Ambos assumem seus limites enquanto ci
Alem disso, os cineclubes permitem neastas do urbano e deixam que suas his
espalhados por todo o país, compondo leva o movimento- a assumir bandei uma relação muito mais flexível com tórias sejam narradas pela trajetória dos
uma parcela significativa do movimen ras mais agressivas, como a defesa do o público, uma vez que não se co personagens envolvidos.
to. O AI-5 e a exacerbação da censura cinema brasileiro, c a se tornar mais nhece nenhum exibidor que cancele Em Estrada da Vida, as imagens vão se
destruíram os primeiros; a moderniza orgânico. Este salto qualitativo per suceder iiãu dc acordo com a narrativa
u sessão das dez para promover um romanesca erudita, científica e lógica, mas
ção do país, a indústria cultural e a mitiu, por exemplo, a criação da Dina- debate com os espectadores das oito. dc acordo com a cultura e" o universo dc
reorienlação política da Igreja acaba filme, distribuidora gerida pelos cinc- Mas, as condições brasileiras pedem Milionário o josé Rico. O filme é uma bio
ram com a razão de ser dos outros. clube.s, com cinco anos cie funciona :r,üls. Ocorro que o niorctido Jc cine grafia. porém uma biografia que não se
Hoje, o cineclubismo brasileiro se pa mento, auto-sustentável.' longas rixas ma no Brasil atende cada vez menos interessa por estabelecer os limites entre o
que dc fato aconteceu e o que os persona
rece tanto com aquele de vinte anos com a Censura — 160 filmes apreen ao pluralismo da produção. De um gens imaginam ter acontecido. O filme não
atrás quanto o Brasil de Figueiredo didos durante este período — c um lado, há uma rede de salas de elite, está preocupado cm fazer um levantamen
e do ABC se parece com o país de |K. acervo de mais de 200 cópias, incluin rrcqüenladas por um público afeto ao to sociológico da carrcira da dupla, do meio
Neste mês de fevereiro, entre os do documentários sobre o movimento social de onde vieram, nem tampouco com
cinema cslrangciro e a Lim tipo de fil a cronologia de seus sucessos. Todo este
dias 17 e 21, os cíneclubes brasileiros operário, a anistia c associações de me nacional padronizado: dc. outro, quadro, no entanto, vai surgir natural
estarão reunidos em Campo Oande bairros, distribuídos para Iodos os salas "populares".'com público cul mente da própria narração da vida de Mi--
(MS) em mais uma Jornada Nacional, Estados brasileiros, sem exceção. tural c politicamente passivo, atrasa lionário c Zé Rico. conforme o seu ponto
dc vista. Vai surgir não de modeleis pré-
i
congresso que se realiza anualmente Fundamentalmente, os cíneclubes do, fiel às poniüchanchadas c à vio
e que estabelece as diretrizes do mo cstabclccidos. mas das contradições en
sempre subsistiram porque o mercado lência .orientai. Daí que há um largo frentadas pela dupla para conseguir, em
vimento cineclubisia. Esta será a XV de cinema não satisfaz à pluralidade número dc filmes que não são assimi seu dia-a-dla, ver respeitada sua arte c sua
Jornada e a sétima consecutiva desde 'de exigências do público. Os monopó lados por este mercado, cm especial opção pela condição de artista.
a reorganização do movimento, for lios não distribuem cinematografias uma produção média, dc característi Ncsic nível, o filme se dirige à platéia
malizada em 1974, em Curitiba. Há dc igual para igual, sem autoritarismo.
diversas da americana c de um ou ou cas renovadoras. A parcela menos mo Parte do pressuposto da igualdade — di-
ura ano, em Brasília, comparece tro país europeu; não distribuem fil bilizada da população — melhor: a ' rcior, filme c platéia detêm os mesmos co
ram cerca de cem entidades à XVI mes clássicos (alguém se lembra da maior parte dos brasileiros! — sim nhecimentos — como forma de re-dcsco-
plesmente não vai ao cinema, seja por hrir a realidade.
E a atitude da crítica que vem colocar
que as salas se amontoam nos cen novamente a nu o rei. Ao criticar Nelson
tros urbanos, seja pela inflexibilidade Pereira dós Santos de se limitar ao nível,
do mercado. dc consciência de Milionário e José Rico,
Esta é uma brecha irrecusável para não enxerga que este 6 o grande fato novo
do filme. Nele, o diretor abdicou de sua
os cíneclubes, que podem e devem posição autoritária e professora! para es
ocupar este espaço. A recente expe tabelecer com a linguagem cincmátográíica
riência paulista, quando "O Homem uma nova relação, sem cair no naturalis
que Virou Suco" foi lançado sitnulta- mo c sem deixar de construir uma bela
representação artística do real .
neamente no mercado comercial e em Esta nova relação já existia cm O Ho
cineclubes de periferia, é exemplar. mem que Virou Suco, que não tinha a pre-
Por incrível que pareça, o filme obte tenção de realizar um tratado sobre o pa
ve mais público fora das salas comer pel do nordestino na construção da me
trópole, mas sim de aprendê-lo em seu co
ciais. Sem dúvida, a articulação de um tidiano. através de seu próprio ponto de
programa que vise conquistar este es vista.
paço, com a participação inclusive de É nesta medida que os dois filmes, den
sindicatos e associações de bairros, tro de suas particularidades, são transfor
além das universidades (o que permi madores. Eles dão voz a quem não tem.
São a inversão do cinema "de autor", que
tirá até uma produção alternativa de fala por e para. É a aceitação do papel do
filmes) é o grande debate desta e das intelectual como um trabalhador aliado às
próximas Jornadas. forças políticas que querem construir uma
nova sociedade.

J
CULTURA
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_J-. s _
Ui
De 13/02 a 19/02 de 1981

A guerra fria do tabuleiro


Algumas pessoas consideram que
os melhores enxadristas, como
No xadrez, tuu jogo de estratégia e tática, a se defender. Luta contra o comer
ciante da esquina, contra o dono da
Mequinho ou Bobby Fischer, são o jogador estende sua arte de transformação casa de aluguel, contra o guarda do
quarteirão e contra o patrão. Luta con
gênios.» Outros dizem que são loucos.
Nos meios intelectuais, há quem diga às causas e efeitos da vida social tra a miséria, a ignorância, o precon
inclusive que são apenas, imbecis: "O ceito, a fome, a doença e a explora
xadrez desenvolve um tipo de inteli ção. E, nãò raras vezes, luta até con
gência que só serve para jogar xadrez",
Herbert Carvalho* tra o próprio trabalhador, enganado
afirmou um teatrólogo famoso. pelas mentiras de seus patrões. Ataca
A controvérsia é grande. Na tenta também porque um projeto que pro os soldados do CPOR de Sãr Paulo foi e denuncia seu companheiro, por não
tiva de elucidá-la, um ponto parece punha o ensino do xadrez nas escolas misteriosamente interrompido, além conhecer a estratégia de luta de sua
claro. O xadrez, no Brasil, é ura es estaduais de São Paulo foi vetado pelo de minha prisão no ano passado, du classe, cuja vitória só pode ser obtida
porte de elite. Aliás, como a maioria ex-governador Laudo Natel sob a ale rante a greve do ABC, por jogar xa através da mais sólida unidade. Não
dos esportes e atividades científicas, gação de que xadrez "é jogo de co drez em praça pública. é por acaso que grandes lutadores das
artísticas ou culturais. Negros não jo munistas". Explica porque as colunas Não interessa às classes dominantes causas populares foram também exí
gam xadrez e as mulheres são desesti- de xadrez do jornal Opinião foram que o trabalhador aprenda a lutar. O mios enxadristas, como Vladiinir Ilitch
muladas por preconceitos e pelo tabu vetadas durante a época mais obscu- trabalhador trava uma luta diária, Lênin, Ernesto "Chê" Guevara. Fidel
da "genialidade". As salas bem equi ■rantista da ditadura militar e porque tanto individual como coletivamente. Castro ou o marechal Tiio.
padas. os tabuleiros, os relógios, as um torneio de xadrez iniciado entre É constantemente atacado e aprende Voltando às considerações iniciais:
peças, os livros técnicos, são acessí por que os "mestres" de xadrez são
veis apenas aos que podem freqüentar considerados, entre nós, gênios, lou
os clubes mais ricos e as melhores es cos ou imbecis? Parque sua conduta
colas. social e sua concepção do jogo são es
Esta inegável realidade, entretanto, tritamente individualistas e egocêntri
^ .-I/V-,..'; •
não faz do xadrez uma atividade hu • V L. • 1 - : . ■ . i\- •'S-' .4 cas. Querem vencer, esmagar o ego
mana difícil ou deslmportante. Qual dos rivais, progredir na carreira e na
quer pessoa, desde crianças até defi vida, a qualquer custo, o que acaba
cientes mentais, pode aprender a jogar conduzindo, naturalmente, aos conhe
em poucos minutos. E qual a impor cidos casos de paranóia. Estes joga
tância social de se saber jogar xadrez? dores se esquecem que mais impor
0 que o domínio desta técnica pode tante do que dominar uma técnica, do
acrescentar ao indivíduo e ao corpo que sabor como fazer algo, é saber
da sociedade? porque fazê-lo. E de nada adianta ser
Pode acrescentar muito. O jogo de campeão de xadrez em um país onde
xadrez representa uma guerra. Ê um a esmagadora maioria da população
exercício vivo de estratégia e tática, é vive na mais absoluta miséria e onde
1 icuria c prática da lula c do cun- u ei>pürle e a cultura constituem um
íronto. O jogador de xadrez aprende privilégio, monopolizado por uma mi
a ostudar o memento adequado do ata noria ínfima.
que e da defesa. A correlação de for Quando o xadrez deixar os clubes
ças. A considerar as causas e efeitos elegantes e passar a ter lugar nas ruas.
de suas atitudes. Em suma, a técnica nos bairros pobres, nas fábricas, quan
do jogo de xadrez é uma arma, como do for um esporte realmente popular,
todo o conhecimento, e assim deve ser seu progresso técnico será real e não
usada. Somada a uma experiência ge artificial como hoje. E c campeão de
ral de luta, difundida entre milhares xadrez não será louco, nem gênio,
de pessoas, pode aumentar o poder de nem imbecil. Terá reais motivos para
confronto de todos aqueles que lutam se orgulhar de seu título, pois estará
por transformar uma realidade. praticando uma atividade que reflete
E saber lutar é importante? Aqui a realidade e que a modifica e trans
está o cerne do problema. A resposta forma.
a esta pergunta elucida toda a polê
(' Herbert Carvalho é jornalista e vice-
mica em torno do assunto. Explica campeão brasileiro de xadrez)

drez era ajudada por um jogador que


O xadrez posto Herbezt assistia suas partidas e fazia-lhe .si
(ao iundo) e Sunyê nais indicando as melhores jogadas.
em xeque pela jogando pelo Brasil, em 80, Herbert-só pôde voltar a sentar-se
atrás do tabuleiro com a ajuda de
nas Olimpíadas de Xadrez em Malta várias entidades democráticas que
ditadura tomaram sua defesa.
0 fato de que, após o golpe de Ò4, a Hoje a situação continua a mes
Pouco antes do início da Copa do ditadura procurou, demagogicamen-
Mundo, no México, quando a repres Por isso a ascensão de Mequinho não ma. Temos um jovem campeão, jai-
te, usar o xadrez. Afinal. ídolos em foi acompanhada pela popularização me Sunyê, mas os dirigentes, ao que
são política no Brasil era violentís
sima, o general Médici declarou;
qualquer modalidade esportiva são deste esporte. Pelo contrário, o Xa parece, não pretendem tão cedo po
sempre bem recebidos pelos totalitá drez tornou-se ainda mais clitizado pularizar o esporte. São realizados
"seremos campeões dos pés à cabe rios, que através deles tentam cons poucos torneios e os nossos grandes
ça". A afirmativa fazia alusão à pos e continuou sujeito às manipulações
truir uma imagem de progresso. E, dos governantes. enxadristas precisam ir ao Exterior
sível conquista do tri por Pelé e seus em 1965, o campeão brasileiro de para se desenvolverem. Quanto aos
companheiros e à ascensão do maior Exatamente por isto, o atual vice-
xadrez foi um menino de treze anos campeão brasileiro, Herbert Carva novos, esses têm poucos clubes à sua
cnxaürista brasileiro, Henrique da chamado Mequinho, que a partir da disposição e poucos recursos para
Costa Mecking (o Mequinho), que lho, foi proibido de jogar devido a
quele momento recebeu todo apoio denúncias feitas por ele sobre a con almejarem, um dia o título de mestre
na época atravessava grande fase. Já oficial para desenvolver sua técnica. internacional ou grande mestre, que,
sendo considerado como um dos me- duta esportiva da esposa do ex-mi
Mas, no càso brasileiro, e de ou nistro do Planejamento, Iliuska Si- aliás, no Brasil, foi alcançado ape
lliores do mundo. tros países semelhantes, o ufanismo monsen, que para conseguir uma va nas por um enxadrista: Mequinho.
As palavras de Médici comprovam se contenta cora apenas um herói. (M.D./N.H.)
ga num Torneio Interzohal de Xa-

c ESPORTE
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