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O AVANÇO DO REPUBLICANISMO E A CRISE DA MONARQUIA

CONSTITUCIONAL
Um Republicanismo Sentimental:

- Dia 11 de maio de 1870, a imprensa periódica enriqueceu-se com o aparecimento de um


novo jornal.

- Tratava-se do jornal A República, redigido por Antero Quental, Eça de Queirós, Batalha Reis,
Oliveira Martins e António Enes.

- Viriam a provar que a opção republicana do elenco redatorial assentava em bases pouco
seguras.

- Na ordem interna, o Fontismo velejava a todo a velocidade, sulcando as rotas do


pragmatismo político.

- Todos reconheciam em Fontes Pereira de Melo o intérprete mais qualificado de um


progresso material “à europeia”.

- Portugal, escasso a nível agrícola, desentranhava-se em promessas de comodidade e bem-


estar.

- Comprovam-no as novas vias férreas, as estradas e caminhos recuperados e o volume das


obras públicas.

- No plano de luta política estrita, não se notavam grandes alternativas consistentes à


hegemonia do partido regenerador.

- O radicalismo monárquico, em recessão, procurava corporizar o último fôlego de mensagens


associadas na tradição da Patuleia. Dividiram-se entre o Partido Histórico do duque de Loulé e
o partido Reformista de Sá de bandeira e Alves Martins.

- Devido à falta de ferocidade oposicionista por parte do 1º destes partidos (partido Histórico)
que, em setembro de 1865, alguns dos seus mais vultos representativos decidiram formar um
governo de coligação com os seus adversários conservadores, estando na chefia Joaquim de
Aguiar.

- Foi esta cena de fusão partidária que originou a criação do Partido Reformista, com o apoio
de figuras que ulteriormente virariam a ingressar no campo republicano.

- Essas personalidades foram vistas como excêntricas pela sua opinião pública do tempo só por
terem pretendido animar, no pátio salema, um centro político retintamente democrático.

- O republicanismo originário de Latino Coelho, Oliveira Marreca, Saraiva de Carvalho, Gilberto


Rola, Bernardino pinheiro e Elias García valeu a esse local de reunião política o epiteto satírico
de “Clube dos Lunáticos”

- Surge outros estados de espirito político, se este estado era massificante e acomodado por
vocação inércia o outro parecia ser o desiderato de mentes mais jovens e iconoclastas, como
as de Antero de Quental e Teófilo de Braga.
- Ponto de lado a preocupação de saber se a questão coimbrã constituiu numa simples luta
literária, importa salientar desde já, que os homens que desfraldaram o pendão republicano
no início da década de 70 o fizeram reativa e sentimentalmente.

- Estes estímulos reativos provinham de uma realidade europeia que os avanços das
comunicações proporcionadas pelo desenvolvimento fontista faziam conhecer com mais
pormenor.

- Um desses pormenores seria proporcionado pelo republicanismo espanhol de 1868. A queda


de Isabel II e os projetos Republicano-federalistas repercutem-se entre nós, portugueses e
desencadeiam leituras da realidade político-social.

- Num excerto de Antero Portugal perante a revolução de Espanha: “Neste ponto, há uma
palavra que sai de todas as bocas: a República… Quem diz democracia diz naturalmente
república”.

- Surgirá Manuel de Arriaga, o futuro primeiro presidente eleito da república portuguesa em


convívio com Antero Quental e Ramalho Ortigão.

-Destacamos estes nomes com certa melícia. Antero iria converter-se e não embarcaria no
eleitoralismo “aburguesado” do republicanismo nascente; Ramalho revindicaria para si, a
condição de simpatizante da república. Iria defender em 1887-1888 que o sufrágio universal
não passava “superstição catita”

- Antero tenta adquirir o apoio de Teófilo, através das conferencias democráticas do casino
lisboense, em 1871.

- O republicanismo teofiliano encontrava-se ainda em incubação

- As primeiras organizações republicanas possuíam um teor federalista e socializante nos


inícios dos anos 70.

- O federalismo defendia as teses da descentralização administrativa ~, do reforço das


autonomias regionais e municipais e do nivelamento das condições económicas aparece neste
momento como o fulcro teórico com o objetivo de congregar o favor e a atenção dos
republicanos e dos socialistas, ou seja, dos republicanos-socialistas.

- Entre setembro de 1872 e março de 1877, a governação irá obedecer à mão experiente e
conservadora de fontes pereira de melo.

- A verdade é que as esperanças da democracia mais radical foram secando na proporção dos
insucessos internacionais que lhe tinham dado forma:

 Esmagada a comuna de paris


 Frustradas as promessas republicanas espanholas de 1873
 Restauração do regime monárquico nos fins de 1874

- Fontes de Melo oferecia ao rei D. Luís a segurança da imunização contra os perigos


revolucionários externos, o que o convertia num político dileto do paço.

- O volume da divida pública aumentava e não parecia estorvar aos olhos do chefe do governo,
que regia com arrogância às alegações dos que apresentavam o excessivo peso requerido pela
necessidade de amortização dos fartos capitais vindos do estrangeiro e mutuados a juros
mais severos.
-Fontes, indiferente ao vozear dos seus detratores, limitava-se a replicar que o povo podia e
devia pagar mais impostos.

UM REPUBLICANISMO PRAGMÁTICO E RACIONALISTA

- Enquanto persistiu a esperança de se poder alargar a Portugal o movimento revolucionário, o


nosso republicanismo federalista apareceu como a corrente mais dinâmica e mais
representativa.

- Compreende-se que o republicanismo português tenha acentuado componentes de


moderação, desprendendo-se das suas utopias iniciais, de pendor federal e socialista

- A estimativa das consequências inerentes aos casos espanhol e francês desempenhou um


papel muito relevante.

- o significado internacionalista e socialista do federalismo foi-se suavizando na mesma medida


em que a ligação do ideal republicano às tradições do radicalismo pário foi ganhando
dominância.

-Havia que encontrar o seguro caminho da evolução.

-Republicanismo português:

 Importa salientar que o nosso republicanismo funcionou no decurso de toda a


década de 70, sem estruturas hierárquicas formais.
 Os núcleos republicanos, concentrados sobretudo nas cidades mais
importantes, gozavam de um maior grau de autonomia e congregavam
vontades e sensibilidades.
 Objetivo de implementação de órgãos de imprensa e na propagação dos
rudimentos da pedagogia democrática.
 Como se poderia imaginar, a rigorosidades do fontismo originou
descontentamento, sobretudo junto das camadas sociais da pequena
burguesia urbana.
 Por outro lado, a fragmentação grupal dos oponentes ao partido regenerador
não consentia que se vislumbrassem dos oponentes coerentes do governo.
 O credo internacionalista proletário beneficiou do impulso primordial e veio a
constituir-se em Partido Socialista, no decurso de 187, através da militância de
Antero Quental e José Fontana.
 No caso monárquico as débeis tendências mais radicalizastes representadas
por “históricos” e “reformistas” reconheceram que só unidas poderiam
disputar o mando aos homens da regeneração = partido progressista

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