FUNDADO EM 1875 Segunda-feira 1 de JANEIRO de 2024 l R$ 6,00 l Ano 144 l Nº 47557

JULIO MESQUITA (1862—1927) estadão.com.br

E&N Arrecadação em jogo __ B1 E&N Mercado imobiliário __ B5

Aluguel para
Após aprovação, 134 empresas temporada
tem alta de
buscam explorar apostas online até 900% no
litoral de SP
Câmara deu aval e regulamentação pode render R$ 3 bi em 2024 De acordo com dados do
Creci-SP, o maior aumento

N
o dia 22, a Câmara cadatório de R$ 12 bilhões registrado foi nas casas de
aprovou o projeto 12% anuais em um mercado total- Vício em jogo motiva dois dormitórios no litoral
de lei que regula- do total arrecadado nas mente regulado, o que, segundo sul, como Praia Grande,
criação de novo canal
menta a tributação apostas online vai ser ele, deve ser alcançado em até Mongaguá e Itanhaém.
das apostas esportivas e dos destinado ao governo federal cinco anos. Para 2024, Manssur
cassinos online. Embora a pro- prevê que possa ultrapassar os Ideia é criar serviço de
posta ainda necessite de san- R$ 3 bilhões. Cada uma das 134 atendimento ao viciado R$ 1.950
ção do presidente Luiz Inácio do. Ao Estadão, o assessor espe- empresas interessadas em atuar e desenvolver uma parce- É a cotação da diária
Lula da Silva, o Ministério da cial da Secretaria Executiva da no País terá de pagar R$ 30 mi- ria com o Conar para em alguns apartamentos
Fazenda já prepara 12 porta- Fazenda, José Francisco Mans- lhões para operar durante um pe- fomentar o chamado “jo- no litoral paulista
rias para viabilizar esse merca- sur, estimou um potencial arre- ríodo determinado de tempo. go responsável”. __ B2

WERTHER SANTANA/ESTADÃO
WARNER BROS PICTURES/ DIVULGAÇÃO

PROJEÇÃO 2024

O que esperar
dos fundos de
investimento
Expectativa é de mais cor-
tes na taxa Selic. Fundos
de renda fixa ativos estão

C2
entre os destaques __ B6

Cinema __ A15 Como cumprir

metas sem pôr a
Porchat, Sandy saúde em risco
e uma comédia Especialistas falam da im-
portância de controlar a
meio romântica ansiedade para atingir no-
Gravação de ‘Evidências do vos objetivos __ A11
Amor’ tem ar de suspense,
mas arranca risos. Canção é
um dos personagens. Os perigos do
extremismo
Tendências __ A22 identitário
Yascha Mounk, cientista político
ALEX SILVA/ESTADÃO

Para autor, esquerda radi-

cal pode reerguer populis-
tas de direita. __ A20 e A21

Cinco apostas para o

mundo gastronômico Diogo Schelp __ A7
Trump e a
E&N Setor automotivo __ B4 eleição no Brasil
Governo lança programa e
prevê R$ 19 bi em incentivos Oliver Stuenkel __ A10
Os maiores riscos
Comissões na Alesp __ A6 geopolíticos
Faltas de deputados cancelam
quatro em cada dez reuniões Luiz Carlos Trabuco Cappi __ B3
Ano de mais
Saúde __ A12 trabalho e superação
Comum no verão, conjuntivite
tóxica exige atenção e cuidado
Notas e Informações __ A3
Transporte em SP __ A14
Na São Silvestre, o velho domínio queniano É hora de encerrar
Tarifa de Metrô, CPTM e Corredores no final da Avenida Paulista; atletas quenianos ficaram nas três primeiras posições no inquéritos
EMTU passa hoje a R$ 5 masculino e fizeram dobradinha no feminino. Timothy Kiplagat e Catherine Reline venceram. __ A23 contra golpistas

Edição de hoje Caderno A. Opinião, Política, Internacional, Metrópole, Saúde, Esportes, Para fechar... C2. Cultura & Comportamento, Tempo em SP
2 CADERNOS – 32 páginas A fundo E&N. Destacar Economia & Negócios 19° Mín. 21° Máx.
 SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
A2 O ESTADO DE S. PAULO

ROSEANN KENNEDY
COM EDUARDO GAYER, AUGUSTO TENÓRIO E VERA ROSA Coluna do
Estadão
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM
ESTADAO.COM.BR/POLITICA/COLUNA-DO-ESTADAO

Governo e PT vão aproveitar SINAIS

PARTICULARES
recesso para negociar novo
acordo de blocos na Câmara por Kleber Sales

ano-novo chegou e, com ele, o desejo de mudan-

O ça. Depois de “comer mosca” na formação de blo-

cos parlamentares na Câmara, em 2023, o PT vai
tentar negociar, durante o recesso legislativo, a
montagem de um novo grupo, com a ajuda do Palácio do
Planalto. Nos bastidores, a avaliação é a de que o partido
do presidente Lula já poderia ter criado uma base sólida de
apoio na Casa, se tivesse juntado seus aliados mais próxi-
mos, como o PSB e o PDT. Estas legendas, no entanto, inte-
gram o chamado “blocão do Lira”, nome informal dado ao
grupo composto pelo PP do presidente da Câmara, Arthur
Lira, que também reúne o União Brasil, Solidariedade,
Avante e Patriota, além da federação PSDB-Cidadania.
Trata-se do maior bloco partidário, com 176 deputados.

l CHANCE. A janela de oportunida- l VOANDO... A movimentação de

de está aberta porque os demais
partidos também mostram inte-
resse em renegociar os blocos.
Na prática, todos se movimen-
tam de olho na eleição para a pre-
sidência da Câmara, que ocorre-
rá somente em fevereiro de 2025.
l MOTIVO. Dirigentes do PT já de-
ram início às conversas com o
PSB, partido do vice-presidente
Geraldo Alckmin. Integrantes da
sigla do vice têm reclamado por-
que muitas vezes o União Brasil,
o PP e o PSDB impõem derrotas
ao governo. A atitude chegou a
provocar constrangimento quan-
do o deputado Felipe Carreras,
do PSB, era líder do “blocão” e
orientava a votação no plenário.
l SINAIS. O Palácio do Planalto
avalia que a aliança com os parti-
dos mais próximos pode ganhar
nova configuração neste ano
eleitoral. Hoje, o PT de Lula e o
PL do ex-presidente Jair Bolso-
naro não estão em nenhum blo-
co parlamentar na Câmara.
passageiros nos aeroportos,
em todo o País, saltou 17,2%
em 2023 na comparação com o
ano anterior. O fluxo foi de 115
milhões no primeiro ano do
terceiro mandato de Lula, en-
quanto em 2022, o último de
Bolsonaro à frente do Planal-
to, não passou de 98 milhões.
l ... NAS ALTURAS. O aumento de
viagens ocorreu mesmo com o
alto custo das passagens aéreas.
O ministro da Fazenda, Fernan-
do Haddad, afirmou que o im-
pacto desses preços sobre a infla-
ção é preocupante. Desde mea-
dos de setembro, quando assu-
miu o Ministério de Portos e Ae-
roportos, Sílvio Costa Filho ne-
gocia com as empresas aéreas
formas de baratear as passagens.
l COMIGO NÃO. Vale lembrar que,
até a reforma ministerial daque-
le mês, quem comandava a pas-
ta era Márcio França, desloca-
do a contragosto para o Minis-
tério do Empreendedorismo.
José Múcio Monteiro,
ministro da Defesa
l SÓ DEPOIS. Conhecido por can- PRONTO, FALEI! CLICK
tar e tocar violão nos encontros CRÉDITO: REDES SOCIAIS/FELÍCIO RAMUTH
em Brasília, o ministro da Defe-
sa, José Múcio Monteiro, anda
desanimado com a vida musical.
A amigos, diz que o cargo lhe rou-
bou a poesia. Com a difícil tarefa
de intermediar a relação entre
Lula e os militares, Múcio só
pensa em pegar novamente no
violão após deixar a Esplanada.
Se depender do PT, será rápido. Luiza Erundina Felício Ramuth
Deputada federal (PSOL-SP) Governador em exercício de SP
l CARREIRA. Como mostrou a Co-
luna, Múcio lançou em agosto, “A relação entre Executivo e Le- Com o secretário estadual de
no YouTube e em plataformas gislativo é muito mais difícil hoje. Saúde, Eleuses Paiva, visitou
de streaming, um álbum grava- Para manter a governabilidade, obras em andamento do Hospital
do originalmente em 2014, inti- lamentavelmente o presidente Regional de Cruzeiro, que recebe-
tulado Pra Quem Eu Gosto. Lula teve de ceder ao Centrão”. ram R$ 200 milhões do governo.
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Publicado desde 1875
AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)
NOTAS E INFORMAÇÕES
É hora de encerrar os
inquéritos contra golpistas
Com quase cinco anos, inquérito do STF sobre ‘fake news’
precisa ter fim, bem como demais investigações sobre golpistas;
circunstância atual não justifica mais essa atuação excepcional
m março deste ano, com-
E pletará cinco anos o In-
quérito (Inq) 4.781/DF
aberto pelo Supremo Tri-
bunal Federal (STF) para
apurar fake news e ameaças veiculadas
na internet contra a Corte e seus minis-
tros. Desde então, outras investiga-
ções criminais foram instauradas no
âmbito da Corte constitucional, como
o Inq 4.874/DF que, desde julho de
2021, investiga a atuação de milícias
digitais contra o Estado Democrático
de Direito.
Ainda que possuam objetos de inves-
Um avanço pela
metade
A exclusão de agricultura e pecuária reduziu a
abrangência do mercado regulado de carbono no Brasil,
mas não diminuiu a importância da medida
criação do mercado de car-
A bono, aprovada pela Câma-
ra, foi um avanço pela me-
tade ao referendar a exclu-
são de agricultura e pecuá-
ria, como havia determinado o Sena-
do. Mesmo assim, foi um dos princi-
pais saldos positivos do Legislativo em
2023 por destravar um projeto funda-
mental para que o País cumpra as me-
tas de redução da emissão de gases cau-
sadores do efeito estufa assumidas no
Acordo de Paris, em 2015.
Sem a concessão à agropecuária, cer-
tamente a discussão, que se arrastava
lentamente, não teria sido concluída,
com a aprovação do PL 412 por 229 a
103 votos na Câmara. Afinal, com 324
dos 513 deputados federais e 50 dos 81
senadores, a Frente Parlamentar Agro-
pecuária é a mais numerosa do Con-
LUIZ CARLOS MESQUITA(1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)
tigação diferentes, esses inquéritos
têm fortes semelhanças entre si. Sigilo-
sos e sob a mesma relatoria do ministro
Alexandre de Moraes, todos eles foram
de grande utilidade na defesa das insti-
tuições democráticas. Em momentos
dramáticos, em que a Procuradoria-Ge-
ral da República (PGR) dedicou-se à
omissão – Augusto Aras não via nada
de anormal no País –, essas investiga-
ções permitiram que o STF atuasse
pronta e diligentemente na proteção
da democracia e da Constituição, ante
os insistentes ataques contra as elei-
ções e a separação de Poderes.
gresso. Portanto, foi a solução possí-
vel. E não foi pouca coisa.
O setor agropecuário continuará
participando do mercado voluntário
de carbono, que consiste, por exem-
plo, na compra e venda de créditos de
carbono atrelados à redução de desma-
tamento ou a reflorestamento, mas
sem a necessidade de seguir as obriga-
ções impostas na legislação. O argu-
mento dos produtores é de que não há
como medir ou controlar segmentos
importantes da atividade.
O argumento não é desproposita-
do, a despeito das críticas de ambienta-
listas. De fato, uma pesquisa do Cen-
tro de Estudos Avançados em Econo-
mia Aplicada (Cepea) já apontou co-
mo externalidade negativa da pecuária
a participação do gado em mais de 40%
das emissões de gases do efeito estufa
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE
DIRETOR PRESIDENTE
FRANCISCO MESQUITA NETO
ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA DIRETOR DE JORNALISMO
MEMBROS EURÍPEDES ALCÂNTARA
FRANCISCO MESQUITA NETO DIRETOR DE OPINIÃO
JÚLIO CÉSAR MESQUITA MARCOS GUTERMAN
LUIZ CARLOS ALENCAR
RODRIGO LARA MESQUITA
Junto a seus inegáveis méritos, es-
ses inquéritos também geraram pon-
tos menos louváveis, com interpreta-
ções extravagantes sobre as competên-
cias da Corte e os limites dos próprios
procedimentos investigativos. Por
exemplo, no primeiro semestre do ano
passado, eles foram usados para remo-
ver da internet conteúdo sobre projeto
de lei em tramitação no Congresso (o
PL das Fake News) e para investigar
falsificação de cartão de vacinação do
ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas duas
situações, houve evidente uso irregular
dos inquéritos do Supremo, com o des-
cumprimento de regras básicas da legis-
lação brasileira.
Elaborar um diagnóstico preciso a
respeito desse quadro de luzes e som-
bras envolvendo a atuação do STF é
tarefa ainda a ser realizada. Até mesmo
porque os inquéritos são todavia sigilo-
sos. Não se conhece toda a extensão
dos ataques, tampouco o alcance das
medidas tomadas pela Corte. De toda
forma, há dois pontos indiscutíveis: as
circunstâncias do País são outras –
aquelas ameaças ao regime democráti-
co já não existem mais – e os inquéritos
criminais têm de ter prazo para acabar
– não podem permanecer indefinida-
mente no tempo.
Isso tudo conduz a uma cristalina e
pacífica conclusão: é tempo de os in-
quéritos criminais no STF relativos a
ataques antidemocráticos serem encer-
rados, de acordo com o que determina
a lei. Havendo indícios de autoria e ma-
terialidade delitiva, que se proceda ao
indiciamento dos investigados, com o
encaminhamento dos casos ao Ministé-
rio Público. Nos casos em que não hou-
(GEE). No mundo, as estimativas são
de que o rebanho bovino, por causa da
grande quantidade de animais, emita
em torno de 9% do total desses gases.
A particularidade do Brasil é que aqui
agricultura e pecuária estão entre as
principais atividades econômicas.
O acordo que levou à aprovação, em
outubro do ano passado, por unanimi-
dade, do projeto na Comissão de Meio
Ambiente do Senado, sem a necessida-
de de submetê-lo ao plenário da Casa,
foi o meio encontrado para fazer avan-
çar no País a agenda ambiental. Na Câ-
mara, o deputado Aliel Machado (PV)
tentou reinserir o setor agro entre os
agentes do mercado regulado, mas aca-
bou convencido de que o melhor cami-
nho era optar pela evolução possível.
Com a criação do Sistema Brasileiro
de Comércio de Emissões de Gases do
Efeito Estufa o Brasil ingressará – com
atraso, é verdade – num mercado que
reúne, de acordo com dados do Banco
Mundial, países como Estados Uni-
dos, China, Japão, México e Canadá e
que rendeu, em 2022, R$ 56 bilhões de
receita. De acordo com o banco, o Bra-
sil tem potencial para gerar receitas de
R$ 128 bilhões em dez anos. Mas a prin-
cipal vantagem será o incentivo à ado-
ção de modelos mais sustentáveis de
negócios, uma aposta certa, com ou
sem o agronegócio.
O Brasil tem o privilégio de contar
com parcela significativa de geração
A3
DIRETORA JURÍDICA
MARIANA UEMURA SAMPAIO
DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE
PAULO BOTELHO PESSOA
DIRETOR FINANCEIRO
SERGIO MALGUEIRO MOREIRA
ver os indícios mínimos, que se proce-
da ao arquivamento.
O Supremo cumpre seu papel em de-
fesa da Constituição não apenas quan-
do abre um inquérito para apurar atos
antidemocráticos, mas também quan-
do encerra essa investigação, dando o
devido encaminhamento. Desde mar-
ço de 2019, este jornal sempre reconhe-
ceu a existência de fundamento jurídi-
co que justificasse a competência do
STF nessas investigações. No entanto,
não existe fundamento jurídico para
tornar esses inquéritos perpétuos, me-
nos ainda para, valendo-se deles, con-
centrar de forma permanente na Corte
a competência de todos os casos relati-
vos a crimes contra a democracia.
Além da questão jurídica – inquéri-
tos devem respeitar os trâmites e limi-
tes legais –, o encerramento dessas in-
vestigações tem também uma evidente
dimensão social e política, que o STF
não pode ignorar. Não faz bem ao País
– nem ao Supremo – um permanente e
extravagante protagonismo da Corte
constitucional. Se houve, nos últimos
anos, circunstâncias excepcionais –
que felizmente o STF soube detectar a
tempo –, é preciso reconhecer quando
elas já não se fazem presentes. Para pio-
rar, esses inquéritos promovem um
protagonismo concentrado num único
ministro, Alexandre de Moraes, o que
distorce a percepção sobre o Judiciá-
rio, além das evidentes fragilidades pa-
ra a imagem da Corte.
Medida processualmente correta,
encerrar os inquéritos é um gesto que
fortalece a autoridade do STF e disten-
siona o País. As águas devem voltar ao
seu leito normal. l
de energia renovável (hidrelétrica,
eólica, solar). De acordo com dados
da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE) 47,4% da energia produzida é
limpa, enquanto a média mundial está
em torno de 15%. A instituição de um
mercado que servirá para conter o au-
mento de emissões, por meio de com-
pensações com a aquisição de crédi-
tos entre os setores e com o governo,
tem potencial para empurrar o País à
vanguarda ambiental, apesar de todas
as concessões.
O mercado regulado é apenas um
dos instrumentos da campanha que
move o mundo na busca pela redução
dos efeitos climáticos nocivos dos ga-
ses jogados na atmosfera – efeitos cada
vez mais assustadoramente presentes,
como as ondas de calor e o derretimen-
to das calotas polares, fenômenos que
colocam em risco a própria existência
no planeta.
Fixar um preço para o carbono dá o
sinal econômico para que os emisso-
res transformem suas atividades para
reduzir a poluição. Ou paguem por is-
so. Estarão sujeitos à compra ou ao pa-
gamento de pesadas multas aqueles
que emitirem acima de 25 mil tonela-
das de gás carbônico por ano, em torno
de 5 mil empresas brasileiras. Mas ape-
nas no fim da década a regulação será
efetiva. E aí virá a parte mais importan-
te e também mais difícil de concretizar
no Brasil: a fiscalização.l
 O ESTADO DE S. PAULO
A4
ESPAÇO ABERTO
Brasil, o país do
populismo
Roberto Livianu
studiosos da ciên-
E cia política apon-
tam Adhemar de
Barros como divi-
sor de águas no
Brasil em múltiplos sentidos.
O que mais se popularizou e
lhe rendeu apelido foi o de po-
lítico que rouba, mas faz. Mas
sua passagem pelo governo do
Estado de São Paulo ficou mar-
cada por muitos outros ele-
mentos, que fizeram escola. O
homem público simplório, ge-
neroso, bondoso, realizador
das obras gigantes, faraônicas,
pelas quais o povo teria de fi-
car eternamente grato. Nascia
o populismo à brasileira.
O personalismo adhemaris-
ta, novo modelo de marketing
político, foi concebido a partir
da idealização do grande líder
popular tosco, altruísta, asse-
melhado a um messias, elabo-
rando-se, a partir desta con-
cepção personificada caris-
mática, todo um jogo de propa-
ganda visando a relativizar
eventuais desvios de conduta
diante das contraprestações
oferecidas pelo salvador da Pá-
tria. Para Adhemar, o Estado
deveria tudo prover inesgota-
velmente, distribuindo favo-
res e empregos, escancarando
em seus discursos o clientelis-
FÓRUM DOS LEITORES
Ano novo
O imperativo da esperança
A passagem de ano estimula as
pessoas a uma pausa para refle-
xão sobre o ano que termina e o
que está começando. Fiz isso na
semana passada, com considera-
ções sobre 2023 e expectativa pa-
ra este 2024. Neste balanço do
ano passado, o sentimento pre-
dominante é de uma moderada
satisfação diante do que tenho li-
do a respeito dos indicadores da
economia e de menor satisfação
em relação ao que observo na po-
lítica nacional. É enfadonho de-
mais ler e ouvir as palavras polari-
zação e penduricalho, por exem-
plo. Será que é condenação, pra-
ga, fatalidade ou é mediocrida-
de, falta de imaginação, preguiça
mental e sem-vergonhice mes-
mo? O pior é que não adianta
proibir o uso e o abuso dessas pa-
lavras, porque elas apenas reve-
lam persistentes práticas lamen-
táveis, condenáveis e intolerá-
veis, que só vão desaparecer
quando forem extirpados a pro-
mo assistencialista.
Passamos por Jânio Qua-
dros e sua vassourinha, Collor,
o caçador de marajás, Bolsona-
ro, o mito, e, mesmo sendo nos-
so país uma República demo-
crática, apesar de termos assi-
nado a Convenção da OCDE e
da ONU, não obstante sermos
uma das oito nações subscrito-
ras do Pacto dos Governos
Abertos em 2011, apesar dos
princípios da moralidade admi-
nistrativa e da impessoalidade
e publicidade, que brotaram
da Constituição de 1988, a lógi-
ca adhemarista se percebe ain-
da viva e presente.
Aterrissando de volta ao
Brasil de 1.º de janeiro de 2024,
deparamo-nos com a campa-
nha O Brasil é um só povo, lança-
da pelo governo federal há três
semanas. O olhar inaugural é
de simpatia à ideia, diante da
cisão do País e da polarização
que a campanha eleitoral e as
eleições evidenciaram, inclusi-
ve reconfirmada por recente
pesquisa que mostrou que
aqueles que votaram em cada
um dos dois, mesmo diante de
tudo o que se sucedeu após,
manteriam sua opção, pois
mais de 90% dos entrevista-
dos sinalizaram nesse sentido.
Entretanto, ao observar-
O Estado reserva-se o direito de selecionar e resumir as cartas.
Correspondência sem identificação (nome, RG, endereço e telefone) será desconsiderada l E-mail: forum@estadao.com
miscuidade entre o público e o
privado, o patrimonialismo, o
clientelismo e o fisiologismo, o
que parece que só poderá aconte-
cer no Dia de São Nunca. Quero
me referir a duas outras palavras
que o momento político me su-
gere: governabilidade e surreal.
A primeira ajuda a explicar, sem
justificar, a continuidade do to-
ma lá dá cá e o consequente assal-
to aos cofres públicos, nas rela-
ções entre o Executivo e o Legis-
lativo. A segunda elucida o cará-
ter espetacular do funcionamen-
to governamental, em que o Exe-
cutivo faz indicações pessoais
para o Judiciário e o Senado faz
de conta que sabatina. O rito
compõe o Estado-espetáculo a
que o respeitável público assiste
bestializado. Encerro com a pala-
vra esperança, uma esperança
crítica, com citação de Paulo
Freire: “Não sou esperançoso
por pura teimosia, mas por impe-
rativo existencial e histórico”.
Feliz 2024 para nós todos!
João Pedro da Fonseca
fonsecaj@usp.br
São Paulo
Pode-se falar na união
nacional sem viés
apelativo personalista,
que se relaciona,
obviamente, à pretensão
de perpetuação no
poder, incompatível
com a República
mos os detalhes do filme e de-
mais conteúdos da campanha
de comunicação anunciada sin-
tomaticamente na Conferên-
cia Eleitoral do PT a dez meses
das eleições municipais, conse-
guimos perceber que o que se
pretende, na verdade, é unir o
Brasil em torno de Lula e de
seu partido visando às eleições
de 2024, apresentados como
os supostos salvadores da Pá-
tria. Em matéria de propagan-
da, tudo é possível – o slogan de
uma das primeiras campanhas
de Lula foi Xô, Corrupção! De-
Renovados
Feliz ano novo, Brasil. Na verda-
de, seria melhor se fosse feliz
ano, novo Brasil. E assim por dian-
te: feliz ano, novo presidente; fe-
liz ano, novo Congresso; feliz
ano, novo STF – ainda que sejam
os mesmos.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
lgtsaraiva@gmail.com
Salvador
Eleição nos EUA
Judicialização
Os Estados do Maine e do Colo-
rado, nos EUA, retiraram o no-
me de Donald Trump da cédula
eleitoral, mas o Estado de Michi-
gan manteve o nome do ex-presi-
dente nas primárias republica-
nas. Dada a divergência entre os
Estados, cabe recurso à Supre-
ma Corte com efeito suspensivo
para que o caso seja julgado pela
instância máxima do Judiciário
dos EUA. A seção 3 da 14.ª emen-
da estabelece a inelegibilidade
em caso de insurreição ou rebe-
lião, enquanto a seção 1 garante
o princípio de que nenhum Esta-
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
pois disso todos nós sabemos
o que se passou.
A ação é paga pelo erário e
se confundem os interesses do
partido, de Lula e da socieda-
de, o que é inadmissível. Seria
correto e legítimo que a ação
publicitária contivesse a assi-
natura do PT, por promover o
partido e seu líder, e fosse por
ele financiada, pois o partido é
detentor de gordíssima fatia
do fundo partidário, bem co-
mo do fundo eleitoral, o maior
do planeta.
Vale relembrar que Lula re-
conquistou o poder por força
de um movimento social am-
plo, de uma coalizão de forças
democráticas, e não apenas
por meio de um único segmen-
to ou do PT. E que Lula exerce
um mandato pelo povo, para o
povo e em nome do povo, não
sendo razoável jamais o exercí-
cio personalista do poder. Não
é plausível esta ideia: ou Lula
ou estamos destruídos; ou o
PT ou o fim do mundo. Pode-
se falar na união do Brasil sem
viés apelativo personalista,
que se relaciona, obviamente,
à pretensão de perpetuação no
poder, incompatível com os câ-
nones republicanos.
Mas a busca indisfarçável
de perpetuação no poder não é
exclusividade lulista. Na esfe-
ra paulistana, por exemplo, na
maior metrópole da América
Latina, cinco dias após o lança-
mento da campanha petista, o
vereador Milton Leite, do
União Brasil, foi eleito com o
voto uníssono de petistas e bol-
sonaristas para, pelo quarto
ano consecutivo, continuar
ocupando a presidência da Câ-
mara Municipal de São Paulo.
Ele é vereador desde 1997.
do pode restringir os privilégios
ou imunidades dos cidadãos. A
judicialização do processo elei-
toral, que começou antes mes-
mo das primárias para a escolha
dos candidatos, vai influenciar
os rumos das eleições de 2024.
Luiz Roberto da Costa Jr.
lrcostajr@uol.com.br
Campinas
Insurreição
Maine e Colorado estão fazendo
o que as instituições federais
dos EUA não conseguiram fa-
zer: tirar Trump das eleições pre-
sidenciais de 2024, acusado de
insurreição contra a Constitui-
ção dos EUA. Falta ali uma Justi-
ça Eleitoral, como a do Brasil,
que tornou Bolsonaro inelegí-
vel, pelos atos de incentivo e in-
surreição durante seu mandato,
culminando com os atos do 8 de
Janeiro. Trump incentivou a in-
vasão do Capitólio por badernei-
ros, num ato de sublevação e ter-
rorismo contra a democracia. Es-
sas decisões estaduais ainda se-
rão julgadas pela Suprema Cor-
te, onde os juízes conservado-
São sete mandatos consecu-
tivos, já que, apesar de sermos
República, não existe o limite
constitucional à consecutivi-
dade de mandatos no Legislati-
vo que há no Executivo. Penso
que impor constitucionalmen-
te limite de dois mandatos se-
guidos seria inovação positiva.
E o presidente articulou mu-
dança na lei municipal para
que as reeleições pudessem
ocorrer ao infinito. Seria esta
regra municipal compatível
com nossa Constituição fede-
ral e com o ideário republicano
da alternância de poder?
No âmbito parlamentar fe-
deral, onde viceja o orçamento
secreto modernizado, à luz do
dia, a quase unanimidade dos
parlamentares exercita cliente-
lismo explícito na destinação
das emendas parlamentares,
restringindo-as a seus redutos
políticos para colher votos em
troca, o que viola brutalmente
o interesse público.
A Constituição de 1988 con-
sagra o princípio dos princí-
pios: da prevalência do inte-
resse público, que deveria ser
o grande mantra de todos os
integrantes dos Três Pode-
res. Separação de Poderes
com a prevalência republica-
na do interesse público sem
personalismo no exercício do
poder. Essa deveria ser a recei-
ta do mundo ideal republica-
no democrático. Mas temos a
dicotomia entre os mundos
do ser e do dever ser, de todos
conhecida. Será utopia irreali-
zável? Seremos eternos re-
féns do populismo? l
PROCURADOR DE JUSTIÇA NO MPSP, DOUTOR
EM DIREITO PELA USP, ESCRITOR, PROFESSOR,
PALESTRANTE, É IDEALIZADOR E PRESIDENTE
DO INSTITUTO ‘NÃO ACEITO CORRUPÇÃO’
res, indicados por presidentes
do Partido Republicano, são
maioria. A democracia america-
na está sobre o fio da navalha.
Paulo Sergio Arisi
paulo.arisi@gmail.com
Porto Alegre
CBF
2024 sem rumo
Conforme foi noticiado, o bada-
lado treinador Carlo Ancelotti
renovou o contrato milionário
com o Real Madrid até 2026, frus-
trando os planos e sonhos aca-
lentados pelo presidente afasta-
do da Confederação Brasileira
de Futebol (CBF), Ednaldo Ro-
drigues, de contar com o talento
de Ancelotti à frente da seleção
brasileira de futebol a partir de
2024. Fato consumado, a CBF
começa este novo ano sem presi-
dente e a seleção, sem um técni-
co de renome e sem rumo. Brasil
pentacampeão mundial, quem
te viu quem te vê...
J. S. Decol
decoljs@gmail.com
São Paulo
 O ESTADO DE S. PAULO A5
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024

ESPAÇO ABERTO

Escudos humanos
Denis Lerrer Rosenfield

á em 2015, Bassem Eid, seu interior. Note-se o papel foguetes e mísseis, para arma- direito de os judeus imigrarem

J ativista de direitos hu- que conseguiram conquistar

manos e dissidente pa-
lestino, declarou:
“Quem impôs três
guerras a Gaza foi o Hamas.
Em todos os países, os gover-
nos usam seus mísseis e fogue-
tes para proteger o seu povo,
mas o Hamas fez o oposto,
usando seu povo para proteger
seus mísseis e foguetes” (ex-
traído de Natan Sharansky e
Gil Troy, Jamais estive só). Os
palestinos se tornam instru-
mentos de uma organização
terrorista voltada para a des-
truição de seu inimigo primei-
ro, Israel e os judeus, com o
intuito de posteriormente vol-
tar-se contra as outras reli-
giões, mormente as cristãs, e
os valores ocidentais em geral.
Compreende-se, assim, me-
lhor o elevado número de víti-
mas civis entre a população de
Gaza, considerando que os ter-
roristas borram qualquer dis-
tinção entre civis e militares,
até nas estatísticas, não sendo
as mortes militares contabili-
zadas. Procuram, isto sim, pro-
duzir o máximo de vítimas en-
tre os civis, pois sabem o im-
pacto dessas mortes na opi-
nião pública ocidental, com o
intuito de causar um dano mi-
diático ao seu inimigo princi-
pal. Desprezam o Ocidente,
mas empregam este mesmo
Ocidente para miná-lo desde
nas universidades americanas
e nos seus êmulos entre nós,
advogando, na verdade, pela
destruição dos direitos huma-
nos, considerados ocidentais.
O Ocidente cava a sua própria
cova.
Observe-se que Israel prote-
ge a sua população civil cons-
truindo abrigos subterrâneos,
procurando deixá-la a salvo de
foguetes e mísseis, enquanto
lança à guerra os seus solda-
dos, à luz do dia e na escuridão
noturna. Oficiais marcham à
frente para dar o exemplo. O
Hamas, por sua vez, esconde
os seus terroristas em abrigos
subterrâneos, uma espécie de
segunda cidade oculta, poden-
do usufruir de todas as comodi-
dades. Fogem do confronto di-
reito naquilo que hoje é consi-
derado como “guerra urbana”.
Os palestinos, então, são não
apenas deixados à sua própria
sorte, mas servem como vitri-
ne para atrair a simpatia dos
países democráticos. Zombam
da democracia como ociden-
tal, porém não perdem a oca-
sião para subvertê-la.
A utilização de hospitais en-
quanto lugares do terror, co-
nectados aos subterrâneos da
violência, é mais uma amostra
de como o apreço pela vida foi
substituído pelo culto da mor-
te. Contudo, a instrumentali-
O uso da palavra
humanitário serve
aos mais distintos
propósitos, inclusive
para encobrir as
ações propriamente
inumanas dos
terroristas
zação é aqui bem-feita, pois
aos olhos de uma parte da opi-
nião pública ocidental seria Is-
rael o culpado pela destruição.
O Hamas alcança os seus obje-
tivos, tornando um crime de
guerra, a utilização de hospi-
tais como instrumentos milita-
res, numa defesa dos direitos
humanos.
Os palestinos de Gaza são
pobres; os terroristas, ricos.
Sobram recursos para a cons-
trução de amplos espaços sub-
terrâneos, para barragens de
mentos e munições. São bi-
lhões de dólares que, ao cabo
de anos, foram canalizados pa-
ra as atividades voltadas para
o culto da morte, cujas fontes
principais são o Catar e o Irã,
além de países ocidentais, cu-
jos recursos humanitários são,
desta maneira, desviados. Su-
premo paradoxo das democra-
cias ocidentais, fazendo o jo-
go do terrorismo, enquanto
culpam Israel pela falta de aju-
da humanitária. O uso da pala-
vra humanitário serve aos
mais distintos propósitos, in-
clusive para encobrir as ações
propriamente inumanas dos
terroristas.
A doutrina dos Direitos Hu-
manos cumpriu um papel fun-
damental no processo de disso-
lução do regime comunista. Fo-
ram os dissidentes soviéticos
que fizeram valer os Acordos
de Helsinque de 1975, empre-
gando um documento assina-
do pelos próprios comunistas
para desmascará-los. Foram li-
derados por Andrei Sakharov,
então o mais importante físico
nuclear do regime, pai da bom-
ba de hidrogênio soviética. E
Sakharov teve, entre os seus
mais importantes colaborado-
res, um jovem cientista, Natan
Sharansky, que abandonou
suas atividades acadêmicas e
de pesquisa para se dedicar à
luta dos direitos humanos e ao
da União Soviética para Israel,
no que foi também bem-suce-
dido, apesar de amargar nove
anos de prisão no Gulag.
Ressalte-se que a doutrina
dos Direitos Humanos, realça-
da em seu valor universal e oci-
dental, não havendo aí nenhu-
ma contradição, tornou-se um
importante meio para comba-
ter o comunismo e a esquerda.
A humanidade, no seu mais no-
bre sentido moral, foi elevada
a princípio civilizatório, em
suas antípodas situando-se a
esquerda. Atualmente, os di-
reitos humanos foram apro-
priados por uma esquerda
que, na verdade, os condena
por ser uma mera ferramenta
da dominação ocidental, algo
particular a uma civilização de-
terminada. Em seu lugar, sur-
ge a equiparação das civiliza-
ções, tudo tornando-se relati-
vo, salvo o direito dos terroris-
tas de instaurarem o seu pró-
prio califado.
“From de river to the sea, Pa-
lestine will be free” (do rio ao
mar, a Palestina será livre) é a
pregação antissemita de ani-
quilação dos judeus, com o
apoio de uma esquerda ociden-
tal que abandonou o que outro-
ra foram os princípios univer-
sais de Marx. l
PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS
E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR

TEMA DO DIA PRODUTOS DIGITAIS

ADRIANA VICHI ROBERT TAYLOR/ DIVULGAÇÃO

Comentários de leitores no
portal e nas redes sociais

l “ O ambiente acadêmico é extremamente

preconceituoso com mulheres pesquisado-
ras que também escolhem ser mães.”
GISELE ARAÚJO

l “Se você não quer ter filhos, te crucificam;

se os têm, não te dão oportunidade de cres-
cer na vida.” Ciência
MYRTÔ SILVA A gelatina, o urso polar e
um casaco inovador. l
l “Por aí passa a ausência de Prêmio Nobel https://bit.ly/3RB6dSS
no Brasil.”
Preconceito VALTER LEONE JR. Paladar
‘CNPq usou um parecer misógino para As dez receitas doces
l “Academia retrógrada, como sempre foi!” mais procuradas em 2023. l
recusar a minha bolsa’, diz pesquisadora MARCIA SOUZA PINTO https://bit.ly/3vgjjgS
Órgão repudiou trecho citando gesta-
ções que considerou ‘preconceituoso’ e prome- Podcast
teu tomar medidas; caso levanta discussão so- 17.725 NAS REDES SOCIAIS
Veja outros destaques e participe das discussões no
Link da Bio do Instagram do Estadão.
‘Estadão Notícias’: análi-
bre desigualdade e dificuldade de ascensão na interações www.estadao.com.br/e/linkdabio ses do Brasil e do mundo. l
carreira de mães pesquisadoras. l Siga o @Estadao nas redes sociais https://l1nq.com/tY214

Av. Eng. Caetano Álvares, 55 – CEP: 02598-900 – São Paulo - SP l (11) 3856-2122 l Fax: (11) 3856-2940 l E-Mail: forum@estadao.com l Central do assinante: Capital e regiões metropolitanas: 4003-5323 l Demais Localidades: 0800-014-77-20 l
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A6
POLÍTICA
Legislativo-SP
Faltas de deputados inviabilizam 4 de
cada 10 reuniões de comissão da Alesp
Órgãos fixos da Assembleia têm como principal finalidade a apreciação técnica de
requerimentos e proposições e o aval para que um projeto de lei vá ao plenário da Casa
JULIANO GALISI
O encontro entre deputados ti-
nha pauta, data e hora para
ocorrer e, no último instante,
foi adiado. A cena se repetiu
102 vezes na Assembleia Legis-
lativa de São Paulo, o que repre-
senta 41,8% do total de reu-
niões convocadas nas comis-
sões permanentes do Legislati-
vo paulista em 2023. Das 244
reuniões marcadas, 62 não
atingiram quórum e 40 foram
canceladas. O levantamento
do Estadão desconsiderou as
reuniões especiais, destinadas
apenas às eleições de presiden-
te e vice em cada comissão.
As comissões permanentes
são órgãos fixos da Casa e têm
como principal finalidade a
apreciação técnica de requeri-
mentos e proposições relacio-
nadas a determinado tema. An-
tes de um projeto de lei ser pau-
tado no plenário, é necessário
aval do colegiado relativo ao as-
sunto do texto. Em geral, as co-
missões deveriam servir para
debates mais aprofundados e
abrangentes sobre questões
de interesse da sociedade.
“O presidente (da Alesp)
tem convocado vários
congressos de comissões
de um dia para o outro,
então acabamos tendo
deputados participando
do congresso”
Paulo Corrêa Jr. (PSD)
Presidente da Comissão de
Turismo
De acordo com a assessoria
de imprensa da Assembleia, o
regimento interno da Casa
não estabelece um parâmetro
mínimo de atividade para as co-
missões permanentes. No en-
tanto, as ausências constantes
afetam o andamento das inicia-
tivas legislativas, na avaliação
do cientista político Marco An-
tônio Teixeira. “Eu diria que es-
tá faltando um maior engaja-
mento, um envolvimento por
parte dos membros dessas co-
missões”, disse Teixeira, que é
professor do Departamento
de Gestão Pública da Escola de
Administração de Empresas
de São Paulo da Fundação Ge-
tulio Vargas (FGV/EAESP).
Questionados, os presiden-
tes das comissões mais falto-
sas alegaram conflito de agen-
da para as datas em que as reu-
niões estavam marcadas. Se-
gundo o deputado Paulo Cor-
rêa Jr., líder do PSD na Assem-
bleia e presidente da Comissão
de Turismo, a votação do proje-
to de lei relativo à privatização
da Sabesp afetou a presença
dos colegas no colegiado.
“O presidente (da Assem-
bleia, André do Prado, do PL)
tem convocado vários congres-
sos de comissões de um dia pa-
ra o outro, então acabamos ten-
do deputados que são mem-
bros da comissão participando
do congresso, uma vez que es-
se projeto teve celeridade para
ser colocado em plenário”, dis-
se o líder do PSD.
De acordo com o deputado
Jorge Wilson (Republicanos),
líder do governo Tarcísio de
Freitas e presidente da Comis-
são de Defesa dos Direitos do
Consumidor, é importante
que todos os deputados mem-
bros de comissões estejam nos
congressos. Além dessas reu-
niões conjuntas, Wilson ale-
gou que há, muitas vezes, um
conflito na própria agenda da
Assembleia. É recorrente, por
exemplo, que um deputado, ao
ter mais de uma reunião de co-
missão no dia, tenha de esco-
lher a qual encontro compare-
cerá. “É normal, muitas vezes
não dá quórum”, justificou.
GESTÃO. Para o professor Mar-
co Antônio Teixeira, esse argu-
mento dos parlamentares
“não deve ser tido como des-
culpa”, cabendo aos deputa-
dos investirem mais na eficiên-
cia dos institutos já estabeleci-
dos no Parlamento. “Isso mos-
tra um problema de gestão, ou
seja, a Alesp não está fazendo a
gestão no sentido de maximi-
zar seu funcionamento. Se é re-
corrente, é porque não se inte-
ressam em resolver isso”, afir-
mou o cientista político.
Em 30 de novembro, a repor-
tagem questionou Paulo Cor-
rêa Jr. se mais uma reunião da
Comissão de Turismo seria
convocada até o fim do ano le-
gislativo. Até aquele momen-
to, só uma das sete audiências
marcadas na atual legislatura
tinha sido realizada. “Sim, pre-
tendemos convocar mais uma
até o final do ano”, respondeu
o deputado. Uma reunião foi
convocada para 12 de dezem-
bro, mas acabou cancelada.
PRESENÇA
No total, mais de 40% das reuniões nas comissões permanentes
da Assembleia não ocorreram
CT - TURISMO
CDDC - DEFESA DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
CAPRT - ADMIN. PÚBLICA E RELAÇÕES DO TRABALHO
CFC - FISCALIZAÇÃO E CONTROLE
CS - SAÚDE
CDD - DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA
CTC - TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES
CAD - ASSUNTOS DESPORTIVOS
CAE - ATIVIDADES ECONÔMICAS
CCTI - CIÊNCIA, TECN., INOVAÇÃO E INFORMAÇÃO
CMADS - MEIO AMBIENTE E DES. SUSTENTÁVEL
CSPAP - SEGURANÇA PÚBLICA E ASS. PENITENCIÁRIOS
CEDP - CONSELHO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR
CAMM - ASSUNTOS METROPOLITANOS E MUNICIPAIS
CDDPD - DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
CEC - EDUCAÇÃO E CULTURA
CHDRU - HABITAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E REFORMA URBANA
CFOP - FINANÇAS, ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO
CCJR - CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E REDAÇÃO
CDDM - DEFESA DOS DIREITOS DAS MULHERES
CI - INFRAESTRUTURA
CRI - RELAÇÕES INTERNACIONAIS
COLEGIADOS
62 reuniões não atingiram
quórum (25%) e 40
acabaram canceladas
(16%)
REUNIÕES
CANCELADAS
16%
25% 58%
REUNIÕES REUNIÕES
REALIZADAS
SEM QUÓRUM
FONTE: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE
SÃO PAULO / INFOGRÁFICO: ESTADÃO
Sobre o quórum, o presiden-
te da Comissão de Defesa dos
Direitos do Consumidor mini-
mizou o “fator presença” e dis-
se que o essencial é a produtivi-
dade do colegiado. “Importan-
te é deliberar sobre os proje-
tos, como ontem”, disse Jorge
Wilson em 6 de dezembro, ao
citar o encontro do dia ante-
REUNIÃO REALIZADA REUNIÃO CANCELADA
13% 25%
14% 43%
33%
40%
40% 7%
46%
47%
50%
50%
50%
50%
50%
54%
57%
67%
71%
80%
81%
84%
FONTE: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO / INFOGRÁFICO: ESTADÃO
rior. “Na próxima semana, es-
taremos limpando a pauta”,
afirmou o deputado. Na sema-
na seguinte, a reunião convoca-
da na comissão foi cancelada.
PAUTA ESVAZIADA. A Comis-
são de Turismo, com o maior
registro de faltas, foi criada em
fevereiro de 2023, por meio de
uma resolução. A norma, que
também instituiu a Comissão
de Defesa dos Direitos das Pes-
soas com Deficiência, des-
membrou a pauta do turismo
do colegiado em que vinha si-
do debatida até então, a de Ati-
vidades Econômicas.
Dessa forma, os assuntos re-
lativos à Comissão de Ativida-
des Econômicas foram esvazia-
dos. Em 26 de abril, o colegia-
do elegeu presidente e vice e,
desde então, só convocou
mais duas reuniões: uma em 8
de novembro, que foi cancela-
da, e outra em 12 de dezembro,
que debateu sete itens acumu-
lados ao longo de dez meses.
“São decisões políticas”, dis-
se Teixeira, sobre o desmem-
bramento da Comissão de Ati-
vidades Econômicas. O profes-
sor ressaltou que a gestão das
comissões permanentes faz
parte do jogo político, uma vez
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
REUNIÃO SEM QUÓRUM
63%
43%
33% 33%
30% 30%
53%
8% 46%
16% 37%
50%
50%
13% 38%
25% 25%
19% 31%
23% 23%
14% 29%
33%
21% 7%
20%
4% 15%
13% 3%
100%
100%
100%
que os órgãos são “arenas” pa-
ra uma série de decisões.
“Quando se cria uma comis-
são, você cria estrutura de po-
der, de representação, mobili-
zam-se funcionários.”
Apesar de o índice total de
faltas ou cancelamentos pas-
sar dos 40%, nem todas as co-
missões seguiram essa tendên-
cia. Três colegiado permanen-
tes realizaram 100% das reu-
niões convocadas ao longo do
ano passado: o de Defesa dos
Direitos da Mulher, o de In-
fraestrutura e o de Relações
Internacionais.
FUNÇÃO. Para além dos parece-
res antes que os projetos se-
jam votados em plenário, as co-
missões permanentes têm am-
plo escopo de atuação, o que
inclui fiscalizar secretarias e
autarquias, promover estudos
para políticas públicas, convo-
car oitivas com autoridades e
receber petições.
Cada comissão possui 11 ou
13 membros. A formação do co-
legiado obedece a critério de
proporcionalidade das banca-
das. Atualmente, a Assembleia
mantém 21 comissões perma-
nentes, além do Conselho de
Ética e Decoro Parlamentar. l

SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
eve-se sempre minis-
D trar uma dose de ceti-
cismo à ideia de que
tendências políticas
propagam-se como ondas atra-
vés das fronteiras, com elei-
ções em um país influencian-
do votações em outro. Em al-
guns casos, porém, essa in-
fluência pode existir, ainda
que apenas pelo simbolismo
ou pela imitação de estraté-
gias de campanha.
Em 2015, os venezuelanos
foram às urnas para a difícil
missão de derrotar o chavismo
nas eleições legislativas. No
dia do pleito, este colunista ou-
viu de eleitores em Caracas
que eles se sentiram incentiva-
SEG. Carlos Pereira e Diogo Schelp (quinzenalmente) l TER. Eliane Cantanhêde l QUA. Vera Rosa e Marcelo Godoy (quinzenalmente) l QUI. William Waack l SEX. Eliane Cantanhêde l DOM. Eliane Cantanhêde e J.R. Guzzo
Ação
Humorista processa Nikolas e Holiday por fake news
A humorista Virgínia Álvares
processou o deputado federal
Nikolas Ferreira (PL-MG) e o
vereador de São Paulo Fernan-
Diogo Schelp
Trump e a eleição no Brasil
dos a sair de casa para votar
por inspiração dos argentinos
que, uma semana antes, ha-
viam derrotado o kirchneris-
mo nas urnas.
Em 2016, Donald Trump
ganhou a presidência explo-
rando insatisfações do eleito-
rado americano semelhantes
àquelas que levaram os britâ-
nicos a decidir pelo Brexit me-
ses antes.
Lula e Jair Bolsonaro já de-
monstraram a intenção de ree-
ditar, nas eleições municipais
deste novo ano, a polarização
da campanha presidencial de
2022. Eles acreditam serem ca-
pazes de eleger prefeitos gra-
ças à influência que exercem
do Holiday (PL) por danos mo-
rais. No processo, que corre no
Tribunal de Justiça de São Pau-
lo, Virgínia pede uma indeniza-
sobre seus apoiadores.
O discurso a gente já conhe-
ce. Pelo lado do petista, todos
que estiverem associados a
Bolsonaro serão colocados na
O que ocorrer com o
americano em 2024
será apresentado
como um espelho de
Bolsonaro e seu grupo
categoria do mal absoluto. Pe-
lo lado do bolsonarismo, have-
rá uma tentativa de replicar
em nível municipal a ideia de
que o “sistema” favorece a es-
querda. É aí que Donald
ção de R$ 90 mil de cada um
dos parlamentares. Na ação,
Holiday é acusado de ter cria-
do a fake news e Nikolas, de ter
Trump entra na campanha pe-
las prefeituras brasileiras.
Assim como ocorreu no pe-
ríodo em que exerceram a pre-
sidência simultaneamente, o
que quer que aconteça com o
americano ao longo de 2024
será apresentado como um es-
pelho de Bolsonaro e de seu
grupo político.
Acusações mirabolantes de
fraude eleitoral serão adapta-
das à realidade brasileira. Deci-
sões judiciais que impeçam
Trump de disputar um segun-
do mandato, como as que já
ocorreram em dois Estados, se-
rão apresentadas como evidên-
cia de que, lá como aqui, a es-
querda joga sujo para impedir
ajudado a espalhar.
Os parlamentares são acusa-
dos de terem criado notícia fal-
sa associando a imagem da hu-
morista à de Luciane Barbosa
Farias, que fez reuniões com in-
tegrantes do Ministério da Jus-
tiça, como revelou o Estadão.
POLÍTICA A7
que a direita governe.
Já eventuais sucessos de
Trump durante a campanha se-
rão usados para energizar o
campo bolsonarista, mostran-
do que, se é possível enfrentar
o tal “sistema” no país mais po-
deroso do mundo, o mesmo
poderá ser feito nas cidades
brasileiras.
Esse simbolismo já está sen-
do explorado nas comemora-
ções bolsonaristas à eleição de
Javier Milei, o novo presidente
antissistema da Argentina.
Com Trump, a comparação ga-
nha um rosto mais conhecido
e o timing perfeito. l
JORNALISTA E ANALISTA POLÍTICO
Luciane é mulher do traficante
Tio Patinhas, líder do Coman-
do Vermelho no Amazonas.
Nikolas afirmou que a acusa-
ção é um engano da autora. Ho-
liday disse que “reconheceu o
equívoco” ao apagar o post de
suas redes. l KARINA FERREIRA
 POLÍTICA
A8
‘Ideologia’
O ano termina
como começou:
2 polos opostos
e cristalizados
Análise de canal de
Bolsonaro mostra
resiliência de fenômeno
maniqueísta; segurança
pública emerge como
ponto forte da oposição
ESTADÃOANALISA
SERGIO DENICOLI
hegamos ao fim do
C ano praticamente co-
mo começamos, com
o Brasil marcado por uma pola-
rização cristalizada, dividido
em dois polos opostos pratica-
mente de igual tamanho.
Com 12 meses de governo, a
percepção sobre a gestão Lula
segue amplamente moldada
pela ideologia de cada observa-
dor. Esse fenômeno maniqueís-
ta é emblemático nos tempos
acalorados de conflitos políti-
cos que atravessamos.
Para entender melhor o fun-
cionamento da comunicação
bolsonarista enquanto oposi-
ção, analisamos as postagens
do canal de Jair Bolsonaro, no
Telegram, feitas entre os dias
ANO XXIV - Nº 701 - Segunda-feira, 01 de janeiro de 2024
Superar grandes desafios
Ombro aos Amigos
Respeito às Empresas e Pessoas
Relacionamentos Verdadeiros
Intolerância a Ignorância
Alegrar-se com quem lutou ao seu lado em 2023
Sciesp – Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo
1.º e 28 de dezembro.
Foram, ao todo, 84 publica-
ções, o que indica uma média
de três posts por dia. O canal
conta com 1,8 milhão de inscri-
tos e, além de propagar conteú-
do próprio, muitas vezes com-
partilha informações de políti-
cos aliados, sobretudo dos pró-
prios Bolsonaros, nomeada-
mente Eduardo, Flávio e Car-
los, além de aliados de primeira
hora do bolsonarismo, como os
deputados federais Mário Frias
e Delegado Alexandre Rama-
gem e os deputados estaduais
Carmelo Neto, do Ceará, e Bru-
no Engler, de Minas Gerais.
A crítica à mídia tradicional
é uma constante. Alegações de
disseminação de desinforma-
ção, fake news e de silencia-
mento de vozes dissonantes às
do governo são pontos cen-
trais dessa abordagem. O alvo
principal é a Rede Globo, que
foi mencionada frequentemen-
te, de forma pejorativa, no pe-
ríodo observado.
A defesa da liberdade de ex-
pressão é outra característica
marcante. No ambiente bolso-
narista, está consolidada a
ideia de que o governo Lula
age para calar quem o critica, o
Bolsonaro em Barretos (SP), em agosto de 2023; ex-presidente mantém canais ativos com apoiadores
que cria, entre os opositores,
um sentimento de resistência
que os une. Essa mesma narra-
tiva ajuda a difundir uma ideia
de que o PT quer regular a in-
ternet, para poder controlá-la,
por meio de censura.
TEMAS. O enfrentamento da es-
querda e do “comunismo” é
também algo bastante presen-
te. O governo Lula é associado
a uma suposta normalização do
crime e à debilidade social, e vis-
to como ameaça ao País. Todos
esses aspectos negativos são
classificados como característi-
cas de governos comunistas.
A segurança pública emerge
como uma bandeira importan-
te dos conservadores. Bolsona-
ro foca em alegações que atri-
buem ao governo dele uma re-
dução histórica nos índices de
assassinatos e um aumento
nas apreensões de drogas.
Em termos de propostas, a
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
narrativa é pouco profunda,
deixando de fora um debate
mais qualificado. Não encon-
tramos proposições com em-
basamento feito a partir de es-
tudos específicos, mas apenas
indicativos ideológicos.
Um desses indicativos se ba-
seia na ideia de redução de im-
postos. Esse é um dos pilares
apresentados e percebido co-
mo um conquista notável do
governo Jair Bolsonaro.
A proposta de menor inter-
venção estatal na economia e a
promoção de um ambiente fa-
vorável aos negócios também
são elementos frequentes nas
mensagens, buscando transmi-
tir a imagem de que a direita
segue comprometida com o es-
tímulo ao setor privado e que a
esquerda está ligada a um mo-
vimento sindical visto como
nocivo ao desenvolvimento.
Essas diretrizes, dissemina-
das por Bolsonaro, são plena-
Questão indígena
Partidos vão ao STF
contra marco temporal
Os partidos PSOL e Rede e
a Articulação dos Povos In-
dígenas do Brasil (Apib)
submeteram na sexta-feira
ao Supremo Tribunal Fede-
ral uma Ação Direta de In-
constitucionalidade (ADI)
contra a lei que estabelece
um marco temporal para de-
marcação de terras indíge-
nas, promulgada na quinta.
Os autores argumentam
que o STF já havia invalida-
do a tese em julgamento fi-
nalizado em setembro.
A lei promulgada pelo pre-
sidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), estabe-
lece que a demarcação de ter-
ras indígenas depende de
comprovação de que povos
originários ocupavam a área
em disputa na data de publi-
cação da Constituição Fede-
ral, em 5 de outubro de 1988.
O ESTADO DE S. PAULO
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 25/8/2023
mente replicadas por demais
políticos conservadores. Mui-
tos, inclusive, vão tentar nacio-
nalizar as eleições municipais
de 2024, seguindo a cartilha
contra o “comunismo”, a “es-
querda” e os veículos que disse-
minam fake news, e a favor da
liberdade plena de expressão
nas redes, da redução de im-
postos e das privatizações.
Pelo que temos visto até ago-
ra, esse discurso vai funcionar
bem nas cidades simpáticas ao
bolsonarismo, em áreas mais
identificadas com a direita.
Mas não vai provocar mudan-
ças nos locais onde a esquerda
domina, pois nessas regiões é a
lógica lulista que se propaga
mais intensamente, também
através de canais exclusivos e
também sem discutir propos-
tas de forma detalhada. Algo
que, hoje, infelizmente, está
muito distante do debate po-
lítico brasileiro. l
O projeto de lei foi aprovado
no Senado na mesma data em
que o STF concluiu o julgamen-
to em que determinou que essa
linha de corte para demarca-
ções é inconstitucional.
Na ADI, os partidos e a Apib
argumentam que a lei repre-
senta um retrocesso para os di-
reitos fundamentais dos indí-
genas brasileiros.
GILMAR. O processo foi distri-
buído ao ministro Gilmar Men-
des. No julgamento do marco
temporal, ele votou contra a li-
nha de corte para demarcação
de terras. O ministro também
é relator de uma Ação Direta de
Constitucionalidade impetra-
da por PL, Progressistas e Re-
publicanos na qual os partidos
pedem que a Corte reconheça
a validade da lei do marco tem-
poral. l ALESSANDRA MONNERAT
 INTERNACIONAL A9
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

A guerra de Putin prensa pró-Kremlin, com o ros-

to machucado. As autoridades
não tomaram nenhuma medi-

Rússia prende poetas que da para investigar abusos por

parte da polícia.
Durante a audiência de quin-
ta-feira, a esposa de Kamardin,

criticaram guerra na Ucrânia Alexandra Popova, foi escolta-

Artiom Kamardin e Yegor Shtovba foram condenados por
declamarem poemas que minam a segurança nacional e incitam o ódio
MOSCOU
Um tribunal de Moscou conde-
nou à prisão dois poetas rus-
sos que participaram de uma
declamação de um poema con-
tra a guerra na Ucrânia, em
mais um exemplo da repres-
são contra dissidentes. Artiom
Kamardin e Yegor Shtovba fo-
ram detidos em setembro de
2022, após participarem de
uma leitura pública em Mos-
cou, perto do monumento ao
poeta Vladimir Maiakovski,
ponto de encontro da oposi-
ção desde a época soviética.
Na quinta-feira, o Tribunal
Distrital de Tverskoi, em Mos-
cou, condenou Kamardin a 7
anos de prisão sob a acusação
de realizar um ato que mina a
segurança nacional e incita o
ódio, em razão da leitura de
seus poemas. Shtovba, que par-
ticipou do evento e recitou os
versos de Kamardin, foi conde-
nado a 5 anos e meio pelas mes-
mas acusações.
PRISÕES. O encontro ao lado
do monumento aconteceu
dias depois que o presidente
russo, Vladimir Putin, orde-
nou a mobilização de 300 mil
reservistas em meio a reveses
militares na Ucrânia. A medi-
da impopular levou centenas
de milhares a fugir da Rússia
para evitar serem recrutados
para o serviço militar. A polícia
Kamardin (E) e Shtovba (D) durante audiência em tribunal russo
dispersou rapidamente a per-
formance e, logo após, pren-
deu Kamardin e vários outros
participantes.
Durante a prisão, a mídia rus-
sa citou amigos de Kamardin e
ALEXANDER NEMENOV/AFP–28/12/2023
seu advogado dizendo que a
polícia o espancou e o estu-
prou. Logo depois, ele foi mos-
trado se desculpando por sua
ação em um vídeo feito pelos
policiais e divulgado pela im-
da para fora do tribunal por ofi-
ciais de justiça depois de gritar
“Vergonha!”, após o veredicto.
Popova e várias outras pessoas
foram detidas posteriormente
sob acusações de realizarem
um “comício” não autorizado
do lado de fora do prédio do
tribunal.
REPRESSÃO. Entre o fim de fe-
vereiro de 2022 e o início deste
mês, 19.847 pessoas foram deti-
das na Rússia por se manifesta-
rem ou protestarem contra a
guerra, enquanto 794 foram
implicadas em casos criminais
em razão de posições antiguer-
ra, de acordo com o grupo de
direitos OVD-Info, que moni-
tora prisões políticas e fornece
assistência jurídica.
A repressão tem sido realiza-
da com base em uma lei adota-
da por Moscou dias após o en-
vio de tropas à Ucrânia, que cri-
minalizou qualquer expressão
pública sobre a guerra que fos-
se contrária à narrativa oficial.
l AP e AFP
 INTERNACIONAL
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
A10 O ESTADO DE S. PAULO

Oliver Stuenkel oliver.stuenkel@fgv.br

Os riscos geopolíticos de 2024

KHALED ABDULLAH/REUTERS – 2/12/2023
udo indica que 2024 será em curso entre Israel e Hamas de aprovar, de forma prelimi-

T marcado por fortes ten-

sões geopolíticas com pos-
síveis consequências sig-
nificativas para a economia glo-
bal. A Organização para a Coope-
ração e Desenvolvimento Econô-
mico (OCDE) e o FMI preveem
um crescimento econômico glo-
bal em 2024 de 2.7% e 2.9%, res-
pectivamente, mas numerosos
riscos políticos têm o potencial
de impactar a economia. Cinco
questões se destacam.
Em primeiro lugar, o proces-
so eleitoral nos EUA – que co-
meça com as primárias, em 15
de janeiro de 2024, e se encerra
com a posse do presidente, em
20 de janeiro de 2025 – repre-
senta o mais elevado risco po-
lítico global dos próximos 12
meses: os dois principais candi-
datos têm posicionamentos
muito distintos, a votação deve
ser extremamente acirrada e há
possibilidade de judicialização
e violência pós-eleitoral.
Além disso, Donald Trump
pode vir a ser condenado antes
da eleição, produzindo uma si-
tuação sem precedentes na his-
tória do país. Observadores e
investidores, portanto, enfren-
tam meses de drama – afinal,
um impasse constitucional
prolongado poderia ter conse-
quências não apenas para a eco-
nomia americana, mas para o
cenário econômico global.
Além das eleições para presi-
dente, há também o risco de a
paralisia política em Washing-
ton, fruto da polarização extre-
ma, aumentar ainda mais.
Em segundo lugar, a guerra
pode ter forte impacto sobre a
economia global. Recentes
ataques de rebeldes houthis
do Iêmen não apenas contra
Israel mas também contra em-
barcações no Mar Vermelho
ameaçam reduzir a capacida-
de global de transporte em
20%, afetando cadeias de abas-
tecimento, com possível au-
mento da inflação global.
EXPANSÃO. Eles também au-
mentam o risco da entrada de
outros atores na guerra – como,
por exemplo, do Irã, que finan-
cia os rebeldes houthis. Da mes-
ma forma, vários integrantes-
chave do governo de Binyamin
Netanyahu já ventilam a possi-
bilidade de Israel atacar o Hez-
bollah, no Líbano, depois que o
Hamas for vencido.
Além disso, quanto mais du-
rar a guerra no Oriente Médio,
mais alto o risco de ataques ter-
roristas no Ocidente. Para se ter
uma ideia, no mês passado, a Ale-
manha e a Dinamarca detive-
ram supostos membros do Ha-
mas que estariam planejando
atos de terrorismo na Europa.
Uma possível escalada da
guerra entre Rússia e Ucrânia re-
presenta o terceiro risco geopo-
lítico de 2024. Ganhos territo-
riais de Moscou poderiam levar
milhões de ucranianos a fugi-
rem da perseguição russa, com
o potencial de desestabilizar a
política em países como Polô-
nia, Alemanha e França.
A Rússia deve intensificar
seus ataques a alvos civis, apro-
fundando seu isolamento diplo-
Recrutas participam de parada no Iêmen antes de seguir para Gaza
O Brasil assistirá aos
conflitos de longe,
mas não pode deixar
de acompanhá-los
de perto
mático no Ocidente e limitan-
do a capacidade de plataformas
como o G-20 de achar pontos
de convergência – mesmo em
questões não relacionadas à
guerra no leste europeu.
É provável que o governo de
Volodmir Zelenski, sob pres-
são, tente aumentar a frequên-
cia de ataques de alta visibilida-
de tanto na Crimeia, península
ucraniana atualmente ocupa-
da pela Rússia, quanto em terri-
tório russo. Além disso, gran-
des mobilizações tanto na
Ucrânia quanto na Rússia po-
dem afetar a estabilidade po-
lítica nos dois países.
Em quarto, a frequência cres-
cente de ocorrências meteoroló-
gicas extremas tem cada vez
mais potencial de ameaçar sa-
fras mundo afora e de afetar a
estabilidade política em vários
países, sobretudo no Sul Global,
onde algumas populações estão
mais vulneráveis a flutuações
dos preços de alimentos.
O Sahel, a vasta faixa árida ao
sul do Deserto do Saara que vai
desde o Oceano Atlântico a oes-
te até o Mar Vermelho, a leste, o
Oriente Médio e a América Cen-
tral dão pistas sobre as tensões
políticas e fluxos migratórios
causados pelas mudanças cli-
máticas, situação que aos pou-
cos pode se estender para ou-
tras regiões do planeta.
É nesse contexto também
que a União Europeia acaba
nar, uma grande reforma no
sistema migratório do bloco,
a qual prevê controles mais se-
veros da imigração. Da mes-
ma forma, é provável que os
EUA adotem igualmente posi-
ção mais rígida contra migran-
tes nos próximos anos.
CHINA. Por fim, as eleições presi-
denciais taiwanesas, no dia 13 de
janeiro, que devem reconduzir
o Partido Democrático Progres-
sista (DPP) ao poder, aumen-
tam o risco de tensões no Estrei-
to de Taiwan. Apesar de não
apoiar a independência taiwane-
sa, o DPP é cético em relação a
Pequim e busca fortalecer os la-
ços com o Ocidente.
O governo chinês de Xi Jin-
ping está ciente de que, a cada
ano, consolida-se uma identi-
dade nacional taiwanesa pró-
pria, muito distinta da chine-
sa, pois tem eleições livres e
liberdade de expressão como
pilares básicos. Um conflito
entre China e Taiwan, mesmo
sem envolvimento direto dos
EUA, ainda não é o cenário
mais provável, mas teria conse-
quências catastróficas para o
cenário econômico global.
O Brasil tem o privilégio de
assistir à maioria desses possí-
veis conflitos de longe – mas is-
so não livra o País da necessida-
de de acompanhar, de perto, o
cenário global em um mundo ca-
da vez mais turbulento. l
É ANALISTA POLÍTICO E PROFESSOR DE
RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA FGV
EM SÃO PAULO

Discurso à nação ECONOMIA. A economia do Bolívia

país também foi tema do Evo afirma que ação que vetou reeleição tratava
discurso de Xi Jinping,
Xi Jinping afirma após um ano de crescimen-
to lento e aumento de de-
de outro tema e tribunal quer prejudicá-lo
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales criticou ontem a
que reunificação com semprego entre jovens. Xi
reconheceu dificuldades,
decisão do Tribunal Constitucional que barra a reeleição de chefes
do Executivo indefinidamente. Pelo X (ex-Twitter), Evo disse que
mas disse que o setor eco- a ação julgada tratava de “liberdade de expressão” e que o tema
Taiwan é ‘inevitável’ nômico melhorou com rela-
ção a 2022 e expressou con-
reeleição foi “contrabandeado” para a ação para prejudicá-lo. l

fiança para este ano.

PEQUIM
O presidente da China, Xi
Jinping, declarou ontem
que a reunificação com
Taiwan é uma “inevitabilida-
de histórica”. O discurso de
Xi reviu as conquistas e desa-
fios de seu país em 2023 e
reiterou a relação com a ilha
como prioridade.
Com eleições presidenciais
de Taiwan marcadas para o dia
13, este ano é importante para
definir as relações entre Pe-
quim e Taipei. “Todos os chine-
ses de ambos os lados do Es-
treito de Taiwan devem estar
unidos por um objetivo co-
mum e partilhar a glória do re-
juvenescimento da nação”, dis-
se Xi em uma transmissão no
canal estatal CCTV.
As relações pioraram na últi-
ma década, com aumento de
atividades militares de ambos
os lados do estreito. A China
reivindica Taiwan como parte
de seu território por causa de
suas relações históricas, rom-
pidas na guerra civil de 1949.
Taipei, sob o comando da pre-
sidente Tsai Ing-wen, sustenta
a independência da ilha.
A próxima eleição é disputa-
da entre o partido de Tsai, o
Partido Democrático Progres-
sista, e uma oposição dividi-
da. As outras duas siglas na dis-
puta são o Kuomitang e o Par-
tido Popular de Taiwan
(TPP), que defendem a manu-
tenção de laços com Pequim.
Ele destacou a liderança
global da China na fabrica-
ção de veículos elétricos e
os avanços tecnológicos
dos smartphones chine-
ses. O primeiro voo comer-
cial de uma aeronave de fa-
bricação chinesa, o C919, e
as missões espaciais
Shenzhou também foram
citadas como exemplos de
progresso nacional.
Xi Jinping também enfati-
zou a necessidade de man-
ter a integração na região au-
tônoma de Hong Kong, que
está em instabilidade desde
os protestos de 2019, e Ma-
cau. Ele concluiu com o reca-
do à nação de trabalhar este
ano para “aumentar a con-
fiança” de todos. l EFE, AFP
Faixa de Gaza
Israel troca chanceler em meio à pressão
internacional por guerra contra Hamas
O governo de Israel anunciou ontem a mudança do mi-
nistro das Relações Exteriores em meio à pressão crescente
por causa da guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa
de Gaza. O então chanceler, Eli Cohen, foi substituído por Is-
rael Katz, que ocupava o cargo de ministro de Energia. l EFE
Leste Europeu
Rússia lança novos ataques aéreos na Ucrânia
após explosão causar mortes em Belgorod
A Rússia lançou um ataque com drones à Ucrânia ontem,
dia seguinte a uma explosão na cidade russa de Belgorod cau-
sar mais de 20 mortes. Segundo a Ucrânia, os russos usaram 49
drones em Kharkiv, dos quais 21 foram interceptados. O Krem-
lin havia prometido retaliar o incidente do sábado. l AP

SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Comportamento
Como atingir metas de 2024
sem colocar a saúde em risco
Para especialistas, deslizes no caminho são normais e esperados;
dicas para voltar aos eixos incluem de foco a controle da ansiedade
ANA LOURENÇO
Entra ano, sai ano e estabelece-
mos mais metas do que geral-
mente conseguimos cumprir.
Segundo especialistas, isso
tem a ver com a expectativa
que colocamos diante do futu-
ro e a dificuldade em entender
as conquistas do passado. “A
gente vê o (acontecimento) ne-
gativo de uma forma muito
acentuada”, diz a psicóloga La-
rissa Fonseca, da Sociedade
Brasileira de Psicologia e espe-
cializada em ansiedade. O êxi-
to, por outro lado, acaba pas-
sando despercebido.
Diversos estudos apontam
inclusive para a dificuldade de
manutenção das metas. Para ci-
tar um exemplo, uma pesquisa
realizada com mais de mil ame-
ricanos pelo Instituto Ipsos
em parceria com a Urban Pla-
tes mostrou que 55% dos indi-
víduos que fizeram algum tipo
de resolução nesse período
não cumpriram o objetivo du-
rante o ano seguinte. Cerca de
10% mantiveram a promessa
por menos de um mês. A psi-
quiatra Nina Ferreira explica
que a parte racional do cére-
bro é a responsável por traçar
metas e manter a disciplina pa-
ra atingi-las. Acontece que
também temos o nosso lado
emocional, comandado pelo
sistema límbico, que é facil-
mente ativado por impulsos,
desejos, vontades e, claro,
emoções. “Portanto, susten-
tar pensamentos racionais é
Preste atenção ! permissão. No dia a dia, privile-
Dicas para 5 promessas
típicas de réveillon
l Emagrecer e/ou comer de
forma saudável
“As pessoas ainda têm uma
relação de ‘tudo ou nada’ com
a alimentação. Então, durante
a semana restringem muito e,
nos fins de semana, exage-
ram. Nenhum dos dois inte-
ressa. O ideal é buscar o equilí-
brio”, diz Marcela Kotait, nu-
tricionista especializada em
transtornos alimentares e
obesidade. O segredo é com-
preender isso e comer com
tranquilidade, aproveitando
Psiquiatra destaca que o desafio em cumprir promessas está no equilíbrio entre emocional e racional
muito desafiador, uma vez que
exige a conscientização recor-
rente do objetivo. É como se
você precisasse estar em cons-
tante estado de alerta para não
sair da linha”, diz Nina.
Por isso, é importante nor-
malizar os deslizes – eles certa-
mente ocorrerão no meio do
caminho. Mas voltar para o ei-
xo é uma decisão racional.
Abaixo, confira algumas dicas
de como fazer isso.
ENTENDA A SUA META. O mais
importante é ter a clareza do
que motiva determinado dese-
jo. Ao ambicionar um empre-
go melhor, por exemplo, refli-
ta sobre o motivo por trás dis-
so e o que, de fato, essa mudan-
ça trará para sua vida. Isso faci-
lita a elaboração de estratégias
para atingir o objetivo. “Se a
gente fica só na superfície, o
cérebro não tem gatilho, ou se-
ja, motivação suficiente para
sustentar o comportamento.
Ele pensa que dá conta, mas,
na primeira dificuldade, quimi-
cada mordida, com prazer e
gie os alimentos naturais e evi-
te os ultraprocessados. “A mu-
dança de peso corporal não de-
ve ser feita sem o acompanha-
mento de um profissional, prin-
cipalmente de um nutricionis-
ta”, ressalta.
l Praticar exercício físico
De acordo com a personal trai-
ner Júlia Ortega, é muito co-
mum as pessoas estabelecerem
metas absurdas. “Alguns que-
rem sair do sedentarismo total
para virarem superatletas”, diz.
A primeira dica é, portanto, es-
tabelecer metas factíveis de cur-
to, médio e longo prazo que
sejam condizentes com a sua
realidade. “Em vez de decidir
camente falando, ele já desis-
te”, diz Nina.
SEJA ESPECÍFICO. Ao imaginar-
mos uma meta, o mais comum
é usarmos termos amplos, co-
mo “ter uma vida mais calma”,
“emagrecer”, “acordar mais ce-
do”, etc. Mas, quanto mais es-
pecífico você for, maior a chan-
ce de definir comportamentos
que podem mudar o seu incô-
modo. O que seria, por exem-
plo, uma vida mais calma para
você? O que significa acordar
mais cedo? A partir disso, crie
condições para que esse hábi-
to aconteça. É aqui que diferen-
ciamos a fantasia de um objeti-
vo que pode ser alcançado: um
tem passo a passo, o outro fica
no imaginário. A metodologia
SMART (acrônimo em inglês
para específico, mensurável, al-
cançável, relevante e tempo-
ral) pode ser útil. Assim, você
se certifica de estar criando al-
go que vai de acordo com o seu
objetivo de vida. “Uma coisa
que ajuda muito é pensar em
que vai na academia todos os
dias e ficar duas horas malhan-
do, que tal se comprometer a
ficar meia hora na bicicleta ou
passar 15 minutos caminhan-
do? Opte por coisas que não te
façam desistir logo no come-
ço”, orienta.
l Dormir melhor
“É importante entender que
não existe uma quantidade
ideal de horas de sono”, alerta a
biomédica Monica Andersen,
diretora de Ensino e Pesquisa
do Instituto do Sono. De acor-
do com ela, se você sempre pre-
cisa do despertador para levan-
tar da cama, essa é uma pista
de que seu sono provavelmente
não é dos melhores. Para che-
gar ao descanso realmente re-
METRÓPOLE
LORDN/ADOBE STOCK
um amigo contando essa meta
para o ano que vem. O que vo-
cê falaria para ele? Tem chan-
ces de dar certo ou ele está ‘via-
jando’? A gente consegue ava-
liar de uma forma mais racio-
nal quando é com o outro”,
aconselha Nina.
REVISE A SUA LISTA. A expecta-
tiva de começo de ano faz com
que tenhamos diversos planos
para serem traçados. No entan-
to, é importante entender que
expectativas mudam, impre-
vistos acontecem e vontades
deixam de ser prioridade. Por
isso, é importante revisar suas
metas sempre e reajustá-las pa-
ra pensar em projetos de for-
ma consciente. “Lembre-se de
que metas não são uma obriga-
ção, mas, sim, um parâmetro
do caminho que a gente quer
seguir. E a gente faz o melhor
possível para se aproximar dis-
so”, ensina a psiquiatra.
SAIBA PRIORIZAR. Dentre as
metas, reflita sobre quais te-
parador, a recomendação é evi-
tar bebidas estimulantes à base
de cola e comidas pesadas an-
tes de dormir. “É preciso acen-
der menos luzes e fazer ativida-
des que nos acalmem.”
l Ser menos estressado
Está aí mais um exemplo de
meta abrangente, fator que po-
de dificultar a execução. “O es-
tresse nada mais é do que um
alerta em relação à determina-
da situação. É esperado tê-lo,
portanto. Agora, se já estamos
com esse nível de alerta alto,
quando os pequenos proble-
mas da vida acontecerem não
vamos conseguir segurar essa
bandeja com tantos copos. É aí
que a gente adoece”, explica a
psiquiatra Larissa Fonseca.
INCLUI CLASSIFICADOS
A11
rão um impacto maior no seu
futuro e na sua felicidade. Isso
pode te ajudar a definir as prio-
ridades. O grande erro é que-
rer resolver tudo de uma vez.
Pode ser que o objetivo de ca-
minhar todos os dias fique de
lado por um emprego novo ou
um problema familiar – e tudo
bem. Reconheça seu ambiente
e seu momento de vida. Outra
dica é não colocar outras me-
tas dentro da mesma meta.
CELEBRE O PASSADO. É fácil
deixar de perceber as conquis-
tas do ano e focar nas metas
não alcançadas. “Com o pessi-
mismo, a serotonina e a dopa-
mina caem, o número de im-
pulsos elétricos diminui e as re-
des neurais ficam preguiçosas.
Ou seja, criamos um ambiente
neuroquímico contrário à evo-
lução”, descreve Nina. Por is-
so, é importante se desconec-
tar do passado e pensar em re-
começar. Para ajudar nisso, ce-
lebre cada pequena conquista
que atingir, como uma simples
ida à academia.
CONTROLE A ANSIEDADE. De
acordo com o psicólogo ameri-
cano Maxwell Maltz (1899-
1975), 21 dias é o tempo que o
cérebro precisa para interpre-
tar um novo hábito como um
padrão e torná-lo automático.
Outros especialistas falam
que o período correto é de
três meses. Mas, na prática, is-
so tem muito mais a ver com
insistência e perseverança do
que com uma quantidade es-
pecífica de tempo. De olho nis-
so, tente manter a ansiedade
sob controle. Larissa reco-
menda entender quais os pen-
samentos que mais causam an-
gústia, já que isso pode ate-
nuar o sofrimento. Segundo
ela, uma boa pedida é praticar
a meditação, que ajuda a nos
manter no momento presen-
te e facilita a adoção de hábi-
tos saudáveis. Mas, atenção:
se a sua ansiedade traz inten-
so sofrimento e você sente
que não consegue controlá-la
sozinho, busque a ajuda de
um psicólogo ou psiquiatra. l
Uma medida interessante é
colocar no papel situações
que te deixam estressado e
também atitudes que conse-
guem te tirar desse estado.
l Não ter o trabalho como
prioridade
“Você não pode ser o ‘tempo
de sobra’ na sua vida”, argu-
menta Larissa. A gestão do
tempo é necessária: não con-
funda urgência com importân-
cia. Crie o costume de pergun-
tar ao gestor o que deve ser
prioridade (caso não tenha
certeza) para não se sobrecar-
regar ou tentar ser multitare-
fas. “O primeiro sinal de aler-
ta do burnout é quando não
há outra fonte de prazer sem
ser o trabalho.”
 METRÓPOLE
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
A12 O ESTADO DE S. PAULO

Saúde so de suor acaba levando para tação nos olhos durante os ba-
dentro dos olhos partículas nhos de sol. Para um alívio

Comum no verão, conjuntivite dos produtos que são utiliza-

dos no rosto (e até vapores des-
ses produtos), especialmente
maior, pessoas mais sensíveis
podem aplicar compressas
frias com água limpa, fresca,

tóxica exige atenção e cuidado os filtros solares. Mas, segun-

Muitas vezes, excesso
de suor acaba levando
para dentro dos olhos
partículas dos
produtos que são
utilizados no rosto
FERNANDA BASSETTE
AGÊNCIA EINSTEIN
Quem nunca sentiu uma ar-
dência nos olhos quando está
na praia ou na piscina? Essa
sensação normalmente vem
acompanhada de olhos verme-
lhos, lacrimejamento e irrita-
ção e pode sinalizar uma con-
juntivite tóxica. Esse quadro é
bastante comum e ocorre
quando há uma agressão dire-
ta aos olhos causada por um
agente externo: pode ser um
colírio de uso contínuo, o pro-
tetor solar, maquiagens e até
mesmo o vapor do spray que é
aplicado no cabelo.
Em linhas gerais, a conjunti-
vite tóxica é a inflamação da
conjuntiva – membrana fina e
transparente que recobre a
parte branca dos olhos (escle-
ra) e tem como função prote-
ger a superfície ocular de agen-
tes externos e manter a lubrifi-
cação dos olhos, evitando res-
secamento. “A conjuntivite
tóxica é uma agressão que
acontece tanto na córnea quan-
to na conjuntiva. Ela causa um
quadro semelhante ao das con-
juntivites de outras etiologias,
sejam virais ou bacterianas. A
principal diferença é que exis-
te esse fator causal de contato
de alguma substância específi-
ca no olho”, diz o oftalmologis-
ta Adriano Biondi, do Hospital
Israelita Albert Einstein.
Segundo ele, a conjuntivite
tóxica se confunde um pouco
com as conjuntivites alérgicas
e infecciosas causadas por ví-
rus – ela apresenta um quadro
um pouco mais irritativo, as
pálpebras ficam um pouco
mais inchadas, o olho fica aver-
melhado, com lacrimejamen-
to aquoso que pode atrapalhar
a visão e causar uma ceratite
(inflamação na córnea). Ela é
Levantamento
1 em cada 5
Um levantamento do Insti-
tuto Penido Burnier, com
270 pacientes que apresen-
taram conjuntivite no ve-
rão, indicou que 20% dos
casos eram da tóxica. En-
tre eles, 46% foram causa-
dos pelo contato do prote-
tor solar nos olhos, 39%
pelo bronzeador e cremes
faciais, e 15% por maquia-
gens e cola de cílio postiço.
diferente da conjuntivite bac-
teriana, onde existe uma secre-
ção purulenta mais exuberan-
te. O médico explica que a con-
juntivite tóxica não é contagio-
sa, já que é causada por um
agente químico e não por um
micro-organismo.
PROTETOR. No verão, os casos
costumam surgir mais fre-
quentemente porque o exces-
do médicos ouvidos pela Agên-
cia Einstein, não é para deixar
de usar protetor solar no ros-
to, muito pelo contrário. A re-
comendação é usar o protetor
de forma correta, evitando a
aplicação em excesso ao redor
dos olhos para que o produto
não escorra com o suor.
“O uso de filtros solares in-
fantis também é opção para
proteção do rosto porque não
possui substâncias que cau-
sam irritação ocular. Hoje tam-
bém já existem filtros oftalmo-
logicamente recomendados”,
disse o oftalmologista Leôn-
cio Queiroz Neto, que destaca
ainda a importância de usar
barreiras físicas para prote-
ção, como chapéu, bandana e
óculos que tenham filtro UVA
e UVB nas lentes.
O diagnóstico da conjuntivi-
te tóxica é clínico, feito com
base no relato do paciente e no
exame em consultório. Uma
vez diagnosticada, o tratamen-
to é basicamente isolar o agen-
te causador – por isso, é impor-
tante uma avaliação médica.
A principal recomendação é
lavar o rosto abundantemente
com água fria nos casos de irri-
gelada – pode ser água mineral
ou até mesmo soro fisiológico.
Se evoluir para uma conjuntivi-
te alérgica, é preciso tratar
com medicamentos, sempre
com orientação médica. “Os
colírios têm venda livre, mas
não devem ser usados nos
olhos por conta própria”, aler-
tou Queiroz Neto.
Sempre consulte o médico
Outra causa muito comum
é uso crônico de alguns
colírios indicados para o
tratamento de glaucoma
Outra causa muito comum
da conjuntivite tóxica é uso
crônico de alguns colírios indi-
cados para o tratamento de
glaucoma – alguns deles pos-
suem substâncias que podem
se tornar irritativas. “Para evi-
tar esse tipo de reação no olho,
alguns laboratórios têm cria-
do colírios específicos, espe-
cialmente para pessoas com
olho seco e que usam lágrimas
artificiais. Hoje há uma gama
de opções e isso faz com que o
uso prolongado e não cause
conjuntivite tóxica”, diz ele. l

CLASSIFICADOS JORNAL DO CARRO IMÓVEIS OPORTUNIDADES&LEILÕES CARREIRAS&EMPREGOS

Para anunciar:
(11) 3855-2001

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EDITAL DE LEILÃO ON-LINE

DATA 1º LEILÃO 16/01/24 ÀS 10H - DATA 2º LEILÃO 19/01/24 ÀS 10H
Vicente de Paulo Albuquerque Costa Filho, Filho, Leiloeiro Oficial inscrito na JUCEMA sob nº 12/96, faz saber,
através do presente Edital, que devidamente autorizado pelo Banco Bradesco S.A, inscrito no CNPJ sob nº
60.746.948/0001-12, promoverá a venda em Leilão (1º ou 2º) do imóvel abaixo descrito, nas datas, hora e local
infracitados, na forma da Lei 9.514/97. Local da realização do leilão: somente on-line via www.leilaovip.com.
br. Localização do imóvel: São Paulo-SP. Bairro Jardim Mangalot.
Mangalot . Rua Padre Anibal Difrancia, nº 96. Casa.
Áreas totais: terr. 125,00m2 e constr. 250,00m2, lançada no IPTU (consta no RI 53,00m2). Matr. 15.623 do 16º RI
local. Obs.: Regularização e encargos perante os órgãos competentes, da divergência de área verificada no
local, com a lançada no IPTU e averbada no RI, correrão por conta do comprador. Consta sobre o imóvel Ação de
Execução Fiscal processo nº 1586125-83.2021.8.26.0090 da Vara de Execuções Fiscais de São Paulo – SP, o qual
será de responsabilidade do vendedor o seu pagamento, bem como a baixa da respectiva ação de execução.
Caso haja o exercício de direito de preferência, o débito e a baixa da respectiva ação de execução serão de
exclusiva responsabilidade do ex-fiduciante. Ocupada. (AF). 1°Leilão: 16/01/2024, às 10:00h LANCE MÍNIMO:
R$ 1.147.893,57. 2°Leilão: 19/01/2024, às 10:00h LANCE MÍNIMO: R$ 851.881,59 (caso não seja arrematado
no 1º leilão). Condição de pagamento: à vista, mais comissão de 5% ao Leiloeiro. Da participação on-line:
O interessado deverá efetuar o cadastramento prévio perante o Leiloeiro, com até 1 hora de antecedência ao
evento. O Fiduciante será comunicado das datas, horários e local de realização dos leilões, para no caso de
interesse, exercer o direito de preferência na aquisição do imóvel, pelo valor da dívida, acrescida dos encargos
e despesas, na forma estabelecida no parágrafo 2º-B do artigo 27 da lei 9.514/97, incluído pela lei 14.711/2023.
Os interessados devem consultar as condições de pagamento e venda dos imóveis disponíveis nos sites:
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www.bradesco.com.br e www.leilaovip.com.br. Para mais informações - tel.: 0800 717 8888 ou 11-3093-5252. ïëÞîá ë éÝåëî Ýßåàáêðá áïìÝßåÝè àÝ äåïðƀîåÝ àë ÄîÝïåè š á ñé
Vicente de Paulo Albuquerque Costa Filho - Leiloeiro Oficial JUCEMA nº 12/96 àëï éÝåëîáï àë éñêàë

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024 CLASSIFICADOS A13
 METRÓPOLE
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
A14 O ESTADO DE S. PAULO

HOJE: HOJE: HOJE: VOLUME UMIDADE AMANHÃ QUARTA QUINTA SEXTA SOL LUA: CHEIA
PREVISÃO DO TEMPO MANHÃ TARDE NOITE

20° 21° 19°

DE CHUVA RELATIVA CHEIA 26/12 21h33
17°/24° 18°/25° 19°/26° 19°/28°
1MM 50 95%
Para São Paulo - Capital NASCENTE: 5h22 MINGUANTE 04/01 23h10
POENTE: 18h58 NOVA 11/01 08h57
Baseada na geocoordenada Última Atualização:
da Praça da Bandeira 29/12 30% 35% 20% a CRESCENTE 18/01 00h52

Regiões do Estado de SP Chance de Chuva Volume de Chuva Temperaturas (min./máx,)

Precipitação
ARARAQUARA
Média Capitais CHOVE? VOL.MÉDIO MÍN./MÁX. Capitais CHOVE? VOL.MÉDIO MÍN./MÁX. Mundo FUSO MÍN./MÁX. FUSO MÍN./MÁX.
64% 11.5mm 18°/26°
RIBEIRÃO PRETO ARACAJÚ 40% 2mm 26°C/30°C MACEIÓ 40% 1mm 24°C/31°C ASSUNÇÃO 0h 22°C/32°C LOS ANGELES -5h 9°C/14°C
+
90% 23.5mm 18°/27° CAMPINAS ATENAS +5h 12°C/17°C MADRID +4h 6°C/10°C
BELÉM 70% 17mm 25°C/29°C MANAUS 60% 8mm 25°C/29°C
87% 6.8mm 17°/26° 100mm
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO BELO HORIZONTE 80% 40mm 18°C/22°C NATAL 60% 15mm 26°C/28°C BARCELONA +4h 8°C/15°C MIAMI -2h 12°C/22°C
82% 24.2mm 20°/28° SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
BOA VISTA 10% 0mm 25°C/36°C PALMAS 85% 22mm 24°C/28°C BERLIM +4h 4°C/8°C MONTEVIDÉU 0h 17°C/25°C
86% 19.9mm 13°/22° 50mm
ARAÇATUBA BRUXELAS +4h 7°C/8°C MOSCOU +6h -12°C/-3°C
78% 23.2mm 20°/29° LITORAL NORTE BRASÍLIA 100% 23mm 19°C/24°C PORTO ALEGRE 20% 0mm 18°C/29°C
66% 4mm 21°/26° 25mm BUENOS AIRES 0h 21°C/27°C NOVA YORK -2h 1°C/7°C
PRESIDENTE PRUDENTE CAMPO GRANDE 95% 34mm 22°C/26°C PORTO VELHO 55% 8mm 24°C/31°C
CARACAS -1h 20°C/26°C PARIS +4h 8°C/10°C
65% 32.1mm 18°/30° 10mm CUIABÁ 85% 17mm 25°C/31°C RECIFE 60% 7mm 26°C/29°C
CIDADE DO MÉXICO -3h 7°C/20°C ROMA +4h 11°C/16°C
MARÍLIA Ondas: CURITIBA 45% 1mm 16°C/23°C RIO BRANCO 45% 2mm 24°C/31°C
43% 8mm 17°/30° 01/01 5mm ESTOCOLMO +4h -4°C/-3°C SANTIAGO 0h 13°C/29°C
SOROCABA
FLORIANÓPOLIS 40% 4mm 21°C/25°C RIO DE JANEIRO 70% 22mm 21°C/22°C
54% 0.8mm 16°/29° GENEBRA +4h 4°C/8°C SYDNEY +14h 20°C/24°C
BAURU +
2,5m 2mm FORTALEZA 75% 5mm 25°C/29°C SALVADOR 35% 1mm 25°C/32°C JOANESBURGO +5h 16°C/29°C TEL-AVIV +5h 11°C/20°C
45% 5.7mm 17°/28° SÃO PAULO
65% 2.1mm 17°/24° 1,5m GOIÂNIA 95% 32mm 20°C/24°C SÃO LUÍS 90% 17mm 25°C/30°C LIMA -2h 21°C/25°C TÓQUIO +12h 2°C/10°C
TEMPOnaCidade.com.br 1mm
LITORAL SUL 1m JOÃO PESSOA 55% 6mm 25°C/31°C TERESINA 75% 10mm 24°C/30°C LISBOA +3h 6°C/15°C TORONTO -2h -4°C/-1°C
59% 2.6mm 21°/26° - - MACAPÁ 50% 4mm 25°C/32°C VITÓRIA 95% 38mm 22°C/25°C LONDRES +3h 6°C/9°C WASHINGTON -2h 3°C/9°C

SÃO PAULO RECLAMA HÁ UM SÉCULO

Transportes

Tarifa de Metrô, CPTM Leitor cobra detalhes de

recape na Rua Vergueiro

Reclamação de Sérgio Car-

Anno Novo

Movimento desusado teve,

nas ruas centraes da cidade e

e EMTU passa hoje de doso: “A Rua Vergueiro

tem dez quilômetros de ex-
tensão e é uma das princi-
mesmo nos bairros mais popu-
losos, a noite de hontem para
hoje, indicando isso que a “pas-

R$ 4,40 para R$ 5 pais ruas de São Paulo, fa-

zendo ligação com a Via An-
chieta. Entretanto, está
com muitos buracos e de-
sagem do anno” esteve, desta
feita, muito nas preocupações
do nosso povo, habitualmente
pouco dado a semelhantes ex-
pressão nas pistas, especial- pansões. Demonstra ainda, tal-
O porcentual, de 13,6%, Freitas (Republicanos), ale- nheiro para subsidiar o mente a partir do número vez, a sua boa disposição e as
é menor do que a gou que, se os valores não fos- transporte.” 7.000 até o final. Qual é o esperanças que nutre, em rela-
sem corrigidos, haveria a pos- critério para se recapear ção ao anno que entra, o qual
inflação de 28% sibilidade de o serviço “cair VALOR ANTIGO. Quem tiver uma rua? A maior parte das vem, realmente, com as melho-
acumulada desde 2020, de qualidade”. Partindo do créditos no Bilhete Único, ruas do bairro Moinho Ve- res credenciaes, parece auspi-
quando aconteceu a Índice de Preços Ao Consumi- o cartão de transporte da lho está recapeada, mesmo cioso, dando sobrados moti-
correção anterior dor da Fundação Instituto de capital paulista, compra- as vias estreitas com um vo- vos para a população de todo o
Pesquisas Econômicas -Fipe dos antes da virada do ano, lume de tráfego pequeno.” paiz esteja sentido fundas espe-
(IPC-Fipe), o porcentual é me- poderá utilizá-los no valor ranças nos seus 366 dias. Va-
CAIO POSSATI nor do que a inflação de 28% da tarifa antiga. O mesmo Resposta da Prefeitura: rias razões haverá para esse es-
acumulada desde 2020, quan- vale para o cartão TOP, que “A Secretaria Municipal das tado psychologico da popula-
A tarifa do transporte sobre do aconteceu a correção ante- atende a Grande São Paulo. Subprefeituras informa que ção brasileira. l
trilhos em São Paulo aumenta rior das passagens. Isto é, se uma pessoa carre- a Rua Vergueiro está rece-
hoje de R$ 4,40 para R$ 5. O gou R$ 300 em um dos car- bendo o serviço de recape
mesmo ocorre com os ônibus SUBSÍDIO. Além disso, confor- tões de transporte aceitos em três trechos, sendo o pri-
operados pelo Estado, via Em- me o governador, para man- pelo Metrô e CPTM até on- meiro considerado da Ave-
presa Metropolitana de Trans- ter os subsídios que ajudam a tem, ela vai pagar R$ 4,40 nida Dr. Ricardo Jafet até a
portes Urbanos (EMTU). manter as passagens ao preço em cada passagem até os Avenida Marginal Direita
Não haverá reajuste dos ôni- de R$ 4,40, seria necessário ti- créditos se esgotarem. A da Via Anchieta. O segundo
bus sob administração da Pre- rar dinheiro de áreas prioritá- partir da próxima recarga, trecho está entre a Rua do
feitura na capital paulista. rias, como saúde, o que dese- o valor atualizado, de R$ 5, Paraíso e a Baltazar Lisboa.
O reajuste atinge a Compa- quilibraria as contas públicas. começará a ser cobrado. O Já o terceiro trecho está en-
nhia do Metropolitano de São mesmo vale para integra- tre a Rua Baltazar Lisboa e a
Paulo (Metrô), a Companhia ções: quando o passageiro Avenida Dr. Ricardo Jafet.
Paulista de Trens Metropolita- Ônibus municipais pegar ônibus e metrô, o va- São mais de 92 mil metros
nos (CPTM) e as concessioná- Conforme definido pela lor será o mesmo de 2023, quadrados que serão recu-
rias, como a da Linha 4-Amare- Prefeitura de São Paulo, R$ 7,65. perados. A previsão é de
la. Por isso, em casos de inte- não haverá reajuste da Os valores citados consi- que os serviços sejam finali-
gração na capital paulista, ape- tarifa municipal deram a tarifa comum. Pa- zados em fevereiro. No mo- CORREÇÕES
nas o valor do transporte so- ra estudantes ou demais mento, são 130 os trechos
bre trilhos será considerado modalidades, o preço pode em andamento, que totali-
como maior, a partir de hoje. Tarcísio disse também que o variar e chegar até a meta- zam uma área de 1,8 milhão Este espaço se destina à correção de erros
publicados na edição impressa do ESTADÃO.
A integração Metrô/CPTM governo continuará aportan- de da tarifa ou zero. de m². Entre os critérios Você pode colaborar enviando e-mail para
com ônibus custará R$ 8,20 do subsídios e que vai gastar considerados estão o volu- correcoes@estadao.com. As correções abran-
gem erros como: de informação, nome, cargo,
para as recargas na modalida- cerca de R$ 2 bilhões para o CATRACA LIVRE NO MUNICÍ- me de tráfego e a deteriora- dados numéricos, entre outros.
de bilhete comum. funcionamento da atividade. PIO. Hoje, por causa do pro- ção do pavimento.” l
Com o reajuste de 13,6%, os “O subsídio ainda vai ser pesa- grama municipal de tarifa
passageiros terão de pagar, do em 2024. O reajuste que es- zero, as catracas de ônibus Teve algum direito como cidadão
LOTERIA
ou consumidor desrespeitado? O
em média, R$ 26,40 a mais por tá sendo aplicado não traz terão passagem livre na ca- blog Seus Direitos pode ajudar.
Envie suas reclamações, com os
mês no transporte sobre tri- neutralidade para a tarifa, não pital. O mesmo deve ocor- devidos documentos, dados pes- Para ver os resultados, aponte a câma-
lhos em dias úteis. O governa- traz a receita neutra. Ou seja, rer no aniversário da cida- soais e contatos, além do nome
dos envolvidos na questão, para o
ra do seu celular para o QR Code ou
acesse: https://loterias. esta-
dor de São Paulo, Tarcísio de o Estado ainda vai aportar di- de, no dia 25. l spreclama@estadao.com dao.com.br/mega-sena.

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FALECIMENTOS to/missa encaminhadas pelo e-mail falecimentos@estadao.com, com nome do remetente, endereço, rg e telefone.

Maria Tereza Rossetti Teixeira Lei-
te – Aos 93 anos. Era casada. Deixa os
filhos Mauricio, Marisa, parentes e
amigos. O enterro foi realizado no Ce-
mitério e Crematório Primaveras.
Amelia Vidal de Almeida Sabenca –
Aos 85 anos. Era viúva de Agripino An-
tonio e Silva. Deixa filhas, parentes e José Ribeiro da Silva – Aos 71 anos. vo. Deixa os filhos Paulo, Viviane, Cin- da, parentes e amigos. O enterro foi
amigos. O enterro foi realizado no Ce- Era casado com Maria Simone Gomes thia, parentes e amigos. O enterro foi realizado no Cemitério e Crematório
mitério e Crematório Primaveras. da Silva. Deixa os filhos Marcio, Mar- realizado no Cemitério e Crematório Primaveras.
Sonia Regina Ferrari – Aos 64 anos. cel, Katia, Joana, Carla, Jane, paren- Primaveras. IN MEMORIAM
Era solteira. Deixa o filho Mark, paren- tes e amigos. O enterro foi realizado no Armando Ricardo Junior – Aos 60 Nazira Simão Alexandre – Dia 4, às
tes e amigos. O enterro foi realizado no Cemitério e Crematório Primaveras. anos. Era casado com Delia Cristina Ri- 18h30, na Paróquia São Gabriel Arcan-
Cemitério e Crematório Primaveras. Paulo Rimcha – Aos 67 anos. Era viú- cardo. Deixa os filhos Armando, Aman- jo, na Av. São Gabriel, 108.
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
A15
O ESTADO DE S. PAULO
CULTURA&COMPORTAMENTO C2
Cinema Brasileiro

Fabio Porchat e Sandy protagonizam

filme inspirado na música ‘Evidências’
Longa, que estreia em fevereiro, flerta com o realismo fantástico para contar história
de casal que se apaixona ao ouvir a canção, que se torna ‘maldição’ após o término

WARNER BROS. PICTURES

BARBARA CORREA

Na sala de uma casa luxuosa,

com uma vista panorâmica do
bairro do Pacaembu, em São
Paulo, um jovem casal discute o
relacionamento. Acontece que
eles não estão na mesma briga.
Enquanto Laura dirige seus
argumentos para uma poltro-
na vazia, Marco Antônio gesti-
cula desesperado. E, nessa
loucura, o homem é o único
que percebe a delirante reali-
dade: ele está invisível. A par-
ceira está discutindo com
uma versão dele do passado.
Apesar de parecer um sus-
pense, o desespero se torna en-
graçado para quem testemu-
nha a atuação cômica de Fábio
Porchat nas gravações do filme
Evidências do Amor. O Estadão
acompanhou um dia de filma-
gem do longa, que chega aos ci-
nemas e à HBO Max este ano.
O humorista faz o par ro-
mântico com Sandy, que, na
ocasião, ainda não tinha
anunciado a separação de Lu-
cas Lima. Na verdade, ela pa- Produção, que tem roteiro de Porchat e é dirigida por Pedro Antônio Paes, marca a volta de Sandy às telonas após mais de uma década
recia bem distante de qual-
quer conexão com a vida pes-
soal no set onde deu vida a cantado em cena”.
Laura, depois de mais de 10 “É uma música que fala Justamente por ocupar esse O que vem por aí
l Chama a Bebel
anos longe das telonas. sobre amor, sobre se espaço na história, o diretor Pe- ! O filme tem como protagonis-
Na história, dirigida por Pe- entregar, e o brasileiro dro Antônio Paes comenta ta a jovem Bebel, que trabalha
dro Antônio Paes (de Tô Ryca! é um povo apaixonado. que o maior desafio foi ressig- em causas ambientais. Ela é
e Um Tio Quase Perfeito), Mar- Virou um hino e dá nificar e trazer originalidade Destaques do cinema interpretada por Giulia Benite.
co e Laura se apaixonam após esse calor na alma de para a atmosfera de uma can- nacional em 2024 Estreia prevista para janeiro.
cantarem Evidências juntos, querer cantar com ção tão conhecida. “Todo mun-
em um karaokê. todas as forças” do tem alguma relação com es- l Nosso Lar 2 – l Grande Sertão
Desde então, os dois forma- Fabio Porchat sa música. Uma maneira origi- Os Mensageiros Adaptação do livro de
ram um casal que parecia per- Ator nal de trazê-la para dentro da Edson Celulari vive o espírito Guimarães Rosa assinada por
feito, mas a relação chegou ao dramaturgia é brincar com a Aniceto no filme baseado em Guel Arraes e Jorge Furtado.
fim por muitas brigas. Sem en- coisa do realismo fantástico, Os Mensageiros, de Chico No elenco, Caio Blat, Rodrigo
tender o que aconteceu, ago- de se transportar da realidade Xavier, e dirigido por Lombardi e Luis Miranda,
ra, toda vez que essa música para outros lugares. Na comé- Wagner de Assis. A estreia es- entre outros. Previsão de es-
toca, o personagem de Por- dia romântica, dá para explo- tá prevista para janeiro. treia em maio.
chat viaja nas suas lembran- rar esse ingrediente.”
ças e discussões com a amada. Porchat comenta ainda que l Turma da Mônica l O Auto da Compadecida 2
Desesperado, ele parte em A artista conta ainda que a diversas versões da música fo- Jovem: Reflexos do Medo Selton Mello e Matheus Nach-
uma longa jornada para se li- dupla sertaneja fará uma bre- ram trazidas ao filme, para O longa traz pela primeira tergaele estrelam a continua-
vrar dessa “maldição”. Sandy, ve participação no longa. que o público não se sentisse vez os personagens de Maurí- ção do filme baseado na obra
que viverá três versões de Lau- “Meu pai é muito tímido e “saturado”. “Colocamos Evi- cio de Sousa para o formato de Ariano Suassuna. O roteiro
ra, também canta o clássico tor- quando eu contei do filme ele dências na versão rock, lamba- de live-action. Elenco é for- é de Guel Arraes e João Fal-
nado célebre pela dupla Chi- ficou assustado, mas adorou. da e até em espanhol.” mado por Sophia Valverde, cão, com colaboração de Adria-
tãozinho e Xororó – seu pai. Eles até interpretaram, tive- “É uma música que fala so- Xande Valois, Bianca Paiva e na Falcão e Jorge Furtado. O
“Eu sempre dava uma palhi- ram uma fala, vocês vão ver.” bre amor, sobre se entregar, e Theo Salomão, além dos filme deve chegar aos cinemas
nha com meu pai em shows, o brasileiro é um povo apaixo- “adultos” Mateus Solano, Ma- apenas no segundo semestre.
mas nunca tinha cantado a PROTAGONISMO. Fábio, que nado. Virou um hino e dá esse ria Bopp e Júlia Rabello. Es-
música inteira sozinha e, no fil- também trabalhou como rotei- calor na alma de querer cantar treia prevista para janeiro. A l Silvio Santos: O Sequestro
me, minha personagem, que rista, explica que Evidências com todas as forças. A gente Turma da Mônica também O apresentador Rodrigo Faro
quer ser uma cantora, vai fazer tem protagonismo na narrativa quis preservar isso e fazer com terá outro lançamento em chega ao cinema para inter-
isso. Essa canção tem um signi- mas não serviu de inspiração pa- que a canção fosse uma maldi- 2024, este sem previsão de pretar Silvio Santos em histó-
ficado grande para minha famí- ra o roteiro: “A música é um per- ção só para o Marcos e a Laura, estreia: a live-action Chico ria que vai abordar tanto o
lia e isso foi essencial para de- sonagem, mas o longa não é so- não para o público, para quem Bento e a Goiabeira Maravió- seu sequestro como o de
senvolver minha persona- bre a canção. Não pegamos a Evidências vem como um respi- sa, estrelada pelo ator sua filha, Patricia. Ainda não
gem”, afirma Sandy. letra e transformamos o que é ro romântico de esperança.” l mirim Isaac Amendoim. há data de estreia definida.
 CULTURA&COMPORTAMENTO
A16
Cinema
Suzana Pires raspa a cabeça
em filme sobre câncer
uzana Pires comparti-
S lhou, em conversa com a
coluna, os desafios e emo-
ções vivenciadas durante
as gravações de “Câncer com As-
cendente em Virgem” para o ci-
nema. Ela está na pele da produ-
tora Clélia Bessa que enfrentou
o diagnóstico e o tratamento do
câncer de mama. A atriz raspou
a cabeça e foi viver num hotel
para sair da sua vida e entrar a
fundo no papel da personagem.
Suzana relembra a cena em
que seu cabelo é raspado: “Eu
já estava com a cabeça cheia de
falhas no filme, quando chega
nesse ponto só tem uma saída
que é raspar o cabelo. Ele vai
sair todo, então, é melhor ras-
par logo, antes que aquilo pio-
re e você fique se vendo no es-
pelho com uma cara muito es-
quisita. Então a careca traz a
dignidade também”.
Quando questionada sobre
a sensação, Suzana responde:
“Muito tranquila, foi a Marieta
Severo que raspou a maior par-
te da minha cabeça, com quem
eu tive um uma relação profis-
sional maravilhosa e pessoal
também. Então, tinha muito ca-
Cinema
Turma da Mônica e o
mundo sobrenatural
Suspense, mistério e diversão
serão os ingredientes do novo
filme “Turma da Mônica Jo-
vem: Reflexos do Medo”, que
estreia no dia 18 de janeiro. O
longa-metragem do diretor
Maurício Eça (de Carrossel – O
Filme e do inédito Maníaco do
Parque – A História Não Conta-
Os desafios e perigos que cercam a Amazônia brasileira
a partir do olhar de uma jovem ativista indígena e de
um mosaico de vozes dos povos que habitam a floresta.
Uma viagem emocional à Amazônia
que os brasileiros desconhecem
Podcast em 10 episódios
PRODUÇÃO:
Direto da Fonte
Gilberto Amendola
rinho ali, muito afeto envolvi-
do e respeito pelo trabalho, e a
Nathália Costa, que faz a minha
filha, raspou o finalzinho”. Ma-
rieta Severo faz a mãe da perso-
nagem de Suzana no filme.
A história do longa foi inspi-
rada no blog “Estou com cân-
cer, e daí?”, lançado em 2018,
em que Clélia Bessa comparti-
lhava com os leitores de forma
bem-humorada as experiên-
cias com a doença. Suzana co-
menta sobre como o câncer
afeta não só a pessoa, mas tam-
bém a família e as possibilida-
des para o futuro. Ela destaca
que entrar em contato com es-
sas emoções foi muito intenso
e requereu todo o seu foco.
Por isso, ela optou por morar
em um hotel durante as seis
semanas de filmagem e prepa-
ração, deixando sua vida coti-
diana para trás.
Uma das intenções do filme,
segundo Suzana, é tirar a histó-
ria do câncer de mama do lugar
de batalha, de vencer ou per-
der, e trazer um olhar diferente
sobre a doença. O título “Cân-
cer com Ascendente em Vir-
gem” dialoga com uma cena do
LAURA CAMPANELLA
da) vai trazer Mônica, Cebola,
Magali, Cascão e Milena en-
trando no ensino médio e, ao
mesmo tempo, investigando
fenômenos sobrenaturais.
Para ouvir, baixe o app da Storytel
Acesse: amazoniainvisivel.com.br
REALIZAÇÃO PARCERIA
gilberto.amendola@estadao.com
Além de atriz, Suzana é uma das roteiristas do filme
Bloco de Notas
l POVOS ORIGINÁRIOS. Com cu-
radoria de Ademario Ribeiro
Payayá, Kaká Werá Jecupé e
Selma Caetano, a exposição
Araetá - A Literatura dos Povos
Originários teve a sua abertura
em agosto e segue até março
de 2024, ocupando diferentes
espaços do Sesc Ipiranga e pro-
movendo visibilidade a cosmo-
visões de 50 povos.
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
MARIANA VIANNA
l BALANÇO NO TEATRO. O Tea-
tro Vivo encerrou 2023 com
um total de 12 espetáculos e
220 apresentações. As peças
atraíram um público de mais
de 42 mil pessoas.
l PRESENÇA. O cônsul-geral da
Itália em São Paulo, Domenico
Fornara, e a cônsul-adjunta, Li-
Apresentação
Andréia Lago
Jornalista
O ESTADO DE S. PAULO
MARCELA PAES | MARCELA.PAES@ESTADAO.COM
PAULA BONELLI | PAULA.BONELLI@ESTADAO.COM
longa. A personagem acaba de
ter o diagnóstico de câncer de
mama. Logo depois, ela está
com um cara que conheceu em
uma festa. Suzana está anima-
da de uma maneira que nunca
esteve antes. Ela puxa uma co-
reografia na festa e o cara acha
ela incrível. Suzana, então, diz:
‘Cara, nem eu tô me reconhe-
cendo. É porque eu tô com cân-
cer.’ E o pretendente não ouve
direito e pergunta: “Como?” E
ela, para disfarçar, fala: ‘Eu sou
“Foi a Marieta Severo
que raspou a maior parte
da minha cabeça, com
quem eu tive uma relação
profissional
maravilhosa”
de câncer com ascendente em
virgem’. “A gente achou que es-
sa frase dá uma outra com-
preensão do que pode ser essa
doença, esse tratamento, e é al-
go engraçado e suave que tam-
bém traz a seriedade com que a
gente está falando da doença,
então batizamos assim o títu-
lo”, explica. Além de atriz, Su-
zana é uma das roteiristas do
filme, e há 30 anos ela desem-
penha ambos os papéis. O fil-
me ‘Câncer com Ascendente
em Virgem’ está previsto para
ser lançado em 2024, com dire-
ção de Rosane Svartmann. l
via Satullo, prestigiaram o es-
petáculo natalino Falasartes e a
Máquina dos Sonhos, com mora-
dores em situação de rua e ar-
tistas e músicos profissionais.
l CÓDIGO ABERTO. No dia 9, o
Museu do Amanhã abre a expo-
sição Arte de Código Aberto, tra-
balho individual do artista-
programador Vamoss.
 CULTURA&COMPORTAMENTO A17
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

Televisão Reality show O programa terá, ainda, o Único. No Voto da Torcida,

Fanfic Brasil, espécie de um no- os espectadores podem votar

BBB terá inspiração em contos vo O Brasil Tá Vendo, que vai

dar voz às histórias do confina-
mento criadas pelo público.
quantas vezes desejarem, fa-
zendo login com sua conta
Globo no portal Gshow. O ca-

de fadas e Alok na abertura DIVISÃO. No início de dezem-

Às vésperas da estreia do Big
Brother Brasil 24, na Globo,
o diretor Boninho revelou,
em um vídeo compartilhado
em seu perfil nas redes so-
ciais, alguns detalhes da casa
que vai abrigar, a partir da se-
gunda-feira, 8, a nova edição
do reality show sob o coman-
do de Tadeu Schmidt.
Boninho mostrou alguns ob-
jetos como sapos, estrelas dou-
radas, lombadas de livros e ma-
çãs. A decoração este ano terá
como tema os contos de fadas.
Nas últimas semanas, ou-
tras novidades foram sendo di-
vulgadas. Uma delas diz respei-
to à xepa, situação em que um
bro, Boninho apareceu na
dastro é gratuito. Já o Voto
Único exige que a pessoa in-
forme seu CPF para verifica-
CCXP e anunciou uma nova ção de autenticidade, permi-
dos grupos tem acesso a uma dos novos quadros do progra- versão da abertura. Vida Real, tindo que vote apenas uma
menor quantidade de alimen- ma – nele, o apresentador fa- de Paulo Ricardo, terá, agora, vez por paredão.
to durante um período, e que rá comentários sobre os participação do DJ Alok.
sempre rende boas histórias. acontecimentos recentes da No mesmo evento, Boninho
Nesta edição, ela deve ser ain- casa. “É um quadro ousado e revelou que um novo quarto se- Mudanças
da melhor – ou pior, dependen- uma baita responsabilidade. rá adicionado à “casa mais vi- Programa, que estreia
do do ponto de vista. Quero levar o público comi- giada do Brasil”. no dia 8, terá novo quarto,
Uma xepa mais dura foi um go nas minhas sensações. A Com isso, o programa conta- xepa rigorosa e sistema
pedido dos próprios telespecta- gente vai falar do que estará rá com três cômodos, além de votação diferente
dores, segundo a chamada pu- acontecendo na casa. Essa é dos aposentos do líder – o que
blicada pelo BBB. “A xepa está a pauta: a realidade”, afirma. pode dar fim à divisão entre
muito gourmetizada, tem que Já Marcos Veras será o dois grupos que dominou as Cada modelo de votação te-
ser rapadura e água”, afirma apresentador do segmento últimas edições. rá o peso de 50% no resultado
uma mulher no vídeo, enquan- “Vamo invadir sua casa”. “Es- Mas uma das principais novi- final, com a decisão sendo ba-
to usa o big fone. “O povo tem tou muito feliz por partici- dades desta edição do BBB é a seada na média ponderada dos
que comer goiabada”, diz outra. par pela primeira vez como dinâmica de um voto por CPF. dois formatos.
integrante de um programa A partir de agora serão, por- Os nomes dos participantes
QUADROS. Luís Miranda co- consolidado e querido pelos tanto, duas formas de votar: do BBB 24 devem ser anuncia-
mandará o Big Babado, um brasileiros”, destaca ele. o Voto da Torcida e o Voto dos na sexta, 5. l

aula aberta Tiro com Arco: exposição Andando de Skate

Circuito de voleibol com
Mireya Luis Hernández (Cuba)
Part.: Ana Moser (6/1), Fofão (7/1),
Karin Rodrigues (9/1)
6/1. Sábado, 13h.
Santo Amaro
7/1. Domingo, 15h30.
Pinheiros
9/1. Terça, 18h.
24 de Maio
Apresentação
Esportiva
de Esgrima
Com Bia Bulcão
6/1. Sábado, 11h30.
Local: Pátio São Bento
Florêncio de Abreu
Tênis de Mesa
Com Catia
Oliveira (6/1) e
Maira Ranzeiro (7/1)
6 e 7/1. Sábado e
domingo, 10h.
Interlagos
Judô
Paralímpico bate-papo
Com Alana Maldonado
6 a 27/1. Sábado, 11h30.
Consolação
Práticas Corporais
9/1 a 1/2. Terça e quinta,
9h.
Osasco
Da Ancestralidade
ao Esporte de Alto
Rendimento
Com Anne Marcele,
Gustavo Santos e
Graziela Yaci dos Santos
6/1. Sábado, 15h.
Ipiranga
Vôlei de Praia intervenção
com Carol Solberg
6/1. Sábado, 15h.
Santo André
instalação
Mural as Rainhas
das Praias. As Donas
das Quadras
6/1 a 18/2. Terça a sexta,
9h às 22h. Sábado,
domingo e
feriado, 9h às 18h.
Guarulhos
Os Esportes de Lutas
e Mediação: Raphael Piva
as Lutas do Esporte
6/1 a 18/2. Terça a
domingo, 10h às 18h.
Identidade Skate: Avenida Paulista
Lutas e Conquistas
Além do Esporte Na Pista
Com Sandro Dias (Mineirinho), 8/1 a 16/2. Segunda a
Vinicius Sardi, Jessica Santos e sexta, 10h às 20h.
Patty Pires Exceto dias 25/1 e
6/1. Sábado, 14h. 12 e 13/2.
Mogi das Cruzes Carmo
Amarelo Ouro - Com Karen Feitosa (6 e 7/1), Tony
As Conquistas do Vôlei Alves (6, 7, 13 e 14/1), Denis Silva e
Feminino Brasileiro Camila Borges (13 e 14/1).
Curadoria: Carol Oliveira 6 a 14/1. Sábado e domingo, 15h.
6/1 a 1/5. Terça a sexta, 10h às Casa Verde
21h. Sábado, domingo e feriado,
11h às 18h. vivência
Santo Amaro Ginástica Artística
com Lorrane Oliveira
7/1. Domingo, 15h.
Festival: Skate e Breaking: Vila Mariana
Urbanos e Olímpicos
Com Street Sisters e Quebras, Basquete 3x3: Jogo de demonstração
DJ Miria Alves e Coletivo LOVE CT Abertura BMX Air Bag Show
6/1. Sábado, 10h às 17h. Com Jonatas Julio, Kawanni Silva, Com Carolina Bittencourt,
Itaquera “Branquinho”, Luana Batista, Leo Campos e Willian Sandoval
Rayane de Freitas e Will Weihermann Local: Espaço Verde
Apresentação e Vivência 6/1. Sábado, 14h. Chico Mendes
de Ginástica Rítmica Santana 6/1. Sábado, 14h.
Com Giulia Gonçalves (6/1) e São Caetano
Seleção Brasileira de Clínica de Basquete
Ginástica Rítmica (7/1) Com Janeth Arcain e Jefferson Boxe Feminino
6 e 7/1. Sábado e Campos Com Beatriz Ferreira,
domingo, 16h às 19h. 6/1. Sábado, 15h. Rebeca Lima, Marcela Ferreira,
Belenzinho Pompeia Kelvy Alecrim e convidados
7/1. Domingo, 14h às 16h.
Bom Retiro
Apresentação
Esportiva de
Trampolim Acrobático
Com Alice Gomes
7/1. Domingo,
16h30 às 18h30
Campo Limpo

Raquel Reis Com a Credencial, você e sua família

terão acesso prioritário a todas as
Trabalhadora do
atividades do Sesc em todo o Brasil.
comércio.
Faça como a Raquel! Se você trabalha na Acesse e saiba
Ela e as filhas Aila e Sofia área de comércio de bens, serviços ou como fazer a sua
frequentam a piscinna do turismo, você tem direito à Credencial
Sesc Sorocaba. Credencial Plena
Plena do Sesc, gratuitamente.
 CULTURA&COMPORTAMENTO
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
A18 O ESTADO DE S. PAULO

Horóscopo Tom Wilkinson 1948 - 2023 Conhecido no Brasil por ter

Quiroga Britânico atuou em

vivido o personagem Carmine
Falcone de Batman Begins,
além de ter atuado em cerca de
oscar@quiroga.net
130 filmes, como Shakespeare

Bem-aventuranças
Data estelar: Vênus em
quadratura com Saturno
ue as bem-aventuran-
dominadores, respirando li-
vres e saudáveis em lugares
paradisíacos, indiferentes ao
barulho do réveillon porque
têm coisas mais imediatas,
mais de 100 filmes e fez Apaixonado, O Grande Hotel Bu-
dapeste, Brilho Eterno de uma
sucesso em Hollywood Mente Sem Lembranças e O Exor-
cismo de Emily Rose, ele foi um
dos artistas britânicos mais ad-
mirados em Hollywood.

Q ças sejam desfrutadas

por todas as pessoas
entre o céu e a terra,
sob quaisquer condições em
que elas se encontrarem, seja
simples e importantes para
atender, enfim, há em nossa
humanidade o cardápio com-
pleto de possibilidades acon-
tecendo ao mesmo tempo.
OBITUÁRIO

aglutinadas em resorts e
praias imaginando-se privile-
giadas, passando fome e fugin-
do das explosões em alguns
lugares do mundo, aterroriza-
das dentro de casa ao convi-
ver com parentes perigosos e
ÁRIES 21-3 a 20-4
Calcular os custos pode
ser decepcionante, tal-
vez seja o caso de come-
çar a deixar de lado a prudência
que com tanto esforço você de-
senvolveu e retornar ao cami-
nho selvagem, cheio de impul-
sos e atrevimento.
Que as bem-aventuranças
sejam com todas as pessoas,
porque a felicidade, tal qual o
medo, é uma experiência cole-
tiva que nós, seres humanos,
somos obrigados, por ignorân-
cia, a administrar sozinhos. l
TOURO 21-4 a 20-5
A única forma de não
encontrar pessoas mau
humoradas é ficar à sós,
o que parece ser difícil neste mo-
mento, portanto, faça um favor
a si e se muna de uma dose ex-
tra de tolerância, e irradie seu
melhor humor. Aí sim!
CHRIS PIZZELLO/AP
O
ator Tom Wilkin-
son, de Missão Impos-
sível e Ou Tudo ou Na-
da, morreu aos 75 anos. A in-
formação foi confirmada pe-
lo agente do artista britânico
no sábado, 30. A causa da
morte não foi revelada.
“É com grande tristeza que a
família de Tom Wilkinson
anuncia que ele morreu repen-
tinamente em casa no dia 30
de dezembro”, diz o comunica-
do divulgado pelo agente.
“Sua mulher e a família esta-
vam com ele. A família pede
privacidade neste momento.”
QUADRINHOS
Minduim Charles M. Schulz
Wilkinson nasceu em Leeds,
em 1948, e recebeu duas indica-
ções ao Oscar – em 2001, de me-
lhor ator coadjuvante por Entre
Quatro Paredes, e, em 2007, de
melhor ator por seu papel em
Conduta de Risco. Ele ganhou o
Bafta e o Globo de Ouro.
Em 2012, durante entrevis-
ta para divulgar o filme O
Exótico Hotel Marigold, o ator
falou sobre envelhecer: “Não
há como se preparar para uma
velhice como a que imagináva-
mos quando crianças porque
o seu cérebro continua o mes-
mo dos 25, 27 anos”. l

GÊMEOS 21-5 a 20-6 CÂNCER 21-6 a 21-7

No meio desse astral
descompromissado sur-
gem algumas conversas
que interessam à sua alma, e mes-
mo que não seja possível aprofun-
dar ou sair dessas com algo con-
creto, pelo menos você terá a sen-
sação de que o ano começou.
Seria impossível arru-
mar toda a bagunça que
sobrou por aí, mas está
dentro do seu alcance assegurar
um território confortável, no
qual descansar e pensar sobre a
vida com tranquilidade e alegria.
Siga por esse caminho. Recruta Zero Mort Walker

LEÃO 22-7 a 22-8 VIRGEM 23-8 a 22-9

O melhor de tudo não é
necessariamente o mais
caro, porque continuará
havendo experiências que não se
pode medir em dinheiro, e que
se encontram disponíveis para
as pessoas que se atrevem a en-
xergar além do dinheiro.
Tudo continua, na me-
lhor das hipóteses com
ares de renovação, e se
for só isso, saiba você que já
está de bom tamanho para co-
meçar o ano. Cuide apenas pa-
ra que o ano novo não envelhe-
Turma da Mônica Maurício de Sousa
ça rápido, preserve a alegria.

LIBRA 23-9 a 22-10 ESCORPIÃO 23-10 a 21-11

Haverá tempo para tu-
do, não se engane a esse
respeito imaginando o
contrário. Haverá tempo para
tudo e ainda sobrará tempo livre
para você se enrolar com outras
coisas, outras pessoas, cenários
diferentes. É por aí.
O conforto e a seguran-
ça que sua alma deseja
desfrutar neste momen-
to se encontram totalmente dis-
poníveis, salvo alguns contratem-
pos provocados por pessoas que
estão com a consciência obnubi- O melhor de Calvin Bill Watterson
lada. Não se importe com isso.

SAGITÁRIO 22-11 a 21-12 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1

A dormência faz as pes-
soas reagirem mal às
experiências que pode-
riam ser muito ilustrativas e
nutritivas. Deixe acontecer,
não é nada grave, seu estado de
ânimo há de ser independente
da reação das pessoas.
Se por essas coisas da
vida e dos compromis-
sos assumidos se torna
impossível satisfazer alguns de-
sejos, não hesite, faça essa con-
cessão sem resmungos nem arre-
Frank & Ernest Bob Thaves
pendimentos. Nem toda nega-
ção é negativa. É assim.

AQUÁRIO 21-1 a 19-2 PEIXES 20-2 a 20-3

Coordenar os desejos
de todas as pessoas para
haver um senso comum
é algo raro de acontecer, mas
quando uma oportunidade des-
sas se dá, melhor a aproveitar e
não discutir nenhum detalhe,
apenas desfrutar e nada mais.
Remova a ansiedade de
seu repertório de pensa-
mentos, se não for para
pensar coisas edificantes, me-
lhor seria nada pensar, mas co-
mo é impossível deixar de pen-
sar, o jeito então será aprender a
dominar a arte de pensar. BEM PENSADO “Um povo que lê nunca será um povo de escravos” António Lobo Antunes

SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Paladar Pães
Jornalista tira suas
receitas do papel e
abre padaria em SP
DANIELLE NAGASE
“Imagine assar em casa um
pão melhor que o da padaria.”
É o que promete a contracapa
do livro Pão Nosso, de Luiz
Américo Camargo, lançado
em 2013. Agora, imagine ter es-
se mesmo pão em casa sem pre-
cisar colocar a mão na massa.
Pois é isso que a Na Janela, no-
va padaria de Higienópolis, ofe-
rece. Finalmente, o pão de
Luiz Américo é nosso (e não só
de sua família e amigos).
CRUZADAS
SUDOKU
A casa, aberta desde o dia
30 de novembro, é fruto da so-
ciedade do jornalista especia-
lizado em gastronomia e au-
tor de livros de panificação
com os empresários Fábio
Kow e Marie Camicado.
A janela de onde saem os pães
está instalada na calçada da rua
que desemboca nos fundos do
shopping Higienópolis. A pada-
ria não tem salão, tampouco me-
sas e cadeiras. Mas tem dois
bancos que acomodam bem
quem deseja parar ali uns minu-
tinhos para tomar um café com
NA WEB
NA WEB Jogue o sudoku
estadao.com.br/e/sudoku
Luiz Américo Camargo entre os sócios Marie Camicado e Fábio Kow
beigale (R$ 7,90 o combo), es-
pécie de rosquinha judaica.
Do lado de cá da janela, dá
para ver toda a produção.
Pães, folhados, cookies e bo-
los são preparados num espa-
ço enxuto de 30 m². As forna-
das saem de manhã e à tarde.
Entre os pães de fermenta-
Jogue as cruzadas
estadao.com.br/e/cruzadas CRIPTOGRAMA E CAÇA-PALAVRAS Nesta seção, todos os dias, um jogo diferente para você
SOLUÇÕES
CULTURA&COMPORTAMENTO
WERTHER SANTANA/ESTADÃO
ção natural, além do pão da ca-
pa (sim, aquele do livro), feito
com 30% de farinha integral,
tem o multigrãos (R$ 23,90;
400g), o de chocolate com cas-
tanhas (R$ 29), o de nozes (R$
30), a bengala (R$ 9,90) – res-
gatada dos balcões das pada-
rias de antigamente –, o pão
A19
nosso (R$ 4,90), que é um filão
leve e aerado, e o lê fú (R$
3,30), um pão francês fermen-
tado naturalmente. Saindo da
ala dos rústicos, tem o shokku-
pan, pão de leite japonês (R$
35 no formato de forma).
Há ainda cinnamon roll (R$
12) numa versão folhada e mais
leve e saborosa que a original.
E o pão de queijo, feito com
meia cura da serra da Canastra
– que também saiu dos livros
do proprietário, mas sofreu
uma alteração para atender à
clientela de origem judaica da
região. Lá, ele não leva banha.
Em breve, a padaria prome-
te oferecer opções de sanduí-
ches (de presunto e queijo ou
opção vegetariana), além de
pão com manteiga. l
Na Janela
Onde: Rua São Vicente de
Paulo, 603, Higienópolis.
Funcionamento: 8h/19h (dom. 8h/14h)
A20
A FUNDO
Livro diz que identitarismo é uma armadilha e
uma das razões da ascensão da direita populista
Os riscos
do extremismo
identitário
ENTREVISTA
Yascha Mounk
Cientista político
GUILHERME EVELIN
onhecido pela sua
C obra sobre a crise das
democracias libe-
rais, o cientista político Yas-
cha Mounk começa seu quin-
to livro com a história de uma
mãe negra que tentou, em
2020, matricular sua filha de 7
anos numa turma de escola
pública de um subúrbio rico
de Atlanta, na Geórgia, nos
EUA. Apesar da tentativa de
que a filha tivesse aulas com
uma professora específica, a
diretora da escola, também ne-
gra, repeliu o pedido com o se-
guinte argumento: “Essa não
é a classe de alunos negros”.
Mounk junta esse caso, que
virou uma controvérsia judi-
cial, a outros exemplos de esco-
las públicas e de elite nos EUA
que dividem os alunos confor-
me sua etnia ou raça. Seu obje-
tivo é mostrar como parte cres-
cente das instituições america-
nas passou a adotar um “segre-
gacionismo progressista” com
base na ideia de que é preciso
encorajar as pessoas a adquirir
consciência de sua raça, assim
como de outras formas de
identidade, como gênero e
orientação sexual, para lutar
contra injustiças.
Com a emergência dessa
ideologia, que Mounk batiza
com o nome de “síntese identi-
SOCIEDADE
tária”, antigas ideias universa-
listas, como a noção de que não
existe raça, estão sendo aban-
donadas e substituídas pelo
credo de que “somos todos se-
res raciais”. Em Identity Trap: a
story of ideas and power in our
time (em tradução livre: “A ar-
madilha identitária: uma histó-
ria de ideias e poder em nosso
tempo”), lançado recentemen-
te nos EUA e ainda sem publica-
ção no Brasil, Mounk argumen-
ta que isso é um retrocesso con-
traproducente. Ele diz que o
identitarismo alimenta a ascen-
são da extrema direita no mun-
do e acredita que, se Donald
Trump for eleito para novo
mandato na Casa Branca, boa
parte da explicação se deverá
aos efeitos dessa ideologia.
No livro, Mounk, um pensa-
dor de esquerda, prega que, pa-
ra se contrapor tanto ao identi-
tarismo como ao populismo
de extrema direita, é necessá-
rio defender os valores univer-
sais do liberalismo, como
igualdade de oportunidades e
liberdade de expressão.
Por que o identitarismo ou
a síntese identitária é uma
armadilha?
O que temos visto ao longo das
últimas décadas é o surgimen-
to de uma nova ideologia, que
transformou o que significa es-
tar à esquerda. É um conjunto
de ideias que diz que só pode-
mos entender o mundo sob o
prisma de categorias de identi-
dade, como raça, gênero e
orientação sexual. É uma ideo-
logia bastante radical e que se
opõe a valores universais, que
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO – 25/4/2019
historicamente têm sido a aspi-
ração das nossas sociedades. O
apelo dessa ideologia decorre
da promessa de que ela seria a
maneira mais íntegra de lutar
contra injustiças que moldam
hoje nossas sociedades, do Bra-
sil aos EUA. Movimentos so-
ciais e reformas legislativas aju-
dam no enfrentamento dessas
injustiças, mas raramente o fa-
zem tão rapidamente ou de for-
ma tão abrangente quanto se
espera. Assim, alguns daqueles
que são legitimamente motiva-
dos pela persistência da injusti-
ça concluem que precisamos
de uma ruptura muito mais ra-
dical com o status quo. Os de-
fensores da síntese identitária
rejeitam os valores universais e
as regras neutras, como a liber-
dade de expressão e a igualda-
de de oportunidades, como me-
ras distrações que visam a per-
petuar a marginalização dos
grupos minoritários. Essa ideo-
logia, porém, conduz a más po-
líticas públicas que pioram a si-
tuação de todos. Também en-
coraja formas de conflito políti-
co de soma zero que vão exacer-
bar nossas tensões sociais e aca-
bam por ajudar, em vez de pre-
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
Autor acredita
que, se Donald
Trump for eleito
para a Casa
Branca, boa parte
da explicação se
deverá aos efeitos
do identitarismo
Yascha Mounk
Professor da
Universidade Johns
Hopkins, nos EUA.
Nascido na antiga
Alemanha Ocidental, é
filho de poloneses
judicar, algumas das mais peri-
gosas forças políticas de extre-
ma-direita. Nos EUA, cerca de
10% do eleitorado republicano
é agora um novo grupo de elei-
tores que são predominante-
mente jovens, não brancos, li-
berais em questões sociais e
culturais, mas profundamente
preocupados com o papel do
que eles chamam de “woke-
ness”(termo que pode ser traduzi-
do como despertar) em nossas
instituições. Se Donald Trump
reconquistar a Casa Branca, co-
mo as pesquisas sugerem, es-
tes eleitores serão grande par-
te da razão para isso.
Há alguns anos, dizia-se
que somos todos seres hu-
manos e não existe tal coi-
sa chamada raça. Agora, o
discurso progressista pas-
sou a ser que somos todos
seres raciais. Como ocor-
reu essa mudança?
Uma das coisas que chama a
atenção nesta nova ideologia é
a forma como deu tintas pro-
gressistas a ideias que são fun-
damentalmente de direita.
Quando eu era criança na Euro-
pa, na década de 1980, a ideia
O ESTADO DE S. PAULO
de que não podemos nos en-
tender se nascemos em grupos
de identidade diferentes, ou a
ideia de que deveríamos nos
preocupar com a influência de
grupos estrangeiros em nossa
cultura, eram obviamente de
direita ou de extrema direita.
Hoje, a afirmação de que não é
possível para uma pessoa en-
tender a realidade de outra se
elas estiverem em diferentes
intersecções de identidades
ou a ideia de que devemos nos
preocupar com formas de
apropriação cultural, quando
um integrante de um grupo
dominante é inspirado pela
cultura de um grupo margina-
lizado, estão no centro do dis-
curso de esquerda. É uma
transformação surpreenden-
te e estranha. Para compreen-
der essa mudança, é importan-
te recuperar a história intelec-
tual desta ideologia, cujas pri-
meiras raízes estão no pós-
modernismo, que rejeitou as
ideologias então existentes.
Houve posteriormente uma
repolitização por pensadores
da tradição pós-colonial que
passaram a usar as ideias dos
filósofos pós-modernos para
a batalha política, com o argu-
mento de que, para fins práti-
cos, as pessoas devem se defi-
nir pela raça ou pelo gênero
ou pela orientação sexual pa-
ra obter progressos.
Nos anos 1960, os jovens ra-
dicais de esquerda que-
riam derrubar o capitalis-
mo. Na meia-idade, esta-
vam ‘integrados’ ao siste-
ma. O senhor discorda,

SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
porém, que esta ideolo-
gia seja uma moda passa-
geira. Por que acha isso?
Em muitas escolas nos EUA,
os professores vão a salas de
aula onde as crianças têm de 6
a 8 anos e as dividem em dife-
rentes grupos por raça, encora-
jando-as a se verem como se-
res raciais. No auge da pande-
mia, o Centro de Controle de
Doenças (CDC, sigla para Cen-
ter for Diseases Control) rejei-
tou a ideia de distribuir vaci-
nas com base na idade, o que
teria salvado vidas, porque es-
tava preocupado com o fato de
os americanos mais velhos se-
rem desproporcionalmente
brancos. Essas ideias, portan-
to, têm uma influência tremen-
da em instituições importan-
tes e influentes. Os próximos
20 ou 25 anos na esfera intelec-
tual vão consistir, em parte sig-
nificativa, numa disputa sobre
a aceitação ou não destas
ideias. Os alunos a quem dou
aulas são pessoas dispostas a
ter uma conversa séria sobre
os problemas. Acreditam, po-
rém, fortemente nesta ideolo-
gia, porque sempre estiveram
imersos nessas ideias durante
toda sua educação. Foram ensi-
nados que a liberdade de ex-
pressão é um valor que deve
ser encarado com ceticismo.
Foram ensinados que qual-
quer coisa que possa ser cha-
mada de apropriação cultural
é uma coisa amoral que deve
ser evitada. Foram encoraja-
dos a ver o reconhecimento na
sociedade, em grande parte, ba-
seado na intersecção particu-
lar de identidades às quais per-
CHARLIE NEIBERGALL/AP
tencem e a pensar que as ideias
do movimento pelos direitos
civis nos EUA nunca tiveram o
poder institucional que a sínte-
se identitária alcançou nos últi-
mos anos. É por isso que a ana-
logia com os radicais dos anos
1960 é enganosa.
O senhor vê influência des-
sas ideias nas manifesta-
ções de apoio ao Hamas
que explodiram nas univer-
sidades dos EUA depois
dos ataques terroristas a Is-
rael de 7 de outubro?
A repercussão dos ataques do
Hamas ilustra a influência per-
niciosa da síntese identitária
em dois aspectos específicos.
O primeiro é que as universida-
des nos EUA, em particular, co-
meçaram a tornar-se atores
políticos parciais que expres-
sam opiniões políticas como
instituições sobre todos os ti-
pos de questões, desde a guer-
ra na Ucrânia até a última deci-
são da Suprema Corte. Mas,
de repente, após o maior mas-
sacre de civis judeus desde o
Holocausto, elas não estavam
dispostas a fazer uma declara-
ção semelhante. Isso foi corre-
tamente visto como uma falha
moral significativa. O segun-
do aspecto é que as categorias
ideológicas básicas da síntese
identitária ajudam a explicar o
raciocínio das pessoas que es-
pecificamente não condena-
ram o Hamas e, em alguns ca-
sos, celebraram explicitamen-
te o ataque terrorista perpetra-
do em 7 de outubro. Essas pes-
soas veem o mundo como divi-
dido num grupo de brancos,
de um lado, e de pessoas de
cor, do outro; ou entre coloni-
zadores versus colonizados. E
acreditam que é impossível
ser racista ou fazer algo errado
contra um membro do grupo
dominante. Quando aplicam
essas ideias a este conflito, aca-
bam por afirmar que os israe-
lenses são brancos, coloniza-
dores e, portanto, qualquer
forma de resistência contra
eles, mesmo que consista no
assassinato de bebês ou avós,
é justificável. Essa é uma sim-
plificação absurda, como qual-
quer pessoa que conheça um
pouco a história do Oriente
Médio deve reconhecer. Vá-
rios dos judeus em Israel são
de origem Mizrahi (termo usa-
do para os judeus oriundos de
países do Oriente Médio e do Nor-
te da África). Etnicamente,
eles não são visivelmente dis-
tintos dos palestinos. Eles não
têm, em média, a pele mais cla-
ra do que os palestinos e fo-
ram expulsos de seus países de
origem ao longo dos últimos
75 anos, sem ter para onde ir
além de Israel. Então, eu acho
que para as pessoas que acaba-
ram celebrando o Hamas, es-
pecialmente os escritores, ar-
tistas e professores que não
têm nenhuma ligação pessoal
com a área, essa ideologia aju-
da a explicar como elas come-
teram essa imoralidade.
Por que o senhor diz que,
em oposição à ‘síntese iden-
tária’, é preciso reafirmar a
defesa dos valores univer-
sais e do liberalismo? Vê co-
nexão entre a ascensão das
ideias identitárias com a
defesa do ‘iliberalismo’ fei-
to por autocratas como Vla-
dimir Putin, na Rússia, ou
Viktor Orbán, na Hungria?
Richard Delgado, um dos auto-
res de Teoria Crítica da Raça,
na introdução ao livro, faz a
afirmação explícita de que o
liberalismo é o maior inimigo.
O que os arquitetos dessa ideo-
logia têm em comum com Pu-
tin e Orbán é que eles olham
os países ocidentais de uma
forma catastrófica. Eles er-
ram, porém, ao subestimar a
força dessas sociedades e
quanto progresso elas fizeram
a despeito de seus problemas.
Quando você olha os países
mais ricos do mundo em ren-
da per capita e com os mais
altos índices de desenvolvi-
mento humano, quando vê os
países para onde as pessoas
gostariam de emigrar, todos
são democracias liberais. As
democracias liberais funcio-
nam melhor do que sistemas
alternativos, como a Rússia,
mais pobre, mais politicamen-
te disfuncional, com maiores
índices de aborto do que os
EUA. Os ideais universais são
uma espécie de fundamento
da democracia liberal. Foram
esses valores – as liberdades
individuais, a igualdade políti-
ca, a autodeterminação coleti-
va – que nos permitiram fazer
tremendo progresso. Eles de-
vem ser preservados para que
continuemos a melhorar.
Como responde a críticos
que alegam que a defesa do
liberalismo foi usada para
impor um modelo ociden-
tal ao mundo e apontam li-
berais, que no passado
abraçavam o discurso de
que todas as pessoas são
iguais, mas eram escravis-
tas, colonialistas ou impe-
rialistas?
Frederick Douglass (líder aboli-
cionista americano do século 19,
considerado o “pai do movimen-
to dos direitos civis” nos EUA),
em um de seus mais importan-
tes discursos, feito em um 4 de
Julho (data da Independência
dos EUA), apontou essa hipo-
crisia: “Como vocês falam que
todos os homens foram cria-
dos iguais e ainda há homens
que são escravos nesse país?”.
Ele não disse, porém, que a De-
claração de Independência
dos EUA ou os princípios uni-
versais deveriam ser abandona-
dos, mas que nós deveríamos
lutar para que eles fossem apli-
cados. Então, se desenvolveu
uma tradição política nos
EUA, que vai de Frederick Dou-
glass a Martin Luther King e a
Barack Obama, que permitiu
“Foi a aspiração
aos valores universais
que levou à abolição da
escravidão e a outras
formas de progresso”
“Ideologia identitária
exacerba tensões
sociais e ajuda
algumas das mais
perigosas forças
da extrema direita”
aumentar vastamente os direi-
tos dos negros americanos.
Foi a aspiração aos valores uni-
versais que levaram à abolição
da escravidão e outras formas
significativas de progresso. A
alternativa a isso é a proclama-
ção de que nunca fizemos ne-
nhum progresso real, que to-
dos os valores de que estamos
falando são apenas uma tenta-
tiva de colocar uma venda em
nossos olhos, e que devemos
rejeitá-los por uma ideia de fu-
turo em que a forma como nós
nos tratamos dependerá da
identidade do grupo em que vo-
cê nasceu e que vai encorajar
um tipo de conflito que inspi-
rou guerras civis e formas ain-
da piores de violência política.
Historicamente, as sociedades
ocidentais talvez tenham sido
hipócritas em como aplicam al-
guns desses valores. Mas são
valores fundamentalmente
aplicáveis aos seres humanos,
independentemente do hemis-
fério em que vivem. Indepen-
dentemente do que o Brasil
pensa de si mesmo, ou como
parte do Ocidente, ou do Extre-
A FUNDO A21
mo Ocidente ou do Sul Global,
acredito que as pessoas no Bra-
sil desejam a liberdade indivi-
dual, a autodeterminação cole-
tiva e a igualdade política tan-
to quanto as pessoas em qual-
quer outra parte do mundo. As
afirmações dos culturalistas
de que certas culturas não es-
tão adaptadas à democracia re-
velaram-se sempre erradas.
Como criticar a ideologia
identitária e não se tornar
um reacionário?
A primeira atitude é ter um
compromisso de princípios
com os valores universais, que
esteja muito atento às formas
em que a aplicação desses valo-
res esteja aquém deles. Uma
das respostas de princípio à
síntese identitária é dizer que
é claro que raça e orientação
sexual são importantes e que
devemos estar conscientes
das injustiças, mas, ao estrutu-
rar nossas sociedades, outras
dimensões também são impor-
tantes, incluindo classe social,
religião, patriotismo, indivi-
dualidade, escolhas, preferên-
cias e idiossincrasias. A segun-
da atitude é reconhecer que
muitas vezes não vivemos de
acordo com os nossos valores.
Se quisermos construir uma
sociedade melhor, é preciso lu-
tar para transformar esses va-
lores em realidade. É preciso
focar a nossa argumentação na
maioria das pessoas que é ra-
zoável, em vez de tentar atrair
os extremistas políticos. Ao es-
crever esse livro, eu tinha um
público em mente. Uma parte
dele são as pessoas que se sen-
tem atraídas pela promessa de
combater as injustiças da for-
ma mais radical e mostrar a
elas como isso é contraprodu-
cente. Outra parte são as pes-
soas que talvez já concordem
comigo que esta ideologia é pe-
rigosa, mas que até agora só
conseguiram recorrer às obras
de pessoas de direita que rejei-
tam o liberalismo para obter
uma crítica a essas ideias. Que-
ro mostrar-lhes que é possível
enfrentar essa ideologia de
uma forma clara, corajosa e
franca, sem ter de recorrer a
ideias reacionárias.
Não teme que seu livro seja
usado na desmobilização
da luta contra injustiças?
Não se trata de tentar uma me-
ra correção de rumos na sínte-
se identitária. Ela fundamen-
talmente está indo na direção
errada. A melhor forma de lu-
tar contra a ascensão do popu-
lismo de extrema direita é
também distanciar as princi-
pais forças políticas do cen-
tro e de esquerda de uma ideo-
logia popular e equivocada. A
síntese identitária e o populis-
mo de extrema direita pare-
cem opostos em termos práti-
cos e políticos, mas se alimen-
tam mutuamente. A maneira
mais eficaz de lutar contra
um é lutar contra o outro ao
mesmo tempo. l
 CULTURA&COMPORTAMENTO
A22
Paladar Tendências
De parcerias ao foco na sustentabilidade, as
cinco apostas da gastronomia para 2024
Para além dos
pratos e receitas, é
possível identificar
movimentos
importantes entre
os grandes chefs
FERNANDA MENEGUETTI
Não se trata de esoterismo.
Um pouco como no horósco-
po, para apostar em tendên-
cias alimentares para 2024 é
preciso unir informações e
conjunturas. Sem deixar a gula
nem as redes sociais de lado,
analisá-las com sensibilidade.
Afinal, por mais cool que seja
apostar em peixe ou café fake,
como prevê a prestigiada lista
de previsões do Whole Foods,
outros movimentos devem li-
derar essa disputa por aqui.
Cinco tendências
1. Collab
Elas pipocaram em 2023.
Cozinheiro viajando daqui, cozi-
nheiro recepcionando de lá.
Emissão de carbono à parte, o vai
e vem mundial não mostra sinais
de falência, no entanto, aponta
para encontros com causa.
Tássia Magalhães (Nelita) e
Janaína Torres Rueda (A Casa
do Porco) deram exemplo ao
fecharem o ano cozinhando
apenas com amigos “escolhi-
dos a dedo” da América Latina.
Organizaram a cozinha do Ne-
lita para que todo mundo tives-
se tempo suficiente de produ-
ção e também de interagir, de
beber junto, de falar bobagem
e de comentar o ranking do 50
Best que acabara de sair.
Convidaram outros amigos
para o irretocável jantar em 9
tempos, mas também vende-
ram ingressos e pediram ajuda
a marcas (caso da vinícola
Guaspari e da água San Pelle-
grino) para viabilizar o encon-
tro. Afinal, restaurante é um
negócio, não é mesmo?
Rafa Costa e Silva (Lasai),
por sua vez, recebeu Andoni
Luis Aduriz (Mugaritz) e Ro-
dolfo Guzmán (Boragó). Di-
vertiu-se e irritou-se com cole-
ga indo “escolher florzinha na
Cadeg”, mas, mais que tudo,
reconheceu o prazer de voltar
às origens e de dividir a banca-
da com quem tem história e
princípios comuns.
“Agora estão até pensando
em unir os principais cozinhei-
ros que passaram pelo Muga-
ritz para um jantar. Já disse que
topo”, comentou. Rafa aliás, já
está um passo adiante nas cola-
borações: tem feito camisetas
do Lasai com a grife carioca Re-
serva e bombons de vegetais
ALEX SILVA/ESTADÃ0 – 8/10/2023
2 4
com a paulistana Mica.
Está aí o outro lado do mes-
mo trend: ampliar o horizonte
das parcerias gastronômicas.
2. Luxo
A palavra aqui não recai
sobre ostentação, mas antes re-
quinte e poder de escolha. Os
comensais cada vez mais que-
rem ter certeza de que o valor
gasto valeu a pena. Nessas, mais
do que degustar trufa ou caviar,
querem ter a sensação de quali-
dade e prazer numa receita –
por um preço justo, claro.
Assim, compartilhar uma
pizza autoral com ingredien-
tes da melhor procedência de
um dos chefs mais proeminen-
tes de São Paulo é um baita
luxo. Em 2024, será viabiliza-
do pela Trattorita, de Luiz Fili-
pe Souza (Evvai).
Comer oniguiris divertidos
em casa – ou não – é promessa
de Thiago Bañares com o retor-
no e renovação do Ototo. Pro-
var um sanduba de alta cozi-
nha e take away a qualquer ho-
ra do dia será um oferecimen-
NILTON FUKUDA/ESTADÃO – 7/11/2018
to da rotisseria que o Shihoma
inaugura na Vila Madalena no
comecinho do ano.
3. Sustentabilidade
Sem deixar de lado o res-
peito ao meio ambiente, o
bem-estar é a nova lei da restau-
ração. Ou seja, é preciso redu-
zir o uso de plástico e de água,
compostar, ter cartas de vi-
nhos compatíveis (e não cente-
nas de rótulos parados na ade-
ga em busca de prêmios), fazer
o próprio chocolate, a própria
farinha e, sobretudo, ter boas
condições de trabalho.
Brigada que não muda dá
consistência a um restaurante
e isso depende de jornadas
com horários humanizados,
pausas para o ócio criativo e
diálogo – os dias de chefões to-
do-poderosos intimidando
suas equipes estão contados!
Ao mesmo tempo, o bem-es-
tar do cliente está em jogo. Sua
satisfação e sua saúde têm o
mesmo peso, afinal, ele é a base
para a durabilidade do business
e não pode ter suas papilas, nem
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
3 5
RUBENS KATO
artérias, ludibriadas com gordu-
ra, sal e açúcar desnecessários.
4. Comes
Ao que tudo indica,
nem só veganos terão à dispo-
sição boas receitas plant-ba-
sed. Por boas, entenda-se
hambúrgueres de legumino-
sas e não de mix de proteínas
vegetais de laboratório, leites
de sementes sem aditivos e
uso generalizado de cogume-
los, algas e castanhas.
Além disso, quem ainda não
provou uma salada ceasar com
molho de verdade, isso é, à ba-
se de anchovas, terá chances
adoidadamente. Sobre a tradi-
cional alface romana, em ver-
duras grelhadas ou dentro de
sanduíches, elas se prolifera-
rão, assim como versões do vi-
telo tonnatto, com carne bovi-
na, suína e outras proteínas fa-
zendo as vezes da vitela.
Sem glúten e cheio de pro-
priedades nutricionais, o tri-
go-sarraceno vai ultrapassar
a barreira do sobá e do crepe
bretão para adentrar massas,
O ESTADO DE S. PAULO
MARIANA AMARAL
1
NEIDE RIGO/ESTADÃO – 26/2/2016
1. Janaína Torres Rueda
e Tássia Magalhães
receberam amigos da
América Latina para
jantar 2. Luiz Filipe, chef
do Evvai 3. Cesar Costa,
do Corrutela, mói fuba e
trigo no restaurante 4.
Caviar com sagu de coco
do Tuju 5. Kombucha
saladas e granolas. Afora
amêndoas e nibs, o mucílago
(polpa) do cacau vai invadir
o universo das sobremesas,
que seguirá vendo caviar se
popularizar sobre elas. Avi-
so: a nova degustação do Tu-
ju já aderiu à moda!
5. Bebes
Mocktails, vinhos, cerve-
jas e até gim sem álcool vieram
para ficar. Ou seja, kombuchas
continuam opções de harmoni-
zação, mas probióticos e pre-
bióticos em infusões e refrige-
rantes também estarão em alta.
Para a turma da coquetela-
ria raiz, martinis farão frente a
muito negroni e não só na ado-
cicada versão espresso. Na on-
da do dirty (ou seja, com um
pouco da salmoura da azeito-
na), drinques salinos e devida-
mente umamizados, remeten-
do a refeições, passarão pelas
coqueteleiras graças a técni-
cas como o fat wash (aromati-
zação de destilados com gordu-
ras como as de bacon, coco, sal-
mão...) e a clarificação. l

SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
São Silvestre
Timothy Kiplagat e Catherine Reline
comandam o domínio dos quenianos
Corredores do país africano foram soberanos – ficaram nas três primeiras
posições no masculino e fizeram dobradinha no feminino; brasileiros são sexto
RODRIGO SAMPAIO
Os atletas do Quênia domina-
ram totalmente ontem a 98ª
edição da Corrida Internacio-
nal de São Silvestre. Venceram
tanto a prova masculina como
a feminina. Entre os homens, o
ganhador foi Timothy Kipla-
gat, de 30 anos, que completou
o percurso em 44min52s e fatu-
rou a corrida de maneira inédi-
ta. O primeiro lugar da prova
feminina ficou com Catherine
Reline, de 21 anos, que conquis-
tou o bicampeonato ao con-
cluir os 15km em 49min54s.
O domínio queniano na pro-
va masculina foi ainda maior.
Emmanuel Bor (45min28s) e
Reuben Longosiwa (45-
min44s) ficaram com a segun-
Premiação
Cano é eleito o ‘Rei da América’ e
Diniz é escolhido o melhor técnico
MONTEVIDÉU
O argentino Germán Cano é o
Rei da América da temporada
2023. Destaque do Fluminen-
se nas campanhas do título do
Campeonato Carioca e tam-
bém da Copa Libertadores, o
centroavante ganhou a eleição
organizada pelo jornal uru-
guaio El País pela primeira vez
na carreira.
Na disputa, ele recebeu 167
das indicações dos 250 jornalis-
tas que votaram (67%) e supe-
rou dois atletas uruguaios:
Luis Suárez, que defendeu o
Grêmio este ano (40 votos), e
Nicolás de La Cruz, principal
destaque do River Plate na
temporada, terceiro colocado
com 8 votos.
Aos 35 anos, o argentino teve
um ano realmente especial.
Além de campeão da Liberta-
dores, ele também terminou a
competição como artilheiro,
ao marcar 13 gols. No Carioca,
o enredo se repetiu. Ele deu a
volta olímpica após os 4 a 1 so-
bre o Flamengo na segunda
partida da decisão e terminou
o torneio como goleador máxi-
mo ao balançar as redes adver-
sárias 16 vezes.
Além da premiação para o jo-
da e a terceira posições, respec-
tivamente. “Vim preparado e
confiante para buscar o primei-
ro lugar e consegui o objetivo’’,
resumiu Kiplagat.
O melhor brasileiro na pro-
va masculina foi Jonathas de
Oliveira, que terminou na sex-
ta colocação. Ele queria ser jo-
gador de futebol, mas encon-
trou na corrida uma outra pai-
xão. “Não deu para realizar o
sonho de ser jogador, mas a
gente dá para o gasto como
atleta”, brincou.
Na prova feminina, Reline
foi seguida pela compatriota
Sheila Chelangat (51min35s) e
a etíope Wude Ayalew (51-
min46s). Ela realizou o trajeto
de maneira soberana, mas não
conseguiu bater o próprio re-
corde, estabelecido no ano pas-
gador do Fluminense, o jornal
uruguaio escalou a seleção da
temporada. Oito atletas que
atuaram no futebol brasileiro
em 2023 estão na equipe. O ti-
me carioca teve quatro jogado-
res selecionados além de em-
placar Fernando Diniz como
treinador – na semana passa-
da, Diniz foi eleito o 5º melhor
técnico de clubes do mundo,
segundo a Federação Interna-
cional de História e Estatística
do Futebol (IFFHS).
Ganhador mais velho
Com 35 anos, Cano supera
Francescoli (1995),
Romário (2000) e Verón
(2009), ganhadores com 34
O zagueiro Nino, o volante
André e os atacantes John
Arias e Cano constam nessa lis-
ta. O Palmeiras contribuiu
com o defensor Gustavo Gó-
mez, além do lateral esquerdo
Piquerez. Alan Patrick foi o re-
presentante do Internacional
e Suárez, o do Grêmio.
A vitória de Cano confirma
uma supremacia de atletas bra-
sileiros em tempos recentes.
Nos últimos cinco anos, o Bra-
sil ganhou quatro das últimas
Kiplagat comemora ao se aproximar da fita; Quênia foi absoluto
cinco edições. Gabigol foi o
vencedor em 2019 pelo Fla-
mengo e no ano seguinte
Marinho repetiu a dose
com a camisa do Santos.
Em 2021, Julián Álvarez que-
brou essa sequência com o
River Plate. No ano passa-
do, no entanto, o flamen-
guista Pedro voltou a colo-
car o futebol brasileiro no
topo da lista. l
ESPORTES A23
sado, com 49min39s — o recor-
de é da também queniana Jemi-
ma Sumgong (48min35s).
“Eu me senti mais tranquila
do que no ano passado. Talvez
por já conhecer o percurso. Es-
pero repetir isso ano que
vem’’, disse Reline, que foi sur-
preendida por um cachorro en-
quanto percorria um dos tre-
chos no centro histórico de
São Paulo. A distração não lhe
trouxe prejuízos.
ISAAC FONTANA/EFE
MELHOR BRASILEIRA. Felismi-
na Cavela, angolana naturaliza-
da brasileira, foi o destaque do
País na prova feminina. Assim
como Jonathas de Oliveira, ela
terminou na sexta colocação,
em sua estreia na São Silves-
tre. “É um orgulho represen-
tar o Brasil. É um país que me
acolheu muito bem”, disse.
Na categoria para cadeiran-
tes, a vitória ficou com o brasi-
leiro Fernando Aranha.
A última vez que um brasilei-
ro venceu a São Silvestre foi
em 2005, quando Marílson Go-
mes dos Santos conquistou o
bicampeonato. No feminino, a
última vitória foi de Lucélia Pe-
res, em 2006. Desde então, ape-
nas africanas venceram. l
ROBSON MORELLI: EXCEPCIONALMENTE O
COLUNISTA NÃO ESCREVE HOJE
O MELHOR DA TV
Santos
Pituca aceita FUTEBOL
l Campeonato Inglês -
reduzir salário Segunda Divisão
e reforça time
Sheffield Wednesday x Hull
14h10 / ESPN
l Campeonato Inglês
O Santos oficializou ontem Liverpool x Newcastle
a volta do meio-campo Die- 17h / ESPN
go Pituca. Ele estava no fute-
bol japonês e terá contrato HÓQUEI NO GELO
até o final de 2027. É o 10º l NHL
reforço do time, rebaixado Vegas Golden Knights x
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SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024

UMA BOA HISTÓRIA O ESTADO DE S. PAULO

TIAGO QUEIROZ/ESTADAO
Sociedade Arpen, a escolha por esses no-
mes ocorre em um momento

Helena e Miguel, em que uma lei (14.382, de

2022) permitiu a qualquer
pessoa maior de 18 anos alte-

os nomes em alta
rar seu nome em cartório, in-
dependentemente do moti-
vo e sem necessidade de pro-
cedimento judicial. Essa no-

para bebês no País va legislação também permi-

te que os pais, em consenso,
alterem o nome do recém-
nascido até 15 dias após o re-
gistro do nascimento.
Passado um ano em que es-
Opções curtas, bíblicas e originais sa norma entrou em vigor, os
lideraram nos cartórios; nova lei levou a cartórios brasileiros registra-
ram 10.314 mudanças de no-
10.314 trocas de nome em apenas 1 ano A lista teve poucas alterações entre 2022 e 2023, segundo a Arpen me. “O caso da alteração de
nomes e sobrenomes é em-
blemático, pois já é possível
ver que pessoas que antes
zembro e passarão ainda por – sempre uma referência. Em Registro Civil, administrado não gostavam de seu nome
FABIO GRELLET atualização neste ano. 2022, ela havia perdido o pos- pela Arpen-Brasil, que reúne ou sofriam algum tipo de
No entanto, nomes como to para Maria Alice, e reassu- toda uma base de dados de constrangimento estão se be-
Nomes curtos, bíblicos e ori- Gael, Davi, Ravi, Noah, Isaac, miu a liderança em 2023. nascimentos, casamentos e neficiando claramente desta
ginais lideraram entre os pre- Aurora, Ísis, Maya, Liz, Maitê Além de Miguel e Helena óbitos registrados pelas uni- inovação”, disse Gustavo Re-
feridos para registrar bebês e Eloá também figuram na lis- no topo da lista, os nomes dades presentes em todas as nato Fiscarellio, presidente
no Brasil em 2023. A lista di- ta nacional dos 30 mais esco- mais dados por brasileiros no 5.570 cidades brasileiras. da Arpen-Brasil, por meio de
vulgada pela Associação Na- lhidos pelos pais ao longo do decorrer do ano passado fo- Nessa plataforma é possí- uma nota à Agência Brasil.
cional dos Registradores de ano. Miguel, uma referência ram Gael, Theo, Arthur, Hei- vel realizar buscas ano a ano Para realizar a mudança
Pessoas Naturais (Arpen- na maior parte das vezes ao tor, Maria Alice, Alice, Davi e em todo o território nacional, de nome, basta ir diretamen-
Brasil) é liderada por Mi- arcanjo bíblico, repetiu a lide- Laura, mesmos nomes que em regiões, Estados e municí- te a um Cartório de Registro
guel, que teve 25.140 regis- rança do ranking de 2022. Já apareciam no ranking do ano pios, possibilitando ainda re- Civil com seus documentos
tros no ano passado. Em se- Helena se refere à persona- anterior, mas ocupando algu- cortes por nomes simples e pessoais (RG e CPF). O custo
gundo lugar figura Helena, gem célebre da Guerra de mas posições diferentes. compostos. do procedimento varia de
com 23.047. Os dados foram Troia e presente sete vezes Os rankings integram o acordo com o Estado. l COM
lançados até o dia 12 de de- em novelas de Manoel Carlos Portal da Transparência do NOVA LEGISLAÇÃO. Segundo a AGÊNCIA BRASIL

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Novo mercado Arrecadação
Com projeto aprovado,
134 empresas pedem aval
para atuar em aposta online
Ministério da Fazenda começa a preparar 12 portarias para
regulamentar mercado; previsão é arrecadar R$ 3 bi neste ano
BIANCA LIMA
BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda, em
conjunto com outras pastas,
prepara 12 portarias para via-
bilizar a regulamentação das
apostas esportivas e dos cassi-
nos online – aprovada pela Câ-
mara dos Deputados no dia
22 de dezembro e ainda pen-
dente de sanção presidencial.
O projeto de lei faz parte do
pacote de aumento de recei-
ECONOMIA
&NEGÓCIOS
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
tas encampado pelo ministro
Fernando Haddad, que se
comprometeu com a meta de
déficit zero neste ano. A lei foi
sancionada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no sá-
bado à noite.
Ao Estadão, o assessor espe-
cial da Secretaria Executiva da
Fazenda, José Francisco Mans-
sur, estimou um potencial arre-
cadatório de R$ 12 bilhões
anuais em um mercado total-
mente regulado, o que, segun-
do ele, deve ser alcançado em
E&N
O ESTADO DE S. PAULO
até cinco anos. Para 2024, a re-
ceita extra ainda não foi recalcu-
lada com precisão pelo Fisco,
mas Manssur prevê que possa
ultrapassar os R$ 3 bilhões, já
incluindo o pagamento de ou-
torga pelas empresas.
É mais do que o quádruplo
do valor previsto no Orçamen-
to do próximo ano, por volta
de R$ 728 milhões. Isso por-
que, durante a tramitação do
texto, os deputados incluíram
os cassinos online na propos-
ta. Além disso, há uma procura
acima do esperado pelas outor-
gas, segundo Manssur, com
134 empresas solicitando auto-
rização prévia para atuar no
País. Cada uma delas terá de
pagar R$ 30 milhões para ope-
rar durante cinco anos.
“O que a gente percebe no
mercado é que o jogo (cassino)
online representa de 65% a
70% do faturamento das em-
presas. Então, temos a expecta-
tiva de aumento proporcional
(na projeção de arrecadação).
Além disso, a nossa estimativa
orçamentária foi bastante con-
servadora”, afirma.
O projeto aprovado pelo
Congresso taxa as empresas
em 12% sobre a receita bruta
dos jogos, subtraídos os prê-
mios pagos aos apostadores – o
chamado GGR (gross gaming
revenue, na sigla em inglês). Já
os apostadores terão de reco-
lher 15% sobre ganhos superio-
res a R$ 2.112, mas esse recolhi-
mento será feito de forma anua-
lizada, e não prêmio a prêmio –
como previa o texto original.
DISPUTA. Esse mercado bilio-
nário que se abre ao Fisco brasi-
leiro – o terceiro maior do mun-
B1
DESTAQUE O
CADERNO E&N
(B1 A B8)
do, atrás de EUA e Reino Uni-
do, de acordo com números
das “bets” repassados ao gover-
no – será monitorado e fiscali-
zado por uma nova secretaria
de Apostas e Loterias, que fica-
rá no âmbito da Fazenda.
A estrutura, que deverá con-
tar com 38 cargos, chegou a
ser alvo de disputas em meio
às negociações do governo Lu-
la com o Centrão, que assu-
miu o Ministério dos Espor-
tes. Atualmente, a pasta é co-
mandada pelo deputado An-
dré Fufuca (Progressistas-
MA), nome de confiança do
presidente da Câmara, Arthur
Lira (Progressistas-AL).
Segundo Manssur, mesmo
com a secretaria no guarda-chu-
va da Fazenda, a expectativa é
de que haja atuação conjunta en-
tre as pastas. “No caso do en-
frentamento à manipulação de
resultados, por exemplo, o pro-
tagonismo será do Ministério
do Esporte, e a Fazenda estará à
disposição com os sistemas que
possam ajudar a identificar ca-
sos”, diz o assessor. l
GOVERNO PREVÊ MEDIDA PARA COMBATER
VÍCIO EM JOGO. PÁG. B2
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
B2 O ESTADO DE S. PAULO

Melhor que a encomenda

ARTIGO
Luís Eduardo Assis
Economista, autor de 'O Poder
das Ideias Erradas' (editora
Almedina), foi diretor de Política
Monetária do Banco Central e
professor de Economia da
PUC-SP e da FGV-SP. E-mail:
luiseduardoassis@gmail.com
cal brasileiro levaria o Banco
Central (BC) a reagir em mea-
dos do ano, “podendo elevar
a Selic para a casa dos 16%,
com o câmbio em R$ 6,00 e a
Bolsa em 80 mil pontos”.
Errou na mosca. Não foi na-
da disso. O ano foi bom, tal-
vez muito bom. O PIB vai cres-
cer quase 3%, muito mais que
o 0,8% previsto, em grande
parte sustentado pelo impul-
so fiscal, no rastro de um défi-
cit primário que deve alcan-
A escolha do próximo
presidente do BC
pode ser decisão mais
importante do governo
em 2024
sar o Sudão do Sul que basta o
governo gastar para o país fi-
brasileiro nas costas. Trata-se
de um setor que paga poucos
impostos e seus efeitos de en-
cadeamento são muito limita-
dos. O aumento da produção
em 2023 se deu sem gerar em-
pregos. O número de pessoas
ocupadas na agropecuária em
outubro de 2023 era de 8,37 mi-
lhões, 351 mil a menos que um
ano antes. 2023 também foi
marcado pela queda da infla-
ção, que veio de 5,8% em 2022
para prováveis 4,6%.
mais crescimento foram as
marcas do ano que acabou. O
ano novo traz problemas no-
vos. Com a desaceleração da
economia, aumentará a ten-
são entre o governo e o Ba-
cen, principalmente quando
o desemprego voltar a subir.
Eventual derrota dos candi-
datos governistas no pleito
municipal poderá dar muni-
ção aos que propugnam pelo
crescimento a qualquer custo,
o que exigiria gastos públicos

O
ano de 2023 foi particu-
larmente cruel com os
economistas. As previ-
sões aziagas acabaram
não prevalecendo, para comi-
seração dos pessimistas. Um
prócer do mercado, por exem-
plo, deu entrevista em dezem-
bro de 2022 vaticinando que a
deterioração do problema fis-
çar R$ 130 bilhões, e pelo ex-
cepcional desempenho da
agropecuária, cujo produto
deve aumentar nada menos
que 15% neste ano. Mas o im-
pulso fiscal não vai se repetir
em 2024, ainda que o PT tei-
me em pensar que o gasto pú-
blico gera crescimento sus-
tentável (alguém deveria avi-
car rico).
O crescimento da agrope-
cuária, por sua vez, deve ser di-
minuto, por conta dos preços
das commodities e das condi-
ções climáticas. A previsão do
IBGE é de uma safra de grãos
3,2% menor que a de 2023. Mes-
mo que crescesse, a agropecuá-
ria sozinha não carrega o PIB
Menos que espetacular,
mas importante. Boa parte da
queda do IPCA não teve a ver
com a autoridade monetária.
A inflação dos produtos co-
mercializáveis, que depende
essencialmente dos preços in-
ternacionais, despencou de
10% em 2022 para algo como
1% em 2023. Menos inflação e
crescentes e juros mais bai-
xos, na marra.
A escolha do próximo presi-
dente do Banco Central pode
ser decisão mais importante
que o governo fará em 2024.
Um economista heterodoxo
no comando da autoridade mo-
netária, hoje improvável, torna-
rá 2025 um ano inesquecível l

Novo mercado Arrecadação

Governo prevê medida para combater vício em jogo

BIANCA LIMA
BRASÍLIA
Dentre as 12 portarias que serão
editadas pelo Ministério da Fa-
zenda ao longo das próximas se-
manas para regulamentar a atua-
ção das empresas de apostas es-
portivas online está um texto
em parceria com a pasta da Saú-
de que estabelece medidas para
combater o vício no jogo.
“Queremos colocar em
prática um serviço de atendi-
mento ao viciado. Tanto ele
quanto a família poderão acio-
nar o serviço público de saú-
de”, diz o assessor especial da
Secretaria Executiva da Fazen-
da, José Francisco Manssur,
afirmando que a portaria já es-
tá praticamente pronta, aguar-
dando apenas a sanção do tex-
to para que possa ser editada.
Há também uma portaria em
parceria com o Conselho Nacio-
nal de Autorregulamentação
Publicitária (Conar). “A mensa-
gem (que as empresas passam
por meio da publicidade) nunca
vai poder ser: ‘Use o jogo como
forma de enriquecer’. Isso a gen-
te vai enfrentar com muita for-
ça, inclusive nos discursos dos
influencers”, afirma o assessor.
O objetivo é fomentar o que
a Fazenda chama de “jogo res-
Fatia
12% do total arrecadado
nas apostas online vai
ser destinado ao governo
ponsável”. “A propaganda,
além de não poder falar essas
coisas, ainda precisará trazer
mensagens como: ‘Jogue com
responsabilidade e modera-
ção’”, afirma.
As empresas que vão atuar
no novo mercado também fica-
rão obrigadas a adotar práticas
de atendimento aos jogadores,
combate à lavagem de dinhei-
ro, incentivo ao jogo responsá-
vel e prevenção de fraudes e
manipulação de apostas.
O projeto aprovado pelo
Congresso proíbe o jogo para
menores de 18 anos; pessoas
diagnosticadas com distúrbios
de jogo; pessoas com influên-
cia sobre os eventos esportivos
ou sobre a plataforma de jogos;
dirigentes esportivos, técni-
cos, árbitros, agentes e atletas.
Também autoriza a suspen-
são dos pagamentos de apos-
tas investigadas por manipula-
ção dos resultados e exige que
as empresas verifiquem a iden-
tidade dos apostadores com
uso de tecnologia de reconhe-
cimento facial.
DISTRIBUIÇÃO. Do total do
GGR (receita bruta das compa-
nhias que vão atuar no merca-
do subtraídos os prêmios),
88% será destinado ao custeio
e ao lucro das empresas e 12%
irá para os cofres públicos. Des-
sa fatia que irá para o Tesouro
Nacional, a maior parte, mais
de um terço, será destinada à
pasta comandada por Fufuca.
Já o Turismo, chefiado pelo de-
putado Celso Sabino (União
Brasil-PA), também ligado a Li-
ra, ficará com o segundo maior
porcentual. l

NOTAS E INFORMAÇÕES necimento de equipamentos para exploração e produ-
ção de petróleo. A exigência passou de 18% para 30%
na fase de exploração, quando estão sendo pesquisa-
das as reservas, e de 25% para 30% no desenvolvimen-
Conteúdo local, to da produção, etapa seguinte à descoberta.
Numa demonstração de que o revigoramento do
de novo conteúdo local é uma decisão política prioritária do
governo, Lula da Silva participou pessoalmente da reu-
nião, acompanhado dos 16 ministros que passaram a
compor o CNPE (até o ano passado, eram dez). As-
sim, o presidente reeditou uma medida que no passa-
do, cercada de muitas críticas, exagerou na dose e não
conseguiu entregar os efeitos esperados.
Em seu primeiro mandato, Lula fixou índices entre
33,5% e 42,25%, respectivamente para exploração e
produção, exigência que rapidamente foi ampliada pa-
ra porcentuais entre 80% e 85%. Significa dizer que
Governo aumenta ao acaso índice de quase todo o material utilizado para explorar e extrair
petróleo nos campos marítimos (offshore) deveria
nacionalização em equipamentos do ter fabricação nacional.
Em teoria, uma opção de política industrial – verti-
setor de petróleo calizada, é verdade, por abranger apenas fornecedo-
res de um único setor. Na prática, uma medida fora da
realidade por vários motivos, a começar pela comple-
m reunião extraordinária em dezembro, o xidade da atividade petrolífera, que exige um nível de
descoberta do pré-sal, a situação ficou ainda mais com-
plicada, mas o governo ignorou e seguiu com o que
imaginava que seria o seu trampolim para mergulhar
na competição internacional. Era excesso de confian-
ça ou desconhecimento esperar que, num estalar de
dedos, a indústria brasileira escalasse essa produtivi-
dade. O saldo real foi uma frustração de expectativas,
em termos de qualidade das entregas, prazos e preços.
Com o pré-sal, os trabalhos exploratórios no mar,
antes em profundidades em torno de 3 mil metros,
desceram a mais de 6 mil metros, o que exigiu aperfei-
çoamento tecnológico da Petrobras. Os investimen-
tos da empresa, que em 2006 já ultrapassavam US$ 11
bilhões, pularam para US$ 40 bilhões. Era o momento
de o governo, já sob a Presidência de Dilma Rousseff,
rever essa política tão deslocada da realidade. Bastava
retroceder um pouco para tentar avançar mais adian-
te. Não aconteceu, e a Petrobras ficou refém do con-
teúdo local.
Exceções foram necessárias para cobrir as lacunas.
E foram tantas que a capacidade de fiscalização da
regra, já deficiente, ficou absolutamente comprometi-
da. Agora, o governo retoma a mesma política, sem
sequer discutir com os agentes envolvidos e sem que
se tenha certeza de que a indústria terá capacidade

E Conselho Nacional de Política Energética

(CNPE) decidiu reativar uma estratégia
das três gestões anteriores do PT e elevou
os porcentuais de conteúdo local para for-
tecnologia e capacitação para a qual a indústria nacio-
nal não estava preparada.
Quando o País ingressou em outro patamar explora-
tório, a partir da década de 2010, pouco depois da
para ampliar sua competitividade em um mercado al-
tamente globalizado. É uma decisão com ares de auto-
ritarismo e açodamento, típica de quem não aprende
com os erros.l

SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
U
ma cláusula pétrea das
viradas de ano no mun-
do corporativo e de in-
vestimentos diz respei-
to à elaboração de previsões e
cenários econômicos para
orientar os próximos 12 me-
ses. O objetivo é estabelecer
metas e referências, de modo a
formar expectativas de curto e
médio prazos. Essas projeções
englobam a evolução do PIB, a
variação da taxa de juros, a flu-
tuação do câmbio, a inflação
do período, evolução da políti-
ca macroeconômica e uma
série de outras variáveis, entre
as quais o risco de instabilida-
de geopolítica global e os efei-
tos das mudanças climáticas
SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi e Henrique Meirelles (revezam quinzenalmente) l TER. Demi Getschko (quinzenalmente) l QUA. Fábio Alves l QUI. Adriana Fernandes l SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalmente) e Pedro Doria l SAB. Adriana Fernandes
l DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalmente) e Affonso Celso Pastore (quinzenalmente); Paulo Leme (1º domingo do mês), Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês)
Conta de luz Preço estável
Aneel mantém bandeira verde para janeiro
A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) informou que
no mês de janeiro a bandeira
tarifária será verde. Ou seja, os
Luiz Carlos Trabuco Cappi
2024: ano de mais trabalho e superação
nos indicadores sociais e eco-
nômicos.
Bola de cristal, nós sabe-
mos, não existe, como vimos
no ano passado. Várias surpre-
sas aconteceram ao longo dos
meses. A economia brasileira
cresceu cerca de 3% (a previ-
são inicial era de 1%), o PIB
encerrou 2023 subindo para a
9.ª posição no ranking global,
e a nota de crédito do País me-
lhorou entre as principais
agências de rating. A Bolsa vol-
tou a ser a estrela dos investi-
mentos depois de um bom
tempo.
Há boas razões para acredi-
tarmos na repetição das sur-
presas positivas na economia a
consumidores não terão custo
extra nas contas de luz.
De acordo com a agência, a
continuação da bandeira ver-
partir de agora. O principal mo-
tivo de otimismo é a continui-
dade da queda dos juros no Bra-
sil, ao mesmo tempo que se ini-
cia o processo de flexibilização
Há boas razões para
acreditarmos na
repetição das
surpresas positivas
na economia este ano
monetária na Europa e nos
EUA. Nesse contexto de estí-
mulo à atividade haverá espa-
ço para a recuperação da renda
e do emprego. Deverão contri-
buir para esse quadro favorá-
de neste início de ano ocorre
porque as condições favorá-
veis de geração de energia per-
manecem. Há 21 meses o País
ECONOMIA&NEGÓCIOS
vel os investimentos previstos
no PAC e a redução da inadim-
plência.
É farto o elenco de desafios
a enfrentar. A questão fiscal
permanece como ponto de
atenção. Vão exigir muita pers-
picácia, pragmatismo e paciên-
cia dos negociadores as nego-
ciações das novas medidas ar-
recadatórias e a aprovação das
leis complementares necessá-
rias à modernização tributária
em curso. Além disso, a execu-
ção orçamentária será funda-
mental.
No mundo, esperamos que
a ocorrência de tensões, con-
flitos e guerras seja mitigada.
Os efeitos das mudanças cli-
tem adotado a bandeira verde
após o fim da escassez hídrica,
que durou de setembro de
2021 até meados de abril de
2022.
Criadas em 2015 pela Aneel,
as bandeiras tarifárias refle-
tem os custos variáveis da gera-
B3
máticas vão continuar a im-
pactar a economia e a vida das
pessoas.
Neste caldeirão de variá-
veis, os fatores virtuosos deve-
rão prevalecer, o que poderá fa-
zer avançar a agenda de mais
crescimento, menos desigual-
dade e aceleração da transição
verde. São tarefas simples de
compreender, mas complexas
de realizar.
Temos todas as condições
de nos sairmos bem nessa mis-
são. O Brasil nasceu para dar
certo.
Um próspero 2024! l
PRESIDENTE DO CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO.
ESCREVE A CADA DUAS SEMANAS
ção de energia elétrica. Dividi-
das em níveis, as bandeiras in-
dicam quanto está custando
para o Sistema Interligado Na-
cional (SIN) gerar a energia
usada nas casas, em estabeleci-
mentos comerciais e nas indús-
trias. l
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
B4
E
ntramos em 2024, o pri-
meiro ano de vigência
do arcabouço fiscal, que
busca equilíbrio entre o
crescimento da dívida pública
e o espaço fiscal. Para acelerar
o crescimento econômico e ob-
ter apoio no Congresso, Lula
quer espaço fiscal maior, defi-
nido como a flexibilidade para
escolher quanto gastar.
Ao fixar o crescimento dos
gastos em termos reais, o mi-
nistro da Fazenda, Fernando
Haddad, o atendeu em parte,
mas, reconhecendo que temos
um problema com o tamanho
da dívida, o fez estabelecendo
metas de resultado primário
que deverão ser atendidas com
SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi e Henrique Meirelles (revezam quinzenalmente) l TER. Demi Getschko (quinzenalmente) l QUA. Fábio Alves l QUI. Adriana Fernandes l SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalmente) e Pedro Doria l SAB. Adriana Fernandes
l DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalmente) e Affonso Celso Pastore (quinzenalmente); Paulo Leme (1º domingo do mês), Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês)
Setor automotivo Novo pacote
Governo lança programa
para montadoras; previsão
é de R$ 19 bi em incentivos
Parte da iniciativa,
prevista para durar
até 2028, será bancada
por alta nos impostos
para carros elétricos e
híbridos importados
MARIANA CARNEIRO
LORENNA RODRIGUES
BRASÍLIA
MATEUS FAGUNDES
SÃO PAULO
O governo lançou um novo pro-
grama de incentivo ao setor au-
tomotivo, o Mover, que vai cus-
tar R$ 19,3 bilhões em incenti-
vos fiscais até 2028. Segundo o
vice-presidente e ministro da
Indústria e Comércio, Geraldo
Alckmin, o benefício tributário
ao segmento será financiado,
em parte, pelo aumento do im-
posto de importação dos car-
ros elétricos e híbridos, anun-
ciado em novembro.
O programa deve substituir
o Rota 2030 e prevê a tributação
diferenciada para a veículos sus-
tentáveis, incentivos para a rea-
lização de atividades de pesqui-
sa e desenvolvimento para as in-
dústrias de mobilidade e logísti-
ca, e requisitos obrigatórios pa-
ra a comercialização de veícu-
los produzidos no País e para a
importação de veículos novos.
A medida provisória que
criou o Programa Mobilidade
Verde e Inovação (Mover) foi
publicada em edição extraordi-
Affonso Celso Pastore
O teste do arcabouço e o espaço fiscal
base em novas receitas que,
contudo, são insuficientes.
Atualmente, a dinâmica da
dívida é bem melhor do que na
transição de FHC para Lula,
em 2002, quando 30% da dívi-
da bruta era atrelada ao câm-
bio, o que expunha o Brasil ao
risco de uma parada brusca no
influxo de dólares. Ao fim do
primeiro semestre de 2002,
em plena campanha eleitoral,
o real estava cotado abaixo de
R$ 2,5/US$, e a dívida bruta
chegava a 54% do PIB, e seis
meses depois, já com Lula elei-
to e diante do risco de um “ca-
lote”, o real chegou a R$
4,00/US$, com a dívida bruta
atingindo 66% do PIB.
Anfavea diz que Mover
traz previsibilidade
aos investimentos
A Anfavea, entidade que re-
presenta as montadoras, co-
memorou o lançamento do
novo regime automotivo.
“Mais uma vez, o Brasil man-
tém-se na vanguarda ao esta-
belecer regras que dão previ-
sibilidade aos investimentos
privados no País”, comentou
a associação, que chamou de
“excelente notícia para toda
a cadeia da indústria automo-
bilística brasileira” a publica-
ção do programa, batizado
de Mover (Mobilidade Verde
e Inovação).
O programa sucede ou-
tros dois regimes setoriais –
o InovarAuto, que vigorou de
2012 a 2017, e o sucessor Ro-
ta 2030, lançado em 2018.
As montadoras aguarda-
vam as regras e os estímulos
ao desenvolvimento de tec-
nologias para definir novos
nária do Diário Oficial da União
de sábado e detalhada ontem
por Alckmin. A previsão do go-
verno é de que, neste ano, o
programa custe R$ 3,5 bilhões.
O incentivo será concedido
às montadoras para investimen-
tos na descarbonização, ou se-
ja, na produção de veículos que
reduzem as emissões de gases
Embora a dinâmica da dívi-
da não mais dependa do câm-
bio real, o que impede que em
poucos meses ocorra um salto
de 12 pontos porcentuais da re-
lação dívida/PIB, há o risco de
A confiança de que
espaço fiscal maior
gera crescimento
pode elevar ainda
mais os gastos
aumento de magnitude seme-
lhante entre 2023 e 2026. Em-
bora o mercado financeiro não
interrompa o influxo de capi-
tais, o real não se deprecie e a
ciclos de investimento no
Brasil. A expectativa agora é
pela regulamentação do Mo-
ver, a ser feita nos próximos
meses por decretos e porta-
rias. Segundo a Anfavea, a
partir daí a indústria terá
uma noção mais clara das
exigências aos automóveis
vendidos no Brasil.
VOLKSWAGEN. O presidente
da Volkswagen do Brasil, Ci-
ro Possobom, diz que “todas
as iniciativas que aceleram o
processo de descarboniza-
ção dos veículos e a inovação
na indústria automotiva são
vistos de forma positiva”.
Segundo ele, a companhia
está avançando no País com
a estratégia global do grupo,
chamada de Way to Zero, pa-
ra redução dos níveis de
emissões de sua frota e das
fábricas. A empresa confir-
mou que vai produzir mode-
los híbridos flex na unidade
em São Bernardo do Campo
(SP) a partir de 2026.l
de efeito estufa, especialmente
os híbridos e os elétricos.
A concessão de incentivos tri-
butários, porém, é um tema que
divide economistas, uma vez
que cria vantagens artificiais pa-
ra produtores nacionais, o que
reduz a eficiência da economia.
Ontem, Alckmin afirmou
que o objetivo é incentivar a
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
dívida não dê um salto, seu
crescimento continua insus-
tentável. Quer devido ao “efei-
to riqueza” provocado pela al-
ta da dívida pública, quer devi-
do ao efeito multiplicador dos
gastos públicos, o aumento da
demanda agregada decorrente
da política fiscal expansionista
eleva a taxa neutra de juros.
Embora o preço dos ativos
tenha reação mais suave, os
prêmios de risco crescem, e a
consequência é a taxa real de
juros de equilíbrio mais alta, o
que reduz o crescimento que o
governo quer elevar através da
expansão do espaço fiscal.
Qual será a reação do gover-
no quando o crescimento eco-
produção local. As alíquotas
de importação, que estavam ze-
radas para carros elétricos des-
de 2015, e reduzidas para os
híbridos, voltam a subir gra-
dualmente a partir deste mês e
retomarão a taxa cheia, de
35%, ao longo de três anos.
“Os veículos (importados)
terão aumento gradual até
2027 para que produzam no
Brasil, fabriquem no Brasil.
Nós queremos fábrica aqui e
não virar importador de pro-
dutos. Então instalem a fábri-
ca aqui”, disse Alckmin.
Haverá cotas para fabrican-
tes e importadores sem o au-
mento do imposto, mas, se-
gundo Alckmin, elas vão cair
anualmente.
REONERAÇÃO. O anúncio da
reoneração foi feito pela Câma-
ra de Comércio Exterior (Ca-
mex) em novembro, e causou
descontentamento de empre-
sas como as chinesas BYD e
GWM, que vão começar a pro-
duzir carros híbridos e elétri-
cos a partir de 2024 e ainda te-
rão de importar vários mode-
los para ganhar participação
de mercado. A General Motors
também não gostou, pois tinha
planos de produzir localmente
carros elétricos mais à frente.
Do valor previsto em renún-
cia tributária em 2024, o gover-
no já tinha reservado R$ 2,9
bilhões no Orçamento da
União. Outros R$ 600 mi-
lhões, segundo Alckmin, virão
do aumento do imposto para
os elétricos e híbridos.
“Vou avaliar e estimular a in-
dústria menos poluente com
descarbonização, mas avalian-
do pelo poço à roda, como eu
formo esse combustível. No ca-
so do etanol, vou desde a produ-
ção da cana-de-açúcar até o con-
sumo do combustível. A partir
de 2027 será do berço ao túmu-
lo, ou seja, vamos verificar des-
de como o carro é fabricado e
como vai ser descartado.”
O ESTADO DE S. PAULO
nômico se reduzir em 2024? A
sua confiança de que um espa-
ço fiscal maior gere crescimen-
to pode levá-lo a elevar ainda
mais os gastos, com reflexos
acentuados sobre a taxa neu-
tra de juros e sobre os prêmios
de risco. Como o crescimento
depende da taxa real de juros,
é inevitável que além de elevar
a pressão para que o BC dê sua
colaboração baixando um pou-
co mais os juros, force um au-
mento maior dos gastos. Este
é o verdadeiro teste que revela-
rá se o arcabouço é ou não
aquele de que o País precisa. l
EX-PRESIDENTE DO BC E SÓCIO DA A.C.
PASTORE E ASSOCIADOS.
DEPRECIAÇÃO ACELERADA. O
vice-presidente também co-
mentou o projeto de lei em re-
gime de urgência enviado pe-
lo governo ao Congresso na
noite de sábado. Trata-se da
depreciação acelerada, que vi-
sa a estimular a compra de
equipamentos mais moder-
nos pela indústria.
Com o programa, indus-
triais que adquirirem novos
equipamentos em 2024 pode-
rão abater os custos tributá-
rios do imposto devido, sendo
50% ainda em 2024 e 50% em
2025. O instrumento de estí-
mulo à compra de máquinas já
existe, mas o uso dos créditos
se dá de forma alongada, em
até 20 anos. Acelerando o uso
dos créditos, o governo espera
que mais empresas comprem
equipamentos novos.
Agenda verde
Incentivo será concedido
para investimentos na
produção de veículos
menos poluentes
O custo da medida será de
R$ 3,4 bilhões em dois anos.
Em 2024, será R$ 1,7 bilhão em
renúncias fiscais. Neste caso,
segundo Alckmin, os recursos
virão do aumento da tributa-
ção incidente na importação
de equipamentos de energia fo-
tovoltaica, cuja alíquota passa-
rá para 10,4% em 2024. Os be-
nefícios tributários para os im-
portadores que estiverem in-
vestindo serão reduzidos gra-
dativamente até 2027.
“A indústria é a vanguarda
da pesquisa, inovação, paga sa-
lário mais alto, agrega valor,
precisamos reforçar a área in-
dustrial e uma nova indústria,
baseada na inovação e na des-
cabornização”, disse. l
EXCEPCIONALMENTE A COLUNA DE AFFONSO
CELSO PASTORE ESTÁ SENDO PUBLICADA HOJE
 NEGÓCIOS B5
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

Em alta Verão mais caro critório MV Assessoria Jurídi-

ca, Matheus Valério, lembra
que os aluguéis de imóveis pa-
Aluguel para temporada tem alta ra temporada de verão e fim de
ano ficam mais caros com a
proximidade de dezembro.

de até 900% no litoral de São Paulo
Diárias sobem mais em Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém; economia melhor
e maior ocupação de imóveis pelos donos fizeram preços saltar, dizem especialistas
LUCAS AGRELA
Quem busca uma casa ou apar-
tamento no litoral de São Pau-
lo para passar as férias de ve-
rão vai pagar mais caro do que
no ano passado. De acordo
com dados do Conselho Regio-
nal dos Corretores de Imóveis
de São Paulo (Creci-SP), o
maior aumento foi nas casas
de dois dormitórios no litoral
sul, como Praia Grande, Mon-
gaguá e Itanhaém, onde a varia-
ção anual do preço da diária
chegou a 900%. Nos aparta-
mentos com um dormitório, a
alta foi de 465% em um ano,
enquanto aqueles com dois
dormitórios tiveram aumento
de 217%.
No litoral sul, o preço da diá-
ria em casas com dois quartos
foi de R$ 300 para R$ 3 mil.
Entre os apartamentos, os pre-
ços foram de R$ 345 para R$
1.950 nos imóveis de um dormi-
tório e de R$ 550 para R$ 1.744
nos imóveis com dois quartos.
A região central do litoral pau-
lista, composta pelas cidades
de Guarujá, Santos e São Vicen-
te, também teve aumentos de
três dígitos em relação ao mes-
mo período no ano anterior.
Enquanto os preços dobra-
ram nos apartamentos de dois
e três quartos, ficando, respecti-
vamente, em R$ 1.133 e R$ 1.560,
o maior aumento no custo da
diária foi no apartamento de
quatro dormitórios, que subiu
238%, indo a R$ 2.707. As casas
de dois quartos na região, entre-
tanto, tiveram queda de 39%.
O litoral norte também teve
aumentos expressivos de pre-
ços, embora menores do que
os do sul. A região de Ubatuba,
Bertioga, São Sebastião e Ilha-
bela teve o maior aumento por-
centual em apartamentos de
Carestia
Litoral norte também
teve aumentos expressivos
nos preços, embora
menores do que os do sul
um quarto, chegando a 351%.
Nos imóveis de um a dois dor-
mitórios, os preços das diárias
vão de R$ 700 a R$ 1.850. O
levantamento foi feito com 14
imobiliárias em 12 cidades lito-
râneas de São Paulo.
O presidente do Creci-SP, Jo-
sé Augusto Viana Neto, diz acre-
ditar que o salto maior de pre-
ços na região sul ocorreu pela
falta de opções nessas cidades
tradicionais de veraneio, o que
levou a um aumento de preços
mais forte.
“Muitos imóveis que esta-
vam disponíveis para locação
no ano passado estão sendo usa-
dos pelos proprietários. A ofer-
ta ficou escassa, e o preço su-
biu. Outro fator que influencia
bastante é o calor tremendo
que está fazendo neste ano. Em
2021, quando começou a abertu-
ra, os preços já estavam acima
de antes da pandemia e agora
estão ainda mais altos”, afirma.
PLANEJAMENTO. O advogado
empresarial e fundador do es-
“Os aluguéis dos bons imó-
veis normalmente são fecha-
dos até o meio do ano. Quem
deixa para depois acaba pagan-
do um preço muito inflaciona-
do”, diz. “Ao buscar uma loca-
ção com antecedência, um
apartamento no litoral norte
de dois dormitórios tem diá-
ria com preço entre R$ 1,5 mil
e R$ 1,8 mil. Quem deixou pa-
ra o fim de dezembro pode pa-
gar o dobro disso.”
A planejadora financeira da
Planejar, Paula Bazzo, alerta
que algumas medidas simples
podem ajudar a evitar cair em
golpes.
“É preciso ter cuidado com
promessas milagrosas, com os
anúncios com valores diver-
gentes da região. Outro ponto
é usar um intermediador, co-
mo plataforma digital ou corre-
tora de imóveis, o que ajuda a
evitar golpes. Mesmo no caso
de locação direto com o pro-
prietário, é sempre bom ter
um contrato de locação tempo-
rária, descrevendo as condi-
ções dos imóveis e de reserva e
cancelamento.” l

IMÓVEIS NO LITORAL HOTEL RESORT E GOLFE CLUBE DOS 500

Cidades como Praia Grande, Santos e Itanhaém tiveram

os maiores aumentos de preços para temporada no
litoral do Estado em 2023

Sul
1 DORM. 2 DORM. 3 DORM. 4 DORM.
APARTAMENTOS
2022/2023 R$ 345 R$ 550 R$ 620 –
2023/2024 R$ 1.950 R$ 1.744 R$ 2.750 –
VARIAÇÃO 465,2% 217,1% 343,5% –

CASAS
2022/2023 – R$ 300 R$ 1.197 R$ 1.233
2023/2024 R$ 2.166 R$ 3.000 R$ 3.034 R$ 6.000
VARIAÇÃO – 900% 153,5% 386,6%

FÉRIAS INCRÍVEIS
Região central
1 DORM. 2 DORM. 3 DORM. 4 DORM.
APARTAMENTOS
2022/2023 R$ 416 R$ 511 R$ 785 R$ 800

AGUARDAM VOCÊ
2023/2024 R$ 500 R$ 1.133 R$ 1.560 R$ 2.707
VARIAÇÃO 20,2% 121,7% 98,7% 238,4%

CASAS
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2023/2024 R$ 700 R$ 1.275 R$ 2.083 R$ 4.862
VARIAÇÃO – 142,8% 1% 50,3%

FONTE: CRECI-SP / INFOGRÁFICO: ESTADÃO

B6
E-INVESTIDOR
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

Mercado financeiro Opções

Fundos de investimentos devem se

recuperar em 2024, dizem analistas
Após resultados ruins em 2023, por causa dos juros altos no Brasil e nos Estados Unidos,
modalidade tende a retomar fôlego este ano, com a melhora esperada da conjuntura econômica

JENNE ANDRADE
E-INVESTIDOR
Os fundos de investimentos vi-
veram uma fase ruim em 2023.
De acordo com dados da Asso-
ciação Brasileira das Entida-
des dos Mercados Financeiro
e de Capitais (Anbima), a in-
dústria perdeu R$ 63,4 bilhões
entre janeiro e novembro, da-
do mais recente.
As maiores saídas foram re-
gistradas nos multimercados,
classe em que a captação ficou
negativa em R$ 99,1 bilhões.
Os fundos de ações secaram
R$ 25,3 bilhões no período – e
a sangria chegou até aos fun-
dos de renda fixa, com perda
de R$ 16,7 bilhões.
Cautela
Apesar do otimismo,
especialistas alertam para
riscos fiscais no Brasil
e incertezas nos EUA
Por trás deste cenário está a
taxa de juros alta no Brasil. A
Selic começou 2023 aos 13,75%
ao ano e, apesar dos cortes pro-
movidos pelo Banco Central,
chegou ao fim do ano ainda ele-
vada, em 11,75% ao ano. Ou seja,
os prêmios na renda fixa conti-
nuam interessantes e atraindo
capital para os ativos mais con-
servadores e simples, como o
Tesouro Selic e Certificados de
Depósitos Bancários (CDBs).
Além disso, a performance
mais negativa dos fundos multi-
mercados (FIM), por exemplo,
contribuiu para acelerar a eva-
são. De acordo com levantamen-
to feito pela Economatica em
parceria com a gestora TC Pand-
hora, a pedido do E-Investidor,
apenas 21% dos FIMs bateram o
CDI entre janeiro e 8 de dezem-
bro deste ano. Esse porcentual
é de 46% para os Fundos de In-
vestimentos em Ações (FIAs),
cujo benchmark é o Ibovespa.
Para os FIMs, o estudo consi-
derou fundos acima de 100 cotis-
tas, com pelo menos R$ 10 mi-
lhões de patrimônio, ativos e tra-
dicionais. No levantamento dos
FIAs, não foram consideradas
as aplicações de crédito privado.
Alex Lima, estrategista-che-
fe da Guide Investimentos, res-
salta que a fuga de capital e co-
tistas alimentou os resultados
ruins, e vice-versa. Isto porque
a diminuição dos ativos sob
gestão resulta em menos recei-
ta para as gestoras. “Geralmen-
te, os FIMs vão muito bem
quando há cortes de juros. Não
foi o que aconteceu em 2023,
por conta da alta volatilidade.”
As fontes desta volatilidade
foram muitas ao longo do ano,
com destaque para os juros
mais altos nos EUA. Em mea-
dos de outubro, o rendimento
do título do Tesouro america-
no com prazo de dez anos, por
exemplo, chegou ao maior ní-
vel desde 2007. Paralelamen-
te, os riscos fiscais no Brasil se
acentuaram na reta final do
ano, com as sinalizações do go-
verno de que a meta fiscal dese-
Fundos de ações encolheram R$ 25,3 bi no ano passado, até novembro
nhada para o ano que vem po-
de não ser atingida.
“Os (fundos) multimerca-
dos precisam antever os movi-
mentos dos bancos centrais
para montar posições, só que
em 2023 foi difícil prever”, diz
Ana Beatriz Bueno, especialis-
ta em fundos da Ágora Investi-
mentos.
CONJUNTURA MELHOR. Os es-
pecialistas acreditam em uma
conjuntura econômica melhor
para o investimento em fundos
em 2024. A expectativa é de
que os cortes na taxa Selic con-
tinuem, o que pode beneficiar
principalmente os multimerca-
dos. O tamanho deste “fôlego
adicional”, contudo, é incerto.
“Ainda pode ser um ano de-
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
safiador. Os juros mais altos
no exterior não se sustentam,
seja por um arrefecimento da
inflação ou por uma recessão
mais forte lá fora”, afirma Mar-
co Bismarchi, sócio e gestor de
portfólio da TAG Investimen-
tos. Em função dos riscos, Bis-
marchi ainda se mantém caute-
loso e vê os fundos de renda
fixa como boas opções. “O ju-
ro ao longo do ano que vem
continuará elevado, com uma
taxa real (descontada a infla-
ção) próxima a 7%.”
Ana Beatriz, da Ágora, tam-
bém aposta nos fundos de ren-
da fixa ativos como os princi-
pais destaques do ano que
vem. Estes produtos conse-
guem ganhar com a queda dos
juros, trabalhando com títulos
prefixados, que se beneficiam
de ciclos de afrouxamento mo-
netário. “Gestores de fundos
de renda fixa trazem retorno
operando diferentes vértices
da curva de juros. Como o cená-
rio é incerto, vemos essas apli-
cações com bons olhos.”
Os fundos de debêntures in-
centivadas (títulos de dívida
de empresas privadas, isentas
de Imposto de Renda) atrela-
das à inflação também cha-
mam a atenção da especialista
para 2024.
Já Paloma Brum, analista da
Toro Investimentos, tem uma
visão mais otimista para fun-
dos de ações e multimercados,
assim como Gustavo Bertotti,
head de renda variável da Mes-
sem Investimentos.
“Para o ano que vem, com o
ciclo de corte da Selic ganhan-
do força, enxergamos mais es-
paço para a Bolsa brasileira per-
formar melhor, então os fun-
dos de ações devem performar
melhor também”, diz Brum.
“O processo de queda de ju-
ros e inflação é fundamental pa-
ra uma retomada dos fundos
multimercados e de ações. Po-
de ser um ano promissor”, ava-
lia Bertotti.
A recomendação é diversifica-
ção e respeito ao perfil de risco.
Isso significa não apostar todas
as fichas em uma mesma classe
de ativos e não tomar mais ris-
co do que o necessário. l
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SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Finanças pessoais Em busca de recursos perdidos
Você pode ter dinheiro em
vários lugares e não sabe
ARTUR SCAFF
E-INVESTIDOR
Grande parte do dia a dia dos
trabalhadores é tentar manter
as finanças organizadas. Essa
tarefa, no entanto, pode ser
um desafio, considerando a
quantidade de opções de con-
tas, instituições financeiras e
benefícios que as pessoas têm
de manter no radar.
Embora nem todo mundo se
dê conta, existem diversas fon-
tes de renda, contas e até mes-
mo recursos oriundos de ope-
rações judiciais nas quais as
pessoas podem ter “dinheiro
esquecido”. São recursos ines-
perados que podem ser úteis.
Esse dinheiro provavelmen-
te não vai tornar ninguém rico
do dia para a noite, mas pode
vir em boa hora para saldar al-
gumas despesas típicas de iní-
cio de ano – caso de material
escolar e IPVA, por exemplo.
Caso as contas estejam em dia,
é uma oportunidade de reunir
saldos e começar a formar
uma poupança.
Para ajudar a saber onde
achar esse dinheiro, o E-Inves-
tidor listou os possíveis luga-
res com dinheiro esquecido.
Veja algumas possibilidades:
SVR BANCO CENTRAL. O Siste-
ma de Valores a Receber (S-
VR) é um serviço do Banco
Central (BC) para consultar se
sua empresa ou um parente fa-
lecido tem dinheiro esquecido
em algum banco, consórcio ou
outra instituição e, caso tenha,
saber como solicitar o valor.
De acordo com dados do
Banco Central, até o dia 7 de
dezembro ainda havia mais de
R$ 7 bilhões em valores esque-
cidos em instituições financei-
ras, além de mais de R$ 5 bi-
lhões já devolvidos.
IMPOSTO DE RENDA. Encontrar
algum recurso não resgatado
no Imposto de Renda (IR) é
uma possibilidade, principal-
mente para as pessoas que caí-
ram na malha fina do IR. Nesse
caso, é preciso retificar a decla-
ração e consultar os lotes resi-
duais de restituições, libera-
dos pela Receita Federal uma
vez por mês.
O processo pode ser feito
na página da Receita Federal
na internet, clicando na op-
ção “Meu Imposto de Renda”,
no campo “Consultar a Resti-
tuição”.
DINHEIRO DO CPF NA NOTA FIS-
CAL. Quando você vai restau-
rantes, bares e outros estabele-
cimentos e o garçom pergunta
“CPF na nota?”, toda vez que
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL - 19/10/2019
Saque-aniversário é uma das possibilidades de obter dinheiro
você aceitar a oferta poderá re-
ceber de volta uma parte do va-
lor arrecadado pelo seu Estado
a título de imposto.
Se serve como incentivo,
uma moradora de Ribeirão Pre-
to, no interior de São Paulo, ga-
nhou R$ 2 milhões em um sor-
teio da Nota Fiscal Paulista em
dezembro de 2023. Não custa
nada seguir a sugestão do gar-
çom, e o retorno pode compen-
sar, mesmo que seu nome não
seja sorteado.
VALORES A RECEBER DO FGTS.
O Fundo de Garantia do Tem-
po de Serviço (FGTS) tam-
bém permite resgates, seja
por meio do saque-aniversá-
rio ou saque-rescisão, caso o
trabalhador se enquadre nas
normas estabelecidas pelo go-
verno.
Os trabalhadores com cartei-
ra assinada demitidos e que fi-
caram três anos sem trabalhar
formalmente têm valores a re-
ceber dos saldos das contas
inativas do FGTS.
Pessoas com diagnóstico de
doenças graves, como câncer,
ou doença terminal também
podem solicitar a retirada. Es-
se direito vale tanto para casos
de doença do titular da conta
como dos dependentes.
Há, também, o saque-aniver-
sário do fundo de garantia, dis-
ponível desde o começo de
2020.
Nessa modalidade, o traba-
lhador pode resgatar parte do
valor do FGTS no mês de seu
aniversário.
Dinheiro antigo
470 mil brasileiros
ainda podem receber
valores referentes ao
dinheiro perdido nos
planos econômicos em
governos passados, como
Bresser, Verão, Collor I e
Collor II
DINHEIRO DO PLANO COL-
LOR. Cerca de 470 mil brasi-
leiros ainda podem receber
valores referentes ao dinhei-
ro perdido nos planos eco-
nômicos Bresser, Verão,
Collor I e Collor II.
Esses valores a receber di-
zem respeito ao confisco de
poupanças praticado duran-
te o governo Collor, no iní-
cio dos anos 1990, além do
confisco de Certificados de
Depósito Bancário (CDBs),
fundos de renda fixa e valo-
res em conta corrente.
Pelo plano, na poupança,
uma das aplicações mais po-
pulares do País, o consumi-
dor só poderia sacar 50 mil
cruzados novos, ficando o
que estivesse acima desse li-
mite retido no Banco Cen-
tral pelo prazo de 18 meses.
PONTOS E MILHAS. Da mes-
ma forma que o CPF na no-
ta fiscal, se você usou seu
cartão de crédito, é possível
que você esteja em algum
programa de pontos e tal-
vez nem saiba. A questão é
que esses pontos não po-
dem ser trocados direta-
mente por dinheiro, mas po-
dem ser resgatados na for-
ma de milhas para viagens
aéreas. Além disso, é possí-
vel trocar os pontos por pro-
dutos.
ABONO SALARIAL DE ANOS
ANTERIORES. Outra possibi-
lidade de encontrar algum
montante de dinheiro es-
quecido refere-se à quantia
referente ao abono salarial
de PIS/Pasep. Esse benefí-
cio é destinado a trabalha-
dores com carteira assina-
da que receberam até dois
salários mínimos, referen-
te ao ano-base de pagamen-
to. Cerca de 540 mil profis-
sionais podem sacar quase
R$ 535,8 milhões, confor-
me informado pelo Ministé-
rio do Trabalho e Emprego
(MTE). l
E-INVESTIDOR
Antonio Penteado
Mendonça
Seguro garante
tranquilidade
T
em uma palavra que faz
a diferença entre quem
tem e quem não tem se-
guro. Tranquilidade.
Não a tranquilidade da certeza
da indenização, mas a tranqui-
lidade da certeza de que, se
acontecer uma perda coberta,
a indenização será paga.
É importante ressaltar que o
negócio do seguro não é pagar
a indenização. O negócio do se-
guro é garantir o pagamento
da indenização se acontecer o
fato que cause prejuízo ao se-
gurado.
A imensa maioria das apóli-
ces não paga indenizações.
Não paga não porque a segura-
dora não é séria, mas porque
não acontecem perdas cober-
tas. A base do seguro é o mutua-
lismo, a constituição de um
fundo composto pelo paga-
mento proporcional ao risco
de cada segurado, de onde a se-
guradora saca os recursos ne-
cessários para pagar as indeni-
zações e girar seu negócio.
Com base em tábuas estatísti-
cas e na lei dos grandes núme-
ros, a seguradora sabe que pa-
gará apenas um número redu-
zido de indenizações. É isso
que possibilita o seguro custar
muito menos do que o valor do
objeto segurado. Se ela não ti-
vesse esta certeza, o preço do
seguro seria, inclusive, supe-
rior ao valor do objeto segura-
do, já que, além do seu valor, a
seguradora teria de adicionar à
conta todos os seus custos.
Nesta época do ano as inde-
nizações crescem bastante. Há
o aumento dos acidentes nas
estradas. O aumento dos aci-
dentes pessoais em função da
prática de esportes que o segu-
rado não conhece, ou com os
quais não está familiarizado. O
aumento dos furtos a residên-
cias. O aumento dos furtos e
roubos nos locais de veraneio.
O aumento do uso dos planos
de saúde privados por causa de
acidentes de todos os tipos e
de doenças típicas do verão.
Dependendo da sua nature-
za o custo destes eventos pode
atingir milhares – e mesmo mi-
B7
lhões – de reais. Uma perna
quebrada pode custar alguns
milhares de reais, uma perda
total de automóvel pode cus-
tar algumas centenas de milha-
res de reais, o naufrágio de
uma lancha de passeio pode
custar alguns milhões de reais.
Estes números podem abalar a
saúde financeira do indivíduo.
É aí que a palavra tranquilida-
de faz toda a diferença. Ter um
seguro, independentemente
de o acidente e de a perda acon-
tecerem, dá ao segurado a cer-
teza de que, se ele sofrer algum
prejuízo, ele receberá da segu-
radora os valores necessários
para fazer frente a sua perda.
Quer dizer, dá ao segurado a
tranquilidade para não preci-
sar se preocupar com even-
tuais prejuízos decorrentes de
acidentes das mais variadas na-
turezas.
Nesta época do ano
há aumento de
acidentes em estradas,
acidentes pessoais,
furtos e roubos
O seguro de acidentes pes-
soais, o seguro da residência, o
seguro da casa de praia, o segu-
ro do barco, do automóvel, o
plano de saúde privado etc.
são produtos que estão nas pra-
teleiras das seguradoras e dos
corretores de seguros, basta
querer contratá-los.
É verdade, no Brasil o seguro
é menos conhecido do que na
Europa ou nos Estados Uni-
dos, mas isso não significa que
não temos apólices modernas,
capazes de darem conta do re-
cado. Por exemplo, temos se-
guradora que avisa seus segura-
dos por WhatsApp sobre as
ameaças climáticas antes de
elas acontecerem. E presta so-
corro quando elas acontecem.
Essa tranquilidade faz toda a
diferença. l
SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR
ADVOCACIA E SECRETÁRIO-GERAL DA
ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2024
B8 O ESTADO DE S. PAULO

ISADORA DUARTE, TÂNIA RABELLO,

AUDRYN KAROLYNE Coluna do
Broadcast Agro
e VINICIUS GALERA
EMAIL:
COLUNA.BROADCASTAGRO@ESTADAO.COM

Comigo segura investimentos CAPILARIDADE GIRO

em 2024 com incertezas e COOPERATIVA COMIGO
Carne bovina deve seguir
mais acessível em 2024
menor produção de grãos WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 2/6/2021

C
om safra menor, juros altos e preços instáveis
das commodities, a cooperativa goiana Comigo
vê 2024 com cautela. As metas ainda estão sendo
fechadas, mas a Comigo já viu sua receita dimi-
nuir a R$ 13 bilhões em 2023, ante R$ 15,5 bilhões de
2022. No ano que passou, os preços mais baixos dos
grãos pressionaram o faturamento, avalia Antonio Cha-
vaglia, presidente do conselho de administração. “Neste
ano, teremos uma safra pelo menos 10% inferior à regis- A cadeia de carne bovina ten-
trada em 2023, de 4,38 milhões de toneladas”, diz. As in- de a ser mais estável este ano,
certezas levarão a Comigo a colocar o pé no freio nos segundo analistas de merca-
do. A expectativa é de preços
investimentos. “Não investiremos em lojas e armazéns. firmes da arroba, oferta de
O custo do capital é muito alto.” Uma unidade de esma- Cooperativa Comigo está presente em 18 cidades de Goiás com 20 animais ainda grande, porém
gamento de soja, de R$ 1,2 bilhão, está em estudo. unidades de revendas de insumos e recebimento de grãos mais ajustada à demanda, e
consumo interno em recupe-
ração. Para o consumidor, a
orgânicas e convencionais no co- ecoaviário do Brasil. A estrutura, proteína vermelha ficou mais
Incentivos definirão aporte em indústria mércio bilateral, já que o país de 1.800 m², pertence à Fazenda atrativa no fim de 2023 e ten-
A construção da indústria para produção de farelo e possui 160 mil agricultores de pe- Nossa Senhora Aparecida, de de a seguir mais acessível.
queno porte, “ou mais de 50% da Iperó (SP), e deve operar neste
óleo de soja em Palmeiras de Goiás vai depender de in- produção local”, diz o adido. Me- mês. Foi erguida com 16 tonela-
centivo fiscal, afirma Chavaglia. “Aguardamos para ver lão “pele de sapo” e avocado são das de plástico distribuídas em VEM AÍ
quais serão as condições, já que a reforma tributária mo- as frutas que lideram as novida- 32 mil blocos feitos de material
dificou os subsídios para a indústria do Centro-Oeste.” des do Chile para o Brasil. reciclável. “A montagem é seme- Expectativa de recorde nas
lhante a um Lego gigante”, diz exportações do agronegócio
Bruno Abramo, CEO da Fuplas- DENIS FERREIRA NETTO/ESTADÃO - 29/10/2014
l AGREGA. O Grupo Mantiqueira tic. O ecoaviário custa em torno
Margem para produtor recua estuda crescer por meio de fu- de R$ 600 mil, ou um terço do
A retração nos investimentos se estende também aos sões e aquisições, conta Murilo valor de um aviário comum.
11,2 mil cooperados da Comigo. “O milho saiu de R$ Pinto, diretor comercial. Hoje a
empresa amplia três unidades
80/saca para R$ 40/saca. A soja caiu de RS 160/saca para de galinhas livres em Lorena l ESTREIA. A Geo Biogás & Car-
R$ 110/saca. Isso derruba a margem e a capacidade de (SP), Formosa (GO) e São João bon, empresa de biogás e carbo-
investimento do agricultor”, aponta Chavaglia. Ele espe- de Itaperiú (SC). Os planos in- no renovável, pretende implan-
ra apenas reposições pontuais de máquinas no campo. cluem aumentar a presença no tar sua primeira unidade de
Nordeste. Em 2022, a Mantiquei- combustível renovável de avia-
ra adquiriu a Fazenda da Toca e, ção (SAF) neste trimestre. O
bovina. “O memorando de en- em 2023, a divisão de ovos da projeto piloto para geração de As exportações do agro de-
l MAIS PRODUTOS... Estão a todo tendimento para orgânicos exis- cooperativa Lar. O foco, diz o SAF a partir de resíduos de ca- vem alcançar US$ 164 bilhões
vapor as tratativas entre os go- te desde 2019, o que vamos fazer executivo, não mudou: criação na-de-açúcar será construído em 2023, ante US$ 159 bilhões
vernos do Brasil e do Chile para agora é incluir mais produtos”, de galinhas livres, “tanto pelo em Tamboara (PR) e deve ope- de 2022, prevê a Confedera-
ampliar o comércio bilateral de conta. Hoje, principalmente fru- bem-estar animal quanto pela rar em até 12 meses. “Será uma ção da Agricultura e Pecuária
produtos agropecuários, diz Ri- tas orgânicas estão nesta cesta. sustentabilidade da cadeia”. planta pequena, de 100 mil li- do Brasil. O agro foi responsá-
cardo Moyano, adido agrícola da tros/ano, mas é um mercado vel por quase metade do que
Embaixada do Chile no Brasil. com demanda crescente e ne- foi embarcado pelo País. O
Até o 1.º trimestre, os países de- l ...DIRETO DO POMAR. O interesse l INOVAÇÃO. A Fuplastic, empre- cessidade de descarboniza- recorde deve ser confirmado
vem reconhecer mutuamente a do Chile é garantir a inclusão de sa de soluções sustentáveis para ção”, diz Alessandro Garde- na sexta-feira, na divulgação
certificação orgânica para carne produtores familiares de frutas construção, finalizou o primeiro mann, CEO da Geo. da balança comercial do ano.

BROADCAST MERCADOS VALORES DE MERCADO REFERENTES AO PREGÃO DE 29/12/2023 Ibovespa: 134.185,24 PTS. | Dia -0,01% | Mês 5,38% | Ano 22,28%

MAIORES ALTAS DO IBOVESPA Pontos Dia% Mês% Ano% INFLAÇÃO (%) INSS - COMPETÊNCIA (Dezembro) AGRÍCOLAS - MERCADO FUTURO MOEDAS E COMMODITIES
R$ Var. % Neg. NOVA YORK - DJIA 37.689,54 -0,05 4,84 13,70 Índice Novembro Dezembro No ano 12 Meses Trabalhador assalariado e doméstica* Venc. Aju.C. Abe. Min. Máx. Var.% Venda Dia % Mês %Ano %
CEMIG PN EJ N1 11,48 1,95 10.623 INPC (IBGE) 0,10 - 3,14 3,85 Salário de contribuição Alíquota AÇÚCAR NY* MAR/24 20,58 324.385 20,33 21,88 -5,24 DÓLAR COMERCIAL 4,8534 0,43 -1,26 -8,08
FRANKFURT - DAX 16.751,64 0,30 3,31 20,31
ATÉ R$ 1.320,00 7,5% DÓLAR TURISMO 5,0550 0,42 -1,15 -7,79
MRV ON NM 11,23 1,91 18.574 LONDRES - FTSE 7.733,24 0,14 3,75 3,78 IGP-M (FGV) 0,59 0,74 -3,18 -3,18 CAFÉ NY* MAI/24 186,20 58.416 184,05 195,5 -4,88
DE R$ 1.320,01 ATÉ R$ 2.571,29 9% EURO 5,3700 0,09 0,34 -4,74
TAESA UNT N2 38,38 1,64 8.200 TÓQUIO - NIKKEI 33.464,17 -0,22 -0,07 28,24 IGP-DI (FGV) 0,50 - -3,91 -3,62 SOJA CBOT** MAR/24 12,94 8.231 12,923 13,118 -1,07 OURO 284,000 0,89 -0,98 -5,96
IPC (FIPE) 0,43 - 2,76 3,31 DE R$ 2.571,30 ATÉ R$ 3.856,94 12% MILHO CBOT** MAI/24 4,84 174.940 4,835 4,873 -0,51 WTI US$/BARRIL 71,8600 -2,60 -4,91 -10,72
MAIORES BAIXAS DO IBOVESPA IPCA (IBGE) 0,28 - 4,04 4,68 DE R$ 3.856,95 ATÉ R$ 7.507,49 14%
TESOURO DIRETO (*) Vcto. Ano % R$
(*) EM CENTS POR LIBRA-PESO (**) EM US$ POR BUSHEL IBRENTUS$/BARRIL 77,2900 -1,98 -3,78 -10,08
CVC BRASIL ON 3,50 -12,72 29.813 CUB (Sinduscon) 0,13 - 2,14 2,32 Autônomo Alíquota A pagar (R$) AGRÍCOLAS - MERCADO FÍSICO
IPCA 15/5/2029 5,18 3.193,61 US$ 1 Euro/ 1 Libra/ R$ 1/
LOCAWEB ON NM 6,01 -4,60 13.285 FIPEZAP-SP (FIPE) 0,32 - 4,53 4,78 (BASE EM R$) SOJA Ult. Var. (%) Var. 1 ano(%) 1/NY Europa Londres Brasil
15/5/2035 5,32 2.327,29 DE 1.320,00 A 7.507,49 20% DE 264,00 A 1.501,49 Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 136,86 -1,10 -22,56
MAGAZ LUIZA ON 2,16 -4,00 22.956 Índices de reajuste do aluguel (Novembro) DÓLAR AMERICANO 1,000 1,1035 1,2738 0,2061
JUROS SEMESTRAIS 15/8/2032 5,29 4.479,95 VENCIMENTO 7/1. O PORCENTUAL DE MULTA A SER BOI EURO 0,906 1,0000 1,1543 0,1868
TR/TBF/POUPANÇA/POUPANÇA SELIC (%) IGP-M (FGV) -1,0318 IPCA (IBGE) - APLICADO FICA LIMITADO A 20%, MAIS TAXA SELIC. Cepea/esalq, R$/@ 252,30 0,25 -12,53
PREFIXADO 1º/1/2026 9,65 831,42 FRANCO SUÍÇO 0,841 0,9284 1,0716 0,1734
IGP-DI (FGV) - INPC (IBGE) - CDB - CDI MILHO
26/12 a 26/1 0,1025 0,8733 0,6030 0,5000 1º/1/2029 10,12 619,20 Data Taxa ano Taxa dia Mês% Ano% LIBRA ESTERLINA 0,785 0,8663 1,0000 0,1618
IPC-FIPE - ICV-DIEESE - Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 69,21 1,19 -19,91 IENE 141,047 155,6525 179,6660 29,0760
27/12 a 27/1 0,0957 0,8664 0,5962 0,5000 SELIC 1º/3/2026 0,04 14.262,33 CDB (22/31) 11,65 0,00 -2,02 -14,65 CAFÉ
FATORES VÁLIDOS PARA CONTRATOS CUJO ÚLTIMO REAJUSTE AS MOEDAS NA VERTICAL:VALOR DE COMPRA SOBRE AS DEMAIS
28/12 a 28/1 0,0629 0,8234 0,5632 0,5000 (*)TÍTULOS A VENDA OCORREU HÁ UM ANO. MULTIPLIQUE O VALOR PELO FATOR CDI 11,65 0,00 -4,12 -14,65 Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 1009,47 2,118 -3,36 / FONTE: IDC