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Noções de Direito Processual Civil:

https://www.youtube.com/watch?v=shjloFxQZOs

Teoria do isolamento dos atos processuais – ex. se um processo estava em curso durante o
CPC passado, com a vinda do novo CPC, a sentença desse processo se dá logo após a entrada
em vigência do novo código, a sentença será de acordo com as normas do novo CPC, aplica-se
a sistemática de honorários advocatícios do art. 85, porque cada ato processual será regido
pelo diploma processual vigente na data da prática daquele ato, existem algumas exceções,
mas a regra geral é essa.

O processo civil, como um todo, é embasado no tripé: processo, ação e jurisdição. Dentro de
jurisdição, se estuda, por exemplo, os poderes do juiz (art.139), na ação se estuda os
elementos da ação: parte, demanda, causa de pedir e condições da ação, como legitimidade,
ad causam e interesse de agir, sendo que possibilidade jurídica do pedido não é mais condição
da ação. No processo se estuda toda a relação jurídica processual formada entre partes e o
estado juris naquela relação triangular, e também todos os deveres, ônus, poderes,
faculdades, derivados dessa relação jurídica processual.

A moderna processualística vem incluindo um quarto polo metodológico no processo: a tutela.


Os processualistas vêm dizendo que com o novo CPC, a gente sai do modelo de jurisdição para
o modelo de juris satisfação, que quer dizer que o juiz deve estar preocupado sempre em
satisfazer o direito material, isto é, entregar o bem da vida àquela parte que tem razão, e para
isso, o juiz pode ir relativizando, inclusive superando eventuais vícios formais para não
extinguir o processo sem resolução do mérito (art. 4 – primazia da decisão de mérito).

Exposição de motivos: quais são os 5 objetivos fundamentais do novo código?

1 – Estabelecer expressa e implicitamente verdadeira sintonia fina com a CF: isso significa que
todo o CPC, inclusive todos os ramos do direito devem ser filtrados à luz dos princípios e
valores constitucionais, se vê a repercussão disso em vários institutos, como no art. 1, o
contraditório é um grande exemplo.

2 – Criar condições para que o juiz possa proferir decisão de forma mais rente à realidade
fática subjacente à causa: o enfoque do novo código é sobre o sistema de autocomposição de
conflitos, para que o juiz possa proferir a decisão de forma mais rente à realidade fática,
ouvindo as partes e levando em consideração o que as partes estão dizendo. Ainda, no art.
489, p. 1º está elencado o rol das decisões que são nulas se o juiz não observar aqueles
preceitos, dentre eles o IV que diz que se o juiz não analisar os argumentos elencados pelas
partes em suas petições, a decisão é nula. Outro exemplo é o amicus Curi, que auxilia o juiz
conhecendo a situação técnica daquela questão jurídica ou fática subjacente. Tem também a
audiência pública, métodos auto compositivos como mediação, conciliação, dentre vários
outros.

3 – Simplificar, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas, como, por


exemplo, o recursal. Ex. na contestação do réu, ele pode agora elencar todas as suas defesas
(antes era preciso interpor uma petição em apartado, alegando por exemplo, incompetência
relativa, impugnação à justiça gratuita, impugnação ao valor da causa, reconvenção, etc.)
agora, tudo isso é feito na contestação. A única exceção é a exceção de impedimentos e
suspeição do juiz, porque o juiz recebe aquela exceção, se defende e encaminha ao tribunal
para que este decida a respeito de seu impedimento e suspeição (art. 146). Outro exemplo de
simplificação são os prazos recursais, todos eles agora são de 15 dias uteis, salvo embargo de
declaração, cujo prazo é de 5 dias.

4 – Dar todo o rendimento possível a cada processo em si mesmo considerado. Ex.: coisa
julgada de questão prejudicial (art. 503, p. 1), antes, coisa julgada incidia só no dispositivo da
decisão, agora, com o novo CPC, a coisa julgada pode incidir sobre as questões prejudiciais
tratadas na fundamentação, respeitando sempre os requisitos do art. 503, p 1. Essa mudança
foi tão grande, que o novo código, a respeito desse artigo, aplicou uma exceção àquela teoria
do isolamento dos atos processuais, que cada ato será regido de acordo com o código vigente
na data, mas existe essa exceção,(art.1053) só vai ser aplicado para processos protocolados a
partir de 18/03/16 (vigência novo cpc), para os que já estavam em andamento, isso não se
aplica.

5 – Finalmente, sendo talvez este último objetivo parcialmente alcançado pela realização
daqueles mencionados antes, imprimir maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe,
assim, mais coesão. Ex.: a própria organização do código, que está organizado de forma mais
logica, mais sistemática, dividido em parte geral, parte especial, etc.

Normas fundamentais do processo civil

Art.1 – Constitucionalização (inclusão e releitura) do Processo Civil.

Todo processo civil, será relido, interpretado e aplicado à luz dos princípios e valores
constitucionais. O fenômeno da constitucionalização do direito se subdivide em 2:
constitucionalização e inclusão e constitucionalização e releitura, a diferença básica entre os
dois institutos é: inclusão significa que há institutos na nossa CF que não eram inseridos nas
condições pretéritas, por exemplo proteção à união estável, proteção ao consumidor,
proteção incisiva aos idosos, às crianças e aos adolescentes não existiam nas constituições
passadas. Foram incluídos institutos que antes não eram tratados.

Releitura – todos os institutos, todos os ramos do direito devem ser relidos à luz dos valores
constitucionais, ex. no processo civil: contraditório (arts. 9 e 10). Antes, o contraditório para
ser obedecido bastava o juiz dar ciência e reação à parte, ou seja, “olha parte, um ato aqui foi
praticado, se manifeste agora”, pronto. Agora, com o influxo do neoconstitucionalismo, com a
influencia da CF, o contraditório formal se transmudou no contraditório substancial, formado
não pelo binômio, mas sim pelo trinômio ciência, reação e poder de influenciar as decisões do
juiz, ou seja, não basta apenas o juiz abrir vista as partes para que elas se manifestem, o
contraditório substancial exige que o juiz se debruce sobre aquilo que a parte falou e ainda
exige que o juiz não prolate decisões de oficio, inclusive nas matérias de ordem pública, sem
antes ouvir as partes, portanto, falta de pressuposto processual, falta de condição da ação,
etc., o juiz irá suscitar, abrir vista as partes e depois decidir.

Art. 3 Inafastabilidade da Jurisdição e Estimulo à Resolução Consensual dos Conflitos –


Mediação e conciliação tem duas diferenças básicas: 1 a mediação é indicada para aqueles
conflitos em que já há uma relação jurídica previa entre as partes, ex. relação de família, já há
algum conflito entre as partes, e por isso o mediador não propõe soluções para o conflito, ele
apenas auxilia as partes para que elas mesmas cheguem a um consenso. Já a conciliação
ocorre quando não há relação jurídica previa entre as partes, ex. acidente de trânsito, uma
parte não conhece a outra, e nesse caso, o conciliador pode propor soluções para o conflito,
age mais incisivamente (art. 165, p. 1 e 2). O procedimento comum como um todo, foi
revolucionado. Antes, a parte propunha a demanda, o juiz recebia a demanda, e normalmente
citava o réu para contestar. Agora, o juiz cita o réu para comparecer a uma audiência de
conciliação e mediação (art. 334).

Art. 4 – Razoável duração do processo, primazia das decisões de mérito e efetividade.

Art. 5 e 6 – Boa fé objetiva processual e cooperação – A boa fé objetiva é o respeito ao padrão


leal de conduta esperado pelas partes, não se questiona o estado psicológico do agente,
analisa-se objetivamente a conduta e se ela se encontra num padrão objetivo leal de conduta
esperado das partes. A boa fé objetiva e a cooperação são deveres exigidos não só das partes,
mas também do juiz.

Arts. 9 e 10 – Contraditório comparticipativo e vedação às decisões por emboscada


(surpresas).

Lembrando que esse rol de princípios é exemplificativo, existem vários outros princípios que
não estão aqui arrolados, ex. segurança jurídica, instrumentalidade das formas, devido
processo legal, etc.

Questões:

. Para garantir os pressupostos mencionados em sua exposição de motivos, o CPC estabelece,


de forma exaustiva, as normas fundamentais do processo civil. – Errada. É de forma
exemplificativa.

. Apesar de o CPC garantir às partes a obtenção, em prazo razoável, da solução integral do


mérito, esse direito já existia no ordenamento jurídico brasileiro até mesmo antes da EC n
45/2004. – Art. 4 CPC e art. 5 inciso 78 da CF. Na constituição foi inserido em 2004, porém, a
duração razoável do processo já era exigida antes porque estava no Pacto de São Jose da Costa
Rica, que foi incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro em 1992 (art. 82), portanto, em
nosso ordenamento já existia previsão expressa, e antes de 92 a ideia de que duração razoável
do processo era uma clausula implícita ao devido processo legal.

. Em um tribunal, o relator de determinado recurso concedeu o prazo de cinco dias ao


recorrente para que fosse sanado o vicio e complementada a documentação exigida pela
legislação para interposição de recurso. Nessa situação, o magistrado tomou tal providência
com base no principio denominado.

a- Dialeticidade; b) fungibilidade; c) primazia do julgamento do mérito; d) dispositivo; e)


identidade física do juiz. – Letra C.

Qual é a ideia do principio da primazia de mérito? O novo cpc trouxe essa revolução de
jurisdição para juris satisfação, a função do juiz é sentenciar o mérito e depois de sentenciar o
mérito, entregar o bem da vida àquela parte que tem razão, por isso, ao longo de todo o
processo o juiz vai relativizando certos vícios formais, como se sabe, vigora a
instrumentalidade das formas, se um ato foi praticado de forma diversa mas atingiu a
finalidade, não tem problema. Antes, se no processo constasse vicio formal, o juiz
simplesmente rejeitava o recurso, agora não, deve intimar e conceder prazo de 5 dias (art.932,
p.u). Ex.: se o recorrente esquece de preparar o recurso (pagar parte das as custas, o porte de
remessa e retorno), o ministro e o desembargador devem intimar o recorrente para que
complemente as devidas custas em 5 dias (art. 1007 p. 2 e 4). Mas se o recorrente não pagou
nada das custas, paga-se em dobro o preparo, é uma forma de “punição” para o pagamento
zerado do preparo. Outro exemplo é o artigo 485, p. 7, o juiz se prolatar uma decisão sem o
exame do mérito, por qualquer coisa elencada no 485, se a parte prejudicada apelar, o juiz
pode se retratar no prazo de 5 dias, o juiz admite que errou ao extinguir o processo sem
resolução do mérito, retrata-se em 5 dias e continua de onde parou, para solucionar o mérito
no final. No antigo código eram raríssimas as hipóteses de retratação do juiz, no novo são
várias e a mais importante é a do 485, p 7. Outro exemplo: o juiz diante de uma petição inicial
equivocada, intima a parte autora para emendar a petição, corrigir o vício. E também o art.
317, o juiz deve, como norma geral, diante de qualquer vício, intimar as partes para sanar.

Ultima dica relacionada a primazia do mérito (pode muito cair na prova!): Supondo que A e B
estão litigando, B chega para o juiz e diz que há uma nulidade que o beneficia e pede a
extinção do processo sem a resolução do mérito, só que, ao mesmo tempo, o juiz analise a
demanda e percebe que B tem razão no mérito também. O juiz vai preferir extinguir o
processo sem resolução do mérito ou com resolução do mérito? Claro que é com resolução do
mérito, justamente pelo principio da primazia. Segundo o art. 282, p. 2 e o 488 do novo cpc,
diz que o juiz diante de uma nulidade se verificar que a parte tem razão no mérito, prolata a
decisão no mérito, flexibilizando a nulidade ocorrida, porque para a parte, é melhor ter a
solução do mérito, pois esta faz coisa julgada material e a outra parte não poderá repropor
aquela demanda.

Cooperação –

Art. 6 todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva – No antigo código não existia isso expressamente.
Lembrar do mnemônico PESCA, são quatro deveres decorrentes da cooperação direcionados
ao juiz: P – prevenção; ES – esclarecimento; C – consulta; A – adequação.

Prevenção – o juiz se constatar um vicio na petição inicial, como dever de cooperação, ele deve
intimar a parte para sanar o vicio formal. Mesma coisa o art. 317, existe uma relação entre o
principio da cooperação e o da primazia do mérito.

Esclarecimento – 489, p.1 constam os itens que a decisão do magistrado deve obedecer, sob
pena de nulidade. O juiz deve esclarecer de modo muito fundamentado, rente a realidade
fática, as suas decisões, não podem ser decisões genéricas. Em sentido inverso, o juiz pode
intimar as partes para que esclareçam melhor as suas alegações, e mais, a decisão do
magistrado pode ser até de modo compartilhado, a decisão de saneamento ocorre lá na frente
do processo, depois da inicial, da audiência de conciliação, contestação, replica, etc. ai o juiz
olha para o processo e fixa os pontos controvertidos e sobre eles recairá a produção
probatória. Antes, o juiz fazia isso sozinho, era o chamado despacho saneador, tinha natureza
jurídica de decisão. No novo cpc, o juiz pode chamar as partes para que todos juntos saneiem
o processo (357 p. 3).

Dever de consulta do magistrado –


Art. 9 não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

P.U – O disposto do caput não se aplica:

I – À tutela provisória de urgência;

II – Às hipóteses de tutela da evidencia previstas no art. 311, incisos II e III;

III – à decisão prevista no art. 701 (ação monitória).

O parágrafo único não é taxativo, e sim exemplificativo. Outro exemplo é a ação possessória, o
juiz pode reintegrar a posse liminarmente. Também embargo de terceiros. E improcedência
liminar do pedido, o juiz olha e identifica que o pedido do autor está precedente obrigatório,
como sumula vinculante, IRDR, recurso repetitivo do STJ, etc.

Art. 10 – O juiz antes de qualquer decisão, deve consultar as partes.

Dever de adequação do magistrado – o juiz tem o poder, e também o dever de adequar o


procedimento às peculiaridades da causa, se a parte autora é hipossuficiente e do outro lado a
parte é um banco, o banco pode fornecer os extratos bancários, então o juiz inverte o ônus da
prova, já que a parte autora não vai conseguir todos os extratos. A inversão do ônus da prova
nunca pode ser feita em sentença pois senão pega a parte de surpresa, deve-se inverter e pelo
menos dar a oportunidade de o banco inverter aquilo. STJ já decidiu que inversão do ônus da
prova é regra de instrução e não de julgamento. Outro exemplo usando o caso do banco:
vamos supor que tenha 20 pessoas no polo ativo, já que o banco vai ter que contestar a
petição inicial de 20 pessoas, o juiz dilata o prazo processual da contestação, ou seja, o juiz
pode dar invés de 15 dias uteis, 60 dias (art. 139, VI). Os poderes de adequação do juiz se
limitam a basicamente isso aqui.

Aplicação da lei processual:

Vacatio legis de 1 ano.

Predomínio da teoria do isolamento dos atos processuais – art. 14 – a norma processual não
retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Exceções: coisa julgada das questões prejudiciais só se aplicam para novos processos (art.
1053), porque como a coisa julgada de questão prejudicial é uma novidade e tanto, só vai se
aplicar para processos protocolados a partir de 18/03/16.

Segunda exceção: os processos pendentes (não sentenciados) do rito sumário e especial


revogados continuam tramitando normalmente. Os próximos do rito sumário vão para
juizados especiais. O novo CPC extinguiu o procedimento sumário, atualmente existem os
procedimentos comum, especial (ação possessória, monitória, etc.) e sumaríssimo dos juizados
especiais. Antes existia procedimento comum que se dividia entre ordinário e sumário. Apesar
do procedimento sumário não existir mais, os processos que nele tramitavam, continuarão
sendo regidos pelas regras passadas, portanto, terão atos praticados na vigência do novo
código, mas respeitando o cpc passado.

Terceira exceção: as disposições de direito probatório do novo cpc, somente se aplicam às


provas requeridas ou determinadas de oficio a partir da data de início de sua vigência
(18/03/16). A ideia é: as provas que as partes requereram sob a vigência do antigo cpc, ou que
o juiz determinou a produção sob a vigência do cpc passado, mesmo que elas sejam
produzidas sob a vigência do novo cpc, se aplicará o regramento antigo.

Sobre intervenção de terceiros, há duas novidades: amicus curi e desconsideração da


personalidade jurídica. E a lei dos juizados especiais diz que não é permitido nenhuma
intervenção de terceiro (art. 10 lei 9099). O novo cpc revogou parcialmente essa proibição,
toda intervenção de terceiro (chamamento ao processo, denunciação da lide, assistência e
amicus curi) serão proibidos no juizado especial, salvo desconsideração da personalidade
jurídica. (art. 1062).

JURISDIÇÃO

Princípios da jurisdição:

Didier (territorialidade, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural)

Daniel Assumpção (investidura, territorialidade, indelegabilidade, inevitabilidade,


inafastabilidade, juiz natural, promotor natural) e, como características, salienta o caráter
substitutivo; a lide, inercia e a definitividade.

Principio da territorialidade: existe um artigo importante na lei de ação civil publica (art. 16).
Na lei de ação civil pública, o governo ao longo do tempo foi percebendo que estava perdendo
várias ações civis públicas, e um juiz podia resolver milhares de conflitos que são prejudiciais à
fazenda, que tem que arcar com o pagamento, indenização, etc. A ideia do governo foi limitar
o potencial lesivo dessas ações públicas, então trouxe o artigo 16 que diz: a sentença civil fará
coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o
pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. A
ideia é: eu sou juiz federal da subseção de Toledo, interior do paraná, essa subseção abrange
18 municípios, se eu prolatar uma sentença numa acp, ficará limitado só nesses 18 municípios ,
porém, o stj veio dizendo que o legislador se equivocou nisso, porque uma coisa é
competência, outra coisa é decidir quais são os efeitos da coisa julgada, ex.: você se divorcia e
o divorcio é valido apenas em determinados municípios, fora dali você não é divorciado, o que
é um absurdo. Por isso que o stj em um julgado diz que: a eficácia das decisões proferidas em
ações civis publicas coletivas não deve ficar limitada ao território da competência do órgão
jurisdicional que prolatou a decisão.

Equidade: o art. 140 do novo cpc, permite ao juiz decidir pela justiça no caso concreto, mas o
código exige que a aplicação da equidade seja prevista expressamente em lei, ou seja, o juiz só
pode aplicar a justiça no caso concreto, relativizando alguns limites legais, se a lei permitir.
Exemplos de aplicação da equidade: juizados especiais, art. 25 da lei 9099; jurisdição
voluntária, art. 723 do ncpc, art. 180 do CTN, CLT também aceita aplicação da equidade,
código de defesa do consumidor, e no código civil, como exemplo responsabilidade civil do
incapaz (art. 928), art. 416 que trata da clausula penal, se a clausula for excessiva o juiz pode
reduzir equitativamente o valor daquela clausula penal por achar injusto no caso concreto.
FORMAS ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO

Autotutela – em regra é crime, art. 345 do código penal, mas, excepcionalmente é permitida
em nosso ordenamento, ex.: se um sujeito invadir sua casa você tem o poder do desforço
possessório (repeli-lo imediatamente, inclusive utilizando-se da força física).

Autocomposição – formas de autocomposição relevantes no ncpc:

Transação – 844 CC, duas partes abrem mão de uma parcela do que querem para entrar em
um acordo.

Submissão – o autor se submete ao réu quando ele renuncia ao direito sob o qual se funda
ação. Ao renunciar, o juiz homologa uma sentença de mérito e acaba o processo. O réu se
submete ao autor quando reconhece a procedência do pedido, paga o que deve a acabou.

Mediação e conciliação (mais importante p. prova) – se dá mediante a existência de um


terceiro, mediador ou conciliador que vai auxiliar na resolução do conflito. (Mediação – casos
em que já há uma relação jurídica previa / conciliação – não há).

a) Arts. 165 a 175 – tratam da mediação e conciliação;


b) Estruturação do procedimento a fim de tentar a autocomposição antes do
oferecimento da defesa pelo réu (arts. 334 e 695, cpc)
c) Permite homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza (arts. 515,
III, e 725, VIII)
d) Permite que, no acordo judicial, seja incluída matéria estranha ao objeto do processo
(art. 515, p. 2), bem como pode aumentar o número de partes.
e) Permite negócios jurídicos processuais (art. 190)
f) Lei n 13.140/15 que disciplina exaustivamente a mediação
g) Os entes da administração (U, DF, E, M) podem criar câmaras administrativas de
solução consensual (art. 174 cpc)
h) Art. 3, cpc, norma geral que estimula a autocomposição.

Art. 334 – o juiz deve designar audiência com antecedência mínima de 30 dias, sendo que o
réu deve ser citado com no mínimo 20 dias de antecedência, se o réu não quiser entrar em
acordo na audiência, ele deve peticionar com 10 dias de antecedência dizendo que não quer
participar da audiência de conciliação.

A audiência não será realizada se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse


na composição consensual; e quando não se admitir autocomposição. Se uma parte quiser, a
audiência ocorre. Se houver litisconsórcio (varias pessoas em ambos os polos), se uma quiser,
a audiência vai ocorrer. Quando não se admitir autocomposição: ex. não pode haver
autocomposição em direito indisponível, como ação de alimentos... o menor não pode abrir
mão desse direito, mas pode haver essa audiência para pactuar o quanto será pago, de
quantos em quantos dias, etc. Outro exemplo é a ação de improbidade administrativa, que
também não se admitia autocomposição, mas com o “pacote anticrime” passou a se admitir
um acordo de não persecução.
Ainda sobre o artigo 334, cai bastante o parágrafo 8: quando a parte não comparecer ela
pratica ato atentatório à dignidade da justiça com multa de até 2% do valor da causa. Não há
revelia. Revelia é mera ausência de contestação, e a contestação ocorre após essa audiência.

A parte pode constituir representante para comparecer na audiência em seu lugar. E devem
estar acompanhadas por seus advogados ou defensores.

Intervalo mínimo de 20 minutos entre o início de uma audiência e o inicio da seguinte.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS E CONDIÇÕES DA AÇÃO

Pressupostos de existência:

Subjetivos – Juiz: revestido de jurisdição / Parte: capacidade de ser parte

Objetivos – Existência de demanda

Ou seja, o que precisa para existência de um processo é juiz, parte e demanda. A parte precisa
ter capacidade de ser parte, ou seja, ser pessoa de direito.

Agora, para esse processo ser válido, é preciso “adjetivar” esses substantivos.

Pressupostos de validade:

Subjetivos – Juiz: competência e imparcialidade / Parte: capacidade para ir a juízo e


postulatória

Objetivos – Intrínsecos: respeito ao formalismo processual / Negativos: inexistência - o


processo não pode ter: Perempção, litispendência, coisa julgada, convenção arbitragem.
Extrínsecos: Positivo/condições da ação: interesse de agir (?)*. O juiz primeiro analisa os
pressupostos processuais e depois as condições da ação e aí sim vai para o mérito. Se não
existir pressupostos, já extingue de pronto. Se não existir condições, já extingue de pronto.

Ou seja, o juiz precisa ser competente e imparcial, a parte precisa ter capacidade de ir à juízo
autonomamente (sem precisar de representação ou assistência) e capacidade postulatória.

A demanda deve respeitar a regularidade formal, por exemplo, a petição inicial deve estar
apta, respeitando todos os requisitos do 319. A citação deve ser válida, sem haver equívocos,
como deixar de citar alguém, etc.

*As condições da ação (legitimidade ad causam, interesse de agir, possibilidade jurídica do


pedido) ainda existem no nosso ordenamento? Possibilidade jurídica do pedido não existe
mais, quanto as outras duas, a doutrina majoritária entende que sim, bem como o STJ. Elas
constam no art. 17 do ncpc e no art. 485, IV.

Possibilidade jurídica do pedido era condição da ação, agora é matéria de mérito. Se uma parte
autora pede, por exemplo, pede uma cobrança de uma divida de jogo, é impossível. O estado
do RJ pede para se separar do Brasil, é um pedido impossível, pois a própria CF diz que a RFB é
composta pela União indissolúvel dos estados e municípios. Esses pedidos são julgados no
mérito para que se faça coisa julgada material e não haja mais discussão.

A legitimidade ad causam é um espelhamento entre o direito material e o direito processual,


ou seja, na relação processual as partes são as mesmas do direito material? São os credores e
são os devedores? Se forem as mesmas elas são legitimas, se não forem, são ilegítimas. Essa
regra vale para a legitimidade ordinária. O novo cpc no art. 18 consagra a chamada
legitimidade extraordinária, que é a possibilidade de uma parte, em nome próprio, defender
interesse alheio, o MP por exemplo, em nome próprio, atua defendendo direito de outrem,
como uma criança ou adolescente, coletividade, defendendo interesse alheio. Isso pode desde
que autorizado pelo ordenamento jurídico, então, não autorizado por lei segundo o cpc antigo,
mas pelo ordenamento jurídico, então isso engloba vários outros tipos de norma, inclusive
negócio jurídico processual segundo parcela doutrinária pode criar essa legitimidade
extraordinária, logo, é possível litigar no juizado especial segundo Fred dias júnior e estipular
legitimidade extraordinária, ou seja, constituir alguém para defender em nome próprio o
interesse alheio (a doutrina anda discutindo exatamente isso).

O interesse de agir é desdobrado em: necessidade, utilidade e adequação. Ou seja, a parte


precisa ir a juízo pois não conseguiu solucionar extrajudicialmente, administrativamente, como
por exemplo, a parte não conseguiu o benefício no INSS, então é necessário recorrer ao
judiciário. O provimento final é útil? Se a parte vem pedir 1 centavo no judiciário, isso não é
útil, o juiz pode extinguir sem resolução do mérito. Adequação: esse instrumento processual
que você está usando é adequado ao que você quer? Se você impetrar mandado de segurança
e quiser produzir provas testemunhais em sede de mandado de segurança, por exemplo, não
pode, pois, mandado de segurança exige prova pré-constituída, então extingue-se sem
resolução do mérito por falta de interesse de agir.

COMPETÊNCIA

O art. 51 do CPC diz que se eu for demandar à união, eu tenho 4 possibilidades: foro do meu
domicilio, foro do local ou ato que originou a demanda, foro do local da coisa ou o Distrito
Federal.

Se a União for a autora, a demanda deve ser proposta no foro de domicilio do réu.

O novo código criou isso para os Estados e DF, no art. 52: “é competente o foro de domicilio do
réu para as causas em que seja autor a união, estados ou distrito federal.” Se eu que moro no
estado do paraná, quiser ajuizar uma demanda contra o estado do rio de janeiro, eu posso
propor a demanda no meu domicilio e o rj terá que se deslocar até o meu domicilio para se
defender. (Esse artigo está sendo bastante questionado, é objeto de críticas) (????)

Art. 53, I – guardião do filho incapaz; ultimo domicilio do casal; domicilio do réu. Demandas
envolvendo relações de família (união estável, divorcio, etc.), no cpc passado, a mulher tinha
privilégio, o foro era no domicilio da mulher, no novo cpc, o foro de domicilio da mulher não
será o competente, há outros critérios, e o primeiro é: quem ficou com o incapaz?. Se não
houver incapaz (filho) o foro será no ultimo domicilio do casal, porém se nenhum dos dois
estiver morando neste ultimo domicilio, o foro será no domicilio do réu.

Obs.: alteração legislativa em 2019: se houver vítima de violência doméstica familiar, será
competente o foro de domicilio da vítima.

Ainda sobre competência, existem mais 3 artigos SUPER importantes para a prova:

Art. 55, p. 3° - conexão por prejudicialidade.


A modificação de competência só ocorre por competência relativa (que são aquelas definidas
pelo critério do território e valor da causa - TV)

Competência absoluta (matéria, pessoa e função - MPF), o juiz pode reconhecer de oficio e em
qualquer grau de jurisdição. (1:28)

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