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Transmídia, propagabilidade, engajamento.

Reflexões sobre visibilidade e legitimação


do jornalismo em ambiências digitais

Transmedia, spreadability, engagement. Reflections on the visibility


and legitimacy of journalism in digital environments

Resumo
Carolina Teixeira Weber Dall’Agnese Este artigo, de caráter teórico-exploratório, tem como objetivo discutir a visi-
caroltweber@gmail.com bilidade e a legitimação do jornalismo em ambiências digitais no âmbito da
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comu- produção jornalística transmídia, a partir da reflexão acerca da propagabili-
nicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). dade e do engajamento (Ford, Green e Jenkins, 2014) enquanto caracterís-
Mestre em Jornalismo (UFSC). Jornalista no Instituto Fe- ticas potencializadoras desses processos. Tem-se o processo de midiatização
deral Farroupilha (IFFar). Membro do GP Comunicação como base conceitual, relacionado com a perspectiva teórica dos meios como
Institucional e Organizacional (CNPq). ambiências, envoltórios culturais. Entendem-se as modificações nos proces-
sos produtivos jornalísticos como decorrentes da midiatização.
Eugenia Maria Mariano da Rocha Barichello Palavras-chave: visibilidade, legitimação, jornalismo transmídia.
eugeniabarichello@gmail.com
Professora do Programa de Pós-Graduação em Comuni-
cação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Realizou Estágio Pós-Doutoral Sênior na University Colle- Abstract
ge of London. Líder do GP Comunicação Institucional e This article, which has a theoretical-exploratory character, aims to approach
Organizacional (CNPq).
the processes of visibility and legitimacy of journalism in digital environments
within the scope of transmedia journalistic production, based on the
Vivian de Carvalho Belochio reflection on spreadability and engagement (Ford, Green and Jenkins, 2014)
vicabel@terra.com.br
as characteristics that potentiate these processes. The mediatization of
Pós-Doutora em Comunicação (UFSM). Professora do society is the conceptual basis, related to the theoretical perspective of
curso de Jornalismo da Unipampa. Doutora em Comuni- media as cultural environments. The changes in journalistic production
cação e Informação pela UFRGS. Membro do GP Comuni- processes are understood as arising from this context.
cação Organizacional e Institucional (UFSM).
Keywords: visibility, legitimacy, transmedia journalism.

Introdução entre outros, precisam garantir a visibilidade por meio


dos suportes midiáticos; também as próprias organiza-
No cenário de midiatização da sociedade e das prá- ções e instituições midiáticas precisam estar visíveis,
ticas sociais, a visibilidade e a legitimação das organiza- sobretudo, a fim de obter ou reforçar sua legitimidade
ções e instituições ganham novos contornos. A relevân- enquanto mediadoras entre a sociedade e a informa-
cia e a complexidade desses processos são amplificadas ção de interesse público. Em especial, a instituição
com a introdução de mídias que expandem as possibili- jornalística, que vê seus fundamentos, saberes e práti-
dades de manifestação e de presença (Barichello, 2008; cas serem apropriados por outros atores e instituições
2014; Hjarvard, 2014; Sodré, 2013). Em um contexto sociais e, ao mesmo tempo que oferece elementos para
de transformações sociotécnicas e novas formas de uma nova organização da cultura e da sociedade, perde
interação com os públicos, não só as organizações e as o status de lugar exclusivo para a representação do real
instituições dos campos político, religioso, econômico, (Fausto Neto, 2008).

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Tal situação demanda de organizações e de jornalis- analisadas as práticas organizacionais e institucionais em


tas estratégias para garantirem seu papel e identidade no termos de visibilidade e legitimação do jornalismo se con-
ecossistema atual, as quais chamem a atenção para seus centra em seis autores (Couldry, 2014; Couldry e Hepp,
discursos, seus modos de fazer, suas práticas institucio- 2013; Barichello, 2014; Fausto Neto, 2008; 2010; 2011;
nalizadas. Desafiadas por dispositivos sociotécnicos que Hjarvard, 2014; Sodré, 2013).
impactam nas linguagens e nos formatos noticiosos, roti- Para Couldry (2014), a midiatização é uma abordagem
nas e perfis profissionais e, em última instância, na pró- distinta para compreender o mundo atual e representou
pria noção do que é jornalismo, empresas de mídia veem a uma reorientação das pesquisas em mídia e comunica-
circulação em ambiências digitais tornar-se figura central ção, ao afastar-se dos modelos teóricos que analisavam
para sua manutenção no ecossistema. Em tais espaços, a influência da mídia a partir dos efeitos de seus textos e
a visibilidade e a legitimação dependem não só da inte- discursos. Pelo contrário, os estudos da midiatização sur-
ração em plataformas “tradicionais”, como o webjornal, gem da crescente institucionalização da pesquisa sobre as
mas também de ambiências mais abertas e participativas, mais amplas consequências da comunicação midiática na
como as mídias sociais digitais. Nesse sentido, aponta-se vida cotidiana e têm origem em duas tradições investigati-
a narrativa transmidiática no jornalismo, caracterizada vas principais: uma institucionalista e outra socioconstru-
por contar histórias em múltiplos meios e plataformas, tivista (Couldry e Hepp, 2013). A primeira, predominante
objeto propício para pensar esses processos no contexto no campo dos estudos do jornalismo e da comunicação
da midiatização. política, entende a mídia como uma instituição mais ou
Contar histórias por meio de várias mídias não é novi- menos independente, com suas próprias regras e lógicas,
dade para o jornalismo; contudo, entende-se que essa prá- que faz com que os demais campos e sistemas sociais
tica assume nova configuração na sociedade midiatizada (política, religião, educação) se adaptem às suas regras
ao acrescentar estratégias de engajamento ligadas direta- institucionalizadas (Hjarvard, 2014). Já a segunda, tendo
mente à complexificação das narrativas, em ambientes de como principal referência Berger e Luckmann (2014),
mídia propagável (Ford, Green e Jenkins, 2014; Jenkins, destaca o papel da mídia, enquanto instituição e tecno-
2009). Assim como transmídia, os conceitos de propaga- logia, como parte do processo da construção da realidade
bilidade e engajamento (aqui, pensados enquanto carac- social e cultural.
terísticas que perpassam o universo das narrativas trans- Apesar de haver nuances entre os pesquisadores, na
midiáticas) foram aplicados, inicialmente, à indústria de medida em que são influenciados por uma tradição ou
entretenimento. Contudo, é possível e pertinente fazer outra, Couldry e Hepp (2013) destacam que um entendi-
conexões com a produção jornalística, uma vez que esses mento básico do termo pode ser delineado. O que parece
fatores podem impulsionar o desenvolvimento da notícia e ser consenso é que o conceito de midiatização, fundamen-
potencializar os processos de visibilidade e de legitimação talmente, não se refere a uma única teoria ou a um único
das organizações de mídia. processo, mas a uma abordagem geral para analisar critica-
Com esse contexto, apresenta-se uma reflexão sobre a mente as múltiplas transformações na natureza da ordem
visibilidade e a legitimação na sociedade midiatizada a par- social contemporânea, ligadas às affordances1 e aos usos
tir das estratégias das organizações jornalísticas de busca da mídia. Nessa perspectiva, importa que tipo de meio
pelo engajamento do público em ambientes de mídia é usado para cada tipo de comunicação (Couldry, 2014;
propagável, notadamente as mídias sociais digitais, em Couldry e Hepp, 2013). A influência e as consequências
narrativa de configuração transmidiática. Reflete-se sobre da midiatização nos diferentes campos e domínios são tão
como as características dessas narrativas contribuem para diversas que só podem ser aferidas por meio da análise de
tornar visíveis os conceitos, pensamento e modos de fazer contextos. Por essa razão, Hjarvard (2014) a define como
das organizações, por meio dos fluxos e interações com teoria de meio-termo, que rejeita generalizações que não
os públicos, ao mesmo tempo que explicam e justificam levem em conta as diferenças sociais e culturais. Assim,
a existência da instituição ou da organização, a fim de o percurso investigativo, sob essa abordagem, tem como
legitimá-la ou de reforçar sua legitimidade. objetivo “[...] distinguir padrões sistemáticos de mudança
através do tempo e do espaço em uma dada estrutura ins-
titucional” (Hjarvard, 2014, p. 243).
1 Midiatização como contexto das práticas orga-
nizacionais e institucionais
1 De forma geral, as affordances são definidas como os usos poten-
O processo de midiatização tem merecido atenção de ciais de um objeto que possibilitam certas ações, excluem outras
diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros há pelo e estruturam interações entre ator e objeto. Hjarvard entende os
meios de comunicação como tecnologias dotadas de um conjunto de
menos duas décadas. A fim de delimitar o quadro teó- affordances que facilitam, limitam e estruturam a comunicação e a
rico, esta breve revisão do contexto a partir do qual são ação. Ver mais em Hjarvard, 2014.

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Conforme Fausto Neto (2008), um dos aspectos fun- Hjarvard (2014) observa que as semelhanças entre as
damentais para se compreender a “sociedade em midiati- abordagens residem no fato de as duas contemplarem o
zação” está na noção do protagonismo das mídias, enten- impacto da mídia de forma global e privilegiarem a aná-
didas não mais como aparatos tecnológicos, mas como lise da reestruturação dos espaços de interação social pela
meios, operando conforme dinâmicas de operações de mídia, levando em conta aspectos particulares de cada
sentido no âmbito das práticas sociais. Em outras palavras, meio. Por outro lado, também sublinha que a diferença
Sodré (2013) argumenta que as mídias não são meros dis- entre elas está na perspectiva institucional da midiatiza-
positivos técnicos, nem “canais” ou “veículos”, mas cana- ção e na aplicação desta a uma situação histórica deter-
lizações, fluxos comunicacionais cuja lógica de funciona- minada (Hjarvard, 2014), enquanto a ecologia da mídia
mento pode tornar-se uma ambiência. perpassa todos os períodos históricos, desde a aparição da
Tais são os impactos da midiatização na cultura e na linguagem humana (Scolari, 2015).
sociedade que, para Sodré (2013), esse processo implica Nesse sentido, entende-se a midiatização como abor-
uma qualificação particular da vida, um quarto bios ou dagem para compreender o crescimento da importância
âmbito onde se desenrola a existência humana, carac- da mídia na sociedade e na cultura, desde a emergência
terizado pela tecnocultura, cultura da simulação ou do dos meios de comunicação de massa, que, apesar de não
fluxo. No contexto da tecnocultura, a própria natureza do referir-se a um período histórico específico, é localizada
espaço público é modificada ao ver-se tomada por formas a partir da alta modernidade, quando os meios de comu-
de representação do real que interagem e expandem a nicação se distinguem de outras instituições ao mesmo
dimensão na qual se movimentam os sujeitos sociais. Ao tempo que se integram à cultura e à sociedade (Coul-
provocar novas formas de perceber e pensar a realidade, dry, 2014; Hjarvard, 2014; Hepp e Couldry, 2013). Da
impulsionadas pelo acesso simultâneo e global à informa- mesma forma, assim como Sodré (2013, p. 22), adota-se
ção e a ambientes artificiais e interativos, a midiatização a posição de que a midiatização não se refere a todos os
torna “compossíveis” outros mundos, outros regimes de campos sociais, em sua totalidade, mas ocorre na “articu-
visibilidade pública (Sodré, 2013). lação hibridizante” das instituições com as organizações
Para Fausto Neto (2011), a atividade jornalística é a de mídia.
mais afetada pelo novo bios midiático. No deslocamento Por fim, Barichello (2014) argumenta que os usos
da “sociedade dos meios” para a “sociedade midiatizada”, sociotécnicos de dispositivos para ver e ser visto, intera-
observam-se mutações especialmente nos formatos pro- gir a distância, representar e identificar o real, alteram a
dutivos, nas narratividades, nas interações com os gru- cultura e os processos de institucionalização e legitimação
pos sociais e na própria natureza identitária do jornalista das organizações, inclusive as do campo midiático.
(Fausto Neto, 2008; 2010; 2011). As práticas jornalísticas
são desafiadas por novos dispositivos sociotécnicos de pro-
dução e circulação. Nesse contexto, o pesquisador subli- 2 Visibilidade e legitimação do jornalismo na
nha a importância dessa última – a circulação – enquanto sociedade midiatizada
dispositivo, zona de interpenetração, espaço gerador de
potencialidades, ponto de articulação entre produtores e Para a discussão proposta, faz-se importante esclarecer
receptores..., pois é a partir daí que pode ser entendida a distinção entre os conceitos de “instituição” e “organiza-
a complexificação do discurso jornalístico, à medida que ção” jornalística. Compreende-se o jornalismo como uma
é posto em prática um novo protocolo interacional entre instituição social que conquistou credibilidade e teve as
instituições produtoras e sujeitos-receptores. suas práticas, produtos, dinâmicas e funções aceitas como
O entendimento dos meios enquanto ambiências legítimas pela sociedade, a partir do século XIX (Alsina,
(Sodré, 2013) e da midiatização enquanto ambiente no 2009). Nesse sentido, conforme Guerra (2005), entende-se
qual produtores e consumidores fazem parte de uma por instituição jornalística o conceito, os princípios e a fun-
mesma realidade de fluxos formada por estratégias e ção da atividade que, a partir da definição de característi-
modos de interação proporcionados pelas tecnologias cas universalizáveis, delimita o que pode ser entendido e/
(Fausto Neto, 2008; 2010; 2011) dialoga com as pesquisas ou identificado como jornalismo. Por outro lado, as orga-
da vertente da Ecologia da Mídia. Couldry e Hepp (2013) nizações jornalísticas são as responsáveis por materializar
apontam que essa última, ao deslocar a atenção do conte- esse conceito, princípios e função, assumindo particula-
údo para o meio, é uma das principais referências para a ridades que não são universalizáveis, por estarem ligadas
construção da perspectiva da midiatização. Para Barichello a um modo próprio de produção. Portanto, a instituição
(2014), o paradigma ecológico pode ser um vetor de aná- está acima da organização, sendo essa última manifestação
lise para os processos investigativos à luz da midiatização, empírica da primeira. Não só o jornalismo, como também
considerando o digital enquanto cultura que caracteriza o o papel do jornalista é institucionalizado; assim, tem-se
ecossistema midiático contemporâneo. por princípio que a comunicação é atividade socialmente

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legitimada para fornecer construções da realidade rele- 3 Produção transmídia no contexto do jornalismo
vantes e aceitáveis pelo público, e os jornalistas são aque-
les que possuem um papel socialmente legitimado para Um dos reflexos da midiatização, em que o desafio
fazê-lo (Alsina, 2009; Berger e Luckmann, 2014). posto por novos dispositivos midiáticos produz muta-
No âmbito do estudo das organizações, os conceitos ções nos formatos e narratividades e coloca a circulação
de legitimação e de visibilidade possuem uma relação como espaço de articulação entre organizações e público
intrínseca. A busca pela legitimidade, ligada ao processo (Fausto Neto, 2008; 2010; 2011), pode ser verificado nas
de institucionalização, é o processo de explicação e justi- iniciativas das organizações jornalísticas de construir nar-
ficação e implica o (re)conhecimento do que é estabele- rativas de configuração transmidiática, com destaque para
cido como real pela sociedade. Tal reconhecimento resulta aquelas que incluem as mídias sociais.
das práticas discursivas das organizações jornalísticas e da Definição básica de narrativa transmídia é dada por
interação destas com os públicos (Barichello, 2004; 2008; Jenkins (2009), no clássico Cultura da Convergência.
Berger e Luckmann, 2014). Deste modo, consideram-se Trata-se de uma história que se desenrola por meio de
estratégias de legitimação as práticas comunicacionais várias plataformas de mídia, cada uma contribuindo de
que buscam explicar e justificar a existência da institui- maneira distinta para a compreensão de um todo, que é
ção ou da organização, a fim de legitimá-la ou reforçar sua melhor que a soma de todas as partes. Cada pedaço da
legitimidade. narrativa transmídia deve ser planejado para que funcione
A busca pela legitimação se dá por meio das práticas como ponto de acesso à narrativa central e deve ofertar
e interações realizadas em suportes midiáticos de visibi- novas informações, sem repetições ou redundâncias. Além
lidade, que articulam modos de ver e oferecem senhas disso, ao mesmo tempo que as partes são complementa-
de acesso (Barichello, 2004; 2008). A partir de Foucault res, deve ser possível acessá-las de forma independente.
(1986), entende-se que cada período histórico tem seus Para Ford, Green e Jenkins (2014), a produção
próprios dispositivos de visibilidade, de acordo com as tec- transmídia se relaciona com a serialização (a exem-
nologias da época. No campo do jornalismo, estratégias plo das novelas, folhetins, histórias em quadrinhos) e
de visibilidade incluem as práticas comunicacionais que inclui estratégias para manter leitores comprometidos
objetivam informar e comunicar os atos da organização, em acompanhar atualizações e conectar os segmentos
enquanto representante de uma instituição, tornando- que compõem a narrativa. Portanto, não é algo novo,
-a visível. Ao mesmo tempo, tornam visível determinado mas que assume nova configuração no contexto atual,
pensamento, conceito, modo de fazer da instituição. São da sociedade midiatizada: “[...] a transmídia representa
postas em prática não apenas nos espaços institucionali- uma configuração de lógicas mais antigas da indústria
zados do jornalismo (jornal, revista, programa de rádio, (como licenças e franquias), adotando frequentemente
webjornal), como também em espaços externos, como as novas plataformas e novas ideias sobre engajamento do
mídias sociais digitais, incorporando práticas e linguagens público em direção a objetivos familiares” (Ford, Green
típicas dessas ambiências – seja pelas formas de se expres-
e Jenkins, 2014, p. 172).
sar ou de utilizar as ferramentas de compartilhamento de
No âmbito jornalístico, para Scolari et al. (2014), a
conteúdo.
transmídia poderia ser identificada desde a invenção da
À medida que as mídias sociais passam a figurar como
imprensa. Para os pesquisadores, o jornalismo sempre foi
ambiências de visibilidade, naturalizadas das organizações
dotado de um caráter transmídia, na medida em que notí-
noticiosas, processos de legitimação passam a ser busca-
cias se expandem do rádio para a televisão, desses para o
dos de forma mais intensa nessas plataformas. Assim, par-
jornalismo impresso e para as revistas semanais. Muito
timos do pressuposto de que as estratégias de busca por
antes das mídias sociais digitais2, o público já comparti-
visibilidade em ambiências digitais acabam por potencia-
lhava seus relatos por telefone ou cartas. A diferença é
lizar a legitimação, primeiro, da organização e, em última
que hoje essa característica é potencializada por tecno-
instância, da instituição jornalística.
logias digitais que facilitam a produção, a distribuição e
Uma vez que a legitimação tem como principal instru-
o acesso multiplataforma. Contudo, é preciso sublinhar
mento a linguagem e a visibilidade resulta da combinação
que, apesar de o caráter multiplataforma ser um dos pila-
de estratégias organizacionais e do público, compreende-
res do jornalismo digital, essa característica não é o bas-
-se que a investigação das novas formas de contar histórias
típicas da ambiência midiatizada se faz necessária – e, por 2 Barichello e Carvalho (2013) propõem a denominação mídia social
isso, a escolha da narrativa de configuração transmidiá- digital para caracterizar uma nova ambiência de fluxos comunica-
tica como ângulo para pensar esses processos. Igualmente cionais, a partir de ferramentas disponíveis em redes digitais, con-
siderando-as como um meio com estrutura e códigos próprios. Tais
relevante é a verificação das complexas relações entre mídias se diferenciam dos meios de comunicação de massa espe-
produtores, público, novas e velhas mídias que colocam cialmente por suas possibilidades de usos e apropriações por parte
em foco a circulação. dos usuários.

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tante para que uma narrativa jornalística seja considerada esse aspecto como definidor de uma narrativa transmídia,
transmídia. uma vez que nem todo tipo de temática e arranjo serve à
Mais que o número de meios ou plataformas, o impor- criação coletiva. Isso fica claro nas narrativas jornalísticas
tante é que cada espaço acionado para compor uma his- em ambiências digitais: por mais que estejam abertas a
tória represente uma contribuição única. Logo, a mera agregar colaborações dos usuários, utilizando-as para com-
duplicação de conteúdos – por exemplo, uma narrativa plementar ou ampliar seu mundo narrativo, uma narrativa
que é repetida na web, na TV, no rádio, sem adaptações jornalística transmídia nunca é tão aberta a ponto de per-
– não é transmídia. Nesse sentido, Canavilhas (2014) der seu caráter institucional ou sua autoria organizacional
propõe uma definição de narrativa transmídia aplicada ao – ou poderia correr o risco de perder sua caracterização
jornalismo como aquela que atende a mais três requisi- como jornalística.
tos: é hipermultimidiática, ofertando itinerários de leitura Por outro lado, a mesma autora reconhece a relevância
diferenciados; permite a participação; e adapta-se a dife- da participação tanto por estímulo (e controle) da organi-
rentes contextos de recepção. Para o pesquisador, a inte- zação midiática, por meio da disponibilização de formu-
ratividade é essencial nessa forma de contar histórias, e a lários, espaços para comentários e fóruns, possibilidade
possibilidade de desencadear um processo de participação de envio de informações em texto, fotos ou vídeo acerca
imediato, por meio de comentários e da distribuição dos de uma história, como por iniciativa dos leitores – são os
conteúdos nas mídias sociais, é o fator com mais potencia- casos das remixagens e hibridizações de conteúdo cria-
lidade de desenvolver a notícia transmídia. das e compartilhadas nas mídias sociais e fora delas (Ryan,
Além dele, diversos autores sublinham o papel do 2015). Esse último caso, de interatividade produtiva “de
público consumidor das narrativas transmídia – para a fic- baixo para cima”, é típica da fan fiction, porém práticas
ção, fãs; para o jornalismo, leitores. Para Scolari (2015), desse tipo também podem ser observadas a partir de nar-
a presença de usuários que colaboram para a expansão rativas jornalísticas em ambiências que possibilitam e esti-
do relato ou mesmo são responsáveis por gerá-lo é cru- mulam a propagabilidade e o engajamento.
cial para identificar uma narrativa como transmídia. Para
Jenkins (2009), ela só se efetiva quando os consumidores
assumem “o papel de caçadores e coletores, perseguindo 4 Propagabilidade e engajamento no contexto
pedaços da história pelos diferentes canais, comparando transmídia
suas observações com as de outros fãs, em grupos de dis-
cussão on-line” (p. 47). No contexto da ficção, o autor Para Renó (2014), mais que uma possibilidade, as
destaca o poder da participação e da criação coletiva de mídias sociais são essenciais para a circulação da narra-
significados para assegurar uma experiência de entreteni- tiva jornalística transmídia. A partir da utilização desses
mento plena – que será mais completa quanto mais tempo espaços pelo jornalismo digital, pode-se fazer relação com
e energia forem gastos. os processos de propagabilidade e engajamento, descritos
Por outro lado, Moloney (2015) sublinha que, por Ford, Green e Jenkins (2014). O primeiro é o poten-
enquanto os mundos ficcionais precisam ser expandidos cial técnico e cultural de compartilhamento de conteúdo
em detalhes para possibilitar a exploração pelos fãs, o jor- pelos públicos por interesses próprios, com ou sem per-
nalismo lida com o problema oposto. Ao tratar de assun- missão dos autores. Já o segundo está atrelado à disposi-
tos do “mundo real”, já rico em detalhes por natureza, ção dos leitores em buscar conteúdos nos vários segmen-
a narrativa jornalística tem como desafio delimitar o uni- tos da narrativa transmidiática, quando e onde quiserem.
verso narrativo de forma que resulte em um volume de Segundo os autores, o engajamento estimula a propagação
informações suficiente para ser apresentado em diversas dos textos midiáticos, pois “[...] audiências engajadas são
mídias, mas que não intimide a exploração. Nesse sentido, mais propensas a recomendar, discutir, pesquisar, repas-
o design da narrativa é crucial para cumprir o objetivo sar e até gerar material novo em resposta” (Ford, Green e
jornalístico de informar, colocando em evidência esforços Jenkins, 2014, p. 153). Logo, a propagação é potenciali-
de ofertar uma representação mais plural de uma temática zada quando públicos estão engajados e o engajamento é
em oposição a estratégias puramente comerciais que per- motivado pela propagação.
meiam as franquias transmídia de ficção (ainda que o fator As vantagens da propagabilidade, para o jornalismo,
econômico esteja presente no jornalismo, os critérios para estão na visibilidade obtida por meio das recomendações,
seleção das histórias não se resumem a ele). no compartilhamento dos conteúdos e links que servem
Além disso, Ryan (2015) é cautelosa quanto aos limi- como recomendações e/ou direcionam outros usuários
tes da expansão da narrativa pelo público, associando aos ambientes “oficiais” da organização, podendo ampliar
essa característica a uma “visão idealizada” da transmí- o tráfego nesses espaços. Já as vantagens do engajamento,
dia. Apesar de reconhecer o valor de possíveis adições ou além de propulsionar a propagabilidade, encontram-se, de
modificações para enriquecer um relato, não considera maneira mais imediata, nas contribuições para a expansão

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e atualização da narrativa, por meio de comentários ou e engajamento é o especial NSA Files, também do The
mesmo de materiais produzidos pelo público. Em uma Guardian, o qual contém links para compartilhamento em
perspectiva mais ampla, leitores engajados podem repre- mídias sociais em cada parágrafo, gráfico ou documento,
sentar reconhecimento da organização de mídia como tornando possível a propagação seja do material como
legítima para fornecer informação relevante de interesse um todo, seja de cada um de seus segmentos (Dowling e
público e, mais ainda, reforço da legitimidade do jorna- Vogan, 2017).
lismo enquanto instituição. A construção de universos narrativos capazes de pro-
A popularização de ambientes de mídia propagável, porcionar o engajamento do público pode ser obtida,
notadamente os sites e aplicativos de mídias sociais digitais ainda, a exemplo das novelas ou histórias em quadrinhos,
(Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp), demanda estra- por meio da oferta de narrativas transmídia seriadas cuja
tégias das organizações a fim de planejar como conteú- complexidade se dá pela duração e pelo constante acres-
dos particulares poderão circular e, consequentemente, cimento de informações. O engajamento é expresso pelo
potencializar sua visibilidade nesses espaços. Reflexo das
público por meio da interpretação das mensagens, da con-
práticas contemporâneas em tais ambiências de fluxos é
textualização, do lançamento de hipóteses, da investiga-
o investimento que empresas de mídia fazem em ferra-
ção de bastidores, etc. Como exemplo, pode-se mencionar
mentas de métricas online acerca do comportamento dos
o especial Presidential3, do Washington Post. Trata-se de
leitores em interação com os conteúdos publicados.
uma narrativa seriada acerca da história dos presidentes
O relatório Reuters Digital News Project de 2016 apon-
americanos cujos episódios foram liberados em intervalos
tou como tendência o investimento na análise de dados
de uma semana ao longo de 2016.
com propósitos editoriais (Cherubini e Nielsen, 2016).
Um dos exemplos de boas práticas apontado pelo estudo Além de conteúdos no portal da organização e em pla-
é do jornal britânico The Guardian, que em 2012 criou taformas de transmissão de áudio (o conteúdo central da
internamente um software próprio para obter informa- série é um podcast), Presidential conta com perfis pró-
ções sobre o acesso ao portal guardian.com e aos perfis da prios no Instagram e Twitter, nos quais práticas e intera-
organização em sites de mídia social. Trata-se do Ophan, ções exemplificam as potencialidades da narrativa trans-
o qual, além de apenas contar likes ou shares, apresenta mídia que constrói seu universo narrativo em ambientes
entre suas funcionalidades a possibilidade de analisar de mídia propagável. Na página @presidential no Twitter,
quais posts publicados no Facebook e Twitter funcionaram uma mistura de jornalismo e entretenimento, leitores
melhor para atrair leitores ao portal. Apesar de figurar acrescentam informações e expandem a narrativa por
como a mais importante para a redação, o Ophan não é meio do compartilhamento de fotos, arquivos de áudio,
a única ferramenta: faz parte de um mix utilizado pelo vídeos e montagens. Publicações da própria organização
The Guardian para apoiar decisões editoriais e comerciais destacam bastidores da produção, fontes e jornalistas.
(Chauvin, 2017). Além da dispersão gradual de conteúdo para sustentar as
Por outro lado, apesar dos esforços e do investimento conversas do público, retweets de posts marcados com a
na tecnologia por parte das organizações midiáticas, Ford, hashtag #presidentiallibrary recompensam os mais enga-
Green e Jenkins (2014) sublinham que os usos e apro- jados, que exibem de bonecos dos presidentes a coleções
priações pelo público não podem ser previstos nem con- de livros sobre o tema. Nesse ambiente de mídia propagá-
trolados, uma vez que, quando propagado, o material é vel, os mais ativos são influenciadores em potencial para
refeito, seja literalmente (por meio de remixagens e sam- engajar leitores mais casuais. A audiência não se conecta
pleamentos), seja figurativamente – quando, por exem- apenas com a organização jornalística, mas entre si4.
plo, é inserido em conversas em andamento sem a devida Para Scolari (2014), a construção de narrativas de
contextualização. configuração transmidiática vai além da experimentação;
Antes de chegar à fase de compartilhamento e/ou apresenta-se como estratégia de sobrevivência da indús-
apropriação de conteúdos, contudo, o estímulo ao enga-
tria de produtos culturais. Nesse sentido, a busca pelo
jamento começa na arquitetura da narrativa jornalística
engajamento em ambientes de mídia propagável pode ser
transmídia. Para Moloney (2015), faz-se necessário um
vista como estratégia não só de visibilidade e (re)legitima-
mundo narrativo bem delimitado a fim de cumprir os pro-
ção, mas de sobrevivência comercial das organizações de
pósitos jornalísticos, com volume de material suficiente
para instigar a curiosidade e a busca por mais informa- 3 Página disponível em: https://www.washingtonpost.com/graphics/
ções; porém, não a ponto de impossibilitar a apreensão business/presidential-podcast. Acesso em: 13 nov. 2016.
do todo ou desestimular a exploração. Ao mesmo tempo, 4 Um exemplo é o caso do seguidor de Presidential que procura
por outros fãs para expandir o debate entre “especialistas”. “Fãs do
é preciso que o conteúdo esteja disponível para ser usado, @presidential_wp em NYC/CT? Estou começando um grupo de
apropriado, compartilhado. Um bom exemplo de arqui- nerds para discussão sobre podcast e livros da história dos presiden-
tetura narrativa com alto potencial de propagabilidade tes” (@whitmanesque).

Vol. 6, nº 11, janeiro-junho/2018 Questões Transversais – Revista de Epistemologias da Comunicação


46 Carolina Teixeira Weber Dall’Agnese, Eugenia Maria Mariano da Rocha Barichello & Vivian de Carvalho Belochio

mídia, uma vez que leitores engajados podem estar mais dispositivos de comunicação que se assentam em lógicas
propensos a investir no jornalismo de qualidade. de mediação e que são aquelas que, ainda, norteiam os
Por fim, além do potencial econômico de alcançar mais ideais jornalísticos”. Assim, frequentemente as estratégias
públicos na medida em que as narrativas se espalham em das organizações visam ao reforço do papel de “polo pro-
diversos meios e plataformas, Moloney (2015), vê na dutor”, representante legítimo de uma instituição histori-
transmídia a possibilidade de engajamento para a ação e camente legitimada, a fim de garantir seu papel e status na
transformação social, sendo uma possível saída para infor- sociedade midiatizada. Sem perder de vista os princípios
mar melhor e com mais diversidade. institucionais enquanto profissão ou prática (os quais faz
questão de ressaltar em seus discursos), o jornalismo tran-
sita entre inovação e tradição nos discursos e nas práticas,
5 Reflexões pontuais sobre visibilidade e legiti- assim como nos meios (velhos e novos) que aciona para a
mação a partir da narrativa transmídia construção transmídia.
A relação proposta aqui partiu do entendimento de
No atual ecossistema midiático, em que se delineia que, por meio da propagação dos textos midiáticos, o
uma nova arquitetura comunicacional, a circulação apa- público age em favor da visibilidade organizacional e ins-
rece como ângulo crucial para analisar as afetações nos titucional, tornando visíveis o pensamento, conceito e
processos de visibilidade e de legitimação das instituições modo de fazer da organização, ao mesmo tempo que pode
e organizações midiáticas. Assim, a transmídia, enquanto contribuir, na melhor das hipóteses, para o reconheci-
configuração narrativa baseada na construção de víncu- mento dessa enquanto real e legítima para cumprir a fun-
los, envolvendo ambientes de mídia propagável e tendo o ção social de mediadora entre a sociedade e a informação
engajamento como potencializador da expansão das histó- de interesse público. Nesse contexto, a propagabilidade e
rias, justifica-se como opção para este debate. Analisa-se o engajamento são apontados enquanto situações ideais a
a transmidiação da narrativa jornalística como uma das serem buscadas pelos produtores de narrativas jornalísti-
práticas do jornalismo em transformação diante de dispo- cas transmidiáticas. Por fim, reforça-se que os processos
sitivos sociotécnicos que deslocam os discursos e as prá- de visibilidade e de legitimação não podem ser pensados
ticas para locais não tradicionais desse campo, como as em desconexão com essa realidade de fluxos da sociedade
mídias sociais, exigindo adaptações e apropriações. Con- midiatizada em que o diálogo e a atenção às ações do
tudo, conforme são naturalizados pelas práticas jornalísti- público são decisivos.
cas, tornam-se espaços de comunicação organizacional e
institucional, também.
Enquanto as estratégias que têm como objetivo a visi- Referências
bilidade põem em movimento os dispositivos para tornar
as organizações visíveis, chamando a atenção para sua ALSINA, M.R. 2009. A construção da notícia. Petrópolis, Vozes.
existência e modos de fazer, a busca ou reforço pela legiti- BARICHELLO, E.M.M.R. 2008. Apontamentos em torno da visibi-
midade requer o reconhecimento, por parte da sociedade, lidade e da lógica de legitimação das instituições na sociedade
midiática. In: M.L. CASTRO; E.B. DUARTE (org.), Em torno das
de uma instituição enquanto real e legítima para cumprir
mídias: práticas e ambiências. Porto Alegre, Sulina, p. 236-268.
uma função social. Para o jornalismo em/para ambiên-
BARICHELLO, Eugenia Maria Mariano da Rocha. 2014. Midiatização
cias digitais, a visibilidade e a legitimação dependem, e cultura nas organizações da contemporaneidade: o processo
em grande medida, da interação das organizações com de midiatização como matriz de práticas sociais. In: Marlene
os públicos e das ações desses últimos em recomendar, MARCHIORI (org.), Contexto organizacional midiatizado. São
comentar, curtir, compartilhar conteúdo e opiniões, per- Paulo; Rio de Janeiro, Difusão; Senac, vol. 8, p. 37-43.

cepções, por meio dos diversos mecanismos facilitadores BARICHELLO, E.M.M.R. 2004. Visibilidade midiática, legitimação e
responsabilidade social. Santa Maria, FACOS/UFSM.
da propagação disponibilizados pela organização jorna-
BARICHELLO, E.M.M.R.; CARVALHO, L.M. 2013. Legitimação das
lística – dos botões de compartilhamento em sua página
organizações midiáticas no ecossistema digital. In: A. RUBLES-
oficial aos sites de mídias sociais. Assim, a configuração CKI; E.M.M.R. BARICHELLO (org.), Ecologia da mídia. Santa
do ecossistema midiático atual demanda das organizações Maria, Facos-UFSM, p. 62-77.
estratégias específicas para tornar seus textos propagáveis BERGER, P.; LUCKMANN, T. 2014. A construção social da realidade:
e para construir, por meio de complexas interações e flu- tratado de sociologia do conhecimento. Petrópolis, RJ, Vozes.
xos, certa identificação com os públicos enquanto divulga CANAVILHAS, J. 2014. Jornalismo Transmídia: um desafio ao velho
seus produtos, ações e discursos. ecossistema midiático. In: RENÓ et al., Periodismo transmídia:
miradas múltiples. Barcelona, UOC, p. 53-67.
Mesmo presentes em ambientes mais horizontais
CHAUVIN, M. 2017. How We Integrated Off-platforms at The
e abertos, há limites para a evolução dos vínculos entre Guardian. Disponível em: https://www.theguardian.com/info/
jornalistas e leitores, como destaca Fausto Neto (2011, developer-blog/2017/may/25/how-we-integrated-off-platform-
p. 18), uma vez que esses “[...] não podem pôr em risco at-the-guardian Acesso em: 25 maio 2018.

Questões Transversais – Revista de Epistemologias da Comunicação Vol. 6, nº 11, janeiro-junho/2018


Transmídia, propagabilidade, engajamento. Reflexões sobre visibilidade e legitimação do jornalismo em ambiências digitais 47

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