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FACULDADE DE DIREITO SANTO AGOSTINHO – FADISA

Caroline Pereira Novais

Jonatas Medrado Silva


Natália Saraiva Soares

DIREITOS HUMANOS

Montes Claros/MG
Maio/2019
Caroline Pereira Novais
Jonatas Medrado Silva
Natália Saraiva Soares

ANÁLISE DO CASO XIMENES LOPES VS. BRASIL

Trabalho apresentado como requisito


parcial para avaliação na disciplina
Direitos Humanos, ministrada pelo Prof.
Dr. Reinaldo Silva Pimentel Santos,
realizado pelos alunos do 8º Período
Noturno A - Faculdade de Direito Santo
Agostinho - FADISA.

Montes Claros/MG
Maio/2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................

2 O SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS


2.1 Histórico e importância
2.2 Comissão Interamericana de Direitos Humanos
2.3 Corte Interamericana de Direitos Humanos

3 CASO XIMENES LOPES VS. BRASIL


3.1 Fatos apresentados pelos denunciantes
3.2 Defesa apresentada pelo Estado brasileiro

4 ATUAÇÃO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS


4.1 Indicação de direitos violados
4.2 Sentença
4.3 Cumprimento de sentença e acompanhamento de medidas

5 CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS ..................................................................................................
1 INTRODUÇÃO

FAZER INTRODUÇÃO
2 O SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS

O sistema interamericano de Direitos Humanos busca internacionalizar em seu


plano regional, os direitos humanos. Dessa maneira facilita um consenso
político, já que é existente uma aproximação geográfica entre os Estados
membros, além de possuírem características similares relacionados à língua,
cultura e tradições.

O SIDH iniciou-se formalmente com a aprovação da Declaração Americana de


Direitos e Deveres do Homem na Nona Conferencia Internacional Americana
realizada em Bogotá em 1948, onde também foi adotada a própria Carta da
OEA, que afirma os “direitos fundamentais da pessoa humana” como um dos
princípios fundadores da Organização. (nota de rodapé: disponível em:
https://www.oas.org/pt/cidh/mandato/que.asp Acesso em: 22 de maio de
2019)

2.1 Histórico e importância

O sistema interamericano de Direitos Humanos respalda-se no trabalho


de dois órgãos, sendo eles a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Nos ensinamentos de Olaya Silvia Machado Portella Hanashiro (2001,
p.25):

Do ponto de vista teórico, os direitos humanos, por mais


fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nasceram de
modo gradual conforme as modificações das condições sociais.
Dessa forma, esses direitos têm recebido diversas interpretações e
aplicações em diferentes momentos e regiões.

Ademais, os instrumentos internacionais criam um complexo


conjunto de regras nos sistemas geral e internacional, podendo ter
destinatários diferentes, conforme Piovesan (2013). Segundo a autora,
estas regras poderão se aformosar de maneiras cada vez mais complexas
e especialidades quando do acréscimo de um componente denominado
de geográfico-espacial.
Assim, têm-se dois sistemas segundo Piovesan (2013), quais
sejam: um sistema regional dos direitos humanos e um sistema global.
Enquanto no primeiro temos uma aplicabilidade em áreas específicas, o
segundo é mais abrangente, podendo alcançar qualquer Estado
integrante da ordem internacional.
Aos sistemas regionais caberia a função de internalizar as normas
discutidas no sistema global e dar a elas a devida aplicação.
Reputa-se considerar o entendimento de Heyns e Viljoen (1999,
p.423, apud Piovesan 2013, p. 326) acerca dos sistemas regionais:

(...) os sistema regionais de proteção dos direitos humanos


apresentam vantagens comparativamente ao sistema da ONU:
podem refletir com maior autenticidade as peculiaridades e os
valores históricos de povos de uma determinada região, resultando
em uma aceitação mais espontânea e, devido à aproximação
geográfica dos Estados envolvidos, os sistemas regionais têm a
potencialidade de exercer fortes pressões em face de Estados
vizinhos, em casos de violações. (...) Um efetivo sistema regional
pode consequentemente completar o sistema global em diversas
formas.

Entendem os autores que os sistemas global e regional possuem


uma relação de complementaridade, uma vez que os Estados podem
pressionar seus vizinhos, quando da não adequação de suas práticas
conforme o que se estabelece no sistema global. Corroborando este
entendimento temos em Piovesan (2013) que, o relatório da
Commisssion to Study the Organization of Peace dispõe que os sistemas
regional e global são complementares, devendo respeitar os princípios
dispostos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é
considerada como um código comum a todas as Nações.
Enquanto o sistema global se responsabiliza por ditar os limites e
os parâmetros mínimos de aplicação de direitos, os sistemas regionais se
encarregarão de tratar das especificidades de sua região, implementando
medidas que assegurem a proteção aos elementos inseridos.
Conforme Piovesan (2013), o sistema global é composto por uma
série de instrumentos das Nações Unidas, como o Pacto Internacional
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos, bem como a Declaração Universal dos Direitos
Humanos e outras Convenções internacionais.
Há também três sistemas regionais de proteção, que são os
sistemas europeu, africano e interamericano, cada qual com seu aparato
jurídico. Complementando este entendimento temos em Mazzuoli (2015,
p. 958 e 959):

Merece destaque o sistema interamericano, composto por quatro


principais instrumentos: a Carta da Organização dos Estados
Americanos (1948); a Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem (1948), a qual, apesar de não ser
tecnicamente um tratado, explicita os direitos mencionados na
Carta da OEA; a Convenção Americana sobre Direitos Humanos
(1969), conhecida como Pacto de San José da Costa Rica; e o
Protocolo Adicional à Convenção Americana em Matéria de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, apelidado de Protocolo de San
Salvador (1988).

Assim estabelecido, segundo Piovesan (2013), o sistema aplicado


ao Brasil é o sistema interamericano, sendo a Convenção Americana de
Direitos Humanos do ano de 1969 é o principal instrumento do sistema
interamericano de proteção dos direitos humanos. Além disso, esta
Convenção estabelece a Corte Interamericana e a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.
Conforme ensinamentos do doutrinador Mazzuoli (2015), com a
promulgação da Carta da Organização dos Estados Americanos, em
1948, o sistema interamericano de proteção dos direitos humanos teve a
sua origem histórica. Esta Carta teve sua aprovação na 9 a Conferência
Interamericana, em conjunto com a celebração da Declaração Americana
dos Direitos e Deveres do Homem.
Tendo esses esclarecimentos acerca da Declaração Americana dos
Direitos e Deveres do Homem aduz Mazzuoli (2015, p. 959):

formou a base normativa de proteção no sistema interamericano


anterior à conclusão da Convenção Americana (1969) e continua
sendo o instrumento de expressão regional nessa matéria,
principalmente para os Estados não partes na Convenção
Americana.
Segundo Piovesan (2013) esta convenção foi assinada em 1967 em
San José na Costa Rica, razão pela qual também é denominada de Pacto
de San José da Costa Rica, e a sua entrada em vigor foi no ano de 1978.
No cenário interno temos que o Brasil subscreveu a Convenção
Interamericana em 25 de setembro de 1992, pela assinatura do Decreto 678.
A convenção Americana de Direitos Humanos, segundo Mazzuoli
(2015) cooperou para o fortalecimento do sistema de direitos humanos,
que foi implementado com a Carta da OEA e com a Declaração
Americana. Além disso, segundo Mazzuoli (2015, p. 960):

também pode-se dizer que a Convenção Americana estabeleceu


nas Américas um padrão de “ordem pública” relativa a direitos
humanos até então inexistentes.

Assim, complementando os ensinamentos de Mazzuoli, ensina


Piovesan (2013, p. 333) que,

A Convenção Americana não enuncia de forma específica qualquer


direito social, cultural ou econômico; limita-se a determinar aos
Estados que alcancem, progressivamente, a plena realização
desses direitos, mediante a adoção de medidas legislativas e
outras que se mostrem apropriadas, nos termos do art. 26 da
Convenção.

Conforme salienta Piovesan (2013) em seus ensinamentos, os


Estados signatários da Convenção devem se esforçar na persecução dos
objetivos desta, assumindo compromissos e estabelecendo medidas
assecuratórias dos direitos e garantias previstos para a proteção dos
direitos humanos.
Corroborando este entendimento temos em Buergenthal (2009,p
145 apud Piovesan 2013, p. 334)

Os Estados têm, consequentemente, deveres positivos e


negativos, ou seja, eles têm a obrigação de não violar os direitos
garantidos pela Convenção e têm o dever de adotar as medidas
necessárias e razoáveis para assegurar o pleno exercício destes
direitos.

Conforme lição de Piovesan (2013, p. 334) “a Convenção


Americana estabelece um aparato de monitoramento e implementação
dos direitos que enuncia”. Esse aparato é composto pela Corte
Interamericana e a Comissão Internacional de Direitos Humanos.

2.2 Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Começar aqui!!

2.3 Corte Interamericana de Direitos Humanos

Leciona Sayán (2012) que a Corte Interamericana de Direitos Humanos -


CIDH é uma instituição autônoma que foi formalmente estabelecida em
setembro de 1979 e tem por objetivo aplicar e interpretar a convenção
Americana sobre direitos humanos.
A Corte tem sede em San José na Costa Rica, e, de acordo com
Mazzuoli (2015), a Corte Interamericana de Direitos Humanos é o segundo
órgão da Convenção Americana, que tem como objetivo resolver os casos de
violação de direitos humanos infligidos pelos Estados membros da OEA e que
tenham ratificado a Convenção Americana.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos - CIDH é um dos três
órgãos jurisdicionais de proteção dos Direitos Humanos dentro do sistema
regional americano composto por sete juízes nacionais dos Estados-partes da
Organização dos Estados Americanos – OEA. (por numero para nota de
rodapé : http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Corte-
Interamericana-de-Direitos-Humanos/o-que-e.html) Os juízes da Corte
possuem um mandato de seis anos podendo ser reeleitos somente uma vez.
( onde fala isso: ESTÁ NA NOTA DE RODAPÉ ABAIXO. É TUDO JUNTO O
PARAGRAFO) ---- > Os mandatos são contatos a partir do dia 1° de janeiro até
31° de dezembro e a eleição dos juízes se dá por meio da Assembleia Geral da
OEA. (por numero para nota de rodapé: Disponivel em
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/v.Estatuto.Corte.htm. Acesso 25 de
maio de 2019).
Ademias, Sayán (2012, p.5) leciona que “o Presidente e o Vice-
Presidente são eleitos pelos próprios Juízes por um período que dura dois anos
e podem ser reeleitos”.
A corte compreende duas jurisdições: contenciosa e consultiva. De
acordo com a Convenção, a Corte possui a faculdade de ditar medidas
provisórias. (aqui coloca numero e nota para rodapé : Dispnivel em:
http://www.corteidh.or.cr/sitios/informes/docs/POR/por_2012.pdf Acesso: 27 de
maio 2019).
Segundo Mazzuoli (2015), será de competência consultiva quando se
relacionar com interpretação das disposições da Convenção e das disposições
de tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados
Americanos. No mesmo sentido Piovesan (2013, p. 343):
No plano consultivo, qualquer membro da OEA – parte ou não da
Convenção – pode solicitar o parecer da Corte em relação à
interpretação da Convenção ou de qualquer outro tratado relativo à
proteção dos direitos humanos nos Estados americanos.

Segundo Hanashiro (2001,p.39):

A possibilidade de solicitar à Corte opiniões consultivas fortalece essa


insituição ante os Estados-membros, pois interessa também àqueles
Estados que não aderiram à Convenção. Essas opinões consultivas
não ajudam de imediato na proteção desses direitos, mas reforçam os
princípios e a interpretação dos instrumentos de proteção aos direitos
humanos que devem orientar o sistema interamericano, criando uma
“espécie de jurisprudência emergente.

Quanto à competência contenciosa, de acordo com Mazzuoli (2015),


esta é própria para o julgamento de casos concretos em que há alegação de
violação de algum dos preceitos da Convenção Americana pelos Estados
membros.
Nesse sentido Sayán (2012, p.6) explica que:

Por esta via, a Corte determina, nos casos submetidos à sua


jurisdição, se um Estado incorreu em responsabilidade internacional
pela violação de algum direito reconhecido na Convenção Americana
ou em outros tratados de direitos humanos aplicáveis ao sistema
interamericano e, se for o caso, dispõe as medidas necessárias para
reparar as consequências derivadas da vulneração de direitos.
Outrossim, através da mesma função, o Tribunal realiza a supervisão
de cumprimento de suas próprias sentenças. O procedimento seguido
pelo Tribunal para resolver os casos contenciosos submetidos à sua
jurisdição possui duas fases: 1) Fase contenciosa. Esta fase
compreende quatro etapas: a) etapa de apresentação do caso pela
Comissão; a apresentação do escrito de solicitações, argumentos e
provas por parte das supostas vítimas, e a apresentação do escrito de
contestação aos dois escritos anteriores por parte do Estado
demandado; os escritos de contestação às exceções preliminares
interpostas pelo Estado, no caso de que corresponda; o escrito de
lista definitiva de declarantes; a resolução de convocatória a
audiência; b) etapa oral ou de audiência pública; c) etapa de escritos
de alegações e observações finais das partes e da Comissão, e d)
etapa de estudo e emissão de sentença; e 2) Fase de Supervisão de
cumprimento de sentenças.

Ainda sobre a jurisdição contenciosa, Olaya Silvia Machado Portella


Hanashiro (2001, p.39-40) acredita que:

O expediente de um processo judicial é essencial para se combater a


violação dos direitos humanos, uma vez que apenas princípios de
conduta moral, embora fundamentais, não são suficientes para fazer
com que os Estados cumpram seus compromissos em relação aos
direitos humanos. A corte pode decretar uma obrigação legal a ser
cumprida pelo estado que tenha violado esses direitos, desde que
tenha reconhecido sua jurisdição contenciosa ou a sua competência
para julgar um caso especifico. Nesses casos, a Corte tem ampla
faculdade de decretar provas, dirigir solicitações ou citar Estados,
pessoas ou instituições que sejam necessárias a diligencias de
provas. A sentença da corte é definitiva e inapelável.

Afirmando o entendimento de , Olaya Silvia Machado Portella Hanashiro,


leciona Mazzuoli (2015, p. 970) que: “um Estado-parte na Convenção
Americana não pode ser demandado perante a Corte se ele próprio não aceitar
a sua competência contenciosa”.
Pode-se dizer que, relacionado à competência os membros ao
ratificarem a Convenção, aceitam automaticamente a competência consultiva,
ao mesmo tempo que a competência contenciosa é facultativa, podendo ser
aceita posteriormente.
No que diz respeito a legitimidade para propor um caso a Corte
interamericana de Direitos Humanos explana Piovesan (2013, p. 347) que:

Apenas a Comissão Interamericana e os Estados-Partes podem


submeter um caso à Corte Interamericana, não estando prevista a
legitimação do indivíduo, nos termos do art. 61 da Convenção
Americana. Em 2001, contudo, a Corte revisou substancialmente as
suas Regras de Procedimento para, de forma mais efetiva, assegurar
a representação das vítimas perante a Corte. Ainda que indivíduos e
ONGs não tenham acesso direto à Corte, se a Comissão
Interamericana submeter o caso perante a Corte, as vítimas, seus
parentes ou representantes podem submeter de forma autônoma
seus argumentos, arrazoados e provas perante a Corte.
Assim, quando for reconhecida a competência contenciosa da Corte, as
decisões por ela proferidas possuirão força jurídica vinculante e obrigatória
cabendo ao Estado o cumprimento imediato.
A ação da Comissão deve ser proposta perante a Secretaria da Corte, e
é esta que notifica sobre a sentença às partes. Informa Mazzuoli (2015) que
enquanto às partes não são notificadas, os textos, os argumentos e os votos
permanecem em sigilo.
Para eficácia interna das sentenças proferidas pela Corte, em relação ao
Brasil, elas devem ser homologadas pelo Superior Tribunal de Justiça. Tal
assunto é regulado, em âmbito brasileiro, pela Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 105, I, a; pela Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro – artigos 15 e 17; pelo Código de Processo Civil
de 2015 e pelo Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal – artigos 215 a
224, como aduz Mazzuoli (2015).
3 CASO XIMENES LOPES VS. BRASIL

Explicar de onde veio esse caso!!! onde foi julgado, de qual órgão tirou o
relatório.

3.1 Fatos apresentados pelos denunciantes

Na secretaria da comissão Interamericana de Direitos Humanos, em 22


de novembro de 1999, foi apresentada denúncia por Irene Ximenes Lopes,
irmã de Damião, do qual esta foi submetida a Corte, por meio de uma petição
relatando os fatos ocorridos.
A peticionaria, Irene Ximenes, alega que seu irmão, Damião Ximenes,
havia sido internado duas vezes, porém, em sua última internação em 1998,
disse que se dirigiu até a clínica de internação onde encontrou a vítima ferida e
machucada, com cortes pelo corpo, feridas nos tornozelos e nos joelhos.
Assustada com o que havia visto, Irene pediu explicações aos funcionários da
Casa de Repouso Guararapes que informaram a ela que as feridas ocorreram
em decorrência de uma tentativa de fuga por parte de Damião. Explicações
essas que a alegada confiou.
Relata ainda que no dia 4 de outubro de 1999 a mãe de Damião se
deslocou a Casa de Repouso Guararapes, mas ao chegar achou seu filho
agonizando em dores, fato este que a levou a procurar um médico da clínica
para socorrê-lo, no entanto o médico se recusou e Damião veio a óbito.
Irene questionou o laudo do óbito que os médicos deram a Damião que
constava como causa, a morte natural por parada cardiorrespiratória.
Desconfiada, assim como os demais familiares, levaram o corpo de Damião
para ser efetuada uma necropsia, laudo este que também se concluiu como
morte indeterminada. Inconformados com os resultados, uma vez que nenhum
dos laudos explicava as marcas de torturas no corpo de Damião Ximenes
Lopes, suspeitou-se manipulação e omissão dos resultados.
Expõe ainda que, houve tentativas de realização de denúncias no
Estado Brasileiro, mas a Delegacia de Polícia de Sobral não se interessou
sobre o caso, e sobre o processo penal foi alegado falta de diligências no
expediente. Após a morte do Senhor Damião Ximenes, foram relatados outros
casos de mesma espécie na Casa de Repouso Guararapes, no entanto pelo
medo, não eram denunciados.
A prova documental apresentada pelos representantes da denunciante
na Corte exibe as declarações de um ex-paciente de Instituições Psiquiátricas
que sofrera maus tratos da época de sua internação, confirmando as alegações
da denunciante sobre o acolhimento precário das unidades psiquiátricas no
Brasil. A comissão ainda demonstrou as alegações verídicas de Irene Ximenes
Lopes para investigação sobre o sistema de saúde psiquiátrico brasileiro ao
apresentar prova testemunhal de Francisco das Chagas Melo, ex-paciente da
referida Casa de Repouso de Guararapes que foi capaz de identificar as
pessoas responsáveis por cometer os atos de violências.
A respeito da necropsia realizada em Damião Ximenes Lopes após o
laudo duvidoso dos médicos, no momento da sua exumação, a perita proposta
pelos representantes constatou o crânio aberto, fato que constata que, a
necropsia seguiu o procedimento comum, porém em seu resultado não foi
apresentado nenhuma descrição do cérebro, muito menos das lesões
apresentadas que deveria seguir os padrões de análise do protocolo de
Istambul, que caracteriza as lesões com mortes suspeitas.
Frente ao Artigo 4.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos, e
analisando ao ocorrido ocasionando à morte do Senhor Damião Ximenes
Lopes, alega os representantes que o Estado foi omisso em não impedir a
morte da vítima, bem como em não investigar efetivamente o ocorrido, e ainda
falho por não fiscalizar a Casa de Repouso Guararapes, constata assim a
violação a este artigo da Convenção.
Captado os maus-tratos na Casa de Repouso de Guararapes, nota-se
também a violação aos Artigos 5.1 e 5.2 da Convenção Americana de Direitos
Humanos do qual, os representantes alegam que Damião não teve sua
integridade física, psíquica e moral respeitadas, uma vez que, a vítima foi
submetida a tratamentos degradantes por aqueles de detinham sua custódia. A
internação da vítima numa clínica psiquiátrica autorizado pelo SUS deveria ser
propiciada pelo cuidado e resguardo de sua saúde e de sua integridade
pessoal, mas não ocorreu.
As alegações dos representantes trazidas à Corte, também colocou em
pauta a violação do Artigo 8.1 da Convenção Americana frente aos familiares
de Ximenes Lopes, analisando o descaso das autoridades nas denúncias
realizadas, inclusive as irregularidades das investigações policiais e a falta de
responsabilização dos culpados pelo ocorrido. Transcorrido o lapso temporal e
havendo ainda a inércia do processo penal, constata-se o descumprimento do
Estado em prover a todos “as devidas garantias e dentro de um prazo razoável”
(de onde é essa citação), tal qual o referido artigo.
Defende ainda que, quanto o exercício da jurisdição, a família de
Damião Ximenes Lopes, como parte interessada, não se manteve inerte em
nenhum momento, utilizando de todos os meios possíveis para cooperar com
as investigações de forma ativa como assistente do Ministério Público, e
apenas esta ação não pode ser interpretada como um modo de substituir a
responsabilidade que o Estado possui em realizar uma investigação efetiva e
prover o direito as garantias judiciais.
Justifica ainda a demanda à Corte, que o Estado deve ser
responsabilizado, visto que, conforme o Artigo 1.1 da Convenção Americana de
Direitos Humanos, o Estado tem o dever de respeitar os direitos e as
liberdades constantes na Convenção, no entanto, feriu e descumpriu deveres
frente ao Senhor Damião Ximenes Lopes e aos pacientes da Casa de Repouso
Guararapes, utilizando da omissão para tratar os casos ocorridos.
Dispõe o Artigo 1.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos –
Decreto nº 678 de novembro de 1992:

Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os


direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno
exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou
social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição
social. (1992, s/n1)

1
BRASIL, Decreto Nº 678, de 6 de novembro de 1992. Dispõe sobre, Promulga a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de
novembro de 1969. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm>.
Acesso em 26 mai 2019.
Desse modo, a fim de finalizar as alegações frente a Corte, conforme se
observa no Artigo 63.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos, quando
houver prejuízo oriundo de uma violação de direito ou liberdade, cabe ao
prejudicado a reparação das consequências na medida dos danos causados.
Observado isso, alegam por fim a reparação do Estado, quanto: aos
danos materiais, vista as despesas de transporte entre os municípios de Sobral
e Fortaleza, bem como o transporte do corpo da vítima para necropsia, o
sepultamento de Damião Ximenes Lopes e os medicamentos e prejuízos
materiais causados para com os familiares afetados emocionalmente pela
perda do ente; aos danos imateriais, em que se destacam os de cunho
emocional, ocasionados pelo sofrimento dos familiares e pelo desgaste mental
e emocional ao almejo de justiça; as custas e despesas para o cumprimento
das diligências necessárias; e ainda, a reparação sem cunho valorativo a fim
de regularizar, fiscalizar e adequar as clínicas psiquiátricas no país, para que,
casos como o de Ximenes Lopes não fiquem esquecidos, sem
responsabilização e não voltem a se repetir.

3.2 Defesa apresentada pelo Estado brasileiro

Os peticionários da ação demandaram uma investigação séria, íntegra e


satisfatória por parte do Estado brasileiro, concernentes a todos os fatos
pertinentes à morte de Damião, na busca de estipular responsabilidade a todos
os envolvidos, direta ou indiretamente, seja por ação ou omissão, juntamente
com a punição efetiva dos membros. Por esse motivo, solicitou-se à Corte a
estipulação de indenizações (onde fala isso), além de medidas nas quais
deveriam ser tomadas pelo Estado, para a garantia da não reincidência de
tratamentos de crueldade, barbaridade e degradação de situações
psiquiátricas.
O Estado brasileiro então interpôs uma exceção preliminar de não
esgotamento dos recursos internos, em que indagou quanto à regularidade do
procedimento diante da Comissão, acionando o artigo 46 da Convenção
Americana de Direitos Humanos, além de uma contestação frente à demanda
apresentada, conforme.
Nas datas do dia 30 de novembro e 1º de dezembro de 2005, em
audiência pública promovida na Corte Interamericana, o Estado brasileiro
assentiu quanto aos maus-tratos ocorridos para com a vítima Ximenes Lopes,
antes da sua morte, resultando em violação ao artigo 5 da Convenção, exceto
quanto ao reconhecimento referente a sua responsabilidade internacional pela
provável transgressão normativa disposta nos artigos 8, quanto às garantias
judiciais, e 25, proteção judicial, do aludido diploma legal, em detrimento dos
familiares da vítima. Todavia, na presente audiência, houve negatória do
provimento, por parte da Corte, à exceção preliminar interposta pelo Estado.
O Estado brasileiro salientou, ainda acerca das alegações de violação
dos artigos 8.1 e 25.1 da Convenção, que houve demonstração de austeridade
na busca da justiça, sendo ela demonstrada de forma devida na instrução do
caso, concomitantemente com a exposição dos eventos e alegações
ostentadas na contestação da demanda, descrevendo-se todas as medidas
exercidas pelo Estado na investigação das circunstâncias do óbito do senhor
Damião Ximenes Lopes e na sanção dos responsáveis tanto pelos maus-tratos
quanto pelo falecimento do presente paciente na Casa de Repouso
Guararapes.
Houve ainda, consoante defesa apresentada, a adoção de todas as
medidas por parte do Estado na responsabilização dos causadores do
falecimento da vítima na esfera penal. Não obstante, segundo o Estado
brasileiro, devem ser observadas, na esfera supramencionada, as garantias
fundamentais dos acusados.
Ao que tange a efetividade investigativa, a defesa alega que não há a
presença de violação por parte do Estado, em que as funções relacionadas às
investigações de acusação, bem como de defesa e decisórias são operadas
por órgãos distintos e autônomos. Do mesmo modo, defende que a possível
omissão probatória na investigação policial, não ocasionou prejuízo, visto que
as mesmas poderiam ser supridas em juízo. Assim sendo, as presentes provas
foram suficientes para certificar ao Ministério Público a presença de
materialidade delitiva e indícios de uma autoria.
O Estado reitera, portanto, que não houve violação das disposições
presentes nos artigos 8 e 25 da Convenção Americana de Direitos Humanos,
uma vez que as investigações atinentes ao falecimento do senhor Damião
Ximenes Lopes observaram as decisões legais, considerando-se os princípios
do processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
Quanto à morosidade do processo penal é considerada razoável, por
basear-se na pretensão da verdade real, na complexidade do pleito e nas
singularidades do processo penal brasileiro.
Em relação às reparações, a defesa do Estado alegou que não há de se
falar em reparação relativa aos familiares do senhor Damião, exceto quanto à
senhora Albertina Viana Lopes, na qual já foi reparada civil e simbolicamente
ao que tange ao dano moral por ela sofrido. Concernente ao dano material
defende-se que não houve perda patrimonial ou lucro cessante por parte da
senhora Albertina, visto que recebe uma pensão mensal e vitalícia por morte,
do Instituto Nacional do Seguro Social, na qual só é atribuída às pessoas
dependentes financeiramente do falecido, não cabendo, portanto, aos demais
familiares, pelo fato destes possuírem renda própria, não dependendo
economicamente do senhor Damião.
No tocante aos danos emergentes, o Estado brasileiro alega a sua
inexistência, já que o processo penal foi viabilizado pelo Ministério Público, e
quanto à ação civil reparadora de danos, foi litigada pela senhora Albertina de
modo gratuito.
Ao contrapor-se aos gastos em que incorreram os familiares da vítima, o
Estado defendeu que aqueles foram exercidos de forma voluntária, na qual
afasta a obrigação indenizatória por parte do Estado brasileiro. Ademais, houve
a concessão do estado do Ceará, à senhora Albertina, de uma pensão mensal
e vitalícia valorada em R$308,00 (trezentos e oito reais), correspondente ao
salário mínimo do estado cearense, sendo ajustado pelo mesmo índice de
revisão geral aplicado aos servidores públicos estaduais. A presente pensão
contribui no orçamento familiar, sendo perfeitamente adequada como
compensação pelo dano padecido, sem que haja a caracterização de
enriquecimento sem causa.
Concernente ao dano imaterial, trazido nas alegações dos
representantes, a defesa informou que o pedido da aludida reparação, foi
direcionado contra particulares e não contra o Estado, em que esse processo
foi suspenso, uma vez que deveria aguardar o resultado da ação penal.
Reiterou-se ainda, que poderia ocorrer o instituto bis in idem, na possibilidade
de condenação na ação civil, na qual haveria o pagamento indenizatório,
juntamente com a possível condenação pela Corte ao Estado brasileiro, a mais
um pagamento de indenização por danos morais à senhora Albertina, sendo o
mesmo dano, portanto, reparado duas vezes.
Ao referir-se ao senhor Cosme Ximenes Lopes, irmão de Damião, o
Estado declarou que não há reparação de danos imateriais, pelo fato de que
aquele não tomou conhecimento do óbito deste, e com isso, não há aplicação
de reparação quanto aos danos morais com base no desconhecido. Já a
senhora Irene Ximenes Lopes, também irmã da vítima, não foi reparada quanto
ao aludido dano, pelo motivo de que não foi considerada parte diretamente
lesada, pois não possuía relação próxima com o senhor Damião. Ao pai,
senhor Francisco Leopoldino Lopes, não foi reconhecido relação familiar com o
filho falecido, não podendo ser, por conseguinte, beneficiário de indenização
alguma por dano imaterial.
A defesa justificou também, que pelo fato do falecido ter nove irmãos,
não seria justo conceber o pagamento apenas a dois deles, em consideração à
noção de “justiça justa”, Jurisprudência (2014, p.189), devido à impossibilidade
de mensurar a dor da família decorrente da morte de um ente, a ponto de
utilizarem-se dos mesmos critérios para a reparação da dor moral resistida por
um irmão e a do dano psíquico dos demais. Não obstante, o Estado
reconheceu os danos morais, juntamente com o dever de indenização material
para com a mãe do senhor Damião, efetuando assim, o pagamento de uma
indenização justa no âmbito interno, por meio de uma pensão mensal e vitalícia
estadual, em conjunto com a federal e vitalícia por morte, devendo ocorrer, por
isso, apreciação por parte da Corte. E pelo motivo da senhora Albertina já ter
sido alcançada pela reparação do dano moral e civil ocasionados, os demais
familiares da vítima apontados tanto pela Comissão quanto pelos
representantes, são automaticamente atingidos pelas demais formas de
reparação.
No tocante as outras formas de reparação, o Estado afirmou ter admitido
todas as diligências esperadas de um Estado Democrático de Direito, para que
não mais ocorra a reincidência de situações semelhantes ao ocorrido com o
senhor Damião Ximenes Lopes. Acrescentou ainda, a tomada de medidas
consideráveis no município de Sobral, a exemplo de unidades especializadas
no tratamento de portadores de enfermidades diversas, a aprovação da Lei nº
10.216/2001, – Lei de Reforma Psiquiátrica – um seminário sobre o Direito à
Saúde Mental, além de implementar vários programas voltados aos serviços de
saúde.
Na defesa pelo não ressarcimento de custas e despesas aos familiares
do senhor Damião, alegou-se que não houve “despesas com a tramitação
deste caso, seja perante a Comissão, ou perante este Tribunal, e caso isso
tenha ocorrido, não foram elas comprovadas”, consoante Jurisprudência (2014,
p.190).
Por fim, o Estado brasileiro destacou que realizou reparações simbólicas
ao modificar a nomenclatura do Centro de Atenção Psicossocial de Sobral
(CAPS), para Centro de Atenção Psicossocial Damião Ximenes Lopes, na
busca de homenagear a vítima, na Terceira Conferência Nacional de Saúde
Mental, ocorrida na sala denominada Damião Ximenes Lopes, juntamente com
a declaração pública em audiência perante a Corte, de reconhecimento parcial
quanto a sua responsabilidade internacional por violar direitos consagrados na
Convenção Americana, em seus artigos 4 e 5.
4 ATUAÇÃO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Ramos (2004) pontua-se que o direito internacional dos direitos


humanos resguarda um conjunto de direitos no qual protege a dignidade da
pessoa humana, bem como, privilegiam as garantias internacionais.

Diante do cenário internacional fica mais evidente a violação dos


direitos essenciais à dignidade humana. Além disso, antes a responsabilidade
do estado se pautava apenas entre os conflitos estado vs estado, entretanto
com as revoluções no âmbito internacional, percebeu-se que tais conflitos
afetava não somente o estado mas também observou-se a necessidade de
trazer uma proteção também os indivíduos nacional.

Ramos (2004) ainda reitera que a responsabilidade do estado no que


tange a violação de direitos humanos é objetiva, o mesmo ainda dispõe que
toda vez que houver violação de uma norma internacional, necessariamente
surge o dever de reparação pelo estado. 2

Neste sentido, observa-se que o caso em questão, Ximenes vs Brasil,


alguns direitos foram violados pelo estado Brasileiro, pontua-se que em
observância ao artigo 62.3 a Corte é o órgão competente para julgar o estado
brasileiro, visto que, o citado estado faz parte da convenção Americana desde
25 de setembro de 1992 e reconheceu também no ano 1998 competência
contenciosa da corte.

No que tange o referido caso, de acordo com a Corte (2006) (link para
colocar como Rodapé) no dia primeiro de outubro de 2004 em conformidade
com os dispositivos 50 e 61da convenção Americana, a comissão
interamericana de direitos humano levou ate a corte aquele demanda contra o
estado brasileiro e que por consequência resultou na denuncia de numero
12.237, denúncia esta, que foi acolhida pela secretaria da comissão no dia
vinte dois de novembro de 1999. Tal demanda foi apresentada com a finalidade
2
https://sur.conectas.org/caso-damiao-ximenes-lopes/
de que a corte resolvesse acerca da responsabilidade do estado brasileiro
diante da violação de alguns direitos descritos na Convenção Americana.

4.1 Indicação de direitos violados

Diante de tudo que foi exposto, no que diz respeito ao caso Ximenes
Lopes, percebe-se a violação de alguns direitos prevista na convenção
Americana, tais como, o direito a vida, direito a integridade pessoal, as
garantias judiciais, bem com, a proteção judicial. Interessante dizer que todos
estes direitos estão ligados com o artigo 1.1 da convenção, ou seja, a
obrigação de respeitar os direitos, o mencionado artigo dispõe:

Os Estados-Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os


direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno
exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou
social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição
social.3

Em quais situações?
Nesta mesma perspectiva, a corte atestou que houve violação do artigo
4º, qual seja o direito a vida, segundo a corte o Brasil não resguardou a
vida de Damião, o referido artigo diz:

Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito
deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da
concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente 4.

Segundo a corte (2006) tal violação só foi perceptível porque houve a


morte do Sr. Ximenes, em sua alegação esta alegou que o estado brasileiro foi
descuidado, uma vez que não exerceu seu papel de vigilante na casa repouso
onde se encontrava o senhor Damião.
Conforme prevista na Convenção Americana o mencionado direito é
direito humano fundamental, que deve ser respeito e não admite nenhum
3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm
4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm
cerceamento. Ressalta que é dever do Estado garantir que os direitos
fundamentais de cada indivíduo sejam respeitados, além disso, a Corte atestou
que morte do Sr. Ximenes ocorreu devida aos maus tratos e por causa de mas
condições de funcionamento da casa de repouso Guararapes, além do mais,
no que tange ao atendimento do médico, no caso citado, houve restrição,
sendo que é dever do estado prestar um tratamento adequado para que
pessoa humana se tenha uma vida digna 5.
Outro artigo violado no caso, diz respeito ao artigo 5 º em relação ao
artigo 1.1 da Convenção da Americana que diz: “Toda pessoa tem o direito de
que se respeito sua integridade física, psíquica e moral.” 6

Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos


cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da
liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente
ao ser humano.7

Tá fazendo comparação entre os artigos, ficou confuso! S2


A corte Americana (2006) traz de forma expressa a proteção ao direito à
integridade, e diante das alegações das Corte, o estado não respeito e nem
garantiu este direito ao senhor Ximenes.
Além do que, o ficou atestado pela corte que as condições hospitalares
onde ele ficou na casa de repouso não era digno para uma pessoa, visto que,
ele foi internado onde não tinha condições de proporcionar-lhe um tratamento
humano, de acordo com a Corte a vítima foi sujeitado há um tratamento
precário e desumano, ademais, frisa que as pessoas que se encontravam
naquele local, estavam sobre a eminencia de violência, isto porque ali não
tinham pessoas qualificadas para cuidar de pessoas com deficiência mental.
Interessante dizer que além da violência física, havia também as condições de
precariedade, no que diz respeito à conservação e manutenção de higiene, e

5
http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_149_por.pdf

6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm

7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm
ainda de um amparo medico, sendo perceptível a violação a dignidade
humana8.
Para adentrar ao assunto dos direitos violados, vale transcrever abaixo a
letra da lei disposta nos respectivos arts. 8.1 e 25.1 da Convenção Americana,
que aduzem:

8.1 Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e
dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente,
independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para
que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
25.1 Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a
qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais
competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos
fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela
presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por
pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.

Destaque-se que a natureza objetiva dessas supracitadas obrigações


legais de proteção de direitos humanos, consagra a proteção do indivíduo
cidadão como foco principal da responsabilidade internacional do Estado por
violação de direitos humanos. Nesse sentido, e conforme Ramos (ano), os
tratados de direitos humanos que incumbem aos Estados o dever de proteger e
garantir os direitos declarados naquele tratado, não há nenhuma menção do
elemento "culpa" no que tange à caracterização da responsabilidade
internacional do Estado.
Desta maneira, mesmo não incorrendo em culpa, inobservando qualquer
premissa o Estado comete a violação de direitos humanos, sendo que o
fundamento da responsabilidade internacional deste Estado recai justamente
sobre a inobservância do direito previsto na norma internacional.
Voltando ao tema principal em questão, isto é, aos artigos 8.1 e 25.1 da
Convenção mencionados, eles estabelecem respectivamente que o Estado
deve prestar um tratamento jurisdicional eficaz ao indivíduo que teve o seu
direito lesado, oferecendo-o uma tramitação processual de duração razoável
perante um tribunal ou juiz; prevendo ainda o amplo direito ao recurso facilitado
8
http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_149_por.pdf
e efetivo, de maneira tal que resguarde o indivíduo de ameaças de violação e
violações aos seus direitos fundamentais, reconhecidos constitucionalmente ou
pela própria convenção.
Conforme as declarações da Corte (2006), houve a violação dos direitos
do senhor Damião Ximenes, previstos nos artigos citados, devido ao fato de
que o trâmite processual, da ação penal movida com vistas à resolução do
caso violatório, estendeu-se por um longo tempo, estando pendente após um
período de seis anos. Além disso, a sentença reparatória cível ainda não tinha
sido prolatada.
Assim, com base em análises aprofundadas, a despeito do
procedimento investigatório policial e do processo penal, a Corte chegou à
conclusão de que o Estado falhou de maneira grave em sua incumbência de
resguardar e respeitar os direitos fundamentais do Sr. Damião Ximenes, não
lhe protegendo a vida e nem impedindo os atos de violência praticados no
recinto da tortura, que era denominado de "casa de repouso". Nestas análises,
foi constatado que o médico Francisco Ivo de Vasconcelos, diretor clínico à
época, era conhecedor de todas as condições e práticas cruéis realizadas na
instituição Casa de Repouso Guararapes. Ocorrendo o óbito de Damião
Ximenes, o médico examinou o corpo e ocultou a causa mortis da vítima, não
descrevendo as lesões externas sofridas.
Quanto à violação do art. 25.1 da Convenção, a Corte (2006) comprovou
a leniência do Estado em relação ao trâmite processual, que foi arrastado por
anos, mesmo com a assídua cooperação da família do Sr. Damião Ximenes,
vítima de uma transgressão implicitamente "permitida", pelo descaso total do
Estado.
Assim, a Corte (2006, p. 68) concluiu que o Estado:

“não proporcionou aos familiares de Ximenes Lopes um recurso


efetivo para garantir o acesso à justiça, a determinação da verdade
dos fatos, a investigação, identificação, o processo e, se for o caso, a
punição dos responsáveis e a reparação das consequências das
violações”.

Desta feita, foi constatada a responsabilidade do Estado pelos atos


violatórios em desfavor dos direitos fundamentais constitucionais do Sr.
Ximenes, causando-lhe grande sofrimento físico que culminou em sua morte,
bem como os direitos às garantias judiciais e proteção judicial, relacionados ao
art. 1.1 da Convenção, que não foram prestados aos familiares da vítima na
busca pela resolução do caso e pela justiça.

4.2 Sentença

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4.3 Cumprimento de sentença e acompanhamento de medidas

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REFERÊNCIA

ISSO É DO APUD DA PARTE DO SISTEMA INTERAMERICANO: Christof


Heyns e Frans Viljoen, An overview of human rights protection in Africa, South
African Journal on Human Rights, v. 11, part. 3, 1999, p. 423.

Thomas Buergenthal, International human rights, 2009 p. 145.

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