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CAETITÉ
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI
CAETITÉ
2021
O ENSINO DE ARTES NA PANDEMIA DE COVID – 19: EXPERIÊNCIAS E RELATOS
DOS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS DOCENTES NO ENSINO REMOTO
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).
RESUMO- O presente artigo intitulado: O ensino de artes na pandemia de Covid – 19: experiências e
relatos dos desafios enfrentados pelos docentes no ensino remoto tem o seguinte objetivo: analisar e
compreender os principais desafios enfrentados, as estratégias adotadas e a maneira como, os
professores descrevem nessas produções cientificas, não apenas a atuação dos mesmos em sala de
aula, mas também como eles perceberam as reações dos alunos durantes as aulas online de Artes. A
Metodologia é com base na revisão bibliográfica, onde analisamos as recentes produções que discutem
os desafios enfrentados tanto por docentes, como por discentes durante o ensino remoto. O contexto
escolar das aulas online revelou uma realidade marcada pela precarização do trabalho docente e da
educação recebidas pelos estudantes.
1 E-mail: sayonaracte@hotmail.com.
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INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
A maioria das leituras, as quais nos deparamos, sobre o ensino remoto durante a
pandemia, sempre começam, com algo típico: “fomos pegos, todos de surpresa”! Taiele
Pinheiro da Silva de Miranda Peçanha e Lucio Marques Peçanha (2020, p. 118)
ressaltam nesse sentido que: “Todos tiveram que se reinventar e de forma
emergencial”. Professores e alunos, como que num ato de desabafo, repetem quase
que a mesma descrição. O que demonstra que o contexto foi para ambos, desafiador,
mas a incumbência de reinventar o método de ensino naquela conjuntura recaiu
praticamente sobre os docentes.
Contudo, antes de adentramos no contexto das aulas online durante a pandemia,
vamos ver o que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já dizia, antes da chegada
Covid-19, sobre a utilização das tecnologias digitais em sala de aula,
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Essas são algumas das recomendações realizadas pela BNCC, contudo temos
que lembrar que as exigências impostas pelas aulas remotas obrigou os professores e
os alunos a demonstrarem habilidades, as quais eles não estavam preparados. Ou
seja, de maneira ideal, as recomendações do documento nem sempre foram colocadas
em prática. E mesmo, caso já estivessem sendo desenvolvidas nas escolas antes da
pandemia, elas não os prepararam para esses novos desafios. O qual exigiu
habilidades e recursos muito específicos.
Uma questão que chama atenção e que é mencionada, por Maristani Polidori
Zamperetti (2021) é que nem mesmo o uso dos smartphones, em sala de aula foi algo
que a escola conseguiu inserir e utilizar como ferramenta de ensino, antes da
pandemia. Na maioria das escolas, os mesmos eram proibidos, devido seu uso
inadequado nesse ambiente. Os estudantes aprenderam que essa tecnologia e os
conteúdos escolares não eram compatíveis, muito pelo contrário, aquela interferia de
forma negativa no processo de aprendizado. Contudo, tudo mudou de uma hora pra
outra, de vilão o celular tornou o recurso mais adequado, como afirma a autora sobre o
uso amplo e as diversas formas que essa ferramenta tecnológica passou a ser usada:
“materiais digitais, orientações em redes sociais enviadas pelo professor para o acesso
dos estudantes de forma assíncrona, vídeo aulas gravadas pelos docentes, dentre
outras possibilidades” Zamperetti (2021, p. 40). A maioria dessas atividades eram
repassadas justamente pelo celular.
O então WhatsApp, que é um aplicativo disponibilizado para na maioria dos
smartphones, antes proibidos nas escolas, segundo a Janete Santos da Silva Monteiro
de Camargo (2020), o mesmo foi aos poucos tornando-se o protagonista na
comunicação que precisava ser estabelecida entre alunos e professores. A autora
lembra que antes da pandemia, nem mesmo a tentativa de manter alguns grupos de
WhatsApp com os alunos tinham funcionado. Ou seja, esse é apenas um exemplo de
como uma tecnologia nesse caso, aquela a qual os estudantes tinham mais acesso não
era utilizada nas atividades na maioria das escolas.
Fato é que em meados de março de 2020 as aulas foram suspensas nas redes
pública e privada brasileira, devido a Covid-19. O que se segue agora é um esforço de
demonstrarmos os primeiros passos na adaptação e adequação das aulas remotas. De
início algumas alternativas foram apresentadas, que constam na maioria das
secretarias de educação citada pelos artigos consultados, entre eles, aplicativos
especifico criado pelo próprio estado, TV aberta, WhatsApp, Google Classroom e
outros. O primeiro passo foi o desafio da implantação do sistema. Camargo (2020)
enfatiza que no caso do Estado do Paraná, por exemplo, os professores tiveram como
estratégia inicialmente usar o WhatsApp apenas para orientar os estudantes de como
baixar e acessar as outras plataformas disponíveis, como Google Classroom e o
aplicativo, Aula Paraná.
Surgiram então os primeiros problemas também compartilhados na maioria dos
artigos averiguados: embora grande parte dos alunos, no caso, das turmas analisadas,
de Ensino Fundamental e Médio e Educação de Jovens a Adultos (EJA) possuíssem
celulares, nem todos os aparelhos comportavam baixar esse tipo de App, depois,
muitos estudantes não possuíam acesso a internet3. E ainda surgiu o grupo daqueles
que não aceitaram o uso da tecnologia, e disseram que iriam aguardar o retorno das
aulas presenciais. Logo depois também apareceu a possibilidade de acesso as
atividades impressas que foram distribuídas pelas escolas. Claro, essa alternativa só foi
comunicada depois que as secretarias de educação dos estados perceberam a não
adesão ou impossibilidade, de uma grande parte dos alunos pela via digital. Como
também consta a ocorrência do abandono das atividades e da escola no decorrer do
ano.
Em relação a atuação dos professores, quase que unanimidade, em todos os
estudos examinados, a carga horária era praticamente de 24 horas no início das aulas
remotas. Esses profissionais, dispuseram entre as atribuições domesticas, dedicaram
tempo integral a realizar as orientações individuais e tirar dúvidas dos alunos, sobretudo
pelo WhatsApp. É interessante lembrar que até mesmo o ato de criar um grupo com os
alunos nesse aplicativo foi desafiador, pois nem mesmos os números dos telefones de
todos os estudantes as escolas possuíam. Existem relatos dos estudantes, inclusive
que saiam dos grupos quando os mesmos eram criados, e o trabalho novamente
começava para tentar reinseri-los. A autora a seguir descreve esse contexto da
seguinte maneira:
Para Oliveira, Silva e Perini (2021, p. 101) mesmo antes do surto de Coronavírus
os professores já vinham sofrendo um intenso processo não só de desqualificação, mas
também de fragmentação e precarização, diante da naturalização de ideologias
“neoliberais-obscurantistas”. Ao adotar a aprendizagem digital, é enfatizado também
3 A autora a seguir realça que: “Dados divulgados em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que 45,9 milhões de brasileiros ainda não tinham acesso à internet em 2018.
Este número corresponde a 25,3% da população com dez anos ou mais de idade” (ZAMPERETTI, 2021,
p. 42).
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como fator a ser pensado de forma crítica, a dificuldade de acesso em todo o mundo
por um grande número de estudantes. Como Peçanha e Peçanha (2020, p. 120)
afirmam: “Não é passível se fazer educação de qualidade com igualdade, se o acesso é
tão desigual. Pensar no bem coletivo e permitir que todos os estudantes tenham acesso
aos meios digitais é o mínimo necessário para que se possa ensinar”4.
Por um lado, era urgente atender as demandas dos estudantes, mas pouco se
falou das necessidades e até as limitações dos docentes que ficaram incumbidos da
intensa e extensa jornada de trabalho. Inclusive, sob ameaça de ter o ponto cortado se
as atividades não ocorressem como estava sendo exigido. Oliveira, Silva e Perini (2021,
p.110) destaca que foi observado no estudo realizado pelos autores a precarização e o
abandono social o qual os professores de Artes Visuais5 foram acometidos, isto é:
Peçanha e Peçanha (2020) realça que, contudo, também existem professores que
consideram o ensino online gratificante. Sobretudo na rede particular como é
mencionado pela professora Michele Santinello a seguir, “os recursos tecnológicos até
aumentaram a gama de possibilidades usadas nas aulas e na realização de trabalhos.
Temos conseguido trabalhar muito bem com arte pelo modo virtual e criar muitas coisas
interessantes” (Disponível em: https://encurtador.com.br/ntyFX. Acesso em: 22 nov./
4 Consta segundo a autora que: “Além disso, é importante lembrar que, conforme acentuou a UNESCO
em suas recomendações: ‘Educação remota e virtual só são eficientes para professores, estudantes e
famílias com eletricidade adequada, conexão à internet, computadores e tablets, e espaço físico para
trabalhar’” (ZAMPERETTI, 2021, p. 42).
5 Os autores também lembram que: “Analisando o quadro da oferta de ensino de arte na escola, a partir
da obrigatoriedade da Lei nº 5.692/71, observa-se que a disciplina já nasce precarizada. Primeiro, porque
é criada antes de haver professores, ou mesmo um curso superior, denominado posteriormente de
Educação Artística, hoje Licenciatura em Artes Visuais, Música, Dança ou Teatro. Outro aspecto da
precarização é o lugar que a disciplina ocupa no currículo escolar, minimizada a uma ou duas aulas no
ensino fundamental. No ensino médio, os problemas se agudizam, sendo, de modo geral, excluída da
oferta nos três anos de escolarização, que finalizam a educação básica” (OLIVEIRA; SILVA; PERINI,
2021, p. 103).
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2021). Mas essa, como percebemos, não é a realidade da maioria, como, por exemplo,
enfatiza os autores, que para aqueles que são novos no uso desse método,
enfrentaram muitas dificuldades, até mesmo uma carga horária maior de trabalho. Esse
é um panorama breve do contexto, o qual identificamos nas produções bibliográficas. A
seguir, adentraremos nas estratégias usadas especificamente nas aulas de Artes.
Quando se fala em aula de Arte no ambiente virtual, segundo Peçanha e
Peçanha (2020) o principal desafio dos professores é desenvolver, aquilo que essa
disciplina tem como uma das principias características, que é uma aprendizagem
criativa e humanística, onde ocorre um processo de conexão obrigatório. O que é
corroborado também por outros autores, que enfatizam:
Outro desafio identificado segundo os autores foi que mesmo quando os alunos tinham
acesso a tecnologia, e até mesmo alguns suprimentos como lápis, faltavam outros
matérias para participar de algumas atividades. Para ter uma noção mais ampliada
desse contexto, recorremos a própria BNCC (2018) segundo a mesma, o ensino de
Artes é centrado nas seguintes linguagens: as Artes visuais, a Dança, a Música e o
Teatro. Consta nesse sentido que:
professora Evelise, o desafio já surgiu na hora do planejamento das aulas, pois era
necessário levar em consideração a elaboração de atividades que fossem ao mesmo
tempo atrativas, mas que também considerassem a ausência de recursos dos alunos.
Nesse sentido ela enfatiza:
usados tirinhas, desenhos e poesias. O uso dessa linguagem tem sido pensado
inclusive em relação a convivência com a pandemia.
Em Minas Gerais o professor Domingos Máximo Pereira relatou sobre sua
experiência com os alunos através das exposições virtuais dos trabalhos realizados
durantes as aulas remotas. O docente enfatiza que utilizou uma determinada
plataforma, onde os trabalhos puderam ser expostos e visto por qualquer pessoa.
Inclusive, a mesma teve uma grande repercussão e empolgou os alunos. Em relação a
ausência de material o mesmo diz ter driblado da seguinte maneira: “Nas atividades, o
professor dá a liberdade para que os alunos possam utilizar os materiais que têm em
casa. Podem usar a cola e a tinta que tiverem. Pode até usar terra e folhas do quintal.
O material é o que tiver em casa” (Disponível em: https://www2.educacao.mg.gov.br.
Acesso em: 03 dez./ 2021).
Como podemos perceber as alternativas e adaptações foram diversificadas, mas
também notamos que a opção pelas exposições virtuais foi recorrente nas práticas de
todos os professores que constam nas produções bibliográficas analisadas. Contudo,
tudo isso deve ser compreendido sob uma perspectiva crítica. A internet é um espaço
público, no caso dessas exposições realizadas praticamente todas foram expostas em
redes sociais digitais, como o Facebook, onde qualquer pessoa teve acesso. Daí
nasceu outro problema também relatado por alguns docentes, a excessiva exposição e
vigilância a qual eles e os seus trabalhos foram submetidos. Como é exemplificado a
seguir:
alternativas foram surgindo, mesmo que tenha uma grande parte recaído sobre os
“ombros” dos docentes. O que percebemos é que a pandemia desnudou ainda mais a
face mais cruel da nossa educação brasileira, que é justamente a ausência de
investimentos na formação dos profissionais, e nas condições de trabalho e
aprendizagem.
REFERÊNCIAS
CANI, Josiane Brunetti; SANDRINI, Elizabete Gerlânia Caron; SOARES, Gilvan Mateus;
SCALZER, Kamila. Educação e Covid-19: a arte de reinventar a escola mediando a
aprendizagem “prioritariamente” pelas TDIC. Revista Ifes Ciência. Volume 6 - Edição
Especial n.1 2020.
Disponível em: https://ojs.ifes.edu.br/index.php/ric/article/view/713. Acesso em: 6 dez.
2021.
OLIVEIRA, Vinícius Luge; Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva; Janine Alessandra
Perini. Os professores de artes visuais e a pandemia da Covid-19. Momento:
diálogos em educação, E-ISSN 2316-3100, v. 30, n. 01, p. 99-122, jan/abr, 2021.
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Professor de Arte cria exposição virtual com os trabalhos feitos pelos alunos.
Disponível em: https://www2.educacao.mg.gov.br/retificacoes/story/10923-professor-de-
arte-cria-exposicao-virtual-com-os-trabalhos-feitos-pelos-alunos. Acesso em: 03 dez./
2021).