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Educação Musical e Diversidade: desafios do educador musical na

educação básica

Washington Nogueira de Abreu


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
washingtonlmusic@yahoo.com.br

Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre um tema relevante na educação
musical: a diversidade musical na educação básica, relacionando sempre, a realidade
sociocultural dos alunos com as estratégias pedagógicas do Educador Musical que tem a
missão de conduzir um aprendizado significativo como forma de apreensão de conhecimento,
sem desvalorizar a identidade cultural do indivíduo. Com base em uma pesquisa bibliográfica,
que abordou estudos e publicações atuais de grande relevância da área de Educação Musical,
bem como na área da Sociologia, Antropologia e Etnomusicologia que no decorrer das
décadas, nos proporciona uma (re) leitura na contemporaneidade. Podemos perceber que o
educador tem grandes desafios na condução de sua regência metodológica em uma sociedade
heterogênea. Por isso alguns desafios foram encontrados, dentre eles: respeito às diferenças,
valorização do cotidiano, lidar com a heterogeneidade, dentre outros.
Palavras-chave: educação musical, contemporaneidade, diversidade.

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre um tema relevante na educação
musical: a diversidade musical na educação básica. Para isso iremos comentar sobre o
educador musical e suas práticas instigando-o a pensar e re-pensar suas metodologias dentro
da sala de aula, propiciando uma dimensão: humana, educacional, sócio e cultural no processo
de ensino-aprendizagem. Devemos valorizar a diversidade e heterogeneidade, dos educandos,
como fatores preponderantes na formação do individuo, que por sua vez tem sua identidade
preservada pelo convívio social no contexto cultural, e ao mesmo tempo, por sua
aprendizagem constante nos diversos ambientes de ensino, de forma a entendermos que a
música faz parte da vida cotidiana do individuo conduzindo-o à construção de seus próprios
conceitos em seus próprios “mundos musicais” (ARROYO, 2002b). Para que isso aconteça,
faremos algumas considerações com um referencial teórico que englobe a educação musical
como área do conhecimento que dialoga com outras áreas como a Antropologia, Sociologia, e
tem a finalidade de conduzir o despertar do aluno na busca constante pelo conhecimento.
Assim sendo, discorreremos sobre diversidade musical segundo as professoras Oliveira

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(2006), Beineke (2003) e Penna (2001); Contemporaneidade e cotidiano segundo as
professoras Arroyo (2002a) e Souza (2008, 2010); diversidade e cultura como identidade
humana, segundo o professor Ricardo Queiroz (2000, 2005, 2011); a busca do professor para
o entendimento do aluno como um todo no processo segundo Morin (2000, 2003), Freire
(1996); e por fim, utilizaremos a Constituição Federal (1988) e os referenciais do Ministério
da Educação e cultura (1997, 2010).

Aspectos da legislação e da cultura no ensino de música

Sabemos que todos têm direito à educação. Segundo a LDB 9394/96 é afirmada que
a educação acontece desde a convivência familiar até o convívio social escolar,

a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais (BRASIL, 1996, p. 7).

A música também deve estar nessa afirmação, principalmente porque assegura ao


aluno o acesso à educação musical através da Lei 11. 769/20081. A partir disso surgem
algumas questões: Será que estamos direcionando essa educação realmente? Será que estamos
respeitando a diversidade em nossa sala de aula? Estamos prontos para encarar a
heterogeneidade dos alunos? O que musicalizar? Por que musicalizar? E como musicalizar na
diversidade?
Segundo Queiroz “a música constitui uma rica e diversificada expressão do homem,
sendo resultado de vivências, crenças e valores que permeiam a sua vida na sociedade”
(QUEIROZ, 2011, p.19). Temos que fazê-los pensar constantemente em sua própria cultura,
dando oportunidades de conhecer outras e integrá-las ou mesmo absorvê-las dando assim,
mais e mais possibilidades de interagir com a diversidade tornando-os críticos em suas
apreciações sem descaracterizá-los de suas “tribos”. Para que tenhamos resultados pertinentes
de ensino-aprendizagem na educação musical no cotidiano heterogêneo, precisamos

1
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a
obrigatoriedade do ensino da música na educação básica.

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compreender como a música se relaciona com essa diversidade e como esse aprendizado volta
ao cotidiano de forma a contribuir na transformação da interação entre meio e educação. O
educador precisa conhecer bem sua comunidade educacional, colhendo informações
importantes da cultura local para poder construir sua metodologia pedagógica de ensino.
Desse modo, tornar-se um educador/pesquisador que se interesse por investigar
qualitativamente, através de reflexões constantes sobre a sua prática docente, tem que ser uma
ideologia, tendo em vista melhorias em todo o processo de sua metodologia pedagógico-
musical. Precisamos compreender e valorizar a música como fenômeno cultural comum onde
pessoas têm suas identidades de acordo com seu cotidiano sociocultural na perspectiva de
incluir a educação musical como área do conhecimento e direcioná-la para uma educação
significativa no contexto das diversas manifestações culturais existentes. Segundo Queiroz:

pensando numa definição mínima de cultura como conceitos e


comportamentos aprendidos, e entendendo-a como um sistema comum a
determinado grupo e/ou contexto, é possível afirmar que ela é fator
determinante para a caracterização de todo processo que envolva relações
sociais, dentre os quais os processos de ensino, aprendizagem, configuração
e consolidação da música (QUEIROZ, 2005, p. 51).

Como educadores, devemos lembrar que os alunos não são iguais, ou seja, têm
conhecimentos, modos, cultura e ideais diferentes, por isso não podemos nem devemos
ensinar da mesma forma se apropriando das “receitas prontas”. Devemos respeitar e valorizar
as diferenças. Lembrar que cada indivíduo tem seu tempo de aprendizagem e que “a
diversidade é inerente ao ser humano” (BEINEKE, 2003). Não podemos desvincular a
diversidade da educação, porque não existe hegemonia em sala de aula. Precisamos fazer uma
“mistura” de saberes culturais para que o aluno se aproprie de todo o aprendizado a partir de
seu cotidiano. Mas como lidar com a heterogeneidade da educação musical na educação
básica? Para tentarmos compreender essa questão, devemos ser educadores observadores,
permitindo que os alunos se apropriem do conhecimento, mas intervindo quando necessário.
Segundo Beineke,

para que uma ‘pedagogia das diferenças’ se torne possível, o professor


precisa desenvolver uma ‘atitude observadora’ em relação aos alunos. [...]
uma intervenção atenta para a diversidade sustenta-se na observação daquilo

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que vai acontecendo na sala de aula e na forma de ação diferenciada às
necessidades apresentadas pelos alunos (BEINEKE, 2003).

As atividades em grupo são formas de tentar resolver esse questionamento. Apenas


como exemplo sito uma experiência na Pós-Graduação – Lato Sensu em Educação musical na
educação básica oferecida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, onde
realizamos algumas atividades em grupo nos diferentes Módulos. Tudo partia de um
conteúdo, como por exemplo, a composição musical. Percebemos que estávamos com vários
problemas a serem resolvidos: pessoas pensando ao mesmo tempo sem um ouvir o outro;
diferentes habilidades, tentando se encontrar na produção; opiniões diversas que não
chegavam a lugar algum. Foi nesse momento que vimos o quanto a diversidade é rica, pois,
houve depois de muita conversa uma interação mútua de valores, unindo conhecimentos
prévios aos que seriam adquiridos com o trabalho e em busca da construção de novos
conhecimentos. Se nós educadores percebemos que em nossos trabalhos como alunos existem
barreiras a serem ultrapassadas, então o que dizer na educação básica? Nesse sentido temos a
afirmação de Beineke esclarecendo que “fazendo suas composições e arranjos, cada membro
do grupo pode colaborar segundo suas possibilidades e interesses, manifestando também suas
influências e preferências musicais. De acordo com as habilidades de cada um” (BEINEKE,
2003). Devemos fazer valer a participação de todos na aula, mesmo com suas angústias,
interrogações, devem ser incluídas no processo de ensino-aprendizagem dando a oportunidade
de desenvolvimento de suas potencialidades no aprendizado musical.

A educação musical na contemporaneidade

A educação na contemporaneidade tem que estar automaticamente ligado a


convivência de gerações, e ao mesmo tempo unir as práticas sociais da modernidade bem
como os meios de transmissão através da globalização que expandiu o território mundial em
um simples “clic”. Sendo assim, Souza nos afirma que “as transformações tecnológicas
configuram novas formas de aprender e ensinar música presentes na educação musical
contemporânea” (SOUZA, 2008, p. 8). Com isso podemos nos apropriar de conhecimentos
que até bem pouco tempo era desconhecido.

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Temos que nos conscientizar que para a educação musical acontecer, precisamos
reconhecer que o cotidiano do aluno é essencial para seu processo contínuo de aprendizagem,
bem como não podemos desvincular a música de sua cultura, nem deixar de perceber que:
sociedade, família, Igrejas, escolas, estão presentes como ambientes de formação musical e
intelectual, assim como as mídias e tecnologias fazem parte da educação do individuo de
forma direta ou indireta. Segundo Souza “para tal é necessário um trabalho organizado,
consistente, por meio de atividades artísticas relacionadas com as experiências e necessidades
da sociedade em que os alunos vivem” (SOUZA, 2010, p. 3). Estabelecer regras para uma
metodologia no cotidiano, pode muitas vezes ser um equívoco, pois o que está na mídia hoje,
amanhã pode não ser mais atrativo. E o aluno está atento a essas realidades que o rodeiam.
Precisamos nos deixar envolver pelos estilos diferentes dos educandos, permitindo-lhes o
acesso interminável aos conteúdos. Devemos dar-lhes a oportunidade de conhecer, com mais
propriedade, o que já faz parte de sua vida, valorizando suas experiências musicais oriundas
do contexto social pela “valorização da diversidade cultural, inclusão de diferentes culturas
musicais na educação musical e a manutenção da música como uma experiência significativa
também no contexto escolar” (ARROYO, 2002b, p. 102).
Muitas vezes não deixamos essa riqueza de “mundos musicais” diversos, chegar ao
ambiente escolar por mero preconceito, ou simplesmente por não acreditar que suas
experiências musicais sirvam para um processo de aprendizagem sistemática, pois “os vários
mundos musicais nas sociedades contemporâneas permanecem ainda ‘invisíveis’ e inaudíveis
a muitos educadores das escolas e academias” (ARROYO, 2002b, p. 105). Queiroz (2005)
corrobora a mesma ideia afirmando que vários conflitos podem surgir ao limitarmos a
liberdade de escolha dos estudantes. Para tanto, a “educação musical na Contemporaneidade
é instigante, uma prática em vista das questões que nossos alunos trazem ou do que a
sociedade, de modo geral, demanda de nós, educadores musicais. Entretanto, ele envolve uma
teia complexa de aspectos teóricos e práticos [...] (ARROYO, 2002a, p. 1).
O professor tem que se adequar a realidade dos alunos, pois ao trabalhar
cotidianamente existe a possibilidade do imprevisível, por isso, deve estar preparado para
encarar o imprevisto, uma vez que existe uma relação direta entre música, pessoas e sua

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cultura. Da mesma forma que a música está relacionada com outras áreas do conhecimento, a
educação está relacionada à diversidade cultural educacional. Ainda segundo Arroyo,

essas questões constituem-se desafios dos mais significativos na pedagogia


musical atual, uma vez que abarcam aspectos, como a valorização da
diversidade cultural, inclusão de diferentes culturas musicais na educação
musical e a manutenção da música como uma experiência significativa
também no contexto escolar. (ARROYO, 2002b, p. 102).

Sabemos que muitas vezes o professor não faz uso do acervo de conhecimentos dos
alunos e perde a oportunidade de construir um aprendizado significativo, pois “qualquer
proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer
música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a [...]” (BRASIL, 1997, p. 53).
Quanto mais contato o educador mantiver com as diversas possibilidades de aprendizado
musical, maior será sua capacidade de interagir no meio educacional, colocando, em prática,
seus desejos e anseios diante de uma educação musical que possibilite ao aluno aprender
construindo seus próprios conceitos, ou seja, fazendo e produzindo música, unindo assim,
teoria e prática na construção do saber. Como nos afirma Freire “a reflexão crítica sobre a
prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando
blábláblá e a prática, ativismo” (FREIRE, 1996, p. 22).
Precisamos direcionar os ensinamentos, onde problemas têm que ser encontrados e
solucionados e não cumular os alunos com conteúdos sem significado. Seria apenas sufocá-lo
com informações. Segundo Morin, “mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia”
(MORIN, 2003, p. 21), ou seja, temos que estar atentos em nossas atitudes como educadores,
“não devemos depositar conhecimento” (FREIRE, 1996). Devemos construir juntos, um
aprendizado significativo para que todos sejam contemplados e não apenas os que são
“habilidosos” musicalmente. “As relações de reciprocidade todo/partes: como uma
modificação local repercute sobre o todo e como uma modificação do todo repercute sobre as
partes” (MORIN, 2003, p. 25).
Segundo Kraemer “a sociologia analisa o comportamento de pessoas observando as
influências sociais, instituições e grupos” (KRAEMER, 2000, p. 56). Na educação musical,
essas concepções se entrelaçam principalmente em escolas regulares da educação básica em

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que há uma diversidade de informações demandadas dos alunos provenientes de várias
realidades. Pessoas diferentes em diferentes níveis, têm suas vidas implexas por convivências
sociais relevantes na formação de sua cultura e sua formação como cidadão. Essa dinâmica
educacional vivenciada pelo educando é manifestada, sobretudo na escola, que é local de
convivência social assistida, envolvendo os mesmos protagonistas num projeto de
interlocução, isto é, o processo de ensino-aprendizagem dinâmico. Com esse pensamento,
Queiroz nos afirma que “é a conjuntura desses elementos que constitui a vida dos indivíduos e
que faz da escola um lugar plural e complexo” (QUEIROZ, 2011, p. 18), principalmente
porque o ensino de arte vivenciado pelo aluno em seu habitat precisa ser considerado nas
práticas escolares para que suas experiências locais sejam vivenciadas e reconduzidas à
sociedade através de atos artísticos. Corroborando com esse pensamento, Penna nos afirma
que “para tanto, é necessário reconhecer como significativa a diversidade de manifestações
artísticas, ‘adotando’ a vivência do aluno como o ponto de partida para um trabalho
pedagógico [...] (PENNA et al, 2001, p. 165).
Para isso, a escola precisa, em sua estrutura curricular, garantir modificações, se
necessárias, por parte do educador, para que todo aluno tenha o direito de aprender uma
linguagem artística, participando ativamente das atividades propostas.
Como educadores, devemos compreender as várias manifestações culturais, bem
como estilos musicais dos educandos propiciando uma (re) leitura das mesmas analisando-as
e dando significados, pois estamos em uma democracia que nos oferece o direito da “livre
expressão” (BRASIL, 1988). Devemos potencializar a diversidade dos alunos, principalmente
porque todo saber é uma fonte inesgotável de valorização humana. Temos que estar
preparados para todos os desafios, sendo sempre amparados por pesquisas em busca constante
de qualificação e ao mesmo tempo atualizados com os referenciais teóricos para podermos
desenvolver práticas pedagógicas musicais que envolvam os educandos, possibilitando que se
tenha um aprendizado mútuo na educação dialógica. Não podemos ficar estáticos, pois a
Educação Musical como área do conhecimento está em constante processo de reconstrução. O
educador, ao se deparar com a diversidade presente em seu ambiente de ensino, precisa estar
preparado para possíveis mudanças que possibilitem lidar com as diferenças; trabalhar as
várias vivencias musicais culturais; planejar suas aulas para que valorize o conhecimento

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prévio do aluno; buscar alternativas que possibilitem a aprendizagem do todo e adequar seus
conteúdos às diferentes realidades culturais. Não há mais espaço para um ensino vazio. Como
nos questiona Oliveira,

até quando vamos estar nos cerceando como profissionais da música,


fragilizando a nossa formação e os nossos valores, nos expondo à sociedade
como professores, ao tentar sempre fazer opções entre isso ou aquilo?
Precisamos estar preparados e fundamentados para fazer opções, buscar e
implementar soluções diante da diversidade sociocultural que se apresenta
(OLIVEIRA, 2006, p. 26).

Conclusão

Com essa discussão sobre diversidade e heterogeneidade na educação musical, o


educador precisa permanecer atento ao meio cultural onde ele atua como regente da educação
básica, para multiplicar ao máximo a cultura cotidiana de seus alunos, pois esse fato requer
muita atenção e disponibilidade para se fazer valer das metodologias da pedagogia musical,
dando aos alunos a possibilidade de se expressar individualmente ou no coletivo.
Trabalhar com a heterogeneidade é traçar metas a serem alcançadas sempre em
relação à formação musical e intelectual do individuo, dando oportunidade de expressão para
que ele volte ao seu cotidiano mais instigado a conhecer e participar do processo de ensino-
aprendizagem na educação musical, e que seja revertido em ações no convívio humano,
social, cultural. Respeitar as diferenças deve ser uma constante ao educador, sabendo que é
essencial que o aluno se aproprie de seus conhecimentos prévios e traga-os ao ambiente
escolar. Nenhum saber é fútil! Apenas precisamos direcionar o que não fora percebido pelo
aluno, dando-lhes oportunidades de construir seus próprios conceitos e que sua participação
na grande jornada do aprendizado seja para toda a vida por que temos e “somos indivíduos de
uma sociedade e fazemos parte de uma espécie. Mas, ao mesmo tempo em que fazemos parte
de uma sociedade, temos a sociedade como parte de nós, pois desde o nosso nascimento a
cultura se nos imprime” (MORIN, 2000, p. 04). E com isso criamos nossa “Identidade
Humana” (2000). Com base no exposto, será que estamos respeitando a diversidade e
heterogeneidade das demandas culturais trazidas pelos educandos do seu meio sociocultural à

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sala de aula? Perseguir este questionamento é uma exigência que se faz aos educadores, tendo
em vista o aperfeiçoamento continuado da prática pedagógica educacional.
Com base nos desafios do educador musical, devemos: respeitar e valorizar as diferenças,
sem preconceitos; considerar o aluno a partir de suas vivencias musicais no cotidiano; fazer
valer a participação de todos na sala de aula; se adequar à realidade dos alunos; lidar
cotidianamente com a possibilidade do imprevisível; contextualizar os conteúdos; o educador
se manter em processo constante de formação; adaptar os conteúdos às necessidades dos
alunos; fazê-los pensar constantemente em sua própria cultura.
Não existe hegemonia na educação básica. Por isso não podemos nem devemos negar a
diversidade na educação. A aprendizagem significativa deve ser direcionada dialogicamente
para que haja uma interação mútua de valores entre educador, educando e meio.
Mesmo existindo dúvidas, o educador tem que está atento para fazer intervenções no
processo de ensino-aprendizagem dando a oportunidade de desenvolvimento de suas
potencialidades no trabalho com a música, construindo valores, onde todos sejam
contemplados.
Necessitamos contextualizar os conteúdos, pois os alunos têm suas vidas
entrelaçadas por convivências sociais relevantes na formação de sua cultura e de sua
formação como cidadão imprimindo uma identidade própria. Como educadores precisamos
estar em constante formação para podermos qualificar o ensino-aprendizagem do aluno, sem
preconceitos, e acreditando em suas potencialidades. Além disso, é nosso dever fazê-los
pensar constantemente em sua própria cultura, dando oportunidades de conhecer outros
“mundos musicais” e integrá-los ou mesmo absorvê-los sem descaracterizá-los. Com isso
compreendermos como a música se relaciona com essa diversidade e como esse aprendizado
volta ao cotidiano de forma a contribuir na transformação do indivíduo e na interação entre
meio e educação.

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