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UFBA 

– FCH180 ESTÉTICA II – Prof. Vinícius Sanfelice (2021.2)


Discentes: Dândara Moraes Hauschild
Gisele Mara Hadlich
Ministério da Cidadania
Fundação Bienal de São Paulo
Itaú

... para nossos educadores, que encontrarão 
na exposição um rico repertório de 
referências e ideias a serem incorporadas ao 
processo de ensino aprendizagem

A arte e a educação, embora operem com 
lógicas próprias, potencializam‐se 
mutuamente quando relacionadas

... o constante debate entre conceitos e 
ideias – que é inerente à criação artística 
de qualidade – está presente nesta edição 
Ministério da Cidadania
Fundação Bienal de São Paulo
Itaú

Nova marca da 
... para nossos educadores, que encontrarão  BBM 
na exposição um rico repertório de  Investimentos; 
gestora de 
referências e ideias a serem incorporadas ao 
recursos 
processo de ensino aprendizagem independente 
com produtos 
A arte e a educação, embora operem com  para atender 
diferentes 
lógicas próprias, potencializam‐se 
perfis de 
mutuamente quando relacionadas investidores

... o constante debate entre conceitos e 
ideias – que é inerente à criação artística 
de qualidade – está presente nesta edição 
Ministério da Cidadania
Fundação Bienal de São Paulo
Itaú

http://34.bienal.org.br/
1ª Bienal: 1951 – até 2006: juri para brasileiros e comissários dos 
países participantes para  artistas estrangeiros
Desde 16ª (1981) – PROJETOS CURATORIAIS – selecionam artistas 
e definem estrutura conceitual 
‐desde 1998: publicações para educadores e estudantes – 1º 
produto de uma Bienal ‐ 1 ano antes da exposição: bienal em 
processo
‐ desde 27ª (2006): sem delegações nacionais e comissários

34ª Bienal: prevista para 2020 – 4/set a 5/dez/2021


Curadoria:  Jacopo Crivelli Visconti
Paulo Miyada
Carla Zaccagnini
Francesco Stocchi
Ruth Estévez
91 artistas: http://34.bienal.org.br/artistas
+ de 1.100 trabalhos
Poema recitado no disco 
Mormaço na Floresta (1983), de Thiago de Mello e Manduka
Faz escuro mas eu canto
reconhece a urgência dos 
problemas que desafiam a vida no 
mundo atual, enquanto reivindica 
a necessidade da arte como um 
campo de encontro, resistência, 
ruptura e transformação

Em tempos escuros, quais são os cantos que 
não podemos seguir sem ouvir e sem cantar ???
Faz escuro

Entrevista com Jacopo Crivelli Vistconti e Paulo Myada


Certo escuro está de volta ou jamais foi embora – repetição de 
uma história que não se resolve, marcada por promessas falsas, 
violências que retornam.

Faz escuro mas eu canto “Os grandes historiadores que 
Verso de 1963 estudamos, como 
Giorgio Agamben e 
Década 1960: diversas leituras 
Walter Benjamin, têm essa 
perspectiva de que estamos olhando para a repetição 
da história porque é um dever que se pode ter em 
relação à história, mas também uma expectativa de 
que algo de sua repetição possa ser rompida”
“Ou seja, não é pelo fato de cantar 
que não se percebe que o momento 
é dramático ou “escuro”
Mas surge ...
mas eu canto
Que traz algum nível de esperança
de que se possa romper o ciclo. 
• As histórias clássicas de [Claude] Monet pintando ninfeias, ou 

Entrevista com Jacopo Crivelli Vistconti e Paulo Myada


do [Giorgio] Morandi pintando garrafas durante as guerras 
mundiais eu vejo como uma defesa de algo essencial na alma 
humana, mesmo no momento de maior dificuldade
https://www.wikiart.org/pt/claude‐monet

https://www.wikiart.org/pt/giorgio‐morandi

• Acho que é importante, no momento que vivemos, também 
lembrar desses exemplos de resistência de uma criação 
poética e do que eu considero um esforço para ver a beleza 
do mundo, mesmo quando parece que não há nada de belo.
Estratégia da curadoria: 
dispor as obras em relação com objetos
– ENUNCIADOS –
não necessariamente do campo das artes visuais
com histórias e simbologias 
marcantes e complexas 
que pontuam a 34ª Bienal
Referências da curadoria
TRANSPARÊNCIA E OPACIDADE
Édouard Glissant
(Martinica, 1928 – Paris, 2011)
– Livro Poética da relação (2011)
no texto literário
• Aprendizagem  
MECANISMOS FUNDAMENTAIS DA PRÁTICA RELACIONAL
Tanto quem aprende quanto quem traduz  • Tradução
procura devolver ao texto a transparência de uma 
intenção poética que as palavras tornam opaca 
“nos arriscamos em uma possibilidade parecida: lançar  ‐de um texto oposto a um 
uma ponte que pudesse ‘traduzir’ não a 34ª Bienal, mas  leitor neófito, para quem todo 
algo de sua estrutura conceitual, para educadores e  o texto e considerado difícil 
estudantes. Uma ponte por definição inacabada, ...” (é o caso da aprendizagem)
‐ de um texto que se arrisca no 
...voltando ao pensamento de Glissant, o direito à  possível de um outro texto 
opacidade é a garantia de que uma relação não se  (é o caso da tradução)
torne um exercício de dominação, imposição e redução 
dos outros aos nossos conceitos, medidas e valores
Referências da curadoria
TRANSPARÊNCIA E OPACIDADE
Édouard Glissant
Assumimos que o ato de se
relacionar contém em si mesmo uma 
potência de aprendizado, e que participar de 
uma relação em que se busque a 
transparência, sem deixar de se reconhecer 
as opacidades, é um ato educativo.
... 
“nos arriscamos em uma possibilidade parecida: lançar  Confiamos que essa diver‐
uma ponte que pudesse “traduzir” não a 34ª Bienal,  sidade de vozes, visões e 
mas algo de sua estrutura conceitual, para educadores e  percepções em torno de 
estudantes. Uma ponte por definição inacabada, ...”
um mesmo conjunto de 
...voltando ao pensamento de Glissant, o direito à  questões pode tornar ainda 
opacidade é a garantia de que uma relação não se torne  mais férteis as relações de 
um exercício de dominação, imposição e redução dos  aprendizagem com a 
outros aos nossos conceitos, medidas e valores 34ª Bienal       
Entrevista com Jacopo Crivelli Vistconti e Paulo Myada
– ENUNCIADOS – objetos
‐ ajudam a definir, mas não são impositivos; não são 100% 
claros para ninguém
‐ potentes poeticamente porque podem ser lidos de muitas 
maneiras diferentes, contar muitas histórias – e das obras no 
entorno, podem‐se depreender várias interpretações
‐mais abrem do que fecham: aberto e poroso, mais dialógico 
do que dogmático  

o Glissant, ele sempre começa mapeando um cruzamento do que 
é a história, a história da escravidão, a história do tráfico 
negreiro, a história dos abolicionismos, das independências, e 
presentifica aquilo como uma vida, 
um conjunto de vidas, um povo, uma identidade.
Possibilidade de trabalhar no micro e no macro, 
e ver como essas coisas ressoam.
Estimula a criação de relações entre 
as obras e a diversidade de 
significados, narrativas e associações  Pontuam a 34ª Bienal 
que cada objeto mobiliza, sugerindo  para fazer reverberar, 
sempre novos entendimentos com maior intensidade, 
algumas das questões 
que as obras ao redor 
14  suscitam

ENUNCI
ADOS
Entradas sutis para algumas das 
estruturas curatoriais e narrativas que 
o público encontrará no espaço 
expositivo 
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Sino de Ouro Preto
Meteorito de 
Bendengó
3
ENUNCI
ADOS
Reproduções de retratos do
jornalista e abolicionista 
Frederick Douglass
Meteorito de 
Bendengó

TÉRREO

http://34.bienal.org.br/enunciados
rtuguese/geral‐48550660
https://www.bbc.com/po

TÉRREO

Museu Nacional – Rio de Janeiro

02
set
2018
TÉRREO

Museu Nacional – Rio de Janeiro

02
set
2018
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação 
por meio de 
imagens e 
texto 
Meteorito de 
introdutório Bendengó
& Sino de Ouro Preto 
& Retratos de 
3 Frederick Douglas
Obras 
selecionadas 
ENUNCI
de 2 artistas: 
visão dos 
ADOS
artistas sobre 
o enunciado 3 entrevistas 
ou ensaios 
Ensaios 
com autores 
práticos: foco 
convidados
em questões e 
relações com 
o enunciado
Outra publicação
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
HISTÓRIA 
Apresentação 
RECENTE
por meio de 
imagens e 
texto 
introdutório Resistência
Perenidade
Resiliência
METEORITO 
Obras 
selecionadas  DE  RESISTÊNCIA DA 
de 2 artistas:  BENDENGÓ PRÓPRIA CIÊNCIA
visão dos 
artistas sobre  SABERES E 
o enunciado 3 entrevistas 
COSMOVISÕES 
ou ensaios 
Ensaios  DOS POVOS 
com autores 
práticos: foco  INDÍGENAS 
convidados
em questões e  SOBREVIVEM 
relações com  HÁ SÉCULOS 
o enunciado
Outra publicação
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto Machado de 
introdutório Assis: crônica 
1888 – traslado 
do Bendengó X 
abolição legal da 
METEORITO  escravidão
Obras 
selecionadas  DE  Transcrição de 
de 2 artistas:  BENDENGÓ entrevista de 
visão dos  Ailton Krenak
artistas sobre 
o enunciado 3 entrevistas 
ou ensaios 
Ensaios 
Carmela  com autores  Ensaio de 
práticos: foco 
Gross convidados Paulo Tavares 
em questões e 
Gustavo  relações com  sobre 
Caboto o enunciado sociedades 
Outra publicação ameríndias na 
Amazônia
Entrevista com Jacopo Crivelli Vistconti e Paulo Myada
Quando você olha para o meteoro e quando você 
olha para a história dos povos indígenas, fica claro 
que, dependendo do sujeito da história, muda o 
referencial do que é o escuro que se faz agora.

Da perspectiva dos povos indígenas da América 
Latina, por exemplo, não há simplesmente a 
catástrofe deste mês, deste ano, dos últimos 
cinco anos. Existe uma catástrofe sombria 
há pelo menos quinhentos anos. 
Esse “faz escuro” também pode ser lido 
em profundidades históricas, amplitudes 
e densidades diferentes.
Entrevista com Jacopo Crivelli Vistconti e Paulo Myada
OPACIDADE
Todos esses artistas vêm de lugares distintos, de culturas 
e formações únicas, e o entendimento que o outro pode 
ter daquilo que eles estão fazendo jamais é completo.
(...)  Sempre há uma parte do outro, uma parte grande ou pequena, que você 
não vai entender.

TRANSPARÊNCIA
E começamos a ver exemplos de obras ou de artistas, de reflexões, em que essa 
transparência, na verdade, é uma falsa qualidade. Transparência que fica só na 
superfície, mas na verdade esconde mecanismos de poder, estruturas de poder 
que se perpetuam. 
PAVILHÃO DA BIENAL ‐ É uma arquitetura teoricamente transparente, mas que 
tem sido utilizada – o [Oscar] Niemeyer é um ex. ótimo disso – como arquitetura 
de poder, que preserva as mesmas estruturas.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto
introdutório

METEORITO 
DE 
BENDENGÓ
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Formação do Sistema Solar 
a partir de nuvem de poeira
Fe e Ni 
Cinturão de Asteróides Sobrevivente 
(entre Marte e Júpiter) de outro 
Há 100 mil anos penetrou  mundo Resistência
na atmosfera:  4,6 Bi anos Perenidade
60 ton – 100 mil km/h
Resiliência
7 ton – 5 mil km/h
Ao longo do tempo:  METEORITO 
intemperismo reduziu 1/3  DE 
1784: Domingos da Mota  BENDENGÓ
Botelho (?)  ‐ brilho 
prateado : pai Joaquim
comunicou às autoridades : 
levar para Portugal!!!
1785 – na descida, o carro 
de boi atropelou os bois e 
caiu no riacho Bendengó
(esquecido por 100 anos) 
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Formação do Sistema Solar  Extração de fragmentos 
a partir de nuvem de poeira (1810) e confirmação 
Fe e Ni  meteorito (1816 –
Cinturão de Asteróides Sobrevivente 
Sociedade Real de Londres)
(entre Marte e Júpiter) de outro  geólogo 
1883: O. Derby  ‐
Há 100 mil anos penetrou  mundo Resistência
do Museu Nacional: 
na atmosfera:  4,6 Bi anos Perenidade
É um perigo abandoná‐lo!)
60 ton – 100 mil km/h 1886: D. Pedro II – ‘Santa 
Resiliência
7 ton – 5 mil km/h Catarina’ na Academia de 
Ao longo do tempo:  METEORITO 
Ciências de Paris (25 ton Ni)
intemperismo reduziu 1/3  DE 
1887: ordena trazer para o 
Rio de Janeiro – Comissão 
1784: Domingos da Mota  BENDENGÓ
do Império para remoção 
Botelho (?)  ‐ brilho  do Bendengó 7/set/1887
prateado : pai Joaquim [Museu Nacional: 1892] 
comunicou às autoridades :  126 dias para 113 km –
levar para Portugal!!! estação de Jacurici – trem 
1785 – na descida, o carro  para Salvador – Vapor RJ
de boi atropelou os bois e 
caiu no riacho Bendengó
(esquecido por 100 anos) 
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Formação do Sistema Solar  Extração de fragmentos  1889: réplica em 
a partir de nuvem de poeira (1810) e confirmação  madeira na 
Fe e Ni  meteorito (1816 – Exposição 
Cinturão de Asteróides Sobrevivente 
Sociedade Real de Londres) Universal de Paris
(entre Marte e Júpiter) de outro  geólogo 
1883: O. Derby  ‐ Entregue ao 
Há 100 mil anos penetrou  mundo Resistência
do Museu Nacional:  Museu Nacional 
na atmosfera:  4,6 Bi anos Perenidade
É um perigo abandoná‐lo!) {1892} – maior 
60 ton – 100 mil km/h 1886: D. Pedro II – ‘Santa  meteorito exibido 
Resiliênciaem museu no 
7 ton – 5 mil km/h Catarina’ na Academia de 
Ao longo do tempo:  METEORITO 
Ciências de Paris (25 ton Ni) mundo
1900 –Museu 
intemperismo reduziu 1/3  DE 
1887: ordena trazer para o 
Nacional na 
Rio de Janeiro – Comissão 
1784: Domingos da Mota  BENDENGÓ
do Império para remoção  Quinta da Boa 
Botelho (?)  ‐ brilho  do Bendengó 7/set/1887 Vista: aberto ao 
prateado : pai Joaquim [Museu Nacional: 1892]  público
comunicou às autoridades :  126 dias para 113 km – Fotos do Bedengó
levar para Portugal!!! estação de Jacurici – trem  com Albert 
1785 – na descida, o carro  para Salvador – Vapor RJ Einstein, Santos 
de boi atropelou os bois e  Regente Princesa Isabel  Dumont
caiu no riacho Bendengó recebeu o meteorito 1946: 
(esquecido por 100 anos)  60kg distribuídos: museus incorporação do 
Museu à UFRJ
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Formação do Sistema Solar  Extração de fragmentos  1889: réplica em 
a partir de nuvem de poeira (1810) e confirmação  madeira na 
Fe e Ni  meteorito (1816 – Exposição 
Cinturão de Asteróides Sobrevivente 
Sociedade Real de Londres) Universal de Paris
Que ele permaneça em seu
de outro  geólogo  Entregue ao 
(entre Marte e Júpiter) 1883: O. Derby  ‐
“aposento”do Museu Nacional: 
Há 100 mil anos penetrou  durante
mundo ResistênciaMuseu Nacional 
toda reconstrução
na atmosfera:  do prédio,
4,6 Bi anos Perenidade
É um perigo abandoná‐lo!) {1892} – maior 
60 ton – 100 mil km/h 1886: D. Pedro II – ‘Santa  meteorito exibido 
como um eterno guardião, e
Resiliência em museu no 
7 ton – 5 mil km/h Catarina’ na Academia de 
Ao longo do tempo: se transforme
METEORITO 
Ciências de Paris (25 ton Ni) mundo
na pedra fundamental
intemperismo reduziu 1/3  DE  do
1887: ordena trazer para o  1900 –Museu 
Rio de Janeiro – Comissão  Nacional na 
renascimento do Museu
1784: Domingos da Mota  BENDENGÓ
do Império para remoção  Quinta da Boa 
Botelho (?)  ‐ brilho  Nacional!
do Bendengó 7/set/1887 Vista: aberto ao 
prateado : pai Joaquim [Museu Nacional: 1892]  público
comunicou às autoridades :  126 dias para 113 km – Fotos do Bedengó
Bendengó:
com Albert 
levar para Portugal!!! estação de Jacurici – trem 
um sobrevivente
Einstein, Santos 
Novela:  1785 – na descida,  para Salvador – Vapor RJ
o carro de boi atropelou os  Regente Princesa Isabel  espacial
Dumont
bois e caiu no riacho  recebeu o meteorito Maria Elizabeth1946: 
Bendengó 60kg distribuídos: museus Zucolotto
incorporação do 
Curadora dos meteoritos
(esquecido por 100 anos)  Museu à UFRJ
do Museu Nacional
Meteorito de Santa Luzia
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto
introdutório

METEORITO 
Obras 
selecionadas  DE 
de 2 artistas:  BENDENGÓ
visão dos 
artistas sobre 
o enunciado

Carmela 
Gross
Carmela Gross – Boca do Inferno 
Carmela Gross – Boca do Inferno 
• Monotipias sobre papel ou seda
• Coleção de imagens de vulcões vai criando novas camadas e vai 
expressando uma imagem de meteorito ou 
de rocha ou simplesmente de borrão 
• Montanhas – vulcões –borrões. 
• Relação direta com meteorito Santa Luzia

• Acaso e imprevisibilidade acontecem na 
visualidade, sem grande controle.

- Como não pensar nos borrões que estamos vivendo? Sejam os


desentendimentos, as polaridades, refletem o tempo que
estamos vivendo – crise sanitária, política e civilizatória.

- Como pensar a arte nesse lugar que nos abre para camadas
novas, transformações e relações a partir de outras ordens.
Carmela Gross – Boca do Inferno 
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto Machado de 
introdutório Assis: crônica 
1888 – traslado 
do Bendengó X 
abolição legal da 
METEORITO  escravidão
Obras 
selecionadas  DE 
de 2 artistas:  BENDENGÓ
visão dos 
artistas sobre 
o enunciado 3 entrevistas 
ou ensaios 
com autores 
convidados
Primeiros ensaios: 
publicação educativa da 34ª Bienal
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Fotografias extraídas do relatório 
Meteorito Bendegó, 
de José Carlos de Carvalho, 
apresentado ao Ministério Nacional da 
Agricultura, Commercio e Obras 
Públicas.
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1888.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
“O meteorito de Bendegó vinha andando, vagaroso, 
silencioso e científico, ao lado do Carvalho”.

O texto de Machado de Assis 
narra uma conversa do meteorito  Republicanos americanos 
de Bendegó com o comandante  eram a favor da escravidão.
José Carlos de Carvalho (1847‐
1934), chefe da expedição que o  — Noire? Aussi blanche
trouxe até o Rio de Janeiro.  qu’une autre.
— Tiens! Vous faites de 
O diálogo é permeado de questões  calembours?
políticas, crítica aos Estados  “Negra? Tão branca quanto 
Unidos, à escravidão e ao  qualquer outra. / “Olhe! Você 
federalismo. faz trocadilhos?”

Publicado duas semanas após a  Referência à República Negra 
abolição da escravidão. do Haiti, onde houve revolta 
dos libertos, e ao  medo da 
Direito Provincial ‐ foi votado a  elite branca de se repetir  algo 
quem pertenceria o Bendegó. similar no Brasil.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto Machado de 
introdutório Assis: crônica 
1888 – traslado 
do Bendengó X 
abolição legal da 
METEORITO  escravidão
Obras 
selecionadas  DE 
de 2 artistas:  BENDENGÓ
visão dos 
artistas sobre 
o enunciado 3 entrevistas 
ou ensaios 
Carmela  com autores 
Gross convidados
Gustavo 
Caboto
Kanau‘Kyba
Gustavo Caboco
O primeiro livro de Caboco (após o incêndio ocorrido no 
Museu Nacional): 
Baaraz Kawau – “o campo após o fogo” em língua 
Wapichana. 
Sua narrativa cruza a história de uma borduna
Wapichana que o artista visitara na coleção do museu 
com as histórias de Casimiro Cadete, seu tio avô e 
grande liderança de seu povo. 

Borduna que queimou no Museu 
Nacional tinha a mesma idade de 
Casmiro Cadete quando ele morreu. 

Isso desencadeou em Caboco um fluxo de associações 
e reminiscências sobre a vida e as memórias indígenas, 
sistematicamente confrontadas pela destruição 
predatória que caracteriza a cultura ocidental.
Gustavo Caboco – Kanau‘Kyba

Na 34ª Bienal apresentará Kanau‘Kyba ‐ CAMINHO DAS PEDRAS ‐, uma proposição 


desenvolvida em conjunto com sua mãe, Lucilene Wapichana, e seus primos Roseane 
Cadete, Wanderson Wapichana e Emanuel Wapichana. 
O trabalho se deriva de um ateliê em deslocamento a partir de encontros com 
diferentes paisagens que conectam as pedras do céu às pedras da terra ancestral. 
Nesta jornada, a família Wapichana rememora os rastros das bordunas antigas para 
que as visões das bordunas presentes também possam caminhar. 
A obra ganhará corpo por meio de uma instalação composta por registros de 
performances, fotografias, vídeos, desenhos, pinturas, animações e objetos.
Gustavo Caboco – Caminho das Pedras
Trata do deslocamento das pedras do céu (como não pensar nos meteoritos?) 
e das pedras da terra ancestral. 

Borduna de Gustavo 
que cruza as histórias 
de Casimiro Cadete.
O artista expressa 
reminiscências da vida 
e memórias indígenas. 
Gustavo Caboco – Caminho das Pedras
Trata do deslocamento das pedras do céu (como não pensar nos meteoritos?) 
e das pedras da terra ancestral. 

Traz críticas à cultura predatória 
do mundo ocidental
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto Machado de 
introdutório Assis: crônica 
1888 – traslado 
do Bendengó X 
abolição legal da 
METEORITO  escravidão
Obras 
selecionadas  DE  Transcrição de 
de 2 artistas:  BENDENGÓ entrevista de 
visão dos  Ailton Krenak
artistas sobre 
o enunciado 3 entrevistas 
ou ensaios 
Carmela  com autores 
Gross convidados
Gustavo 
Caboto
Primeiros ensaios: 
publicação educativa da 34ª Bienal
Ailton Krenak

Líder indígena, ativista socioambiental 
e escritor.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
1‐ O pensamento indígena resiste de um  “Cantando /dançando / passando 
lugar imemorial, sem cartografia, anterior  sobre o fogo / seguimos num 
à noção de linha do tempo, o lugar do  contínuo o rastro dos nossos 
mito. ancestrais” p.97.

A experiência da vida de povos que 
2‐ As culturas que produzem conhecimento 
têm tradição na oralidade, cultivam 
prático não acumulam mercadorias, nem 
memórias que estabelecem vínculos do 
capital, não há produção de conhecimento. 
cotidiano com um imaginário vasto, (...) 
A mente ocidental visa a produção material 
– que não deixam a gente sozinho, 
e subjetiva e experimenta menos uma vida 
frustrado no mundo, se debatendo 
de sabedoria. Pensa, pensa e não cria nada.
para ter sucesso” p. 99

“Precisa ensaiar um outro 
3‐ Constelação de seres, comunidade é a  pensamento, em que nosso 
condição necessária ao sujeito coletivo. motor biológico não fica sendo o 
Pensamento mágico ‐ território de troca com  principal sujeito, mas sim a nossa 
os não‐humanos x pensamento lógico e  entidade, que nos constitui como 
utilitário. sujeitos coletivos, e que é 
Eduardo Viveiros de Castro ‐ perspectivismo  diferente de um sujeito sozinho. 
ameríndio ‐ condição que emerge da 
A experiência do sujeito no 
natureza e não é antropocêntrica. 
Ocidente é egoísta e doente” 
“Penso, logo existo” x aprender a coexistir.
p.100. 
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
4‐ Os sonhos informam o sentido da 
4‐ Os sonhos informam o sentido da vida, cura, 
vida, cura, soluções e inspirações e 
soluções e inspirações e orientações. 
Barragem do Fundão‐ MG/2015 ‐ rio Doce ‐ Rio 
orientações. 
como entidade, que ficou em estado de coma,  “ É entendido como uma instituição, um 
Barragem do Fundão ‐ MG/2015 ‐ rio 
na visão falou: “Pode saltar! Salta!”.  Sonho de  lugar de experiências, de potência para 
uma mulher com Watu, que ao contar para sua 
Doce ‐ Rio como entidade, que ficou em 
mãe doente, sarou. Troca com não‐humanos:   a vida, para a solução de coisas do 
estado de coma, na visão falou: “Pode 
fazer que essa vivência seja consciênte. cotidiano” p. 101
saltar! Salta!”.  Sonho de uma mulher  “É isso mesmo, o Watu veio me curar, 
com Watu, que ao contar para sua mãe  ele te chamou pra você ir lá, você é o 
doente, sarou. Troca com não‐humanos:   meu curativo”. p 102.  “Só que as 
fazer que essa vivência seja consciente. pessoas vivem essa experiência mas não 
interagem com ela. Eles só consomem a 
experiência” p.103.

“Eu acredito que essa vontade, esse  5‐ Comunhão entre humanos e não‐
desejo de interrelação dos mundos, ela  humanos, o conhecimento ocidental e 
anseia mesmo por uma brecha, por  não ocidental, aproxima ou constrói 
atravessar esses limites” p. 103.  paralelos?. 
“Aprenda a enxergar o outro. O outro  Tradição judaico‐cristã ‐ mundo criado 
não é uma cópia sua. (...) Não naturalize  por um ser externo ‐ separação. É 
que o outro é uma cópia sua porque,  preciso uma disposição amorosa para 
senão, você não consegue fazer essa 
ver o outro.
troca” p.104.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
6‐Por que Krenak pintou seu 
rosto na Assembléia em 1987? 
120 mil assinaturas ‐ proposta 
de direitos ‐ capítulo dos 
índios na Constituição. 
Chegou de jeans e camiseta, 
soube na hora que teria que 
falar. Troca de roupa e junta 
cajal. Sabia que tinha que 
fazer algo para ser notado. A 
votação foi favorável: 490 de 
530.

“(...) antes de iniciar minha 
fala, que eu não estava lendo, 
estava tudo na minha cabeça, 
passei uma primeira marca no 
rosto. Na hora, os fotógrafos, 
cinegrafis‐tas, começaram a 
espocar os flashes. Os  Krenak na Assembleia Nacional Constituinte em 
deputados gritavam: “Ei, olha  defesa da emenda popular da UNI ‐ União das 
o que esse homem tá fazendo,  Nações Indígenas, em 02/set/1987. 
tira ele daí”.
“Eu não pensei naquele gesto, 
eu simplesmente fui aquele gesto”.
Entrevista com Jacopo Crivelli Vistconti e Paulo Myada
EDUARDO VIVEIROS DE CASTRO – Antropólogo,  Professor Museu Nacional

DEFESA RADICAL DOS DIREITOS INDÍGENAS: por si só, uma referência.

PERSPECTIVISMO AMERÍNDIO:  No perspectivismo existiriam tantos mundos quanto 
sujeitos capazes de ocupar pontos de vista. # coexistência de diferentes visões e 
relações  que podem surgir a  partir de um mesmo objeto. 
# ideia de olhar as coisas de maneira diferente, de acordo 
com o lugar que você ocupa naquele momento. 
“A inconstância da alma selvagem”: 
trata da noção de ‘relação’ (define a sociedade ameríndia)
– relação com seu inimigo mortal: “Simbolicamente, quem 
mata se torna marido da mulher de quem ele matou, pai de 
seus filhos.... Isto é, começando sempre, ..., pela escravidão, 
pelo genocídio, pela morte, mas mesmo assim aceitando 
que isso também pode levar a novas relações e a sociedades 
muito mais interessantes e fascinantes que as europeias, ...
Essa ideia da relação como o elemento que constitui a socie‐
dade, mesmo entre grupos inimigos e até com quem te mata. 
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto Machado de 
introdutório Assis: crônica 
1888 – traslado 
do Bendengó X 
abolição legal da 
METEORITO  escravidão
Obras 
selecionadas  DE  Transcrição de 
de 2 artistas:  BENDENGÓ entrevista de 
visão dos  Ailton Krenak
artistas sobre 
o enunciado 3 entrevistas 
ou ensaios 
Carmela  com autores  Ensaio de 
Gross convidados Paulo Tavares 
Gustavo  sobre 
Caboto sociedades 
ameríndias na 
Amazônia
Primeiros ensaios: 
publicação educativa da 34ª Bienal
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Identificação de Bö’u, o 
antigo centro de 
Marãiwatsédé, no atual 
estado de Mato Grosso.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
O geógrafo Alceu Ranzi observou o que seria um geoglifo em terras 
do sudoeste da Amazônia enquanto sobrevoava a região em 1986, 
que faz parte de um complexo arqueológico de pelo menos 400 
geoglifos, segundo datação de carbono, seriam de 900 a 1500, data 
próxima da chegada de Colombo na América (1492), “o que 
demonstra que, antes da invasão colonial europeia, essa região da 
Amazônia foi habitada por sociedades ameríndias cujas 
concepções de espaço produziram transformações notáveis na 
paisagem da floresta” p. 108
Com a ditadura militar, o lema era desenvolver a região amazônica, 
o que implicava o desmatamento, eles queriam “ocupar e integrar”, 
pois viam a floresta como “terra de ninguém”.

Nesse período houve uma “política de apagamento” dos povos indígenas ‐ milhares de 
desaparecidos e desalojados, houve muitos massacres e grilagens de terra.
As terras arrasadas pela modernidade tardia revelam os geoglifos pré‐coloniais, que são 
evidencias de um genocídio de mais 500 anos.
“Representações do intocado, do selvagem, do “deserto verde” e muitas outras imagens 
da natureza desumanizada empregadas para descrever a floresta constituíam outras 
formas de perpetrar a política de apagamento" p. 109. 
Como não se tinha registro até então de evidências de que as sociedades indígenas 
tivessem transformado expressivamente a região da floresta, acreditava‐se que a 
Amazônia era um “ambiente natural, isto é, sem interferências humanas”.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Tavares usa o termo design no texto na acepção mais ampla dela, que se afasta da noção de produto e 
gráfico que estamos acostumados. Ele emprega a palavra no sentido de traçar e arquitetar intervenções 
que modificam o ambiente. Ele discorre sobre a visão branca ocidental da floresta, como local primitivo, 
não civilizado em oposição ao espaço urbano e que elas foram descritas por teóricos como “os últimos 
ambientes virgens na Terra, territórios isolados onde as sociedades estavam na infância e os seres 
humanos permaneciam em um estágio de desenvolvimento primitivo, quase animal” p.110. 
Os achados arqueológicos recentes provam que a Amazônia foi habitada por sociedades complexas e 
numerosas  que interferiam no design da região e que tanto hoje como no passado, os povos indígenas 
“marcam profundamente a paisagem”, ou seja, a Amazônia é produto de design humano, é uma obra 
cultural.

A floresta como cidade não tem os limites delimitados 
entre o domesticado e selvagem, os grupos indígenas da 
Amazônia entendem a floresta como prolongamento da 
aldeia. Eles reconhecem as espécies dela e florestas 
tropogênicas, que surgem de antigas aldeias, como a da 
foto. O indígena reconhece a floresta como uma 
cosmoteia, na qual todos os “seres” são  seus cidadãos.
O homem transformou o planeta em objeto de design, 
que marcha para catástrofe ambiental. “Sendo as abelhas 
vitais para os humanos, e em um momento em que o 
projeto ecocida da modernidade tardia as leva à extinção, 
deixemos que elas, e não o homem, tracem um conceito 
de design com o qual possamos tornar a vida um projeto 
possível, em meio às ruínas da “era do humano” p. 119.
publicação educativa da 34ª Bienal
Primeiros ensaios: 
Apresentação  Ensaio de 
por meio de  Maria 
imagens e  Elisabeth 
texto  Zucolotto Machado de 
introdutório Assis: crônica 
1888 – traslado 
do Bendengó X 
abolição legal da 
METEORITO  escravidão
Obras 
selecionadas  DE  Transcrição de 
de 2 artistas:  BENDENGÓ entrevista de 
visão dos  Ailton Krenak
artistas sobre 
o enunciado 3 entrevistas 
ou ensaios 
Ensaios 
Carmela  com autores  Ensaio de 
práticos: foco 
Gross convidados Paulo Tavares 
em questões e 
Gustavo  relações com  sobre 
Caboto o enunciado sociedades 
Outra publicação ameríndias na 
Amazônia
Agradecimentos – fotografias Bienal: Vinicius Sanfelice e Dircy Neubarth
Entrevista com Jacopo Crivelli Vistconti e Paulo Myada
– ENUNCIADOS – objetos
‐ ajudam a definir, mas não são impositivos; não são 100% 
claros para ninguém
‐ potentes poeticamente porque podem ser lidos de muitas 
maneiras diferentes, contar muitas histórias – e das obras no 
entorno, podem‐se depreender várias interpretações
‐mais abrem do que fecham: aberto e poroso, mais dialógico 
do que dogmático  

OPACIDADE e TRANSPARÊNCIA
Glissant: não preciso entender tudo; eu e você podemos ter uma 
relação sem que você seja completamente transparente ou 
compreensível para mim, ou vice‐versa.
A leitura que você faz diz mais sobre você do que sobre o 
enunciado. ... O mais bonito é entender a ideia de relação como 
uma via de mão dupla
Então, você está sempre provando que as coisas 
se contaminam e se transformam.

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