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C O L U N I S TA S ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T. U O L . C O M . B R / H O M E / C O L U N I S TA S / )
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PANDEMIA-COVID-
19/)
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EGORIA-
“A doença é a zona noturna da vida, uma cidadania mais onerosa. Todos que nascem
têm dupla cidadania, no reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos PRODUTO/REVISTA
preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou mais tarde nos vemos obrigados,
pelo menos por um período, a nos identificarmos como cidadãos desse outro lugar.”
-
CULT/EDICOES/ASS
É com essas palavras que Susan Sontag abre seu livro Doença como metáfora, escrito
em 1978, quando a autora fazia seu primeiro tratamento contra o câncer. Tratava-se, INATURA/)
diz ela, menos de querer analisar esse deslocamento, uma espécie de migração que
nos leva do mundo dos sãos para o mundo das doenças, e mais de entender a COMPRE
construção dos estereótipos que as cercam, das “fantasias sentimentais e punitivas”
que giram em torno delas. Principalmente quando se trata da tuberculose e do câncer, (HTTPS://WWW.CUL
assim como, posteriormente, da aids. Seu tema, continua Sontag, não é a doença física
em si, seu entendimento e sua descrição médica, mas os usos que fazemos dela como
TLOJA.COM.BR/PRO
figura ou metáfora. Esses usos, por sua vez, precisam ser revertidos em seu contrário,
na medida em que a autora afirma, peremptoriamente, que a enunciação das doenças
por metáforas não é a melhor maneira de lidar com elas. Em vez disso, se faz DUTO/CULT-257-
necessário e urgente desmontar as metáforas, para que possamos enfrentá-las e
sermos mais resistentes a elas. Eu diria que tal desmonte implica um gesto, que seria ETICA-EM-TEMPOS-
ao mesmo tempo ético e político. Ético na medida em que pressupõe outras formas de
convivência social, assim como a aquisição de novos hábitos que implicam, muitas
DE-PESTE/)
vezes, numa mudança radical, uma espécie de reeducação. Político uma vez que todas
essas discussões só ganham pleno sentido quando passam a apontar para a situação
do atendimento à saúde da população, à necessidade de financiamento urgente e
crescente para a pesquisa científica, assim como para a formulação de uma política
pública de apoio incondicional aos doentes.
(http://revistacult.uol.com.br/home/notas-rousseau-cartas-de-baralho/), a filosofia
política clássica procurou responder a essa urgência, que implicava em dar conta do “AS INSTITUIÇÕES ESTÃO FUNCIONANDO”
paradoxo da “comunidade”, como querem alguns autores contemporâneos –
paradoxo que insiste em dizer que a comunidade é ao mesmo tempo o que nos é
A REVOLTA DE ALBERT CAMUS CONTRA
necessário, mas também perigosa e hostil. Lembremos, rapidamente, da crítica de A PESTE
Rousseau a Hobbes em Do contrato social: a submissão de homens dispersos ao mando
de um só constitui tão somente um “agregado”, jamais uma “associação”. Em suma,
ÉTICA E PESTE: UMA PERSPECTIVA
“não há nela nem bem público, nem corpo político”. Dessa perspectiva, era como se TEOLÓGICA FEMINISTA
os homens hobbesianos só pudessem salvar a própria vida se a morte fosse seu bem
comum. Em oposição a isso, sabemos, Rousseau coloca as ideias de liberdade, justiça e
OS LIMITES DO CARISMA: ÉTICA,
igualdade. O que não significa dizer que, com isso, ele tenha resolvido o problema do
TRABALHO E NECROPOLÍTICA
paradoxo, pelo contrário, de certo modo o aprofunda, levando a questão para outro
rumo: se não é possível a existência de uma “comunidade” – por essa espécie de
fratura, de ferida, constitutiva das associações humanas, que parecem só se reunir, se
juntar, se agregar, quando se está diante da morte, não da morte individual, de cada
um, mas da morte em massa, coletiva –, então só nos restaria a solidão, a TV CULT
proclamação da própria solidão, um tema reiterado nos últimos escritos. A exigência
da solidão se constitui assim como uma espécie de revolta silenciosa contra a ausência
da “comunidade”.
TV CULT | O que é fascismo, com …
Se retomo aqui, de forma ligeira e apressada, esse aspecto tão importante da filosofia
política clássica, é porque penso que ele retorna, sob as formas próprias de nossa
época e a despeito das enormes diferenças, nos intensos, inúmeros e infinitos debates
a que assistimos hoje a propósito da pandemia que nos assola. Vida e morte, medicina
e política, participação do Estado, exigência de controle e, ao mesmo tempo, de
contenção das desordens e dos delitos cometidos durante o período de isolamento
estão na ordem do dia. Ao mesmo tempo, a conclamação à união, ao estar acima das
ideologias, à solidariedade irrestrita, acena para o sonho da “comunidade” unida e
feliz. Entretanto, somos a todo momento lembrados de que estamos em guerra, de que
lutamos contra um inimigo comum, cuja letalidade ainda não podemos enfrentar
integralmente com as armas poderosas da ciência e ao qual sucumbimos aos milhares
– um inimigo que é, principalmente, “invisível”. A proposição de Susan Sontag,
segundo a qual era preciso desmontar as metáforas para que pudéssemos enfrentar
melhor as doenças, revela-se, mais do que nunca, um relativo fracasso. Parece, ao
contrário, que sempre precisamos de metáforas, como se, por meio delas, fosse (https://revistacult.uol.com.br/home/lugar-de-fala-
possível combater a morte ou ainda encontrar um lenitivo eficaz. Como se as palavras, cult/)
enfim, não tivessem perdido sua eficácia simbólica em meio a um mundo dominado
pelos algoritmos. As metáforas guerreiras parecem, então, nos transportar para um
cenário de guerra total. Mas qual é nossa posição nesse cenário? Somos soldados de
quê, contra o quê, de quem, a quem obedecemos, por que obedecemos ou devemos
obedecer?
(https://revistacult.uol.com.br/home/onde-vende-
revista-cult/)
(https://www.sescsp.org.br/?
utm_source=cult&utm_medium=banner&utm_cam
paign=emcasa&utm_content=200)
A filosofia política mais recente gira em torno de um conceito que, neste momento,
tem sido referido à exaustão e atingido um nível elevado de saturação e, portanto, de
equívocos e apropriação apressada: o de biopolítica. Com ele, pretende-se explicar o
modo como o poder é exercido em nossa época, garantindo com isso, que
determinadas estratégias fortaleçam as relações de dominação. Um conceito,
igualmente, que procura explicar como a dinâmica do capitalismo se metamorfoseia
para manter sua hegemonia e como procura garantir essa hegemonia. A ideia de que o
limiar de nossa modernidade é marcado por uma nova forma de imbricação entre vida
e política, cujo objetivo primordial é a “população” e seus movimentos biológicos
transformados em estatísticas, as quais geram políticas de prevenção e enfrentamento (http://premioedpnasartes.institutotomieohtake.or
de doenças – imbricação essa que ainda suscita uma nova forma de g.br/)
“governamentalidade” –, passou a se constituir numa poderosa chave explicativa.
Não há espaço, nem tempo aqui, para que possamos analisar e discutir os meandros,
as divergências, os deslocamentos que o conceito de biopolítica sofreu desde que foi
retomado em nova chave, no hoje mais que célebre último capítulo do primeiro
volume da História da sexualidade, de Michel Foucault
(https://revistacult.uol.com.br/home/tag/michel-foucault).
Entretanto, em meio a esse debate apaixonado que se instalou desde março de 2020,
eu gostaria de destacar a contribuição que me parece das mais importantes e que
passou quase que despercebida em meio à avalanche de críticas, de réplicas e tréplicas
à posição de Giorgio Agamben (https://revistacult.uol.com.br/home/tag/giorgio-
(https://masp.org.br/eventos/emcasa)
agamben) no texto “O estado de exceção provocado por uma emergência infundada”.
Trata-se da contribuição de outro filósofo italiano, Roberto Esposito, no breve texto
“Tratados a todo custo”, publicado logo após a primeira polêmica entre Agamben e
Jean-Luc Nancy. Para Esposito, a explosão da pandemia da Covid-19 leva ao extremo, TWITTER
às últimas consequências: a relação direta que se estabeleceu entre a vida biológica e
as intervenções políticas. Ora, mas o que há de propriamente singular agora? O que
essa explosão desnuda, ilumina, traz à tona de forma tão avassaladora, tão cruel, tão
sem condescendência para com elevados sentimentos como comiseração,
solidariedade, empatia, enfim, todos esses ideais comunitários?
Têm-se atribuído aos filósofos, desde que Platão resolveu ser o conselheiro do tirano
em Siracusa, incompetência absoluta para resolver os problemas que eles mesmos
criaram. Assim, a ideia de que fazer filosofia significaria mais problematizar que
apresentar soluções constitui uma espécie de salvo-conduto que nos redime dessa
falta de talento para intervenções práticas. Vou fazer uso desse salvo-conduto para
finalizar este breve texto. Como todos os outros que trataram dessa mesma questão,
este artigo surge para indicar possíveis caminhos de compreensão e até mesmo de
respostas – em primeiro lugar a mim mesmo – a uma série de questões e problemas
que alguns filósofos, já há algum tempo, levantaram. Respostas toscas provavelmente,
a serem questionadas e criticadas, provisórias decerto, que procuram exorcizar o
medo e diminuir a angústia – sou parte de grupo de alto risco, pela idade e pelas
comorbidades –, orientadas por meus estudos e pesquisas. Não sei como será o “day
after”. Sou cético quanto aos abalos profundos que tudo isso deixará no
neoliberalismo triunfante de nossa época. E se é verdade que todo trauma ocorre a
posteriori, então o futuro próximo e o distante serão marcados por essa experiência, na
qual medo e angústia se alternam – o que será, certamente, atenuado, mas nunca
apagado por inteiro de nossa memória, mesmo quando houver vacina. Sei,
principalmente, que nunca desejei fazer parte, mais uma vez, de um grupo de risco,
como já tinha sido quando do aparecimento da aids. Enfim… sobreviver, mais uma
vez!
Ernani Chaves é doutor em Filosofia pela USP e professor titular da UFPA. Membro do
Nietzsche-Gesellschaft (Naumburg/Alemanha) e do GT Nietzsche da Associação
Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), é um dos editores da revista Estudos
Nietzsche (UFES).
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