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4.

FATORES QUE AFETAM AS TAXAS DE CORROSÃO

Os diferentes fatores influentes podem ser resumidos nos


seguintes

a. Tipo de Metal

Os metais com maior potencial de oxidação sofrem


corrosão mais rapidamente que os que apresentam
menores potenciais de oxidação.

b. Condição da Superfície Metálica

Irregularidades ou rugosidades apresentadas pela


superfície metálica criam condições ao surgimento de
áreas anódicas ou, ainda, de regiões favoráveis à
formação de depósitos. 1
c. Deposito sobre o metal

A corrosão se desenvolve sob depósitos de formações de pilhas de


aeração diferencial. Águas que contem elevados níveis de sólidos
suspensos, favorecem a formação de depósitos e, consequentemente o
desenvolvimento do processo corrosivo.

d. Temperatura

Geralmente, o aumento de temperatura provoca um aumento da taxa


de corrosão. A corrosão por oxigênio tem a sua velocidade aumentada
até 77ºC, diminuindo a partir de temperaturas acima desta, para
sistemas abertos de recirculação.

Entretanto, em sistemas fechados, a taxa de corrosão por oxigênio


sempre aumenta com a elevação da temperatura, face a
impossibilidade de escape do oxigênio.

Para uma superfície metálica submetida a diferente temperatura, a


região mais quente funcione como área anódica em relação a região
mais fria. 2
e. Concentração de Oxigênio

A principal região catódica (na célula eletroquímica de


corrosão), responsável pelo controle da taxa de corrosão,
está diferentemente relacionada com da difusão do
oxigênio dissolvido. Desse modo, podemos afirmar que a
presença de oxigênio dissolvido e sua capacidade de
difusão são os fatores controles da taxa de corrosão, em
meios aquosos naturais.

Em sistemas abertos é praticamente impossível se


controlar a quantidade de oxigênio presente. Deste modo, o
controle da corrosão deve ser feito através da LIMITAÇÃO
DA TAXA DE DIFUSÃO DO OXIGENIO DISSOLVIDO.

Portanto, a formação de película protetora capaz de impedir


esta difusão, se constitui no principal meio de atuação dos
inibidores de corrosão. 3
f. pH

O pH afeta o equilíbrio corrosivo incrustante do sistema


aquoso em relação ao carbonato de cálcio. Valores de pH
inferiores a 4,5 causam sérios problemas de corrosão em
relação a maioria dos metais.

Em tratamento de água de caldeira, procuramos manter os


valore de pH na faixa de 9,0 a 12,0, dependendo da
alcalinidade requerida, segundo o tratamento escolhido.

g. Sólidos Suspensos

Teores elevados de sólidos suspensos são responsáveis


pela possível formação de depósitos em regiões de fluxo
em baixa velocidade. Essa formação gera a possibilidade
do desenvolvimento de corrosão penetrante sob o depósito.
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h. Sólidos e gases Dissolvidos

A taxa de corrosão do metal aumenta com a elevação do


teor de sólidos dissolvidos até um certo nível. Este
aumento decorre da elevação da condutividade elétrica do
meio.

Alguns constituintes iônicos específicos (como os cloretos)


podem provocar ruptura nas camadas de proteção das
superfícies metálicas, gerando a formação de áreas
anódicas localizadas e altamente ativas.

Se a concentração de sólidos alcançar valores que


ultrapassem o nível de saturação, a formação de filmes de
depósitos protetores, pode retardar a evolução do
processo corrosivo.
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O controle deste processo, pelo Índice de Ryznar, baseia-
se na estabilidade do equilíbrio, em relação de gases
dissolvidos (oxigênio, dióxido de carbono, dióxido de
enxofre, sulfeto de hidrogênio, etc.) contribui, através de
diversos mecanismos, para o aumento da taxa de
corrosão.

A contaminação de águas por amônia, acarreta sérios


problemas de corrosão para partes de cobre.

Por outro lado, a cloração usada no controle


microbiológico, quando não devidamente controlada,
implica grave riscos de corrosão para as partes metálicas
em geral e para as de aço inox, de modo mais específico.

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i. Vazão da Água Circulante

A velocidade da água de circulação afeta a taxa de difusão


do oxigênio dissolvido sobre a superfície metálica. Sob
altas velocidades, maior quantidade de oxigênio atingirá
as áreas catódicas, provocando aumento da taxa de
corrosão.

Por outro lado, altas velocidades de escoamento do fluido,


provocam remoção de produtos sedimentares que podem
retardar o processo corrosivo.

Entretanto, quando são empregados inibidores de


corrosão, este se difundem sobre as superfícies metálicas
de modo satisfatório (mais rápido) em condições de alta
velocidade, minimizando, desta forma, os problemas
gerados pelas altas vazões. 7
Outros aspectos ligados à corrosão, como a
formação de depósitos, impingimento, cavitação e
outros, estão diretamente ligados à vazão da
água de circulação.

Tendo em vista a variedade de fatores que afetam


a taxa de corrosão de um sistema, principalmente
os de água de resfriamento, torna-se
virtualmente impossível o ajuste de variáveis
físicas e químicas, no sentido de se eliminar o (s)
processo(s) corrosivo (s). Contudo, o emprego de
inibidores adequados, faz com que este (s)
processo (s) seja(m) minimizado(s).

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5. MECANISMOS DE CONTROLE DA CORROSÃO

A maior parte dos fenômenos de corrosão, em sistemas de


águas industriais, é de natureza eletroquímica, envolvendo o
aparecimento de áreas anódicas e catódicas. Portanto, a
maioria dos mecanismos de controle da corrosão é baseado
na redução da diferença de potencial entre anodo e catodo.
Esta redução é conseguida, alterando-se os potenciais
anódico e/ou catódico.

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Este processo de alteração de potencial do eletrodo é
denominado POLARIZAÇÃO. Quando as reações de
corrosão tornam-se totalmente bloqueadas, em função da
polarização de eletrodo (s), diz-se que o metal se encontra
no ESTADO PASSIVO OU PASSIVADO.

Consequentemente, denomina-se PASSIVAÇÃO ao ato de


se proteger um metal contra a corrosão, por polarização das
áreas anódicas e/ou catódicas, inibindo-se, deste modo, a
reação de corrosão. Esta proteção é, na maior parte da
vezes, obtida por meio de filmes protetores das
superfícies metálicas.

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a. Polarização ou Passivação Anódica

É conseguida por meio de aditivos que reagem com os íons


ferrosos (Fe++), formando um filme sobre a superfície
anódica.

Os inibidores de corrosão anódicos, se utilizados


isoladamente, podem não oferecer proteção suficiente para
uma inibição completa, quando adicionados em
concentrações moderadas.

É necessário que se obtenha uma passivação total das


superfícies anódicas, o que só se consegue com elevadas
concentrações do inibidor de corrosão.

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a. Polarização ou Passivação Catódica

A principal reação catódica é a que corresponde à redução do


oxigênio dissolvido em meio aquoso.

½ O2 + H2O + 2 e- 2 (OH)-

Os inibidores catódicos reagem de modo a bloquear esta reação


através da formação de um precipitado fílmico sobre a área
catódica, impedindo o processo e difusão do oxigênio. De maneira
diferente da passivação anódica, a neutralização parcial das áreas
catódicas, não acarreta severo ataque localizado. Ocorrerá,
entretanto, uma redução da eficiência de inibição da corrosão.

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a. Passivação por formação de Barreira Física

Grande número de inibidores de corrosão é capaz de


formar filme sobre as superfícies metálicas protegendo
simultaneamente as áreas anódicas e catódicas contra a
ação do meio corrosivo. Estes compostos formam uma
barreira monomolecular sobre a superfície metálica.

Os principais grupamentos funcionais capazes de


estabelecer ligações químicas com as superfícies metálicas
são os grupos –NH2 (amino),
-COOH (carboxila) e –PO3H2 (fosfônico), embora outros
grupos funcionais sejam capazes de estabelecer ligações
coordenadas com os átomos da superfície metálica.

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a. Estabelecimento de Reações Competitivas

Muitos produtos químicos são capazes de atuar sobre o


meio corrosivo, tornando-o menos agressivo. A maior parte
destes produtos são utilizados com objetivo de reagir com o
oxigênio dissolvido necessário ao andamento do processo
corrosivo. Estas substâncias, denominadas
SEQUESTRANTES DE OXIGENIO, reagem com o O2
necessário ao prosseguimento da reação catódica.

Este processo de proteção, largamente utilizado em


caldeiras, é impraticável no caso de sistemas abertos de
circulação de água, face aos elevados níveis de oxigênio
dissolvido.

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6. INIBIDORES DE CORROSÃO USUAIS

a. Cromatos

 Os cromatos e os dicromatos são os mais efetivos inibidores anódicos de


corrosão, reagindo com os íons ferrosos para formar um filme de óxido férrico-
crômico.

 Faixa de pH ideal: 6,5-8,0

 Quando utilizado isoladamente (Na2CrO4 ou Na2Cr2O7), são necessárias


concentrações elevadas de íon cromado (CrO4-2). Para tratamentos ácidos (6,5 ≤
pH ≤ 7,0), a concentração de íons cromato a ser mantida em circulação deve ser
superior a 300 ppm como CrO4-2.

 Inconvenientes: (1) poluição do efluente industrial; (2) suscetibilidade à ação de


agentes redutores; (3) a película formada é destruída pela ação de íons cloreto
(em concentrações elevadas).

OBSERVAÇÃO: Como a finalidade de se operar com níveis mais baixos de íons


cromato, na água de circulação é comum o emprego dos cromados em
combinação com outros inibidores (sais de zinco, polifosfatos, etc.)

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a. Sais de Zinco

 Os íons de zinco (Zn2+), atuam como inibidores catódicos


através da precipitação de hidróxido de zinco sobre as
áreas catódicas.

 Os íons zinco (3 a 10 ppm) formam filmes de modo rápido,


sobre áreas catódicas.

 Inconvenientes: (1) o filme formado é de fácil remoção; (2) o


hidróxido de zinco precipita de modo descontrolado para
valores de pH superiores a 8.0.

OBSERVAÇÃO: Para uma inibição de corrosão mais efetiva,


os inibidores à base de zinco são utilizados em combinação
com outros inibidores de corrosão (cromatos, polifosfatos,
fosfonatos, etc.)
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a. Polifosfatos

 Os polifosfatos ou fosfatos condensados funcionam com o


inibidores de corrosão, formando um filme polarizante
durável sobre as superfícies catódicas.

 As moléculas de polifosfasto combinam-se com os íons


cálcio, resultando em micelas coloidais positivamente
carregadas, que migram para as áreas catódicas.

 Faixa de pH ideal: 7,2 - 7,6

Inconvenientes: (1) Fácil reversão a condição de


Ortofosfatos, com graves consequências do ponto de vista da
formação de depósitos, em caso de não utilização de
dispersantes adequados; (2) A formação de Ortofosfatos
contribui para o desenvolvimento de microrganismos no
sistema. 17
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a. Fosfonatos

 Atuação inibidora catódica semelhante à dos polifosfatos, porém,


sem apresentar a facilidade de reversão destes compostos.

 Como eficientes inibidores de incrustações, tornam-se


indiretamente inibidores de corrosão sob deposito.

 Inconiventes: (1) São inibidores de corrosão pouco efetivos,


quando usados isoladamente; (2) São relativamente agressivos
ao cobre e suas ligas, requerendo, algumas vezes, a utilização de
associada de inibidores específicos para o processo corrosivo
destes metais.

OBSERVAÇÃO: Os fosfonatos devem ser associados a outros


inibidores de corrosão (sais de zinco, cromatos, etc.) para obtenção
de uma proteção mais efetiva. Para o caso da presença de cobre e
cobre-ligas, os fosfonatos podem ser utilizados em combinação com
inibidores específicos (triazóis, mercaptobenzotiazol, etc.)
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a. Silicatos

 Os silicatos de cálcio sofrem hidrólise, formando partículas


de sílica coloidal (negativamente carregadas) que migrarão
para áreas anódicas, filmando-as. A formação do filme
depende da presença de produtos corrosivos, na área
anódica.

 A formação de filme é muito lenta, para as condições


normalmente usadas (8,0 < pH < 9,5; 8 a 20 ppm SiO2).

Inconvenientes: (1) filme de formação lenta; (2)


concentrações excessivas de íons silicato podem gerar
incrustações duras e isolantes de silicato de cálcio; (3) a
superfície fílmica é porosa e não impede totalmente a difusão
do oxigênio dissolvido.
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a. Molibidatos

 Comportamento semelhantes aos dos cromatos coma a


vantagem do efluente ser menos agressivos ao meio
ambiente.

a. Mercaptobenzotiazois, Benzotriazol e Toliltriazol

 Inibidores (quelantes de superfície) para cobre e suas ligas


atuando em meio alcalino.

 Pequenas dosagens (de 1 a 2 ppm) confere inibição de


corrosão para cobre e suas ligas.

 Inconvenientes: (1) alto custo; (2) reage com cloro,


perdendo sua eficiência inibidora; (3) Os
Mercaptobenzotiazois sofrem ação de oxidantes menos
enérgicos. 22
a. Sulfitos e Hidrazina

 Sequestrantes de oxigênio. Os sulfitos (SO3-2) e a hidrazina (N2H4)


reagem com o O2 de acordo com as equações:
 SO3-2 + ½ O2 SO4-2

 N2H4 + O2 N2 + 2 H2O

 São empregados como inibidores de corrosão, em tratamento de


água de caldeira.

 A hidrazina reage com os óxidos férrico (Fe2O3) e cúprico (CuO)


para formar para formar magnetita (Fe3O4) e óxido cuproso (Cu2O)
que são filmes protetores aderentes às superfícies metálicas.

 Inconvenientes: (1) os sulfitos, por introduzirem sólidos no sistema


têm seu uso restrito a caldeiras de baixa e média pressão (até 40
Kg/cm2); (2) a hidrazina apresenta custo muito elevado em relação
aos sulfitos.
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a. Nitritos

 Passivantes anódicos que introduzem o metal a formar o


seu próprio filme (Fe2O3 ou Fe3O4) protetor.

 Faixa ideal de pH: 9 a 10. Esta faixa é mantida com o auxílio


de substâncias tamponadoras, normalmente boratos.

Inconvenientes: (1) seu uso é restrito a sistemas fechados de


resfriamento face à facilidade com que os nitritos são oxidados
a nitratos; (2) os nitritos funcionam como nutrientes para
microorganismos, podendo ser oxidados a nitratos ou
reduzidos a amônia.

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a. Aminas e Amidas Fílmicas

 Substâncias que destilam juntamente com o vapor,


condensando-se nas seções de após caldeira.

 O filme formado nas linhas de condensado, impede o


contato com a solução ácida do condensado (proveniente
da dissolução do dióxido de carbono)

As dimetilamidas apresentam a vantagem de formar filme


monomolecular, enquanto as aminas filmadoras podem
formar camadas espessas gerando problemas de depósitos.

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7. CONTROLE DA CORROSÃO

O controle do processo corrosivo pode ser feito através dos


seguintes meios mais comuns.

 Emprego de corpos (cupons) de prova

 Medidas de Polarização linear de resistência elétrica

 Emprego de trocadores de calor-piloto

 Análise do meio corrosivo (água de circulação, etc.)

A taxa de corrosão é expressa usualmente em mdd (miligrama


por densímetro quadrado de área exposta por dia) ou mpy
(miligrama de polegada de penetração por ano), sendo esta
última a forma de avaliação recomendada pela NACE (National
Association of Corosion Engineers) Standard TM-01-69 27
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