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Segundo Trabalho – 2º GQ
Tema: Excludente de Ilicitude
RECIFE - PE
2021
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I - Excludente de ilicitude:
CONCEITO: Previsto no Artigo 23 do código penal, excludente de ilicitude trata de
uma possibilidade de uma pessoa praticar um ato ilícito sem que seja considerada
uma atitude criminosa, ou seja, em legitima defesa, no estrito cumprimento legal do
dever ou no exercício regular de direito, se houver a necessidade de recorrer a uma
conduta ilegal, a excludente de ilicitude age excluindo a culpabilidade.
A) Estado de Necessidade
CONCEITO: É quando a pessoa age criminosamente em uma situação de perigo, na
intenção de se salvar da situação. Porém, por ser uma causa especial de excludente
de ilicitude, há a exclusão da responsabilidade penal, já que no momento fica
garantido pela lei.
1º CASO:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. (ARTS. 55-A DA LEI N.
9.605/98). AUTORIA E MATERIALIDADE. DEMONSTRADAS. ESTADO DE
NECESSIDADE. CONFIGURADO. APELAÇÃO PROVIDA. I. Autoria e
materialidade delitivas restaram plenamente demonstradas. II. A acusada
somente promoveu o desmatamento para garantir a subsistência de sua
família o que caracteriza o estado de necessidade, causa excludente de
ilicitude. III. Apelação provida. Sentença reformada.
2º CASO:
PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. LAVRADOR. ESTELIONATO
PREVIDENCIÁRIO. ESTADO DE NECESSIDADE CONFIGURADO.
ABSOLVIÇÃO. 1. A conduta do réu é típica e, em uma primeira análise,
antijurídica e culpável. Houve, contudo, no caso concreto, outro fato ao qual o
direito penal é indiferente, qual seja, o grave estado de saúde da esposa
apelante, que, inclusive, veio a falecer. 2. O fato imputado ao apelante, apesar
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de ser típico, analisadas as circunstâncias que o acompanham, não se revelou
antijurídico, em face da existência de uma causa de excludente de
antijuridicidade. 3. Ao tempo em que o apelante recebeu o benefício
indevidamente (este cessou com a morte de seu filho) o perigo para a saúde de
sua esposa era atual e levando em conta a sua condição de lavrador, era
impossível de ser evitado (o perigo) de outro modo igualmente eficaz. 4.
Encontram-se preenchidos os requisitos do estado de necessidade previsto no
art. 24 do CP: a) perigo atual, não provocado voluntariamente pelo agente; b)
salvamento de direito próprio do agente ou de outrem; c) impossibilidade de
evitar por outro modo o perigo; d) razoável inexigibilidade de sacrifício do
direito ameaçado"(Comentários ao Código Penal.Volume I, Tomo II, Nelson
Hungria e Heleno Cláudio Fragoso. 5ª. Edição Forense. 1978, pág. 273) 5. Apelo
provido.
B) Legítima Defesa
CONCEITO: É quando um agente reage a uma injusta agressão, usando de forma
moderada dos meios necessários, a fim de se defender, ou seja, quem age em
legítima defesa fica amparado pela lei, a qual determina que quem assim agir, não
comete nenhum crime.
1º CASO:
RECURSO CRIMINAL - CRIME CONTRA A VIDA - HOMICÍDIO - EXCLUDENTE
DE ILICITUDE - LEGÍTIMA DEFESA COMPROVADA - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA -
RECURSO DE OFÍCIO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO
Restando comprovada, pela análise da prova dos autos, a certeza de que o
agente praticara o homicídio ou tentativa em legítima defesa própria, nenhum
reparo merece a decisão que, com fulcro no art. 411 do Código de Processo
Penal, vem absolvê-lo sumariamente.
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(TJ-SC - RCCR: 366271 SC 2005.036627-1, Relator: Solon d´Eça Neves, Data de
Julgamento: 17/01/2006, Primeira Câmara Criminal, Data de Publicação:
Recurso Criminal n. , de Otacílio Costa.)
2º CASO:
APELAÇÃO CRIMINAL MINISTERIAL - HOMICÍDIO SIMPLES (ARTIGO 121 DO
CP)- SENTENÇA DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - LEGÍTIMA DEFESA
COMPROVADA - INEXISTÊNCIA DE EXCESSO PUNÍVEL - RECURSO
IMPROVIDO. 1. Restando comprovada, pela análise da prova dos autos, a
certeza de que o agente praticara o homicídio em legítima defesa própria,
nenhum reparo merece a decisão que, com fulcro no artigo 415, inciso IV, do
Código de Processo Penal, vem absolvê-lo sumariamente. 2. Não há falar que a
reação tenha sido desproporcional, pois, diante do contexto fático
apresentado, não se poderia exigir que o apelado tivesse a frieza de raciocinar
para agir de forma milimetricamente proporcional para fazer cessar agressão
perpetrada pela vítima, pois estava na iminência de ser atingido, o que afasta a
alegação de que houve excesso punível em sua conduta. 3. Recurso
improvido, para manter a sentença de absolvição sumária. CONTRA O
PARECER
1º CASO:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. ESTRITO
CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E LEGÍTIMA DEFESA. PROVA
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INEQUÍVOCA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA QUE SE IMPÕE. Não há razão para que
sejam os acusados julgados perante seus pares quando a prova dos autos não
revela dúvida qualquer de que os agentes de segurança ordenaram a parada
do veículo conduzido pelos ofendidos, em estrito cumprimento do dever legal,
deflagrando os disparos fatais contra as vítimas durante intenso conflito
armado, em situação de legítima defesa. RECURSOS PROVIDOS.
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DECRETADA.
2º CASO:
APELAÇÃO CRIMINAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO EM LOCAL HABITADO.
POLICIAL MILITAR. RECONHECIMENTO DAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE
DO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E LEGÍTIMA DEFESA.
ABSOLVIÇÃO. Devem ser reconhecidas as excludentes absolutórias do estrito
cumprimento do dever legal e legítima defesa, na conduta do agente que utiliza
os meios necessários e moderados para repelir injusta agressão no momento
em que agia em estrito cumprimento do dever legal, ao efetuar disparo no
intuito de dispersar um grupo de populares descontentes com a ação policial.
APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA.
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D) Exercício regular do direito
CONCEITO: Do mesmo modo que o estrito cumprimento do dever legal, o exercício
regular de direito é uma conduta autorizada pelo ordenamento jurídico, ou seja, é um
ato que retira a ilegalidade de uma conduta que é considerada crime.
1º CASO:
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MATÉRIA JORNALÍSTICA.
PUBLICAÇÃO. SENTENÇA PENAL. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO.
LICITUDE DA CONDUTA. TRÂNSITO EM JULGADO. NOVA DISCUSSÃO NO
CÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. 1. Recurso especial interposto contra acórdão
publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados
Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Faz coisa julgada no cível a sentença penal
que reconhecer ter sido o ato praticado em exercício regular de direito. 3. A
afirmação de que a publicação da matéria jornalística se deu no exercício
regular do direito-dever de imprensa constitucionalmente assegurado,
tratando-se, portanto, de um ato lícito, em decisão penal com trânsito em
julgado, impede a reabertura da discussão no cível para indagar acerca do
direito à reparação civil, especialmente em se tratando de responsabilidade
civil subjetiva. 4. Recurso especial provido.
2º CASO:
AÇÃO PENAL PRIVADA. REGISTRO DE OCORRÊNCIA POR CRIME DE
AMEAÇA. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. O registro de ocorrência policial
constitui-se em exercício regular de um direito. Comunicando-se falsamente
fato definido como crime, ter-se-á a prática do delito do artigo 340 do Código
Penal; se esta comunicação vier a dar ensejo à instauração de processo ou
mesmo investigação, ter-se-á a hipótese de denunciação caluniosa (art. 339 do
Código Penal), sempre se considerando a veracidade da imputação. Absorção
da calúnia pelos crimes contra a administração da justiça. NEGARAM
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PROVIMENTO. (Recurso Crime Nº 71005810213, Turma Recursal Criminal,
Turmas Recursais, Relator: Luis Gustavo Zanella Piccinin, Julgado em
23/05/2016).
(TJ-RS - RC: 71005810213 RS, Relator: Luis Gustavo Zanella Piccinin, Data de
Julgamento: 23/05/2016, Turma Recursal Criminal, Data de Publicação: Diário
da Justiça do dia 30/05/2016)
DIFERENÇA ENTRE:
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Certo é que, na legítima defesa temos uma ação defensiva com aspectos
agressivos, enquanto que no estado de necessidade a ação é agressiva com o
intuito defensivo.