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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO

ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - CURSO DE DIREITO


DISCIPLINA: DIREITO PENAL
Prof. Valdênia Brito Monteiro.

Aluno: Vinícius Gustavo de Mélo Silva

Primeiro Trabalho – 2º GQ
Tema: Classificação de crimes

RECIFE - PE
2021

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Tema: Classificação de crimes

Crime material: é aquele que prevê um resultado naturalístico como necessário


para sua consumação. São exemplos o delito de aborto e o crime de dano. Há quem
o chame de crime de resultado.

PROCESSO Nº 024.91.003222-6 (942) NATUREZA: ARTIGO 121, parágrafo 2º, incisos I, II, e IV, c/c
29, ambos do CPP. AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ACUSADO: ROMUALDO EUSTÁQUIO
LUZ FARIA - Egrégio Conselho de Sentença, por maioria de votos (mais de 03), ao responder o
terceiro quesito, reconheceu que o acusado ROMUALDO EUSTÁQUIO LUZ FARIA, qualificado nos
autos, concorreu para o crime, contratando o pistoleiro responsável por desferir os disparos de
arma de fogo contra a vítima Maria Nilce dos Santos Magalhães.

Processo: 0005273-25.2014.8.19.0014 Classe/Assunto: Ação Penal - Procedimento Ordinário - Furto


(Art. 155 - CP) Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Acusado: IVAIR DE
ALMEIDA ALEXANDRE Flagrante 134-01506/2014 19/02/2014 134ª Delegacia Policial. Trata-se de
Ação Penal Pública Incondicionada promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO-MPRJ em face de IVAIR DE ALMEIDA ALEXANDRE, imputando-lhe a prática do crime
tipificado no artigo 155, caput, do Código Penal.

Processo: 0039766-70.2015.8.19.0021 Classe/Assunto: Ação Penal - Procedimento Ordinário -


Estelionato (Art. 171 - CP), 20 X Autor: MP Acusado: RICARDO MACEDO DE MORAES Acusado:
ANTONIO CARLOS DA SILVA JUNIOR Flagrante 061-01829/2015 16/07/2015 61ª Delegacia Policial.
PASSA-SE À DECISÃO. Trata-se de ação penal pública incondicionada, na qual se imputa ao 1º
acusado a prática do crime previsto no art. 171, caput, (vinte vezes), e art. 171, caput, c/c art. 14,
inciso II (uma vez), todos n/f do art. 71, do Código Penal, e ao 2º acusado a prática do crime
previsto no art. 171, caput, (vinte vezes), n/f do art. 71, do CP, em razão dos fatos narrados na
denúncia.

Crime formal: é aquele que descreve um resultado naturalístico, cuja ocorrência é


prescindível para a consumação do delito. Também denominado de delito de tipo
incongruente. É o caso da extorsão mediante sequestro e o do descaminho.

AÇÃO PENAL Nº 5000175-33.2010.404.7008/ AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU :


MOINSES DE FREITAS ADVOGADO : Klissia Gles Moura Furlan - Imputa-se ao réu a prática do crime
previsto no artigo 289, § 1º, do Código Penal, cujo teor é o seguinte: 'Art. 289. Falsificar,
fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no
estrangeiro: Pena - reclusão de três a doze anos, e multa. § 1º- Nas mesmas penas incorre quem,
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por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou
introduz na circulação moeda falsa'.
Transitada em julgado a presente sentença: 1) nos termos do artigo 342 da Consolidação
Normativa, da Corregedoria-Geral da Justiça Federal da 4ª Região, proceda-se ao cálculo do valor
das custas processuais e, em seguida, formem-se os respectivos autos de execução penal; 2)
lancem-se o nome do réu condenado no rol dos culpados; e 3) comunique-se ao Juízo Eleitoral, para
os fins do artigo 15, inciso III, da Constituição Federal; 4) Encaminhe-se a nota falsa apreendida ao
BACEN, nos termos do artigo 1º, inciso V, da Resolução da nº 428, de 07 de abril de 2005, do
Conselho da Justiça Federal, com os dizeres 'moeda falsa', para que seja efetuada a sua destruição.
Paranaguá, 10 de junho de 2011. Gabriela Hardt Juíza Federal Substituta

AÇÃO PENAL Nº 5001974-53.2011.404.7113/RS AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU :


AUREO ZAT ADVOGADO : ALOÍSIO DE NARDIN - O réu foi denunciado pela prática de fato
enquadrado na Lei n. 8.137/90, no seguinte dispositivo: 'Art. 1° Constitui crime contra a ordem
tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
(...) Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.' Ante o exposto, julgo parcialmente
procedente a denúncia para condenar o réu ÁUREO ZATT, como incurso nas sanções do artigo 1º, I
da Lei 8.137/91, à pena de 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, e ao pagamento da pena
pecuniária de 48 (quarenta e oito) dias-multa, fixado o diamulta no valor de 1/10 (um décimo) do
salário mínimo da época dos fatos (setembro de 2005)

Crime omissivo: é aquele que é praticado por meio de um comportamento


negativo, uma abstenção, um não fazer.

Os crimes omissivos se subdividem em:

Omissivos impróprios: também chamado de comissivo por omissão, é aquele cujo


dever jurídico de agir decorre de uma cláusula geral, que, no Código Penal
Brasileiro, está previsto em seu artigo 13, parágrafo segundo. O dever jurídico
abrange determinadas situações jurídicas e se refere a qualquer crime comissivo. O
sujeito tem o dever de evitar o resultado naturalístico. Por isso, tais delitos são
chamados comissivos por omissão. A doutrina aponta que só abrange crimes
materiais, já que o agente deve ter o dever de evitar o resultado.
São crimes naturalmente comissivos (praticados por um comportamento
positivo, uma ação), como é o caso do homicídio, mas que podem ser praticados por
uma conduta omissiva, no caso de o sujeito ter o dever jurídico de agir previsto na
cláusula geral.

Os crimes omissivos impróprios possuem as seguintes modalidades:

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Por dever legal: aquele que tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância. É o caso dos pais em relação aos filhos menores. Se deixarem de
alimentá-los, podem responder pelo homicídio, um delito, no caso, omissivo
impróprio.

APELAÇÃO ? ABANDONO MATERIAL ? AUSÊNCIA DE PAGAMENTO POR NÃO POSSUIR


EMPREGO FIXO ? JUSTA CAUSA NÃO EVIDENCIADA ? CONDIÇÕES FINANCEIRAS ?
CONFISSÃO E PROVA TESTEMUNHAL ? DOLO EVIDENCIADO ? CONDENAÇÃO MANTIDA ?
CONTINUIDADE DELITIVA ? CRIME PERMANENTE ? CONTINUIDADE DECOTADA ? CUSTAS
? DEFENSOR DATIVO ? ISENÇÃO ? RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - Não tendo o
acusado demonstrado a impossibilidade de pagar a pensão alimentícia devida, não
comprovando sua condição de desempregado, ônus esse que incumbe à defesa, não há
que se falar em justa causa, mormente quando demonstrado que as vítimas estão
sofrendo privações de suas necessidades básicas. - Demonstrada a consciência que tinha
o agente sobre o dever legal de cumprir com o pagamento da pensão alimentícia, e
evidenciada a existência de condições para que tais pagamentos fossem feitos,
demonstrado está o dolo (consciência e vontade) exigido pela figura típica do art. 244,
do Código Penal. - O crime de abandono material classifica-se como crime permanente,
impondo-se a condenação do agente por apenas um delito, ainda quando o
inadimplemento da obrigação alimentícia tenha ocorrido ao longo de sucessivos meses. -
Tratando-se de acusado hipossuficiente, assistido pela Defensoria Pública, deve ser ele
isentado do pagamento das custas processuais, nos termos do art. 10, II, da Lei Estadual
nº 14.939/03. - Recurso provido em parte. V. V. APELAÇÃO CRIMINAL. Abandono
material. NÃO COMPROVAÇÃO DE DOLO POR PARTE DO RÉU. absolvição. NECESSIDADE.
RECURSO PROVIDO. 1. O crime de abandono material é doloso, motivo pelo qual existe a
necessidade de comprovação da intenção do agente de deixar de pagar as parcelas
referentes à pensão alimentícia com o fim de abandonar o filho materialmente. 2. A
prova do elemento subjetivo do agente é ônus atribuído ao titular da ação penal. 3.
Inexistindo comprovação do dolo, a absolvição é medida que se impõe. 4. Recurso
provido. (Des. Ma rcílio Eustáquio Santos)

(TJ-MG - APR: 10084090124623001 MG, Relator: Agostinho Gomes de Azevedo, Data de


Julgamento: 29/08/2013, Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL, Data de
Publicação: 06/09/2013)

Por dever de garantidor: é o sujeito que, de outra forma, assumiu a


responsabilidade de impedir o resultado. É o salva-vidas de um clube, que, por
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vínculo de trabalho, se obriga a salvar uma criança que se afoga e pode responder
pelo resultado morte, caso se abstenha de agir.

PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª


REGIÃO Vara do Trabalho de Poá ATOrd 1001536-77.2019.5.02.0391RECLAMANTE: BRUNA
CAROLINE DO NASCIMENTO OLIVEIRARECLAMADO: BK BRASIL OPERACAO E ASSESSORIA A
RESTAURANTES S.A. - TRATA DE AÇÃO TRABALHISTA QUE CULMINOU NA CONDENAÇÃO
DA RÉ POR OMISSÃO DE SOCORRO DA RECLAMANTE aduzindo que a reclamada a
obrigou a laborar grávida, com sangramento vaginal, culminando com o aborto da
criança.

Por ingerência na norma: é aquele que, com seu comportamento anterior, criou o
risco da ocorrência do resultado. O sujeito que pôs fogo na mata, que se alastrou e
não avisa os seus empregados rurais, que podem ser atingidos pelo fogo,
responderá por sua abstenção, no caso de sofrerem lesão corporal.

SENTENÇA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO E EMPRESA DE ÔNIBUS. INCÊNDIO


ÔNIBUS ITAPEMIRIM. PROCESSO Nº 0112722-28.2007.8.19.0001 ação dos bandidos
incendiando ônibus é reação a ação da autoridade pública ou de seus agentes, mormente
quando a autoridade pública sabe que a reação virá e se dirigirá contra a população.

Omissivos próprios: é aquele previsto em um tipo mandamental, ou seja, um tipo


que já descreve um comportamento negativo no seu núcleo. O dever jurídico de agir,
naquela situação, decorre do próprio tipo penal, que é chamado, então, de
mandamental, por tornar criminosa uma abstenção (ou omissão) em determinadas
circunstâncias. O agente, no caso, não tem o dever de evitar um resultado, mas
simplesmente o dever de agir para não incorrer na prática do crime. Exemplo é o
crime de omissão de socorro.

Processo: 0011675-76.2006.8.19.0023 (2006.023.011794-7)


Classe/Assunto: Ação Penal de Competência do Júri - Homicídio Simples (Art. 121, caput -
CP), PAR 3º DO CP E Crimes Contra a Vida (Arts. 121 a 128 - Cp), PAR 4º Autor: MINISTÉRIO
PÚBLICO Réu: MÔNICA PACHECO DE OLIVEIRA Réu: MARCO ANTÔNIO DIAS FERREIRA
Inquérito 2280/03 30/07/2003 71ª Delegacia Policial Trata-se de AÇÃO PENAL PÚBLICA
incondicionada, em que MONICA PACHECO DE OLIVEIRA e MARCO ANTONIO DIAS
FERREIRA, qualificados anteriormente nestes autos, respondem como incursos nas penas
do artigo 121, §§ 3º e 4º, primeira parte, na forma do artigo 13 § 2º, "a", todos do Código
Penal. Narra a denúncia (fls. 02/02A e 482/483), em síntese, que no dia, hora e local lá
descritos, os denunciados, de forma voluntária e negligente, violando o dever legal de
impedirem o resultado, na condição de agentes garantidores, deixaram de prestar o
devido atendimento e socorro médico à vítima Idelir da Conceição Pinto Barbosa, que veio
a falecer.
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INDENIZAÇÃO - DANO MORAL - HOSPITAL - PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - EMERGÊNCIA - OMISSÃO DE
SOCORRO - VALOR FIXAÇÃO Ementa: Indenização. Danos morais. Atendimento hospitalar. Omissão
de socorro demonstrada. Responsabilidade. - O fato de o hospital não ser dotado de instalações
para prestação de atendimento de urgência e emergência não retira sua responsabilidade pela
conduta ilícita omissiva, pois a infração ao dever de agir restou caracterizada, ante sua
comprovada omissão na prestação de socorro à vítima. - Na valoração da verba indenizatória a
título de danos morais, deve-se levar em conta a dupla finalidade da reparação, buscando um
efeito repressivo e pedagógico e propiciar à vítima uma satisfação, sem que isso represente
enriquecimento sem causa. APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0701.04.097064-5/001 - Comarca de Uberaba -
Apelantes: 1º) Hospital Beneficência Portuguesa, 2º) Geraldo Ricardo Borges. Apelados: os mesmos
- Relator: Des. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES

Crime de perigo: é aquele que, para que se considere consumado, exige apenas
que o bem seja exposto a perigo. Portanto, a efetiva ocorrência de dano ao bem
jurídico protegido pela lei penal é desnecessária para que o crime se consume.

São exemplos os crimes de perigo de contágio venéreo, de omissão de socorro e de


tráfico ilícito de entorpecentes.

Os crimes de perigo podem ser subdivididos em:

De perigo concreto: é o crime de perigo cuja configuração requer a demonstração


de que o bem jurídico efetivamente foi posto em perigo. É exemplo o crime de
incêndio, em que o perigo deve ser demonstrado.

De perigo abstrato (ou puro): é o crime de perigo em que a sua consumação não
depende da demonstração de que tenha colocado o bem jurídico em risco. O risco é
presumido, de forma absoluta, pela lei. É o caso do crime de associação criminosa e
crime de posse irregular de munição de uso permitido ou restrito, dos artigos 12 e 14
da Lei 10.826/2003[1].

De perigo abstrato de “perigosidade” ou periculosidade real: cuida-se de


denominação nova trazida por alguns doutrinadores. Seria o crime de perigo em que
deve ser demonstrado o risco, mas não a pessoa certa e determinada. Não é uma
denominação utilizada pela maioria da doutrina, que só distingue os crimes de
perigo, quanto à demonstração do risco, em concretos e abstratos. Este Professor
entende que esta classificação em nada se diferencia como a seguinte, de crimes de
potencial perigo. Para muitos doutrinadores, seria uma mistura indevida de
categorias, relacionando o perigo comum ao perigo concreto. Seria exemplo o crime
de embriaguez ao volante, em que bastaria a demonstração de perigo ao tráfego de
pessoas e veículos, sem necessidade de se comprovar que determinada pessoa foi
colocada em risco.

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De perigo individual: é o delito que causa perigo a uma pessoa ou a um grupo
determinado de pessoas. Pode-se apontar como exemplo o delito de perigo de
contágio de moléstia grave.

De perigo comum ou coletivo: é aquele cujo perigo de dano atinge um número


indeterminado de pessoas. Temos como exemplos o crime de fabrico, fornecimento,
aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (artigo 253
do CP) e o de incêndio (artigo 250 do CP).

De perigo atual: é aquele cujo perigo causado é contemporâneo à conduta do


agente. O crime de desabamento ou desmoronamento do artigo 256 do CP tende a
ser de perigo atual, pois o desabamento de um prédio, no momento em que ocorre,
já coloca em perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.

De perigo iminente: é aquele cujo perigo está prestes a acontecer. O abandono de


incapaz, do artigo 133 do CP, na prática, pode se mostrar um crime de perigo
iminente, já que, ainda que a pessoa sob cuidado não fique em perigo
imediatamente, pode ficar depois de algum tempo sem cuidado.

De Perigo futuro ou mediato: é aquele que produz um risco futuro. Os exemplos


são a associação criminosa ou o porte de munição de uso permitido.

Na Alemanha, há a denominação de crimes de aptidão, de perigo hipotético


ou de crime de perigo abstrato-concreto. Referida teoria buscaria trazer uma nova
classificação entre os quatro tipos de delitos acima descritos. Crimes de aptidão[2]
seriam aqueles em que o perigo seria parte do tipo, e não uma fundamentação da
própria incriminação. Por isso, seriam diferentes dos crimes de perigo abstrato. Além
disso, não exigiriam a demonstração de um perigo concreto, razão pela qual se
diferenciariam dos crimes de perigo concreto. Referidos delitos seriam assim
denominados por exigirem a aptidão da produção do resultado, ou seja, a
potencialidade de causar o dano ao bem jurídico. Exigir-se-ia, assim, a idoneidade
para a produção do resultado, sem exigir sua comprovação caso a caso, mas a
demonstração de que, pelo que ordinariamente acontece, a conduta era idônea para
colocar o bem jurídico em risco.

TJ-RS - Apelação Crime ACR 70074980210 RS (TJ-RS)


MAUS TRATOS (Gurgel). CRIME E AUTORIA COMPROVADOS. CONDENAÇÃO MANTIDA.
MAUS TRATOS (Fernanda). INEXISTÊNCIA DE CRIME. ABSOLVIÇÃO IMPOSTA. I - Como
afirmou o Julgador, condenando o recorrente Gurgel: \Interrogado, ademais, o réu Gurgel
confessou espontaneamente a imputação, tornando certa a autoria, quanto ao primeiro
fato. Prova plena, logo, o réu Gurgel expôs a perigo a saúde de pessoa menor de 14 anos,
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privando-a de alimentação e abusando dos meios de correção e disciplina.\II - Inaplicável,
no caso da apelante Fernanda, o que dispõe o artigo 13 do Código Penal em seu parágrafo
segundo, letra a\. Evidentemente, a apelante tinha a obrigação de cuidado e proteção da
filha, mas também o recorrente que, de acordo com a denúncia, era padrasto da vítima.
Ou seja, a obrigação era mútua e se ele abusava dos meios de correção, como fala a peça
acusatória, não se vislumbra tipicidade na conduta da mãe da ofendida, pois é duvidoso,
na hipótese, se \devia e podia agir para evitar o resultado.\ De outra banda, a testemunha
informou que \a genitora não interferia, pois acabava apanhando também.\DECISÃO:
Apelo defensivo de Gurgel desprovido. Unânime. Apelo defensivo de Fernanda provido. Por
maioria.

APELAÇÕES CRIMINAIS (RÉUS PRESOS). CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA, A ORDEM


PÚBLICA, O PATRIMÔNIO, A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33,
CAPUT, DA LEI N. 11.343/06), ASSOCIAÇÃO À NARCOTRAFICÂNCIA (ART. 35 DA LEI DE
DROGAS), ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (ART. 288 DO CÓDIGO PENAL), FURTO QUALIFICADO
PELO CONCURSO DE AGENTES (ART. 155, § 4.º INC. VI, DO CÓDIGO PENAL), CRIME DE
FAVORECIMENTO PESSOAL (ART. 348, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL), EXPOR AO PERIGO A
VIDA OU SAÚDE DE OUTREM (ART. 132 DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA CONDENATÓRIA.
RECURSOS EXCLUSIVOS DAS DEFESAS E TAMBÉM DE TERCEIROS INTERESSADOS (ESTES
DIRECIONADOS EXCLUSIVAMENTE AO PERDIMENTO DE BENS DECLARADO NO PRIMEIRO
GRAU). PRELIMINARES DE (1) NULIDADE DE ELEMENTOS INFORMATIVOS PRODUZIDOS NA
FASE POLICIAL (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA NÃO SUBMETIDA À PERÍCIA DE VOZ, NÃO
DEGRAVADA POR PERITO E PRORROGADA POR PRAZO EXCESSIVO), (2) NULIDADE DE
ELEMENTOS INFORMATIVOS E PROVAS JUDICIAIS DERIVADAS (INTERCEPTAÇÕES
TELEFÔNICAS QUE CONTINHAM COMUNICAÇÃO SIGILOSA ENTRE CLIENTE E ADVOGADO,
(3) INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA. PRELIMINARES
REJEITADAS. MÉRITO. PLEITOS DE ABSOLVIÇÃO COM FUNDAMENTO NA INSUFICIÊNCIA DE
PROVAS DA AUTORIA DELITIVA DOS CRIMES DE TRÁFICO DE DROGAS (SEGUIDO DE PLEITO
DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA A CONDUTA DE POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO
PESSOAL), ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO, ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA, FURTO QUALIFICADO PELO
CONCURSO DE AGENTES, PERIGO DE VIDA OU SAÚDE DE OUTREM, FAVORECIMENTO
PESSOAL. MATERIALIDADE E AUTORIA DOS CRIMES COMPROVADAS ESTREME DE
DÚVIDAS. SENTENÇA CONDENATÓRIA MANTIDA. PLEITO DE REVISÃO DA CLASSIFICAÇÃO
JURÍDICA DA CONDUTA (RECONHECIMENTO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO) E DA
DOSIMETRIA DA PENA APLICADA (FIXAÇÃO DA PENA BASE NO MÍNIMO LEGAL OU,
SUBSIDIARIAMENTE, PELA EXASPERAÇÃO DA PENA BASE NA FRAÇÃO DE 1/8 PARA CADA
VETOR NEGATIVADO). INSUBSISTÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS EXATOS
FUNDAMENTOS. APELAÇÕES CRIMINAIS INTERPOSTAS PELAS DEFESAS: CONHECIMENTO
(EXCETO QUANTO AOS PEDIDOS DE CONCESSÃO DA JUSTIÇA GRATUITA E DE RESTITUIÇÃO
DE BENS E VALORES PERTENCENTES A TERCEIROS), PRELIMINARES AFASTADAS E MÉRITO
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DESPROVIDO, PREJUDICADO O PLEITO FORMULADO PARA RECORRER EM LIBERDADE.
RECURSOS INTERPOSTOS POR TERCEIROS INTERESSADOS. CONHECIMENTO E
DESPROVIMENTO. I. ADMISSIBILIDADE. JUSTIÇA GRATUITA. O pleito de isenção do
pagamento das custas processuais é matéria afeta ao Juízo do primeiro grau, a ser
discutida após o trânsito em julgado da sentença. Pedido não conhecido. II. PRELIMINAR
DE NULIDADE DA AÇÃO PENAL. DUPLA CONDENAÇÃO PELOS MESMOS FATOS. Não se
desconhece que a figura penal do art. 33, caput, da Lei n.º 11.343/06 prevê tipicidade
mista alternativa, em que a prática de mais de um dos verbos contidos no dispositivo
caracteriza crime único. Não é o caso dos autos. Na hipótese, o apelante C.V. foi
condenado em ação penal diversa da presente pela prática de crimes ocorridos em
contextos fáticos e temporais distintos (intervalo de cerca de um mês), e ainda que tenham
sido investigados por uma mesma operação, não configura bis in idem. Preliminar
afastada. III. PRELIMINAR. QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO DE ADVOGADO NO EXERCÍCIO
DA PROFISSÃO. Não há falar em quebra do sigilo das comunicações do advogado no
exercício de sua profissão quando a decisão judicial que determinou a produção da
referida prova apontou, em seu conteúdo, tão somente o número da pessoa investigada,
ainda que sua realização tenha captado incidentalmente diálogos entre o denunciado e
seu patrono. IV. PRELIMINAR DE NULIDADE DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. É pacífico o
entendimento nesta Corte e nas superiores de que é prescindível perícia nas vozes dos
interlocutores e que a degravação seja realizada integralmente e por perito, ante a
ausência de comando específico na Lei n.º 9.269/96 que regula as interceptações
telefônicas. V. PRELIMINAR DE NULIDADE. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PRORROGAÇÃO.
Mostrando-se necessário prorrogar as interceptações por mais de 15 dias para o êxito da
investigação, não há falar em nulidade por excesso de prazo. VI. PRINCÍPIO DA
CORRELAÇÃO. Se a fundamentação e o dispositivo da condenação guardam
correspondência com os fatos descritos na inicial acusatória, inexiste ofensa ao princípio
da correlação entre a denúncia e a sentença. VII. MÉRITO. NARCOTRAFICÂNCIA E PLEITO
SUBSIDIÁRIO DE DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA. Quando os elementos contidos nos
autos de prisão em flagrante (em especial, as interceptações telefônicas) são corroborados
em Juízo por declarações firmes e coerentes dos agentes públicos que participaram das
extensas investigações e da prisão dos réus, forma-se, em regra, um conjunto probatório
sólido e suficiente para a formação do juízo de condenação. Uma vez confirmada a prática
de tráfico de entorpecentes, resta afastada a tese de que as drogas apreendidas seriam
para consumo próprio. VIII. TRÁFICO PRIVILEGIADO. Não se aplica a causa especial de
diminuição de pena estabelecida no § 4.º do art. 33 da lei antidrogas quando demonstrado
nos autos que o réu dedicava-se à atividade criminosa com habitualidade, e integrava
organização criminosa, ainda que primário e de bons antecedentes. IX. ASSOCIAÇÃO À
NARCOTRAFICÂNCIA (ART. 35 DA LEI DE DROGAS). Comprovado o elemento subjetivo do
tipo específico, consistente no ânimo de caráter estável e duradouro entre os acusados
para prática da narcotraficância, a incutir no julgador certeza acerca da responsabilidade
penal dos réus pelos fatos narrados na denúncia, impõe-se a sua condenação pelo crime
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previsto no art. 35 da Lei Antidrogas. X. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (ART. 288 DO CÓDIGO
PENAL). Para a caracterização do crime de quadrilha ou bando armado, basta a
comprovação do ato associativo entre três ou mais pessoas, em caráter estável e
duradouro, com ostensiva organização e atribuição de tarefas entre os membros, com a
finalidade específica de cometer crimes diversos (STJ, HC n. 374515. Dje 07.03.2017). XI.
FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES (ART. 155, § 4.º, DO CÓDIGO PENAL).
As provas constantes nos autos são suficientes para sustentar a condenação, em especial o
depoimento de agente da polícia e conteúdo das interceptações telefônicas, que
comprovaram, ainda, que o apelante agiu em comunhão de esforços e divisão de tarefas
para a consumação do delito. XII. FAVORECIMENTO PESSOAL. Comete o crime de
favorecimento pessoal aquele que auxilia o autor de um crime a subtrair-se da ação
policial. XIII. CONDUÇÃO DE VEÍCULO SEM HABILITAÇÃO. Comete o crime tipificado no art.
309 da Lei n. 9503/97 aquele que, concomitantemente, dirige veículo automotor, em via
pública, sem habilitação, em ação que gere potencial dano à incolumidade de outrem ou à
seguridade viária. XIV. CRIME DE PERIGO DE VIDA OU SAÚDE DE OUTREM. Uma vez
configurada a inserção de uma vítima em situação de real perigo à sua vida ou saúde
(situação muito próxima ao dano efetivo), resta claro o cometimento do delito tipificado
no art. 132 do Código Penal. XV. DOSIMETRIA DA PENA. EXASPERAÇÃO DA PENA BASE. Na
hipótese, possível a elevação da pena-base em 1/6 (um sexto) com fundamento na
natureza e nocividade da droga apreendida (cocaína), procedimento autorizado pelo art.
42 da Lei n.º 11.343/2006, o qual inclusive prevê a preponderância de tal circunstância
sobre o previsto no art. 59 do Código Penal. XVI. PLEITO DE REDUÇÃO DA MULTA-TIPO.
Considerando que a multa integra preceito secundário dos crimes previstos nos arts. 33,
35, caput, da Lei de Drogas, a sua aplicabilidade e a sua valoração não ficam a cargo da
discricionariedade do Poder Judiciário. No mais, a lei viabiliza o parcelamento no Juízo de
Execução (art. 169 da Lei n.º 7.210/1984). Pleito desprovido. XVII. PLEITO DE RESTITUIÇÃO
DE BENS E VALORES FORMULADOS POR TERCEIROS INTERESSADOS (RECURSOS
AUTÔNOMOS). A interpretação dos arts. 243 da Constituição Federal, 62 e 63 da Lei de
Drogas e 91 do Código Penal, conduz à conclusão de que inadmissível a restituição de bens
utilizados na prática de crimes e, também, de valores apreendidos na diligência policial
cuja origem lícita não foi comprovada. XVIII. DO PLEITO DE RECORRER EM LIBERDADE. A
partir do presente julgamento, com a confirmação da condenação e o esgotamento das
instâncias ordinárias, ante a atual orientação jurisprudencial do STF, que autoriza a
imediata execução da pena imposta, o pleito fica esvaziado, pois superada a prisão
cautelar. Julgado prejudicado o pedido.

(TJ-SC - APR: 00032488920178240080 Xanxerê 0003248-89.2017.8.24.0080, Relator: Júlio


César M. Ferreira de Melo, Data de Julgamento: 30/04/2019, Terceira Câmara Criminal)

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Crime permanente: é aquele cuja consumação se protrai no tempo, isto é, se
prolonga. A fase da consumação persiste enquanto desejar o agente. O sujeito ativo
do delito consegue prolongar no tempo a fase de consumação do delito. É o caso da
extorsão mediante sequestro.

PROCESSO Nº 2008.84.01.000803-3 –APELAÇÃO CRIMINAL Nº 11584 –RN


ORIGEM: 10ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE
APELANTE: ANTÔNIO IDALINO NOGUEIRA JÚNIOR
DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL: DANIEL TELES BARBOSA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADOR DA REPÚBLICA: EMANUEL DE MELO FERREIRA
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ALEXANDRE LUNA FREIRE –1ª TURMA
EMENTA
PENAL. CRIMES DE ROUBO E DE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO. AUTORIA
COMPROVADA. CONCURSO FORMAL E MATERIAL ENTRE OS DELITOS. CONSUNÇÃO.
INOCORRÊNCIA. DOSIMETRIA. PROPORCIONALIDADE. CONDENAÇÃO. APELAÇÃO.
DESPROVIMENTO.

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