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03/12/2020

UNIDADE 10
As Relações Económicas com
o Resto do Mundo

Eugénia Carvalho AECCB 2020/21

Diversidade de relações internacionais


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 No mundo atual, as relações económicas que se estabele-


cem entre países são intensas e diversificadas dado que,
cada vez mais, circulam bens, serviços, pessoas, capitais,
informação, tecnologia, etc..

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Comércio interno e externo


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 O comércio é a atividade de compra e venda que permite


pôr à disposição do consumidor os bens e os serviços que vão
satisfazer as suas necessidades.

Comércio interno e externo


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 Então podemos falar de comércio a dois níveis: comércio


interno e comércio externo (ou comércio internacional).
Realizado entre agentes económicos
Interno residentes no mesmo país

Comércio
Realizado entre agentes económicos
Externo residentes em países diferentes

 O comércio externo ou comércio internacional


engloba as transações de bens, serviços e capitais realizadas
entre um país e o Resto do Mundo, ou seja, entre unidades
institucionais residentes e não residentes.

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Necessidade de comércio internacional


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 Os recursos naturais e humanos encontram-se desigual-


mente distribuídos pelo Globo, pelo que cada país apresenta
um conjunto de potencialidades próprias que levam à sua
especialização em determinadas atividades produtivas.
 Em resultado desta especialização, surgem as trocas inter-
nacionais, ou seja, o comércio entre os diversos países.
 Assim, os países vendem ao exterior os bens e os serviços que
produzem em excesso e compram ao exterior os bens que
não são produzidos ou que produzem em quantidade
insuficiente.

Necessidade de comércio internacional


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 A necessidade de comércio internacional justifica-se pelos


seguintes fatores:
 Divisão internacional do trabalho
(DIT);
 Estratégia de crescimento econó-
mico dos países;
 Globalização.

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A DIT e as vantagens absolutas/relativas


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 A DIT resulta da especialização dos países na produção de


bens para os quais apresenta maiores potencialidades,
comprando outros ao exterior.
 Esta especialização baseia-se nas vantagens absolutas e
relativas (ou comparativas) que os países apresentam na
produção desses bens.

Vantagens absolutas / relativas


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 Diz-se que um país apresenta uma vantagem absoluta na


produção de um bem quando o custo de produção desse bem
é menor do que noutro país.
 Um país apresenta uma vantagem relativa (ou compa-
rativa) na produção de um bem quando o produz com um
custo relativo mais baixo do que noutro país.

 Custo relativo do bem X (em relação ao bem Y):


Custo do bem X
Custo relativo do bem X =
Custo do bem Y

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Vantagens absolutas / relativas


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 Exemplo 1:
Custo de produção
Países 1 l vinho 1 kg trigo
Portugal 4 u.m. 8 u.m.
Espanha 6 u.m. 5 u.m.

 Portugal tem vantagem absoluta na produção de vinho, pois


produz este bem a um custo inferior ao da Espanha;
 A Espanha tem vantagem absoluta na produção de trigo, pois
produz este bem a um custo inferior ao de Portugal;
 Portugal deve especializar-se na produção de vinho e a Espanha
deve especializar-se na produção de trigo.

Vantagens absolutas / relativas


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 Exemplo 2:

Custo de produção Custos relativos


Países 1 l vinho 1 m tecido vinho/tecido tecido/vinho
Portugal 4 u.m. 8 u.m. 4/8 = 0,5 8/4 = 2
Inglaterra 7 u.m. 10 u.m. 7/10 = 0,7 10/7 = 1,4

 Portugal tem vantagem relativa na produção de vinho, pois o custo


relativo deste bem é mais baixo do que na Inglaterra;
 A Inglaterra tem vantagem relativa na produção de tecido, pois o
custo relativo deste bem é mais baixo do que em Portugal;
 Portugal deve especializar-se na produção de vinho e a Inglaterra
deve especializar-se na produção de tecido.

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Importações e exportações
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 O comércio internacional origina duas operações económicas


fundamentais: as importações e as exportações.
 Estas operações dão origem a dois tipos de fluxos entre um
país e o Resto do Mundo: fluxos reais e fluxos monetários.
 Exemplo: importação e exportação de mercadorias
entrada de divisas

exp. mercadorias

RESTO DO
PORTUGAL fluxos reais
MUNDO

imp. mercadorias
fl. monetários
saída de divisas

Divisa – moeda com aceitação nas trocas internacionais

Exercício 1
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 De entre as seguintes trocas, identifica as que correspondem a


atos de comércio interno e a atos de comércio externo.
a) Compra de têxteis espanhóis, efetuado por uma empresa residente
em Portugal a uma empresa residente em Espanha.
b) Venda de carne alentejana a um supermercado português.
c) Despesas efetuadas por um cidadão residente em Portugal, numa
viagem à Alemanha.
d) Pagamento de um transporte de mercadorias de Paris para Lisboa,
efetuado por uma empresa residente em França.
e) Compra de sapatos a uma fábrica de Famalicão por uma sapataria
do Algarve.
f) Venda de vinho do porto, efetuado por uma empresa residente em
Portugal a uma empresa residente no Reino Unido.

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Exercício 2
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Verdadeiro ou Falso? V/F


O comércio externo engloba as transações de bens e serviços realizadas
entre agentes económicos nacionais e estrangeiros. F

A especialização produtiva dos países a nível mundial deu origem à


divisão internacional do trabalho. V

O comércio internacional, resultante da especialização dos países,


contribui para o aumento da produção, em termos globais.
V

A globalização é um dos fatores que contribuiu para a intensificação das


V
trocas internacionais.
Um país apresenta uma vantagem absoluta na produção de um bem
F
quando o custo de produção desse bem é superior ao de outro país.
Uma importação de mercadorias dá origem a um fluxo real de saída e a
um fluxo monetário de entrada (no país importador). F

Registo das Relações Económicas


com o Resto do Mundo
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Contabilização das trocas externas


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 Os países precisam de saber o valor das transações


económicas que realizam com o Resto do Mundo, sendo esse
registo obrigatório por lei.
 O documento que se utiliza para efetuar o registo das trocas
externas chama-se Balança de Pagamentos.
 Em Portugal, a instituição responsável pelas estatísticas da
Balança de Pagamentos é o Banco de Portugal.
 As estatísticas da Balança de Pagamentos são importantes
para que o governo conheça a situação do país em relação ao
exterior, permitindo tomar as medidas de política económica
mais apropriadas.

A Balança de Pagamentos
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 A Balança de Pagamentos é o documento estatístico onde


são registados os fluxos monetários e financeiros decorrentes
das relações económicas com o Resto do Mundo.
COMPONENTES DA BALANÇA DE PAGAMENTOS
Bens
Serviços
Balança Corrente
Rendimento primário
Balança de Rendimento secundário
Pagamentos Balança de Capital
Balança Financeira
Erros e Omissões

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Estrutura das balanças


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Operações Débito Crédito Saldo


-…
-…
-…
-…

 Registam-se a débito, as operações que dão origem a uma


saída de divisas. Ex: importação de mercadorias
 Registam-se a crédito, as operações que dão origem a uma
entrada de divisas. Ex: exportação de mercadorias
 O saldo é igual à diferença entre o crédito e o débito.
Saldo = Crédito – Débito

Tipologia de saldos
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O saldo das balanças pode apresentar três situações:


 Saldo negativo ou défice, quando o valor do crédito é
inferior ao valor do débito;
Défice → Crédito < Débito
 Saldo positivo ou superavit, quando o valor do crédito é
superior ao valor do débito;
Superavit → Crédito > Débito
 Saldo nulo ou situação de equilíbrio, quando o valor do
crédito é igual ao valor do débito.
Saldo nulo → Crédito = Débito

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Balança Corrente
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 A Balança Corrente compreende as transações entre


residentes e não residentes, associadas ao comércio interna-
cional de mercadorias e serviços e aos rendimentos do
trabalho e de investimento; incluem-se também os valores
correspondentes a mudanças de propriedade sem contra-
partida (transferências unilaterais) devidas a operações de
natureza corrente.
 Por grandes componentes, esta balança desagrega-se em:
 Mercadorias (Bens)
 Serviços
 Rendimentos (Rendim. primário)
 Transf. correntes (Rendim. secundário)
Ver vídeo

Balança de Bens (Mercadorias)


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 Nesta Balança registam-se os fluxos monetários corres-


pondentes às exportações e importações de mercadorias;
exemplos: produtos alimentares, têxteis, máquinas, etc.
BALANÇA DE BENS
Operações Débito Crédito Saldo
-…
-…
-…

 Exportações < Importações → Défice da Balança de Bens


 Exportações > Importações → Superavit da Bal. de Bens
 Exportações = Importações → Saldo nulo ou equilíbrio B. Bens

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Estrutura do comércio externo


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 Podemos analisar a estrutura do comércio externo de duas


formas:
 por grupos de produtos;
 por origem/destino geográfico.

Estrutura do comércio externo


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AICEP, Portugal – Flash País, 2018

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Estrutura do comércio externo


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AICEP, Portugal – Flash País, 2018

Taxa de cobertura
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 A taxa de cobertura (TC) é um indicador de comércio


externo que representa, em percentagem, o valor das
importações que é pago com o valor das exportações.
Valor das exportações de bens
TC = × 100
Valor das importações de bens
 Exemplo:
Determina a taxa de cobertura dos países A e B.
Países Exportações Importações Tx cobertura
A 15 300 17 600 86,9%
B 25 200 23 500 107,2%

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Taxa de cobertura
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 Este indicador está intimamente relacionado com o saldo da


Balança de Bens:
 Saldo deficitário → taxa de cobertura < 100%
Significa que o valor das exportações não é suficiente para pagar
a totalidade das importações.
 Saldo superavitário → taxa de cobertura > 100%
Significa que o valor das exportações chega para pagar todas as
importações e ainda sobram divisas.
 Saldo nulo → taxa de cobertura = 100%
 Através da análise deste indicador podemos avaliar o grau de
dependência comercial de um país em relação ao exterior.

Grau de abertura da economia ao exterior


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 O grau de abertura da economia ao exterior (GAEE) é um


indicador que traduz a importância do comércio externo
(exportações + importações) na atividade económica do país,
sendo calculado em percentagem do PIB.

Exportações + Importações
GAEE = × 100
PIB

 Quanto maior for o peso do comércio externo no PIB, maior


é o grau de abertura da economia ao exterior.

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Exercício 3
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 Considere os seguintes valores referentes ao país A, em


2019.
Milhões de euros
Exportações de bens 60 000
Importações de bens 70 000
PIB 165 000

1. Determine a taxa de cobertura (TC) e o grau de abertura


da economia ao exterior (GAEE).
2. Interprete os resultados obtidos.

Atividades
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 Resolve a ficha de trabalho n.º 1, disponível no Teams.

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