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GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto.

Um piano na minha rua...


Crianças a brincar...
O sol de domingo e a sua
Alegria a doirar...

A mágoa que me convida


A amar todo o indefinido...
Eu tive pouco na vida
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Mas dói-me tê-lo perdido.

Mas já a vida vai alta


Em muitas mudanças!
Um piano que me falta
10 E eu não ser as crianças!
25-2-1917

Fernando Pessoa, Poesia do Eu (edição de Richard Zenith),


Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 102-103.

1. Indique o local, o tempo e a situação registados pelo sujeito poético na primeira estrofe.

2. Descreva o estado de espírito do sujeito poético, confrontando-o com o experienciado no passado.

3. Refira, justificando à luz das aprendizagens realizadas, o tema predominante no poema.

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B

Leia o soneto.

Ditoso seja aquele que somente


se queixa de amoras esquivanças;
pois por elas não perde as esperanças
de poder n’algum tempo ser contente.

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Ditoso seja quem, estando ausente,
não sente mais que a pena das lembranças;
porqu’, inda que se tema de mudanças,
menos se teme a dor quando se sente.

10 Ditoso seja, enfim, qualquer estado


onde enganos, desprezos e isenção
trazem o coração atormentado.

Mas triste quem se sente magoado


d’ erros em que não pode haver perdão,
sem ficar n’alma a mágoa de secado.

Luís de Camões, Rimas (texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão),
Coimbra, Almedina, 2005, p. 138.

4. Divida o soneto em duas partes lógicas, justificando essa segmentação.

5. Explore o valor expressivo da anáfora presente nos versos 1, 5 e 9.

GRUPO II

Responda às questões. Na resposta aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.

A quarta revolução

A quarta revolução industrial está aqui, mesmo quando não percebida porque encoberta no velho
lodo de um Mundo desigual, onde a pobreza extrema se agrava e as alterações climatéricas bradam a
desordem de um modelo de desenvolvimento insustentável, do qual as migrações massivas e
desesperadas são um sinal, entre outros. Mas a “revolução” está aqui e agora, na sua mutabilidade
5 permanente, na vertiginosa capacidade de adaptação e integração, unindo polos longínquos do Planeta,
comunicando na mesma língua, à velocidade da Internet, uma fabriqueta do Burundi com um escritório
de Manhattan.
Na base da quarta revolução industrial está a transação acelerada e cada vez mais direta do
conhecimento e da inovação tecnológica para a economia, serviços, administração e governo das
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sociedades (países, instituições, aldeias,..) inserindo alterações radicais no modo de organização dos
mercados e do trabalho, a uma escala mundial, sistémica e total.
O Fórum Económico Mundial, reunido este ano em Davos, prevê que sejam extintos cinco milhões de
postos de trabalho nos próximos anos. Há funções e trabalhos que rapidamente se tornarão irrelevantes

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e obsoletos face a novos processos mais avançados de produção, novas necessidades e estilos de vida.
Mas, de igual modo, há novas profissões a nascer de forma surpreendentemente rápida.
Como nos situamos neste processo? De que modo podem um país, uma instituição, uma pessoa,
serem nele atores reivindicando para si o estatuto de sujeito − que interfere na decisão, no seu sentido e
rumo − e não mero elo anónimo da cadeia produtiva? Ou seja, que tipo de revolução desejamos, nos
seus fins e meios?
20 O conhecimento e a inovação, em si, não conhecem cores políticas ou preconceitos ideológicos. Pelo
contrário: são filhos do pensamento criativo, da liberdade. Mas o mesmo poderemos dizer da sua
aplicação? Da forma fluída e irresponsável como fluem, transformados em mercadorias sem barreiras
éticas ou compromissos contratualizados?
A verdade é que precisamos de pensar no futuro que queremos, para fazermos no presente as ações
25 que o constroem.
Uma das ideias utópicas mais recorrentes na filosofia política ou na literatura é o sonho de um
futuro, onde liberto pelo saber das tarefas mais duras, o homem poderia gozar o lazer, usufruindo num
Éden feliz uma relação de paz com a Natureza.
Não há Éden no Mundo dos homens. Temos de nos governar e a crítica é a arma indispensável de
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toda a construção.
Rosário Gambôa, in JN, edição online de 07 de outubro de 2016 (consultado em novembro de 2016).

1. A quarta revolução industrial relaciona-se com

(A) a transação rápida e direta do conhecimento e da inovação tecnológica.

(B) a capacidade imutável e vertiginosa de adaptação e de integração.

(C) a transformação social e a desordem ao nível do desenvolvimento.

(D) o aumento da riqueza e a diminuição da pobreza num mundo global.

2. Na atualidade, assiste-se a profundas transformações ao nível

(A) da estratificação das sociedades.

(B) dos mercados e do trabalho.

(C) das transações à escala mundial.

(D) da visão economicista dos governos.

3. A simbiose homem-natureza é

(A) uma ideia concretizável no futuro.

(B) possível no jardim do Éden.

(C) uma utopia veiculada pela literatura e pela filosofia.

(D) uma tarefa dura, mas concretizável pelo saber.

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4. A forma verbal presente em “onde a pobreza extrema se agrava” (l. 2) tem um valor aspetual

(A) perfeito.

(B) iterativo.

(C) habitual.

(D) genérico.

5. O segmento “Na base da quarta revolução industrial” (l. 8) desempenha a função sintática de

(A) sujeito.

(B) predicativo do sujeito.

(C) modificador do grupo verbal.

(D) modificador apositivo do nome.

6. A forma verbal “se tornarão” (ll. 13-14) pertence à subclasse dos verbos

(A) copulativos.

(B) transitivos predicativos.

(C) transitivos indiretos.

(D) intransitivos.

7. A conjunção “Mas” (l. 15) assegura a coesão

(A) lexical.

(B) referencial.

(C) interfrásica.

(D) frásica.

8. Classifique a oração “que sejam extintos cinco milhões de postos de trabalho nos próximo
anos” (ll. 12-13).

9. Indique o referente do pronome “que” (l. 26).

10. Identifique o processo de formação da palavra “saber” (l. 28)

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GRUPO III

O desenvolvimento do conhecimento e das tecnologias, responsável por aquilo que se


designa por “quarta revolução industrial”, parece não estar a ser canalizado para o bem da
Humanidade.

Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista
sobre o modo como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços tecnológicos na sociedade.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

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