Você está na página 1de 9

Declaração de Exercício do Direito ao não Cumprimento do Dever de Pedir

Cer ficado Digital, Comprovante de Vacinação e Teste Nega vo a Clientes de


Estabelecimento Comercial
________________________________________, ____________________ da
sociedade ____________________, Lda., que explora o estabelecimento comercial
denominado ____________________, vem invocar o DIREITO AO NÃO
CUMPRIMENTO DA NORMA DE CARÁCTER ADMINISTRATIVO QUE ME PRETENDE
IMPOR QUE EXIJA AOS MEUS CLIENTES A APRESENTAÇÃO DE CERTIFICADO DIGITAL,
COMPROVANTE DE VACINAÇÃO OU TESTE NEGATIVO DE DESPISTE DO VÍRUS SARS-
COV-2, nos termos e com os fundamentos que se seguem:
Do cer ficado de vacinação, teste e recuperação
O cer ficado de vacinação, teste e recuperação encontra-se previsto e regulado, ao
nível europeu, pelo Regulamento (UE) 2021/953, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 14/06/2021, cujo efeito, conforme decorre expressamente do respec vo
ar go 1.º, é o “de facilitar o exercício do direito de livre circulação” dentro da União
Europeia.
Seria, exclusivamente, com esse escopo que tal Regulamento poderia ser executado
na ordem jurídica interna, o que veio a ser feito através do Decreto-Lei n.º 54-A/2021,
de 25 de Junho, ocorrendo, porém, ter este extravasado grosseiramente o referido
âmbito, ao prever, nos ar gos 8.º e seguintes, outras u lizações para o mesmo
cer ficado (para circulação dentro do território nacional e acesso a eventos de
natureza cultural, despor va, corpora va ou familiar).
Cabe recordar que apenas através de lei da Assembleia da República – perdoe-se a
redundância – podem ser restringidos direitos, liberdades e garan as (ar go 165.º, n.º
1, alínea b), da Cons tuição; exceptua-se o caso de autorização legisla va concedida
ao Governo, o que não acontece no presente contexto).
Na esteira do acima referido, há que assinalar a manifesta incons tucionalidade dos
ar gos 9.º, n.º 1, 10.º, n.º 1, 11.º, n.º 1, 12.º, n.º 1, 13.º, n.º 2, e 16.º, n.º 1, da
Resolução do Conselho de Ministros n.º 157/2021, de 27 de Novembro, na medida
em que, para o acesso, respec vamente, a estabelecimentos turís cos ou de
alojamento local, de restauração e similares, de jogos de fortuna ou azar, casinos,
bingos ou similares, a bares e outros estabelecimentos de bebidas, a eventos e a
ginásios e academias, exige a apresentação:
“a) De Cer ficado Digital COVID da UE admi do nos termos do Decreto-Lei n.º 54-
A/2021, de 25 de Junho;
b) De comprova vo de vacinação que ateste o esquema vacinal completo nos termos
do n.º 2 do ar go 4.º do Decreto-Lei n.º 54-A/2021, de 25 de Junho, há pelo menos
14 dias, com uma vacina contra a COVID-19 com autorização de introdução no

1
mercado nos termos do Regulamento (CE) 726/2004 do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 31 de Março de 2004, cujo reconhecimento tenha sido determinado
pelo despacho previsto no n.º 2 do ar go 5.º do Decreto-Lei n.º 54-A/2021, de 25 de
Junho; ou
c) De comprova vo de realização laboratorial de teste com resultado nega vo,
devendo este teste cumprir os requisitos previstos nas subalíneas i) ou ii), conforme
aplicável, da alínea b) do n.º 1 do ar go 4.º do Decreto-Lei n.º 54-A/2021, de 25 de
Junho.”

Regime de coacção à sujeição a tratamentos experimentais


Mesmo com o regime excepcional e temporário de compar cipação de testes rápidos
de an génio (TRAg) de uso profissional, não podem restar quaisquer dúvidas de que
as disposições acima referidas cons tuem uma forma de coagir as pessoas à sujeição
às vacinas contra o SARS-CoV-2 e a Covid-19, as quais possuem natureza
experimental.
Com efeito, não poderia ser mais clara a mensagem enviada pelo Governo à
população: ou as pessoas se vacinam ou terão que suportar custos proibi vos com
testagem para poderem aceder aos locais e ac vidades supra mencionados.
Da natureza experimental das vacinas contra o SARS-CoV-2 e a Covid-19 e os seus
perigos
As substâncias comercializadas a tulo de vacinas contra o SARS-CoV-2 e a Covid-19,
denominadas Cominarty, Moderna, Vaxzevria e Janssen, receberam, para esse efeito,
da Agência Europeia do Medicamento, ao abrigo dos Regulamentos (CE) n.ºs
726/2004 e 507/2006, uma autorização meramente condicional de introdução no
mercado, em virtude da inexistência de dados clínicos sobre a sua eficácia e
segurança, significando isto tratar-se de medicamentos experimentais.
Desconhecendo-se ainda a eficácia e a segurança destas substâncias a médio e longo
prazo, é facto notório que a sua eficácia a curto prazo é significa vamente reduzida,
tendo em consideração a propagandeada necessidade de toma de doses adicionais às
originalmente indicadas.
No que diz respeito à segurança de tais substâncias, os dados oficiais, constantes,
nomeadamente, do Relatório de Farmacovigilância do Infarmed, assinalam dezenas de
mortes relacionadas com reacções adversas às mesmas.
Acresce que no documento in tulado “CUMULATIVE ANALYSIS OF POST-AUTHORIZATION
ADVERSE EVENT REPORTS” (em anexo e disponível em h ps://phmpt.org/wp-
content/uploads/2021/11/5.3.6-postmarke ng-experience.pdf), que a Pfizer foi
obrigada, por ordem judicial (EUA) a divulgar, pode ler-se o seguinte (pág. 6):
“It is es mated that approximately (b) (4) doses of BNT162b2 were shipped

2
worldwide from the receipt of the first temporary authorisa on for emergency supply
on 01 December 2020 through 28 February 2021.
Cumula vely, through 28 February 2021, there was a total of 42,086 case reports
(25,379 medically confirmed and 16,707 non-medically confirmed) containing
158,893 events. Most cases (34,762) were received from United States (13,739),
United Kingdom (13,404) Italy (2,578), Germany (1913), France (1506), Portugal
(866) and Spain (756); the remaining 7,324 were distributed among 56 other
countries.”

Em Português, e em síntese, o que é referido no segmento acima transcrito é que, das


doses fornecidas para todo o mundo até 28/02/2021, foram registados 42.086 efeitos
adversos, sendo 25.379 medicamente confirmados e 16.707 não medicamente
confirmados, no ficados a par r dos E.U.A., Reino Unido, Itália, Alemanha, França,
Portugal, Espanha e outros países.
Refere ainda a Pfizer, no mesmo documento, que a distribuição de tais reacções
adversas por grau de gravidade é a seguinte:
- Recuperado ou a recuperar: 19.582;
- Recuperado com sequelas: 520;
- Não recuperado: 11.361;
- Fatal (morte): 1.223;
- Desconhecido: 9.400.

É, pois, incontornável, a existência de gravíssimas reacções adversas associadas à


toma das ditas substâncias.
O princípio da autonomia: um dos pilares da bioé ca
A sujeição das pessoas à vacina contra a doença Covid-19 e o vírus SARS-CoV-2 ou à
realização de testes de despiste deste vírus equivale a caracterizá-las como pacientes
de tratamentos médicos.
Embora os úl mos dois anos tenham sido marcados por um aparente regresso a uma
visão paternalís ca da relação entre o profissional de saúde e o paciente, é
incontornável que tal percurso representa um retrocesso é co, que cronologicamente
equivale a um regresso à primeira metade do século passado.
A bioé ca assenta no pressuposto de que nem todos os avanços da medicina e da
biologia se traduzem num bene cio para a humanidade, sendo outrossim sempre
necessário um escru nio, através de metodologias e processos próprios, para de
poder concluir pela existência de um bene cio que exceda o risco.
Contrastando com a anacrónica corrente paternalís ca, a concepção antropológica
daquela relação exige que se veja o paciente como alguém dotado de razão,

3
consciente da sua dignidade, livre e responsável sobre todos os procedimentos de
diagnós co ou terapêu cos que lhe sejam propostos.
Surge assim o princípio da autonomia, que implica que ao paciente sejam prestadas
previamente todas as informações relevantes sobre determinado procedimento de
diagnós co ou tratamento, de forma a que o mesmo se encontre em condições de
prestar o seu consen mento livre e esclarecido.
Por seu turno, o consen mento, alicerçando-se no princípio da autonomia e na sua
ramificação do direito à autodeterminação do paciente, pressupõe igualmente o
direito ao não consen mento. Não pode exis r o direito ao consen mento sem o
direito ao não consen mento.
O princípio da beneficência
O princípio da beneficência, sendo o mais an go princípio da bioé ca, assente no
juramento de Hipócrates (“aplicarei os regimes para o bem do doente”), acabou por ser
usado pela corrente paternalís ca como forma de exercer o autoritarismo do
profissional de saúde, que assim podia impor ao paciente procedimentos que apenas
na visão unilateral – e imposi va – daquele corresponderiam a um bene cio para o
segundo.
Os excessos decorrentes de tal desvirtuamento levaram a que se fizesse exarar no
preâmbulo do Código de Nuremberga o seguinte:
“no relacionamento médico-paciente inspirado pela tradição hipocrá ca, o paciente é
silencioso, somente fala dos seus sintomas e obedece ao médico. O Código de
Nuremberga estabelece um paciente falante e que tem autonomia para decidir o que
é melhor para ele e agir em consequência”

A mi gação do princípio da beneficência pelo princípio da autonomia corresponde


actualmente a um consenso na bioé ca, sendo que já o Relatório de Belmont
assinalava duas regras fundamentais no primeiro ancoradas:
- Não prejudicar;
- Maximizar os bene cios e minimizar os riscos.

Tais regras impõem ao profissional de saúde, nomeadamente, que informe o paciente


sobre todas as alterna vas possíveis a um determinado procedimento.
Em Portugal, o CNEV – Conselho Nacional de É ca para as Ciências da Vida tem
apontado três factores da corrente paternalís ca responsáveis pela desumanização da
relação entre o profissional de saúde e o paciente:
- O excesso de tecnicismo;
- O desprezo pela subjec vidade do paciente;

4
- A formação incompleta dos profissionais de saúde.

A esses, nós acrescentaríamos ainda os perigosos conflitos de interesses em que se


verifica amiúde caírem os profissionais de saúde, em virtude de apoios, nas suas
diversas modalidades, da indústria farmacêu ca, conforme, aliás, tem sido no ciado e
divulgado, com preocupante frequência, durante os úl mos dois anos.
Fontes jurídicas do consen mento livre e esclarecido
O direito ao consen mento livre e esclarecido, um dos corolários do princípio da
autonomia, é consensual e ecoa actualmente em diversos diplomas jurídicos, quer
internacionais, quer nacionais.
Dos primeiros, destacam-se os seguintes:
- Convenção de Oviedo (ar go 5.º);
- Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos (ar go 5.º);
- Declaração Internacional sobre Dados Gené cos Humanos (ar go 8.º);
- Declaração Universal sobre Bioé ca e Direitos Humanos (ar go 6.º);
- Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Polí cos (ar go 7.º).
- Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (ar go 3.º - o direito ao
consen mento informado como decorrência do direito à integridade pessoal,
incluindo ainda a proibição de transformar o corpo humano numa fonte de lucro).

Em sede de produção legisla va nacional, pese embora não compreender a nossa


Cons tuição qualquer menção expressa ao princípio da autonomia, não é di cil extrai-
lo de várias das suas disposições, a começar pelo ar go 1.º, que, consagrando o
princípio da dignidade da pessoa humana, se apresenta como a fundação dos
seguintes:
- Ar go 13.º (princípio da igualdade);
- Ar go 25.º (direito à integridade pessoal e a proibição da tortura, maus tratos e
tratamentos desumanos ou degradantes);
- Ar go 26.º, n.º 1 (direito à in midade da vida privada);
- Ar go 27.º, n.º 1 (direito à liberdade);
- Ar go 35.º, n.º 1 (direito à autodeterminação informacional);
- Ar go 64.º, n.º 1 (direito à protecção da saúde).

Acresce que o ar go 16.º, n.º 1, da Cons tuição estabelece a integração na ordem


jurídica interna de direitos fundamentais não concretamente previstos no nosso
diploma máximo, nomeadamente, para o que ora releva, o princípio da autonomia e o
direito ao consen mento informado.

5
Na esteira da consagração do direito ao consen mento informado como um direito
fundamental, sobretudo como concre zação do princípio da dignidade da pessoa
humana (ar go 1.º) e das supra referidas disposições constantes de instrumentos
internacionais, a legislação nacional infracons tucional respalda expressamente o
princípio da autonomia, mormente através das seguintes disposições legais:
- Ar go 135.º, n.º 11, do Estatuto da Ordem dos Médicos;
- Ar go 20.º do Regulamento de Deontologia Médica da Ordem dos Médicos;
- Ar go 105.º, alínea b), do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros;
- Lei de Bases da Saúde, Base XIV, n.º 1, alíneas b) e e);
- Ar gos 150.º, n.º 1, 165.º, n.º 1, e 157.º do Código Penal.

Muito mais se podendo desenvolver sobre a natureza da situação jurídica que envolve
a escolha de qualquer pessoa a não sujeitar-se a determinado procedimento médico,
seja de diagnós co, seja terapêu co, o supra exarado mostra-se suficiente para não
subsis rem quaisquer dúvidas de que se trata do exercício de um direito fundamental,
que consiste no direito ao consen mento livre e esclarecido – e, naturalmente, no
direito ao não consen mento –, com origem no princípio da autonomia.
Acrescente-se, ainda, um aspecto par cularmente relevante no presente contexto.
É que, conforme supra referido, as vacinas contra a Covid-19 e o SARS-CoV-2
encontram-se no mercado a tulo emergencial, ao abrigo do Regulamento CE n.º
507/2006, da Comissão, de 29/03/2006, em virtude da declaração pela OMS de uma
pandemia mundial.
A razão pela qual a Agência Europeia do Medicamento não aprovou a introdução
daquelas no mercado em termos regulares, mas tão-somente emi u uma autorização
para a sua comercialização emergencial, reside no facto de não exis rem dados
clínicos que permitam a extração de conclusões defini vas sobre a sua eficácia e
riscos associados, dados esses cuja recolha está ainda em curso (ar gos 2.º e 4.º do
Regulamento CE n.º 507/2006, da Comissão, de 29/03/2006).
Estando em causa medicamentos sobre os quais não existem ainda dados clínicos que
permitam a sua aprovação regular para comercialização, mais relevante ainda se
apresenta o direito do paciente a consen r ou não consen r, de forma livre e
esclarecida.
Aqui chegados, ou seja, sendo o direito à autodeterminação do paciente um direito
fundamental, corolário dos princípios da dignidade da pessoa humana e da
autonomia, com extensa e consensual consagração em diversos diplomas
internacionais e nacionais, ao respec vo exercício não pode corresponder uma
punição, quer na forma de proibição de acesso a bens e serviços, quer numa vertente

6
económico-financeira (custos com testagem).
Colocar as pessoas na posição de ter que decidir entre sujeitarem-se à vacina ou
suportar os custos com a realização de testes de despiste do vírus SARS-CoV-2 traduz-
se justamente numa consequência nega va associada ao exercício do direito à
autodeterminação enquanto pacientes.
Traduz-se, igualmente, numa coacção à sujeição a tratamentos médicos não
desejados, como condição de exercício de direitos e liberdades fundamentais.
Fazendo um paralelismo, infelizmente, imagine-se o caso hipoté co de se passar a
impor às pessoas uma taxa por não serem dadoras de sangue.
Responsabilidade criminal de quem coage as pessoas à sujeição a tratamentos
médicos
Na esteira do que temos vindo a expor, consubstanciando a imposição às pessoas dos
encargos com a testagem para despiste do vírus SARS-CoV-2 uma violação do seu
direito à autodeterminação como paciente, que se sen rão coagidas, por essa via, à
sujeição a um procedimento médico que não pretendem, é possível que tal imposição
seja suscep vel de preencher os elementos picos do crime de coacção, previsto e
punido pelo ar go 154.º, n.º 1, do Código Penal.
Dispõe, com efeito, a referida norma da seguinte forma:
“Quem, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, constranger outra
pessoa a uma acção ou omissão, ou a suportar uma ac vidade, é punido com pena
de prisão até três anos ou com pena de multa.”

A tenta va, nos termos do disposto no n.º 2 do mesmo ar go, é punível.


In casu, o elemento pico da “ameaça com mal importante” é suscep vel de ficar
preenchido com a perspec va de muito significa vo dispêndio mensal a tulo de
testagens para despiste do vírus SARS-CoV-2, sobretudo numa época de crise
económico-financeira, como a presente.
Por seu turno, o constrangimento provocado pela referida ameaça materializa-se na
sujeição a um procedimento médico não desejado (ao abrigo do exercício do direito
fundamental à autodeterminação como paciente).
A responsabilidade criminal ora em apreço incide individualmente sobre o funcionário
ou funcionários que pra quem os factos picos (ar go 11.º, n.º 1, do Código Penal).
Do direito à objecção de consciência
O direito à objecção de consciência, ancorado no princípio da dignidade da pessoa
humana (ar go 1.º da Cons tuição), encontra-se especificamente consagrado no
ar go 41.º, n.º 6, da Cons tuição.

7
A nível internacional, encontramos o direito à objecção de consciência consagrado no
ar go 18.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, no ar go 18.º do Pacto
Internacional de Direitos Civis e Polí cos e no ar go 9.º da Convenção Europeia dos
Direitos do Homem.
O supra referido ar go 41.º, n.º 6, consagra o direito geral de objecção de consciência
nos seguintes termos:
“É garan do o direito à objecção de consciência, nos termos da lei.”.

Tratando-se, como resulta da parte final da norma acima citada, de um direito sob
reserva de lei, e não tendo o Estado previsto e regulamentado
infracons tucionalmente o direito de objecção de consciência sanitária, mormente no
âmbito do regime aplicável ao cer ficado de vacinação contra o SARS-CoV-2 e a
Covid-19, estamos perante uma evidente incons tucionalidade por omissão.
Do direito de resistência
Figura jurídica próxima do direito de objecção de consciência, que se alicerça em
razões, nomeadamente, de ordem moral e humanís ca, o direito de resistência,
também merecedor de consagração cons tucional (ar go 21.º da Cons tuição),
funda-se mais em mo vações jurídico-cons tucionais, mas igualmente de carácter
humanís co.
Dispõe o ar go 21.º da Cons tuição da seguinte forma:
“Todos têm o direito de resis r a qualquer ordem que ofenda os seus direitos,
liberdades e garan as e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja
possível recorrer à autoridade pública.”.

Podemos, sem margem para dúvidas, afirmar a existência de um direito (e de um


dever) de não cumprir normas materialmente incons tucionais, gravemente
violadoras de direitos humanos, e o dever de manter uma conduta conforme ao
direito criminal, como convergentes para um direito próprio que pode ser objecto de
salvaguarda no âmbito do exercício do direito de resistência.
Nos termos e com os fundamentos supra expostos, declaro que não cumprirei a
imposição de carácter administra vo (por via de resolução de Conselho de Ministros)
de exigir aos clientes deste estabelecimento a apresentação de cer ficado digital,
comprovante de vacinação ou teste nega vo de despiste do vírus SARS-CoV-2.
______________________, __/__/2021.

8
9

Você também pode gostar