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mercado nos termos do Regulamento (CE) 726/2004 do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 31 de Março de 2004, cujo reconhecimento tenha sido determinado
pelo despacho previsto no n.º 2 do ar go 5.º do Decreto-Lei n.º 54-A/2021, de 25 de
Junho; ou
c) De comprova vo de realização laboratorial de teste com resultado nega vo,
devendo este teste cumprir os requisitos previstos nas subalíneas i) ou ii), conforme
aplicável, da alínea b) do n.º 1 do ar go 4.º do Decreto-Lei n.º 54-A/2021, de 25 de
Junho.”
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worldwide from the receipt of the first temporary authorisa on for emergency supply
on 01 December 2020 through 28 February 2021.
Cumula vely, through 28 February 2021, there was a total of 42,086 case reports
(25,379 medically confirmed and 16,707 non-medically confirmed) containing
158,893 events. Most cases (34,762) were received from United States (13,739),
United Kingdom (13,404) Italy (2,578), Germany (1913), France (1506), Portugal
(866) and Spain (756); the remaining 7,324 were distributed among 56 other
countries.”
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consciente da sua dignidade, livre e responsável sobre todos os procedimentos de
diagnós co ou terapêu cos que lhe sejam propostos.
Surge assim o princípio da autonomia, que implica que ao paciente sejam prestadas
previamente todas as informações relevantes sobre determinado procedimento de
diagnós co ou tratamento, de forma a que o mesmo se encontre em condições de
prestar o seu consen mento livre e esclarecido.
Por seu turno, o consen mento, alicerçando-se no princípio da autonomia e na sua
ramificação do direito à autodeterminação do paciente, pressupõe igualmente o
direito ao não consen mento. Não pode exis r o direito ao consen mento sem o
direito ao não consen mento.
O princípio da beneficência
O princípio da beneficência, sendo o mais an go princípio da bioé ca, assente no
juramento de Hipócrates (“aplicarei os regimes para o bem do doente”), acabou por ser
usado pela corrente paternalís ca como forma de exercer o autoritarismo do
profissional de saúde, que assim podia impor ao paciente procedimentos que apenas
na visão unilateral – e imposi va – daquele corresponderiam a um bene cio para o
segundo.
Os excessos decorrentes de tal desvirtuamento levaram a que se fizesse exarar no
preâmbulo do Código de Nuremberga o seguinte:
“no relacionamento médico-paciente inspirado pela tradição hipocrá ca, o paciente é
silencioso, somente fala dos seus sintomas e obedece ao médico. O Código de
Nuremberga estabelece um paciente falante e que tem autonomia para decidir o que
é melhor para ele e agir em consequência”
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- A formação incompleta dos profissionais de saúde.
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Na esteira da consagração do direito ao consen mento informado como um direito
fundamental, sobretudo como concre zação do princípio da dignidade da pessoa
humana (ar go 1.º) e das supra referidas disposições constantes de instrumentos
internacionais, a legislação nacional infracons tucional respalda expressamente o
princípio da autonomia, mormente através das seguintes disposições legais:
- Ar go 135.º, n.º 11, do Estatuto da Ordem dos Médicos;
- Ar go 20.º do Regulamento de Deontologia Médica da Ordem dos Médicos;
- Ar go 105.º, alínea b), do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros;
- Lei de Bases da Saúde, Base XIV, n.º 1, alíneas b) e e);
- Ar gos 150.º, n.º 1, 165.º, n.º 1, e 157.º do Código Penal.
Muito mais se podendo desenvolver sobre a natureza da situação jurídica que envolve
a escolha de qualquer pessoa a não sujeitar-se a determinado procedimento médico,
seja de diagnós co, seja terapêu co, o supra exarado mostra-se suficiente para não
subsis rem quaisquer dúvidas de que se trata do exercício de um direito fundamental,
que consiste no direito ao consen mento livre e esclarecido – e, naturalmente, no
direito ao não consen mento –, com origem no princípio da autonomia.
Acrescente-se, ainda, um aspecto par cularmente relevante no presente contexto.
É que, conforme supra referido, as vacinas contra a Covid-19 e o SARS-CoV-2
encontram-se no mercado a tulo emergencial, ao abrigo do Regulamento CE n.º
507/2006, da Comissão, de 29/03/2006, em virtude da declaração pela OMS de uma
pandemia mundial.
A razão pela qual a Agência Europeia do Medicamento não aprovou a introdução
daquelas no mercado em termos regulares, mas tão-somente emi u uma autorização
para a sua comercialização emergencial, reside no facto de não exis rem dados
clínicos que permitam a extração de conclusões defini vas sobre a sua eficácia e
riscos associados, dados esses cuja recolha está ainda em curso (ar gos 2.º e 4.º do
Regulamento CE n.º 507/2006, da Comissão, de 29/03/2006).
Estando em causa medicamentos sobre os quais não existem ainda dados clínicos que
permitam a sua aprovação regular para comercialização, mais relevante ainda se
apresenta o direito do paciente a consen r ou não consen r, de forma livre e
esclarecida.
Aqui chegados, ou seja, sendo o direito à autodeterminação do paciente um direito
fundamental, corolário dos princípios da dignidade da pessoa humana e da
autonomia, com extensa e consensual consagração em diversos diplomas
internacionais e nacionais, ao respec vo exercício não pode corresponder uma
punição, quer na forma de proibição de acesso a bens e serviços, quer numa vertente
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económico-financeira (custos com testagem).
Colocar as pessoas na posição de ter que decidir entre sujeitarem-se à vacina ou
suportar os custos com a realização de testes de despiste do vírus SARS-CoV-2 traduz-
se justamente numa consequência nega va associada ao exercício do direito à
autodeterminação enquanto pacientes.
Traduz-se, igualmente, numa coacção à sujeição a tratamentos médicos não
desejados, como condição de exercício de direitos e liberdades fundamentais.
Fazendo um paralelismo, infelizmente, imagine-se o caso hipoté co de se passar a
impor às pessoas uma taxa por não serem dadoras de sangue.
Responsabilidade criminal de quem coage as pessoas à sujeição a tratamentos
médicos
Na esteira do que temos vindo a expor, consubstanciando a imposição às pessoas dos
encargos com a testagem para despiste do vírus SARS-CoV-2 uma violação do seu
direito à autodeterminação como paciente, que se sen rão coagidas, por essa via, à
sujeição a um procedimento médico que não pretendem, é possível que tal imposição
seja suscep vel de preencher os elementos picos do crime de coacção, previsto e
punido pelo ar go 154.º, n.º 1, do Código Penal.
Dispõe, com efeito, a referida norma da seguinte forma:
“Quem, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, constranger outra
pessoa a uma acção ou omissão, ou a suportar uma ac vidade, é punido com pena
de prisão até três anos ou com pena de multa.”
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A nível internacional, encontramos o direito à objecção de consciência consagrado no
ar go 18.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, no ar go 18.º do Pacto
Internacional de Direitos Civis e Polí cos e no ar go 9.º da Convenção Europeia dos
Direitos do Homem.
O supra referido ar go 41.º, n.º 6, consagra o direito geral de objecção de consciência
nos seguintes termos:
“É garan do o direito à objecção de consciência, nos termos da lei.”.
Tratando-se, como resulta da parte final da norma acima citada, de um direito sob
reserva de lei, e não tendo o Estado previsto e regulamentado
infracons tucionalmente o direito de objecção de consciência sanitária, mormente no
âmbito do regime aplicável ao cer ficado de vacinação contra o SARS-CoV-2 e a
Covid-19, estamos perante uma evidente incons tucionalidade por omissão.
Do direito de resistência
Figura jurídica próxima do direito de objecção de consciência, que se alicerça em
razões, nomeadamente, de ordem moral e humanís ca, o direito de resistência,
também merecedor de consagração cons tucional (ar go 21.º da Cons tuição),
funda-se mais em mo vações jurídico-cons tucionais, mas igualmente de carácter
humanís co.
Dispõe o ar go 21.º da Cons tuição da seguinte forma:
“Todos têm o direito de resis r a qualquer ordem que ofenda os seus direitos,
liberdades e garan as e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja
possível recorrer à autoridade pública.”.
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