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HABEAS CORPUS 128.

732 RIO DE JANEIRO

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


PACTE.(S) : JOHANN JACOB COUTINHO BECKER
IMPTE.(S) : DIOGO MALAN E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : RELATOR DO HC Nº 59520 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO:
Vistos.
Habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de
Johann Jacob Coutinho Becker, apontando como autoridade coatora o
Ministro Newton Trisotto, do Superior Tribunal de Justiça, que indeferiu
a liminar no RHC nº 59.520/RJ.
Os impetrantes sustentam, inicialmente, que o caso concreto autoriza
a mitigação do enunciado da Súmula nº 691/STF.
Asseveram, ademais, a presença de constrangimento ilegal, pois a
custódia preventiva do paciente padece de fundamentação idônea, apta a
justificar a sua necessidade, bem como estariam ausentes os pressupostos
autorizadores da prisão previstos no art. 312 do Código de Processo
Penal.
Alegam, também, excesso de prazo, pois “o paciente ora se encontra
custodiado há mais de 70 dias, sendo certo que até a presente data a
autoridade coatora originária sequer se dignou a marcar audiência de
instrução e julgamento” (fl. 19 da inicial – grifos dos autores).
Defendem, por fim, a aplicabilidade na hipótese de medidas
cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319).
Requerem, liminarmente, a concessão da ordem para que a prisão
preventiva do paciente seja revogada ou substituída por medidas
cautelares diversas.
Examinados os autos, decido.
Como visto, trata-se de decisão indeferitória de liminar, devendo
incidir, na espécie, a Súmula nº 691 deste Supremo Tribunal, segundo a
qual “não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de 'habeas
corpus' impetrado contra decisão do Relator que, em 'habeas corpus'
requerido a tribunal superior, indefere a liminar”.

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HC 128732 / RJ

É certo que a jurisprudência da Corte tem acolhido o abrandamento


da referida súmula para admitir a impetração de habeas corpus se os
autos demonstrarem ser hipótese de flagrante ilegalidade, abuso de
poder ou teratologia.
Transcrevo o teor da decisão ora questionada:

“I – RELATÓRIO:
JOHANN JACOB COUTINHO BECKER, investigado
por suposta infração aos arts. 140 e 147 do Código Penal, teve a
prisão preventiva decretada (fls. 106/107).
Pelas razões sintetizadas na ementa do acórdão a seguir
parcialmente reproduzida, o Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro denegou o habeas corpus impetrado por seus
defensores:

"Lei Maria da Penha. Paciente Preso. Crimes de


injúria e ameaça. Imposição de medida protetiva de
proibição de aproximação da vítima, de contato com a
mesma, por qualquer meio de comunicação e de
frequentar a sua rua. Sujeito descumprindo as ordens de
afastamento impostas, importunando a mulher em frente
ao seu prédio, ensejando, com seu comportamento,
decreto de prisão preventiva.
Inconformismo defensivo pleiteando:
(1) a revogação da prisão, alegando
desproporcionalidade e ausência de fundamento da
decisão e de requisitos legais para a prisão.
(A) Descabimento. A segregação preventiva, na
hipótese, resultou de notícia do descumprimento das
medidas protetivas de urgência, estando, assim, em
consonância com o art. 313, III do CPP c/c com art. 20 da
lei 11.340/06.
Nestes termos, a Lei 11.340/06 criou mecanismos
para reprimir, ou pelo menos, reduzir a violência
doméstica contra a mulher. No caso, nitidamente
evidenciado que se posto em liberdade, o paciente

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possivelmente voltará a ameaçar a vítima, ou até mesmo


concretizar tais ameaças.
Agente absolutamente ciente que o descumprimento
das medidas impostas ensejaria a sua prisão - opção
extrema.
Decisão devidamente fundamentada, Preenchimento
dos requisitos legais ara a custódia.
Ausência de constrangimento ilegal.
(2) Pedido de aplicação de outra medida cautelar
menos gravosa, em razão da doença do paciente,
portador de diabetes.
(B) Impossibilidade. Esse fato, isoladamente, não
impõe a revogação da custódia preventiva ou a aplicação
de outra medida cautelar menos gravosa, especialmente
porque, na situação, encontram-se presentes os
respectivos requisitos legais autorizadores da manutenção
dessa medida.
Examinando os documentos juntados à inicial,
verificada a ausência de qualquer indicação da
necessidade de tratamento do paciente a ser realizado fora
do âmbito do estabelecimento prisional, onde está sob
custódia do Estado.’ (fls. 163/165)

Não se conformando com o decisum, impetrou ele o


recurso em análise, sustentando que: a) ‘a decretação da prisão
preventiva jamais poderia ser considerada consequência automática
do descumprimento de medida protetiva de urgência’; b) ‘a medida
odiosa está baseada somente na versão dos fatos apresentada
unilateralmente pela suposta ofendida em sede policial’; c) ‘o
recorrente é cidadão contribuinte primário e de excelentes
antecedentes sociais, com endereço fixo’; d) ‘salta aos olhos o cariz
desarrazoado e excessivo da prisão preventiva decretada em desfavor
do recorrente’, pois ‘foram imputadas ao recorrente duas infrações
penais de menor potencial ofensivo, cuja pena mínima abstratamente
cominada é de um mês de detenção, substituível por multa’; e) ‘a
autoridade impetrada originária decretou a prisão preventiva sem

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fazer qualquer menção à suposta insuficiência de todas as demais


medidas cautelares alternativas à prisão no caso concreto’ (fls.
187/206).
Ao final, requereu a antecipação da tutela recursal para
que seja ‘determinada a revogação da custódia cautelar do recorrente’
(fl. 205).
II – DECISÃO:
01. Prescreve a Constituição da República que o habeas
corpus será concedido ‘sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder’ (art. 5º, inc. LXVIII). O Código
de Processo Penal impõe aos juízes e aos tribunais que
expeçam, ‘de ofício, ordem de habeas corpus, quando, no curso de
processo, verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer
coação ilegal’ (art. 654, § 2º).
Desses preceptivos infere-se que no habeas corpus devem
ser conhecidas quaisquer questões de fato e de direito
relacionadas a constrangimento ou ameaça de constrangimento
à liberdade individual de locomoção. Por isso, ainda que
substitutivo do recurso expressamente previsto para a hipótese
– como sucede no caso em exame –, é imprescindível que seja
processado para perquirir a existência de ‘ilegalidade ou abuso de
poder’ no ato judicial impugnado (STF, HC 121.537, Min. Marco
Aurélio, Primeira Turma; HC 111.670, Min. Cármen Lúcia,
Segunda Turma; STJ, HC 277.152, Min. Jorge Mussi, Quinta
Turma; HC 275.352, Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta
Turma).
02. O ordenamento jurídico não dispõe, expressamente,
sobre a concessão de liminar em habeas corpus. Contudo,
implicitamente está ela prevista no § 2º do art. 660 do Código
de Processo Penal: ‘Se os documentos que instruírem a petição
evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará
que cesse imediatamente o constrangimento’.
A sua concessão é admitida pela doutrina (v. Eugênio
Pacelli de Oliveira, Curso de processo penal, Lumen Juris, 2009,
11ª ed., p. 807) e pelos tribunais. Porém, como medida

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absolutamente excepcional, ‘reservada para casos em que se


evidencie, de modo flagrante, coação ilegal ou derivada de abuso de
poder, em detrimento do direito de liberdade, exigindo demonstração
inequívoca dos requisitos autorizadores: o periculum in mora e o
fumus boni iuris’ (STF, HC 116.638, Rel. Ministro Teori Zavascki;
STJ, AgRg no HC 22.059, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido).
Não se encontram presentes, in casu, as circunstâncias
excepcionais que permitem o deferimento da tutela de urgência
reclamada.
Nesta fase processual, para rejeitá-la valho-me de excertos
dos fundamentos da decisão decretatória da prisão preventiva e
do acórdão que a confirmou, respectivamente:

‘Consoante se vê do Termo de Declaração acostado a


fls. 54/55, apesar de intimado do deferimento das
medidas protetivas de urgência, o SAF encontrava-se na
porta do edifício da vitima, tendo sido levado por
policiais até a delegacia. Segundo a vitima, teria sido
avisada pela empregada do SAF, que este permaneceria na
sua portaria, até que aparecesse. Como se verifica no
requerimento da DP o SAF teria ameaçado a vitima em
momento anterior, avisando que iria agredi-la quando
fosse intimado das protetivas e, mesmo intimado do
deferimento da proibição de contate, ainda assim, enviou
mensagens via celular, em tom ameaçador, juntadas ás fls.
49.
O MP se manifestou favoravelmente á constrição da
liberdade às fls. 57/58.
Do todo carreado, salta aos olhos o descaso com que
o SAF trata a decisão judicial prolatada neste processo,
restando claramente configurado o descumprimento da
medida protetiva registrado em delegacia.’ (fl. 106)

‘Em 12 de março de 2015, a vítima relatou o


descumprimento da medida protetiva pelo paciente.
Esclareceu que o paciente permaneceu na porta do seu

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prédio das 17:00 às 18:30 e que se sente ameaçada por ele,


não podendo, inclusive sair de sua casa durante esse
horário. Afirmou que chamou a polícia, que compareceu
ao local e conduziu os envolvidos a Delegacia. Diante de
tal descumprimento, o magistrado de piso decretou sua
prisão preventiva, como único meio de banir os
desmandos e excessos ocorridos.
A despeito do alegado pela defesa, o paciente
durante todo o curso procedimental resultou
absolutamente ciente de que o descumprimento das
medidas impostas ensejaria a sua prisão - opção extrema.
No mais, oficiou pela revogação da prisão cautelar
decretada fundamentando seu pedido na
desproporcionalidade da medida e ausência de
fundamento. Nestes termos, rogou fossem aplicadas uma
das cautelares previstas no artigo 319 do CPP.
A providência sugerida mostra-se insuficiente no
caso em estudo.
A segregação preventiva resultou de notícia do
descumprimento das medidas protetivas de urgência,
estando, em assim, consonância com o art. 313, III do CPP
c/c com art. 20 da lei 11.340/06.
A Lei Maria da Penha criou mecanismos para
reprimir, ou pelo menos, reduzir a violência doméstica
contra a mulher.
No caso, nitidamente evidenciado que se posto em
liberdade, o paciente muito possivelmente voltará a
ameaçar a vítima, ou até mesmo concretizar tais ameaças.
O decisum que decretou a prisão preventiva do
paciente, bem se verifica que a constrição está
fundamentada em estrita obediência ao artigo 93, IX, da
Constituição da República, além de demonstrada a
necessidade social da custódia cautelar diante da presença
dos pressupostos ínsitos no artigo 312 do Código de
Processo Penal, com as alterações trazidas pela Lei
12.403/2011, não havendo, portanto, que falar em qualquer

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ilegalidade no decreto prisional.


Insta frisar que o requisito previsto no artigo 313,
inciso III, do Código de Processo Penal encontra-se
preenchido, devendo-se garantir a execução das medidas
protetivas deferidas à vítima.
Presentes, portanto, os pressupostos do artigo 312 do
Código e Processo Penal, com as alterações trazidas pela
nova legislação, mostram-se necessárias e adequadas a
manutenção da custódia cautelar, a autorizar a conclusão
de que o paciente não está sofrendo qualquer
constrangimento ilegal a ser repelido por esta via do
habeas corpus .
Com relação à alegação de que o paciente é portador
de diabetes e, por isso, necessita da continuidade de
atendimento médico e uso de medicamentos controlados,
é preciso ressaltar que esse fato não ostenta o condão de,
isoladamente, impor a revogação da custódia preventiva
ou a aplicação de outra medida cautelar menos gravosa,
especialmente porque, na situação, estão presentes os
respectivos requisitos legais autorizadores da manutenção
dessa medida.
E examinando os documentos que acompanharam a
inicial, pode-se verificar que inexiste qualquer indicação
de que o paciente, realmente, necessita de tratamento a ser
realizado fora do âmbito do estabelecimento prisional,
onde está sob custódia do Estado.
Portanto, não há qualquer comprovação no sentido
de que a patologia portada pelo paciente possa atribuir
risco à saúde e à incolumidade física dos demais detentos,
principalmente porque não se trata de doença de natureza
contagiosa.
Nada impede a utilização de medicamentos
controlados para diabetes pelo paciente dentro da prisão e
o atendimento médico dentro do estabelecimento.’ (fls.
166/169)

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Transcrevo, parcialmente, ementas de acórdão desta Corte


que respaldam os fundamentos das decisões impugnadas:

‘O juiz de 1º grau indicou, de modo satisfatório, a


necessidade da segregação do acusado, para garantia da ordem
pública, evidenciada pelo descumprimento das medidas
protetivas anteriormente aplicadas (art. 313, III, do Código de
Processo Penal)’ (HC 306.070/SP, Rel. Ministro Rogerio
Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 05/03/2015).

‘No caso, o decreto prisional encontra-se devidamente


fundamentado em dados concretos extraídos dos autos, a
evidenciar a necessidade de garantia da ordem pública, tendo em
vista o descumprimento de medida protetiva de urgência
anteriormente estabelecida, o que, nos termos do art. 313, inciso
III, do Código de Processo Penal, constitui motivo suficiente
para embasar a segregação cautelar (Precedentes)’ (RHC
48.942/MG, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma,
julgado em 02/10/2014).

Acrescento que:
a) têm o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo
Tribunal Federal decidido que a ‘iliquidez quanto aos fatos
alegados na impetração basta, por si só, para inviabilizar a utilização
adequada da ação de 'habeas corpus', que constitui remédio processual
que não admite dilação probatória, nem permite o exame aprofundado
de matéria fática, nem comporta a análise valorativa de elementos de
prova produzidos no curso do processo penal de conhecimento’ (HC
108.834, Rel. Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, julgado
em 18/10/2011; HC 296.938/SP, de minha relatoria, Quinta
Turma, julgado em 03/03/2015);
b) visando a preservação do ‘princípio da colegialidade’, em
decisões unipessoais, os Ministros integrantes da Terceira Seção
desta Corte têm afirmado que, quando a ‘motivação que dá
suporte à pretensão liminar confunde-se com o mérito do writ’, deve ‘o
caso concreto ser analisado mais detalhadamente quando da apreciação

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e do seu julgamento definitivo’ (HC 306.389/SP, Rel. Ministro Jorge


Mussi, DJe de 14/10/2014; HC 306.666/SP, Rel. Ministro
Sebastião Reis Júnior, DJe de 13/01/2014; HC 303.408/RJ, Rel.
Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe de 15/09/2014; HC
296.843/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, DJe de
24/06/2014).

03. À vista do exposto, indefiro a liminar postulada.


Solicitem-se informações à autoridade coatora.
Posteriormente, remetam-se os autos ao Ministério Público
Federal.
Publique-se. Intimem-se” (fls. 1 a 6 do anexo 19 – grifos
do autor).

Não há como ter-se por desprovida de fundamentação ou


teratológica a decisão que entende não haver elementos suficientes,
demonstrados de plano, para o deferimento da liminar. Pode e deve o
magistrado, ao apreciar o pedido inicial, pautar-se no poder geral de
cautela para buscar outros elementos formadores das razões de decidir
além daqueles trazidos pela impetração, sem que tanto caracterize
constrangimento ilegal, abuso de poder ou teratologia.
A pretensão dos impetrantes é trazer ao conhecimento desta
Suprema Corte, de forma precária, questões não analisadas,
definitivamente, no Superior Tribunal de Justiça, em flagrante intenção de
suprimir a instância antecedente.
Ademais, apenas para registro, anoto que não vislumbro, ato
configurador de constrangimento ilegal praticado contra o paciente,
advindo do decreto prisional em questão, que se mostra devidamente
motivado em elementos concretos a justificar a necessidade da medida
constritiva, mormente se consideramos o demostrado risco concreto de
reiteração delitiva.
Logo, os argumentos da impetração não se mostram suficientes para
colocar o paciente em liberdade, liminarmente e per saltum, como
pretendido.
Consoante o pacífico entendimento da Corte,

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“[s]e as circunstâncias do caso indicam o risco concreto de


reiteração delitiva, está justificada a decretação ou a
manutenção da prisão cautelar para resguardo da ordem
pública, desde que igualmente presentes boas provas da
materialidade e da autoria” (RHC nº 123.342/MG, Primeira
Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber , DJe de 26/3/15 –
grifei).

No mesmo sentido:

“Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Roubo


duplamente majorado. Prisão em flagrante. Concessão de
liberdade provisória mediante cumprimento de medidas
cautelares. Restabelecimento da prisão em sede de recurso em
sentido estrito pelo Ministério Público. 3. Alegação de ausência
dos requisitos autorizadores da custódia cautelar (art. 312 do
CPP). 4. Demonstrada a necessidade da segregação provisória
para garantia da ordem pública. Fundado receio de reiteração
delitiva. Um dos réus reincidente específico e o outro, não
obstante primário, registram-se anotações em sua folha de
antecedentes, tendo sido já concedida liberdade provisória
recentemente e veio a cometer novo crime. 5. Ausência de
constrangimento ilegal. Recurso ordinário a que se nega
provimento (RHC nº 123.085/DF, Primeira Turma, Relator o
Ministro Gilmar Mendes, DJe de 17/3/15 - grifei).

Diga-se, ainda, que a Corte já se manifestou pela possibilidade da


decretação da prisão preventiva quando deliberadamente descumpridas
as medidas protetivas de urgência aplicadas pelo juízo (HC nº 21.662/BA-
AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Roberto Barroso, DJe de
13/10/14).
Do mesmo modo, não vislumbro, de plano, ilegalidade flagrante em
decorrência de eventual excesso de prazo, uma vez que os documentos
que instruem a impetração não indicam que esteja ocorrendo inércia por

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parte do Poder Judiciário.


É firme a jurisprudência da Corte no sentido de que “constitui ônus
do impetrante instruir adequadamente o writ com os documentos necessários ao
exame da pretensão posta em juízo” (HC nº 95.434/SP, Primeira Turma,
Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 2/10/09).
Ante o exposto, entendendo não demonstrada, satisfatoriamente,
ilegalidade flagrante, nos termos do art. 38 da Lei nº 8.038/90 e art. 21, §
1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, nego seguimento
ao presente habeas corpus, ficando, por consequência, prejudicado o
pedido de liminar.
Publique-se.
Brasília, 15 de junho de 2015.

Ministro DIAS TOFFOLI


Relator
Documento assinado digitalmente

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